Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
A política de reconhecimento de Charles Taylor indica que a identidade de uma pessoa está
intimamente ligada ao reconhecimento fornecido pelos seus pares e pelo grupo do qual faz parte. Por
isso, de acordo com o pensamento tayloriano, o reconhecimento incorreto ou a própria inexistência de
reconhecimento traduzem-se em formas de agressão, uma vez que passam a ser internalizadas pelo
indivíduo. Tendo em consideração, então, as consequências nefastas do reconhecimento incorreto ou
da inexistência de reconhecimento, o artigo buscará demonstrar de que maneira o conceito de ‘fusão
de horizontes’, consoante cunhado por Hans-Georg Gadamer, veio ao auxílio da teoria tayloriana, de
tal modo que possa explanar as formas como tal reconhecimento deve ocorrer no plano do
entendimento positivo entre pares.
ABSTRACT
Charles Taylor’s recognition policy indicates that the identity of a person is closely linked to the
recognition provided by its peers and by the group of which is a part. Therefore, according to Taylor’s
thought, incorrect recognition or lack of recognition itself translate into forms of aggression, once
they are internalized by the individual. Considering, then, the harmful consequences of the incorrect
recognition or of the lack of recognition, the article will seek to demonstrate how the concept of
'fusion of horizons', as thought by Hans-Georg Gadamer, came to aid Taylor’s theory, in a way to
explain the method in which such recognition should occur in the frame of positive understanding
among peers.
1
Doutorando em Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Mestre em Direito Público pela
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos (2016). Possui graduação em Direito pela Universidade do
Vale do Rio dos Sinos - Unisinos (2013). Integrante do Núcleo de Direitos Humanos da Unisinos (NDH).
Presidente da Comissão Permanente de Direitos Humanos da OAB - Subseção Sapiranga/RS. Tem experiência na
área de Direitos Humanos, e Direito Civil, com ênfase em Direito Imobiliário, Direito Bancário, Responsabilidade
Civil e Contratos. Advogado - OAB/RS 91.595.
2
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.45.
3
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.45.
4
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.45.
5
ISER, Mattias. Recognition. In: ZALTA, Edward. (Org.). STANFORD Encyclopedia of Philosophy. Stanford,
Aug. 23 2013. Disponível em: <http://plato.stanford.edu/entries/recognition/>. Acesso em: 23 jul. 2015.
6
TAYLOR, Charles. GUTMANN, Amy. (Org.). Multiculturalism: examining the politics of recognition.
Princeton: Princeton University Press, 1994. P.26.
7
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.84.
8
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.84.
9
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.85.
10
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.84-85.
11
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.46.
12
RODRIGUES, Nelson. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.P.43.
13
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.46.
14
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.56-57.
15
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.48.
16
Las cosas adquieren importancia contra un fondo de inteligibilidad. Llamaremos a esto horizonte. Se deduce que
una de las cosas que no podemos hacer, si tenemos que definirnos significativamente, es suprimir o negar los
horizontes contra los que las cosas adquieren significación para nosotros. Éste es el tipo de paso contraproducente
que se da con frecuencia en nuestra civilización subjetivista. Al acentuar la legitimidad de la elección entre ciertas
opciones, muy a menudo nos encontramos con que privamos las opciones de su significación. (…). Pero por más
que lo expliquemos, está claro que esta retórica de la ‘diferencia’, de la ‘diversidad’ (incluso del
‘multiculturalismo’) resulta central para la cultura contemporánea de la autenticidad. (TAYLOR, Charles. La
ética de la autenticidad. Barcelona: Paidós, 1994.P.72-73).
17
TAYLOR, Charles. La ética de la autenticidad. Barcelona: Paidós, 1994.P.56.
18
TAYLOR, Charles. La ética de la autenticidad. Barcelona: Paidós, 1994.P.86.
19
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.53.
20
Aprendemos a movimentar-nos num horizonte mais alargado, dentro do qual partimos já do princípio de que
aquilo que serve de base à valorização pode ser considerado como uma possibilidade a par do background da
cultura que antes nos era desconhecida. A ‘fusão de horizontes’ funciona através do desenvolvimento de novos
vocabulários de comparação, através dos quais poderemos articular estes contrastes. A tal ponto que, se e quando
acabarmos por encontrar uma base firme para a nossa pressuposição, será em termos de uma noção do que
constitui o valor que jamais poderíamos ter no início. Atingimos o juízo de valor, em parte, porque transformamos
os nossos critérios. (TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.88).
