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SADC

Infra-estruturas
Relatório da Situação do
Desenvolvimento Regional das Infra-
estruturas na SADC para o Conselho e
Cimeira. Setembro 2009

“Preparando a SADC para o crescimento económico e a


integração através do desenvolvimento
das infra-estruturas regionais “
Estados-membros da SADC

Angola

Botswana

RDC

Lesoto

Madagascar

Malawi

Maurícias

Moçambique

Namibia

Seychelles

África do Sul

Suazilândia

Tânzania

Zâmbia

Zimbabwe
Índice

Visão da SADC 2
Missão da SADC 2
Direcção de Infra-Estruturas e Serviços 2
Prefácio do Presidente 3
Mensagem do Secretário Executivo 5
Nota da Direcção de Infra-Estruturas e Serviços 7
Síntese 8
Introdução 11
1. Historial 12
2. Mecanismos de Implementação 14
3. Revisão do Programa Sectorial 20
4. A situação da integração das Infra-estruturas na SADC 65
5. Assuntos Tranversais 68
6. Caminho Futuro 74
Anexo 75
Acrónimos e Abreviaturas 83

1
Visão da SADC

A visão da SADC é de um futuro comum, dentro de uma comunidade regional que


garantirá o bem-estar económico, a melhoria dos níveis e qualidade de vida, a liberdade e
a justiça social, paz e segurança para os povos da África Austral.

Esta visão partilhada baseia-se nos valores e princípios partilhados assim como nas
afinidades históricas e culturais existentes entre os povos da África Austral.

Missão da SADC

Promover o crescimento económico equitativo e o desenvolvimento socioeconómico


através de sistemas produtivos eficazes, maior cooperação e integração, boa governação, e
paz e segurança duradoura, para que a região surja como um actor competitivo e eficaz no
domínio internacional e na economia global.

Direcção de Infra-Estruturas e Serviços

Visão

Facilitação de nível internacional da integração regional e do desenvolvimento sustentável


através da disponibilização e do acesso universal às infra-estruturas e aos serviços.

Missão

Facilitar através de perícia estratégica, o fornecimento de serviços ligados às infra-estruturas


adequados, integrados e rentáveis em prol da integração regional e da redução da
pobreza.

2
Prefácio Do Presidente

Prefácio do Presidente

Estimados Colegas,
Aproveito esta oportunidade para reconhecer o papel valioso e louvável desempenhado pelo meu
antecessor em manter a advocacia sobre as infra-estruturas na região da SADC, que sem dúvida, não
só inspirou muitos, mas serviu igualmente de lição para a África do Sul em defender os projectos no
domínio do desenvolvimento das infra-estruturas. O ano em que a África do Sul ocupou o cargo de
Presidente da SADC foi repleto de muitas experiências maravilhosas e desafios. O desenvolvimento
das infra-estruturas ocupou um lugar preponderante. As nossas decisões e acções transmitem a
mensagem que nós consideramos este assunto seriamente a nível regional. A África do Sul, através
dos seus esforços em defender a aceleração do desenvolvimento das infra-estruturas na região da
SADC, estabeleceu um Grupo de Acção e comités temáticos para trabalhar estreitamente com o
Secretariado e os Estados-membros participantes no âmbito dos seguintes projectos:

•• Cinco Programas de Iniciativas de Desenvolvimento Espacial incluindo os Corredores Central,


Mtwara, Nacala, Beira e a Bacia Hidrográfica do Congo;

•• O Projecto Westcor;

•• O Projecto de Infra-estrutura de Banda Larga do NEPAD;

•• O Desenvolvimento das Infra-estruturas no âmbito do Projecto TFCA 2010;

•• O Projecto de Abastecimento de Água e Saneamento de Lubumbashi.

Recordar-se-ão igualmente que a Conferência da União Africana realizou uma Sessão Extraordinária
sobre as Infra-estruturas em Fevereiro de 2009, em Adis Abeba, Etiópia, onde se sublinhou a importância
de acelerar a execução do desenvolvimento das infra-estruturas. Vários Chefes de Estado aqui presentes
contribuíram à Sessão da UA, e nós devemos aproveitar este ímpeto estabelecido a nível continental.

Vossas Excelências, as nossas deliberações durante a Cimeira Extraordinária convocada em Midrand,


África do Sul, em Outubro de 2006, realçou a importância relativa à integração económica regional. Por
conseguinte, constituiu-se um Grupo de Acção Ministerial para implementar uma estratégia regional que
visa reforçar a integração regional em conformidade com os marcos estabelecidos no Plano Indicativo
Estratégico de Desenvolvimento Regional (RISDP). Ao implementarmos o RISDP, estamos a cumprir a visão
e o legado dos nossos fundadores que estabeleceram as estruturas regionais. Uma análise das tendências
relativas à globalização e à concorrência internacional demonstra que a integração a nível sub-regional
constitui a melhor plataforma para o desenvolvimento, ilustrando claramente as vantagens das acções
colectivas em contraposição com as abordagens individuais. A África do Sul regozija-se do papel de
liderança que desempenhou neste processo, e agradece o apoio de Vossas Excelências.

A África já reconheceu que é necessário superar o desafio relativo à falta de infra-estruturas, e assim será
possível ter trocas comerciais eficazes e o desenvolvimento na nossa região. Nós estamos entusiasmados
com o lançamento histórico da Área de Comércio Livre da SADC no ano passado, enquanto primeiro
passo em alcançarmos a muita antecipada União Aduaneira e o Mercado Comum, sugerindo claramente
que o nosso processo de integração do mercado já começou a sério. Todavia, a operacionalização dos
regimes comerciais não pode ser realizada sem a disponibilidade de infra-estruturas. Eu prezo a vossa
sabedoria colectiva, Vossas Excelências, em considerar de novo o roteiro para a implementação da nossa
infra-estrutura transfronteiriça. Esta será a forma mais segura para a nossa região desvendar oportunidades
de comércio, desenvolvimento e competitividade global.

3
Prefácio Do Presidente

A condição precária dos nossos Estados-membros que têm trabalhado arduamente no sentido de
restaurar a paz nos seus países deve ser reconhecida, e é neste sentido que a região preparou um
programa de construção de infra-estruturas para Angola, a RDC e de certo modo, Moçambique.
Não duvido que através de tal iniciativa, a conectividade mínima dos nossos Estados no âmbito dos
transportes, comunicações, energia, infra-estrutura de águas fronteiriças, e a infra-estrutura de turismo
pode ser alcançada com o intuito de impulsionar a nossa região para alturas sem precedentes. Orgulho-
me em fazer parte deste espírito de consenso que tem caracterizado os nossos pactos regionais e espero
que isto continue durante as nossas deliberações.

Eu espero participar nos debates relativos ao Programa da SADC sobre o Desenvolvimento das Infra-
estruturas e não tenham dúvida, que ao fim do nosso diálogo, possamos orientar os nossos Ministros das
Infra-estruturas e dos Serviços, os nossos parceiros, os nossos altos funcionários e o Secretariado - todos
aqueles que reconheço em vosso nome pelos esforços que continuam a envidar em prol desta nobre
causa.

Sua. Excelência Jacob Gedleyihlekisa Zuma, Presidente da República da África do Sul e


Presidente da SADC

4
Mensagem Do Secretário Executivo

Mensagem do Secretário Executivo

Os Chefes de Estado e de Governo da SADC decidiram, na sua sabedoria, reunir-se de novo para
ponderar sobre o processo de implementação das Infra-estruturas Regionais Prioritárias na SADC
durante a sua 29 Cimeira Ordinária.

Este desenvolvimento não podia ter chegado numa altura mais oportuna. Esta sessão da nossa Cimeira
de Chefes de Estado e de Governo é significativa.

Primeiro, quando a SADC lançou uma Área de Comércio Livre em 2008, com boas perspectivas
para uma União Aduaneira e um Mercado Comum no futuro previsível, o desenvolvimento das
infra-estruturas era fundamental para a promoção do comércio livre e o realce da nossa capacidade
produtiva e da eficiência enquanto região.

Segundo, os Chefes de Estado e de Governo aproveitaram a oportunidade durante a sua Cimeira


de Maseru em 2006 para deliberar a Aceleração da Agenda da Integração Económica Regional.
O resultado da sessão foi a reafirmação da necessidade de implementar os marcos relativos à
agenda da integração económica regional, conforme estabelecido no Plano Indicativo Estratégico de
Desenvolvimento Regional (RISDP) - o nosso projecto regional para o desenvolvimento.

Reconhece-se que após a Declaração de Windhoek em Abril de 2006, onde a “Integração


Económica Regional” e a “Apoio à Infra-estrutura para a Integração Regional” surgiram como
as prioridades chave, e considerando a sua interligação, as duplas prioridades devem ser realizadas no
âmbito de um “Programa de Integração Regional”.

A implementação de dois protocolos chave tem sido fundamental para a Agenda da SADC sobre
a Integração Económica Regional na nossa região. Estes são o Protocolo sobre as Trocas Comerciais
e o Protocolo sobre a Facilitação da Circulação de Pessoas. A livre circulação de pessoas constitui o
pilar principal das trocas comercias e a disponibilidade das infra-estruturas de transportes constitui um
elemento essencial para esta realização.

O acesso à matéria-prima e o acesso aos mercados de produtos acabados a custos económicos e


acessíveis constituem os elementos necessários para as empresas serem competitivas, se a região quiser
erradicar a pobreza na base de um crescimento orientado pelas exportações.

As comunicações, o fornecimento de energia a custos reduzidos, e o abastecimento de água


economicamente viável, e o saneamento são os ingredientes essenciais para a nossa região estimular o
crescimento e atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

É importante, sobretudo, que o desenvolvimento das infra-estruturas incorpore as convenções


internacionais sobre o ambiente e o desenvolvimento duradouro para que as nossas gerações
vindouras não nos julguem severamente.

O fornecimento de infra-estrutura regional é crítico para cumprirmos os objectivos da SADC conforme


previstos no Tratado, nomeadamente:

•• Alcançar o desenvolvimento e o crescimento económico, aliviar a pobreza, realçar os padrões e


a qualidade de vida dos povos da África Austral e apoiar as pessoas socialmente desfavorecidas
através da integração regional;

•• Promover o desenvolvimento auto mantido na base da auto-suficiência colectiva, e a


interdependência dos Estados-membros;

•• Alcançar a complementaridade entre as estratégias e programas nacionais e regionais; e

•• Promover e optimizar o emprego produtivo e a utilização de recursos da região


5
Mensagem Do Secretário Executivo

O desenvolvimento das infra-estruturas que reforça a integração regional servirá igualmente de


fundação para o papel preponderante a ser desempenhado pela região da SADC na edificação da
União Africana e da Comunidade Económica Africana.

Uma resposta estratégica à crise financeira internacional actual e a recessão não pode ser completamente
compreensiva sem o investimento nas infra-estruturas. Tal resposta deve ser fundamentada nas
melhores práticas internacionais e experiência que demonstram que o investimento nos projectos
de infra-estrutura durante uma recessão protege postos de trabalho, reduz os choques financeiros e
prepara a região para a recuperação. Existem efeitos de transferência positiva e multiplicadores através
das nossas economias se implementarmos juntamente esta estratégia.

É contra este pano fundo que a Cimeira toma a liberdade de rever os sucessos e os desafios relativos
à implementação do desenvolvimento das infra-estruturas regionais, que servirá de base para Vossas
Excelências orientarem os nossos Ministros, os Altos Funcionários, o Secretariado e todas as partes
interessadas pertinentes, devido à sua relevância para a nossa visão de desenvolvimento.

Embora se tenha registado certos êxitos em diversos sectores, (conforme documentado no relatório)
a reestruturação das instituições da SADC em 2003 resultou numa queda da massa crítica necessária
para implementar a infra-estrutura, e os esforços actuais procuram recuperar o ímpeto perdido.

Desejo aproveitar esta oportunidade para agradecer os esforços do Director da Direcção de Infra-
estruturas e Serviços, e da Unidade de Coordenação do Projecto (PCU) junto da Direcção em elaborar
este relatório. Permitam-me ainda reconhecer o apoio prestado pelo Regional Trade Facilitation Project
financiado pela DFID, no sentido de financiar a publicação e edição deste relatório.

Quero tomar a liberdade em felicitar Vossas Excelências sobre este compromisso animador e espero
com antecipado prazer o diálogo político que informará os programas nesta área nuclear dos nossos
programas socioeconómicos e políticos regionais

Sua Excelência Dr. Tomaz Augusto Salomão, Secretário Executivo

6
Nota Da Direcção De Infra-Estruturas E Serviços

Nota da Direcção de Infra-Estruturas e Serviços

A implementação das infra-estruturas regionais da SADC tem sido fundamental para a agenda dos
Ministros de Infra-estruturas e Serviços. A entrega das infra-estruturas constitui uma prioridade aos mais
altos níveis em todos os nossos Estados-membros da região. Os Ministros da SADC responsáveis pelas
Infra-estruturas aproveitaram a oportunidade para rever, durante os últimos meses, os sucessos e os
desafios relativos à entrega das infra-estruturas, e este relatório de síntese regional visa apresentar os
êxitos registados nos diversos sectores.

Ficamos gratos pelo apoio que os Estados-membros continuam a prestar a fim de garantir a
implementação efectiva das infra-estruturas, e pela orientação fundamental que continuamos a receber
para promover o acesso universal às infra-estruturas. O processo é lento e frustrante mas certamente
que não é insuperável.

Uma equipa interdisciplinar de peritos regionais junto da Direcção é responsável pela coordenação
da implementação dos projectos das infra-estruturas juntamente com os Estados-membros. A região
orgulha-se do facto desta equipa incluir três peritas em infra-estruturas, que se distinguiram neste
domínio e têm contribuído para destruir o mito que o desenvolvimento das infra-estruturas é um
domínio masculino. A Equipa das Infra-estruturas junto do Secretariado presta homenagem à Sra.
Cecilia Mamelodi-Onyadile, Sra. Judith Nwako e Sra. Mapolao Mokoena.

Esperamos os resultados da revisão do desenvolvimento das infra-estruturas regionais em curso que


servirá para orientar o nosso futuro trabalho, conforme tentamos mudar o ritmo e o rumo da entrega
das infra-estruturas em prol de uma região positiva unida por ideais comuns e uma história comum.

Remigious Makumbe,

Director, Infra-estruturas e Serviços e todos os Membros da Equipa de Infra-estruturas e


Serviços

7
Nota Da Direcção De Infra-Estruturas E Serviços

Síntese

Este relatório resume os desafios e os sucessos dos projectos das infra-estruturas regionais na SADC, e
apresenta propostas para o alcance do objectivo da SADC no cluster das infra-estruturas. O objectivo
primário é de informar o Conselho de Ministros e os Chefes de Estado e de Governo sobre o âmbito
e a situação da implementação dos projectos das infra-estruturas regionais, desde o lançamento da
implementação do RISDP em Abril de 2005.

Plano Indicativo Estratégico de Desenvolvimento Regional (RISDP)


É axiomático, que a disponibilização de infra-estrutura regional seja a chave para a região da SADC
alcançar alguns dos objectivos anunciados no Tratado, principalmente aqueles relacionados com
o crescimento económico, a redução da pobreza, o desenvolvimento sustentável e a optimização
do emprego produtivo. O Plano Indicativo Estratégico de Desenvolvimento Regional (RISDP) é o
projecto da SADC para o desenvolvimento, esboçando as intervenções chaves que são necessárias
para reforçar a integração regional e reduzir a pobreza numa base sustentável. O investimento no
domínio das infra-estruturas permanece uma prioridade para a região e já foi reconhecido como
a espinha dorsal da integração regional. O acesso à infra-estrutura desempenha um papel principal
permitindo a região a alcançar pelo menos uma taxa de crescimento económico de 7%, que é um pré-
requisito para a região atingir as metas dos ODM consagrados na Declaração do Milénio das Nações
Unidas de 2005. O Relatório revê o progresso registado nestas áreas.

Plano Mestre Regional sobre o Desenvolvimento de Infra-estruturas


Os Chefes de Estado e de Governo realizaram uma “Sessão de “Brainstorming” sobre as
Infra-estruturas com o intuito de Aumentar o Desenvolvimento de Infra-estruturas na SADC”
em Agosto de 2007. Enquanto resultados desta sessão, a Cimeira reconheceu a necessidade de
promover o investimento nas infra-estruturas, o desenvolvimento de um Plano Mestre Regional para
o Desenvolvimento das Infra-estruturas na SADC como uma base para servir de referência para o
desenvolvimento das infra-estruturas. O Secretariado, assistido pelo Cluster Ministerial de Infra-
estruturas e Serviços, foi orientado a formular uma estratégia para garantir a implementação rápida
e viável das infra-estruturas. É contra este pano fundo que um relatório abrangente sobre os êxitos,
desafios e propostas para o futuro foi elaborado para consideração e revisão a nível do Conselho e
da Cimeira.

Esta iniciativa serve igualmente de estratégia de resposta à decisão dos Chefes de Estado e de
Governo da SADC em reafirmar os marcos relativos ao alcance da Área de Comércio Livre, a União
Aduaneira e o Mercado Comum, no âmbito dos marcos estabelecidos no RISDP. Prevê-se que através
destas intervenções, alguns dos objectivos principais do RISDP, nomeadamente, reduzir os custos das
trocas comerciais na SADC, criar a competitividade produtiva e resolver os constrangimentos do lado
da oferta.

Redução da Pobreza
A região convocou a Conferência Internacional da SADC sobre a Pobreza nas Maurícias em Abril de
2008. Durante este foro os Chefes de Estado e de Governo da SADC identificaram os elos entre o
acesso à infra-estrutura e a redução da pobreza, orientado pelo princípio de acesso universal. Ao
estabelecer os próximos passos para a redução da pobreza, o desenvolvimento da infra-estrutura
estava no epicentro do Quadro Regional da Redução da Pobreza na SADC que deverá orientar a
região para garantir a implementação sistemática dos programas que contribuem significativamente à
redução da pobreza.
8
Nota Da Direcção De Infra-Estruturas E Serviços

Este relatório destaca o progresso alcançado na implementação dos programas do desenvolvimento


das infra-estruturas no âmbito dos cinco sectores de Energia, Turismo, Transportes, Comunicações e
TIC, assim como das Águas. Concluiu-se que apesar do bom inicio, principalmente, o estabelecimento
dos quadros legais e regulamentares para a cooperação, ainda há muito trabalho por fazer em relação
ao estabelecimento de instituições robustas e a implementação de projectos regionais. A maioria
dos projectos ainda se encontra nas fases de viabilidade e de concepção, enquanto que alguns já
passaram à fase de implementação. Um desafio comum abordado no relatório é como gerir o nexo
entre as políticas, as estratégias e os programas nacionais e regionais. Muitas vezes existem problemas
de interface, prioritização e sincronização entre os projectos nacionais e regionais. Esta situação agrava-
se devido aos constrangimentos financeiros e de capacidade humana aos níveis nacional e regional.

Este relatório revê o Programa da SADC sobre o Desenvolvimento das Infra-estruturas, concentrando-
se principalmente sobre os três “I” – Instrumentos, Instituições e Infra-estruturas. Estas três áreas
de intervenção estão interligadas e são os maiores contribuintes à implementação dos programas.

Quadro de Implementação dos Projectos


Os Estados-membros são responsáveis pela implementação dos projectos, e o Secretariado
desempenha o papel de coordenação, monitorização e reportagem. Devido aos constrangimentos
de capacidades a nível do Secretariado, e as disposições dos protocolos, vários órgãos regionais
foram constituídos na qualidade de subsidiárias da SADC nas áreas de energia, turismo, comunicações
e meteorologia. Estes órgãos, conhecidos por associações, foram encarregados a implementar os
programas das infra-estruturas enquanto centros de excelência, e têm contribuído significativamente à
entrega das infra-estruturas necessárias. Além disso, algumas instituições especializadas foram igualmente
designadas Agências de Implementação para certos projectos. Em qualquer das hipóteses, o sucesso
é sustentado pela vantagem comparativa destas instituições.

Sucessos
Embora tenha demorado algum tempo para recuperar o ímpeto perdido em relação à entrega dos
projectos de infra-estrutura, existem alguns êxitos notáveis que merecem ser celebrados.

No sector do turismo, os esforços sobre o marketing conjunto da SADC enquanto um destino único
já começa a dar frutos, e a finalização da Estratégia de Turismo sobre o Mundial de 2010 da FIFA foi
outro marco. No domínio da energia, a região operacionalizou centrais eléctricas que já contribuíram
3 140 megawatts para a Associação de Energia da África Austral, que tem aliviado as faltas energéticas
contínuas na região. Prevê-se que as faltas de energia na SADC fiquem resolvidas até 2013 a um custo
total de USD 17.4 mil milhões, que contribuirá 8 800 MW à Associação Energética. Vários projectos
estão em vias de implementação baseado no Plano da Associação de Energia da África Austral
concluído recentemente. É gratificante notar que os membros da Associação Energética assinaram
uma Garantia SAPP com a Eskom, garantindo que as empresas de energia fora da África do Sul se
comprometem a fornecer qualquer défice energético necessário para a electrificação adequada dos
jogos do Mundial de 2010 e todas as actividades associadas.

No domínio dos transportes, registou-se um progresso em relação à implementação da Estratégia dos


Corredores da SADC aprovada pelos Ministros em Maio de 2008. A convocação da Conferência
de Investimento sobre o Corredor Norte-Sul aumentou o ímpeto no fornecimento de infra-
estrutura relacionada ao corredor. Além disso, a liberalização do céu, enquanto parte da Decisão de
Yamoussoukro, tem sido animadora, considerando a sensibilidade prevalecente sobre a abertura dos
céus.

9
Nota Da Direcção De Infra-Estruturas E Serviços

A rede de conectividade inter-estado mínima da SADC está 80% completa, colmatando os desafios da
comunicação entre os outros Estados-membros. Diversos cabos submarinos já foram operacionalizados
com êxito ligando assim os países da SADC com o resto do mundo a custos consideravelmente
reduzidos.

No sector das águas, o acesso à água tem constituído uma prioridade, e no âmbito deste quadro,
vários projectos foram identificados sobre o abastecimento de água e saneamento. Logo que ficarem
concluídos, estes projectos devem promover o acesso à água assim como realçar o alcance das metas
dos ODM.

O financiamento dos projectos de infra-estruturas permanece o maior desafio, principalmente para a


infra-estrutura que tem conotações de um bem público, especialmente aqueles que não são atraentes
às parcerias público-privadas (PPP). Continua-se a envidar esforços para aproveitar o financiamento
para a elaboração, desenvolvimento e apresentação de projectos para garantir a disponibilidade
sustentável de projectos financiáveis.

Estados-Membros beneficiam dos Projectos das Infra-estruturas


Uma análise geral da forma em como os Estados-membros beneficiam do Programa da SADC sobre o
Desenvolvimento da Infra-estrutura Regional está incluída no Anexo apenso a este relatório.

10
Introdução

Introdução

O desenvolvimento das infra-estruturas e dos serviços é crítico para promover e sustentar o


desenvolvimento económico regional, as trocas comerciais e o investimento. O potencial do
aprofundamento da integração através da partilha da produção, gestão e operações das infra-
estruturas, pólos ou corredores de desenvolvimento é incalculável.

Há consenso geral que a infra-estrutura constitui o dinamizador principal do desenvolvimento


socioeconómico e o ponto de partida para o aprofundamento da integração económica regional, e a
revelação de oportunidades para o comércio, o desenvolvimento e a competitividade global.

Objectivos deste Relatório


Os objectivos deste relatório são:

•• Informar o Conselho de Ministros e os Chefes de Estado e de Governo sobre o âmbito e o ponto


da situação da implementação das infra-estruturas regionais, desde o início da implementação do
RISDP em Abril de 2009;

•• Identificar os desafios e as oportunidades relativas à implementação do programa das infra-


estruturas regionais;

•• Solicitar aprovação sobre a estratégia recomendada para a aceleração da implementação dos


projectos das infra-estruturas regionais;

•• Avaliação da liderança regional da carteira de projectos regionais prioritários em vias de


implementação, sobre os quais o Secretariado necessita de apoio.

Este relatório estabelecer a base para os futuros relatórios periódicos sobre o desenvolvimento
das infra-estruturas a serem submetidos ao Conselho, à Cimeira e às outras partes interessadas
pertinentes.

