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Um Convite à

Álgebra de Grassmann
RICARDO CAPIBERIBE NUNES
ricardo.capiberibe@ufms.br
O Silêncio dos Inocentes
“Os princípios básicos, Clarice. Simplicidade. Leia Marco Aurélio. De cada coisa
em particular, pergunte: O que é isto em si? Qual é a sua natureza? O que ela
faz? O que ela procura?”(HANNIBAL LECTER)

Thomas Harris
Vírus
“A Organização Mundial da Saúde anunciou uma epidemia mundial do vírus
coordenado em cursos de matemática e física em todas as séries. Os alunos
infectados com o vírus exibem um comportamento compulsivo de evitar vetores,
incapazes de conceber um vetor exceto como uma lista de números e aproveitando
todas as oportunidades para substituir vetores por coordenadas. Pelo menos dois
terços dos alunos de pós-graduação em física estão gravemente infectados pelo
vírus, e metade deles pode estar tão permanentemente danificada que nunca se
recuperará. O tratamento mais promissor é uma forte dose de álgebra geométrica.”

David Hestenes
Um Passeios pelas Álgebras
(Ref. Belançon, Silva, 2019)

 Álgebra Vetorial (Gibbs e Heaviside): Nesta álgebra os elementos existentes são


escalares e os vetores. Os vetores se dividem em duas classes: os vetores polares, ou
simplesmente vetores, que possuem direção e sentido natural e os vetores axiais ou
pseudovetores que possuem direção e sentido convencionados pela regra da mão direita
(ou regra de Fleming) na operação de produto vetorial entre eles.

 Álgebra de Quatérnions (Hamilton): Objetos com quatro componentes sendo uma escalar e
três unidades imaginárias onde as regras válidas para os números complexos são
satisfeitas, com a única diferença de que o produto entre quatérnions não é uma
operação comutativa. O conjunto dos quatérnions, denotado por H, satisfaz as
propriedades de espaço vetorial sobre o corpo dos números reais.
Um Passeios pelas Álgebras
(Ref. Belançon, Silva, 2019)

 Álgebra de Extensão (Grassmann): representa as grandezas físicas por


objetos geométricos ao invés de números. Estes objetos são como retas
orientadas, fragmentos de plano orientados, cubos orientados, etc.
Pode-se dizer que foi exatamente neste ponto que surgiu o conceito de
objetos vetoriais, como é conhecido hoje. A álgebra de Grassmann pode
ser construída a partir de aplicações lineares alternadas ou a partir
do quociente de alguma álgebra tensorial.

 Álgebra Geométrica (Clifford): sintetiza duas estruturas matemáticas


aparentemente dissociadas: os quatérnions de Hamilton e a álgebra de
extensão de Grassmann. A álgebra de Clifford pode ser introduzida de
forma mais geométrica, como o quociente da álgebra tensorial, ou ainda
a partir das álgebras de Grassmann.
Álgebra Exterior Vs. Álgebra Vetorial
(KANATANI, 2015, p. 73-75)

A álgebra de Grassmann foi introduzida por Hermann Günther Grassmann (1809-1877),


um matemático alemão, que introduziu o produto externo ∧ e descreveu a álgebra de
subespaços sem usar componentes vetoriais.

Os leitores de hoje, familiarizados com o cálculo vetorial, achariam sua formulação


original um pouco confusa, imaginando por que coisas que poderiam ser facilmente
explicadas em termos de produtos vetoriais e produtos triplos escalares são
descritas de formas bastante complicadas.

Isso é razoável. O cálculo vetorial de hoje foi estabelecido por Gibbs, que
combinou e simplificou a álgebra de quatérnion de Hamilton e a álgebra de Grassman.

Em resumo, o cálculo vetorial de hoje é uma reformulação da álgebra de Grassmann


facilitada em termos de produtos vetoriais e produtos triplos escalares.
Álgebra Exterior Vs. Álgebra Vetorial
(Dicionário de Biografias Científicas)

A Ausdehnungslehre (Álgebra de Extensão) diz respeito à análise geométrica, uma região na


fronteira entre a geometria analítica, que usa apenas a álgebra de coordenadas e equações e a
geometria sintética, que dispensa todos os auxílios algébricos. O primeiro a conceber esse tipo
de análise foi Leibniz. Ele escreveu que, para desenvolver essa análise, deve-se trabalhar
diretamente com os símbolos de conceitos geométricos, como pontos, linhas retas e planos - isto
é, sem o intermédio de coordenadas; mas, estes sistemas de análise não apareceriam até o século
XIX, depois que a geometria analítica e sintética passaram por considerável desenvolvimento.

A teoria dos quatérnions desenvolvida por W. R. Hamilton, entre 1843 e 1853, originou uma
tentativa de generalizar os números complexos de uma maneira que preservaria, se possível,
todas as leis da aritmética. Essa generalização poderia ser efetivada, no entanto, apenas
renunciando à lei comutativa da multiplicação. Fazer isso deu origem ao sistema de quatérnions
nomeados de “Hamilton. Na terminologia atual, esse sistema é um campo inclinado de uma álgebra
de quarta ordem sobre o corpo R dos números reais. Durante esse mesmo período, Grassmann
desenvolveu seu Ausdehnungslehre, cuja álgebra é constituída por elementos extensíveis.
Álgebra Exterior Vs. Álgebra Vetorial
(KANATANI, 2015, p. 73-75)
Hoje, especificamos a área e a orientação do paralelogramo definido pelos vetores a e b
pelo produto vetorial a × b e o volume e o sinal do paralelepípedo definido pelos
vetores a, b e c do produto triplo escalar |a, b, c|. Como mostraremos, o dual (a ∧ b)∗
nada mais é que o produto vetorial a × b, e o dual (a ∧ b ∧ c)∗ é o produto triplo
escalar |a, b, c|.
Atualmente todas as quantidades que envolvem linhas e planos no espaço são descritas por
vetores e escalares, usando produtos vetoriais e produtos triplos escalares, o que
facilita muito as descrições e cálculos geométricos. Por essa razão, a álgebra de
Grassmann raramente é ensinada hoje a estudantes de física e engenharia.
No entanto, o cálculo vetorial tem uma restrição crucial: ele pode ser usado apenas em
3D. Em geral nD, dois vetores a e b abrangem um subespaço 2D. No entanto, existem
infinitas direções ortogonais, portanto não podemos definir uma superfície única normal
para ela. Portanto, a única maneira de especificar esse plano é escrever apenas a ∧ b.
No entanto, o mesmo plano pode ser especificado de muitas maneiras diferentes; portanto,
são obtidas várias regras que o produto externo deve satisfazer.
Hermann Günther Grassmann
(15/04/1809 - 26/09/1877)
Hermann Günther Grassmann
O terceiro de doze filhos, Grassmann recebeu as primeiras instruções da mãe e de uma
escola particular antes de frequentar o Stettin Gymnasium. Ele também aprendeu a
tocar piano. Aos dezoito anos, passou no exame final do ensino médio, ocupando o
segundo lugar. Com seu irmão mais velho, Gustav, Hermann estudou teologia por seis
semestres na Universidade de Berlim, onde seus professores incluíam August Neander e
Friedrich Schleiermacher. Ao mesmo tempo, estudou línguas clássicas e literatura e
assistiu às palestras de August Bockh.

Na Páscoa de 1832, ele obteve um cargo de professor assistente no Ginásio de Stettin


e, dois anos depois, passou no exame de teologia de primeiro nível dado pelo
conselho da igreja luterana de Stettin. Grassmann não se tornou ministro, no
entanto. No outono de 1834, ele foi contratado como mestre sênior na Gewerbeschule
em Berlim, sucedendo a Jakob Steiner, que havia sido chamado para a Universidade de
Berlim. Um ano depois, Grassmann foi nomeado para a faculdade do recém-fundado Otto
Schule em Stettin, onde ensinou matemática, física, alemão, latim e religião
Hermann Günther Grassmann
Em 1839, ele passou no exame de teologia de segundo nível em Stettin e, no ano
seguinte em Berlim, um exame de matemática, física, química e mineralogia que o
qualificou totalmente para ensinar todas as séries do ensino médio.

O último exame incluiu uma parte escrita a ser feita em casa, cujo assunto era a
teoria das marés. Essa tarefa foi decisiva para a carreira de Grassmann. Em 1832,
ele começou a trabalhar em um novo cálculo geométrico com que foi capaz de dar uma
exposição simplificada dos desenvolvimentos matemáticos na Mecânica Analítica de
Lagrange e derivar, de uma maneira original diferente da Mecânica Celeste de
Laplace, sendo este último relevantes para a teoria das marés. Embora Grassmann
usasse os novos métodos apenas na medida necessária para resolver o problema em
questão, ele estava indubitavelmente ciente do significado de longo alcance de sua
criação: e em 1840 ele decidiu se concentrar inteiramente na pesquisa matemática.

Inicialmente Grassmann dedicou um esforço considerável ao ensino. Ele escreveu


vários breves livros didáticos para uso na escola secundária, alguns dos quais foram
frequentemente reimpressos.
Hermann Günther Grassmann
Enquanto isso, no outono de 1843, Grassmann havia concluído o manuscrito do primeiro
volume de seu trabalho principal, Die lineale Ausdehnungslehre, que apareceu no ano
seguinte como Die Wissenschaft der extensiven Grosse oder die Ausdehnungslehre. Seu
significado fundamental não foi compreendido pelos contemporâneos; e até um
matemático do calibre de. F. Mobius - cuja própria pesquisa geométrica estava, em
certa medida, relacionada à de Grassmann - não entendeu completamente as intenções
do autor. Desaprovando os muitos conceitos novos e certas formulações filosóficas,
ele se recusou a escrever uma resenha do livro e, portanto, foi totalmente
desconsiderada pelos especialistas.

Como uma aplicação do Ausdehnungslehre, que se baseia no conceito geral de


conectividade, Grassmann publicou Neue Theorie der Elektrodynamik (1845), no qual
substituiu a lei fundamental de Ampére, por uma com premissas menos arbitrárias.
Trinta anos depois, Clausius redescobriu independentemente a lei de Grassmann, mas
reconheceu sua prioridade assim que foi informado.
Hermann Günther Grassmann
Diferentemente de seus trabalhos matemáticos, a pesquisa linguística de Grassmann foi
imediatamente bem recebida pelos estudiosos. Um ano antes de sua morte, ele se tornou
membro da Sociedade Oriental Americana, e a Faculdade de Filosofia da Universidade de
Tubingen concedeu a ele um doutorado honorário.

Enquanto isso, alguns matemáticos haviam tomado conhecimento do trabalho de


Grassmann. Sua eleição , 1871, como membro correspondente da Academia de Ciências de
Göttingen o encorajou a publicar alguns artigos matemáticos curtos durante os últimos
anos de sua vida. Em 1877, ele preparou outra edição do Ausdehnungslehre de 1844, mas
que só apareceu postumamente em 1878. Apesar da crescente enfermidade, ele continuou
trabalhando até sucumbir à insuficiência cardíaca.

ADAPTADO DO LIVRO
DICTIONARY OF SCIENTIFIC BIOGRAPHY
(DICIONÁRIO DE BIOGRAFIAS CIENTÍFICAS)
Convite
Por que estudar Álgebra de Extensão (Grassmann)?
Antes de adentrarmos nas álgebras de extensão, faremos uma pequena revisão da
álgebra vetorial de Gibbs-Heaviside, nessa ocasião apontaremos diversas
inconsistências desse formalismo e suas limitações e que são resolvidas pela álgebra
de Grassmann. Outro ponto é que a Álgebra de Grassmann ajuda a desenvolver o
pensamento e a intuição geométrica, visto que podemos abdicar do uso de sistemas
coordenadas e em função de alguma base.

Qual a proposta do curso?


Esse curso pode ser dividido em quatro partes: a primeira consiste na revisão da
álgebra de Gibbs-Heaviside e uma análise crítica de seus fundamentos. A segunda
parte, é a apresentação da Álgebra Exterior conforme a intenção original proposta
por Grassmann. A terceira parte, é uma derivação mais moderna da Álgebra Exterior a
partir dos axiomas do produto exterior, mas sem perder a intuição geométrica. A
última parte, consiste em um resumo da terceira parte, mas expressa em termos dos
vetores da base e fazendo uma interface com a Álgebra de Gibbs-Heaviside.
Convite
Bibliografia Selecionada

Para formular esse curso, consultamos uma ampla literatura sobre álgebras não
comutativas. Infelizmente existem pouquíssimos livros em língua portuguesa (e até mesmo
língua estrangeira) sobre álgebras de Grassmann. Na maioria das vezes, o assunto é
abordado dentro dos livros de Álgebra Geométrica (Clifford), de Geometria Diferencial e
de Variedades.

Uma das raras exceções é o livro Álgebra Exterior, do renomado professor Elon Lages,
que aborda o tema rigorosamente, dentro da linguagem moderna da álgebra e associando a
teoria dos determinantes.

