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1 INTRODUÇÃO
2.3.2 Prevenção
Assim como o art. 5º, inc. XLIX, da CF/88 resguarda aos presos o
respeito à integridade física e moral o art. 38 do CP preceitua que “o preso
conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a
todas as autoridades o respeito a sua integridade física e moral”. (BRASIL,
1984) Também, nessa esteira, dispõe o art. 3º da LEP que ao condenado e ao
internado estão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou
pela lei.
Em vista disso, é fundamental que se respeite as garantias
constitucionais conferidas ao executado, de modo que se ocorrer o desrespeito
a essas normas e princípios incorrerá em consequências desastrosas no que
diz respeito as finalidades da pena e da execução que é tornar possível o
retorno do preso ao convívio social, portanto todo tipo de desrespeito, deve ser
evitado.
Muito embora seja um dos maiores sistemas do mundo, o sistema
carcerário brasileiro está longe de ser um modelo a ser seguido. Muitos autores
se debruçam sobre o tema, entre os quais pode-se citar Wacquant, que fala em
seu livro prisões da miséria acerca das condições estruturais dos presídios
brasileiros, o qual demonstra muito bem, o claro abismo entre o ideal normativo
e a realidade prática, pois se percebe que nessas instituições destinadas ao
cumprimento da pena há uma evidente violação aos direitos humanos e às
garantias fundamentais postas na Constituição Federal brasileira, haja vista
serem locais, em sua maioria, de total insuficiência estrutural, traduzida na falta
de tratamento de esgoto, higiene nas celas, na forma como é servida a
alimentação, local adequado para acomodação dos presos, que por muitas
vezes, por falta de espaço, acabam dormindo um por cima dos outros,
tornando evidente a situação degradante em que se encontram.
Para Eugenio Raul Zaffaroni, a prisão consiste em uma verdadeira
máquina deteriorante, haja vista que ao preso são impostas condições de vida
incompatíveis com a vida de um adulto, sua autoestima é afetada de todas as
formas imagináveis, pois faz parte da sua rotina, falta de privacidade, falta de
higiene, alimentação precária, superlotação, etc. (ZAFFARONI, 1991).
Salo de Carvalho por sua vez faz a comparação de um apenado à um
apátrida, pois, ao receber uma sentença condenatória, seus direitos políticos
são temporariamente suspensos, com isso lhe seria retirada a chamada
cidadania formal que é uma previsão constitucional e fora conquistada pela
humanidade depois de um período de grandes batalhas contra déspotas
opressores (CARVALHO, 2003)
Há muito tempo, já se afirmava que o Sistema Penitenciário Brasileiro
constituía-se como o pior do terceiro mundo. Em seu livro as prisões da miséria
Loïc Wacquant afirmava que este estigma que o Brasil carrega de ter as piores
cadeias do mundo se deve ao fato dentre outros fatores à indiferença dos
políticos e da própria sociedade, que de algum modo simpatizam e se mostram
favoráveis aos excessos cometidos no campo correcional.
3 ATO ILICITO
3.1 CONCEITO
O Código Civil atual no seu art. 186 refere-se ao dano moral, nesses
termos: “Art. 186 Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002).
Também, o Código Civil no seu art. 927 preconiza que “aquele que, por ato
ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. (BRASIL, 2002)
É cediço que em se tratando de responsabilidade civil, o agente que
cometeu ato ilícito tem a obrigação de reparar o dano patrimonial ou moral
causado, com vistas a reparar o prejuízo, de modo que se restaure o status
quo ante, obrigação esta que se não for mais possível, é transformada no
pagamento de uma indenização (de natureza pecuniária) ou de uma
compensação (na hipótese de não ser mensurável patrimonialmente este
dano), enquanto que pela responsabilidade penal ou criminal, deve o agente,
sofrer a aplicação de uma cominação legal, que pode ser privativa de
liberdade, restritiva de direitos ou mesmo pecuniária.
O recurso que ora será analisado, diz respeito a um acórdão recorrido pela
Defensoria Pública do estado do Mato Grosso do Sul, em favor de um
condenado a 20 anos de reclusão, que se encontrava submetido a situação
degradante devido as condições sanitárias e estruturais do presídio e também
a superlotação carcerária, em Corumbá. A decisão da suprema corte
estabeleceu que o preso em situação degradante e de superlotação, tem direito
a indenização por parte do Estado por danos morais. O valor da indenização no
caso em tela foi fixado em R$ 2.000,00
Todavia, cumpre ressaltar que, no julgamento do referido recurso, houve
dois diferentes posicionamentos: o majoritário entendeu que a melhor forma de
compensar o preso exposto a situação degradante no sistema prisional é
indenizá-lo em dinheiro, o minoritário por sua vez, proposto pelo eminente
Ministro Luís Roberto Barroso e seguido por Luiz Fux e Celso de Mello é de
que se substituísse a indenização em dinheiro pelo instituto da remição da
pena. Destarte, verificar-se-á entre as duas posições a forma de aplicar que
melhor atende aos princípios constitucionais ante ao dever do Estado de
indenizar o preso submetido a situação desumana e degradante no sistema
prisional brasileiro.
Ressalte-se que no regime aberto, não cabe remição pelo trabalho, pois
é obrigação do condenado, como condição para permanecer no mencionado
regime, a prática de exercício de atividade laboral honesta, art.39 LEP.
Todavia, A Lei 12.433/2011, sancionou a remição em regime aberto, pelo
estudo, como forma de incentivo ao sentenciado para tal atividade. (BRASIL,
2011)
Vale ressaltar também que as regras relacionadas à remição por trabalho e por
estudo são aplicáveis, sem restrições aos condenados por crimes hediondos
ou equivalentes.
5 CONCLUSÃO
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral: (arts. 1º a 120)
/ Fernando Capez. — 16. ed. — São Paulo : Saraiva, 2012. 1. Direito penal I.
Título.
CARVALHO, Salo de. Pena e garantias. 2. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2003.
Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. – 17. Ed. Rio de
Janeiro: Impetus, 2015.