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Álgebra de Grassmann
RICARDO CAPIBERIBE NUNES
ricardo.capiberibe@ufms.br
O Silêncio dos Inocentes
“Os princípios básicos, Clarice. Simplicidade. Leia Marco Aurélio. De cada coisa
em particular, pergunte: O que é isto em si? Qual é a sua natureza? O que ela
faz? O que ela procura?”(HANNIBAL LECTER)
Thomas Harris
Vírus
“A Organização Mundial da Saúde anunciou uma epidemia mundial do vírus
coordenado em cursos de matemática e física em todas as séries. Os alunos
infectados com o vírus exibem um comportamento compulsivo de evitar vetores,
incapazes de conceber um vetor exceto como uma lista de números e aproveitando
todas as oportunidades para substituir vetores por coordenadas. Pelo menos dois
terços dos alunos de pós-graduação em física estão gravemente infectados pelo
vírus, e metade deles pode estar tão permanentemente danificada que nunca se
recuperará. O tratamento mais promissor é uma forte dose de álgebra geométrica.”
David Hestenes
Um Passeios pelas Álgebras
(Ref. Belançon, Silva, 2019)
Álgebra de Quatérnions (Hamilton): Objetos com quatro componentes sendo uma escalar e
três unidades imaginárias onde as regras válidas para os números complexos são
satisfeitas, com a única diferença de que o produto entre quatérnions não é uma
operação comutativa. O conjunto dos quatérnions, denotado por H, satisfaz as
propriedades de espaço vetorial sobre o corpo dos números reais.
Um Passeios pelas Álgebras
(Ref. Belançon, Silva, 2019)
Isso é razoável. O cálculo vetorial de hoje foi estabelecido por Gibbs, que
combinou e simplificou a álgebra de quatérnion de Hamilton e a álgebra de Grassman.
A teoria dos quatérnions desenvolvida por W. R. Hamilton, entre 1843 e 1853, originou uma
tentativa de generalizar os números complexos de uma maneira que preservaria, se possível,
todas as leis da aritmética. Essa generalização poderia ser efetivada, no entanto, apenas
renunciando à lei comutativa da multiplicação. Fazer isso deu origem ao sistema de quatérnions
nomeados de “Hamilton. Na terminologia atual, esse sistema é um campo inclinado de uma álgebra
de quarta ordem sobre o corpo R dos números reais. Durante esse mesmo período, Grassmann
desenvolveu seu Ausdehnungslehre, cuja álgebra é constituída por elementos extensíveis.
Álgebra Exterior Vs. Álgebra Vetorial
(KANATANI, 2015, p. 73-75)
Hoje, especificamos a área e a orientação do paralelogramo definido pelos vetores a e b
pelo produto vetorial a × b e o volume e o sinal do paralelepípedo definido pelos
vetores a, b e c do produto triplo escalar |a, b, c|. Como mostraremos, o dual (a ∧ b)∗
nada mais é que o produto vetorial a × b, e o dual (a ∧ b ∧ c)∗ é o produto triplo
escalar |a, b, c|.
Atualmente todas as quantidades que envolvem linhas e planos no espaço são descritas por
vetores e escalares, usando produtos vetoriais e produtos triplos escalares, o que
facilita muito as descrições e cálculos geométricos. Por essa razão, a álgebra de
Grassmann raramente é ensinada hoje a estudantes de física e engenharia.
No entanto, o cálculo vetorial tem uma restrição crucial: ele pode ser usado apenas em
3D. Em geral nD, dois vetores a e b abrangem um subespaço 2D. No entanto, existem
infinitas direções ortogonais, portanto não podemos definir uma superfície única normal
para ela. Portanto, a única maneira de especificar esse plano é escrever apenas a ∧ b.
No entanto, o mesmo plano pode ser especificado de muitas maneiras diferentes; portanto,
são obtidas várias regras que o produto externo deve satisfazer.
Hermann Günther Grassmann
(15/04/1809 - 26/09/1877)
Hermann Günther Grassmann
O terceiro de doze filhos, Grassmann recebeu as primeiras instruções da mãe e de uma
escola particular antes de frequentar o Stettin Gymnasium. Ele também aprendeu a
tocar piano. Aos dezoito anos, passou no exame final do ensino médio, ocupando o
segundo lugar. Com seu irmão mais velho, Gustav, Hermann estudou teologia por seis
semestres na Universidade de Berlim, onde seus professores incluíam August Neander e
Friedrich Schleiermacher. Ao mesmo tempo, estudou línguas clássicas e literatura e
assistiu às palestras de August Bockh.
O último exame incluiu uma parte escrita a ser feita em casa, cujo assunto era a
teoria das marés. Essa tarefa foi decisiva para a carreira de Grassmann. Em 1832,
ele começou a trabalhar em um novo cálculo geométrico com que foi capaz de dar uma
exposição simplificada dos desenvolvimentos matemáticos na Mecânica Analítica de
Lagrange e derivar, de uma maneira original diferente da Mecânica Celeste de
Laplace, sendo este último relevantes para a teoria das marés. Embora Grassmann
usasse os novos métodos apenas na medida necessária para resolver o problema em
questão, ele estava indubitavelmente ciente do significado de longo alcance de sua
criação: e em 1840 ele decidiu se concentrar inteiramente na pesquisa matemática.
ADAPTADO DO LIVRO
DICTIONARY OF SCIENTIFIC BIOGRAPHY
(DICIONÁRIO DE BIOGRAFIAS CIENTÍFICAS)
Convite
Por que estudar Álgebra de Extensão (Grassmann)?
Antes de adentrarmos nas álgebras de extensão, faremos uma pequena revisão da
álgebra vetorial de Gibbs-Heaviside, nessa ocasião apontaremos diversas
inconsistências desse formalismo e suas limitações e que são resolvidas pela álgebra
de Grassmann. Outro ponto é que a Álgebra de Grassmann ajuda a desenvolver o
pensamento e a intuição geométrica, visto que podemos abdicar do uso de sistemas
coordenadas e em função de alguma base.