O livro que mais se aproxima de nossa abordagem é a obra Understanding Geometric


Algebra (Kanatani, 2015), por isso ao longo do texto, citaremos diversas passagens
desse livro.
Convite
Organização
Esse curso foi separado em três seções:
1. Álgebra de Gibbs-Heaviside (P.17 – P.29): corresponde a uma revisão dos
produtos entre vetores: produto interno e o produto vetorial e quais as
limitações dessa abordagem que nos motivam a buscar uma formulação alternativa.
2. Álgebra de Grassmann Sintética (P.30 – P. 84): nessa seção desenvolvemos a
álgebra de Grassmann em uma abordagem sintética, isto é, sem fazer qualquer
menção a coordenadas ou sistemas de referência, resgatando a abordagem sugerida
originalmente por Grassmann.
3. Álgebra de Grassmann Analítica (P.85 – P. 95): após construirmos os principais
conceitos e propriedades da álgebra de Grassmann, passamos a conecta-los a um
sistema de coordenadas arbitrárias, obtendo as suas equações matemáticas.
Convite
Exercícios
Devido a pequena quantidade de material, é bastante difícil reunir uma quantidade
razoável de exercícios. Por isso, nós recomendamos o leitor refazer as passagens e
como não pode faltar em um curso de matemática, também deixaremos aquelas
demonstrações à cabo do leitor.

Vamos Começar...
Vamos começar com uma pequena revisão dos conceitos gerais da álgebra vetorial,
essa revisão também será útil para mostrar as semelhanças e diferenças entre a
álgebra de Gibbs-Heaviside e Grassmann. Para isso nossa motivação inicial serão os
problemas da ortogonalidade e a colinearidade na perspectiva de cada uma dessas
álgebras.
Produto Interno
Começaremos nossa revisão estudando o problema da perpendicularidade entre retas.
Esse estudo nos conduzirá a definição do produto interno entre vetores.
Assim, tomemos três pontos no espaço tridimensional:
O = (0, 0, 0);
A = (ax, ay, az);
B = (bx, by, bz);
A distância entre o ponto A e o ponto B será dado por:
2
𝑑 2 𝐴, 𝐵 = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 2
+ 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 2

Definamos agora dois segmentos de reta: OA e OB


𝑂𝐴 = 𝑎𝑥 , 𝑎𝑦 , 𝑎𝑧
𝑂𝐵 = 𝑏𝑥 , 𝑏𝑦 , 𝑏𝑧
Produto Interno
Se os pontos OAB definirem um triângulo retângulo, então
A
𝐴𝐵 = ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 ↔ 𝑂𝐴 ⊥ 𝑂𝐵
2
𝐴𝐵 2 = 𝑑 2 𝐴, 𝐵 = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 2
+ 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 2

2
𝑂𝐴2 = 𝑑 2 𝑂, 𝐴 = 𝑎𝑥 2 + 𝑎𝑦 + 𝑎𝑧 2

2
𝑂𝐵 2 = 𝑑 2 𝑂, 𝐵 = 𝑏𝑥 2 + 𝑏𝑦 + 𝑏𝑧 2

Pelo Teorema de Pitágoras teremos

O B 𝐴𝐵 2 = 𝑂𝐴2 + 𝑂𝐵 2
𝐴𝐵2 − 𝑂𝐴2 − 𝑂𝐵 2 = 0
2 2 2 2 2 2 2 2 2
𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 − 𝑎𝑥 − 𝑎𝑦 − 𝑎𝑧 − 𝑏𝑥 − 𝑏𝑦 − 𝑏𝑧 =0
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
𝑎𝑥 − 2𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 − 2𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 − 2𝑎𝑧 𝑏𝑧 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑥 − 𝑎𝑦 − 𝑎𝑧 + 𝑏𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑏𝑧 =0
−2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 = 0
Produto Interno
Da última equação, obtemos a seguinte identidade:
𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 = 0

𝑎 = 𝑂𝐴
que é a condição de ortogonalidade entre duas retas.
Definimos os vetores diretores da reta OA como o
transporte do ponto O até A, da reta OB, como
transporte do ponto 0 até B e da reta AB, o
transporte do ponto A até B. Cada um destes vetores 𝑏 = 𝑂𝐵
apresentará as seguintes coordenadas:
Propriedades
𝑂𝐴 = 𝑎𝑥 − 0, 𝑎𝑦 − 0, 𝑎𝑧 − 0 𝑎 ≡ 𝑂𝐴 = 𝑎𝑥 , 𝑎𝑦 , 𝑎𝑧
𝑂𝐵 = 𝑏𝑥 − 0, 𝑏𝑦 − 0, 𝑏𝑧 − 0 𝑏 ≡ 𝑂𝐵 = 𝑏𝑥 , 𝑏𝑦 , 𝑏𝑧 𝐴𝐵 2 − 𝑂𝐴2 − 𝑂𝐵 2 = −2 𝑂𝐴, 𝑂𝐵
𝐴𝐵 = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 , 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 , 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏 − 𝑎 ≡ 𝐴𝐵 𝑎 ⊥ 𝑏 ↔ 𝑎, 𝑏 = 0
A partir desse resultado introduzimos um novo produto ‖𝑎‖2 = 𝑎, 𝑎 (𝑁𝑜𝑟𝑚𝑎
entre vetores denominado de PRODUTO INTERNO e que é
denotado por 𝑎 ⋅ 𝑏 ou 𝑎, 𝑏 tal que: 𝑎, 𝑏 = 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 𝑑 𝑂, 𝐴 = ‖𝑂𝐴 ‖ = 𝑂𝐴
Produto Interno
Agora vamos relacionar o produto interno com a medida do ângulo entre duas retas ou
entre dois vetores. Defina um triângulo escaleno O, A, B:
Para calcular a distância entre os pontos A e B, A
usamos a lei dos cossenos:
𝐴𝐵 2 = 𝑂𝐴2 + 𝑂𝐵 2 − 2 ⋅ 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
𝐴𝐵 2 − 𝑂𝐴2 − 𝑂𝐵 2 = −2 ⋅ 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
−2 𝑂𝐴, 𝑂𝐵 = −2 ⋅ 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
B
𝑂𝐴, 𝑂𝐵 = 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵cos𝜃
Portanto, o produto interno e cosseno do ângulo
entre dois vetores arbitrários será dado por:

𝑎, 𝑏 = ‖𝑎‖‖𝑏 ‖cos𝜃
q
𝑎, 𝑏 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧
cos𝜃 = =
‖𝑎‖‖𝑏 ‖ ‖𝑎‖‖𝑏 ‖ O
Produto Vetorial
Depois de definir o produto interno, vamos definir o produto vetorial.
Desta vez estudaremos a questão do paralelismo entre retas.
Sejam O, A, B três pontos colineares definidos de forma que:
𝑂𝐵 = 𝐴𝐵 + 𝑂𝐴
𝐴𝐵 = 𝑂𝐵 − 𝑂𝐴
𝑑 𝐴, 𝐵 = 𝑑 𝑂, 𝐵 − 𝑑 𝑂, 𝐴

O A B
O quadrado da distância entre o ponto A e o ponto B será dada pelas relações:

𝑑 2 𝐴, 𝐵 = 𝑑 𝑂, 𝐵 − 𝑑 𝑂, 𝐴 2
= 𝑑 2 𝑂, 𝐵 − 2𝑑 𝑂, 𝐴 𝑑 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴
2
𝑑 2 𝐴, 𝐵 = 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 2
+ 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 + 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 2
= 𝑏𝑥2 − 2𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑥2 + 𝑏𝑦2 − 2𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑦2 + 𝑏𝑧2 − 2𝑎𝑧 𝑏𝑧 + 𝑎𝑧2
= 𝑏𝑥2 + 𝑏𝑦2 + 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑥2 + 𝑎𝑦2 + 𝑎𝑧2 − 2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 = 𝑑 2 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴 − 2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧
Produto Vetorial
Igualando as duas equações:
𝑑 2 𝑂, 𝐵 − 2𝑑 𝑂, 𝐴 𝑑 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴 = 𝑑 2 𝑂, 𝐵 + 𝑑 2 𝑂, 𝐴 − 2 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧
𝑑 𝑂, 𝐴 𝑑 𝑂, 𝐵 = 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧

Vamos elevar essa nova relação ao quadrado e isolar o lado direito:


2
𝑑 2 𝑂, 𝐴 𝑑 2 𝑂, 𝐵 − 𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 =0
2
𝑎𝑥 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 = 𝑎𝑥2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑦2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑧2 + 2𝑎𝑥 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑏𝑦 + 2𝑎𝑥 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑏𝑧 + 2𝑎𝑦 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑏𝑧
𝑑 2 𝑂, 𝐴 𝑑 2 𝑂, 𝐵 = 𝑎𝑥2 + 𝑎𝑦2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑥2 + 𝑏𝑦2 + 𝑏𝑧2
= 𝑎𝑥2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑥2 𝑏𝑦2 + 𝑎𝑥2 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑦2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑦2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑧2

Subtraindo as equações, obtemos:


𝑎𝑥2 𝑏𝑦2 + 𝑎𝑥2 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑦2 − 2 𝑎𝑥 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑏𝑦 + 𝑎𝑥 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑏𝑧 + 𝑎𝑦 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑏𝑧 = 0
Produto Vetorial
Vamos evidenciar os produtos cruzados das coordenadas de a e b:
𝑎𝑥2 𝑏𝑦2 + 𝑎𝑥2 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑦2 𝑏𝑧2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑥2 + 𝑎𝑧2 𝑏𝑦2 − 2 𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑎𝑦 𝑏𝑥 + 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑎𝑧 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑎𝑧 𝑏𝑦 = 0
𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑎𝑦 𝑏𝑧 −𝑎𝑧 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 +
𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑎𝑦 𝑏𝑥 −𝑎𝑥 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑎𝑧 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑧 + 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑎𝑥 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑥 = 0

Invertendo o sinal da linha inferior:


𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑎𝑦 𝑏𝑧 −𝑎𝑧 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧
−𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑎𝑦 𝑏𝑥 −𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑎𝑧 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑧 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑎𝑥 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑥 = 0

Evidenciando os termos em parêntesis:


𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 −𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑎𝑦 𝑏𝑧 −𝑎𝑧 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 = 0

Que resulta na seguinte equação quadrática:


2 2 2
𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 −𝑎𝑧 𝑏𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 =0
Produto Vetorial
Observe que como todos parêntesis estão elevados ao quadrado, todos os termos são
positivos. Isso significa que a igualdade é verificada se, e somente se, os termos
dentro os parêntesis forem nulos.
𝑎𝑥 𝑏𝑥
𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 = 0 =
𝑎𝑦 𝑏𝑦
𝑎𝑦 𝑏𝑦
𝑎𝑦 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 = 0 =
𝑎𝑧 𝑏𝑧
𝑎𝑧 𝑏𝑧
𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 = 0 =
𝑎𝑥 𝑏𝑥

Portanto, a condição de paralelismo exige que haja uma proporcionalidade entre as


componentes dos vetores diretores a e b.
Podemos definir um novo vetor c por meio dessas componentes cruzadas:

𝑐 ≡ 𝑎 × 𝑏 = 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 ; 𝑎𝑦 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 ; 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥
Produto Vetorial
Portanto os vetores a e b são paralelos se, e somente se,
𝑐 =𝑎×𝑏
o seu produto vetorial destes vetores for zero:
𝑎 ∥𝑏 ↔𝑎×𝑏 =0
Esse novo vetor gerado por dois vetores polares é tem
simetria axial. A norma do produto vetorial será igual a
área S do plano delimitada pelos dois vetores a e b: S
‖𝑎 × 𝑏‖ = 𝑆
Observe que esse plano pode ser dividido em dois
triângulos de mesma área, assim área S será dada por:
‖𝑎 × 𝑏‖ = 2𝑆△

Portanto a norma do produto vetorial será: SD SD


‖𝑎 × 𝑏‖ = 𝑏𝑎𝑠𝑒 ⋅ 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎
Produto Vetorial
Sem perda de generalidade, tome um triângulo
escaleno cuja base é a norma de b. Por construção,
a altura será a reta que liga a extremidade máxima
até a base formando um ângulo de 90o.
Usando as relações entre o vetor diretor a e vetor
diretor altura, notamos que vale a relação:
‖ℎ‖ = ‖𝑎‖ sin𝜃
Portanto a área do plano será:
𝑆 = ‖𝑏‖‖ℎ‖
𝑆 ≡ ‖𝑎 × 𝑏‖ = ‖𝑎‖ ‖𝑏‖sin𝜃
Dividindo essa relação pelo produto interno, q
obtemos a tangente do ângulo:
‖𝑎 × 𝑏‖ ‖𝑎 × 𝑏‖
tan𝜃 = 𝜃 = arctan
𝑎, 𝑏 𝑎, 𝑏
Álgebra de Gibbs-Heaviside
Com os produtos entre vetores, podemos construir a álgebra de Gibbs-Heaviside.
Construa três vetores {i, j, k} que satisfazem as seguintes regras:

𝑖, 𝑖 = 𝑖 2 = 1 𝑗, 𝑗 = 𝑗 2 = 1 𝑘, 𝑘 = 𝑘 2 = 1
𝑖 = 𝑗×𝑘 =−𝑘×𝑗 𝑗 =𝑘×𝑖 =−𝑖×𝑘 𝑘 = 𝑖 × 𝑗 = −𝑗 × 𝑖
𝑖, 𝑗 = 𝑖, 𝑘 = 0 𝑗, 𝑖 = 𝑗, 𝑘 = 0 𝑘, 𝑖 = 𝑘, 𝑗 = 0

Como esses vetores são linearmente independentes e geram todos os pontos do espaço
tridimensional, eles formam uma base. Por serem mutuamente ortogonais e unitários essa
base é denominada de ortonormal e os vetores são chamados de versores.
Existem infinitas conjuntos de versores que satisfazem as regras acimas, porém, há uma
base, que por ser simples e intuitiva, é denominada de canônica, sendo definida por:
𝑖 = 1,0,0 𝑗 = 0,1,0 𝑘 = 0,0,1
Álgebra de Gibbs-Heaviside
Vamos mostrar que essa álgebra não é associativa. Observe que:
𝑖2 = 𝑗2 = 𝑘2 = 1
𝑖≠𝑗≠𝑘≠0

Suponha que a álgebra seja associativa, então:


𝑗× 𝑗×𝑘 =𝑗×𝑖 𝑗×𝑗 𝑘 =𝑗×𝑖
𝑗×𝑖 =𝑗×𝑖 0=𝑗×𝑖
𝑘=𝑘 𝑘=0

Observe que a ordem em que realizamos o produto vetorial altera o resultado. Isso não é
um problema porque não há nenhuma razão para supor que a álgebra seja associativa.
O verdadeiro problema, que pode ser visto nesse exemplo particular, é que a ordem do
produto vetorial pode levar a um resultado absurdo, k = 0.
Outro problema associado à álgebra de Gibbs-Heaviside é que os versores {i, j, k} são
polares e os versores {j × k, k × i, i × j} são axiais.
Álgebra de Gibbs-Heaviside
Assim, podemos elencar as principais limitações da Álgebra Vetorial de Gibbs-Heaviside:

1) O produto vetorial na álgebra de Gibbs-Heaviside não é associativo.


2) A álgebra vetorial de Gibbs-Heaviside não é fechada em relação ao produto vetorial!
3) Na álgebra de Gibbs-Heavisie os vetores são definidos de forma ambígua.
4) A álgebra de Gibbs-Heaviside só pode ser desenvolvida para o espaço 3D.
5) A álgebra de Gibbs-Heaviside não permite operar com estruturas geométricas mais
complexas como planos e o próprio espaço

Todas estas questões são resolvidas por meio da Álgebra de Grassmann, que iremos
estudar doravante. Para isso retornaremos aos problemas de perpendicularidade e
paralelismo entre retas.
Produto Geométrico
Inicialmente, vamos introduzir o produto interno que denotaremos por: 𝑎, 𝑏 .
Esse produto apresenta as seguintes propriedades:

1 𝑎, 𝑏 = 𝑏 † , 𝑎†
2 𝑎 + 𝑏, 𝑐 = 𝑎, 𝑐 + 𝑏, 𝑐
3 𝛼𝑎, 𝑏 = 𝛼 𝑎, 𝑏
4 𝑎, 𝑎 ≥ 0 𝑎 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑎 = 0
5 | 𝑎, 𝑏 |2 ≤ 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑏 (𝑎 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑎 ∥ 𝑏
6 𝑎, 𝑏 = 0 ↔ 𝑎 = 0 𝑜𝑢 𝑏 = 0 OU 𝑎 ⊥ 𝑏

Essas propriedades caracterizam o espaço vetorial euclidiano.


Se o espaço vetorial for definido sobre o corpo dos números reais,
verifica-se que para um vetor arbitrário desse espaço 𝑎† = 𝑎.
Produto Geométrico
Agora vamos ver como a abordagem de Grassmann se aplica ao estudo da ortogonalidade.
Tomemos duas linhas retas que passam pela origem e se associam aos vetores a e b:
𝑎 = 𝑂𝐴, 𝑏 = 𝑂𝐵, 𝑐 = 𝐴𝐵
A
Se os pontos OAB definirem um triângulo retângulo, então:
𝐴𝐵 = ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 ↔ 𝑂𝐴 ⊥ 𝑂𝐵
Pelo Teorema de Pitágoras teremos
(𝑐 2 = (𝑎 2 +(𝑏 2
𝑎

Como os vetores são ortogonais, por (6), podemos escrever:


(𝑐 2 = (𝑎 2 +(𝑏 2
− 2 𝑎, 𝑏
Observe que o quadrado da norma do vetor c é igual à:
2
2 2 2
O 𝑏 B 𝑐 = 𝑎−𝑏 = 𝑎 − 𝑎𝑏 − 𝑏𝑎 + (𝑏
Produto Geometria
Portanto, temos o seguinte sistema de equações:

(𝑐 2 = (𝑎 2 +(𝑏 2 − 2 𝑎, 𝑏
(𝑐 2 = 𝑎 2 − 𝑎𝑏 − 𝑏𝑎 + (𝑏 2

Esse sistema nos conduz a seguinte identidade:


1
𝑎, 𝑏 = (𝑎𝑏 + 𝑏𝑎
2
Aqui está o “pulo do gato”:
Se assumirmos que 𝑎𝑏 = 𝑏𝑎, construímos uma álgebra de Gibbs-Heaviside.
Mas, se assumirmos que 𝑎𝑏 ≠ 𝑏𝑎, construímos uma álgebra geométrica.
Esse novo produto entre dois vetores é chamado de produto direto ou geométrico.
A álgebra de Grassmann é uma álgebra geométrica aplicada a objetos da geometria.
Produto Geométrico
Assim como toda função sem paridade pode ser decomposta como uma soma de suas partes
pares e ímpares, também podemos decompor esse produto em uma parte comutativa
(simétrica S) e uma parte não comutativa (antissimétrica A).
𝑎𝑏 = 𝑆 + 𝐴
A parte simétrica desse produto é justamente o produto interno, enquanto a parte
antissimétrica é o que chamaremos de produto exterior ou produto cunha:
𝑎𝑏 = 𝑎, 𝑏 + 𝑎 ∧ 𝑏
𝑆 ≡ 𝑎, 𝑏 = 𝑏, 𝑎
𝐴 ≡ 𝑎 ∧ 𝑏 = −𝑏 ∧ 𝑎

É fácil ver que essas relações satisfazem as identidades:


𝑎, 𝑏 ≡ 𝑎𝑏 + 𝑏𝑎 = 2 𝑎, 𝑏
𝑎, 𝑏 ≡ 𝑎𝑏 − 𝑏𝑎 = 2 𝑎 ∧ 𝑏
Produto Geométrico
Agora vamos obter a regra geral do produto interno, usando a abordagem de Grassmann.
Para isso, vamos supor que os pontos O, A, B definem um triângulo escaleno.
Para calcular a distância entre os pontos A e B, usamos a lei dos cossenos:
𝐴𝐵 2 = 𝑂𝐴2 + 𝑂𝐵 2 − 2 ⋅ 𝑂𝐴 ⋅ 𝑂𝐵 ⋅ cos𝜃 A
(𝑐 2 = (𝑎 2
+ (𝑏 2 −2 ⋅ ‖𝑎‖ ⋅ ‖𝑏‖ ⋅ cos𝜃

Onde ‖𝑎‖ e ‖𝑏‖ são os comprimentos de 𝑂𝐴 e 𝑂𝐵,


respectivamente. Por inspeção, obtemos a regra B
do produto interno:
𝑎, 𝑏 = ‖𝑎‖‖𝑏‖cos𝜃

Portanto o produto interno da álgebra q


geométrica coincide com o produto interno da
álgebra de Gibbs-Heaviside. O
Produto Exterior
Agora vamos buscar o significado do produto exterior. Para isso vamos, estudar
novamente a questão do paralelismo entre retas.
Sejam O, A, B três pontos colineares definidos de forma que:

𝑂𝐵 = 𝐴𝐵 + 𝑂𝐴 𝑏 =𝑐+𝑎
𝐴𝐵 = 𝑂𝐵 − 𝑂𝐴 𝑐 =𝑏−𝑎

O A B

A distância entre o ponto A e o ponto B será dada pelas relações:

𝑑 𝐴, 𝐵 = 𝑑 𝑂, 𝐵 − 𝑑 𝑂, 𝐴
‖𝑐‖ = ‖𝑏‖ − ‖𝑎‖
Produto Exterior
Tomemos o produto exterior e a propriedade de anticomutação:
𝑎 ∧ 𝑏 = −𝑏 ∧ 𝑎
Tomemos que o vetor b é o próprio vetor a:
𝑎 ∧ 𝑎 = −𝑎 ∧ 𝑎
𝑎∧𝑎+𝑎∧𝑎 =0
2𝑎 ∧ 𝑎 = 0
𝑎∧𝑎 =0
Vamos agora estudar o caso em que o vetor b é proporcional a, ou seja, as retas
associadas a eles são colineares.
𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑎 ∧ 𝛼𝑎
𝑎 ∧ 𝑏 = −𝛼𝑎 ∧ 𝑎
𝑎∧𝑏 =0
Embora o raciocínio empregado seja semelhante ao que empregamos no produto vetorial,
registre que o produto exterior não é um caso particular (ou geral) de produto vetorial.
Produto Exterior
Então podemos concluir que para vetores não nulos, o produto interno ser nulo implica
na ortogonalidade desses vetores, enquanto o produto exterior ser nulo implica no
paralelismo dos vetores.
𝑎, 𝑏 𝑛ã𝑜 𝑛𝑢𝑙𝑜𝑠, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜:
𝑎, 𝑏 = 0 ↔ 𝑎 ⊥ 𝑏
𝑎∧𝑏 =0 ↔ 𝑎 ∥𝑏

Mas se o produto exterior não é um tipo de produto vetorial que tipo de objeto
podemos associar a ele? Para isso vamos analisar o que sabemos sobre:

(1) O produto exterior é nulo para vetores paralelos.


(2) Dois vetores L.I. definem um seguimento de plano.
(3) O produto exterior não é comutativo.
Produto Exterior
Como um abuso de linguagem podemos dizer que o plano
gerado por dois vetores paralelos (L.D) é um plano 𝑎∧𝑏
nulo. Também podemos afirmar que se invertermos a 𝑎 𝑏
posição dos vetores, o plano sofre uma reflexão.

Na figura temos dois planos perpendiculares, assim cada


plano está dividido em duas regiões, o plano vertical 𝑎∧𝑏
apresenta a face direita e a face esquerda. O plano
horizontal apresenta a face superior e a face inferior. 𝑎 𝑏
Esse fato pode ser associado a não comutação do produto
dos vetores que geram o plano.
𝑏
Desta forma, Grassmann associa o produto exterior de
dois vetores a um plano cuja a magnitude (área) é 𝑏∧𝑎
proporcional ao comprimento (norma) dos vetores. Esse
novo objeto é chamado de bivetor ou 2-vetor. 𝑎
Produto Exterior
Nosso próximo passo é determinar o coeficiente de proporcionalidade de forma que
para dois vetores colineares não-nulos, a área seja zero. Isso sugere, assim
como no caso do produto interno, a necessidade uma função trigonométrica que se
anule para ângulos múltiplos inteiros de p.
A norma do produto exterior será igual a área S do plano
delimitado pelos dois vetores a e b:
S
‖𝑎 ∧ 𝑏‖ = 𝑆
Inicialmente tomemos dois vetores ortogonais. Observe que
esse plano pode ser dividido em dois triângulos de mesma
área, de forma que a área S será dada por:
‖𝑎 ∧ 𝑏‖ = 2𝑆△
SD SD
Portanto a norma do produto vetorial será:
‖𝑎 × 𝑏‖ = 𝑏𝑎𝑠𝑒 ⋅ 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎
Produto Exterior
Sem perda de generalidade, tome um triângulo
escaleno cuja base é a norma de b. Por construção,
a altura será a reta que liga a extremidade máxima
até a base formando um ângulo de 90o.
Usando as relações entre o vetor diretor a e vetor
diretor altura, notamos que vale a relação: q
‖ℎ‖ = ‖𝑎‖ sin𝜃

Portanto a área do bivetor será:


𝑆 = ‖𝑏‖‖ℎ‖ 𝑆 ≡ ‖𝑎 ∧ 𝑏‖ = ‖𝑎‖ ‖𝑏‖sin𝜃

Embora a norma do produto exterior seja igual a norma do produto vetorial, novamente
enfatizamos que são grandezas diferentes: o produto externo está associado a um
segmento do plano orientado pelos vetores que o geram enquanto o produto vetorial está
associado a um vetor axial orientado segundo a regra da mão direita.
Conceitos Fundamentais
Agora que introduzimos o conceito de produto exterior, podemos começar a elaborar a
construção da Álgebra de Grassmann, porém, antes de prosseguirmos é conveniente
introduzir alguns conceitos.