11
1. Historial

1. Historial

Âmbito e Contexto do Desenvolvimento de Infra-estruturas na


SADC
O fornecimento de infra-estrutura regional é um pré-requisito para atingir alguns dos objectivos
previstos no Tratado, nomeadamente:

•• Alcançar o desenvolvimento e o crescimento económico, aliviar a pobreza, realçar os padrões e


a qualidade de vida dos povos da África Austral e apoiar as pessoas socialmente desfavorecidas
através da integração regional;

•• Promover o desenvolvimento auto mantido na base da auto-suficiência colectiva, e a


interdependência dos Estados-membros;

•• Alcançar a complementaridade entre as estratégias e programas nacionais e regionais; e

•• Promover e optimizar o emprego produtivo e a utilização de recursos da região.

Os objectivos gerais do Programa da SADC sobre as Infra-estruturas Regionais são:

•• Garantir a disponibilidade de infra-estruturas suficientes e de custos mínimos de energia, transporte,


água e saneamento, e serviços de TIC e telecomunicações que possam contribuir para o alcance
da eficiência económica e da erradicação da pobreza, assim como garantir o uso ecologicamente
sustentável dos recursos energéticos;

•• Facilitar o desenvolvimento do turismo, assim como a comercialização da região enquanto um


destino turístico único multifacetado para alcançar o desenvolvimento social e económico, a
igualdade, o balanço, melhorar a qualidade, competitividade e padrões de serviço da indústria
do turismo na região;

•• Harmonização de políticas regionais, regimes regulamentares e legislativos e outros instrumentos


de política previstos nos Protocolos regionais e os anexos relevantes, assim como os convénios e
as normas globais e internacionais;

•• Criação de um ambiente propício para facilitar o investimento no domínio das infra-estruturas,


através do desenvolvimento de políticas institucionais, legislativas e regulamentares.

Acelerando o Ritmo da Integração Regional


O desenvolvimento de infra-estruturas foi identificado como o impulsionador chave do desenvolvimento
e da integração regional na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), e foi
prioritizado no Plano Indicativo Estratégico de Desenvolvimento Regional (RISDP) enquanto facilitador
do comércio e crescimento económico resultando na erradicação da pobreza.

Os Chefes de Estado e de Governo aproveitaram a oportunidade durante a Cimeira de Maseru em


2006 para deliberar a Aceleração da Agenda da Integração Económica Regional. O resultado da
sessão foi a reafirmação da necessidade de implementar os marcos relativos à agenda da integração
económica regional, conforme estabelecido no Plano Indicativo Estratégico de Desenvolvimento
Regional (RISDP).

As duas prioridades da SADC são a “Integração Económica Regional” e “Apoio à Infra-estrutura


para a Integração Regional e a Redução da Pobreza” conforme abraçados pelo RISDP - o plano
de desenvolvimento da SADC.
12 Como a SADC está comprometida à maior integração através das seguintes fases – Área de Comércio
Livre (2008), uma União Aduaneira até 2010 e um Mercado Comum até 2015 - torna-se essencial
1. Historial

que a região acelere o ritmo de implementação dos projectos das infra-estruturas. Os objectivos
destes regimes comerciais não podem ser realizados sem o fornecimento de infra-estruturas eficientes,
económicas e fiáveis. A implementação de dois protocolos chave é essencial para o Programa de
Acção da SADC na nossa região. Estes protocolos são o Protocolo sobre as Trocas Comerciais e o
Protocolo sobre a Facilitação da Livre Circulação de Pessoas. A circulação de pessoas constitui o
pilar principal das trocas comercias e a disponibilidade das infra-estruturas de transporte constitui um
elemento essencial para esta realização.

Reduzindo os Custos Comerciais na SADC


O acesso à matéria-prima e o aceso aos mercados de produtos acabados a custos económicos e
acessíveis constituem os elementos necessários para a produtividade global e a competitividade
comercial, se a região quiser erradicar a pobreza na base de um crescimento orientado pelas
exportações. O desenvolvimento das infra-estruturas na SADC contribuirá para resolver os
constrangimentos do lado da oferta e a optimização da competitividade produtiva da região. A fim
de atribuir uma vantagem competitiva à SADC, será necessário reduzir os custos comerciais através do
fornecimento de infra-estruturas económicas, que ofereçam o acesso aos mercados, à matéria-prima e
aos outros assuntos socioeconómicos indispensáveis.

Acesso Universal às Infra-estruturas e o Alcance dos ODM


O aumento do acesso às infra-estruturas pelas comunidades rurais desfavorecidas criará oportunidades
realistas para a SADC alcançar as metas estabelecidas pelos Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio (ODM), dentro dos prazos estabelecidos pela Declaração do Milénio das Nações Unidas.
O desenvolvimento das infra-estruturas, enquanto catalisador para o desenvolvimento humano, tem
assumido maior proeminência na nossa região. Um dos Estados-membros da SADC, a República Unida
da Tanzânia, adoptou a visão do desenvolvimento da infra-estrutura de tal maneira que estabeleceu
um Ministério de Infra-estruturas.

O acesso às infra-estruturas desempenha um papel crucial permitindo a região a alcançar pelo menos
uma taxa de crescimento económico de 7%, que é um pré-requisito para a região atingir as metas dos
ODM consagrados na Declaração do Milénio das Nações Unidas de 2005. Foi contra este pano fundo
que a Conferência Internacional sobre a Pobreza dos Chefes de Estado e de Governo da SADC foi
realizado nas Maurícias em Abril de 2008. A Conferência identificou a área chave do desenvolvimento
das infra-estruturas como uma parte integral do Quadro Regional da SADC sobre a Redução da
Pobreza, que confirma a importância deste sector em transformar a qualidade das vidas dos seus
povos.

Uma abordagem colectiva à implementação dos projectos das infra-estruturas regionais é a forma mais
segura de acelerar a integração regional. Os Estados-membros devem redobrar os seus esforços e
comprometerem-se de novo a trabalhar juntamente para entregar as infra-estruturas, de acordo com
o roteiro da região para a agenda de integração económica regional.

Deve haver uma mudança de paradigma em relação à forma em como a região da SADC procede. Os
actores chave no terreno são os Estados-membros, o Secretariado, ou Órgãos Regionais, as Agências
de Implementação e o sector privado.

Para a região superar os desafios do desenvolvimento das infra-estruturas, a SADC deve elaborar os
quadros legais e políticos através da formulação e adopção de instrumentos apropriados, tal como
protocolos, directrizes políticas e estratégicas, quadros regulamentares, e normas técnicas. Embora a
região reconheça a necessidade de um programa de intervenção de apoio à infra-estrutura acelerado
para resolver os assuntos da infra-estrutura “dura”, também se sabe que há necessidade em intensificar a
implementação de infra-estrutura “ligeira” para apoiar o desenvolvimento da infra-estrutura “dura”.

Embora se tenha verificado algum progresso em desenvolver a infra-estrutura “dura” e “ligeira”, incluindo 13
os quadros regulamentares, a região ainda não superou o desafio de executar os seus compromissos.
2. Mecanismos De Implementação

2. Mecanismos de Implementação

Papel do Secretariado e a Unidade de Coordenação do Projecto


(PCU)
Para operacionalizar eficientemente a integração de bens e mercados, é necessário implementar
infra-estruturas adequadas, acessíveis, e económicas em relação aos sectores dos transportes, energia,
comunicações, TIC e água, que está a ser realizado sob o tema “Apoio à Infra-estrutura para a
Integração Regional”. O ritmo de implementação das infra-estruturas não tem sido suficientemente
célere para resolver os requisitos do antecipado salto nas trocas comerciais regionais na SADC. Isto
constitui o maior desafio para a região em termos da facilitação do comércio e a eliminação das
barreiras não tarifárias (BNT).

Durante a Cimeira de 2007, os Chefes de Estado e de Governo da SADC deliberaram sobre o estado
da infra-estrutura na região e reviram os requisitos financeiros para aumentar a implementação da infra-
estrutura regional ou transfronteiriça. A sessão frisou a necessidade de reforçar o Secretariado para
permiti-lo a implementar os projectos de infra-estrutura rapidamente a fim de apoiar o processo de
integração regional.

A Cimeira, por conseguinte, sublinhou a necessidade de elaborar o Plano Mestre Regional da SADC
sobre o Desenvolvimento das Infra-estruturas (RIDMP) até Agosto de 2008, para adopção na sua
XXVIII Sessão Ordinária. Para este fim, a região estabeleceu um programa para realizar um estudo
visando a elaboração do Plano Mestre Regional sobre as Infra-estruturas, que deverá orientar a região
em relação à implementação das infra-estruturas transfronteiriças.

Reconhecendo a necessidade da implementação das infra-estruturas célere na região da SADC, a


fim de apoiar as exigências e o impulso rumo a integração, seguindo os regimes de comércio livre
pendentes, o Secretariado constitui uma “Unidade de Coordenação do Projecto” (PCU) de
Desenvolvimento das Infra-estruturas composto de peritos abrangendo todos os sectores da infra-
estrutura.

A PCU foi mandatada a realizar as seguintes tarefas:

•• Concentrar-se a tempo inteiro sobre a facilitação e coordenação dos programas de desenvolvimento


das infra-estruturas pelos Estados-membros, órgãos regionais, agências de implementação e outras
partes interessadas;

•• Coordenar o processo da preparação e desenvolvimento dos projectos a fim de elaborar


projectos financiáveis a serem apresentados aos investidores;

•• Identificar e angariar financiamento para a preparação do desenvolvimento de projectos e o


investimento nos projectos de infra-estruturas físicas;

•• Operar na qualidade de “guichet único” em relação à disponibilização de informação e relatórios


sobre os projectos das infra-estruturas da SADC aos protagonistas, outras partes autorizadas e
partes interessadas;

•• Coordenar a implementação do projecto através da participação nos “Comités Directores do


Projecto das Infra-estruturas Transfronteiriças, NEPAD e nas Instituições Financeiras de
Desenvolvimento”.

Neste sentido, cinco peritos foram destacados para a PCU. Estes incluem um Director do Projecto
da PCU, Perito de Transporte, Perito de Energia, Perito de Infra-estrutura de Água, e Perito de
TIC e Comunicações. A PCU enquanto unidade está delimitada junto da Direcção das Infra-estruturas
14 e Serviços e é responsável perante o Director (I&S). A PCU executa as suas funções durante o ciclo
2. Mecanismos De Implementação

do projecto – identificação, desenvolvimento, embalagem e implementação dos projectos de infra-


estruturas transfronteiriças, através da colaboração estreita com os Estados-membros da SADC, os
órgãos regionais, as instituições de desenvolvimento, o sector privado, e os parceiros de cooperação
internacional constituídos em grupos temáticos.

Quadro de Implementação do Projecto


A implementação da infra-estrutura segue os passos acordados desde o início do projecto,
nomeadamente, a embalagem, o investimento e a sua operacionalização. A SADC tem resultados
tangíveis para a implementação das infra-estruturas, e esses são os três “I”, nomeadamente, Instrumentos
(Memorandos de Entendimento Inter-Estado etc.), Instituições (isto é, estruturas multilaterais
transfronteiriças aos níveis politico e do projecto) e Infra-estrutura (relativa à implementação da infra-
estrutura física). Uma revisão da escala da implementação dos projectos está claramente associada ao
alcance destes três marcos milenário tangíveis.

Ao apresentar este relatório, faz-se referência ao ponto da situação destes três imperativos, como
forma de esclarecer os resultados relativos à implementação do projecto.

A Dimensão Tripartida COMESA-EAC-SADC no Desenvolvimento


das Infra-estruturas
As características sobrepostas dos membros das três comunidades económicas regionais – COMESA,
EAC e SADC, constitui um dos desafios chave relativos à agenda de integração económica regional.
Para evitar a duplicação dos projectos e programas de desenvolvimento de infra-estruturas, os
órgãos supremos das três CER decidiram instituir programas conjuntos de desenvolvimento das infra-
estruturas.

Depois da convocação bem sucedida da Cimeira Tripartido COMESA-EAC-SADC realizada em


Kampala em Outubro de 2008, as três CER decidiram desenvolver um Plano Mestre Conjunto de
Infra-estrutura Inter-regional que constituiria a base para o planeamento conjunto, a mobilização de
recursos e a implementação das infra-estruturas. A convocação bem sucedida da Conferência da
COMESA-EAC-SADC sobre o Investimento do Corredor Norte-Sul realizada em Lusaka em Abril
de 2009, assinalou o primeiro passo em reforçar esta colaboração. Aproximadamente, verbas no
valor de USD 1.2 mil milhões foram comprometidas durante a conferência para a implementação dos
programas de infra-estrutura em relação à infra-estrutura de energia e de transportes, assim como os
programas de facilitação das trocas comerciais. Desde a conferência, outros doadores e parceiros já
indicaram o seu apoio para a implementação das infra-estruturas no âmbito deste quadro. O trabalho
encontra-se numa fase avançada em relação ao desenvolvimento dos mecanismos de implementação
e à apresentação destes projectos para implementação no curto a médio prazo.

O CNS inclui:

•• O Corredor de Dar es Salaam liga o porto de Dar es Salaam à Província de


Copperbelt na Zâmbia/RDC;

•• O Corredor Norte-Sul (Durban) liga o porto de Durban a Copperbelt na Zâmbia/


RDC através Zimbabwe & Botswana. Um troço contínua para Malawi via Harare.

•• O CNS está interligado aos Corredores de Lobito, Trans Caprivi, Nacala, Beira,
Maputo e Trans Kalahari

15
2. Mecanismos De Implementação

Programa de Apoio ao Comércio do Corredor Norte-Sul


O Programa Piloto de Ajuda ao Comércio do Corredor Norte-Sul (CNS) é uma iniciativa conjunta
da COMESA-EAC-SADC que visa reduzir o tempo e, por conseguinte, os custos do transporte em
terra (rodoviário e ferroviário). Os custos elevados (principalmente para os países encravados) e as
demoras de trânsito acima da média resultam na produção e níveis comerciais reduzidos, que por sua
vez limita o potencial de aumentar as taxas de crescimento do PIB.

O Corredor apresentado na Figura 1 serve de espinha dorsal do transporte e logística regional com
esporas laterais, servindo nove países – Angola, Tanzânia, RD do Congo, Zâmbia, Malawi, Botswana,
Zimbabwe, Moçambique, e a África do Sul.

Trabalhando com o Grupo de Trabalho Tripartido da COMESA-EAC-SADC, o Regional Trade


Facilitation Programme (RTFP) financiado pela DFID identificou um conjunto de projectos de modo
holístico, sequencial e multimodal com o intuito de modernizar os sistemas de transporte pelo
Corredor Norte-Sul. Uma variedade de mecanismos de financiamento permitirá a correspondência
entre os diversos tipos de financiamento e os diferentes tipos de projectos concebidos para atrair o
financiamento público, privado e de desenvolvimento.

Figura 1: Diagrama Esquemático do Corredor Norte-Sul

De acordo com o supracitado, o Grupo de Trabalho Tripartido convocou uma Conferência de


Doadores em 6 – 7 de Abril de 2009, em Lusaka, Zâmbia, cujos objectivos foram:

•• Prestar apoio de alto nível para a implementação da decisão do Comunicado tomada na reunião
dos Chefes de Estado Tripartido da COMESA-EAC-SADC no dia 22 de Outubro de 2008 em
criar uma Área de Comércio Livre COMESA-EAC-SADC e harmonizar os planos de infra-estrutura
nestas três regiões;

•• Garantir os compromissos de apoio ao comércio dos doadores, das instituições de financiamento


16 internacional e do sector privado para retirar os constrangimentos de infra-estrutura impedindo
2. Mecanismos De Implementação

o progresso rumo às trocas comerciais, ao maior crescimento económico e à redução célere da


pobreza, principalmente, pelo Corredor Norte-Sul; e

•• Garantir os compromissos de ajuda ao comércio dos presidentes das três organizações regionais
para resolver os constrangimentos regulamentares e administrativos impedindo a expansão do
comércio regional e o crescimento económico.

Os resultados da Conferência de Investimento de Alto Nível são os seguintes:

•• O foro acordou sobre a importância crítica do compromisso político de alto nível a nível nacional
a fim de impulsionar e monitorar a implementação de reformas de política acordadas em prol
do aprofundamento da integração regional e da continuação deste debate durante a próxima
reunião do Conselho Tripartido;

•• O foro gerou apoio financeiro e técnico firme para o Corredor Norte-Sul. Os parceiros de
desenvolvimento comprometeram cerca de US$1.2 mil milhões para a modernização da infra-
estrutura rodoviária, ferroviária, portuária e energética, assim como apoiar a implementação dos
instrumentos de facilitação comercial.

•• O foro frisou a necessidade de desenvolver programas de apoio ao comércio semelhantes no


âmbito de outros corredores prioritários de transporte e trânsito regionais, notavelmente, melhorar
o Corredor Central do Porto de Dar es Salaam na Tanzânia até o Ruanda e Burundi; o Corredor
do Norte de Mombaça no Quénia até Uganda, Ruanda, Burundi e a RDC; e o Corredor Lamu –
Sul do Sudão – Etiópia.

•• O foro identificou a necessidade dos Estados-membros demonstrarem maior compromisso em


relação aos projectos e programas identificados, atribuindo o financiamento correspondente
e implementando e harmonizando as políticas e os regulamentos de apoio para estimular o
financiamento adicional e constante dos parceiros de desenvolvimento;

•• O foro sublinhou a necessidade de estabelecer um arranjo institucional para programar e gerir o


Modelo Piloto sobre o Programa Comercial do Corredor Norte-Sul; estabelecer um mecanismo
para aceder e desembolsar os fundos comprometidos; identificar lacunas de financiamento;
propor uma sequência de implementação; preparar projectos financiáveis; incluir a participação
do sector privado e ver como este pode complementar o investimento do sector público e o
financiamento para a implementação dos projectos das infra-estruturas;

O Secretariado da SADC tem trabalhado com os parceiros tripartido para estabelecer mecanismos
no sentido de alcançar os objectivos identificados. Estes incluem o estabelecimento de um quadro
institucional, um Fundo Fiduciário Tripartido a ser sediado e gerido pelo DBSA, as instituições de
gestão do projecto, desenvolver directrizes e procedimentos de desenvolvimento de projectos,
estabelecer critérios e procedimentos em relação à gestão financeira e à monitorização e avaliação
de projectos.

Plano Mestre Regional da SADC sobre o Desenvolvimento das


Infra-estruturas
O Secretariado da SADC lançou a elaboração de um Plano Mestre Regional da SADC sobre o
Desenvolvimento das Infra-estruturas consolidado, que servirá de base para a implementação das infra-
estruturas regionais. O Plano Mestre representará os requisitos mínimos de infra-estrutura necessários
para operacionalizar a União Aduaneira da SADC e o Mercado Comum, que deve ficar concluído
até Agosto de 2010.

A região já definiu os requisitos mínimos relativos às infra-estruturas para apoiar a operacionalização


efectiva da União Aduaneira e o Mercado Comum, conforme esposado pelos seguintes:
17
2. Mecanismos De Implementação

•• O Plano da Associação de Energia da África Austral que define os projectos a serem


implementados para garantir a energia adequada para a região durante o futuro previsível. O Plano
da Associação reflecte o programa de desenvolvimento das infra-estruturas relativo às centrais
eléctricas e os interconectores chave, com ênfase sobre o fornecimento de interconectores para
garantir que Angola, Malawi e Tanzânia sejam ligados à rede da Associação de Energia da África
Austral. A capacidade regional instalada nesta altura é 58 000MW e a capacidade garantida é 48
649 MW, face a uma procura de 47 680 MW, resultando num excesso de 879 MW;

•• A Rede Ferroviária Inter-regional da SADC (IRRN) com um total actual de 22 500 km, a Rede
Regional de Estradas Principais, com um total actual de 62,000 km. O Programa de Reabilitação,
Modernização e Expansão dos Portos e dos Cursos de Água Marinhos e Interiores está em curso.
Estes três programas têm um impacto directo sobre o Programa da SADC sobre o Desenvolvimento
das Infra-estruturas dos Corredores assim como o Programa da SADC sobre a Facilitação das
Trocas Comerciais e Transporte nos Corredores;

•• O Projecto Regional da SADC no domínio das Infra-estruturas de Informação (SRII) define a


rede básica de telecomunicações baseada em fibra óptica da SADC que está 80% concluída. Este
projecto facilitará as ligações da SADC com o resto do mundo, através, entre outros, o Projecto
submarino EASSy, a Rede de Infra-estrutura de Banda Larga do NEPAD e outras redes de cabos
submarinos este-oeste existentes;

•• O Programa Regional da SADC sobre o Desenvolvimento das Infra-estruturas Hídricas


Estratégicas (RSWIDP) que articula a infra-estruturas hídricas constituídas pelo abastecimento
de água e saneamento, água para a segurança alimentar, instalações de navegação, e água para a
geração hidroeléctrica;

•• O Programa sobre o Desenvolvimento de Áreas de Conservação Transfronteiriça da SADC


(TFCAs) que visa realçar as chegadas de turistas e as receitas nacionais numa base equitativa para
a região.

O processo do desenvolvimento das infra-estruturas é orientado por várias iniciativas, tal como o
quadro do NEPAD; a Cimeira Extraordinária da UA e a Cimeira da SADC sobre a Agricultura e a
Água; assim como a Cimeira Extraordinária da SADC sobre a Agricultura e a Segurança Alimentar; a
Declaração da SADC sobre as TIC; e as diversas Conferências da SADC sobre o Investimento; assim
como a necessidade de resolver as Iniciativas de Reconstrução de Pós Conflito em prol de Angola e da
RDC; e o proposto Plano Mestre Regional da SADC sobre o Desenvolvimento das Infra-estruturas.

O Papel dos Órgãos Subsidiários, Associações e Agências de


Implementação Regionais no domínio das Infra-estruturas na SADC
A região já estabeleceu Órgãos Subsidiários, conforme previstos nos diversos protocolos, no
domínio dos quatro sectores das infra-estruturas. Estes órgãos, constituídos enquanto Associações,
são compostos de reguladores nacionais ou fornecedores de serviços. Os Órgãos Subsidiários
foram mandatados a implementar os programas das infra-estruturas relativos ao desenvolvimento
regulamentar, de capacitação e de infra-estruturas na qualidade de centros de excelência. O
papel valioso desempenhado por estas instituições deve ser reconhecido. Os Órgãos Subsidiários
implementam os programas no âmbito do quadro estratégico do RISDP.

Estas subsidiárias são:

Sector de Energia
•• Associação Regional de Reguladores de Electricidade (RERA)

•• Associação de Energia da África Austral (SAPP)


18
2. Mecanismos De Implementação

Sector de Turismo
•• Organização Regional de Turismo da África Austral (RETOSA)

Transporte
•• Associação das Linhas Aéreas da África Austral (AASA)

•• Associação das Agências Nacionais Rodoviárias da África Austral (ASANRA)

•• Federação das Associações dos Transportadores Rodoviários da África Oriental e Austral


(FESARTA)

•• Associação da Administração Portuária da África Oriental e Austral (PMAESA)

Comunicações e Meteorologia
•• Associação dos Reguladores de Comunicações da África Austral (CRASA)

•• Associação de Telecomunicações da África Austral (SATA)

•• Associação dos Operadores Postais da África Austral (SAPOA)

•• Associação dos Reguladores Postais da África Austral (SAPRA)

•• Associação Meteorológica da África Austral (MASA)

Água
•• Organizações de Bacias Hidrográficas (RBO)

O Secretariado encarrega as instituições apropriadas na qualidade de Agências de Implementação


para realizar os programas em seu nome, tirando proveito da sua vantagem comparativa em termos
dos níveis de capacidades, capacidade de recursos humanos e representação de partes interessadas.

19
3. Análise Dos Programas Sectoriais

3. Análise dos Programas Sectoriais

Energia
Âmbito do Programa
O Sector da Energia tem por objectivo assegurar a disponibilidade de serviços de energia em
quantidades suficientes e ao mais baixo custo, assim contribuindo para a eficiência económica e a
erradicação da pobreza, ao assegurar o aproveitamento dos recursos energéticos de modo sustentável
para o ambiente.

O continente africano, com uns 13% da população do mundo, consome 6% da energia mundial e 3%
da electricidade produzida. O consumo de energia por capita ronda apenas os 0.6 MWh, em relação
à média global de 2.6 MWh. A região da SADC espelha esta situação, não obstante a abundância de
recursos energéticos como hidráulicos, biomassa de carvão e solar que, se bem aproveitados, podem
responder às necessidades projectadas da região em matéria da energia e até serem exportados. O
acesso à electricidade na Região é muito baixo, rondando uma média de 30%, desde 7% (RDC e
Malawi) e acima de 70% (África do Sul e Maurícias), face à média global de 75%.