Para formular esse curso, consultamos uma ampla literatura sobre álgebras não
comutativas. Infelizmente existem pouquíssimos livros em língua portuguesa (e até mesmo
língua estrangeira) sobre álgebras de Grassmann. Na maioria das vezes, o assunto é
abordado dentro dos livros de Álgebra Geométrica (Clifford), de Geometria Diferencial e
de Variedades.
Uma das raras exceções é o livro Álgebra Exterior, do renomado professor Elon Lages,
que aborda o tema rigorosamente, dentro da linguagem moderna da álgebra e associando a
teoria dos determinantes.
Vamos Começar...
Vamos começar com uma pequena revisão dos conceitos gerais da álgebra vetorial,
essa revisão também será útil para mostrar as semelhanças e diferenças entre a
álgebra de Gibbs-Heaviside e Grassmann. Para isso nossa motivação inicial serão os
problemas da ortogonalidade e a colinearidade na perspectiva de cada uma dessas
álgebras.
Produto Interno
Começaremos nossa revisão estudando o problema da perpendicularidade entre retas.
Esse estudo nos conduzirá a definição do produto interno entre vetores.
Assim, tomemos três pontos no espaço tridimensional:
O = (0, 0, 0);
A = (ax, ay, az);
B = (bx, by, bz);
A distância entre o ponto A e o ponto B será dado por:
2
𝑑 2 𝐴, 𝐵 = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 2
+ 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 2
2
𝑂𝐴2 = 𝑑 2 𝑂, 𝐴 = 𝑎𝑥 2 + 𝑎𝑦 + 𝑎𝑧 2
2
𝑂𝐵 2 = 𝑑 2 𝑂, 𝐵 = 𝑏𝑥 2 + 𝑏𝑦 + 𝑏𝑧 2
O B 𝐴𝐵 2 = 𝑂𝐴2 + 𝑂𝐵 2
𝐴𝐵2 − 𝑂𝐴2 − 𝑂𝐵 2 = 0
2 2 2 2 2 2 2 2 2
𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 − 𝑎𝑥 − 𝑎𝑦 − 𝑎𝑧 − 𝑏𝑥 − 𝑏𝑦 − 𝑏𝑧 =0
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
𝑎𝑥 − 2𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 − 2𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 − 2𝑎𝑧 𝑏𝑧 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑥 − 𝑎𝑦 − 𝑎𝑧 + 𝑏𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑏𝑧 =0
−2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 = 0
Produto Interno
Da última equação, obtemos a seguinte identidade:
𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 = 0
𝑎 = 𝑂𝐴
que é a condição de ortogonalidade entre duas retas.
Definimos os vetores diretores da reta OA como o
transporte do ponto O até A, da reta OB, como
transporte do ponto 0 até B e da reta AB, o
transporte do ponto A até B. Cada um destes vetores 𝑏 = 𝑂𝐵
apresentará as seguintes coordenadas:
Propriedades
𝑂𝐴 = 𝑎𝑥 − 0, 𝑎𝑦 − 0, 𝑎𝑧 − 0 𝑎 ≡ 𝑂𝐴 = 𝑎𝑥 , 𝑎𝑦 , 𝑎𝑧
𝑂𝐵 = 𝑏𝑥 − 0, 𝑏𝑦 − 0, 𝑏𝑧 − 0 𝑏 ≡ 𝑂𝐵 = 𝑏𝑥 , 𝑏𝑦 , 𝑏𝑧 𝐴𝐵 2 − 𝑂𝐴2 − 𝑂𝐵 2 = −2 𝑂𝐴, 𝑂𝐵
𝐴𝐵 = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 , 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 , 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏 − 𝑎 ≡ 𝐴𝐵 𝑎 ⊥ 𝑏 ↔ 𝑎, 𝑏 = 0
A partir desse resultado introduzimos um novo produto ‖𝑎‖2 = 𝑎, 𝑎 (𝑁𝑜𝑟𝑚𝑎
entre vetores denominado de PRODUTO INTERNO e que é
denotado por 𝑎 ⋅ 𝑏 ou 𝑎, 𝑏 tal que: 𝑎, 𝑏 = 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 𝑑 𝑂, 𝐴 = ‖𝑂𝐴 ‖ = 𝑂𝐴
Produto Interno
Agora vamos relacionar o produto interno com a medida do ângulo entre duas retas ou
entre dois vetores. Defina um triângulo escaleno O, A, B:
Para calcular a distância entre os pontos A e B, A
usamos a lei dos cossenos:
𝐴𝐵 2 = 𝑂𝐴2 + 𝑂𝐵 2 − 2 ⋅ 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
𝐴𝐵 2 − 𝑂𝐴2 − 𝑂𝐵 2 = −2 ⋅ 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
−2 𝑂𝐴, 𝑂𝐵 = −2 ⋅ 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
B
𝑂𝐴, 𝑂𝐵 = 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
Portanto, o produto interno e cosseno do ângulo
entre dois vetores arbitrários será dado por:
𝑎, 𝑏 = ‖𝑎‖‖𝑏 ‖cos𝜃
q
𝑎, 𝑏 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧
cos𝜃 = =
‖𝑎‖‖𝑏 ‖ ‖𝑎‖‖𝑏 ‖ O
Produto Vetorial
Depois de definir o produto interno, vamos definir o produto vetorial.
Desta vez estudaremos a questão do paralelismo entre retas.