 Subespaço vetorial: é um subconjunto de um espaço vetorial que é ele próprio um


espaço vetorial. Para ser específico, é o conjunto de todas as combinações lineares
de alguns vetores, começando na origem ou no espaço estendido por esses vetores.
(KANATANI, 2015, p. 55).No espaço euclidiano tridimensional há quatro possíveis
subespaços: de dimensão 0, 1, 2 ou 3.
 Convenção: doravante, consideraremos os elementos geométricos (pontos, linhas, planos
e o próprio espaço) como sendo aqueles que contém a origem.
 Soma Direta: se A e B são subespaços tal que 𝐴 ∩ 𝐵 = 0 , então podemos construir um
subespaço C definido como o produto direto dos elementos e A e B , a essa operação
chamamos de soma direta e denotamos por: 𝐶 = 𝐴 ⊕ 𝐵
Conceitos Fundamentais
 0-Espaço: ponto que corresponde a origem do sistema. Denotaremos esse elemento como
0-vetor. Esse subespaço vetorial é denotado por ∧0 ℝ e a sua dimensão máxima é 1. A
base canônica é a unidade real B = {1}. Os objetos desse espaço não apresentam
orientação. São exemplos de 0-vetor: pontos, campos escalares.
 1-Espaço: linha que passa pela origem do sistema. Denotaremos esse elemento como
vetor ou 1-vetor. Esse subespaço vetorial é denotado por ∧1 ℝ e a sua dimensão
máxima é 3. A base canônica são três vetores ortonormais B = {e1, e2, e3}. Os objetos
desse espaço são orientados em um só sentido. São exemplos de 1-vetor: linhas, retas,
campos vetoriais.
 2-Espaço: plano (ou superfície) que passa pela origem do sistema. Denotaremos esse
elemento como 2-vetor, bivetor ou pseudo-vetor. Esse subespaço vetorial é denotado
por ∧2 ℝ e a sua dimensão máxima é 3. A base canônica são três bivetores
ortonormais B = {e1e2, e1e3, e2e3}. Os objetos desse espaço são orientados em dois
sentidos. São exemplos de 2-vetores: volutores, planos, superfícies, matrizes, campos
tensoriais de 2o ordem.
Conceitos Fundamentais
 3-Espaço: porção do espaço que contém a origem do sistema. Denotaremos esse
elemento como 3-vetor, trivetor ou pseudo-escalar. Esse subespaço vetorial é
denotado por ∧3 ℝ e a sua dimensão máxima é 1. A base canônica é o trivetor
unitário B = {e1e2e3}. Os objetos desse espaço são orientados em três
sentidos. São exemplos de 3-vetores: o espaço 3D, sólidos, hiper-matrizes 3D,
campos tensoriais de 3o ordem.
 Observação: um elemento qualquer do espaço de Grassmann ∧k ℝ é chamado de
k-vetor.

CUIDADO
Em Relatividade Especial costuma-se a chamar o 1-vetor de 4 dimensões como 4-
vetor! Essa nomenclatura é inadequada nas Álgebras de Extensão, Clifford e do
Espaço-Tempo, pois um 4-vetor é o elemento orientado em quatro sentidos (três
espaciais e um temporal) que está associado ao espaço 3+1-D.
Álgebra de Grassmann
Seja A, B, C elementos de ∧k ℝ , a, b escalares reais. Como ∧n ℝ apresenta a
estrutura de um espaço vetorial, os 8 axiomas abaixo são verificados:

SOMA DE K-VETORES PRODUTO POR ESCALAR DIMENSÃO 𝒌-Vetor


3
1) A + B = B + A 1) (ab)A = a(bA) dim ∧𝑘 ℝ =
𝑘
2) A + (B + C) = (A + B) + C 2) a(A + B) = aA + aB
3) 0 + A = A 3) (a + b)A = aA + bA (3 corresponde a dimensão
4) A + (-A) = 0 4) 1A= A do espaço euclidiano E3)

Isso significa que na Álgebra de Grassmann podemos definir a soma de superfícies e


espaços, da mesma forma que definimos a soma entre escalares (em particular, números
reais) e vetores do espaço.
Álgebra de Grassmann
Observe que o espaço dos 0-vetores é isomorfo ao espaço dos 3-vetores,
3 3
dim ∧0 ℝ = = dim ∧3 ℝ = =1
0 3
enquanto o espaço dos 1-vetores é isomorfo ao espaço dos 2-vetores.
3 3
dim ∧1 ℝ = = dim ∧2 ℝ = =3
1 2
De fato, o espaço dos 3-vetores é o complemento ortogonal do espaço do espaço dos
0-vetores, assim como o espaço dos 2-vetores é o complemento ortogonal do espaço
dos 1-vetores.
A diferença que os 0-vetores e os 1-vetores são simétricos frentes a reflexões e
seus complementos ortogonais são antissimétricos. Por isso que os 2-vetores e os
3-vetores são chamados, respectivamente, de Pseudo-Vetores e Pseudo-Escalares.
Como veremos, a operação dual é o isomorfismo entre esses espaços!
Álgebra de Grassmann
O produto exterior é um homeomorfismo linear entre
um subespaço vetorial Vk e seu espaço Vk+1, que Vk+1
transforma k-vetores em k+1-vetores (0 < k < 3):

∧: ∧𝑘 ℝ →∧𝑘+1 𝑏 ℝ ∧
𝑎, 𝑏 ↦ 𝑎 ∧ 𝑏 Vk

O produto externo é chamado de Extensão. n - vetor n-1 - vetor

Observe que não definimos o produto exterior entre


0-vetores e nem entre 3-vetores.
O produto exterior entre um k-vetores não está
definido se k+1 for maior que 3.
Álgebra de Grassmann
Assim o produto exterior de dois vetores produz um plano.
O produto de três vetores ou de um vetor por um bivetor,
produz o espaço (trivetor), todos eles passando ou
contendo a origem.

Assim, o conjunto de todos os planos L.I. de um espaço


define um espaço vetorial sobre um corpo ℝ, da mesma forma
que o próprio espaço, ou o conjunto de todos os trivetores
também definem um espaço vetorial sobre ℝ.

𝑐
𝑎∧𝑏
𝑎∧𝑏∧𝑐

𝑎
Álgebra de Grassmann

O produto interno é um homeomorfismo entre um Vn


espaço vetorial Vn e seu subespaço Vn-1, pois
transforma um n-vetor em um n- 1 vetor. O
produto interno é chamado de Contração.
Vn-1
Como um vetor tem uma dimensão, então o
produto interno transforma vetores (1-vetores)
n - vetor n-1 - vetor
em escalares (0-vetores), o que significa que
o produto interno de vetores é um produto
escalar. ,
Em termos de Álgebras de Extensão, o produto
escalar contrai qualquer elemento geométrico
definido sobre a variedade em um ponto.
Álgebra de Grassmann

O produto interno de um plano por um vetor, contrai o plano em uma linha.


Esse mesmo produto de um vetor pelo espaço, contraio-o em um plano. O produto
interno de um bivetor por um plano, o contrai em um ponto. E, o produto
interno de um bivetor pelo espaço, contrai-o em uma linha. Por fim, o produto
interno de um trivetor pelo espaço, contrai-o em um ponto (origem).
Álgebra de Grassmann

Observe que em nossas deduções não empregamos o


uso de coordenadas ou cálculos numéricos. Assim
como Grassmann, deduzimos a base da álgebra a
partir de objetos geométricos, essa será nossa
abordagem.

A álgebra de Grassmann pode ser deduzido a partir


da quociente da álgebra de Gibbs-Heaviside. Esse
é o caminho, em geral, usado em cursos de
variedades exteriores, para um exemplo, ver
Cálculo em Variedades (Spivak) e Cálculo Exterior
(Bassalo, Cattani).

A álgebra de Grassmann também está ligada a


teoria dos determinantes como pode ser visto em
Álgebra Exterior (Lages).
Elementos Geométricos
Uma vez que a álgebra de Grassmann lida com elementos geométricos comuns iremos
considerar subespaços como sendo esses elementos e a álgebra de Grassmann como a
álgebra que permite operar sobre esses espaços geométricos.
Por isso devemos definir rigorosamente esses elementos (KANATANI, 2015, p. 55):

“Vamos consideramos os subespaços como tendo uma orientação e uma magnitude, onde
a orientação e a magnitude são conceitos combinados no sentido de que uma
orientação e uma magnitude são iguais à orientação na direção oposta e à magnitude
do sinal oposto. A magnitude 0 é interpretada como "inexistência", de modo que
tudo o que existe tem uma magnitude diferente de zero.
Além disso, consideramos apenas linhas e planos que passam pela origem, portanto
omitimos a frase "passando pela origem" e chamamos subespaços 1D, subespaços 2D e
subespaços 3D simplesmente "linhas", "planos" e "espaços". Respectivamente.”
Elementos Geométricos
Linha
Referimo-nos à linha estendida pelo
vetor A simplesmente como "linha A";
sua orientação é a direção do vetor A
e sua magnitude é o comprimento de A,
ou de forma equivalente, a orientação
é −A e a magnitude é o comprimento
negativo de A. As figuras geométricas
de uma linha A e uma linha 2A são
iguais, mas a o último tem o dobro da
magnitude do primeiro. Uma linha A e
uma linha -A têm orientações
mutuamente opostas.
(KANATANI, 2015, p. 55-56) Representação de Linhas em 1D, 2D e em 3D.
Elementos Geométricos
Plano
Também definimos uma orientação e uma magnitude para um plano. Dois vetores a e b
que não são colineares abrangem um plano, que escrevemos a ∧ b. A operação ∧ é
chamada de produto exterior (ou externo) e dois vetores combinados por ∧ são
chamados de bivetor ou vetor vetorial. O lado no qual a rotação de a em direção a b
é anti-horário, isto é, uma rotação positiva, é definido como o lado da frente e a
magnitude é definida como a área do paralelogramo definido por a e b.
Equivalentemente, podemos considerar o lado no qual a rotação de a em direção a b é
no sentido horário, isto é, uma rotação negativa, como o lado da frente e sua
magnitude como o negativo da área do paralelogramo definido por a e b.
Por definição, o plano medido por αa e βb é, como figura geométrica, o mesmo que o
plano medido por a e b, mas o primeiro possui αβ vezes a magnitude do último. Da
mesma forma, o plano medido por a e b é, como figura geométrica, o mesmo que o plano
medido por b e a, mas os lados dianteiro e traseiro são invertidos. Evidentemente,
um vetor sozinho não pode definir um plano.(Kanatani, 2015, p. 56-57)
Elementos Geométricos
Se os vetores a, b e c são coplanares, a área do paralelogramo definida
por a e ab + bc é a soma das vezes que a área do paralelogramo definida
por a e b e b vezes a área do paralelogramo definida por a e c.

A área do paralelogramo definida pelos


vetores a e b é igual à área do
paralelogramo definida por a e b + aa.
𝑏’

Para os vetores a e b, existe um vetor b', com a mesma orientação que


e, tal que a ∧ b = a ∧ b . Além disso, existe um vetor a’com a
mesma orientação que a, de modo que a’∧ b’= a'∧ e.
(KANATANI, 2015, p. 56-57)
Elementos Geométricos
Espaço
Também consideramos todo o espaço 3D como tendo uma orientação e uma magnitude. Sua
orientação é definida por um sinal. Os vetores não coplanares a, b e c abrangem um
espaço 3D, que denotamos por a ∧ b ∧ c. Três vetores conectados por ∧ são
chamados de trivetor ou 3-vetor. Como figura geométrica, representa todo o espaço,
mas seu sinal é definido como positivo se a, b e c respeitam a regra da mão direita
e negativos se seguem a regra da mão esquerda. A magnitude desse espaço é dada pelo
volume do paralelepípedo definido por a, b e c. Equivalentemente, podemos mudar os
sinais da orientação e da magnitude simultaneamente.

Como no caso dos planos, o espaço medido por αa, βb e γc é o mesmo que uma figura
geométrica que o espaço medido por a, b e c, mas o primeiro possui αβγ vezes a
magnitude do último. Da mesma forma, o espaço medido por a, b e c é igual ao espaço
medido por b, a e c como figura geométrica, mas eles têm sinais opostos.
Evidentemente, dois vetores não conseguem definir um espaço.