Os objectivos da cooperação no domínio da energia são:


1. Harmonizar as políticas, as estratégias e os programas nacionais e regionais em aspectos
de interesse comum, assentes nos princípios de equidade, equilíbrio e benefício
mútuo.
2. Cooperar para o desenvolvimento e utilização em comum dos recursos energéticos,
para assegurar uma oferta segura e fiável e reduzir os custos.
3. Cooperar para o desenvolvimento e utilização de energia na Região nos seguintes
subsectores: madeira combustível, petróleo e gás natural, electricidade, carvão, fontes
de energia novas e renováveis, eficiência e conservação de energia, e outros temas
transversais de interesse para os Estados Membros.
4. Assegurar a disponibilidade de serviços energéticos fiáveis, contínuos e sustentáveis,
em modalidades eficientes e a preços competitivos.
5. Promover o desenvolvimento conjunto de recursos humanos e o reforço das
capacidades organizacionais no sector da energia.
6. Cooperar nas áreas da investigação, desenvolvimento, adaptação, disseminação e
transferência de tecnologias de energia a baixo custo.
7. Procurar alcançar a normalização no que respeita ao desenvolvimento e ao
aproveitamento apropriados dos recursos energéticos, a saber o recurso às
metodologias comuns e outras técnicas.

Embora estejam a ser envidados esforços no sentido de aumentar o acesso a energia moderna, a
Região vive uma escassez energética que tem vindo a afectar negativamente o comércio, a indústria,
a prestação de serviços sociais e, em geral, o desenvolvimento económico na Região. A Região
confronta-se com um défice energético pelas seguintes razões, entre outras:

•• Crescimento económico superior a 5% na maioria dos países membros da SADC, resultando num
crescimento sem precedentes no consumo e procura de energia.

20 •• Aumento da procura de metais de base, resultando no aumento dos preços dos metais no
mercado global e a criação de novas sociedades de exploração mineira na região da SADC nos
últimos anos.
3. Análise Dos Programas Sectoriais

•• Investimentos inadequados em infra-estruturas de produção e transporte de energia nos últimos


20 anos.

•• Os programas de electrificação contribuíram, até certa medida, para o aumento do consumo e


da procura.

Em 1999, a Associação de Energia da África Austral (Southern African Power Pool - SAPP) previu que,
até 2007, a região iria confrontar-se com uma redução da capacidade excedentária. Em sequência das
projecções efectuadas pela SAPP, foi criado um Grupo de Trabalho composto de Ministros da Energia
em 2004 para formular um programa visando responder à redução da capacidade excedentária na
região que, pouco a pouco, se tornara uma realidade. Efectivamente, em 2007, antes de poderem ser
implementadas quaisquer medidas, a situação de oferta-procura de electricidade na região da SADC
alcançou o ponto de instabilidade, conforme evidenciado pelas ocorrências frequentes de cortes de
energia e deslastros de cargas em praticamente todos os países da zona continental da SADC, assim
como em Madagáscar. Está previsto que esta situação se mantenha até 2012/13, data em que a oferta
de energia excederá a procura, se todos os projectos e demais medidas planeados para ultrapassar a
insuficiência forem implementadas [ver o Gráfico 1]..

Perante esta situação, o Conselho de Ministros da SADC comprometeu-se a abordar a escassez de


energia na Região como questão de prioridade.

Gráfico 1: Capacidade Prevista Versus Procura de Capacidade

80000
70000
60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Procura de Capacidade, MW Capacidade Prevista, MW

21
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Instrumentos
O Protocolo da SADC sobre a Energia, a Política e Estratégia de Cooperação da SADC no âmbito
da Energia e o Plano de Acção da SADC para o Sector da Energia fornecem o quadro geral para o
desenvolvimento do Plano de Actividades da SADC para o Sector da Energia, indicando as políticas e
as estratégias a serem perseguidas e transformadas em actividades. Devido a vários factores, entre eles
o profundo processo de reforma no sector da energia na região da SADC e o processo de transição
no próprio Sector da Energia da SADC, a maioria das iniciativas constantes do Plano de Acção ainda
não foram implementadas. Por conseguinte, afigurou-se necessário rever o Plano de Acção.

De acordo com a visão que orienta o Tratado da SADC, os princípios do Protocolo da SADC
sobre a Energia de 1996 e o Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP), os
Estados-membros comprometeram-se a desenvolver e aproveitar os recursos energéticos em apoio
do crescimento e do desenvolvimento económicos, alívio da pobreza e melhoramento dos níveis
e da qualidade de vida em toda a Região. Em consecução destes objectivos, os Estados-membros
promovem e encorajam a participação directa dos cidadãos e das comunidades no desenvolvimento
da energia, bem como na criação de um ambiente que permita a plena participação do sector privado
no desenvolvimento da Região.

Memorando de Entendimento Intergovernamental


Com vista a promover um sistema de energia integrado na região, fomentar o comércio da electricidade
e a utilização em comum da energia, e empreender uma planificação e desenvolvimento integrados
no sector da Energia, os Estados-membros assinaram um Memorando de Entendimento em 1995
destinado a estabelecer a SAPP retroactivamente no âmbito do Protocolo sobre a Energia. As empresas
de electricidade deram efeito a este Memorando de Entendimento ao assinarem um Acordo entre
si. Na sua reunião de 2002, os Ministros da Energia da SADC concordaram em formar a Associação
Regional dos Reguladores de Electricidade (Regional Electricity Regulators Association - RERA) com
vista a harmonizar o quadro regulamentar e criar um ambiente que favoreça o investimento no sector
energético da Região.

O Protocolo da SADC sobre a Energia também prevê a celebração de acordos entre 2 ou mais
Estados-membros e Estados não membros e entre empresas de electricidade com o intuito de
desenvolver projectos e planos comerciais em matéria da electricidade.

Mecanismos Institucionais
O Comité dos Ministros da Energia da SADC é o órgão de cúpula do sector regional da Energia.
Os Ministros, que respondem ao Conselho, reúnem-se anualmente para apreciar a situação relativa à
energia e dar orientações visando concretizar os objectivos do sector da energia da SADC.

Um Grupo de Trabalho composto de Ministros da Energia de Angola, Namíbia, África do Sul e


Zimbabwe foi criado em 2004 para definir um roteiro, em colaboração com os Estados-membros da
SADC, com vista a responder ao projectado défice e escassez de energia na região.

As seguintes estruturas foram adoptadas para impulsionar o roteiro para o desenvolvimento do sector
energético e acelerar a implementação de projectos.

Quadro Institucional para a Implementação de Projectos


•• Ministros da SADC responsáveis pela energia com poderes de fiscalização em relação
ao Roteiro dos Projectos no Sector Energético.
•• Grupo de Trabalho dos Ministros da Energia, responsáveis por fazer o
acompanhamento semestral do ritmo de implementação dos projectos no sector da
22
Energia e apresentar um relatório aos Ministros da Energia.
3. Análise Dos Programas Sectoriais

•• A Unidade de Coordenação de Projectos no Secretariado da SADC é responsável


pela coordenação estratégica da implementação dos projectos de infra-estruturas, a
saber o desenvolvimento de projectos, a sua apresentação, bem como o processo de
monitorização e apresentação de relatórios em conjunto com os estados membros, a
SAPP, a RERA e os Parceiros Internacionais Principais.
•• Os Comités Directivos, compostos de funcionários públicos, liderarão os projectos e
prestarão contas em relação à implementação dos mesmos.
•• As Equipas de Projectos, compostas de peritos técnicos das empresas de electricidade
dos Estados Membros, que podem ser de carácter nacional ou transnacional, serão
responsáveis pelas tarefas quotidianas e acompanhamento dos projectos específicos.
As Equipas de Projectos trabalharão com a SAPP com o intuito de promover uma
abordagem harmonizada em relação à implementação dos projectos. As Equipas de
Projectos prestarão contas aos Comités Directivos (patrocinadores dos projectos)
a nível nacional ou transnacional com respeito aos projectos multinacionais, p.ex. os
projectos Westcor e de interligação.
•• A RERA realizará o reforço das capacidades no âmbito do quadro regulamentar e
institucional para assegurar a criação de um ambiente propício ao investimento por
parte do sector privado e outros. A RERA será reforçada para assegurar que possui a
capacidade adequada para cumprir as suas responsabilidades no âmbito do quadro
aprovado.
•• Entidades Financeiras para Fins Específicos (SPVs) como o WESTCOR, serão encorajadas
a expandir, de modo a incluir representantes da SAPP nas suas Equipas e Projectos e
Comités Directivos. Outras SPVs serão criadas para facilitar a implementação colectiva
de projectos no domínio da energia ao promover as vantagens comparativas dos
respectivos Estados Membros.

A estrutura institucional para gerir o roteiro do sector energético regional e os projectos está
apresentada abaixo.

Conselho de Ministros

Ministros da SADC
Responsáveis pela Energia

Grupo de Trabalho dos Ministros


da Energia para projectos de
energia

Secretariado
da SADC

Comités Directivos para projectos


de energia (funcionários públicos)
PCIs
(Observadores)

RERA SAPP

Equipas de Projectos de Energia


(empresas de electricidade e outros) 23
Figura 2: Quadro Institucional para a Implementação de Projectos
3. Análise Dos Programas Sectoriais

A SAPP e a RERA continuarão a ser reforçadas para assegurar que existe a capacidade adequada para
implementar o Roteiro. Às duas entidades serão também concedidas as competências para poderem
liderar projectos no sector da energia.

O Grupo Temático da Energia (ETG) trata-se de uma estrutura auxiliar criada em 2007 para angariar
a ajuda financeira e o apoio técnico dos Parceiros Internacionais de Cooperação (PICs) com vista a
implementar os programas energéticos da SADC. O grupo congrega a Unidade de Energia da SADC,
os PICs no sector da energia, a SAPP e a RERA, e reúne-se bianualmente para apreciar o programa
energético e identificar as áreas de apoio. O PIC principal é a Noruega, através da Embaixada da
Noruega em Maputo.

Infra-estruturas no Sector da Energia


O desenvolvimento das infra-estruturas no sector da energia exige a expansão da capacidade de
produção de energia e a construção de linhas de transporte para promover a interligação regional. A
região apresenta uma interligação bastante boa, à excepção da Tanzânia, do Malawi e de Angola.

Conectividade
Regional de
Energia

Interconectores
Propostos
(linhas ponteadas)

Centrais de energia hidroeléctrica


Central de acumulação por bombagem
Central térmica

Figura 3: Interconectores Regionais de Energia no Continente

Em geral, a Região da SADC possui uma potência instalada de 55,927 MW, embora apenas uns 48,649
MW estivessem disponíveis em Abril de 2009. No que respeita à rede interligada da SAPP, a potência
instalada ascendia aos 53,445 MW e a potência disponível era de 46,772 MW em Abril de 2009,
face a uma potência de ponta de 43,267 MW em 2008 [Tabela x]. A fim de manter a margem de
reserva de 10.2%, a Região necessita apenas de 47,680 MW, resultando num aparente excedente de
968 MW. A potência excedentária resulta predominantemente da supressão da procura provocada
pela crise económica global, que obrigou várias indústrias a reduzir a procura. Esta não passa de uma
situação temporária e não deve ser motivo de complacência.

24
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Tabela 1: Situação da Oferta de Energia na Região

Potência
Potência Potência Instalada
Instalada Disponível menos
[MW] em [MW] em Potência Potência de
Empresa de Abril de Abril de Disponível Ponta em
País Electricidade 2009 2009 [MW] 2008 [MW]
Angola ENE 1,187 930 257 668
Botswana BPC 132 90 42 503
RDC SNEL 2,442 1,170 1,272 1,028
Lesoto LEC 72 70 2 108
Malawi ESCOM 287 267 20 260
Moçambique EDM 233 174 59 416
HCB 2,075 2,075 -  
Namíbia NamPower 393 360 33 430
África do Sul Eskom 44,170 40,483 3,687 35,959
Swazilândia SEC 70.6 70 1 200
Tanzânia TANESCO 1008 680 328 694
Zâmbia ZESCO 1,812 1,200 612 1,604
Zimbabwe ZESA 2,045 1,080 965 1,397
Total SAPP 55,927 48,649 7,278 43,267
Total interconectividade SAPP 53,445 46,772 6,673 41,645

A Região não tem conseguido concretizar os seus planos anuais de aumento de potência
principalmente devido aos atrasos de entrada em funcionamento em consequência directa da lentidão
na implementação dos projectos [ver a Tabela x em baixo]. A fim de ultrapassar a actual escassez de
energia, há que acelerar a implantação de infra-estruturas energéticas adicionais.

Tabela 2: Potência Prevista Versus Potência em Funcionamento (MW)

2004 - 2006 2007 2008


Potência Prevista 1,185 1,925 2,014
Potência em Funcionamento 998* 1,696 1,442
Défice 187 229 572
*valores aproximativos

Projectos de Transporte de Energia


A implementação de projectos transnacionais de transporte de energia é fundamental para a
interligação dos membros da SAPP que ainda não estão ligados à rede, facilitar as trocas comerciais
entre os países membros e aliviar o congestionamento de transportes que constitui um entrave para o
comércio na região. Segue um balanço dos principais projectos de transporte na região:

25
3. Análise Dos Programas Sectoriais

•• Projecto de Interligação Zâmbia – Tanzânia - Quénia

O progresso em relação a este projecto é fraco. O projecto confronta-se com desafios a nível da
coordenação. Ademais, há que identificar PPAs à altura de impulsionar o projecto. Porém, a SAPP
classifica este projecto como estratégico, uma vez que permitirá ligar a Tanzânia à rede da SAPP e
poderá ser utilizado para promover a partilha de energia com a África Oriental.

O Secretariado da SADC agilizará a aceleração do projecto no âmbito do mecanismo tripartido


entre a Comunidade da África Oriental, a COMESA e a SADC.

•• Projecto de Interligação Moçambique - Malawi

O Banco Mundial está a considerar financiar ambos os lados do projecto (Malawi e Moçambique).
O começo das obras em Moçambique está previsto para Julho de 2009, aguardando-se a
aprovação do parlamento do Malawi para iniciar as obras neste país.

•• Projecto de Interligação Zimbabwe–Zâmbia-Botswana-Namíbia (ZIZABONA)

O projecto está a progredir bem. As respectivas empresas de energia nomearam a empresa SAPP
CC como Coordenadora do Projecto. Um Memorando de Entendimento Intergovernamental
(MEI) foi elaborado e está em vias de ser finalizado. Este abrirá o caminho para a celebração de
um Acordo de Desenvolvimento em Comum relativo ao projecto, a ser assinado pelas respectivas
empresas de electricidade com vista à implementação do projecto.

•• Projecto da Linha Dorsal de Transporte de Energia em Moçambique

Foram preparados os Termos de Referência para o Estudo de Impacto Ambiental, que aguardam a
decisão “sem objecções” do Banco Mundial. Ainda está por ser finalizada a selecção dos Consultores
responsáveis pelos estudos de viabilidade (técnica, económica e financeira) do projecto.

•• Projecto WESTCOR

O progresso no projecto Westcor tem sido fraco, salientando a necessidade de ultrapassar as


inconsistências políticas que travam a mobilização de recursos e a implementação do projecto e
que provocaram o descarrilamento do projecto em 2007 – 2008. O Secretário Executivo (SE) da
SADC encontrou-se com Sua Excelência, o Presidente da RDC, para conversas sobre o projecto.

Num esforço para acelerar a sua implementação, a RDC comprometeu-se a apresentar uma
proposta para fortalecer a liderança do projecto e acelerar a sua implementação.

Um total de US$5.6 mil milhões é necessário para implementar todos os Projectos cruciais de transporte
de energia abaixo indicados.

26
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Figura 4: Projectos Regionais de Transporte de Energia

Resultados Alcançados

Harmonização legal, política e regulamentar

As políticas de energia na maioria dos Estados-membros da Região prevêem a reforma da Indústria da


Energia Eléctrica (IEE), o que inclui o estabelecimento de entidades reguladoras independentes da IEE.
Até à data, 9 Estados-membros formaram Entidades Reguladoras.

Entidades Reguladoras da IEE na Região da SADC


1. Conselho Nacional de Electricidade (CNELEC) de Moçambique
2. Electricity Control Board (ECB) da Namíbe
3. Energy Regulation Board (ERB) of Zâmbia
4. Energy & Water Utilities Regulatory Authority (EWURA) da Tanzânia
5. Instituto Regulador do Sector Eléctrico (IRSE) de Angola
6. Lesoto Electricity Authority do Lesoto
7. Malawi Energy Regulatory Authority (MERA) do Malawi
8. National Energy Regulator (NERSA) da RAS
9. Zimbabwe Electricity Regulatory Authority (ZERC) do Zimbabwe

27
3. Análise Dos Programas Sectoriais

A nível regional, a RERA promove a harmonização dos quadros regulamentares e trabalha no sentido
de: harmonizar os quadros nacionais das políticas de electricidade; acelerar o ritmo das reformas
na IEE e melhorar o controlo e o desempenho; desenvolver e implementar as políticas nacionais
necessárias; promulgar legislação que assegure a promoção de práticas de conservação de energia;
implementação de normas relativas ao aproveitamento eficiente da energia, possivelmente ao ponto
de abandonar o uso de iluminação incandescente; e incentivos para a gestão da procura.

Recuperação dos custos

Regra geral, as tarifas na região têm permanecido a níveis sub-económicos, não promovendo o
melhor aproveitamento da electricidade nem atraindo novos investimentos. Igualmente, as tarifas sub-
económicas têm promovido um comportamento prejudicial por parte dos consumidores no que
respeita à utilização ineficiente da energia eléctrica.

O Conselho de Ministros da SADC instruiu os Estados-membros a introduzirem, gradualmente, tarifas


custo-eficazes com base no quadro regional convencionado, de modo a atrair Produtores de Energia
Independentes para a região.

A SAPP, coadjuvada pelo DBSA, efectuou um Estudo de Tarifas, concebido como uma avaliação rápida
de âmbito restrito dos princípios e das metodologias de fixação de tarifas numa amostra de Estados-
membros da SADC, por forma a avaliar até que medida as grandes variações nas metodologias de
fixação de tarifas entre os Estados-membros constituem um entrave para o comércio regional de
electricidade e para o investimento em geral no sector da energia na Região. A fim de suplementar o
estudo, a RERA analisou os princípios que orientam a fixação de tarifas na região e propôs a adopção
de tarifas reflectivas dos custos. O estudo visa justificar a aplicação de tarifas reflectivas dos custos para
a implementação oportuna de novos projectos na área da energia na região. Em função dos factores
económicos, as tarifas médias no mercado de retalho são de 2.5 – 11.0 USc/kWh, enquanto que os
custos de produção variam entre 6 - 8 USc/kWh para a energia hidráulica até 22 USc/kWh para gás.

Três países, designadamente Namíbia, Zâmbia e África do Sul têm desenvolvido vias de migração no
sentido de aplicar tarifas sustentáveis.

Apresentação de Projectos

Foram criadas algumas entidades de apresentação e desenvolvimento de projectos, como o DBSA/


AFD-PPFS, NEPAD-IPPF administrado pelo BAfD e o FMO, para apoiar a preparação de projectos
regionais de infra-estruturas, inclusive no sector da energia. A SADC tem recorrido a estas entidades
para a apresentação dos seus próprios projectos de energia.

A SADC tem vindo a trabalhar em estreita ligação com o DBSA no sentido de preparar projectos até
a um nível bancável. Na última década, a SADC realizou duas conferências visando atrair investimentos
no sector da energia. A primeira conferência decorreu em Setembro de 2001 em Victoria Falls
(Zimbabwe), e foi seguida por uma segunda Conferência Regional de Investimento em Electricidade
(REIC), que decorreu em Windhoek (Namíbia) em Setembro de 2005.

Após a REIC, o DBSA acolheu a primeira Mesa Redonda de Investidores da SAPP e da RERA a 21
de Novembro de 2005 na África do Sul, em sequência ao pedido da SADC para que o DBSA
coordenasse os financiadores e investidores no âmbito dos ‘Projectos Prioritários de Energia’ na região
da SADC.

A REIC identificou um elenco de ‘Projectos Prioritários de Produção e Transporte de Energia’,


necessários para responder às necessidades de energia a curto e longo prazos na região, utilizando
critérios definidos [ver a Tabela xx]. A SADC depois instruiu a SAPP e a RERA a resolver a situação
da escassez de produção na região e angariar financiamentos para os projectos identificados. O
DBSA prestou assistência à SAPP e à RERA na realização da Mesa Redonda, com o intuito de atrair
o financiamento de projectos. Até à data, muitos destes projectos ainda não foram implementados,
28 embora tenha sido registado algum progresso. Face à actual crise energética registada na região da
3. Análise Dos Programas Sectoriais

SADC, em que quase todas as empresas de energia sofrem cortes de energia, tornou-se premente
acelerar a implementação de projectos. Isto exige a obtenção de financiamento para os projectos. Em
2007, os Ministros da Energia solicitaram à SAPP e à RERA que convocasse uma nova conferência de
investidores com o intuito de obter o compromisso dos investidores no que respeita aos projectos
de carácter crítico, que estão a 2 anos de encerramento financeiro. O DBSA ofereceu-se para
apoiar o processo ao contratar um consultor para compilar Relatórios de Informação de Projecto
(PIRs), que foram apresentados à Conferência de Mesa Redonda de Investimento da SAPP realizada
em Livingstone em Julho de 2009. A região já definiu um quadro para a classificação dos projectos
prioritários no sector da energia, conforme abaixo indicado.

Tabela 3: Critérios para a Selecção de Projectos


Item Aspectos
No Principais Peso 1 2 3 4 5
Abaixo da Acima da
% Fraco norma Norma norma Melhor
1 Dimensão do 15 <50 50-200 200-500 500-1000 >1000
projecto, MW
2 Custos nivelados 25 >=50 43 - 49 36 - 42 29 –35 <=28
no país (incluindo
linhas de
transporte), USD/
MWh

3 Aspectos / 10 >750km 101-750km 50-100 km <50km Infra-


estabilidade / estrutura
tecnologia de existente,
integração do integrar
transporte
4 Impacto 10 Pouco Impacto Predominan- Equilibrar Predominan-
económico impacto, nacional temente os temente
limitado a apenas impacto impactos impacto
uma area -empregos, nacional regionais e regional
pequena >PIB -empregos, nacionais -empregos,
>PIB e >PIB
algumas
vantagens
regionais
5 Percentagem 15
comprometida
para implanatacao
6 Contribuição 15 <20 21 - 35 36 - 50 51 - 80 >80
regional como %
da capacidade
do projecto
(includindo
substituição de
importações)
7 Número de 10 1 1 2 3 3
paises membros a
participar

29
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Mesa Redonda de Investidores

A Mesa Redonda da SADC sobre os Investidores foi realizada em Livingstone, na Zâmbia entre 15
e 17 de Julho de 2009. A Mesa Redonda. Os investidores expressaram interesse e compromisso
sobre os dez projectos que estão a dois anos de serem concluídos em termos financeiros. Outros
projectos da carteira da SAPP foram deliberados. A conferência criou igualmente um foro para as
partes interessadas identificarem formas em como eliminar os obstáculos relativos à implementação de
projectos. Os dez projectos são:

1) “Backbone” de Transmissão de Moçambique

2) Projecto de Centrais Térmicas de Benga

3) Projecto de Centrais Térmicas de Moatize

4) Projecto de Central Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa

5) Extensão da Margem Norte de Kariba

6) Projecto de Geração e Transmissão Itezh tezhi

7) Extensão da Margem Norte de Kariba

8) Interconector Zâmbia-Tanzânia-Quénia

9) Projecto de Transmissão ZIZABONA

10) Projecto de Transmissão Central

Mecanismos de financiamento e lacunas

O plano desenvolvido pela SAPP confirma as vantagens da coordenação dos investimentos no sector
da energia na Região, realizando assim uma poupança de custos no valor de US$48 mil milhões. A
um custo médio de US$1,700/kW, 33,000 MW foram comprometidos e foram obtidos a um custo de
cerca de USD 36,000 mil milhões.