Sejam O, A, B três pontos colineares definidos de forma que:
𝑂𝐵 = 𝐴𝐵 + 𝑂𝐴
𝐴𝐵 = 𝑂𝐵 − 𝑂𝐴
𝑑 𝐴, 𝐵 = 𝑑 𝑂, 𝐵 − 𝑑 𝑂, 𝐴
O A B
O quadrado da distância entre o ponto A e o ponto B será dada pelas relações:
𝑑 2 𝐴, 𝐵 = 𝑑 𝑂, 𝐵 − 𝑑 𝑂, 𝐴 2
= 𝑑 2 𝑂, 𝐵 − 2𝑑 𝑂, 𝐴 𝑑 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴
2
𝑑 2 𝐴, 𝐵 = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 2
+ 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 2
= 𝑏𝑥2 − 2𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑦2 − 2𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑦2 + 𝑏𝑧2 − 2𝑎𝑧 𝑏𝑧 + 𝑎𝑧2
= 𝑏𝑥2 + 𝑏𝑦2 + 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑥2 + 𝑎𝑦2 + 𝑎𝑧2 − 2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 = 𝑑 2 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴 − 2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧
Produto Vetorial
Igualando as duas equações:
𝑑 2 𝑂, 𝐵 − 2𝑑 𝑂, 𝐴 𝑑 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴 = 𝑑 2 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴 − 2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧
𝑑 𝑂, 𝐴 𝑑 𝑂, 𝐵 = 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧
𝑐 ≡ 𝑎 × 𝑏 = 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 ; 𝑎𝑦 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 ; 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥
Produto Vetorial
Portanto os vetores a e b são paralelos se, e somente se,
𝑐 =𝑎×𝑏
o seu produto vetorial destes vetores for zero:
𝑎 ∥𝑏 ↔𝑎×𝑏 =0
Esse novo vetor gerado por dois vetores polares é tem
simetria axial. A norma do produto vetorial será igual a
área S do plano delimitada pelos dois vetores a e b: S
‖𝑎 × 𝑏‖ = 𝑆
Observe que esse plano pode ser dividido em dois
triângulos de mesma área, assim área S será dada por:
‖𝑎 × 𝑏‖ = 2𝑆△
𝑖, 𝑖 = 𝑖 2 = 1 𝑗, 𝑗 = 𝑗 2 = 1 𝑘, 𝑘 = 𝑘 2 = 1
𝑖 = 𝑗×𝑘 =−𝑘×𝑗 𝑗 =𝑘×𝑖 =−𝑖×𝑘 𝑘 = 𝑖 × 𝑗 = −𝑗 × 𝑖
𝑖, 𝑗 = 𝑖, 𝑘 = 0 𝑗, 𝑖 = 𝑗, 𝑘 = 0 𝑘, 𝑖 = 𝑘, 𝑗 = 0
Como esses vetores são linearmente independentes e geram todos os pontos do espaço
tridimensional, eles formam uma base. Por serem mutuamente ortogonais e unitários essa
base é denominada de ortonormal e os vetores são chamados de versores.
Existem infinitas conjuntos de versores que satisfazem as regras acimas, porém, há uma
base, que por ser simples e intuitiva, é denominada de canônica, sendo definida por:
𝑖 = 1,0,0 𝑗 = 0,1,0 𝑘 = 0,0,1
Álgebra de Gibbs-Heaviside
Vamos mostrar que essa álgebra não é associativa. Observe que:
𝑖2 = 𝑗2 = 𝑘2 = 1
𝑖≠𝑗≠𝑘≠0
Observe que a ordem em que realizamos o produto vetorial altera o resultado. Isso não é
um problema porque não há nenhuma razão para supor que a álgebra seja associativa.
O verdadeiro problema, que pode ser visto nesse exemplo particular, é que a ordem do
produto vetorial pode levar a um resultado absurdo, k = 0.
Outro problema associado à álgebra de Gibbs-Heaviside é que os versores {i, j, k} são
polares e os versores {j × k, k × i, i × j} são axiais.
Álgebra de Gibbs-Heaviside
Assim, podemos elencar as principais limitações da Álgebra Vetorial de Gibbs-Heaviside:
Todas estas questões são resolvidas por meio da Álgebra de Grassmann, que iremos
estudar doravante. Para isso retornaremos aos problemas de perpendicularidade e
paralelismo entre retas.
Produto Geométrico
Inicialmente, vamos introduzir o produto interno que denotaremos por: 𝑎, 𝑏 .
Esse produto apresenta as seguintes propriedades:
1 𝑎, 𝑏 = 𝑏 † , 𝑎†
2 𝑎 + 𝑏, 𝑐 = 𝑎, 𝑐 + 𝑏, 𝑐
3 𝛼𝑎, 𝑏 = 𝛼 𝑎, 𝑏
4 𝑎, 𝑎 ≥ 0 𝑎 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑎 = 0
5 | 𝑎, 𝑏 |2 ≤ 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑏 (𝑎 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑎 ∥ 𝑏
6 𝑎, 𝑏 = 0 ↔ 𝑎 = 0 𝑜𝑢 𝑏 = 0 OU 𝑎 ⊥ 𝑏
(𝑐 2 = (𝑎 2 +(𝑏 2 − 2 𝑎, 𝑏
(𝑐 2 = 𝑎 2 − 𝑎𝑏 − 𝑏𝑎 + (𝑏 2
𝑂𝐵 = 𝐴𝐵 + 𝑂𝐴 𝑏 =𝑐+𝑎
𝐴𝐵 = 𝑂𝐵 − 𝑂𝐴 𝑐 =𝑏−𝑎
O A B
𝑑 𝐴, 𝐵 = 𝑑 𝑂, 𝐵 − 𝑑 𝑂, 𝐴
‖𝑐‖ = ‖𝑏‖ − ‖𝑎‖
Produto Exterior
Tomemos o produto exterior e a propriedade de anticomutação:
𝑎 ∧ 𝑏 = −𝑏 ∧ 𝑎
Tomemos que o vetor b é o próprio vetor a:
𝑎 ∧ 𝑎 = −𝑎 ∧ 𝑎
𝑎∧𝑎+𝑎∧𝑎 =0
2𝑎 ∧ 𝑎 = 0
𝑎∧𝑎 =0
Vamos agora estudar o caso em que o vetor b é proporcional a, ou seja, as retas
associadas a eles são colineares.
𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑎 ∧ 𝛼𝑎
𝑎 ∧ 𝑏 = −𝛼𝑎 ∧ 𝑎
𝑎∧𝑏 =0
Embora o raciocínio empregado seja semelhante ao que empregamos no produto vetorial,
registre que o produto exterior não é um caso particular (ou geral) de produto vetorial.
Produto Exterior
Então podemos concluir que para vetores não nulos, o produto interno ser nulo implica
na ortogonalidade desses vetores, enquanto o produto exterior ser nulo implica no
paralelismo dos vetores.
𝑎, 𝑏 𝑛ã𝑜 𝑛𝑢𝑙𝑜𝑠, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜:
𝑎, 𝑏 = 0 ↔ 𝑎 ⊥ 𝑏
𝑎∧𝑏 =0 ↔ 𝑎 ∥𝑏
Mas se o produto exterior não é um tipo de produto vetorial que tipo de objeto
podemos associar a ele? Para isso vamos analisar o que sabemos sobre:
Embora a norma do produto exterior seja igual a norma do produto vetorial, novamente
enfatizamos que são grandezas diferentes: o produto externo está associado a um
segmento do plano orientado pelos vetores que o geram enquanto o produto vetorial está
associado a um vetor axial orientado segundo a regra da mão direita.
Conceitos Fundamentais
Agora que introduzimos o conceito de produto exterior, podemos começar a elaborar a
construção da Álgebra de Grassmann, porém, antes de prosseguirmos é conveniente
introduzir alguns conceitos.
CUIDADO
Em Relatividade Especial costuma-se a chamar o 1-vetor de 4 dimensões como 4-
vetor! Essa nomenclatura é inadequada nas Álgebras de Extensão, Clifford e do
Espaço-Tempo, pois um 4-vetor é o elemento orientado em quatro sentidos (três
espaciais e um temporal) que está associado ao espaço 3+1-D.
Álgebra de Grassmann
Seja A, B, C elementos de ∧k ℝ , a, b escalares reais. Como ∧n ℝ apresenta a
estrutura de um espaço vetorial, os 8 axiomas abaixo são verificados:
∧: ∧𝑘 ℝ →∧𝑘+1 𝑏 ℝ ∧
𝑎, 𝑏 ↦ 𝑎 ∧ 𝑏 Vk
𝑐
𝑎∧𝑏
𝑎∧𝑏∧𝑐
𝑎
Álgebra de Grassmann
“Vamos consideramos os subespaços como tendo uma orientação e uma magnitude, onde
a orientação e a magnitude são conceitos combinados no sentido de que uma
orientação e uma magnitude são iguais à orientação na direção oposta e à magnitude
do sinal oposto. A magnitude 0 é interpretada como "inexistência", de modo que
tudo o que existe tem uma magnitude diferente de zero.
Além disso, consideramos apenas linhas e planos que passam pela origem, portanto
omitimos a frase "passando pela origem" e chamamos subespaços 1D, subespaços 2D e
subespaços 3D simplesmente "linhas", "planos" e "espaços". Respectivamente.”
Elementos Geométricos
Linha
Referimo-nos à linha estendida pelo
vetor A simplesmente como "linha A";
sua orientação é a direção do vetor A
e sua magnitude é o comprimento de A,
ou de forma equivalente, a orientação
é −A e a magnitude é o comprimento
negativo de A. As figuras geométricas
de uma linha A e uma linha 2A são
iguais, mas a o último tem o dobro da
magnitude do primeiro. Uma linha A e
uma linha -A têm orientações
mutuamente opostas.
(KANATANI, 2015, p. 55-56) Representação de Linhas em 1D, 2D e em 3D.
Elementos Geométricos
Plano
Também definimos uma orientação e uma magnitude para um plano. Dois vetores a e b
que não são colineares abrangem um plano, que escrevemos a ∧ b. A operação ∧ é
chamada de produto exterior (ou externo) e dois vetores combinados por ∧ são
chamados de bivetor ou vetor vetorial. O lado no qual a rotação de a em direção a b
é anti-horário, isto é, uma rotação positiva, é definido como o lado da frente e a
magnitude é definida como a área do paralelogramo definido por a e b.
Equivalentemente, podemos considerar o lado no qual a rotação de a em direção a b é
no sentido horário, isto é, uma rotação negativa, como o lado da frente e sua
magnitude como o negativo da área do paralelogramo definido por a e b.
Por definição, o plano medido por αa e βb é, como figura geométrica, o mesmo que o
plano medido por a e b, mas o primeiro possui αβ vezes a magnitude do último. Da
mesma forma, o plano medido por a e b é, como figura geométrica, o mesmo que o plano
medido por b e a, mas os lados dianteiro e traseiro são invertidos. Evidentemente,
um vetor sozinho não pode definir um plano.(Kanatani, 2015, p. 56-57)
Elementos Geométricos
Se os vetores a, b e c são coplanares, a área do paralelogramo definida
por a e ab + bc é a soma das vezes que a área do paralelogramo definida
por a e b e b vezes a área do paralelogramo definida por a e c.
Como no caso dos planos, o espaço medido por αa, βb e γc é o mesmo que uma figura
geométrica que o espaço medido por a, b e c, mas o primeiro possui αβγ vezes a
magnitude do último. Da mesma forma, o espaço medido por a, b e c é igual ao espaço
medido por b, a e c como figura geométrica, mas eles têm sinais opostos.
Evidentemente, dois vetores não conseguem definir um espaço.