(KANATANI, 2015, p. 57-58)


Elementos Geométricos
𝛼𝑐 + 𝛽 𝑑

𝑎
Para os vetores a, b, c e d, o volume
do paralelepípedo definido por a, b e O volume do paralelepípedo definido por a, b
αc + βd é a soma das vezes que o e c é igual ao volume do paralelepípedo
volume do paralelepípedo definido por definido por a, b e c + αa + βb.
a, b e c, e β vezes o volume do
paralelepípedo definido por a, b e d. (KANATANI, 2015, p. 57-58)
Elementos Geométricos
Origem
Ela própria é um subespaço da dimensão 0, para o qual também
definimos a orientação e magnitude. A orientação é definida
por seu sinal e a magnitude é dada por um número diferente
de zero assinado (a magnitude 0 é interpretada como
"inexistência"). Embora a origem como figura geométrica não
tenha tamanho, consideramos sua quantidade (assinada) como
sua magnitude. Portanto, podemos calcular livremente somas e
múltiplos escalares de origens de diferentes orientações e
magnitudes, definindo um espaço vetorial.

Isso sugere que a origem, considerada como um subespaço,


possa ser identificada com um escalar. Nesse sentido,
chamamos um escalar de vetor 0. Da mesma forma, um vetor
também é chamado de vetor 1. Assim, os subespaços do espaço
3D são definidos por vetores k, k = 0, 1, 2, 3, gerando
escalares (subespaços 0D), linhas (subespaços 1D), planos
(subespaços 2D) e espaços (subespaços 3D), respectivamente.
Do filme,
(KANATANI, 2015, p. 59) Hedwig and The Angry Inch
Álgebra Exterior
Cada elemento geométrico define sobre o corpo dos números reais um espaço vetorial:

𝑂𝑟𝑖𝑔𝑒𝑚 0 − 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 : ∧0 ℝ 𝑃𝑙𝑎𝑛𝑜 2 − 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 : ∧2 ℝ


𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎 1 − 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 : ∧1 ℝ 𝐸𝑠𝑝𝑎ç𝑜 3 − 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 : ∧3 ℝ

Por outro lado, observe que a intersecção de cada um desses espaços vetoriais é vazia:
∀𝑘 > 𝑚, ∧𝑘 ℝ ∩∧𝑘+𝑚 ℝ = 0
Portanto, a soma direta desses espaços vetoriais define um novo espaço vetorial.
∧ ℝ =∧0 ℝ ⊕ ∧1 ℝ ⊕ ∧2 ℝ ⊕ ∧3 ℝ

Esse novo espaço e a sua álgebra são chamados de Exterior. Cada elemento desse
espaço é chamado de um multivetor, e corresponde a soma de diferentes k-vetores.

𝜓= 𝛼 + 𝑏 + 𝑐 + 𝑑
𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑏𝑖𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑡𝑟𝑖𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟
Álgebra Exterior
Axiomas da Álgebra Exterior
(KANATANI, 2015, p. 59-60)

Associatividade

Um subespaço tem sua orientação e magnitude. A adição e multiplicação escalar podem ser
definidas para subespaços da mesma dimensão. Um subespaço gerado por diferentes
subespaços é definido pelo produto externo ∧. Duas linhas a e b geram um subespaço 2D
(bivetor) a ∧ b, cujo sinal depende da ordem da composição.
Uma linha a e um plano b ∧ c geram um subespaço 3D (trivetor) a ∧ (b ∧ c), que é o
mesmo subespaço 3D, a ∧ b ∧ c gerado por três linhas a, b e c. Isso também pode ser
visto como o subespaço 3D, (a ∧ b) ∧ c gerado pelo plano a ∧ b e pela linha c.
Assim, diferente do produto vetorial, a associatividade vale para o produto externo ∧:

𝑎∧ 𝑏∧𝑐 = 𝑎∧𝑏 ∧𝑐
Álgebra Exterior
Produto por um escalar
Como todo subespaço contém a origem, o produto externo com a origem não altera o
subespaço como uma figura geométrica. No entanto, a magnitude é multiplicada pela
magnitude dessa origem. Em outras palavras, o produto externo com a origem pode ser
considerado como multiplicação escalar. Em vista disso, definimos o produto externo
de um escalar α por um vetor a por:
𝛼 ∧ 𝑎 = 𝑎 ∧ 𝛼 = 𝛼𝑎.
Alguns autores definem o produto exterior de dois escalares como produto comum:
𝛼 ∧ 𝛽 = 𝛼𝛽

OBSERVAÇÃO
Anteriormente dissemos que não existe produto exterior entre dois 0-vetores (escalares).
De fato, quando pensamos que o produto exterior aumenta a dimensão dos k-vetores em uma
unidade (extensão), não faz sentido em falar que o produto de dois escalares é um produto
exterior. Porém, nada impede convencionarmos o produto exterior entre dois escalares como o
produto convencional da aritmética. Particularmente, prefiro não adotar essa convenção.
Álgebra Exterior
Inexistência de 4+k-vetores no Espaço 3D
Em 3D, todos os subespaços têm dimensões de até 3 e não existem m-vetores para m > 3.
î≥4
𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 ∧ 𝑑 = 0, 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 ∧ 𝑑 ∧ 𝑒 = 0, ∧ 𝑎𝑖 = 0
𝑖=1

onde o número 0 no lado direito significa "inexistência". Observe que, para quatro ou
mais vetores, eles contêm duplicação ou um pode ser expresso por uma combinação linear do
restante. Portanto, o resultado acima é uma consequência de a ∧ a = 0.

Contração
É uma operação que reduz um subespaço kD a um subespaço de menor dimensão. Para ser
específico, multiplicamos um vetor k representando um subespaço kD por algum vetor j, com
j ≤ k, para gerar um vetor (k - j) que representa um subespaço D (k - j).
Adiante estudamos as contrações de linhas, planos e do espaço por elementos geométricos.
Contração
(KANATANI, 2015, p. 73-75)

Em muitos livros [algumas vezes, nessas aulas], a contração é


simplesmente chamada de "produto interno" (embora o resultado não seja
escalar) e escrita como usando o ponto · ou ,
𝐾 ⋅ 𝐾 ≡ 𝐾, 𝐾
Nenhuma distinção é feita entre o produto interno do vetor.

Perwass escreve K∗K para o produto interno do vetor e K·K para a


contração. Dorst et al. escreve K·K para o produto interno do vetor e
K⌋K para a contração. Bayro-Corrochano escreve K·K para o produto
interno do vetor e denota K⊣K para a contração (mas usa o ponto
também). Aqui, escrevemos 𝐾, 𝐾 para o produto interno do vetor e K·K
para a contração. Para alguns destes autores, a contração de e por um
escalar é definida como 0, qualquer que seja o outro elemento. No
entanto, aqui seguimos a definição de Dorst et al.
Contração
(KANATANI, 2015, p. 61-63)

Contração de uma linha por um Vetor


𝑥
A redução da dimensionalidade de uma linha resulta na origem, 𝑎
isto é, em um escalar. Denotamos por x . a, o escalar obtido
contratando a linha a pelo vetor x. Representa a origem como
figura geométrica, mas possui uma magnitude (assinada), que
definimos pelo produto interno 𝑥⋅𝑎

𝑥 ⋅ 𝑎 = 𝑥, 𝑎
Geometricamente, interpretamos isso como computando a
interseção da linha a com o plano cuja superfície normal é x.
O ponto x·a obtido
Podemos imaginar que a interseção de uma linha e um plano contraindo a linha a pelo
seja "forte" se eles se encontrarem quase perpendicularmente vetor x é a interseção da
e "fraca" se forem quase paralelos. Se eles são exatamente linha a com o plano cuja
paralelos, ou seja, se a linha a estiver nesse plano, não superfície normal é x.
existe interseção, portanto será 0.
Contração
Contração de um plano por um vetor
A redução da dimensionalidade de um plano resulta em
𝑥 𝑥⋅𝑎∧𝑏
uma linha ou na origem. Denotamos por x · (a ∧ b) a
reta obtida contratando o plano a ∧ b pelo vetor x. A
seguir, consideramos o produto externo ∧ como uma
operação mais forte que a contração e omitimos os
parênteses para escrever simplesmente x · a ∧ b para
x · (a ∧ b).
Introduzimos agora a regra de que o produto interno é
computado sucessivamente, alternando o sinal: A linha x · a ∧ b obtida
pela contratação do plano
𝑥, 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑎 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑎 a ∧ b pelo vetor x é a
interseção do plano a ∧ b
Como essa é uma combinação linear de a e b, a linha com o plano cuja
resultante está contida no plano a ∧ b, a menos que superfície normal é x.
𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 = 0.
Contração

Podemos ver que essa linha é ortogonal a x: 𝑥


𝑥⋅𝑎∧𝑏
𝑥, 𝑥, 𝑎 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑎 = 𝑥, 𝑎 𝑥, 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑥, 𝑎 = 0

Assim, a contração da linha a ∧ b pelo vetor x pode ser


interpretada como a interseção do plano a ∧ b com o
plano cuja superfície normal é x; a interseção é “forte"
se eles se encontrarem quase perpendicularmente e "fraca"
se forem quase paralelos.
A linha x · a ∧ b obtida
Até agora apelamos ao leitor apenas para sua intuição pela contratação do plano
a ∧ b pelo vetor x é
geométrica. Porém, podemos apresentar uma demonstração ortogonal ao vetor x.
mais rigorosa sobre a regra de alternância de sinais e
deduzir a lei de contração de um plano por um vetor.
Contração
Contração de um plano (Demonstração)
𝑥 𝑎 𝑏 = 𝑥 𝑎𝑏
𝑥, 𝑎 + 𝑥 ∧ 𝑎 𝑏 = 𝑥 𝑎, 𝑏 + 𝑎 ∧ 𝑏
𝑥, 𝑎 𝑏 + 𝑥 ∧ 𝑎 , 𝑏 + 𝑥 ∧ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 𝑎, 𝑏 + 𝑥, 𝑎 ∧ 𝑏 + 𝑥 ∧ 𝑎 ∧ 𝑏
𝑥, 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑎 𝑏 + 𝑥 ∧ 𝑎 , 𝑏 − 𝑥 𝑎, 𝑏

Vamos calcular o seguinte produto:


1 1 1
𝑥 ∧ 𝑎 , 𝑏 − 𝑥 𝑎, 𝑏 = 𝑥 𝑎 − 𝑎𝑥 𝑏 − 𝑥 𝑎𝑏 + 𝑏𝑎 = 𝑥 𝑎𝑏 − 𝑎 𝑥𝑏 − 𝑥 𝑎𝑏 − 𝑥𝑏𝑎 = − 𝑎𝑥𝑏 − 𝑥𝑏𝑎
2 2 2
Observe que o termo em colchetes é um produto externo:
1
𝑎𝑥𝑏 − 𝑥𝑏𝑎 = 𝑎 ∧ 𝑥𝑏 = 𝑎 ∧ 𝑥 ∧ 𝑏 + 𝑥, 𝑏 = 𝑎 ∧ 𝑥 ∧ 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑎
2
Contração
O vetor x pode ser escrito como combinação linear dos vetores a e b, portanto
1
𝑎𝑥𝑏 − 𝑥𝑏𝑎 = 𝑎 ∧ 𝛼 𝑎 + 𝛽𝑏 ∧ 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑎 = 𝛼𝑎 ∧ 𝑎 + 𝛽𝑏 ∧ 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑎 = 𝑥, 𝑏 𝑎
2
Substituindo na equação, obtemos:
𝑥 ∧ 𝑎 , 𝑏 − 𝑥 𝑎, 𝑏 = − 𝑥, 𝑏 𝑎
Regressando a equação da contração,
𝑥, 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑎 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑎

Que conclui a demonstração da lei de contração de um plano em uma linha.

Essa equação é fundamental, pois indica que o produto exterior se distribui em relação ao
produto interno por meio da alternância de sinais. Por meio dessa relação, fica fácil
demonstrar as demais regras de contração.
Contração
Contração de um plano por um bivetor
Denotamos por x ∧ y · a ∧ b (entendemos que o produto
exterior deve ser feito antes do produto interno) o escalar
obtido contraindo o plano a ∧ b pelo bivetor x ∧ y.
Novamente, usamos a regra de que o produto interno é 𝑥∧𝑦⋅𝑎∧𝑏
computado sucessivamente a partir de dentro, obtemos: 𝑥∧𝑦

𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 ⋅ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 𝑦, 𝑎 𝑏 − 𝑦, 𝑏 𝑎
= 𝑦, 𝑎 𝑥, 𝑏 − 𝑦, 𝑏 𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏
O ponto x ∧ y · a ∧ b
obtido pela contração do
Este é um escalar, representando a origem. Geometricamente, plano a ∧ b pelo bivetor x
podemos interpretar isso como computando a interseção do ∧ y é a interseção do plano
plano a ∧ b com a superfície normal ao plano x ∧ y a a ∧ b com a superfície
interseção é "forte" se eles se encontrarem quase normal ao plano x ∧ y.
perpendicularmente e "fraca" se forem quase paralelos.
Contração
Contração de um plano (“Demonstração”)

Assim, como caso anterior, podemos fazer a demonstração rigorosamente, empregando as


definições de produto. Porém, empregaremos um método mais heurístico, baseado apenas
nas noções geométricas. Vamos escreve a equação como um produto geométrico:
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 𝑦 𝑎𝑏
O produto geométrico é associativo, podemos escrever: 𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 𝑦𝑎𝑏
Como queremos contrair esse plano para a origem, a operação em parêntesis é a contração
da do plano ab com o vetor y. Assim, o termo em parêntesis é uma nova linha:
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥 𝑦, 𝑎 𝑏 − 𝑦, 𝑏 𝑎
Contraindo as linhas a e b com o vetor x, obtemos dois escalares.
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏

Como a soma de dois escalares é um escalar, então o resultado é a origem.