Projectos de produção e défices financeiros associados

•• A reabilitação acrescentará um total de 1,379MW a um custo de US$1 mil milhões até


2008 - 2010. O défice de financiamento ronda os US$86 milhões para os 130 MW
identificados.

•• Os projectos de produção de curto prazo acrescentarão 5,961MW a um custo de


US$3.9 mil milhões até 2008 - 2010. Foi identificado um défice de financiamento de
US$85 milhões relativos a 100 MW.

•• Foi identificado um défice de financiamento de US$ 13.5 mil milhões para 8,800 MW
entre 2011-2013.

•• Os projectos de produção de longo prazo acrescentarão um total de 44,000MW a um


custo orçado em US$41.5 mil milhões até 2011 – 2025

•• Estima-se que o défice de energia a nível regional será ultrapassado em 2012/13, com
uma margem de reserva 10%, na condição de os projectos de energia entrarem em
funcionamento nas datas previstas.

30
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Desafios e constrangimentos

Grande parte dos equipamentos de produção e transporte de energia têm 20 anos ou mais e
apresentam uma necessidade premente de reabilitação e/ou substituição. Não se tem registado um
investimento significativo no âmbito da IEE nas últimas duas (2) décadas, o que tem vindo a contribuir
sobremaneira para a fraca prestação de algumas empresas de electricidade.

Entre os constrangimentos que mais têm contribuído para a lentidão de implementação de projectos
de energia, figura a fraca capacidade de apresentação de projectos dos Estados-membros e das
respectivas instituições, levando à impossibilidade de angariar o financiamento apropriado para
executar os projectos bancáveis.

Os projectos nacionais têm primazia sobre os projectos regionais, destacando o conflito entre as
políticas de auto-suficiência dos Estados-membros e as medidas de cooperação a nível regional.

Existe uma falta de coordenação dos projectos regionais transfronteiriços. Este desafio está associado
ao mecanismo de financiamento, assente em acordos bilaterais com os países anfitriões. Há que criar e
fortalecer as estruturas apropriadas para impulsionar a implementação dos projectos regionais.

Síntese dos Resultados no Domínio do Desenvolvimento dos Projectos Energéticos


Desenvolvimento de Energia
•• Conferência de Mesa Redonda sobre os Investimentos na SAPP foi realizada com êxito em
Livingstone, Zâmbia, em Julho de 2009, onde os investidores expressaram o seu apoio pelos
dez projectos da SADC bancáveis apresentados.
•• As centrais de produção de energia que entraram em funcionamento em 2007 na SADC,
acrescentaram 1700 Mega watts ao fundo de energia comum, contra uma meta de 2 251 Mega
Watts, sendo 962 Mega Watts provenientes da Eskom, 260 MW de Angola e 100 Mega Watts
de ZESA Hwange.
•• A centrais de produção de energia que entraram em funcionamento em 2008 na SADC,
acrescentaram 1442 Mega watts, contra uma meta de 2 014 Mega Watts, sendo 962 MW
provenientes da Eskom, 200 MW de Cabora Bassa (Moçambique), 300 MW de Zimbabwe
ZESA Hwange e 100 MW da TANESCO (Tanzânia).
•• O projecto Zimbabwe-Zâmbia-Botswana-Namíbia (ZIZABOZA), lançado com o objectivo de
fazer a interligação entre os quatro países e transferir energia entre eles na zona de Victoria
Falls- Livingstone-Pandamatenga-Caprivi.
•• A implementação dos projectos Itezhi-tezhi, Baixo Kafue, Kariba Norte (Zâmbia), Reabilitação
de Hwange (Zimbabwe), Centrais de Mmamabula e Morupule (Botswana), Mpanda Uncua
(Moçambique), interligação Zâmbia-Tanzânia-Quénia, Corredor Central de Transporte (CTC)
entre RDC-Zâmbia-Zimbabwe, a interligação Malawi-Moçambique, e a linha dorsal de Norte-
Sul de Moçambique está em curso.
•• Plano revisto da SAPP completado com o financiamento do Banco Mundial define a carteira de
investimentos regionais no âmbito das redes de produção e transporte de energia.
•• Estudo das Tarifas finalizado pela SAPP, que orientará os Estados-membros sobre a aplicação de
tarifas reflectivas dos custos, já há muito em disputa, para agilizar e fomentar o investimento.
•• Implementação de uma fiscalização regulamentar fortalecida com mais entidades reguladoras
nacionais estabelecidas nos Estados-membros, e harmonização da fiscalização reguladora a nível
regional sob a tutela de uma entidade regional, a RERA.
•• O Grupo de Embaixadores da SADC SAPP em Brasil, Reino Unido e Alemanha finalizou os
preparativos para as conferências de investimento no sector da energia da SADC em Rio de
Janeiro, Londres e Berlim, respectivamente.
31
•• Porém, o projecto WESTCOR não tem registado praticamente quaisquer progressos, levantando
a necessidade premente para os Chefes de Estado da WESTCOR se reunirem e traçarem o
caminho para o progresso no que respeita a este projecto.
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Sector de Energia da SADC de relance

Desafios Oportunidades
1. Tarifas de electricidade baixas e 1. Enormes recursos – carvão e
insustentáveis hidráulicos
2. Falta de capacidade para 2. Apoio dos parceiros de
preparação e apresentação de cooperação
projectos
3. Economias de escala para
3. Demasiada dependência na projectos regionais / de
ESKOM da África do Sul para exploração comum
assinar os Acordos de Aquisição
de Energia (AAE) para garantir o 4. Serviços de desenvolvimento de
financiamento de projectos projectos de energia

4. Modelo de comprador único que 5. Conferência anual de


desencoraja clientes viáveis em investidores
participar nos AAE
5. Financiamento de Projecto
complexo liderados pelos
mutuantes

Energia
Ameaças Realizações
1. Aumento na procura de energia 1. Plano de exploração comum
2. Estados-membros dão primazia desenvolvido
aos projectos nacionais, face aos 2. Estudo das tarifas completado
projectos regionais
3. Quadro legal e regulador existente
3. Crise financeira global – redução
de investimento estrangeiro 4. Medidas de DSM em curso

4. Instabilidade política nas áreas de 5. Algumas empresas de


recursos electricidade a aplicar tarifas
reflectivas do custo
5. Mudança climática

32
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Turismo
Antecedentes
A indústria do turismo tem registado um forte crescimento à escala global. É importante que a região
da SADC não seja excluída deste mercado de nicho, uma força motriz importante para o crescimento
económico. As receitas do turismo na região da SADC e, por conseguinte, a contribuição deste sector
para o PIB é de 55% do resto do mundo. Afigura-se fundamental que continuemos a explorar formas
inovadoras de expandir a despesa por parte do nosso sector de turismo.

A indústria do turismo na região está a apostar em atrair 3 por cento da quota do mercado global
de turistas até 2015. Esta meta, quando concretizada, criará 4 milhões de empregos na SADC, assim
promovendo o objectivo de erradicar a pobreza e alcançar os ODMs, sobretudo no seio das mulheres,
jovens e portadores de deficiências. Nessa data, está previsto que o sector venha a contribuir 3.5 por
cento para o Produto Interno Bruto (PIB) da região.

Uma infra-estrutura de turismo robusta e uma estratégia comum regional de marketing são elementos
fundamentais para aprofundar a integração e o desenvolvimento neste sector.

O programa de Turismo da SADC é administrado a nível operacional pela Organização Regional


do Turismo da África Austral (RETOSA), uma subsidiária da SADC, à qual foi concedida autonomia
operacional em 2008.

Âmbito do Programa de Turismo


O Protocolo da SADC sobre o Desenvolvimento do Turismo prevê a promoção agressiva da região
como “destino único mas multifacetado capitalizando sobre as forças comuns e salientando as atracções
turísticas de cada Estado-membro”, e na facilitação da circulação intra-regional ao remover as restrições
de viagem e de vistos e harmonizar os processos de migração.”

A Promoção de Investimentos em Infra-estruturas e Produtos Turísticos foi identificada como prioridade


no plano estratégico regional da SADC, tratando-se de um objectivo estratégico no Plano de Acção
do Turismo do NEPAD, aprovado pela União Africana em 2004.

O sector do turismo visa assegurar a participação de pequenas e médias empresas, comunidades


locais, mulheres e jovens no desenvolvimento do turismo na região, e sobretudo na promoção do
Turismo Comunitário que apresenta oportunidades importantes para as comunidades locais.

Pontos Salientes dos Progressos Alcançados no Sector : Instrumentos Capacitadores


Entre as metas definidas pelos Estados-membros da SADC figura a introdução do visto universal,
concebido nos moldes do Visto Schengen, até 2009. O sistema de Visto Único da SADC facilitará
a circulação intra-regional ao remover as restrições de visto e harmonizar os processos de migração,
assim permitindo que os turistas que visitam a África do Sul para o Mundial de 2010 possam entrar
em todos os países da SADC com um único visto e facilitando a travessia nas fronteiras dos turistas
internacionais. O processo de criação do Visto Universal visa introduzir o enquadramento até ao
Campeonato Africano das Nações de 2010 em Angola e o Mundial na África do Sul em 2010.

Animados pelo Protocolo sobre a Facilitação da Circulação de Pessoas na SADC, assinado em Agosto
de 2005, pelo menos sete países na região assinaram acordos bilaterais renunciando à necessidade de
visto para os seus respectivos cidadãos.

A harmonização de políticas, legislação e normas no sector do turismo está em curso, cuja finalização
está prevista para finais de 2009.

Os Estados-membros da SADC demonstraram a sua vontade política de estabelecer Áreas de


Conservação Transfronteiriças (TFCAs) e uma abordagem regional no que toca à conservação da 33
3. Análise Dos Programas Sectoriais

biodiversidade e desenvolvimento do turismo, ao celebrar acordos bilaterais e multilaterais de TFCA,


e ao assinar o Protocolo sobre a Conservação da Fauna e Aplicação da Lei Inerente.

Este Protocolo consagra os fundamentos da cooperação e integração regionais no que respeita à


conservação e gestão da fauna, e compromete os Estados-membros da SADC no sentido de
“promover a conservação dos recursos partilhados de fauna bravia através da criação de áreas de
conservação transfronteiriças.”

O Protocolo define uma TFCA como “ a área ou componente de uma grande região ecológica e
atravessa as fronteiras de dois ou mais países e abrange uma ou mais zonas protegidas, bem como
áreas de utilização múltipla.”

Embora o estabelecimento e o desenvolvimento de uma TFCA seja da responsabilidade dos países


individuais, a Organização Regional do Turismo da África Austral (RETOSA) está bem posicionada para
as promover, ao abrigo do programa ‘África Austral sem Fronteiras’.

A SADC também lançou uma Estratégia de Turismo 2010, que prevê o acolhimento e a promoção
conjuntos do turismo durante o mundial de 2010 que será disputado na África do Sul. Sob a tutela da
Organização Regional do Turismo da África Austral (RETOSA), as TFCAs foram seleccionadas como
projectos ancora para o Projecto de 2010. Estão em curso esforços para desenvolver as infra-estruturas
nas TFCAs que integram o Programa de 2010. Um programa exaustivo de desenvolvimento de infra-
estruturas (alojamentos e acessos) está em curso nas TFCAs que integram o Projecto Âncora de 2010,
liderado pela África do Sul..

TFCA’s previstas para 2010

TFCA’s no resto da SADC

Figura 5: Mapa das Áreas de Conservação Transfronteiriça (TFCA) na SADC


(http://environment.gov.za)

Síntese dos Resultados no Sector do Turismo


•• Estratégia de Turismo para o Mundial de 2010 na África do Sul e o Campeonato Africano das
Nações em Angola finalizada e em curso.
•• Criação do Visto Único na SADC em curso.
•• Isenção de Vistos na SADC também em curso.
•• Desenvolvimento de importantes infra-estruturas em designadas Áreas de Conservação
Transfronteiriça (TFCAs), liderado pela África do Sul, à semelhança dos projectos âncora para
34 o Mundial de 2010 a ser disputado na África do Sul.
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Transportes
Âmbito do programa
O programa da SADC relativo ao sector dos transportes abarca o transporte rodoviário, o transporte
ferroviário, os portos, as vias navegáveis marítimas e fluviais, e os transportes aéreos. As principais
áreas de intervenção neste sector incluem o desenvolvimento de infra-estruturas de transporte, a
harmonização de políticas, o reforço das capacidades, e a facilitação dos transportes e do comércio.
O desenvolvimento de infra-estruturas de transporte visa apoiar o estabelecimento da Zona de
Comércio Livre (2008), seguida da União Aduaneira (2010) e, por fim, do Mercado Comum (2015)
na SADC.

O sector de transportes da SADC adoptou como objectivos principais:

•• Agilizar a integração das redes de transporte através da implementação de políticas, legislação,


regras, normas e procedimentos harmonizados;

•• Eliminar ou reduzir os obstáculos (barreiras não tarifárias) e impedimentos à circulação de pessoas,


mercadorias e serviços, assim assegurando a competitividade das mercadorias e dos serviços da
SADC;

•• Promover o investimento público e privado a fim de desenvolver, preservar e melhorar as infra-


estruturas estratégicas e viáveis de transporte.

•• Este sector encontra-se em vias de preparação de vários instrumentos destinados a nortear o


desenvolvimento das infra-estruturas de transporte. Alguns dos quadros principais encontram-se
delineados em baixo, com uma indicação do progresso alcançado em relação a cada um.

Portos e Transportes Marítimos

Segurança nos portos

Nos dias que correm, a indústria internacional dos transportes marítimos está concentrada nos aspectos
relacionados com a segurança dos navios e dos portos. Alguns portos da SADC já realizaram auditorias
de segurança ou prevêem realizá-las em breve. O Secretariado está em vias de desenvolver um plano
regional exaustivo visando melhorar a segurança nos portos da Região. Este processo será executado
em estreita colaboração com os Escritórios da OMI em Nairobi e com a Associação de Gestão dos
Portos da África Oriental e Austral (PMAESA) em Mombaça, no âmbito da Convenção Internacional
para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS).

Com esta finalidade, o Secretariado, em colaboração com a OMI e a PMAESA pretende convocar um
Workshop Regional sobre a Segurança Marítima em Mombaça, no Quénia, em Setembro de 2009,
com o intuito de formular uma estratégia e um roteiro para o melhoramento da segurança nos portos.
A estratégia incluirá também um programa para mobilizar a acção colectiva internacional no sentido
de combater e eliminar a pirataria, que não só constitui uma ameaça à indústria e uma violação das
disposições da OMI, como coloca o risco de se alastrar para outras partes do mundo.

O Projecto do canal Shire-Zambeze

Três Estados-membros, designadamente o Malawi, Moçambique e a Zâmbia, empreenderam consultas


extensas em relação ao Projecto do canal Shire-Zambeze que, quando implementado, constituirá uma
linha de salvação para o Malawi, a Zâmbia e até para o Zimbabwe. Para este fim, as partes estão em vias
de finalizar o Memorando de Entendimento visando a realização de um estudo de viabilidade para o
projecto, cujas conclusões irão determinar as medidas a serem tomadas.

35
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Caminhos-de-ferro

Directrizes para o Transporte de Produtos Perigosos

O Manual da SADC para o Transporte de Mercadorias Perigosas está a ser revisto, tomando em linha
de conta o disposto na Convenção sobre a responsabilidade civil pelos danos causados durante o
transporte de mercadorias perigosas por via rodoviária, ferroviária e por vias navegáveis interiores e
alterações da Convenção, embora a Convenção não tenha ainda entrado em vigor.

Revisão das Concessões Ferroviárias da SADC

Os Ministros da SADC responsáveis pelos Transportes analisaram, através de um estudo, a gestão


e os mecanismos operacionais e recomendaram que fosse encetada uma revisão das Disposições
Legislativas Modelo da SADC no domínio dos caminhos-de-ferro para responder às deficiências
identificadas no estudo.

Infra-estruturas

Existe a necessidade de assegurar a disponibilidade de infra-estruturas ferroviárias na região para


recuperar o protagonismo dos caminhos-de-ferro na oferta de transportes regionais. Actualmente,
a oferta de transportes de superfície na região é inadequada e desequilibrada. A situação favorece
fortemente os serviços rodoviários, resultando numa rápida danificação das infra-estruturas rodoviárias,
congestionamento nas fronteiras, custos elevados de transporte e atrasos nas logísticas do transporte.
Tais programas responderão também à necessidade de resolver a questão da deterioração provocada
pelo adiamento das obras de manutenção e da construção dos troços ferroviários em falta e melhorar
as ligações intermodais (rodovia/ferrovia).

Moçambique, Namíbia e Angola têm registado um progresso significativo no que respeita ao


desenvolvimento e à reabilitação de infra-estruturas. Em Moçambique, a reabilitação da linha de
Sena a partir do porto da Beira tem avançado bem no sentido de fazer a ligação com as minas de
carvão de Moatize. A Namíbia está em vias de estender a linha ferroviária para o norte de Windhoek,
atravessando Ondangwa até à fronteira de Oshikango/ Santa Clara. Angola, no âmbito dos projectos
“Angoferro”, está a desenvolver, em quatro fases, um programa visando reabilitar a rede ferroviária,
recuperar e modernizar as infra-estruturas para a bitola “Cape Gauge”, interligando os três sistemas
nacionais e fazendo a ligação directa com todos os países vizinhos (Namíbia, Zâmbia, RD Congo,
Congo) e Cabinda.

O Lesoto e a África do Sul continuam a investigar a viabilidade de construir uma linha-férrea ligando a
parte oriental e a parte ocidental do Lesoto ao sistema da linha-férrea de mercadorias da Transnet.

Transporte Aéreo

Segurança nos Transportes Aéreos

O Secretariado da SADC coordenou e facilitou a implementação da Fase I do projecto COSCAP-


SADC, que deu início em Abril de 2008 com o recrutamento de dois Peritos da Organização da
Aviação Civil Internacional (OACI) contratados para executar as tarefas identificadas como sendo
críticas para o processo de estabelecimento da Organização da Segurança regional (SASO).

O Secretariado encontra-se agora em vias de implementar o Plano de Acção para o desenvolvimento


dos Regulamentos Genéricos e Procedimentos Técnicos para a Fase II, que norteará a harmonização
das normas de segurança da aviação nos Estados-membros da SADC.

O Secretariado também está a envidar esforços no sentido de identificar e obter fontes alternativas
de financiamento, com o objectivo primordial de dar continuação à implementação da Fase II do
COSCAP-SADC e sustentar as operações da SASO (quando essa for estabelecida).
36
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Segurança da Aviação

A Região da SADC pretende alcançar o seguinte:

•• Desenvolver e implementar o Programa Regional de Aviação Civil em conformidade com as


normas da OACI de modo a definir a Política Regional de Segurança da Aviação; e

•• Desenvolver e implementar um Programa Regional de Controlo de Qualidade da Segurança da


Aviação Civil, que constituirá o órgão de inspecção responsável por assegurar o cumprimento do
Programa Regional de Segurança da Aviação Civil (CASP).

O Projecto CASP-SADC está a ser implementado em conformidade com os requisitos da Organização


da Aviação Civil Internacional.

Liberalização dos Transportes Aéreos

Resultados Alcançados.

O Secretariado criou instituições para coordenar a implementação das medidas necessárias para a
liberalização dos mercados dos transportes aéreos no seio da COMESA, da EAC e da SADC, no
âmbito da Decisão de Yamossoukro da UA sobre os “Céus Abertos”. A Autoridade de Concorrência
Conjunta da SADC foi criada para coordenar a implementação até Janeiro de 2010.

Com o intuito de ajudar os Estados-membros da SADC a implementar a Decisão de Yamossoukro,


o Secretariado realizou um Estudo subordinado ao tema “Uma Avaliação dos Potenciais Impactos
da Decisão de Yamoussoukro sobre a Política de Céus Abertos na Região da SADC”. Os seguintes
desafios foram identificados: capacidade das instituições regionais, interligação e preços vantajosos,
legislação rotativa e benefícios mútuos.

O Secretariado da SADC, com a colaboração da Comissão Europeia, contratou um Consultor que


iniciou o seu trabalho em Junho de 2009 para realizar um estudo para examinar a “Situação da
Implementação da Decisão de Yamossoukro na SADC”;

Projecto do Centro de Controlo do Espaço Aéreo Superior (UACC).

A SADC desenvolveu um projecto, o UACC, destinado a criar um centro de controlo consolidado via
satélite, custo-eficaz e eficiente.

Resultados Alcançados

A SADC realizou um estudo de viabilidade relativo ao Projecto UACC, finalizado em Julho. O estudo
concluiu que o UACC era viável e produziu um Anexo ao Protocolo da SADC dos Transportes,
Telecomunicações e Meteorologia (PTCM), que deverá ser assinado pelos Estados-membros que
pretendem participar no UACC.

Uma vez assinado o Anexo ao Protocolo e identificados os Estados participantes do Projecto UACC,
alguns dos aspectos principais a serem abordados incluem: identificação do local mais indicado para
a Sede do UACC, definição do conjunto de mecanismos necessários para o bom desenvolvimento,
implementação e funcionamento do UACC, e desenvolvimento de um plano eficaz e prático para
assegurar a transição das operações relativas ao espaço aéreo inferior e superior (conforme apropriado)
dos actuais prestadores de serviços para o UACC.

Em conformidade com uma decisão dos Ministros da SADC responsáveis pelos Transportes, o
Secretariado está em vias de coordenar um estudo das receitas e dos custos do UACC, com um
parecer jurídico do Projecto do Anexo ao Protocolo e do quadro para a implementação conjunta do
projecto no âmbito do quadro Tripartido COMESA-EAC e SADC.

37
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Transporte Rodoviário

Resultados Alcançados

Taxas Rodoviárias

A fim de reforçar a iniciativa dos corredores de transporte da SADC, a região encontra-se em vias de
desenvolver e implementar um novo regime harmonizado de taxas rodoviárias na SADC até 2010.
Foi alcançado o consenso em relação à consolidação das taxas a serem cobradas aos utilizadores das
estradas, incluindo a introdução da legislação necessária para agilizar a consolidação, definição das
taxas a serem cobradas dos utilizadores das estradas a serem calculadas com base numa fórmula e
modalidades convencionadas para a cobrança das taxas rodoviárias – o sistema de senha foi aceite
como a modalidade preferencial.

Harmonização dos Equipamentos, Dimensões e Cargas das Viaturas

A SADC encontra-se em vias de implementar um programa visando desenvolver directrizes e normas


regionais harmonizadas no que respeita aos equipamentos, dimensões e cargas das viaturas. O
programa foi aprovado pelos Ministros responsáveis pelos transportes, e um Plano de Acção está a
ser desenvolvido.

Controlo de Sobrecargas

O programa de Controlo de Sobrecargas em Viaturas visa desenvolver normas harmonizadas e um


regime regulamentar destinado a proteger as estradas e as pontes regionais dos danos provocados
por sobrecargas.

O Secretariado da SADC tem vindo a colaborar com o Mercado Comum da África Oriental e Austral
(COMESA) e os escritórios na África Austral da Comissão Económica das Nações Unidas para a África
(UNECA) no Comité de Coordenação dos Transportes nas Comunidades Económicas Regionais,
estabelecido ao abrigo do Programa de Políticas dos Transportes para a África Subsaariana (SSATP) no
sentido de harmonizar as políticas, as normas e os procedimentos de controlo de sobrecargas.

Em conformidade com a decisão dos Ministros, o Secretariado está em vias de desenvolver um Plano
de Acção para implementação.

Acordo Multilateral de Transportes Rodoviários (MRTA)

Entre outros aspectos, o Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional da SADC visa
liberalizar os mercados regionais dos transportes e harmonizar os regulamentos, as normas e as políticas
em matéria dos transportes. O Secretariado está em vias de elaborar um MRTA, um instrumento que
irá substituir a multiplicidade dos acordos bilaterais celebrados entre os Estados-membros e agilizar a
liberalização do mercado regional dos transportes.

Revisão da Rede Regional de Estradas Principais (RTRN)

A região criou uma Rede Regional das Estradas Principais, objecto de revisão anual. O RTRN norteia o
desenvolvimento das redes rodoviárias nos corredores aprovados da SADC.