𝑎
Para os vetores a, b, c e d, o volume
do paralelepípedo definido por a, b e O volume do paralelepípedo definido por a, b
αc + βd é a soma das vezes que o e c é igual ao volume do paralelepípedo
volume do paralelepípedo definido por definido por a, b e c + αa + βb.
a, b e c, e β vezes o volume do
paralelepípedo definido por a, b e d. (KANATANI, 2015, p. 57-58)
Elementos Geométricos
Origem
Ela própria é um subespaço da dimensão 0, para o qual também
definimos a orientação e magnitude. A orientação é definida
por seu sinal e a magnitude é dada por um número diferente
de zero assinado (a magnitude 0 é interpretada como
"inexistência"). Embora a origem como figura geométrica não
tenha tamanho, consideramos sua quantidade (assinada) como
sua magnitude. Portanto, podemos calcular livremente somas e
múltiplos escalares de origens de diferentes orientações e
magnitudes, definindo um espaço vetorial.
Por outro lado, observe que a intersecção de cada um desses espaços vetoriais é vazia:
∀𝑘 > 𝑚, ∧𝑘 ℝ ∩∧𝑘+𝑚 ℝ = 0
Portanto, a soma direta desses espaços vetoriais define um novo espaço vetorial.
∧ ℝ =∧0 ℝ ⊕ ∧1 ℝ ⊕ ∧2 ℝ ⊕ ∧3 ℝ
Esse novo espaço e a sua álgebra são chamados de Exterior. Cada elemento desse
espaço é chamado de um multivetor, e corresponde a soma de diferentes k-vetores.
⌢
𝜓= 𝛼 + 𝑏 + 𝑐 + 𝑑
𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑏𝑖𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑡𝑟𝑖𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟
Álgebra Exterior
Axiomas da Álgebra Exterior
(KANATANI, 2015, p. 59-60)
Associatividade
Um subespaço tem sua orientação e magnitude. A adição e multiplicação escalar podem ser
definidas para subespaços da mesma dimensão. Um subespaço gerado por diferentes
subespaços é definido pelo produto externo ∧. Duas linhas a e b geram um subespaço 2D
(bivetor) a ∧ b, cujo sinal depende da ordem da composição.
Uma linha a e um plano b ∧ c geram um subespaço 3D (trivetor) a ∧ (b ∧ c), que é o
mesmo subespaço 3D, a ∧ b ∧ c gerado por três linhas a, b e c. Isso também pode ser
visto como o subespaço 3D, (a ∧ b) ∧ c gerado pelo plano a ∧ b e pela linha c.
Assim, diferente do produto vetorial, a associatividade vale para o produto externo ∧:
𝑎∧ 𝑏∧𝑐 = 𝑎∧𝑏 ∧𝑐
Álgebra Exterior
Produto por um escalar
Como todo subespaço contém a origem, o produto externo com a origem não altera o
subespaço como uma figura geométrica. No entanto, a magnitude é multiplicada pela
magnitude dessa origem. Em outras palavras, o produto externo com a origem pode ser
considerado como multiplicação escalar. Em vista disso, definimos o produto externo
de um escalar α por um vetor a por:
𝛼 ∧ 𝑎 = 𝑎 ∧ 𝛼 = 𝛼𝑎.
Alguns autores definem o produto exterior de dois escalares como produto comum:
𝛼 ∧ 𝛽 = 𝛼𝛽
OBSERVAÇÃO
Anteriormente dissemos que não existe produto exterior entre dois 0-vetores (escalares).
De fato, quando pensamos que o produto exterior aumenta a dimensão dos k-vetores em uma
unidade (extensão), não faz sentido em falar que o produto de dois escalares é um produto
exterior. Porém, nada impede convencionarmos o produto exterior entre dois escalares como o
produto convencional da aritmética. Particularmente, prefiro não adotar essa convenção.
Álgebra Exterior
Inexistência de 4+k-vetores no Espaço 3D
Em 3D, todos os subespaços têm dimensões de até 3 e não existem m-vetores para m > 3.
î≥4
𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 ∧ 𝑑 = 0, 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 ∧ 𝑑 ∧ 𝑒 = 0, ∧ 𝑎𝑖 = 0
𝑖=1
onde o número 0 no lado direito significa "inexistência". Observe que, para quatro ou
mais vetores, eles contêm duplicação ou um pode ser expresso por uma combinação linear do
restante. Portanto, o resultado acima é uma consequência de a ∧ a = 0.
Contração
É uma operação que reduz um subespaço kD a um subespaço de menor dimensão. Para ser
específico, multiplicamos um vetor k representando um subespaço kD por algum vetor j, com
j ≤ k, para gerar um vetor (k - j) que representa um subespaço D (k - j).
Adiante estudamos as contrações de linhas, planos e do espaço por elementos geométricos.
Contração
(KANATANI, 2015, p. 73-75)
𝑥 ⋅ 𝑎 = 𝑥, 𝑎
Geometricamente, interpretamos isso como computando a
interseção da linha a com o plano cuja superfície normal é x.
O ponto x·a obtido
Podemos imaginar que a interseção de uma linha e um plano contraindo a linha a pelo
seja "forte" se eles se encontrarem quase perpendicularmente vetor x é a interseção da
e "fraca" se forem quase paralelos. Se eles são exatamente linha a com o plano cuja
paralelos, ou seja, se a linha a estiver nesse plano, não superfície normal é x.
existe interseção, portanto será 0.
Contração
Contração de um plano por um vetor
A redução da dimensionalidade de um plano resulta em
𝑥 𝑥⋅𝑎∧𝑏
uma linha ou na origem. Denotamos por x · (a ∧ b) a
reta obtida contratando o plano a ∧ b pelo vetor x. A
seguir, consideramos o produto externo ∧ como uma
operação mais forte que a contração e omitimos os
parênteses para escrever simplesmente x · a ∧ b para
x · (a ∧ b).
Introduzimos agora a regra de que o produto interno é
computado sucessivamente, alternando o sinal: A linha x · a ∧ b obtida
pela contratação do plano
𝑥, 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑎 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑎 a ∧ b pelo vetor x é a
interseção do plano a ∧ b
Como essa é uma combinação linear de a e b, a linha com o plano cuja
resultante está contida no plano a ∧ b, a menos que superfície normal é x.
𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 = 0.