21
Reconhecer e tratar os membros de alguns grupos como iguais parece exigir, hoje, das instituições públicas que
admitam, em vez de ignorarem, as especificidades culturais, pelos menos em relação àquelas pessoas cuja
capacidade de compreensão depende da vitalidade da respectiva cultura. Esta exigência de reconhecimento
político das especificidades culturais – alargado a todos os indivíduos – é compatível com uma forma de
universalismo que considera a cultura e o contexto cultural valorizado pelos indivíduos como fazendo parte dos
seus interesses fundamentais. (...) Questões sobre a eventualidade e o modo de reconhecimento político dos
grupos culturais figuram entre as mais proeminentes e desagradáveis dos programas governamentais de muitas das
actuais sociedades democráticas e democratizantes. (GUTMANN, Amy. Comentário. In: TAYLOR, Charles.
(Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.23-24).
22
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.58.
23
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.58.
24
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.58-59.
25
TENFEN SILVA, Larissa. O multiculturalismo e a política de reconhecimento de Charles Taylor. Novos Estudos
Jurídicos. Florianópolis, v. 11, n. 02, p. 317-318, jul.-dez. 2006.P.317-318.
26
Uma sociedade com objetivos coletivos fortes pode ser liberal, segundo esta perspectiva, desde que seja capaz de
respeitar a diversidade, em especial, quando considera aqueles que não compartilham dos objetivos comuns, e
desde que possa proporcionar garantias adequadas para os direitos fundamentais. Concretizar todos estes objetivos
irá provocar, sem dúvida, tensões e dificuldades, mas não é nada de impossível, e os problemas não são, em
princípio, maiores do que aqueles que qualquer sociedade liberal encontra quando tem de combinar, por exemplo,
liberdades com igualdades ou prosperidade com justiça. (TAYLOR, Charles. El multiculturalismo y la política
del reconocimiento. Fondo de Cultura Económica: .Cidade do México, 1993.P.89)
27
WALZER, Michael. Comentário. In: TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget,
1998.P.117-118.
28
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.48.
29
TENFEN SILVA, Larissa. O multiculturalismo e a política de reconhecimento de Charles Taylor. Novos Estudos
Jurídicos. Florianópolis, v. 11, n. 02, p. 317-318, jul.-dez. 2006.P.319.
30
MALPAS, Jeff. Donald Davidson. In: ZALTA, Edward. (Org.). STANFORD Encyclopedia of Philosophy.
Stanford, May 05 2014a. Disponível em: <http://plato.stanford.edu/entries/davidson/>. Acesso em: 04 set. 2014.
31
TAYLOR, Charles. Gadamer on the human sciences. In: DOSTAL, Robert J. (Org.). The Cambridge
companion to Gadamer. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. P.138.
32
MALPAS, Jeff. Donald Davidson. In: ZALTA, Edward. (Org.). STANFORD Encyclopedia of Philosophy.
Stanford, May 05 2014a. Disponível em: <http://plato.stanford.edu/entries/davidson/>. Acesso em: 04 set. 2014.
33
Na verdade, o horizonte do presente está num processo de constante formação, na medida em que estamos
obrigados a pôr à prova constantemente todos os nossos preconceitos. Parte dessa prova é o encontro com o
passado e a compreensão da tradição da qual nós mesmos procedemos. O horizonte do presente não se forma pois
à margem do passado. Nem mesmo existe um horizonte do presente por si mesmo, assim como não existem
horizontes históricos a serem ganhos. Antes, compreender é sempre o processo de fusão desses horizontes
presumivelmente dados por si mesmos. (GADAMER, Hans-Geors. Verdade e Método. Petrópolis: Paidós, 1998.
P. 457).
34
TAYLOR, Charles. Gadamer on the human sciences. In: DOSTAL, Robert J. (Org.). The Cambridge
companion to Gadamer. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. P.136.
35
TAYLOR, Charles. Gadamer on the human sciences. In: DOSTAL, Robert J. (Org.). The Cambridge
companion to Gadamer. Cambridge: Cambridge University Press, 2002. P.136.
36
El rasgo general de la vida humana que deseo evocar es el de su carácter fundamentalmente dialógico. Nos
convertimos en agentes humanos plenos, capaces de comprendernos a nosotros mismos, y por ello de definir una
identidad por medio de nuestra adquisición de ricos lenguajes de expresión humana. Para los fines de esta
discusión, quiero tomar el ‘lenguaje’ en su más amplio sentido, que abarca no sólo las palabras, sino también a
otros modos de expresión por los que nos definimos a nosotros mismos, incluyendo los ‘lenguajes’ del arte, del
gesto, del amor, y similares. Pero a ello nos vemos inducidos en el intercambio con los otros. Nadie adquiere por
sí mismo los lenguajes necesarios para la autodefinición. Se nos introduce en ellos por medio de los intercambios
con los otros que tienen importancia para nosotros, aquellos a los que Georg Herbert Mead llamaba ‘los otros
significativos’. La génesis de la mente humana es en este sentido no ‘monológica’, y no constituye algo que cada
cual logre por sí mismo, sino que es dialógica. (TAYLOR, Charles. La ética de la autenticidad. Barcelona:
Paidós, 1994.P.68-69).