Projecto da Ponte de Kazungula

O Posto Fronteiriço de Kazungula está localizado entre o Botswana e a Zâmbia através do rio Zambeze.
A travessia do rio Zambeze é realizada presentemente pelo ferry que transporta cerca de 30 camiões
por dia, sendo este processo moroso e propenso a acidentes, contribuindo às demoras e aos elevados
custos de transporte. Neste sentido, a travessia do rio constitui uma barreira significativa ao movimento
de bens na África Austral. Praticamente todo o tráfego entre a África do Sul, Botswana, Moçambique,
Zimbabwe, Zâmbia, Congo, Tanzânia, e Malawi depende deste corredor de transporte específico.
38
A construção da Ponte de Kazungula realçará as operações de transporte ao longo do corredor
regional norte-sul, que liga as regiões ricas em minerais da Zâmbia e da República Democrática do
Congo ao Botswana e ao porto de Durban na África do Sul. Além disso, a construção da Ponte
3. Análise Dos Programas Sectoriais

de Kazungula promoverá a indústria local na Zâmbia, Zimbabwe e Botswana. A redução dos custos
de transporte resultará na descida dos preços ao consumidor dos produtos agrícolas, assim como
o desenvolvimento das actividades socioeconómicas ao nível da comunidade. Este aumento na
actividade económica local pode resultar numa subida das receitas tributárias para o governo local.
Devido à sua importância, a SADC designou o Projecto da Ponte de Kazungula um projecto principal
para a região.

A Agência de Cooperação Internacional do Japão ( JICA) encomendou um estudo por Nippon Koei
e Oriental Consultant. O estudo, publicado em Março de 2001, confirmou a viabilidade técnica e
económica do projecto. O Banco Africano de Desenvolvimento está presentemente a patrocinar o
estudo em relação à viabilidade económica e à concepção detalhada da Ponte de Kazungula, das
Instalações de Controlo Fronteiriço, e das Instalações das Portagens, a ser realizado por Consultant
EgisBceom International. O estudo deverá ficar concluído no final de 2009. Prevê-se que a construção
própria deverá começar em 2010 a um custo total de cerca de USD 82 milhões, e mais US$ 30
milhões necessários para as instalações de controlo fronteiriço.

39

Figura 6: RTRN da SADC Revisto 2009


3. Análise Dos Programas Sectoriais

Seguro Contra Terceiros

O programa visa harmonizar as três principais modalidades de seguro contra terceiros aplicadas no
transporte transfronteiriço na região da SADC (Cartão Amarelo na COMESA, Imposto de Combustível,
e pagamento nos postos fronteiriços). A maioria do trabalho foi concluída em 1999, data em que
esforços foram envidados para aplicar a modalidade do Cartão Amarelo da COMESA em todos os
países da África Austral e Oriental. Foi proposto um estudo que visa beneficiar a região da SADC
em geral, mas especificamente os seguintes Estados-membros: Angola, Botswana, RD Congo, Lesoto,
Moçambique, Namíbia, África do Sul, e Swazilândia. Está previsto que o estudo venha a beneficiar as
entidades de tutela dos transportes rodoviários, como também os próprios operadores, a indústria
seguradora regional, e os exportadores. Em consequência dos constrangimentos de financiamento, o
estudo será realizado pela própria SADC através de um Grupo de Trabalho.

Em 2008, a SADC adoptou uma Estratégia e Directrizes para os Corredores, assim adoptando
uma abordagem coordenada relativa à implementação dos Corredores da SADC. Os
objectivos estratégicos do programa são:
•• Aumentar as taxas de crescimento e desenvolvimento regional e nacionais
•• Aprofundar a integração económica das economias da SADC
•• Promover a complementaridade das estratégicas económicas entre os estados da SADC
de modo a criar estruturas de produção competitivas na região.
•• Melhorar a competitividade internacional das mercadorias de exportação da SADC,
sobretudo para os países em zonas sem litoral.
•• Aumentar o comércio intra-regional para superar os desequilíbrios históricos
•• Mobilizar fluxos de investimento directo estrangeiro
•• Promover uma distribuição espacial mais equitativa das indústrias e agro-indústrias

Programa da SADC para o Desenvolvimento dos Corredores de Transporte

Âmbito do programa

O desenvolvimento de uma rede rodoviária regional está consagrado no Protocolo da SADC dos
Transportes, Telecomunicações e Meteorologia que encoraja os Estados-membros a desenvolverem
corredores integrados de comércio e promover assim as trocas comerciais e a integração económica
regional. No contexto do transporte de superfície, está prevista ligação dos portos principais da
SADC por redes rodoviárias e ferroviárias ao interior e aos países sem litoral. O Secretariado está
a recuperar o tempo perdido durante a transição da SATCC para um Secretariado centralizado da
SADC. O programa dos corredores tem sido progressivamente revisto e adaptado às novas realidades
da integração regional dos mercados, à medida que a SADC evolui de uma Zona de Comércio
Livre para uma União Aduaneira e, eventualmente para um Mercado Comum. Neste processo, os
corredores de transporte continuam a constituir os quadros principais para a implementação, sendo
os elementos capacitadores do comércio regional e a livre circulação de bens e pessoas.

Actualmente, o programa concentra-se nos três “I”s; Instrumentos – elaboração e assinatura de


instrumentos legais de governação; Instituições – criação de instituições nacionais e regionais
para a gestão e coordenação conjuntas das operações, harmonização de políticas e regulamentos;
Infra-estruturas – desenvolvimento e planeamento conjunto de infra-estruturas, implementação e
mobilização de recursos para a reabilitação, modernização e expansão de infra-estruturas.
40
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Figura 7: Mapa dos Corredores de Transporte da SADC

O mecanismo institucional para a gestão das operações dos corredores e implementação de projectos
encontra-se ilustrada de seguida:

41
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Estratégico Indicativo de
Desenvolvimento Regional

SDI da SADC
Estratégia relativa a Corredores

Coordenação/ Integração de Transportes, Facilitação


de Comércio e Transito e Desenvolvimento de
Infra-estruturas

Lobito Durban-Martinis Lobito

Norte-Sul
Drift-Kazungula-
Ocidental

Oriental
Bas Congo Bas Congo
Corredores

Lusaka-Lubumbashi
Namib Namib
Trans-Kalahari Durban-Beit Bridge- Trans-Kalahari
Harare-Chirundu-
Trans-Cunene Lusaka-Lumbashi Trans-Cunene
Trans-Caprivi Trans-Caprivi
Durban-Beit Bridge-
Harare-Lilongwe

Estados Membros, CERs,


Reforma, simplificação e harmonização
(estudos, melhores práticas,

CMCs e associações

Implementação por
Partilha de Informação e

Investigação/Diálogo
relativo a Políticas
lições e modelos)

industriais
Conhecimentos

Operacional

Institucional
Regulamentar

Processual
Política

Legal

Planeamento, desenvolvimento, construção, manutenção e integração


das infra-estruturas do Corredor. (Estradas, caminhos-de-ferro, OSBP,
básculas, paragens para camiões, doca seco, portos, etc.)

Mobilização de Recursos
(Coordenação com Parceiros de Cooperação e Investidores, etc.)

Figura 8: Corredores de Transporte - Estruturas e Processos Institucionais

Resultados Alcançados

Instrumentos

•• Acordo sobre o quadro legal proposto e instituições de governação, coordenação e gestão do


Corredor Norte-Sul.

•• Desenvolver um projecto de Memorando de Entendimento para o Corredor Trans-Cunene a ser


assinado pela Namíbia, Zâmbia e RDC
42
•• Todos os Estados-membros que integram o Corredor de Dar es Salaam assinaram a constituição
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Instituições

•• A Fase I do projecto COSCAP-SADC começou em Abril de 2008 com o recrutamento de dois


peritos da OACI para avaliar até que medida os Estados-membros colmataram as deficiências
identificadas pelo Programa Universal de Auditoria da Supervisão da Segurança (USOAP) da
OACI, realizado desde 1999;

•• Todos os Sub-comités Sectoriais dos Transportes de Superfície foram ressuscitados e as


suas primeiras reuniões foram realizadas em 2008. Isto forneceu a fiscalização e a orientação
imprescindíveis para o desenvolvimento e a implementação do programa de transportes,
assim passando a responsabilidade pelo programa para os impulsionadores e campeões mais
indicados.

•• Operacionalização da Unidade de Coordenação de Projectos de Infra-estruturas junto do


Secretariado da SADC, na sequência do recrutamento dos Peritos, do seguinte modo:

•• Assessor de Infra-estruturas, financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento, que assumiu


o seu cargo em Abril de 2009 na Unidade de Coordenação de Projectos de Infra-estruturas
junto do Secretariado; e

•• Assessor de Coordenação dos Corredores, financiado pelo Programa Regional de Facilitação


do Comércio [DFID], que assumiu o seu cargo em Fevereiro de 2009, em conformidade com
as recomendações do Estudo da SADC relativo ao Desenvolvimento e SDI dos Corredores;
o Assessor também se integra na Unidade de Coordenação de Projectos de Infra-estruturas
do Secretariado.

•• Convocação de Workshops em matéria dos corredores, visando estabelecer comités de gestão


dos corredores e um programa de acção para os respectivos corredores.

•• Prestar assistência às instituições de gestão dos corredores no que respeita ‘a implementação


dos projectos de infra-estruturas nos corredores. Existem Comités de Gestão nos corredores de
transporte de TKC, Maputo, Dar es Salaam e Central.

•• Recrutamento de um Director Executivo a tempo inteiro junto do Secretariado

Infra-estruturas

•• Actualização do RTRN e chegar a um acordo sobre a sua adopção por todos os Estados-
membros.

•• Aprofundamento dos projectos de engenharia, económico-financeiros e ambientais para a Ponte


de Kazungula

•• Finalização de Chirundu como Posto Fronteiriço de Paragem Única entre Zimbabwe e Zâmbia no
CNS. Chirundu será oficialmente aberto como o primeiro PFPU na SADC em Setembro de 2009

•• Estudos de viabilidade para estabelecer Postos Fronteiriços de Paragem Única nas seguintes
fronteiras foram finalizados ou estão em curso: Mamuno/Transkalahari (Botswana/Namíbia), Katima
Mlilo/Wenela (Zâmbia/Namíbia), Kazungula (Botswana/Zâmbia), Oshikango/Santa Clara (Namíbia/
Angola), Corredor de Nacala (Moçambique, Malawi, Zâmbia).

•• As partes interessadas concordaram em estabelecer um PFPU em Beitbridge (África do Sul /


Zimbabwe).

43
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Vista aérea de Beitbridge, do lado do Zimbabwe. A fronteira mais movimentada na SADC. É


de notar o tráfego em sentido sul em fila na auto-estrada de acesso ao posto fronteiriço.

Síntese dos Resultados no Sector de Transporte

•• Estratégia da SADC para o Desenvolvimento das Infra-estruturas dos Corredores aprovada


pelos Ministros em Maio de 2008.

•• A estratégia regional relativa aos corredores está a ser implementada no âmbito dos 3”I”s, ou
seja, Instrumentos (assinatura de Memorandos de Entendimento até ao nível de Chefes
de Estado), Instituições (estabelecimento de estruturas transfronteiriças nos Estados-
membros para implementar os Corredores) e Infra-estruturas (com enfoque para o
desenvolvimento de infra-estruturas nos corredores).

3.4 Cluster dos Corredores Ocidentais (Trans Kalahari, Trans Cunene, Trans Caprivi,
Namibe, Lobito (Benguela), Malanje)

•• O Corredor de Lobito está previsto para ser finalizado em 2015.

•• O Corredor de Trans-Kunene na Namíbia ampliou a linha ferroviária de Tsumeb a Ondangwa


até à fronteira de Oshikango com Angola (Angola ainda está por cumprir a sua parte do
acordo ao ampliar a Linha Namib-Lubango até à cidade fronteiriça de Onjiva e integrá-la com
a rede Trans – Namib).

•• Construção de estradas e pontes nos Corredores de Walvis Bay, Trans-Kalahari e Trans-


Caprivi.

•• O Secretariado deu início a um programa relativo ao Corredor da RDC.

•• Desafiar a falta de Memorandos de Entendimento. O progresso no que respeita às estruturas


transfronteiriças para o desenvolvimento dos Corredores está a abrandar.

Cluster dos Corredores Orientais (Corredores Central, Dar es Salaam, Mtwara, Nacala,
Shire-Zambezi, Beira e Maputo)

44
3. Análise Dos Programas Sectoriais

•• Criação da Entidade de Administração do Corredor no Corredor de Dar es Salaam. Director


Executivo a tempo inteiro recrutado; o Secretariado entrou em pleno funcionamento.

•• Preparação do Projecto em fase avançada no Corredor de Mtwara, em colaboração com a


SADC e o BAD.

•• Programa de Reabilitação do Corredor de Nacala lançado com o apoio do BAD, e


Secretariado da SADC como agência de implementação.

•• Reabilitação da Linha Beira-Sena completada até Moatize, e o projecto será prolongado em


território do Malawi através da Concessão de RITES.

•• Prosseguimento do estudo de viabilidade sobre o Projecto Shire-Zambezi, com o financiamento


da COMESA e coordenação pela SADC aguardando finalização de um Memorando de
Entendimento por Malawi, Moçambique e Zâmbia.

•• O Corredor de Desenvolvimento de Maputo foi completado e implementado sob a


fiscalização dos Chefes de Estado, e constitui um modelo para a SADC.

•• Mudar o enfoque para o Corredor de Desenvolvimento dos Lebombos (Moçambique-


Swazilândia-RAS) e a facilitação do Projecto dos Caminhos-de-Ferro do Lesoto.

•• Convocação dos Chefes de Estado que integram o Corredor de Investimento Norte-Sul


em Lusaka, Zâmbia, e USD 1.2 mil milhões angariados para impulsionar o projecto, a saber o
estudo de viabilidade e o projecto da Ponte de Kazungula (em curso), consenso e roteiro
para a remoção de engarrafamentos em Beit Bridge, lançamento do Posto Fronteiriço de
Paragem Única em Setembro de 2009, adopção do Modelo do Quadro Legal Zimbabwe-
Zâmbia para um Posto Fronteiriço de Paragem Única pelos outros Estados-membros.

•• Estudo sobre a optimização do transporte de mercadorias em curso para determinar as


melhorias de estruturas necessárias e respectiva projecção nos postos fronteiriços principais
que ligam a África do Sul aos países vizinhos.

Transporte Aéreo

•• Liberalização Gradual dos Céus ao abrigo da Decisão de Yamoussoukro (DY) em curso,


sobretudo entre a África do Sul e Namíbia, (até 12 frequências diárias), RAS-Zimbabwe (até
11 frequências diárias), RAS-Zâmbia (até 8 frequências diárias), e RAS-Moçambique (até 7
frequências diárias). Noutras áreas, as frequências são desanimadoras.

•• O percurso Luanda-Joanesburgo continua a sofrer pelas restrições da BASA. Uma maior


abertura é desejável.

•• A Zâmbia assumiu a liderança no que respeita à implementação da DY ao conceder direitos


de quinta liberdade à Ethiopian Airlines (Lilongwe-Lusaka), Kenya Airways (Lilongwe-Lusaka),
Air Namíbia (Lusaka-Johannesburg-Lusaka), Air Zimbabwe (Lusaka-Lubumbashi-Lusaka).

•• Os aeroportos OR Tambo e da Cidade do Cabo (RAS) estão a ser submetidos a uma


expansão extensa, à semelhança do aeroporto Sir Seretse Khama e Francistown, existindo
planos para a expansão e modernização dos aeroportos de Maun e Kasane (Botswana).

•• Proposta em curso para a relocalização dos aeroportos de Luanda e Durban.

•• Completado o projecto conceitual do Upper Air Space Control Center (UACC) da SADC
45
e estrutura financiada.
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Transporte na SADC de relance

Desafios Oportunidades
1. Atrasos na oferta e manutenção e 1. Apoio pelos investimentos em infra-
infra-estruturas estruturas para 2010
2. Cooperação entre as CERs 2. Redes relativamente bem integradas
3. Integração dos planos nacionais e 3. Legado de cooperação da SATCC
regionais
4. Investimentos pelos parceiros de
4. Harmonização de leis, cooperação e sector privado
regulamentos e políticas
5. Países na retaguarda podem
5. Reconstrução e reintegração dos beneficiar das evoluções
estados saídos de conflitos – tecnológicas
Angola, RDC

Transportes
Ameaças Realizações
1. Recessão global e queda no 1. Criação de instituições dos
financiamento de infra-estruturas corredores

2. Desequilíbrios nas modalidades de 2. Lançamento de Posto Fronteiriço de


transporte – capacidade rodoviária Paragem Única em Chirundu
inadequada 3. Implementação da DY
3. Segurança 4. US$ 1.2 mil milhões angariados na
conferência do CNS
4. Mudança climática
5. Programas de expansão e
6. Pandemias globais modernização completados –
portos, estradas, caminhos-de-ferro
e aeroportos

46
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Sector de Comunicações e TIC


Âmbito do Programa
Os desenvolvimentos consideráveis ocorridos nas últimas duas décadas, tanto no campo tecnológico
como do Mercado, tiveram como resultado mudanças significativas nas suposições e práticas que
influenciaram previamente os debates sobre políticas e a disponibilização (roll out) de serviços na
região da SADC. A reestruturação do sector de comunicações e das TIC resultou em mudanças nos
quadros legislativos e reguladores na maioria dos Estados-membros da SADC, se não em todos eles.
Os Estados-membros testemunharam a liberalização do sector e a introdução da concorrência que
levou a mais entidades do sector privado a assumirem o papel de actores em segmentos do mercado.
Este desenvolvimento, e o crescimento que o acompanhou, em termos de utilizadores móveis teve
como resultado uma mudança do foco tradicional de operadores de serviços de linha fixa para
serviços de comunicações móveis sem fios, o que resultou, por sua vez, em implicações significativas
no desenho e na implementação das políticas e metas de Acesso Universal.

Isto está em linha com o objectivo do sector que é aproveitar as vantagens dos desenvolvimentos
tecnológicos internacionais e desenvolver redes de telecomunicações nacionais para a provisão
de serviços de telecomunicações que sejam eficazes, fiáveis e preços de acesso aceitáveis a fim de
garantir serviços adequados de alta qualidade e eficazes, para se alcançar serviços de acesso universal
e reforçar a interconectividade na Região e a nível mundial.

Quadros Institucionais e Reguladores


Existem quatro agências executoras da SADC no âmbito do sector de Telecomunicações/TIC,
nomeadamente, a Autoridade Reguladora de Comunicações da África Austral (CRASA), acolhida
pela República do Botswana, e a Associação de Telecomunicações da África Austral (SATA), acolhida
pela República de Moçambique, a Associação dos Operadores Postais da África Austral (SAPOA),
acolhida pela África do Sul e a Associação dos Reguladores Postais da África Austral (SAPRA) acolhida
pela República do Malawi. Estas agências executoras foram criadas ao abrigo do número 13 do Artigo
13º do Protocolo da SADC sobre Transportes, Comunicações e Meteorologia.

Convergência das Plataformas Tecnológicas das TIC


Há também necessidade que a SADC reconheça o facto de que a convergência das plataformas
tecnológicas das TIC está a acelerar a capacidade de utilização da rede única para providenciar
uma variedade de serviços, para redes diferentes providenciarem serviços similares e para permitir a
modificação de redes existentes para que ofereçam uma grande variedade de novos serviços.

Vantagens competitivas com base nas TIC para a SADC


Existe agora, mais do que nunca, uma maior oportunidade para a SADC ter uma vantagem competitiva
em relação a outras regiões na arena mundial, dado que a Região da SADC já se lançou no processo
de introdução de quadros jurídicos e reguladores eficazes que podem criar o ambiente favorável
necessário para apoiar a confiança do público e criar o ambiente que garanta a estabilidade, a
transparência, a concorrência, o investimento, a inovação e o crescimento no Sector da Informação e
da Comunicação.

Harmonização da Política das TIC


A Região da SADC continuou a implementar a dedicar-se à harmonização da agenda de Políticas e
Regulamentos das TIC. A Região tem estado a formular as directrizes para as melhores práticas em
termos dos regulamentos de Comunicação e TIC a serem adoptados pelos seus Estados-membros,
numa tentativa de coordenar as reformas reguladoras e permitir que a Região alcance uma maior
credibilidade, encorajando, assim, o fluxo de investimento estrangeiro para a região da SADC. 47
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Por outro lado, foram providenciadas várias ferramentas e plataformas para que os reguladores das TIC
da SADC incrementem a sua capacidade de passarem com sucesso, nos seus respectivos mercados
internos, dos “monopólios naturais” para os mercados liberalizados.

Abordando os desafios de harmonização das TIC


As tecnologias e os serviços cada vez mais inovativos, que estão a ser desenvolvidos, trouxeram com
eles os desafios inerentes à maneira como os reguladores das TIC estão a funcionar. A necessidade
de actualização dos conhecimentos dos reguladores das TIC, sobre as tendências das questões
reguladoras, tornou-se pertinente. A fim de poder fazer face ao desafio, a Região lançou-se na
realização, numa base trimestral, de Fóruns regionais sobre as TIC que servem de plataforma para
debater as questões e preocupações nesta área. Algumas das áreas temáticas para as discussões dos
fóruns são as seguintes:

•• Aliança Regional no Desenvolvimento de Infra-estruturas de TIC

•• Migração para a rede IP

•• Tecnologias sem Fios de próxima geração

A SADC convocou um workshop de intervenientes para desenvolver uma política e o quadro


regulador e as modalidades dos serviços de Roaming “Home and away” da SADC. Foi estabelecido
um Grupo de Trabalho da Aliança Regional (RATT) integrando representantes do Secretariado da
SADC, dos operadores de redes móveis na região da SADC, CRASA, SATA, Associação GSM (África)
e do Fórum Parlamentar da SADC, como observador, de modo a garantir que os serviços “Home and
Away” da SADC se tornem uma realidade.

Desenvolvimento de Infra-estrutura de Comunicação e de TIC

Resultados alcançados.

Desenvolvimento de redes e serviços de Telecomunicações e de TIC de natureza regional que


respondam às diversas necessidades do comércio e da indústria em apoio aos programas regionais
de desenvolvimento socioeconómico. Para concretizar esta missão, a SATA está a implementar vários
projectos e iniciativas através dos seus membros, incluindo programas de capacitação dos recursos
humanos.

Projecto Regional de Infra-estrutura de Informação da SADC (SRII)

A implementação do Projecto Regional de Infra-estruturas de Informação da SADC (SRII), que foi


dividido em três fases a curto, médio e longo prazo, tem avançado bastante bem com a conclusão das
actividades a curto prazo (digitalização e conexões de transmissão) e a médio prazo (expansão das
conexões de transmissão digitalizadas). Contudo, por finalizar está a implementação a longo prazo que
inclui “auto-estradas” regionais de transmissão por fibra.

A implementação a longo prazo permanece em 80% e as “auto-estradas” de transmissão regional por


fibra ainda têm falta de alguns elementos em termos de Capacidade e Tecnologia. Reconhecendo
as deficiências indicada acima, os Directores Executivos da SADC constituíram um grupo de trabalho
designado Backhaul Working Group que analisa a implementação da Rede Mínima da SADC que, se
for concluída, interligará todos os seus membros aos vários sistemas de cabos submarinos incluindo o
Sistema do Cabo Submarino da África Oriental (EASSy) com sistema de fibra de banda larga de mais
alto nível. Esta rede mínima é parte da implementação do Projecto SRII a longo prazo. A tabela abaixo
reflecte as conexões que ainda faltam no SRII.

48
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Tabela 4: que faltam (Fonte: Secretariado da SATA)

País Conexões que ainda faltam (Fibra Óptica)

Angola Para a Namíbia (até à fronteira da Namíbia)


Para o Cabo EASSy através da Zâmbia
Botswana Via Zimbabwe até à Beira (Moçambique)
Via Zâmbia até Dar-es-Salam (Tanzânia)
Malawi Para a Beira (Moçambique)
Para Dar-es-Salam (Tanzânia)
Zâmbia Para a Beira via Zimbabwe
Para Dar-es-Salam via Nakonde/Tunduma
Zimbabwe Para a Beira (Moçambique)
Para Mtunzini (África do Sul)
RDC Para Luanda via Cabinda
Para Lusaka via Lubumbashi

O mapa abaixo reflecte o mapa esquemático do SRII e a sua conectividade com o Projecto EASSy
submarino.