Contração
Essa equação é fundamental, pois indica que o produto exterior se distribui em relação ao
produto interno por meio da alternância de sinais. Por meio dessa relação, fica fácil
demonstrar as demais regras de contração.
Contração
Contração de um plano por um bivetor
Denotamos por x ∧ y · a ∧ b (entendemos que o produto
exterior deve ser feito antes do produto interno) o escalar
obtido contraindo o plano a ∧ b pelo bivetor x ∧ y.
Novamente, usamos a regra de que o produto interno é 𝑥∧𝑦⋅𝑎∧𝑏
computado sucessivamente a partir de dentro, obtemos: 𝑥∧𝑦
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 ⋅ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 𝑦, 𝑎 𝑏 − 𝑦, 𝑏 𝑎
= 𝑦, 𝑎 𝑥, 𝑏 − 𝑦, 𝑏 𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏
O ponto x ∧ y · a ∧ b
obtido pela contração do
Este é um escalar, representando a origem. Geometricamente, plano a ∧ b pelo bivetor x
podemos interpretar isso como computando a interseção do ∧ y é a interseção do plano
plano a ∧ b com a superfície normal ao plano x ∧ y a a ∧ b com a superfície
interseção é "forte" se eles se encontrarem quase normal ao plano x ∧ y.
perpendicularmente e "fraca" se forem quase paralelos.
Contração
Contração de um plano (“Demonstração”)
𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥, 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 − 𝑎 ∧ 𝑥, 𝑏 ∧ 𝑐 + 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑥, 𝑐 O plano x · a ∧ b ∧ c
= 𝑥, 𝑎 𝑏 ∧ 𝑐 + 𝑥, 𝑏 𝑐 ∧ 𝑎 + 𝑥, 𝑐 𝑎 ∧ 𝑏 obtido pela contratação do
espaço a ∧ b ∧ c pelo
O plano resultante é ortogonal a x, pois contraindo-o vetor x é um plano cuja
pelo vetor x, o resultado é nulo (prove). superfície normal é x.
Um plano cuja contração por x é 0 deve ser ortogonal a x, pois caso contrário
resultaria uma linha ortogonal a x. Assim, a contração pode ser geometricamente
interpretado como computando a interseção do espaço a ∧ b ∧ c com o plano cuja
superfície normal é x.
Contração
Contração de um Espaço por um Bivetor
𝑎∧𝑏∧𝑐
Denotamos por x ∧ y · a ∧ b ∧ c a linha obtida
contratando o espaço a ∧ b ∧ c pelo bivetor x ∧ y. Como
𝑥∧𝑦⋅𝑎∧𝑏∧𝑐
antes, o produto interno é computado sucessivamente a
partir de dentro, alternando o sinal: 𝑥∧𝑦
‖𝑎 ∧ 𝑏‖2 = 𝑎 ∧ 𝑏 ⋅ 𝑏 ∧ 𝑎 = 𝑏, 𝑏 𝑎, 𝑎 − 𝑏, 𝑎 2
= ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2 − 𝑎, 𝑏 2
‖𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐‖2 = 𝑐 ∧ 𝑏 ∧ 𝑎 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐
= 𝑐, 𝑎 𝑏, 𝑐 𝑎, 𝑏 + 𝑐, 𝑏 𝑏, 𝑎 𝑎, 𝑐 + 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑏 𝑐, 𝑐
− 𝑐, 𝑎 𝑏, 𝑏 𝑎, 𝑐 − 𝑐, 𝑏 𝑏, 𝑐 𝑎, 𝑎 + 𝑐, 𝑐 𝑏, 𝑎 𝑎, 𝑏
Pode-se mostrar que essa norma é igual ao quadrado do volume do paralelepípedo definido
por a, b e c.
𝑎∧𝑏⋅𝑎∧𝑏∧𝑐
𝑎 ∧ 𝑏 ∗ = −𝑎 ∧ 𝑏 ⋅ 𝐼 = −
‖𝑎 ∧ 𝑏‖2
1
=− 𝑎, 𝑐 𝑏, 𝑏 − 𝑎, 𝑏 𝑏, 𝑐 𝑎 + 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑐 − 𝑎, 𝑐 𝑏, 𝑎 𝑏 + 𝑎, 𝑏 𝑏, 𝑎 − 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑏 𝑐
‖𝑎 ∧ 𝑏‖2
2
𝑎, 𝑏 − ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2
𝑎∧𝑏 ∗=− 𝑐=𝑐
‖𝑎 ∧ 𝑏‖2
Dualidade
(KANATANI, 2015, p. 73-75)
Usamos um asterisco superior direito ∗ para denotar o dual e escrever K∗, mas existe
outra definição de dualidade para especificar um subespaço por seu complemento
ortogonal, escrito como ∗K, i. e., com um asterisco antes da expressão.
Esse asterisco antes da expressão é chamado de operador estrela Hodge [em alguns
livros, como Bassalo e Cattani, denota-se por uma estrela].
𝐴𝑛𝑡𝑖𝑠𝑠𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑎: 𝑎 ∧ 𝑏 = −𝑏 ∧ 𝑎. 𝐸𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟, 𝑎 ∧ 𝑎 = 0.
𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝑜𝑢 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 : 𝑎 ∧ 𝛼𝑏 + 𝛽𝑐 = 𝛼𝑎 ∧ 𝑏 + 𝛽𝑎 ∧ 𝑐.
𝐴𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒: 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐, 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑟𝑒𝑣𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐.
𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟 (𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑛çã𝑜 : 𝛼 ∧ 𝛽 = 𝛼𝛽, 𝛼 ∧ 𝑎 = 𝑎 ∧ 𝛼 = 𝛼𝑎
𝑃𝑟𝑖𝑜𝑟𝑖𝑒𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟: 𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ≡ 𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏
Resumo da Ópera
Dualidade Contrações com Bivetor
𝑎∧𝑏∧𝑐 𝑥∧𝑦⋅𝛼 =0
𝐾 ∗= −𝐾 ⋅ 𝑥∧𝑦⋅𝑎 =0
‖𝐾‖2
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏
Contrações com Escalar 𝑥∧𝑦⋅𝑎∧𝑏∧𝑐 = 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑐 𝑎
𝛼 ⋅ 𝐾 = 𝛼𝐾 + 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑐 − 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑎 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏 𝑐
Contrações com Vetor Contrações com Trivetor
𝑥⋅𝛼=0 𝑥∧𝑦∧𝑧⋅𝛼 = 0
𝑥 ⋅ 𝑎 = 𝑥, 𝑎 𝑥∧𝑦∧𝑧⋅𝑎 =0
𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑎 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑎 𝑥∧𝑦∧𝑧⋅𝑎∧𝑏 =0
𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥, 𝑎 𝑏 ∧ 𝑐 + 𝑥 ∧ 𝑦 ∧ 𝑧 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑐 + 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑎
𝑥, 𝑏 𝑐 ∧ 𝑎 + 𝑥, 𝑐 𝑎 ∧ 𝑏 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑐 − 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑎 − 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑏
𝐾 é 𝑢𝑚 𝑘 − 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟
(KANATANI, 2015, p. 64-65)
Expressão da Base
Base e Coordenadas: Seja B ={ex, ey, ez} uma base ortonormal de E3. Assim, qualquer
vetor de E3 pode ser escrito como uma combinação linear dos vetores da base.
𝑢 = 𝑥𝑒𝑥 + 𝑦𝑒𝑦 + 𝑧𝑒𝑧
𝑥, 𝑎 = 𝑥𝑖 𝑒𝑖 ⋅ 𝑎𝑗 𝑒𝑗 = 𝑥𝑖 𝑎𝑗 𝑒𝑖 𝑒𝑗 = 𝑥𝑖 𝑎𝑗 𝛿𝑖𝑗
∴ 𝑥, 𝑎 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖
Norma e Contração
‖𝑎‖ = 𝑎𝑥2 + 𝑎𝑦2 + 𝑎𝑧2
De uma Linha
𝑥 ⋅ 𝑎 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖
2 2 2
‖𝑎 ∧ 𝑏‖ = 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 + 𝑎𝑥 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦
De um Plano 𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖 𝑏𝑗 − 𝑎𝑗 𝑏𝑖 𝑒𝑗
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥𝑖 𝑦𝑗 𝑎𝑗 𝑏𝑖 − 𝑎𝑖 𝑏𝑗
‖𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐‖ = 𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑐𝑧 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑐𝑥 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑐𝑦 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑐𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑐𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑐𝑥
De um Espaço 𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖 𝑏𝑗 𝑐𝑘 − 𝑏𝑘 𝑐𝑗 + 𝑏𝑖 𝑐𝑗 𝑎𝑘 − 𝑐𝑘 𝑎𝑗 + 𝑐𝑖 𝑎𝑗 𝑏𝑘 − 𝑎𝑘 𝑏𝑗 𝑒𝑗 ∧ 𝑒𝑘
(j ≥ i) 𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥𝑖 𝑦𝑗 𝑏𝑗 𝑐𝑖 − 𝑏𝑖 𝑐𝑗 𝑎𝑘 + 𝑎𝑖 𝑐𝑗 − 𝑎𝑗 𝑐𝑖 𝑏𝑘 + 𝑎𝑗 𝑏𝑖 − 𝑎𝑖 𝑏𝑗 𝑐𝑘 𝑒𝑘
𝑥 ∧ 𝑦 ∧ 𝑧 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥𝑖 𝑦𝑗 𝑧𝑘 𝑎𝑖 𝑐𝑗 𝑏𝑘 + 𝑏𝑖 𝑎𝑗 𝑐𝑘 + 𝑐𝑖 𝑏𝑗 𝑎𝑘 − 𝑎𝑖 𝑏𝑗 𝑐𝑘 − 𝑏𝑖 𝑐𝑗 𝑎𝑘 − 𝑐𝑖 𝑎𝑗 𝑏𝑘
Dualidade
(KANATANI, 2015, p. 70-71)
𝑎 ∧ 𝑏 ∗ = 𝑎 × 𝑏, 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 ∗ = |𝑎, 𝑏, 𝑐| 𝜃 ‖𝑎 ∧ 𝑏‖
𝑎
Proposição: a dualidade a seguir vale para a
base ortonormal {e1, e2, e3}:
∗ O dual (a ∧ b)* do bivetor a ∧ b é um vetor
𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = 1, 1∗ = −𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ortogonal a a e b, orientado segundo a regra
∗ ∗ da mão direita. O comprimento é igual à área
𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = 𝑒𝑥 , 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 ∗ = 𝑒𝑦 , 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 = 𝑒𝑧
||a ∧ b|| do paralelogramo definido por a e
𝑒𝑥∗ = −𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 , 𝑒𝑦∗ = −𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 , 𝑒𝑧∗ = 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 b. Se a, b e c seguem a regra da mão
direita, o dual (a ∧ b ∧ c)* do trivector a
𝑎 = 𝑎𝑥 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑒𝑧
∧ b ∧ c é igual ao volume do paralelepípedo
𝑎∗ = −𝑎𝑥 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 − 𝑎𝑦 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 − 𝑎𝑧 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 definido por a, b e c.
Representação Direta e Dual
Se a equação tem a forma x ∧ K = 0, chamamos K a representação direta do objeto.
A partir da definição do produto externo ∧, a representação direta de linhas, planos,
espaço e origem é dada da seguinte forma:
(i) Um vetor posição x está na linha na direção de a se, e somente se,
x ∧ a = 0. Portanto, a é a representação direta dessa linha.
(ii) Um vetor posição x está no plano medido por a e b se, e somente se,
x ∧ a ∧ b = 0. Portanto, a ∧ b é a representação direta desse plano.
(iii)Qualquer vetor posição x está no espaço medido por a, b e c. Esse fato é
escrito como x ∧ a ∧ b ∧ c = 0. Portanto, a ∧ b ∧ c é a representação
direta desse espaço.