Contração
Contração de um espaço por um Vetor
A redução da dimensionalidade de um espaço resulta em 𝑎∧𝑏∧𝑐
um plano, uma linha ou a origem. Denotamos por
x · a ∧ b ∧ c, o plano obtido contratando o espaço 𝑥
a ∧ b ∧ c pelo vetor x. Aqui também introduzimos a
regra de que o produto interno é computado
sucessivamente permutando o sinal 𝑥⋅𝑎∧𝑏∧𝑐

𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥, 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 − 𝑎 ∧ 𝑥, 𝑏 ∧ 𝑐 + 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑥, 𝑐 O plano x · a ∧ b ∧ c
= 𝑥, 𝑎 𝑏 ∧ 𝑐 + 𝑥, 𝑏 𝑐 ∧ 𝑎 + 𝑥, 𝑐 𝑎 ∧ 𝑏 obtido pela contratação do
espaço a ∧ b ∧ c pelo
O plano resultante é ortogonal a x, pois contraindo-o vetor x é um plano cuja
pelo vetor x, o resultado é nulo (prove). superfície normal é x.

Um plano cuja contração por x é 0 deve ser ortogonal a x, pois caso contrário
resultaria uma linha ortogonal a x. Assim, a contração pode ser geometricamente
interpretado como computando a interseção do espaço a ∧ b ∧ c com o plano cuja
superfície normal é x.
Contração
Contração de um Espaço por um Bivetor
𝑎∧𝑏∧𝑐
Denotamos por x ∧ y · a ∧ b ∧ c a linha obtida
contratando o espaço a ∧ b ∧ c pelo bivetor x ∧ y. Como
𝑥∧𝑦⋅𝑎∧𝑏∧𝑐
antes, o produto interno é computado sucessivamente a
partir de dentro, alternando o sinal: 𝑥∧𝑦

𝑥∧𝑦⋅𝑎∧𝑏∧𝑐 =𝑥⋅ 𝑦⋅𝑎∧𝑏∧𝑐 =𝑥⋅ 𝑦, 𝑎 𝑏 ∧ 𝑐 + 𝑦, 𝑏 𝑐 ∧ 𝑎 + 𝑦, 𝑐 𝑎 ∧ 𝑏


= 𝑦, 𝑎 𝑥, 𝑏 𝑐 − 𝑥, 𝑐 𝑏 + 𝑦, 𝑏 𝑥, 𝑐 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑐 + 𝑦, 𝑐 𝑥, 𝑎 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑎
= 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑐 𝑎 + 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑐 − 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑎 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏 𝑐
A linha x ∧ y · a ∧ b
Como nos casos anteriores, essa linha é ortogonal a x e y obtida pela contratação do
espaço a ∧ b ∧ c pelo
(novamente, verifique). Geometricamente, podemos
bivetor x ∧ y é a
interpretar a contração como o cálculo da interseção do superfície normal da
espaço a ∧ b ∧ c com a superfície normal ao plano x ∧ y. superfície x ∧ y.
Contração
Contração de um espaço por um Trivetor
Denotamos por x ∧ y ∧ z · a ∧ b ∧ c o escalar obtido contratando o espaço
a ∧ b ∧ c pelo trivector x ∧ y ∧ z com a regra de que o produto interno é
computado sucessivamente por dentro por permutando o sinal:
𝑥∧𝑦∧𝑧⋅𝑎∧𝑏∧𝑐 =𝑥⋅ 𝑦⋅ 𝑧⋅𝑎∧𝑏∧𝑐
=𝑥⋅ 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑏 − 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑐 𝑎 + 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑐 − 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑎 𝑏 + 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑎 − 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑏 𝑐
= 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑏 − 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑐 𝑥, 𝑎 + 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑐 − 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑎 𝑥, 𝑏 + 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑎 − 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑏 𝑥, 𝑐
= 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑐 + 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑎
− 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑐 − 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑎 𝑥, 𝑏 − 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑏

Esse escalar representa a origem; portanto, geometricamente, a contração acima


pode ser interpretada como computando a interseção do espaço a ∧ b ∧ c com a
origem, ortogonal ao espaço x ∧ y ∧ z.
Norma
(KANATANI, 2015, p. 66-68)

Definição: a norma de um vetor k, k = 0, 1, 2, 3, é definida de modo que seu quadrado


seja igual a sua contração por sua reversão (a reversão de a ∧ b é b ∧ a, a inversão
de a ∧ b ∧ c é c ∧ b ∧ a, etc.)

0-Vetor: se contrairmos um α escalar por si mesmo, teremos:


‖𝛼‖2 = 𝛼 ⋅ 𝛼 = 𝛼 2

Portanto, a norma ||α|| é igual a |α|.

1-Vetor: se contrairmos um vetor a por si só mesmo, teremos


‖𝑎‖2 = 𝑎 ⋅ 𝑎 = 𝑎, 𝑎

Que coincide com a definição usual da norma de um vetor. Geometricamente, a norma de um


vetor corresponde ao comprimento da linha, a ele associado.
Norma
2-Vetor: se contrairmos um bivetor a ∧ b por sua reversão b ∧ a, teremos:

‖𝑎 ∧ 𝑏‖2 = 𝑎 ∧ 𝑏 ⋅ 𝑏 ∧ 𝑎 = 𝑏, 𝑏 𝑎, 𝑎 − 𝑏, 𝑎 2
= ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2 − 𝑎, 𝑏 2

Isso é igual ao quadrado da área do paralelogramo definido por a e b. De fato, se


tomarmos θ o ângulo feito por a e b, sua área é:
𝑆 = ‖𝑎‖‖𝑏‖sin𝜃
Elevando ao quadrado teremos:
𝑆 2 = ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2 sin2 𝜃 = ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2 1 − cos 2 𝜃

Usando a definição de cosseno como a medida do produto interno:


𝑎, 𝑏 2
𝑆 2 = ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2 1 −
‖𝑎‖2 ‖𝑏‖
∴ 𝑆 2 = ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2 − 𝑎, 𝑏 2
Norma
3-Vetor: se contrairmos um trivetor a ∧ b ∧ c por sua reversão c ∧ b ∧ a, teremos:

‖𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐‖2 = 𝑐 ∧ 𝑏 ∧ 𝑎 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐
= 𝑐, 𝑎 𝑏, 𝑐 𝑎, 𝑏 + 𝑐, 𝑏 𝑏, 𝑎 𝑎, 𝑐 + 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑏 𝑐, 𝑐
− 𝑐, 𝑎 𝑏, 𝑏 𝑎, 𝑐 − 𝑐, 𝑏 𝑏, 𝑐 𝑎, 𝑎 + 𝑐, 𝑐 𝑏, 𝑎 𝑎, 𝑏

Usando a definição de norma de um vetor, obtemos a norma do trivetor:

‖𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐‖2 = ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2 ‖𝑐‖2 + 2 𝑏, 𝑐 𝑐, 𝑎 𝑎, 𝑏 − ‖𝑎‖2 𝑐, 𝑏 2


− ‖𝑏‖2 𝑐, 𝑎 2
− ‖𝑐‖2 𝑎, 𝑏 2

Pode-se mostrar que essa norma é igual ao quadrado do volume do paralelepípedo definido
por a, b e c.

Fica como sugestão de exercício calcular o volume de um paralelepípedo e comparar com a


norma do trivetor (pelo menos estude a relação entre essa fórmula e o produto misto da
álgebra de Gibss-Heaviside).
Dualidade
(KANATANI, 2015, p. 68-70)

Definição: Um vetor k, k = 0, 1, 2, 3, especifica um subespaço da dimensão k. No


entanto, também pode ser especificado por seu complemento ortogonal, ou seja, o
subespaço (n - k) D ortogonal a ele. Chamamos o vetor (n - k) que especifica o
complemento ortogonal como o dual do vetor k original e usa o asterisco ∗ para denotá-
lo. Primeiro descreveremos complementos ortogonais a partir de uma consideração
geométrica.
Proposição: a dimensão do dual de um k-vetor tem a mesma dimensão do k-vetor.
𝑛 𝑛
dim ∧𝑛−𝑘 ℝ = = = dim ∧𝑘 ℝ
𝑛−𝑘 𝑘
Corolário: o espaço vetorial dos duais dos k-vetores é isomorfo ao espaço vetorial dos
k-vetores. A operação dual (∗) estabelece um isomorfismo entre esses espaços.
Observação: este operador não é corresponde ao dual (mapa) de Hodge.
Dualidade
“O Princípio da Dualidade na lógica matemática é um teorema da aceitabilidade da
substituição mútua (em certo sentido) de operações lógicas nas fórmulas de linguagens
lógicas formais e de objetivo lógico formal. Seja A uma fórmula na linguagem da lógica
proposicional ou predicativa que não contenha o símbolo de implicação ⊃; diz-se que
uma fórmula A dual é dupla para uma fórmula A se puder ser obtida de A substituindo em
A cada ocorrência (cf. palavra embutida) dos símbolos e, ∨, ∀, ∃ por suas operações
duplas, ou seja, pela símbolos ∨, &, ∃ e ∀, respectivamente. O princípio da
dualidade afirma que se A ⊃ B é verdadeiro, então B∗ ⊃ A∗ também é verdadeiro. Em
particular, se duas fórmulas A e B são equivalentes, suas fórmulas duplas A∗ e B∗
também são equivalentes. O princípio da dualidade é válido para sistemas clássicos, e
a equivalência e a verdade das fórmulas envolvidas em sua formulação podem ser
entendidas tanto em termos de interpretações quanto no sentido de serem dedutíveis no
cálculo clássico correspondente. O princípio da dualidade não é mais válido se as
fórmulas forem entendidas em seu sentido construtivo.”

Duality principle. Encyclopedia of Mathematics.


URL: http://encyclopediaofmath.org/index.php?title=Duality_principle&oldid=46779
Dualidade
Complementos Ortogonais

Definição: O complemento ortogonal de uma linha é um plano ortogonal a ela, e o


complemento ortogonal de um plano é sua superfície normal. O complemento ortogonal de
todo o espaço é a origem, cujo complemento ortogonal é o espaço inteiro Esses
complementos ortogonais são especificados pelos seguintes vetores k, k = 0, 1, 2, 3.

(i) O complemento ortogonal da linha a é um plano ortogonal. Definimos o dual a como um


bivetor a ∧ b que especifica esse plano e tem a mesma magnitude que a.
(ii) O complemento ortogonal do plano especificado pelo bivetor a ∧ b é uma linha
ortogonal a ele. Definimos o dual (a ∧ b)∗ como um vetor c ortogonal a ele com a
mesma magnitude que a ∧ b.
(iii) O complemento ortogonal do espaço especificado pelo trivetor a ∧ b ∧ c é a
origem (escalar). Definimos o dual (a ∧ b ∧ c)∗ como o escalar α que tem a mesma
magnitude que a ∧ b ∧ c.
(iv) O complemento ortogonal da origem, ou seja, um α escalar, é todo o espaço.
Definimos o dual α∗ como um trivetor a ∧ b ∧ c que possui a mesma magnitude de α.
Dualidade
No entanto, precisamos determinar o sinal do vetor k que especifica o complemento
ortogonal, uma vez que um vetor k e sua inversão de sinal definem o mesmo subespaço
(com magnitudes de sinais opostos). Para determinar o sinal, tome I um trivetor com
magnitude 1 e o chamemos de elemento de volume.
Por exemplo, se a, b e c são orientados segundo a regra da mão direita e o
paralelepípedo que eles definem possui o volume 1, podemos definir I = a ∧ b ∧ c.
Usando isso, definimos o dual K∗ de um k-vetor K por:
𝐾 ∗ = −𝐾 ⋅ 𝐼

O lado direito calcula a interseção do complemento ortogonal de K com todo o espaço


especificado por I, especificando o complemento ortogonal, incluindo o seu sinal.
No entanto, precisamos determinar o sinal do vetor k que especifica o complemento
ortogonal, uma vez que um vetor k e sua inversão de sinal definem o mesmo subespaço
(com magnitudes de sinais opostos).
Dualidade
Para determinar o sinal, tome I um trivetor com magnitude 1 e o chamemos de elemento de
volume. Se a, b e c são destros e o paralelepípedo que eles definem possui o volume 1,
podemos definir I = a ∧ b ∧ c. Usando isso, definimos o dual K∗ de um k-vetor K por:
𝑎∧𝑏∧𝑐
𝐾 ∗= −𝐾 ⋅
‖𝐾‖2

O lado direito calcula a interseção do complemento ortogonal de K com todo o espaço


especificado por I. Portanto, especifica o complemento ortogonal, incluindo seu sinal.
Como exemplo, vamos calcular o complemento ortogonal de um bivetor.