Legenda:
Conexão operacional
como necessário
Configuração mínima
existente – necessita de
melhoria com OFC
Conexão ainda não
disponível

Figura 9: Rede de Transmissão Mínima

49
3. Análise Dos Programas Sectoriais

A 13 de Maio de 2009 teve início um estudo de viabilidade actualizado, para facilitar a implementação
das conexões que faltam na Transmissão Backhaul, que foi financiado pelo Banco Africano para o
Desenvolvimento (BAD) e espera-se que o relatório final esteja pronto até ao fim de Agosto de 2009.
A firma Pricewaterhouse Coopers LLP, contratada pela SATA está a realizar o estudo de viabilidade
actualizado.

A União Internacional de Telecomunicações está a financiar a segunda Fase do Projecto SRII que inclui
o Projecto de Pontos de Intercâmbio de Tráfego da Internet (IXP). As componentes dos projectos
incluem comutação, facturação, gestão de rede e sistemas IP. A parte do desenho do projecto foi
finalizada em 2006 e está a ser utilizada como uma directriz pela SATA na implementação e na
migração para as Redes de Próxima Geração (GNG) para todas as plataformas IP. Os detalhes são
providenciados na Figura 10 abaixo.
RDC

TÂNZANIA

ZÂMBIA

MAURÍCIAS
MOÇAMBIQUE

SUAZILÂNDIA

ÁFRICA DO SUL LESOTO

Figura 10: Fase II de SRII – Plataforma IN/IP

Sistema de Cabo Submarino EASSy

Generalidades

EASSy é um sistema de duas fibras e tem como base a arquitectura de “collapsed ring”, que providencia
um elevado grau de solidez, elevada confiança e baixa perda de comunicação. Segue-se abaixo uma
imagem que mostra o sistema de cabo e de pontos de ligação.

50
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Figura 11: Estrutura de apropriação do EASSy

O diagrama seguinte reflecte a estrutura de apropriação do sistema de cabo.

Instituições de
Financiamento ao Empréstimo (longo prazo)
Desenvolvimento (DFIs)

Western Indian Ocean Cable Co Ltd Aquisição de Capacidade WIOCC


WIOCC

Aquisição de
Capacidade Equidade EASSy
Operadores
das Partes
do EASSy

Operadores
das Partes Aquisição de Capacidade
do EASSy (Directo)

Figura 12: Estrutura de Implementação e Apropriação do EASSy

Esta conectividade submarina é suplementada pelas redes backhaul de fibras ópticas terrestres que
atingem o interior do continente Africano para interconectar 10 países do interior sem litoral e
providenciar encaminhamento entre os pontos de ligação – assegurando que o tráfego dos clientes
ainda atinge o seu destino, mesmo no caso de uma interrupção catastrófico.

51
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Informação Técnica

Comprimento do sistema: 10,800 km


Ligações: 10
Transmissão: SDH
Tecnologia: Multiplexagem densa por Divisão de Comprimento de
Onda (DWDM), Amplificação óptica directa
Topologia: Amplificação óptica directa istema de par de 2 fibras
configurado como “collapsed ring”
Capacidade última proposta por par de fibras:
68 comprimentos de onda por par em 10 Gbps
Capacidade total 1.4 Tbps
Vida útil do desenho do sistema: 25 anos
Fornecedor: Alcatel-Lucent
Custo: US$260 milhões

A solução submarina tem como base a plataforma submarina do sistema DWDM de nova geração da
Alcatel-Lucent 1620 Light Manager (LM) e inclui também os cabos e os repetidores submarinos. As
unidades de ramificação garantirão a conectividade directa aos pontos de ligação (landing stations),
onde Alcatel-Lucent colocará o seu Metro Core Connect (MCC) 1678 para interligação terrestre. O
sistema de gestão Alcatel-Lucent 1350 supervisionará todo o equipamento fornecido.

Registaram-se progressos consideráveis em relação ao projecto e o cabo submarino deve estar pronto
para dar início aos serviços em Junho de 2010. As Redes de serviços terrestres Backhaul de Fibra
Óptica (Sistema Backhaul da África Austral - SABs) e o Sistema Backhaul do Norte de África (NABs)
devem estar prontos seis (6) meses antes do EASSy estar pronto para iniciar os seus serviços.

Infra-estrutura de redes de TIC de Banda Larga do NEPAD para a África Oriental e


Austral
A implementação da Infra-estrutura de redes de TIC de Banda Larga do NEPAD é regida pelo
Protocolo sobre a Política das TIC e o Quadro Regulador, também conhecidos pelo Protocolo de
Kigali. Dez (10) Estados-membros assinaram o protocolo antes do prazo de Novembro de 2006 e
desses 10 signatários 6 ratificaram o Protocolo. Os Estados-membros que ratificaram o Protocolo são:
Lesoto, Malawi, Maurícias, África do Sul, Tanzânia e Zimbabwe.

Realizou-se, em 2008, uma reunião de Ministros dos países signatários do Protocolo de Kigali e que
acordaram em dar o novo nome UHURUNET ao segmento submarino e UMOJANET à porção
terrestre. A Baharicom Development Company (BDC), a empresa responsável pelo desenvolvimento
do cabo submarino Uhurunet, foi registada nas Maurícias em 2008. BDC tem tido consultas com
várias firmas que desenvolvem cabos submarinos a fim de colaborar com elas no desenvolvimento
da UHURUNET. Estas incluem: Seacom, e TEAMS na Costa Oriental e, Main One e ACE na Costa
Ocidental.

Foi realizado e finalizado, em Abril de 2009, um Estudo de Viabilidade detalhado (DFS) para a secção
da UMOJANET da África Oriental e Austral. O Estudo cobriu os países seguintes: Angola, Botswana,
Burundi, República Democrática do Congo, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Quénia, Lesoto, Madagáscar,
Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Ruanda, República (…), África do Sul, Sudão, Swazilândia,
Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbabwe. O Estudo de Viabilidade detalhado constituirá a base de um
Memorando de Informação do Projecto que será usado para solicitar investimentos no Umojanet.
52
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Síntese dos Resultados Alcançados no Sector de Comunicações e TIC

•• Cabo submarino de EASSy quase completo.

•• Infra-estrutura Regional de Informação da SADC (cabo de conectividade inter-Estatal de


fibra) está agora 80% completo.

•• Outros cabos submarinos completos são WACS, GL 01, ACE e Main One (Costa Ocidental),
bem como Seacom, Teams, Sat-3-Safe (Costa Oriental).

•• Rede de banda larga do NEPAD alcançou a fase final de desenho conceitual e do roteiro.

Visão Geral do Sector de Comunicação e TIC da SADC

Desafios Oportunidades
1. Passo muito rápido das mudanças 1. Crescimento em comunicação
tecnológicas móvel e tecnologias sem fios
2. Convergência de TIC 2. Participação activa pelas agências
3. Entrega de infra-estruturas de executoras dos Estados-membros
acordo com o quadro regulador 3. Reconhecimento do papel crítico
em mudança das TIC como promotora do
4. Custos elevados da provisão de desenvolvimento socioeconómico
serviços de comunicação 4. Participação do sector privado
5. Apoio dos parceiros de
cooperação internacionais.

TIC
Ameaças Resultados alcançados
1. Mudanças tecnológicas rápidas e 1. Quadro legislativo e regulador
obsolescência técnica; harmonizado
2. Lançamento da Iniciativa e-SADC
2. Emergência de Operadores de que procura utilizar as TIC para o
baixo custo que ultrapassam desenvolvimento socioeconómico
a rede nacional e o regime de
3. Aumento da participação do
licenciamento
sector privado no mercado
3. Segurança de dados e 4. Plano da SADC para migração de
cibersegurança sinal analógico para digital
4. Governação da Internet – gestão de 5. Aumento da participação do
comuns sector privado como resultado do
mercado totalmente liberalizado

53
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Sector da Água
Âmbito do Programa de Infra-estruturas hidráulicas da SADC
O sector da água desempenha um papel importante na concretização da meta da SADC de
integração económica regional que visa o alívio da pobreza. A gestão integrada dos recursos hídricos
e o desenvolvimento das infra-estruturas conexas é uma das áreas de intervenção prioritárias no âmbito
do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP) que contribui para a meta da
SADC. A necessidade de desenvolvimento das infra-estruturas hidráulicas regionais foi reafirmada no
RISDP, em 2003, através das suas duas metas específicas principais:

•• Desenvolver, até 2015, as infra-estruturas hidráulicas necessárias para duplicar a superfície de terra
sob irrigação; e

•• Reduzir para metade a proporção da população sem acesso a água potável e a saneamento. Os
Estados-membros da SADC sentiram que o desenvolvimento de infra-estruturas hidráulicas físicas
traz consigo uma mudança positiva na vida das pessoas.

Política e Instrumentos Reguladores

Plano de Acção Estratégico Regional

O programa regional de infra-estruturas hidráulicas da SADC é ilustrado no Plano de Acção Estratégico


Regional de Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (RSAP-2), revisto, que constitui o modelo para a
gestão integrada dos recursos hídricos na Região da SADC. O Plano (RSAP-1) foi desenvolvido em
1998 e, inicialmente, focalizava a criação de um ambiente conducente à execução de projectos de
infra-estruturas físicas. Um dos resultados principais do RSAP-1 foi o desenvolvimento do Protocolo da
SADC sobre Cursos de Água compartilhados. Mais tarde, a Política e a Estratégia da Água da SADC
foram desenvolvidas para darem a orientação política ao desenvolvimento do sector da água. O Plano
foi examinado e revisto em 2004 e, assim, foi lançado o RSAP-2. O RSAP-2 visa providenciar a liderança
e a coordenação do desenvolvimento e gestão dos recursos hídricos, incluindo o desenvolvimento
de infra-estruturas, tanto ao nível dos Estados-membros como da Região, no âmbito de um ambiente
sustentável. A Figura 13 reflecte os instrumentos gerais que guiam o desenvolvimento dos recursos
hídricos na região da SADC.

54
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Tratado da SADC

RISDP da SADC
Protocolo Outras Políticas
Revisto sobre Política
Regional da e Estratégias
Cursos de Água Sectoriais da
Compartilhados Água Visão da SADC SADC
para Água, Vida e
Directrizes para Meio-ambiente
a formulação Quadro Regional
de Políticas e Estratégia Regional para Acção
Estratégias para para Água
Água
RSAP1 RSAP2 RSAP3
Regional
Planos de Bacia
National Hidrográfica
Estratégia
Nacional da
Legislação Política Água Planos de IWRM Políticas
Nacional da Nacional da (Gestão Integrada de
Nacionais
Água Água Recursos Hídricos)
Sectoriais

Figura 13: Quadro Institucional

Quadro Institucional
A região da SADC desenvolveu e formulou uma estrutura institucional para apoiar a implementação
dos programas da SADC, incluindo o sector da água. A Figura 14 oferece-nos o diagrama das
instituições do sector da água da SADC. O quadro institucional reúne os Estados-membros da SADC
e os Parceiros de Cooperação Internacionais (ICP) sob a coordenação do Secretariado da SADC. Os
ICPs coordenam os seus contributos para o programa da água através do Grupo de Referência da
Estratégia da Água (WRSG, sigla em Inglês). O Comité Técnico dos Recursos Hídricos (WRTC, sigla
em Inglês) integra os Directores Técnicos dos Departamentos da Água dos Estados-membros para
guiar a Secção da Água do Secretariado da SADC. Os Comités Directivos são estabelecidos sob a
supervisão do WRTC para projectos e programas específicos. As instituições dos Estados-membros
são, em grande parte, responsáveis pela implementação dos projectos e programas coordenadas
pelo Secretariado da SADC, sob a orientação dos Comités Directivos dos Projectos.

Como parte do quadro institucional, o sector da água trabalha conjuntamente com as Organizações
das Bacias Hidrográficas.

55
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Ministros da Legenda
Água Prestação de Contas/Relatórios
Comunicação Organizacional
Comissões Representação
Nacionais da Nacional
RSAP
SADC Prestação de
Comité Governos da Instituições dos Contas/Relatório Grupo de Referência da
Nacional de SADC Cursos de Água do Programa Estratégia da Água
Recursos Compartilhados Aconselhamento
Hídricos Estratégico
Parceiros de
Apoio em Cooperação
Pontos Secretariado
Focais da SADC Cooperação GTZ
Nacionais
?
Prestação de
Comités contas/Relatórios Cooperação
Directivos do do RSAP
Projecto
Intervenientes não-
governamentais
Agentes de Coordenação Comités de
Implementação de Intervenientes/
do Projecto Intervenientes Coordenação

Figura 14: Institutions involved in the SADC water sector

As funções das Organizações das Bacias Hidrográficas


•• As organizações das bacias hidrográficas estão previstas no Artigo 2 (a), Artigo 5, 1 (b) e 3. Podem
ser estabelecidas como comissões, autoridades ou conselhos da água, de acordo com o que for
decidido pelas partes respectivas. A sua função principal é:

•• facilitar a utilização coordenada, justa e sustentada dos cursos de água compartilhados.

•• actuar como organismos consultivos e agências conjuntas de implementação de programas em


nome dos Estados-membros.

•• desenvolver Planos de Acção/Programas e Projectos Estratégicos para implementação ao longo


dos cursos de água compartilhados.

•• oferecer uma plataforma para debates, partilha de informações e prevenção de conflitos ao nível
das bacias hidrográficas.

56
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Tabela 5: Bacias Hidrográficas Transfronteiriças da SADC

Bacia Hidrográfica Estados Ribeirinhos Bacia Hidrográfica Estados Ribeirinhos


da SADC da SADC
1. Congo Angola 8. Rovuma Moçambique
R D Congo Tanzânia
Tanzânia
Zâmbia
2. Zambeze Angola 9. Limpopo Botswana
Botswana Moçambique
Malawi África do Sul
Moçambique Zimbabwe
Namíbia
Tanzânia
Zâmbia
Zimbabwe
3. Cunene Angola 10. Save Moçambique
Namíbia Zimbabwe
4. Cuvelai Angola 11. Buzi Moçambique
Namíbia Zimbabwe
5. Okavango Angola 12. Pungwe Moçambique
Botswana Zimbabwe
Namíbia
6. Umbeluzi Swazilândia 13. Inkomati Moçambique
Moçambique África do Sul
Swazilândia
7. Orange-Senqu Botswana 14. Maputo Moçambique
Lesoto África do Sul
Namíbia Swazilândia
África do Sul
15. Nilo Tânzania

57
3. Análise Dos Programas Sectoriais

O mapa abaixo mostra as RBOs da SADC.

Figura 15: RBOs na SADC

58
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Resultados alcançados
As reformas institucionais das RBOs que estão a ocorrer têm facilitado a provisão de estruturas para
a gestão das bacias hidrográficas, incluindo a implementação de projectos de valor económico.
Enfrentam-se ainda problemas relativamente à assinatura, ratificação e adesão aos instrumentos jurídicos
o que causa atrasos nosprocessos de reforma.

Figura 16: Barragem de Massingir, Moçambique

O Programa de Infra-estruturas Hidráulicas é um dos programas do cluster mais importantes no


âmbito do RSAP-2. O programa visa a promoção do desenvolvimento de infra-estruturas hidráulicas
estratégicas, incluindo a reabilitação e a expansão das instalações existentes, a criação de novas
instalações, o programa regional de abastecimento de água e saneamento, estudos de pré-viabilidade
dos projectos de infra-estruturas regionais estratégicas. A implementação do programa está intimamente
associada, e complementa, outras medidas de desenvolvimento a serem adoptadas pela SADC para
superar a pobreza. O programa cobre os projectos regionais de infra-estruturas hidráulicas que visam
providenciar água para:

•• Irrigação para aumentar a produção de alimentos e assegurar a segurança alimentar;

•• Segurança energética;

•• Abastecimento de água e saneamento; e

•• Mitigar os impactos das Alteração Climáticas (cheias e secas).

O programa regional de infra-estruturas hidráulicas da SADC inclui:

•• capacitação;

•• elaboração de projectos; e

•• componentes de implementação.

A vertente de capacitação tem como base as Resoluções e o Plano de Acção da Conferência Ministerial
Africana sobre Energia Hidroeléctrica e Desenvolvimento Sustentável, realizada em Joanesburgo, em
2007. Envolve a criação de sensibilização ao nível político, para o desenvolvimento de importantes infra- 59
estruturas hidráulicas estratégicas. Envolve, ainda, o desenvolvimento de manuais de formação sobre
3. Análise Dos Programas Sectoriais

vários assuntos entre as questões chave prioritárias do Compêndio de Barragens e Desenvolvimento


do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente), contendo práticas relevantes para
melhores decisões sobre barragens e suas alternativas. Os manuais de formação são direccionados
aos decisores, profissionais e sociedade civil. O objectivo geral da componente de capacitação é
assegurar que as infra-estruturas hidráulicas estratégicas mais importantes sejam desenvolvidas de uma
maneira económico, favorável ao ambiente e socialmente aceitável.

A componente de preparação de projectos tem como objectivo apoiar os Estados-membros no


desenvolvimento de projectos de infra-estruturas hidráulicas em projectos bancáveis. Tenta resolver
o constrangimento principal na implementação de projectos de infra-estruturas hidráulicas, realizando
actividades chave a montante da preparação de projectos de infra-estruturas hidráulicas, incluindo um
ambiente conducente, estudos de viabilidade e apoio em transacções.

Resultados
Em 2005, foram submetidos aos Estados-membros, para apreciação, cerca de 134 projectos de infra-
estruturas hidráulicas, no âmbito do programa regional de infra-estruturas hidráulicas. Os projectos
foram analisados e categorizados nos grupos principais seguintes: (i) Projectos Prioritários de Infra-
estruturas Estratégicas; (ii) Projectos de Desenvolvimento de Grandes Infra-Estruturas Hidráulicas; e (iii)
Projectos de Demonstração de Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (IWRM). Os projectos são
classificados por prioridade em cada uma das categorias do programa regional de infra-estruturas
hidráulicas através de critérios aprovados que tomam em conta a contribuição do projecto para
os objectivos regionais da SADC (redução da pobreza), os impulsionadores do desenvolvimento
(género, impactos ambientais, etc., e critérios específicos do projecto (viabilidade do projecto).

Projectos Prioritários de Infra-estruturas Hidráulicas Estratégicas


Estes são projectos que podem ser implementados dentro de um curto prazo (3-5 anos) e requerem
relativamente menos investimento em capital (menos de Euro 10 milhões). Os primeiros 10 projectos
neste grupo estão reflectidos na Tabela 6.

Tabela 6: Projectos Prioritários

Projectos classificados como mais importantes


Clas. País Descrição
1 Zâmbia Projecto da Barragem da Garganta do Baixo Kafue
2 Moçambique Construção da Grande Barragem de Moamba
3 Malawi Desenvolvimento do Projecto de Infra-estruturas Hidráulicas Nacionais
4 Zimbabwe Esquema Hidroeléctrico da Garganta Batoka
5 Lesoto Desenho e Construção detalhadas da Barragem de Metolong
6 Lesoto Esquema de Abastecimento de Água das Terras Baixas
7 Zimbabwe Projecto de Abastecimento de Água de Bulawayo-Matebeleland-
Zambeze
8 Moçambique Construção da Grande Barragem Bué Maria
9 Tanzânia Projecto Hidroeléctrico do Ruhudi
10 Zâmbia Lake Tanganyika Management Planning Project

60
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Projectos de Grandes Infra-estruturas Hidráulicas Estratégicas


Os referidos projectos são reconhecidos como sendo estratégicos mas são grandes demais,
dispendiosos e complexos demais para serem implementados na Fase 1. Incluem programas com
um foco geográfico alargado no seio dos Estados-membros (isto é, vários projectos individuais em
localidades diferentes) e têm componentes que não são essencialmente infra-estruturas hidráulicas
físicas (por exemplo, estudos de viabilidade, gestão e capacitação). Contudo, o trabalho de preparação,
necessário para que esses projectos sejam implementados, pode ser considerado como fazendo parte
da carteira de projectos. Os projectos de prioridade mais elevada neste grupo estão reflectidos na
Tabela 7.

Tabela 7: Grandes Projectos de Infra-estruturas Hidráulicas nas 10 posições prioritárias

Projectos nas posições prioritárias


Classifi-
cação País Descrição
1 Zâmbia Projecto da Barragem do Baido Kafue
2 Moçambique Construção da Grande Barragem de Moamba
3 Malawi Desenvolvimento do Projecto Nacional de Infra-estruturas Hidráulicas
4 Zimbabwe Esquema Hidroeléctrico do desfiladeiro de Batoka
5 Lesoto Desenho detalhado e construção da Barragem de Metolong
6 Lesoto Esquema de Abastecimento de Água das Terras Baixas
7 Zimbabwe Projecto de Abastecimento de Água de Bulawayo-Matebeleland-
Zambeze
8 Moçambique Construção da Grande Barragem de Bue Maria
9 Tanzânia Projecto Hidroeléctrico de Ruhudi

Projectos-piloto de Gestão Integrada de Recursos Hídricos (IWRM)


Estes projectos não são necessariamente projectos de infra-estruturas hidráulicas físicas mas são
necessários para demonstrar e promover a Gestão Integradas dos Recursos Hídricos (IWRM)
que é essencial para a implementação dos projectos de infra-estruturas hidráulicas físicas. Incluem
pequenos projectos, tais como o estabelecimento e reabilitação de pequenos esquemas de irrigação,
abastecimento de água e saneamento e também projectos de gestão da bacia hidrográfica. Visam
comunidades pobres nas zonas rurais e contribuem para o alívio da pobreza. A Tabela 8 dá-nos a
lista de projectos de demonstração de Gestão Integrada dos Recursos Hídricos já implementados na
Região da SADC.

Os cinco projectos de demonstração de IWRM foram implementados nos respectivos Estados-


membros da SADC através do apoio da Danida. As lições tiradas da implementação destes
projectos estão, presentemente, a ser documentadas a fim de informar a fase seguinte do programa.
Presentemente, está a ser planificada a segunda fase dos projectos de Demonstração de IWRM.

61
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Tabela 8: Projectos de Demonstração IWRM

País Projecto
Zâmbia IWRM e Segurança Alimentar para a Bacia Hidrográfica do Kafue
Swazilândia Projectos de Desenvolvimento de Irrigação de Lavumisa
Malawi Projecto de IWRM e Melhoria da Subsistência Rural na zona de Dzimphutsi
Moçambique Melhoria da Subsistência da população da Bacia do Baixo Limpopo
Situação da implementação e resultados
Namíbia IWRM sustentável na Bacia do Omaruru-Baixo Swakop

Projectos-piloto Regionais de Infra-estruturas Hidráulicas


A Fase 1 do RSWIDP foi lançada com a implementação de Projectos-piloto, durante os primeiros 3
anos do programa. Os projectos-piloto são seleccionados entre os projectos que são já bancáveis
e que estão prontos para ser implementados, que podem ser concluídos dentro de um prazo
relativamente curto para contribuírem para impulsionarem o RSWIDP, particularmente por parte
de financeiros/doadores. Os projectos elegíveis para selecção, como Projectos RSWIDP, devem ter
alcançado no mínimo a fase de viabilidade com documentação que cubra os aspectos financeiros,
técnicos, sociais, etc. O Projecto Transfronteiriço de Abastecimento de Água e Saneamento do
Cunene, entre a Namíbia e Angola, é o primeiro Projecto-piloto no âmbito dos RSWIDP. O projecto é
implementado pelo Grupo de Trabalho Calueque, um subcomité da Comissão Permanente Conjunta
da Bacia Hidrográfica do Cunene entre Angola e a Namíbia. O projecto é executado com o apoio
financeiro do Governo Alemão (Kf W e GTZ) com contribuições dos Governos de Angola e da
Namíbia. O custo do actual projecto é no montante de, aproximadamente, 12 milhões de Euro. Outros
projectos considerados para implementação piloto incluem a Construção da Barragem do Movene
em Moçambique e a Reabilitação do Esquema de Irrigação de Nordoewer, entre a Namíbia e a África
do Sul.

Enquadramento da Implementação do Programa Regional de Infra-estruturas


Hidráulicas
Foi desenvolvido um Quadro de Implementação do RSWIDP pelo Gestor do Programa, que inclui:

•• Elaboração do Manual de Gestão de RSWIDP.

•• Estratégia de Marketing e de Promoção e Plano de Implementação de RSWIDP.

•• Desenvolvimento das directrizes para a preparação de projectos de infra-estruturas hidráulicas.

•• Mobilização de Recursos Financeiros para a Preparação e Implementação de RSWIDP.

•• Capacitação para a preparação e implementação dos projectos de RSWIDP.