(iv) Um vetor posição x está na origem se e somente se x ∧ α (= αx) = 0 para
um α diferente de zero. Portanto, um escalar diferente de zero é a
representação direta da origem.
Representação Direta e Dual
Se a equação tiver a forma x·K = 0, chamamos K a representação dupla do objeto.
A partir da definição da operação de contração, a representação dupla de linhas, planos,
espaço e origem é dada da seguinte forma:
(i) Um vetor posição x satisfaz x·a = 0 se, e somente se, 𝑥, 𝑎 = 0, isto é, quando x está
no complemento ortogonal de a (o plano perpendicular a). Portanto, a é sua
representação dual.
(ii) Um vetor posição x satisfaz x·a ∧ b = 0 se, e somente se, 𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 = 0 isto é,
quando x está no complemento ortogonal de a ∧ b (a superfície normal do plano
a ∧ b) Portanto, a ∧ b é sua representação dual.
(iii) Um vetor posição x satisfaz x·a ∧ b ∧ c = 0 se, e somente se, 𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 = 𝑥, 𝑐 = 0,
ou seja, quando x está na origem, que é o complemento ortogonal de a ∧ b ∧ c.
Portanto, a ∧ b ∧ c é sua representação dual.
(iv) Um vetor posição x sempre satisfaz x·α = 0 para qualquer α escalar diferente de
zero. Portanto, um escalar diferente de zero é a representação dual do espaço
a ∧ b ∧ c
Representação Direta e Dual
(KANATANI, 2015, p. 73)
Embora tenhamos lidado apenas com o espaço 3D, todas as descrições podem ser estendidas
para nD quase da mesma forma. Por quase, queremos dizer que algumas especialidades de 3D
estão envolvidas aqui.
A primeira é quando convertemos a soma a ∧ b + c ∧ d de dois bivetores em um. Este é um
processo chamado fatoração, que envolve o vetor e ao longo da interseção entre os dois
planos especificados por a ∧ b e c ∧ d. Nas dimensões mais altas, no entanto, dois
planos que passam pela origem geralmente não têm outra interseção além da origem, de modo
que a soma a ∧ b + c ∧ d não pode mais ser reduzida; não podemos deixar de retê-lo como
uma soma formal. Esse tipo de soma formal de k-vetores também é chamado de “k-vetor".
No entanto, a distinção é feita em muitos livros didáticos de álgebra geométrica, onde um
único termo, isto é, o produto externo dos k-vetores, é chamado de k-vetor simples ou
plaqueta (blade) de grau k, e sua soma formal é chamada de k-vetor. Aqui, no entanto,
usamos o termo mais clássico e intuitivo “k-vetor” para um único termo e sua soma
formal, porque nos concentramos em 3D, onde nenhuma confusão deve surgir.
Considerações Finais
(KANATANI, 2015, p. 73-75)
Uma aplicação notável da álgebra de Grassmann é seu uso no cálculo. Uma variação
infinitesimal de uma quantidade física definida continuamente na vizinhança de cada
ponto é expressa por um diferencial ω = a1dx + a2dy + a3dz, onde a1, a2 e a3 são a
mudança por unidade de comprimento para o movimento infinitesimal nas direções x, y,
e z, respectivamente. Essa expressão é chamada forma diferencial do grau 1 ou
simplesmente forma 1, e o conjunto de todas as formas 1 define um espaço vetorial em
cada ponto com a origem naquele ponto.
Em seguida, podemos construir a álgebra de Grassmann introduzindo o produto externo
∧ entre as formas 1 nesse espaço vetorial. A consequência importante é que, ao
introduzir um operador diferencial chamado derivada externa dω, podemos derivar
sistematicamente muitos teoremas integrais, como o teorema de Green, o teorema da
divergência de Gauss e o teorema de Stokes, onde o operador estrela de Hodge é usado
para a dualidade. Usando essa álgebra, pode-se descrever propriedades topológicas do
espaço em consideração, por exemplo, se ele está simplesmente conectado ou não, e
propriedades geométricas diferenciais de superfícies como curvaturas. Um livro
conhecido é o do Flanders.
Bibliografia
Differential Forms with Applications to the Physical Sciences (Flanders, 1963)
Clifford Algebra to Geometric Calculus (Hestenes & Sobczyk, 1984)
Multivectors and Clifford Algebra in Electrodynamics (Jancewicz, 1989)
Analysis on Manifolds (Munkres, 1991)
A Álgebra Geométrica do Espaço Euclideano e a Teoria de Pauli (Vaz Jr, 1997)
A Álgebra Geométrica do Espaço-Tempo e a Teoria da Relatividade (Vaz Jr., 2000)
Geometric Computing for Perception Action Systems (Bayro-Corrochano, 2001)
New Foundations for Classical Mechanics (Hestenes, 2002)
Geometric Algebra for Physicists (Doran, Lasenby, 2003)
Spacetime Physics with Geometric Algebra (Hestenes, 2003)
O Cálculo em Variedades (Spivak, 2003)
Geometric Algebra for Computer Science (Dorst, Fortijne & Mann, 2007)
Bibliografia
Geometric Algebra with Applications in Engineering (Perwass, 2009)
Cálculo Exterior (Bassalo, Cattani, 2009)
Geometric Computing (Bayro-Corrochano, 2010)
Understanding Geometric Algebra for Electromagnetic Theory (Arthur, 2011)
Álgebras de Clifford & Spinores (Vaz Jr., Rocha Jr., 2012)
Understanding Geometric Algebra (Kanatani, 2015)
Space-Time Algebra (Hestenes, 2015)
Álgebra Exterior (Lages, 2017)
Geometric Multiplication of Vectors (Josipović, 2019)
Um passeio por várias álgebras na descrição do momento angular (Belançon, Silva, 2019)
Reflections on Relativity (Brown, 2019)