37
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo:
Loyola, 2006.P.228
38
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.88.
39
Como diz Gadamer, o modo como algo se apresenta a si mesmo forma parte de seu próprio ser; o que pode
compreender-se é linguagem. Assim, passa não ter sentido perguntar sobre a efetiva existência do ser; somente
tem sentido perguntar acerca do ser enquanto compreendido / sentido / interpretado. Sem a compreensão do ser,
este ser não é, embora não se possa dizer nada sobre o ser que não é, eis que não é possível falar sobre algo que
não se consegue simbolizar pela linguagem. Se não consigo dizer algo sobre algo, esse dito não é real (Lacan),
pois é o que sobra. Isto porque é pela linguagem que, simbolizando, compreendo; logo, aquele real, que estava
fora do meu mundo, compreendido através da linguagem, passa a ser realidade. (STRECK, 2013, p. 295).
40
STRECK, Lenio. Hermenêutica jurídica e(m) crise – uma exploração hermenêutica da construção do Direito.
11ª. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013.
P.295.
41
MALPAS, Jeff. Donald Davidson. In: ZALTA, Edward. (Org.). STANFORD Encyclopedia of Philosophy.
Stanford, May 05 2014a. Disponível em: <http://plato.stanford.edu/entries/davidson/>. Acesso em: 04 set. 2014.
42
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo:
Loyola, 2006.P.228.
43
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo:
Loyola, 2006.P.229.
44
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo:
Loyola, 2006.P.230.
45
LOPES, Ana Maria D’Ávila. A hermenêutica jurídica de Gadamer. Revista de informação legislativa. Brasília,
v. 37, n. 145, jan-mar. 2000. p. 105.
46
ANDRADE, Alysson Assunção. A política de reconhecimento em Charles Taylor. 2013. 210 f. Dissertação
(Mestrado em Filosofia) -- Programa de Pós-Graduação, Departamento de Filosofia, Faculdade Jesuíta de
Filosofia e Teologia, Belo Horizonte, MG, 2013.P.97-98.
4 CONCLUSÃO
47
TAYLOR, Charles. (Org.). Multiculturalismo. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.P.91-94.
48
MALPAS, Jeff. Donald Davidson. In: ZALTA, Edward. (Org.). STANFORD Encyclopedia of Philosophy.
Stanford, May 05 2014a. Disponível em: <http://plato.stanford.edu/entries/davidson/>. Acesso em: 04 set. 2014.
49
O meu argumento neste ensaio tem sido que o relato de Gadamer do desafio do outro e da fusão de horizontes se
aplica também às nossas tentativas de entender sociedades e épocas bastante exóticas. A alegação aqui não vem de
seu lugar dentro da nossa identidade, mas precisamente do seu desafio à ela. Eles nos apresentam diferentes, e
muitas vezes desconcertantes, modos de ser humano. O desafio é ser capaz de reconhecer a humanidade dos seus
modos, enquanto continuamos sendo capazes de viver os nossos. De que isso pode ser difícil de alcançar, de que é
quase certo que envolva uma mudança em nossa autocompreensão e, portanto, em nossos modos, isso emergiu da
discussão acima. Enfrentar este desafio se torna cada vez mais urgente em nosso mundo intensamente
intercomunicante. Na virada do milênio, é um prazer saudar Hans-Georg Gadamer, que nos ajudou tão
imensamente a pensar este desafio de forma clara e firmemente. (TAYLOR, 2002. p. 142, tradução nossa).
50
STRECK, Lenio. Hermenêutica jurídica e(m) crise – uma exploração hermenêutica da construção do Direito.
11ª. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013.P.295.
5 REFERÊNCIAS
MALPAS, Jeff. Donald Davidson. In: ZALTA, Edward. (Org.). STANFORD Encyclopedia of
Philosophy. Stanford, May 05 2014a. Disponível em:
<http://plato.stanford.edu/entries/davidson/>. Acesso em: 04 set. 2014.
RODRIGUES, Nelson. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Companhia das Letras,
1993.
__________. Gadamer on the human sciences. In: DOSTAL, Robert J. (Org.). The Cambridge
companion to Gadamer. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.