Capacitação
O programa de capacitação para as infra-estruturas hidráulicas regionais é implementado pela
SADC e a EAC com o apoio do Governo Alemão (InWEnt), em associação com o PNUMA e o
GWP-SA. O primeiro manual de formação sobre os Planos de Gestão Ambiental está concluído e
será implementado em regime piloto em Julho de 2009. Outros manuais de formação que estão
presentemente a ser desenvolvidos incluem o manual de formação sobre Aspectos Socioeconómicos
e de Partilha de Benefícios e um manual de formação sobre Avaliação de Opções.

62
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Financiamento do RSWIDP (Programa Regional de Desenvolvimento de Infra-estruturas


Hidráulicas Estratégicas)
É necessário financiamento para o RSWIDP para a área de Gestão de Projectos, Preparação e
Implementação de Projectos. Presentemente, o financiamento para a Gestão do Programa é
providenciado pelo Governo Alemão (GTZ) que apoia o posto de Gestor do Programa RSWIDP no
Secretariado da SADC e também as componentes institucionais do programa. O financiamento para
os projectos individuais do RSWIDP é da responsabilidade de cada Estado-membro. O financiamento
pode ser mobilizado de fontes bilaterais e multilaterais, de instituições financeiras internacionais ou
regionais ou dos Parceiros de Cooperação Internacionais/Doadores. A SADC apoiará a facilitação dos
mecanismos de financiamento, tanto para a preparação como para a implementação de projectos.
Presentemente, a SADC está envolvida em discussões com o Governo Alemão (Kf W), para o apoio
no estabelecimento de um pequeno fundo para o abastecimento de água e saneamento para a
região da SADC.

Actividades futuras
A SADC continuará com o lançamento do Quadro de Implementação do RSWIDP concentrando-se
nas componentes de capacitação e de preparação de projectos. O lançamento do manual de formação
sobre os Planos de Gestão Ambiental terá início com uma sessão piloto de formação em Julho de 2009.
Uma vez finalizados, os manuais de formação sobre os Aspectos Socioeconómicos e Partilha de Benefícios
e o manual de formação sobre Avaliação de Opções, serão também implementados em regime piloto
e lançados durante o segundo semestre de 2009. Entretanto a sensibilização de personalidades políticas
nos vários fóruns, tais como o Fórum Parlamentar da SADC, terá lugar em 2009.

A SADC continuará a procurar o apoio financeiro para a preparação de projectos. Será também
desenvolvido o material de apoio ao desenvolvimento de projectos, na forma de um guião de
preparação e financiamento de projectos. Será incrementado o financiamento para o desenvolvimento
de um manual de implementação direccionado ao programa de infra-estruturas hidráulicas regionais,
que inclui o desenvolvimento de um programa de marketing, monitorização e avaliação. A SADC
continuará a apoiar os Estados-membros a fazerem com que os projectos se tornem projectos
bancáveis. O financiamento de projectos-piloto será procurado activamente pela SADC, assim como
a garantia da implementação de projectos-piloto em curso, tais como, o Projecto Transfronteiriço
de Abastecimento de Água e Saneamento do Cunene, entre a Namíbia e Angola. Uma vez que
esteja disponível uma carteira razoável de projectos de infra-estruturas hidráulicas, com informação
adequada, a SADC projecta promover os projectos numa conferência de doadores/financiadores. A
SADC continuará a procurar o apoio financeiro para o estabelecimento de um fundo para pequenos
projectos de abastecimento de água e saneamento na Região.

Resumo de Resultados Chave

•• Foram implementados cinco Projectos de Demonstração de Gestão Integrada de Recursos


Hídricos no Malawi, Moçambique, Namíbia, Swazilândia e Zâmbia que têm como foco o
alívio da pobreza, através do apoio da DANIDA e o Secretariado está a compilar as lições
tiradas destes projectos para que sejam compartilhadas com outros Estados-membros, como
sendo as melhores práticas.

•• O Projecto Transfronteiriço de Ondjiva-Oshikago em curso, para Angola e Namíbia, financiado


pelo Kf W.

•• Pacotes de Projectos do Programa de Estratégias da SADC para o Programa de Desenvolvimento


de Infra-estruturas Hidráulicas financiados pela GTZ e em curso.

•• Sistema de Observação do Ciclo Hidrológico da SADC (HYCOS) – em curso a instalação de 63


equipamento.
3. Análise Dos Programas Sectoriais

Visão geral do Sector da Água da SADC

Desafios Oportunidades
1. Disparidade entre as infra- 1. Sólidas políticas-quadro
estruturas hidráulicas existentes e o e ambiente favorável ao
potencial para desenvolvimento. desenvolvimento de infra-
estruturas;
2. Capacidade para desenvolver,
implementar, operar e manter os 2. Aceitação por parte de potenciais
sistemas de infra-estruturas. investidores importantes de que é
necessária uma infra-estrutura em
3. Projectos preparados África (Banco Mundial, BAD, etc.)
inadequadamente para serem
bancáveis e em termos dos 3. Quadro Jurídico (Protocolo),
detalhes dos projectos; políticas e estratégias para a
gestão de recursos hídricos
4. Financiamento para o transfronteiriços.
desenvolvimento e implementação
de projectos; 4. Potencial não explorado para
o desenvolvimento de infra-
5. Necessidade de equilibrar a estruturas hidráulicas na SADC.
orientação para o desenvolvimento
com os benefícios adequados
para o ambiente, sociais e
económicos.

Água
Ameaças Resultados alcançados
1. Atrasos na conclusão de 1. Criado o ambiente favorável a
alguns dos acordos que regem os projectos transfronteiriços.
cursos de água compartilhados;
2. Iniciado o Projecto-piloto
2. Falta de vontade, por parte dos transfronteiriço de Abastecimento
países, para colaborarem em de Água e Saneamento do Cunene
projectos Conjuntos de Infra-
estruturas; 3. Concluído o projecto comunitário
de pequenas infra-estruturas de
3. Redução da vontade e apoio elevado impacto no alívio da
políticos; pobreza e lições documentadas;
4. Alterações climáticas; 4. Os macro-projectos avançaram para
desenho e construção;
5. Crise financeira global.
5. Reforçada a capacidade
institucional das Instituições de
Gestão dos Recursos Hídricos
Transfronteiriços.

64
4. Situação Da Integração De Infra-Estruturas Da SADC

4. Situação da Integração de Infra-Estruturas da SADC


Um dos principais objectivos do programa de desenvolvimento de infra-estruturas regionais da SADC


é providenciar uma rede de infra-estruturas regionais integradas, rentáveis e eficientes. O presente
relatório oferece um barómetro para avaliar a situação e o passo da integração regional dos vários
sistemas e redes de infra-estruturas regionais.

O estado actual de conectividade física inter-estatal e a gestão integrada de infra-estruturas pode ser
resumido com base nas vertentes seguintes:

•• Grau e nível da integração de redes e sistemas de transportes da SADC;

•• Grau e nível de integração de redes de Comunicações e TIC na SADC;

•• Grau e nível de planificação e gestão conjuntas de cursos de água compartilhados;

•• Nível de conectividade da rede de serviços públicos de energia eléctrica numa base regional e
grau da integração do mercado e comércio de energia;

•• Grau de integração dos mercados de turismo.

•• Nível de reformas reguladoras legislativas harmonizadas nos vários sectores;

•• Nível de harmonização de infra-estruturas, de quadros reguladores e legislativos.

Integração do Sector dos Transportes


A integração dos serviços aéreos é relativamente extensiva na Região e continua a melhorar, pois tanto
a capacidade como a frequência destes serviços continuam a aumentar na Região. Contudo, certos
sectores ainda estão sobrecarregados com serviços irregulares e outros ainda encontram dificuldades
nos serviços de transporte de carga. A maior preocupação é verificar-se que os passageiros,
geralmente, têm de viajar através de um aeroporto central importante para alcançarem outros
destinos da SADC, ou destinos fora da região e destinos intercontinentais. Isto tem como resultado
uma conectividade inadequada, elevados preços nas passagens aéreas e a inconveniência para os
viajantes das linhas aéreas. A implementação sustentada a Declaração de Yamoussoukro (YD, sigla em
Inglês) sobre “Céu aberto” e a concessão da Quinta Liberdade a transportadoras não designadas deve
melhorar a conectividade dos serviços aéreos regionais e não regionais. O ambiente regulador está a
ser reforçado, numa base periódica.

Embora a rede rodoviária esteja a um nível razoável de integração, a facilitação dos serviços
transfronteiriços no contexto de paragem única está ainda no início. A Rede de Estradas Nacionais
Regionais identificou os troços inexistentes que o programa de Corredores está a abordar, como
indicado nos relatórios precedentes dos sectores. Embora os serviços ferroviários sejam razoavelmente
integrados, a manutenção protelada e os serviços ineficientes constituem um desafio importante.
As vias de acesso que faltam na RDC e em Angola estão a receber a atenção devida, enquanto a
Namíbia concluiu a sua via de acesso a Ondangwa como uma conectividade potencial através de
Oshikango/Ondjiva até à linha de Namibe. Várias outras propostas para as ligações ferroviárias estão
em preparação ligando o Botswana (com a Zâmbia), Zimbabwe (com a Zâmbia) Malawi (com a Zâmbia),
Zâmbia (com Angola). Há necessidade de apoio às iniciativas actuais para as vias navegáveis do interior
(por exemplo, a via navegável Shire Zambezi) e a modernização das vias navegáveis existentes que
também ligam as vias rodoviárias e ferroviárias que ainda faltam.

Integração das Redes de Comunicação, de TIC e Postais


A conectividade da rede inter-estatal de infra-estruturas de Comunicação e de TIC continua 65
a melhorar, com a Rede da SADC (SRII) agora concluída em 80 por cento, em comparação com
4. Situação Da Integração De Infra-Estruturas Da SADC

70% no ano anterior. As comunicações celulares tornaram-se o meio de comunicação multi-celular,


de crescimento mais rápido, para o acesso à informação. O cabo submarino EASSy que devia ficar
concluído em Junho de 2010 devia facilitar a conectividade regional da SADC com o resto do mundo.
O sector postal continua a reforçar a sua rede regional, com um pano de fundo de concorrência de
serviços de correios rápidos, e em breve será lançada uma rede postal rodoviária. Através da CRASA
e da SAPPRA, sendo as principais instituições reguladoras de TIC e de serviços postais, a supervisão
reguladora continua a ser reforçada para reforçar a base do desenvolvimento de infra-estruturas em
curso e criar um ambiente conducente para o efeito, como parte das disposições do protocolo.

Gestão Integrada dos Cursos de Água Compartilhados


Através da facilitação prestada pelo Secretariado da SADC, 6 dos 15 cursos de água identificados
foram transformados, com sucesso, em Organizações de Bacias Hidrográficas transfronteiriças tendo
estas implementado as reformas reguladoras e legislativas acordadas. Após o estabelecimento destas
Organizações de Bacias Hidrográficas, foi iniciada a implementação de projectos para ganho económico.
A gestão concertada das cheias foi reforçada nas referidas bacias, especialmente no Zambeze. As
restantes estão a níveis diferentes de formação através da facilitação prestada pelo Secretariado da
SADC.

Integração das Redes de Energia Eléctrica


A fim de promover o desenvolvimento de geração de energia a baixo custo e o comércio energético,
a região tem avançado a passos largos ligando as várias instalações nacionais de geração de energia
através de sistemas de inter-conectores e de transmissão.

Até à data, nove empresas de energia da África Austral, no continente, estão interligadas, com
excepção de Angola e Tanzânia. Foi alcançado um certo grau de integração das redes energéticas
envolvendo o Botswana, RDC, Lesoto, Malawi, Moçambique, África do Sul, Swazilândia, Zimbabwe
e Zâmbia. Esta interconectividade tem facilitado o estabelecimento do Mercado de Energia a curto
prazo do SAPP, que em breve passará a ser uma Rede de vantagem competitiva. A implementação
iminente dos interconectores Zimbabwe-Zâmbia-Botswana-Namíbia (ZIZABONA), Tanzânia-Zâmbia-
Quénia, Malawi-Moçambique, Tanzânia - Moçambique e o reforço de alguns dos já existentes,
completará a integração desejada e, facilitará, depois, a comercialização de energia através de
Acordos de Transmissão (Wheeling Agreements) entre os Estados envolvidos. Estes Acordos estão
a ser desenvolvidos através de Memorandos de Entendimento Intergovernamentais (IGMOU) que
envolvem os Estados-membros participantes e Memorandos de Entendimento entre os Produtores
de Electricidade (IUMOU). As reformas reguladoras estão ainda a ser introduzidas, enquanto o reforço
da RERA, que lidera estas reformas, permanece uma prioridade.

Integração dos Mercados Regionais de Turismo


A base da integração do turismo é o desenvolvimento das Áreas de Conservação Transfronteiriças
(TFCA) e da abordagem do turismo com destinos múltiplos, em termos do princípio de promoção
conjunta da Região. Contudo, os atrasos na implementação do sistema de UNIVISA, da harmonização
das leis, dos regulamentos e dos procedimentos de imigração permanecem um desafio enorme que se
depara à integração regionais mais profunda e é necessária a vontade política para uma implementação
rápida do conceito de UNIVISA.

Lacunas em Investimento
As necessidades em termos financeiros, na área de desenvolvimento de infra-estruturas, são enormes e
sempre crescentes. Há necessidade de preservar e manter as infra-estruturas visto que a procura actual
excede a oferta e o acesso é seriamente baixo. Muitas vezes os custos de reabilitação e de expansão
66 de infra-estruturas excedem a capacidade dos Estados-membros da SADC para tal, obrigando-os a
4. Situação Da Integração De Infra-Estruturas Da SADC

fazer empréstimos. Presentemente, os Estados-membros da SADC enfrentam problemas em gerar e


mobilizar os recursos para a reabilitação de infra-estruturas porque os empréstimos e as subvenções
estrangeiros para a construção de novas infra-estruturas, e para a sua manutenção, são difíceis de
mobilizar e são inadequados para satisfazer todas as prioridades de desenvolvimento da SADC.

Necessidades de Investimento para cobrir a Lacuna em Infra-


estruturas existente na Região da SADC
Um dos impedimentos à implementação do Programa Regional de Infra-estruturas da SADC é a
escassez do financiamento, especialmente do investimento em infra-estruturas físicas. A fim de superar
a lacuna em infra-estruturas a curto e longo prazo, a SADC necessita dos recursos financeiros seguintes,
num base sectorial:

Tabela 9: Recursos Financeiros

Rede de Estradas Nacionais Regionais (RTRN):: USD 8.00 mil milhões


Rede Ferroviária Inter-Regional (IRRN):: USD 18.00 mil milhões
Desenvolvimento Portuário e de Vias Navegáveis do Interior: USD 18.00 mil milhões
Infra-estruturas Energéticas: (Plano do SAPP) USD 47.00 mil milhões
TIC, Comunicações e Serviços Postais: (SRII & Plano de SAPOA) USD 4.00 mil milhões
Projectos Prioritários de Infra-estruturas Hidráulicas: USD 5.00 mil milhões
Estimativa total: USD 100.00 mil milhões

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5. Questões Transversais

5. Questões Transversais

Na prossecução das actividades de implementação da agenda regional relativa ao desenvolvimento


de infra-estruturas, a Região reconheceu a importância de incluir e abordar as questões transversais,
tais como, ICP, PPP, Género, VIH e SIDA, sustentabilidade ambiental (alterações climáticas), a actual crise
financeira global e, também, a monitorização e avaliação. As questões transversais afectam o processo
de planificação e implementação e, desse modo, os resultados. Algumas questões transversais são
desenhadas para evitar e/ou mitigar os impactos dos projectos infra-estruturais na comunidade e no
ambiente. Assim, as referidas questões transversais constituem uma componente inerente ao programa
mais abrangente do desenvolvimento infra-estrutural.

Financiamento do Projecto
Existe uma variedade de fontes de financiamento para o desenvolvimento dos projectos infra-
estruturais. Estas dependem, em elevado grau, da natureza, âmbito e escala do projecto específico.

No passado, os grandes projectos foram executados pelo sector público, embora o sector privado
esteja, agora, cada vez mais envolvido. As fontes de financiamento incluem, agora, as seguintes:

•• Governos nacionais

•• Instituições financeiras

•• Bancos internacionais

•• Agências de crédito a exportações

•• Instituições financeiras multilaterais (IFM)

•• Assistência Oficial ao Desenvolvimento

•• Instituições de Financiamento ao Desenvolvimento (DDI’s)

P arceiros de Cooperação Internacionais


A Direcção de Infra-estruturas e Serviços tem mantido relações amigáveis e de boa colaboração com
os ICP que continuam a apoiar os programas da SADC. Apresentamos abaixo a lista de Parceiros de
Cooperação Internacionais..

Tabela 10: Parceiros de Cooperação Internacionais

Sector ICPs Líder do grupo


temático
Energia Noruega; Alemanha; Suécia; Banco Mundial; DBSA; Noruega
Finlândia; USAID/SAGCH; DFID; EU; Bélgica(BTC); Kf W;
Holanda.
TIC UE; União Internacional de Telecomunicações; UNECA A ser determinado
Transportes BAD; DFID/RTFP; UE; JICA; USAID/SAGCH; Banco DFID
Mundial
Água BAD; ASDI; DANIDA; NORAD; PNUMA; PNUD; Banco GTZ
Mundial; Kf W; UE; USAID; BAD-Mecanismo Africano
para Água; Holanda; FAO; França –GEF; DFID

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5. Questões Transversais

A fim de melhorar a comunicação e a coordenação com os ICPs, a SADC estabeleceu com os seus
ICP, os grupos infra-estruturais temáticos dos ICPs da SADC, para encabeçarem e coordenarem o
desenvolvimento sectorial, em particular, nos sectores de infra-estruturas. Os grupos temáticos dos
sectores da Água, Transportes e Energia foram estabelecidos e facilitaram as complementaridades, a
concertação e o financiamento com os ICPs e o financiamento conjunto do desenvolvimento infra-
estrutural.

A SADC está a desenvolver o Plano Director de Desenvolvimento Infra-estrutural, que necessitará


não só de financiamento dos ICP, mas também capacitação para a implementação. A cooperação
é também necessária, para facilitar o estabelecimento ou o reforço das agências de implementação
, nomeadamente, as associações de reguladores, associações de operadores e as Organizações
de Bacias Hidrográficas. As referidas instituições implementarão projectos em nome da SADC no
enquadramento acordado. A capacitação das instituições nacionais, no contexto do desenvolvimento
institucional, é também uma área prioritária. Será solicitada a colaboração com os ICP, no âmbito deste
enquadramento.

Participação do Sector Privado


A Região reconheceu a importância da inclusão do sector privado na provisão de infra-estruturas
regionais e na operação das infra-estruturas no contexto das Parcerias Público-Privadas (PPP) ou do
Sector Privado independente. O Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (RISDP)
prevê a participação sólida do sector privado, como consagrado nos protocolos relevantes.

A fim de atrair a participação do sector privado nas infra-estruturas, a região reconheceu a necessidade
urgente da criação de um ambiente jurídico, de políticas e regulador conducente e apropriado que
facilite as referidas parcerias. Neste contexto, a Região estabeleceu um programa que visa abordar a
provisão de um quadro institucional, regulador e de políticas abrangentes, aos níveis sectorial, nacional
e regional, que sirva como um sinal, para todos os intervenientes e para o sector privado, de que a
Região está empenhada e pronta a integrar o sector privado no domínio do desenvolvimento infra-
estrutural transfronteiriço.

Género
O Secretariado da SADC assumiu seriamente o objectivo regional de promover a igualdade de
género em todas as esferas da vida, incluindo a provisão de infra-estruturas. Foi alcançado progresso
digno de nota na inclusão da perspectiva de género nos programas e projectos infra-estruturais na
medida em que se relacionam, entre outros, com os seguintes:

•• Garantir que a provisão de infra-estruturas toma em conta as necessidades das mulheres que
suportam a maior parte do fardo pesado que aparece devido à escassez de infra-estruturas,
especialmente nas zonas rurais;

•• Formação das mulheres em carreiras que envolvem as infra-estruturas, para poderem ascender
a cargos decisórios no sector, cargos que, até agora, têm sido do domínio dos homens, com o
registo de sucessos em aviação e comunicações; e

•• Promover o empoderamento económico das Mulheres e das comunidades através da promoção


de projectos comunitários e de projectos direccionados à Mulher na área do turismo, comunicações
e transportes.

Inclusão da problemática de VIH e SIDA


O VIH e SIDA tornou-se prevalecente nos locais dos projectos de desenvolvimento infra-estrutural e
também no domínio dos corredores de logística e de transportes, onde a mobilidade se tornou um
catalisador importante para a disseminação do VIH e SIDA. A resposta da SADC é inserir medidas
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5. Questões Transversais

para superar o desafio imposto pelo VIH e SIDA no desenho, implementação e monitorização dos
projectos de infra-estruturas do modo seguinte:

•• Projectos de Corredores de Transporte e de Facilitação do Comércio que são coordenados


pela SADC, especialmente os postos fronteiriços com muito movimento, estão a inserir programas
de combate ao VIH e SIDA, que incluem a sensibilização e prevenção, através da divulgação de
informação a camionistas, comerciantes transfronteiriços e comunidades nos postos fronteiriços;

•• Clínicas para tratar de doenças associadas a VIH e SIDA ao longo dos corredores piloto;

•• Provisão de instalações para testagem e aconselhamento nos principais centros, onde os projectos
de desenvolvimento de infra-estruturas estão a ser executados, e nos centros comunitários ao
longo dos corredores que incluem cidades e cidades fronteiriças; e

Meio-ambiente
O desenvolvimento de infra-estruturas, tais como, aeroportos, barragens e pontes, traz consigo,
inevitavelmente, um impacto no ambiente. Assim, na prática, devemos aceitar que as alterações
no ambiente natural são um resultado inevitável da tentativa para se alcançar o progresso social e
económico, aliviar a pobreza e melhorar o bem-estar humano. As infra-estruturas na Região são, em
geral, construídas para melhorar o bem-estar daqueles que as utilizam. Pela sua natureza própria, as
infra-estruturas são agentes de mudança que podem trazer consigo benefícios mas também resultados
negativos ao equilíbrio existente entre a população e o meio-ambiente.

No passado, a atenção de muitos países da SADC foi dirigida, quase exclusivamente, para os
benefícios potenciais das instalações, quer estas fossem novas ou melhoradas. Por contraste, os
problemas ambientais resultantes receberam muito pouca atenção, em grande parte porque eram
considerados sem importância, ou muito dispendiosos em comparação com o preço a ser pago
pelo desenvolvimento. Mais recentemente, todos os governos da SADC têm ficado cada vez mais
conscientes do impacto que o desenvolvimento descontrolado tem no ambiente e reconhecem que,
a longo prazo, a conservação ambiental e o desenvolvimento económico não só são compatíveis como
interdependentes e que se podem reforçar mutuamente. Isto tem feito surgir várias questões que agora
devem ser enfrentadas num tentativa para se criar um equilíbrio simbiótico entre o desenvolvimento
muito necessário, por um lado, e os cuidados ao ambiente, por outro. Assim, a SADC está a promover
o estabelecimento de directrizes políticas apropriadas e o papel de avaliações do impacto ambiental
na provisão de infra-estruturas como sendo de máxima importância, particularmente, relativamente a
infra-estruturas…

Alterações climáticas
As alterações e a variabilidade climáticas colocam um risco significativo às infra-estruturas e aos
seus donos, gestores e operadores, a longo prazo, particularmente nos sectores chave de energia,
transportes e telecomunicações. Os riscos principais associados às alterações climáticas são o potencial
para o aumento da frequência de precipitação diária extrema assim como de temperaturas que
afectam a capacidade, as operações e manutenção das infra-estruturas energéticas, de transporte,
telecomunicações e hidráulicas. A aceleração da degradação dos materiais e da integridade estrutural
das infra-estruturas principais podem ocorrer através de movimentos do solo e mudanças no nível
do lençol freático. O aumento das temperaturas pode resultar no aumento da procura de água e no
aumento da frequência, o que aumenta a ponta de carga em termos da electricidade para sistemas
de ar condicionado reduzindo, ao mesmo tempo, a eficiência da transmissão, devido ao impacto na
condutividade dos cabos de transmissão. O aumento da temperatura, a radiação solar podiam reduzir
a vida do asfalto nas superfícies rodoviárias e nas pistas aéreas. O aumento da temperatura aumenta
a tensão no aço das pontes e das linhas ferroviárias, devido a expansão e ao aumento de movimento
das mesmas. O aumento da temperatura causa a expansão das junções do betão, dos revestimentos
70 de protecção, das camadas protectoras e dos materiais para vedação nas pontes e nas infra-estruturas
5. Questões Transversais

dos aeroportos. O aumento da frequência e da intensidade de vento extremo, trovoadas e queimadas


pode causar danos significativos às infra-estruturas e aos serviços de transmissão por cabos fixos
superficiais nos sectores energético e de telecomunicações. Estes desafios são agudizados pelo longo
tempo de vida das infra-estruturas e pelas limitações associadas às infra-estruturas, uma vez que estejam
construídas.