𝑎∧𝑏⋅𝑎∧𝑏∧𝑐
𝑎 ∧ 𝑏 ∗ = −𝑎 ∧ 𝑏 ⋅ 𝐼 = −
‖𝑎 ∧ 𝑏‖2
1
=− 𝑎, 𝑐 𝑏, 𝑏 − 𝑎, 𝑏 𝑏, 𝑐 𝑎 + 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑐 − 𝑎, 𝑐 𝑏, 𝑎 𝑏 + 𝑎, 𝑏 𝑏, 𝑎 − 𝑎, 𝑎 𝑏, 𝑏 𝑐
‖𝑎 ∧ 𝑏‖2
2
𝑎, 𝑏 − ‖𝑎‖2 ‖𝑏‖2
𝑎∧𝑏 ∗=− 𝑐=𝑐
‖𝑎 ∧ 𝑏‖2
Dualidade
(KANATANI, 2015, p. 73-75)

Usamos um asterisco superior direito ∗ para denotar o dual e escrever K∗, mas existe
outra definição de dualidade para especificar um subespaço por seu complemento
ortogonal, escrito como ∗K, i. e., com um asterisco antes da expressão.

Esse asterisco antes da expressão é chamado de operador estrela Hodge [em alguns
livros, como Bassalo e Cattani, denota-se por uma estrela].

O dual de Hodge é definido é um pouco diferente do nosso dual: primeiro se define o


produto interno 𝐾, 𝐾 de dois k-vetores em nD e depois define-se o dual de tal
maneira que o produto externo A ∧ B de um i-vetor A e um (n - i)-vetor B é igual a
∗𝐴, 𝐵 vezes o elemento de volume I.

A diferença da nossa definição de dual surge no sinal; para n = 3, o dual do dual


coincide com a expressão original
Resumo da Ópera
Nas seções anteriores introduzimos os elementos da álgebra exterior de Grassmann e
como podemos operar com entidades geométricas, sem recorrer a uma relação 1-1
entre figuras geométricas e números, ou empregando um sistema de coordenadas
particular. Desenvolvidas estas noções elementares de operações com objetos
geométricos, podemos estendê-las para os vetores da base. Mas antes, vamos resumir
alguns resultados:

Axiomas do Produto Exterior

𝐴𝑛𝑡𝑖𝑠𝑠𝑖𝑚𝑒𝑡𝑟𝑖𝑎: 𝑎 ∧ 𝑏 = −𝑏 ∧ 𝑎. 𝐸𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟, 𝑎 ∧ 𝑎 = 0.
𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝑜𝑢 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 : 𝑎 ∧ 𝛼𝑏 + 𝛽𝑐 = 𝛼𝑎 ∧ 𝑏 + 𝛽𝑎 ∧ 𝑐.
𝐴𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒: 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐, 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑟𝑒𝑣𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐.
𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎𝑟 (𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑛çã𝑜 : 𝛼 ∧ 𝛽 = 𝛼𝛽, 𝛼 ∧ 𝑎 = 𝑎 ∧ 𝛼 = 𝛼𝑎
𝑃𝑟𝑖𝑜𝑟𝑖𝑒𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟: 𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ≡ 𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏
Resumo da Ópera
Dualidade Contrações com Bivetor
𝑎∧𝑏∧𝑐 𝑥∧𝑦⋅𝛼 =0
𝐾 ∗= −𝐾 ⋅ 𝑥∧𝑦⋅𝑎 =0
‖𝐾‖2
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏
Contrações com Escalar 𝑥∧𝑦⋅𝑎∧𝑏∧𝑐 = 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑐 𝑎
𝛼 ⋅ 𝐾 = 𝛼𝐾 + 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑐 − 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑎 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏 𝑐
Contrações com Vetor Contrações com Trivetor
𝑥⋅𝛼=0 𝑥∧𝑦∧𝑧⋅𝛼 = 0
𝑥 ⋅ 𝑎 = 𝑥, 𝑎 𝑥∧𝑦∧𝑧⋅𝑎 =0
𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥, 𝑎 𝑏 − 𝑥, 𝑏 𝑎 𝑥∧𝑦∧𝑧⋅𝑎∧𝑏 =0
𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥, 𝑎 𝑏 ∧ 𝑐 + 𝑥 ∧ 𝑦 ∧ 𝑧 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑏 + 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑐 + 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑎
𝑥, 𝑏 𝑐 ∧ 𝑎 + 𝑥, 𝑐 𝑎 ∧ 𝑏 − 𝑥, 𝑎 𝑦, 𝑏 𝑧, 𝑐 − 𝑥, 𝑏 𝑦, 𝑐 𝑧, 𝑎 − 𝑥, 𝑐 𝑦, 𝑎 𝑧, 𝑏
𝐾 é 𝑢𝑚 𝑘 − 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟
(KANATANI, 2015, p. 64-65)
Expressão da Base
Base e Coordenadas: Seja B ={ex, ey, ez} uma base ortonormal de E3. Assim, qualquer
vetor de E3 pode ser escrito como uma combinação linear dos vetores da base.
𝑢 = 𝑥𝑒𝑥 + 𝑦𝑒𝑦 + 𝑧𝑒𝑧

Onde x, y, z são escalares reais e são denominadas de coordenadas do vetor.


Sinteticamente, escrevemos o vetor u como:
𝑢 = 𝑥, 𝑦, 𝑧

Utilizando as proposições sobre contração, podemos concluir que:


𝑒𝑖 , 𝑒𝑗 = 𝛿𝑖𝑗
𝑒𝑖 ∧ 𝑒𝑖 = 0
Em particular, para i diferente de j, o produto geométrico assume a seguinte forma:
𝑒𝑖 𝑒𝑖 = 1
𝑒𝑖 𝑒𝑗 = 𝑒𝑖 ∧ 𝑒𝑗
Expressão da Base
Bivetor: Vamos exprimir um bivetor em função dos vetores da base. Para isso tomemos
dois vetores a e b, definidos como:
𝑎 = 𝑎𝑥 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑒𝑧
𝑏 = 𝑏𝑥 𝑒𝑥 + 𝑏𝑦 𝑒𝑦 + 𝑏𝑧 𝑒𝑧
Tomemos o seu produto exterior:
𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑎𝑥 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑒𝑧 ∧ 𝑏𝑥 𝑒𝑥 + 𝑏𝑦 𝑒𝑦 + 𝑏𝑧 𝑒𝑧
= 𝑎𝑥 𝑏𝑥 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑥 + 𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 + 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑧 + 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑥
+𝑎𝑦 𝑏𝑦 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑦 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 + 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑧 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑧
= 𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧

Evidenciando os fatores comuns, obtemos a expressão da base do bivetor:


𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑎𝑖 𝑏𝑗 − 𝑎𝑗 𝑏𝑖 𝑒𝑖 ∧ 𝑒𝑗
𝑗 ≥ 𝑖 = 𝑥, 𝑦, 𝑧
Expressão da Base
Trivetor: Vamos exprimir um trivetor em função dos vetores da base. Para isso tomemos
três vetores a e b, definidos como:
𝑎 = 𝑎𝑥 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑒𝑧
𝑏 = 𝑏𝑥 𝑒𝑥 + 𝑏𝑦 𝑒𝑦 + 𝑏𝑧 𝑒𝑧
𝑐 = 𝑐𝑥 𝑒𝑥 + 𝑐𝑦 𝑒𝑦 + 𝑐𝑧 𝑒𝑧
Tomemos o seu produto exterior:
𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑎𝑥 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑒𝑧 ∧ 𝑏𝑥 𝑒𝑥 + 𝑏𝑦 𝑒𝑦 + 𝑏𝑧 𝑒𝑧 ∧ 𝑐𝑥 𝑒𝑥 + 𝑐𝑦 𝑒𝑦 + 𝑐𝑧 𝑒𝑧
= 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ∧ 𝑐𝑥 𝑒𝑥 + 𝑐𝑦 𝑒𝑦 + 𝑐𝑧 𝑒𝑧
= 𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑐𝑧 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑐𝑧 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑐𝑦 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑐𝑦 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑐𝑥 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑐𝑥 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥

Evidenciando os fatores comuns, obtemos a expressão da base do bivetor:


𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑐𝑧 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑐𝑥 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑐𝑦 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑐𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑐𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑐𝑥 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧
Norma e Contração
Vamos agora obter a expressão da base da norma e da contração. Uma vez que a fórmula
dos 0-vetores é imediata, iremos apenas nos preocupar com k+1-vetores. Como todas as
expressões envolvem o produto interno, vamos calcular sua expressão em função dos
vetores da base. Como é de praxe, estaremos assumindo a convenção da soma de
Einstein, que diz que sempre que dois índices se repetem em uma mesma parcela, eles
implicam em uma soma de 1 à 3. Também convém introduzirmos o permutador P(i,j):

3 −1, 𝑠𝑒 𝑃(𝑦, 𝑥 , 𝑃(𝑧, 𝑦 , 𝑃(𝑥, 𝑧


𝑥𝑖 𝑎𝑖 ≡ 𝑥𝑖 𝑎𝑖 , 𝑃 𝑖, 𝑗 = 0, 𝑠𝑒 𝑃(𝑥, 𝑥 , 𝑃(𝑦, 𝑦 , 𝑃(𝑧, 𝑧
𝑖=1 +1, 𝑠𝑒 𝑃(𝑥, 𝑦 , 𝑃(𝑦, 𝑧 , 𝑃(𝑧, 𝑥

Calculemos o produto interno:

𝑥, 𝑎 = 𝑥𝑖 𝑒𝑖 ⋅ 𝑎𝑗 𝑒𝑗 = 𝑥𝑖 𝑎𝑗 𝑒𝑖 𝑒𝑗 = 𝑥𝑖 𝑎𝑗 𝛿𝑖𝑗
∴ 𝑥, 𝑎 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖
Norma e Contração
‖𝑎‖ = 𝑎𝑥2 + 𝑎𝑦2 + 𝑎𝑧2
De uma Linha
𝑥 ⋅ 𝑎 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖

2 2 2
‖𝑎 ∧ 𝑏‖ = 𝑎𝑥 𝑏𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 + 𝑎𝑥 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑥 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦

De um Plano 𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖 𝑏𝑗 − 𝑎𝑗 𝑏𝑖 𝑒𝑗
𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 = 𝑥𝑖 𝑦𝑗 𝑎𝑗 𝑏𝑖 − 𝑎𝑖 𝑏𝑗

‖𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐‖ = 𝑎𝑥 𝑏𝑦 𝑐𝑧 + 𝑎𝑦 𝑏𝑧 𝑐𝑥 + 𝑎𝑧 𝑏𝑥 𝑐𝑦 − 𝑎𝑥 𝑏𝑧 𝑐𝑦 − 𝑎𝑦 𝑏𝑥 𝑐𝑧 − 𝑎𝑧 𝑏𝑦 𝑐𝑥

De um Espaço 𝑥 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥𝑖 𝑎𝑖 𝑏𝑗 𝑐𝑘 − 𝑏𝑘 𝑐𝑗 + 𝑏𝑖 𝑐𝑗 𝑎𝑘 − 𝑐𝑘 𝑎𝑗 + 𝑐𝑖 𝑎𝑗 𝑏𝑘 − 𝑎𝑘 𝑏𝑗 𝑒𝑗 ∧ 𝑒𝑘
(j ≥ i) 𝑥 ∧ 𝑦 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥𝑖 𝑦𝑗 𝑏𝑗 𝑐𝑖 − 𝑏𝑖 𝑐𝑗 𝑎𝑘 + 𝑎𝑖 𝑐𝑗 − 𝑎𝑗 𝑐𝑖 𝑏𝑘 + 𝑎𝑗 𝑏𝑖 − 𝑎𝑖 𝑏𝑗 𝑐𝑘 𝑒𝑘
𝑥 ∧ 𝑦 ∧ 𝑧 ⋅ 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 = 𝑥𝑖 𝑦𝑗 𝑧𝑘 𝑎𝑖 𝑐𝑗 𝑏𝑘 + 𝑏𝑖 𝑎𝑗 𝑐𝑘 + 𝑐𝑖 𝑏𝑗 𝑎𝑘 − 𝑎𝑖 𝑏𝑗 𝑐𝑘 − 𝑏𝑖 𝑐𝑗 𝑎𝑘 − 𝑐𝑖 𝑎𝑗 𝑏𝑘
Dualidade
(KANATANI, 2015, p. 70-71)

A dualidade é uma operação linear para a qual a distributividade é válida; se um k-vetor, é


expresso usando a base, seu dual é obtido através do cálculo do dual da base. Para a base
ortonormal {e1, e2, e3}, o elemento de volume é dado por: 𝐼 = 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧
Um escalar é um múltiplo de 1 e o dual de 1 é: 1∗ = −1 ⋅ 𝐼 = −𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧
O vetor é dado por uma combinação linear de e1, e2 e e3. Temos que: 𝑒𝑥∗ = −𝑒𝑥 ⋅ 𝐼
𝑒𝑥∗ = −𝑒𝑥 ⋅ 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = − 𝑒𝑥 ⋅ 𝑒𝑥 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = −𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧
Com e2∗ e e3∗ calculados de forma semelhante.
Um bivetor é uma combinação linear de e2 ∧ e3, e3 ∧ e1, e1 ∧ e2. Temos que:

𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = −𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ⋅ 𝐼 = −𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ⋅ 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = −𝑒𝑦 ⋅ 𝑒𝑧 ⋅ 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = 𝑒𝑥

Com (e3 ∧ e1)∗ e (e1 ∧ e2)∗ calculados da mesma forma.


O trivetor é um múltiplo escalar de e1 ∧ e2∧ e3, e vemos que

𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = −𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ⋅ 𝐼 = −𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ⋅ 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = −𝑒𝑥 ⋅ 𝑒𝑦 ⋅ 𝑒𝑧 ⋅ 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = −𝑒𝑥 ⋅ 𝑒𝑦 ⋅ 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 = 𝑒𝑥 ⋅ 𝑒𝑥 = 1
Dualidade
Proposição (Produto vetorial e produto triplo
escalar): O dual (a ∧ b)∗ do bivetor a ∧ b
𝑎∧𝑏 ∗ 𝑎∧𝑏∧𝑐 ∗
é igual ao produto vetorial a × b, e o dual
(a ∧ b ∧ c)∗ do trivetor a ∧ b ∧ c é
‖𝑎 ∧ 𝑏‖
igual a produto triplo escalar |a, b, c|:

𝑎 ∧ 𝑏 ∗ = 𝑎 × 𝑏, 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 ∗ = |𝑎, 𝑏, 𝑐| 𝜃 ‖𝑎 ∧ 𝑏‖

𝑎
Proposição: a dualidade a seguir vale para a
base ortonormal {e1, e2, e3}:
∗ O dual (a ∧ b)* do bivetor a ∧ b é um vetor
𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = 1, 1∗ = −𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 ortogonal a a e b, orientado segundo a regra
∗ ∗ da mão direita. O comprimento é igual à área
𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 = 𝑒𝑥 , 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 ∗ = 𝑒𝑦 , 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 = 𝑒𝑧
||a ∧ b|| do paralelogramo definido por a e
𝑒𝑥∗ = −𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 , 𝑒𝑦∗ = −𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 , 𝑒𝑧∗ = 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 b. Se a, b e c seguem a regra da mão
direita, o dual (a ∧ b ∧ c)* do trivector a
𝑎 = 𝑎𝑥 𝑒𝑥 + 𝑎𝑦 𝑒𝑦 + 𝑎𝑧 𝑒𝑧
∧ b ∧ c é igual ao volume do paralelepípedo
𝑎∗ = −𝑎𝑥 𝑒𝑦 ∧ 𝑒𝑧 − 𝑎𝑦 𝑒𝑧 ∧ 𝑒𝑥 − 𝑎𝑧 𝑒𝑥 ∧ 𝑒𝑦 definido por a, b e c.
Representação Direta e Dual
Se a equação tem a forma x ∧ K = 0, chamamos K a representação direta do objeto.
A partir da definição do produto externo ∧, a representação direta de linhas, planos,
espaço e origem é dada da seguinte forma:
(i) Um vetor posição x está na linha na direção de a se, e somente se,
x ∧ a = 0. Portanto, a é a representação direta dessa linha.
(ii) Um vetor posição x está no plano medido por a e b se, e somente se,
x ∧ a ∧ b = 0. Portanto, a ∧ b é a representação direta desse plano.
(iii)Qualquer vetor posição x está no espaço medido por a, b e c. Esse fato é
escrito como x ∧ a ∧ b ∧ c = 0. Portanto, a ∧ b ∧ c é a representação
direta desse espaço.
(iv) Um vetor posição x está na origem se e somente se x ∧ α (= αx) = 0 para
um α diferente de zero. Portanto, um escalar diferente de zero é a
representação direta da origem.
Representação Direta e Dual
Se a equação tiver a forma x·K = 0, chamamos K a representação dupla do objeto.
A partir da definição da operação de contração, a representação dupla de linhas, planos,
espaço e origem é dada da seguinte forma:
(i) Um vetor posição x satisfaz x·a = 0 se, e somente se, 𝑥, 𝑎 = 0, isto é, quando x está
no complemento ortogonal de a (o plano perpendicular a). Portanto, a é sua
representação dual.
(ii) Um vetor posição x satisfaz x·a ∧ b = 0 se, e somente se, 𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 = 0 isto é,
quando x está no complemento ortogonal de a ∧ b (a superfície normal do plano
a ∧ b) Portanto, a ∧ b é sua representação dual.
(iii) Um vetor posição x satisfaz x·a ∧ b ∧ c = 0 se, e somente se, 𝑥, 𝑎 = 𝑥, 𝑏 = 𝑥, 𝑐 = 0,
ou seja, quando x está na origem, que é o complemento ortogonal de a ∧ b ∧ c.
Portanto, a ∧ b ∧ c é sua representação dual.
(iv) Um vetor posição x sempre satisfaz x·α = 0 para qualquer α escalar diferente de
zero. Portanto, um escalar diferente de zero é a representação dual do espaço
a ∧ b ∧ c
Representação Direta e Dual
(KANATANI, 2015, p. 73)

Subespaço Representação direta Representação dual

Origem Escalar a Trivetor 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐


Linha Vetor 𝑎 Bivetor 𝑎 ∧ 𝑏
Plano Bivetor 𝑎 ∧ 𝑏 Vetor 𝑎
Espaço Trivetor 𝑎 ∧ 𝑏 ∧ 𝑐 Escalar a
Equação 𝑥∧𝐾 =0 𝑥⋅𝐾 =0

A partir da definição da dualidade, o produto externo x ∧ K é 0 se e


somente se o seu dual for 0. Da regra do cálculo da contração, podemos
reescrever o dual de x ∧ K na forma:
𝑥∧𝐾 ∗ = −𝑥 ∧ 𝐾 ⋅ 𝐼 = −𝑥 ⋅ 𝐾 ⋅ 𝐼 = 𝑥 ⋅ 𝐾 ∗
Representação Direta e Dual
Proposição: as seguintes relações de equivalência são válidas:
𝑥∧𝐾 =0 ⇔ 𝑥 ⋅ 𝐾∗ = 0
𝑥⋅𝐾 =0 ⇔ 𝑥 ∧ 𝐾∗ = 0
Portanto, o dual da representação direta é a representação dual, e o dual da
representação dual é a representação direta.
Importante: lembre-se de que o dual especifica o complemento ortogonal. Portanto, a
equação x ∧ K = 0 significa que x pertence a esse subespaço, e a equação x·K = 0
significa que x é ortogonal a esse subespaço.
Observação: lembre-se como a álgebra exterior é isomorfa a álgebra quociente, é
possível estabelecer interfaces entre a álgebra exterior e a álgebra tensorial. Não
iremos abordar esse formalismo, que pode ser visto em Spivak, Kanatani e Bassalo &
Cattani. Também não abordaremos os desdobramentos desse formalismo para o cálculo
diferencial e integral.
Considerações Finais
(KANATANI, 2015, p. 73-75)

Embora tenhamos lidado apenas com o espaço 3D, todas as descrições podem ser estendidas
para nD quase da mesma forma. Por quase, queremos dizer que algumas especialidades de 3D
estão envolvidas aqui.
A primeira é quando convertemos a soma a ∧ b + c ∧ d de dois bivetores em um. Este é um
processo chamado fatoração, que envolve o vetor e ao longo da interseção entre os dois
planos especificados por a ∧ b e c ∧ d. Nas dimensões mais altas, no entanto, dois
planos que passam pela origem geralmente não têm outra interseção além da origem, de modo
que a soma a ∧ b + c ∧ d não pode mais ser reduzida; não podemos deixar de retê-lo como
uma soma formal. Esse tipo de soma formal de k-vetores também é chamado de “k-vetor".
No entanto, a distinção é feita em muitos livros didáticos de álgebra geométrica, onde um
único termo, isto é, o produto externo dos k-vetores, é chamado de k-vetor simples ou
plaqueta (blade) de grau k, e sua soma formal é chamada de k-vetor. Aqui, no entanto,
usamos o termo mais clássico e intuitivo “k-vetor” para um único termo e sua soma
formal, porque nos concentramos em 3D, onde nenhuma confusão deve surgir.
Considerações Finais
(KANATANI, 2015, p. 73-75)

Outra particularidade do 3D é a Eq. do dual; o lado direito seria multiplicado por


(−1)n(n − 1)/2 K·I em nD. Aqui, usamos o conceito de um “sistema orientado pela regra da
mão direita” para definir o elemento de volume I em 3D.
Em geral, nD, não podemos definir a superfície normal ou a regra da mão direita. Para n
elementos da base e1 ,..., en existem dois tipos de seus produtos externos: um é obtido
através da troca de dois vetores em e1 ∧ ··· ∧ en por um número par de vezes, todos
definindo o mesmo vetor n; o outro trocando-os um número ímpar de vezes, definindo o
vetor n com o sinal oposto. Qualquer um deles pode ser definido para ter uma
"orientação positiva", o outro uma "orientação negativa". O produto externo positivo é
chamado de "elemento de volume" e denotado por I.
Portanto, o sinal depende do sistema de coordenadas; o sinal muda se dois eixos de
coordenadas forem trocados. Esse escalar é um pseudo-escalar. Por esse motivo, o
próprio elemento de volume I é chamado de unidade pseudoscalar ou simplesmente
pseudoscalar em muitos livros de álgebra geométrica. Aqui, no entanto, usamos o termo
mais clássico e intuitivo "elemento de volume".
Considerações Finais
(KANATANI, 2015, p. 73-75)

Uma aplicação notável da álgebra de Grassmann é seu uso no cálculo. Uma variação
infinitesimal de uma quantidade física definida continuamente na vizinhança de cada
ponto é expressa por um diferencial ω = a1dx + a2dy + a3dz, onde a1, a2 e a3 são a
mudança por unidade de comprimento para o movimento infinitesimal nas direções x, y,
e z, respectivamente. Essa expressão é chamada forma diferencial do grau 1 ou
simplesmente forma 1, e o conjunto de todas as formas 1 define um espaço vetorial em
cada ponto com a origem naquele ponto.
Em seguida, podemos construir a álgebra de Grassmann introduzindo o produto externo
∧ entre as formas 1 nesse espaço vetorial. A consequência importante é que, ao
introduzir um operador diferencial chamado derivada externa dω, podemos derivar
sistematicamente muitos teoremas integrais, como o teorema de Green, o teorema da
divergência de Gauss e o teorema de Stokes, onde o operador estrela de Hodge é usado
para a dualidade. Usando essa álgebra, pode-se descrever propriedades topológicas do
espaço em consideração, por exemplo, se ele está simplesmente conectado ou não, e
propriedades geométricas diferenciais de superfícies como curvaturas. Um livro
conhecido é o do Flanders.
Bibliografia
 Differential Forms with Applications to the Physical Sciences (Flanders, 1963)
 Clifford Algebra to Geometric Calculus (Hestenes & Sobczyk, 1984)
 Multivectors and Clifford Algebra in Electrodynamics (Jancewicz, 1989)
 Analysis on Manifolds (Munkres, 1991)
 A Álgebra Geométrica do Espaço Euclideano e a Teoria de Pauli (Vaz Jr, 1997)
 A Álgebra Geométrica do Espaço-Tempo e a Teoria da Relatividade (Vaz Jr., 2000)
 Geometric Computing for Perception Action Systems (Bayro-Corrochano, 2001)
 New Foundations for Classical Mechanics (Hestenes, 2002)
 Geometric Algebra for Physicists (Doran, Lasenby, 2003)
 Spacetime Physics with Geometric Algebra (Hestenes, 2003)
 O Cálculo em Variedades (Spivak, 2003)
 Geometric Algebra for Computer Science (Dorst, Fortijne & Mann, 2007)
Bibliografia
 Geometric Algebra with Applications in Engineering (Perwass, 2009)
 Cálculo Exterior (Bassalo, Cattani, 2009)
 Geometric Computing (Bayro-Corrochano, 2010)
 Understanding Geometric Algebra for Electromagnetic Theory (Arthur, 2011)
 Álgebras de Clifford & Spinores (Vaz Jr., Rocha Jr., 2012)
 Understanding Geometric Algebra (Kanatani, 2015)
 Space-Time Algebra (Hestenes, 2015)
 Álgebra Exterior (Lages, 2017)
 Geometric Multiplication of Vectors (Josipović, 2019)
 Um passeio por várias álgebras na descrição do momento angular (Belançon, Silva, 2019)
 Reflections on Relativity (Brown, 2019)

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