A maioria das infra-estruturas é desenhada, construída e mantida, tipicamente, tendo como suposição
que o clima no futuro será semelhante ao clima tido no passado. Contudo, os sinais actuais mostram
que o aumento das concentrações dos gases com efeitos de estufa estão já a influenciar as alterações
nas condições climáticas e continuarão a fazê-lo no futuro. Na SADC, a planificação, geralmente, é
baseada no cenário imperfeito de que o clima é estático, quando existe muito pouca informação
sobre os impactos prováveis das alterações climáticas nas infra-estruturas. Embora esta lacuna de
informação permaneça, é provável que as decisões chave continuem a ser tomadas com base na
suposição que os padrões climáticos históricos continuam sendo os mesmos. Infelizmente, cada vez
que isto não ocorre, o perfil do risco climático das infra-estruturas na região aumenta. Existe um
benefício considerável se a Região avaliar os impactos prováveis das mudanças climáticas nas suas
infra-estruturas. A fim de se orientar as actividades será necessário divulgar eficazmente as constatações
de uma tal avaliação, e convertê-las num conjunto de acções de engenharia, jurídicas e financeiras.
Isto ajudará a assegurar que os donos e os gestores das infra-estruturas planifiquem, tendo em conta
os efeitos das alterações climáticas, através do ciclo de vida útil da infra-estrutura, e do desenho, da
manutenção e da renovação da infra-estrutura.

O reconhecimento dos riscos associados às alterações climáticas é um primeiro passo valioso para
que haja melhor planificação dos futuros investimentos em infra-estruturas e para mitigar o dano
potencial que pode ser causado às infra-estruturas existentes. À luz deste facto, o Secretariado da
SADC está, presentemente, a preparar uma estratégia multissectorial de adaptação ao clima regional
que orientará e constituirá a base para o desenvolvimento de estratégias sectoriais de adaptação às
alterações climáticas.

A crise financeira global e o clima de investimento


A crise financeira, a mais grave desde a criação das Nações Unidas, ameaça ainda a capacidade da
Região em mobilizar os recursos e providenciar o financiamento necessário para cumprir os objectivos
de desenvolvimento acordados internacionalmente, incluindo os Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio. Embora a crise no sistema financeiro mundial ameace tanto os países desenvolvidos como em
desenvolvimento, de igual modo, o maior impacto será sentido nos países em desenvolvimento e a
região da SADC não é uma excepção.

Definitivamente, a crise causará a redução do financiamento para o desenvolvimento de infra-estruturas.


As medidas para combater os efeitos da crise devem incluir o apoio aos países em desenvolvimento,
de modo a garantir a sua participação no sistema do comércio internacional.

Recuperação de custos
O consenso geral na SADC é que há necessidade de se pôr de lado as abordagens dominadas pela
oferta para se passar a abordagens mais orientadas pela procura, em que os utilizadores escolhem um
certo nível de serviços, com base na sua vontade de pagar por esse serviço. Essa vontade de pagar é
manifestada através de contribuições iniciais para os custos de investimento e através do pagamento
de taxas do consumidor para recuperar os custos de funcionamento e de manutenção. Assim, a SADC
continuará a promover programas inovativos de recuperação de custos no sector de infra-estruturas
de modo a equilibrar o desejo de fornecer os serviços infra-estruturais através de mecanismos do
mercado, com o objectivo de assegurar o acesso a infra-estruturas na Região e a melhor utilização das
infra-estruturas e instalações existentes.
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5. Questões Transversais

Harmonização de políticas e dos quadros jurídicos e reguladores


A SADC tem envidado esforços para desenvolver e garantir a sustentabilidade dos seus mecanismos
direccionados a infra-estruturas. Devido à falta de harmonização dos quadros políticos e reguladores,
o crescimento e a eficiência não estão de acordo com as expectativas. A maioria das políticas para
regularem e operarem as instalações e os serviços infra-estruturais na SADC não criou um ambiente que
seja conducente ò participação do sector privado na maioria das áreas infra-estruturais. O resultado
tem sido, em geral, a oferta inadequada e ineficiente, padrões e qualidade de serviços pobres o que
leva a custos médios de transacções mais elevados do que o normal. Isto adiciona-se ao custo de fazer
negócios e ao preço dos produtos comercializados, e faz com que a Região não seja competitiva, não
em si mesma como com o resto do mundo.

Apropriação institucional
A fim de acelerar o desenvolvimento de infra-estruturas, é necessário um programa extensivo de
desenvolvimento e capacitação institucional ao nível dos Estados-membros e das agências executoras,
tendo em vista melhorar o ambiente conducente ao investimento. Uma vez desenvolvido, o Plano
Director Regional de Desenvolvimento Infra-estrutural da SADC pode providenciar um roteiro e
um plano com base nas prioridades regionais para o desenvolvimento de infra-estruturas, com base
no modelo da Iniciativa de Desenvolvimento Espacial, e uma abordagem com base em corredores,
concentrando-se nos planos projectados para as carteiras de desenvolvimento de infra-estruturas de
transporte, energia, TIC e hidráulicas.

As medidas que sublinham a partilha de conhecimentos e das melhores práticas, a formação e a


capacitação adequadas, aos níveis nacional e regional, serão seguidas com vigor. O reforço das
associações regionais, tais como, SARA, ASANRA, CRASA, etc. e o estabelecimento de centros de
excelência farão parte das prioridades estabelecidas.

Monitorização e Meio-ambiente
A SADC tem envidado esforços para incrementar a eficácia na implementação dos programas e
projectos infra-estruturais. Contudo, os sistemas de monitorização e avaliação são ainda inadequados
para providenciar a informação relevante e detalhada que possa ser usada como base para melhorar
as estratégias, os programas e os projectos e, de modo semelhante, para medirem e avaliarem o
desempenho, a fim de se conseguir uma melhor gestão dos resultados de desenvolvimento. Neste
contexto, a SADC intensificará a sua atenção direccionada aos resultados, virando-se para uma melhor
medição do desempenho e uma monitorização e avaliação mais sistemáticas e para um sistema de
relatórios mais eficaz, e, ainda mais importante, tais actividades gerarão uma cultura organizacional de
aprendizagem, de transparência e de prestação de contas.

Planificação Integrada de Projectos Nacionais e Regionais


A fim de garantir a implementação eficaz da infra-estrutura regional, é essencial que todas as iniciativas
regionais de desenvolvimento infra-estrutural sejam integradas nos planos de desenvolvimento
nacionais, e que os orçamentos sejam devidamente elaborados ao nível nacional. A implementação
dos projectos regionais deve ser inserida no enquadramento da implementação de projectos
nacionais. O desafio que se apresenta é que os Estados-membros devem “pensar regionalmente
mas agir nacionalmente.”

A situação difícil em que se encontram os Estados-membros que trabalharam incansavelmente para


restaurar a paz nos seus países deve ser reconhecida, e é neste espírito que a Região lançou um
programa inovativo de reconstrução infra-estrutural pós-conflito para Angola, RDC e, em certo grau,
para Moçambique. Não há quaisquer dúvidas que através de uma tal iniciativa, que oferece o mínimo
72 de conectividade necessária entre os nossos Estados na forma de transporte, comunicações, infra-
5. Questões Transversais

estruturas hidráulicas transfronteiriças e turismo, a integração será alcançada e a Região alcançará


níveis sem precedentes. O que é essencial é que o espírito de consenso, que foi a marca dos
nossos pactos regionais, permaneça, à medida que implementamos os projectos de infra-estruturas
transfronteiriças. A prioridade deve ser dada aos Estados-membros que saíram recentemente de lutas
civis prolongadas, tal como acontece com Angola, a República Democrática do Congo e, em certo
grau, Moçambique. A Região, como uma questão de urgência, deve elaborar um “Plano de Acção
de Emergência adaptado” para superar as lacunas existentes na área de infra-estruturas em Angola,
República Democrática do Congo e, em certo grau, em Moçambique.

Atraindo investimento para o sector de infra-estruturas


A fim de atrair o investimento para infra-estruturas, devem ser satisfeitas várias condições, incluindo:

•• Ambiente conducente e favorável a negócios para o funcionamento numa base sustentável


(quadro de políticas, jurídico, regulador e institucional).

•• Concorrência justa como preconizada na Lei da Concorrência e no Quadro Regulador.

•• Taxa aceitável de rendimentos, reforçado por um regime de recuperação de custos como uma
empresa.

•• Disponibilidade de um Mercado regional ou continental enorme e acessível (o Mercado Comum


da SADC proposto constitui uma base clara para atrair o investimento).

•• Políticas económicas sustentáveis apropriadas que promovam o investimento na área de infra-


estruturas.

•• Diálogo eficaz entre o Sector Público/Privado para a concretização de uma visão comum.

•• Instituições financeiras, mercados de capital e bolsas de valores bem estabelecidos e vibrantes.

•• Acordos regionais sobre a implementação conjunta de projectos (através de MoUs bilaterais e


multilaterais).

Parcerias Público-Privadas
Os governos da SADC compreenderam que, por si sós, não possuem o financiamento, as competências
e a tecnologia necessários para transformar o sector de infra-estruturas, para que seja modernizado e
funcione eficientemente. Portanto, têm convidado o sector privado para que seja parceiro na provisão,
manutenção, operação, gestão e apropriação de infra-estruturas, sistemas, serviços e instalações. Os
Protocolos e outros instrumentos jurídicos definem o enquadramento das parcerias e da participação
do sector privado nas infra-estruturas da Região. Estes protocolos regionais são reforçados pelas
legislações, políticas e regulamentos nacionais que são favoráveis ao sector privado.

Existem várias opções de PPP que podem ser adoptadas pelos Estados-membros. Em vários casos,
quando o governo sente que a infra-estrutura é estratégica, promove a equidade directa ou
indirectamente no seio do projecto e providencia garantias para reduzir riscos e formar uma equipa
com o sector privado no âmbito do quadro de Construir-Operar-Transferir (BOT), segundo o qual,
depois de muitos anos (na maioria das vezes 30 anos), o sector privado transfere completamente os
activos e a gestão para o Estado, assumindo que todas as despesas e os rendimentos razoáveis foram
recuperados. Há também casos de Construir-Possuir-Operar-Transferir (BOOT), Arrendar-Reabilitar-
Operar-Transferir (LROT), Construir-Transferir-Arrendar (BTL) e Empresas Conjuntas ( Joint Ventures
( JVs). A Linha de Caminho de Ferro Bulawayo Beitbridge (BBR), Gautrain (RAS), Linha Ferroviária do
Sena (Moçambique) são exemplos típicos.

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6. Actividades Futuras para a Aceleração da Implemen tação do Desenvolvimento de Infra-estruturas Regionais

6. Actividades Futuras para a Aceleração da Implemen


tação do Desenvolvimento de Infra-estruturas
Regionais

Actividades Futuras para a Aceleração da Implementação do


Desenvolvimento de Infra-estruturas Regionais
A presente secção recomenda as acções necessárias para acelerar a implementação do Programa de
Desenvolvimento de Infra-estruturas da SADC. A secção recomenda, igualmente, um instrumento
de prestação de contas e de relatórios, informado pela necessidade urgente de uma mudança
de paradigma na maneira como a Região da SADC executa o negócio do desenvolvimento de
infra-estruturas regionais. Assim, o que se segue é proposto como uma base para as Actividades
Futuras:
•• Consolidação e aperfeiçoamento dos planos de desenvolvimento das infra-estruturas sectoriais
actuais (energia, turismo, transporte, comunicações / TIC e água) num único Plano Director da
SADC sobre o Desenvolvimento das Infra-estruturas Regionais.
•• Programa regional de desenvolvimento de infra-estruturas adaptado para Angola e a RDC e,
em certo grau, para Moçambique, a ser informado por um Estudo Analítico das Necessidades
em Infra-estruturas nos países afetados, no âmbito do enquadramento de reconstrução pós-
conflito.
•• Implementação de medidas de transporte em “corredor” e de facilitação do comércio
focalizando a minimização de atrasos nos postos fronteiriços, a harmonização da documentação
e dos procedimentos aduaneiros, e a criação de postos fronteiriços de paragem única a fim de
eliminar os constrangimentos em transportes para o mar e do mar para os países do interior,
sem litoral, dos Estados Membros da SADC.
•• Preparação de projectos regionais infra-estruturais de grande prioridade em todas as
áreas chave de infra-estruturas para apresentação à NEPAD e aos Parceiros de Cooperação
Internacionais, incluindo o DBSA, BAD e o Banco Mundial assim como às Instituições de
Financiamento para o Desenvolvimento dos Estados Membros.
•• Estabelecimento de Entidades Financeiras para fins Específicos que podem fazer transacções
em nome dos Estados Membros e através das quais os sectores público e privado e outros
intervenientes se podem envolver construtivamente no projecto.
•• Operacionalização urgente do Mecanismo para a Preparação e Desenvolvimento de
Projectos para facilitar o pacote de projectos transfronteiriços, os Estudos de Viabilidade e
as Avaliações do Impacto Ambiental e, subsequentemente, promover os referidos projectos
entre os parceiros e consórcios.
•• Desenvolvimento e assinatura de acordos pelos Estados Membros participantes (preferivelmente
ao nível dos Chefes de Estado) comprometendo-se a mobilizar em conjunto o financiamento,
e a implementar os projectos infra-estruturais transfronteiriços dentro dos prazos
acordados.
•• Mobilização dos recursos regionais e nacionais para os projectos de desenvolvimento de infra-
estruturas prioritários, para complementarem os recursos provenientes do exterior da Região.
•• Criação de uma Unidade de Coordenação do Projecto (UCP) bem capacitada no seio do
Secretariado para ajudar os Estados Membros a coordenar conjuntamente o desenvolvimento,
a compilação e a implementação de projectos regionais de infra-estruturas, em colaboração
com os parceiros de desenvolvimento e os Estados Membros.
•• Fortalecimento das estruturas nacionais e regionais no sentido de fiscalizar a execução dos
projectos transfronteiriços, respondendo directamente ao Conselho e à Cimeira anualmente
ou em regime ad hoc, por forma a melhorar os mecanismos de monitorização e avaliação.
•• Criação de um ambiente conducente a um quadro institucional, a um quadro regulador e a
74 outros imperativos associados a políticas que reforcem e permitam a participação do sector
privado no desenvolvimento de infra-estruturas regionais
Anexo

Anexo: Benefícios para os Estados-membros

Ao elaborar os diversos programas para o desenvolvimento das infra-estruturas, o processo deve


prestar atenção à necessidade de garantir que, em grande medida, todos os Estados-membros devam
beneficiar do processo. Deste modo, as prioridades dos Estados-membros continuam a informar o
programa. Para este efeito, este relatório inclui uma análise dos benefícios que os Estados-membros
derivam do Programa da SADC sobre o Desenvolvimento das Infra-estruturas. O Secretariado
continuará a adoptar esta filosofia, considerando a necessidade de modernizar a infra-estrutura nos
Estados-membros que se arrasta, principalmente como parte do programa sobre a Reconstrução
de Pós Conflito. Existem iniciativas para acelerar a preparação de roteiros prioritários sobre o
desenvolvimento de infra-estruturas em Angola, RDC e até certo modo Moçambique.

Análise Estatística do Nível de Participação dos Estados-Membros


nos Projectos e Programas de Desenvolvimento de Infra-Estrutura
Regional

O Relatório sobre a Situação do Desenvolvimento de Infra-estrutura na SADC tem por objectivo


apresentar os projectos e os programas a serem impulsionados e defendidos pelos Estados-membros
da SADC. Conforme elaborado no RISDP e no Tratado, a agenda de desenvolvimento de infra-estrutura
da SADC tem como objectivo principal a facilitação da igualdade no domínio do desenvolvimento,
através da aceleração dos projectos nesses Estados-membros que ficaram para trás, com o intuito
de concretizar a integração regional. O Secretariado tem facilitado o processo de identificação de
projectos regionais de infra-estrutura que garantirão a conectividade de todos os Estados-membros a
fim de operacionalizar a Área de Comércio Livre que foi lançada em 2008, e o previsto lançamento
da União Aduaneira e do Mercado Comum.

Estes projectos já foram aprovados pelos Estados-membros através das estruturas institucionais
apropriadas para os Sectores de Energia, Transporte, Comunicações e TIC, e subsequentemente
apoiadas publicamente pelo Conselho. Os Ministros Sectoriais nas áreas de Turismo, Energia,
Transporte, Comunicações, TIC, e Água, continuam a fiscalizar a implementação de todos os projectos,
mediante as estruturas existentes.

O processo de identificação dos projectos continua em conjunto com os Estados-membros. Esses


projectos serão incluídos no Plano Director da SADC sobre o Desenvolvimento de Infra-estrutura
Regional em vias de desenvolvimento. No total, setenta e cinco (75) projectos/programas regionais
sobre o desenvolvimento de infra-estrutura foram descritos, e a sua distribuição é a seguinte: energia
trinta e quatro (34), transporte vinte e um (21), comunicações três (3) e água dezassete (17). Os
perfis dos projectos serão publicados posteriormente, destacando principalmente os Patrocinadores
dos Projectos, Objectivos, Âmbito dos Projectos, Estimativas de Custos, e o Ponto da Situação do
Financiamento, entre outros. Outros projectos adicionais serão considerados quando forem submetidos
pelos Estados-membros enquanto projectos regionais.

Os perfis dos projectos serão actualizados periodicamente para demonstrar as mudanças e o ponto
da situação da implementação. Prevê-se a criação de uma base de dados baseada na internet que os
Estados-membros poderão aceder enquanto forma de disseminar e partilhar informação.

Os projectos de infra-estrutura apresentados neste relatório encontram-se em diversos níveis de


implementação, nomeadamente, identificação, pré-viabilidade, viabilidade e implementação.

Uma análise estatística foi efectuada relativamente aos perfis dos projectos, concentrando-se sobre a 75
participação dos Estados-membros, para demonstrar a distribuição dos projectos entre os Estados-
membros, em relação aos projectos que já foram registados até à data. A análise apresentada abaixo
visa demonstrar o seguinte:
Anexo

(a) Os projectos de infra-estrutura contínuos por sector, conforme registados actualmente;

(b) O nível de participação dos Estados-membros nos diversos sectores de infra-estrutura;

(c) O nível de participação dos Estados-membros nos projectos de infra-estrutura consolidados na


região.

Perfil dos Projectos de Infra-Estrutura


Perfil dos Projectos de Infra-estrutura por Sector

40
35
30
No. de Projectos

25
20
15
10
5
0
Energia Transporte /Corredores Comunicação e Met Água
Sectores

Projectos de Energia
Projectos Regionais de Energia

10

7
No. de Projectos por EM

0
Bo la

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Su

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M

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M

Se
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Su

Zi

76
M

Áf
M

Estados-membros da SADC
Anexo

Projectos de Energia
No. Denominação do Projecto Países Atravessados
1. Projecto do Interconector de Energia do Corredor Angola, Botswana, RDC,
Ocidental Namíbia, África do Sul
2. Interconector de 220 Kv entre Moçambique-Malawi Moçambique-Malawi
3. Interconector de Energia entre Zâmbia-Tânzania-Quénia Zâmbia- Tanzânia - Quénia
4. Interconector entre Zimbabwe–Zâmbia-Botswana- Zimbabwe -Zâmbia -
Namibia (ZIZABONA) Botswana - Namíbia
5. Central Eléctrica de Morupule B Botswana
6. Projecto de Energia Mmamabula Botswana
7. 1ª fase da Central Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa Moçambique
8. Projecto de Moatize Moçambique
9. Projecto da Barragem de Kafue Gorge Lower Zâmbia
10. Projecto Hidroeléctrico de Itezhi-Tezhi Zâmbia
11. Projecto Hidroeléctrico de Kalungwishi Zâmbia
12. Ampliação da Central Eléctrica de Kariba North Bank Zâmbia
13. 1ª fase da Reabilitação da Central Eléctrica de Hwange Zimbabwe
14. Projecto de Expansão 7 & 8 da Central Eléctrica de Zimbabwe
Hwange
15. Ampliação da HCB North Bank Moçambique
16. Central Eléctrica de Metano proveniente de Jazigo de Zimbabwe
Carvão
17. Projecto de Expansão 7 & 8 da Central Eléctrica de Kariba Zimbabwe
South
18. Linha de Transmissão de Backbone de Moçambique Moçambique, África do Sul
19. Ampliação de Margem Norte da HCB Moçambique
20. 1ª Fase da Central Eléctrica de Benga Moçambique
21. Central Eléctrica de Moamba Moçambique
22. Central Eléctrica de Lurio Moçambique
23. Central Eléctrica de Lower Orange River Namíbia
24. Central Eléctrica de Walvis Bay Namíbia
25. Central Eléctrica de Lubombo Suazilândia
26. Linha de Transmissão de Itezhi-Tezhi Zâmbia
27. Linha de Transmissão da Margem Norte de Kariba Zâmbia
28. Central Eléctrica de Gokwe North Zimbabwe
29. Bakota Gorge Zimbabwe
30. Linhas de Transmissão de Backbone de Moçambique I e Moçambique
II Fases
31. Rede do Corredor de Transmissão Central (CTC) Zimbabwe
32. Rio Shongwe Malawi
33. Central Eléctrica de Ruhuji Tanzânia
34. Tancoal Tanzânia

77
Anexo

Corredores da SADC
Corredores da SADC

7
6

No. de Corredores
5
4
Série 1
3
2
1
0
Bo la

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Se dia

ia

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M

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M

Áf
Estados-membros (EM)

No. Denominação do Corredor Países


1. Norte – Sul Angola, RDC, Botswana, Malawi, Moçambique
Zâmbia, Zimbabwe, África do Sul, RU da Tanzânia
2. Maputo Moçambique, África do Sul, Suazilândia
3. Beira Moçambique, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe
4. Nacala Moçambique, Malawi, Zâmbia
5. Mtwara Moçambique, Malawi, Tanzânia, Zâmbia
6. Dar-es-Salaam RDC Moçambique, Malawi, Tanzânia, Zâmbia
7. Central RDC, Tanzânia, Ruanda, Uganda
8. Tans-kgalagadi Botswana, Namíbia, África do Sul
9. Trans-Caprivi RDC, Namíbia , Zâmbia
10. Trans-Cunene Angola, Namíbia
11. Namibie Namíbia, Angola
12. Libito Angola, RDC , Zâmbia
13. Milange Angola, RDC

78
Anexo

Projectos de Transporte
Projectos Regionais de Transporte

4.5
4
3.5
No. de Projectos por EM

3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
Bo ola

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C
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Áf

Estados-membros da SADC

No. Denominação do Corredor Países


1. Estudo de Viabilidade para o Plano Director sobre o Centro de Todos menos
Controlo do Espaço Aéreo Superior da SADC, a Viabilidade do Seychelles
Espaço Aéreo Inferior
2. Estabelecimento de um Programa da SADC - Desenvolvimento Todos menos
Cooperativo da Segurança Operacional e da Manutenção da Seychelles
Navegabilidade das Aeronaves (SADC - COSCAP)
3. Estudo de Viabilidade e Concepção de Engenharia da Ponte de Botswana, Zâmbia
Kazungula e das instalações do posto fronteiriço
4. Estudo de Viabilidade do Projecto dos Cursos Hídricos do Shire Moçambique,
-Zambeze Malawi, Zâmbia
5. Estudo de Viabilidade da via-férrea do Lesoto Lesoto, África do Sul
Nota

* Estudo de Viabilidade e Concepção de Engenharia da Ponte de Kazungula e das instalações do


posto fronteiriço é um projecto que se enquadra no Corredor de Transporte Norte-Sul e por
conseguinte não se apresenta um total.

79
Anexo

Projectos de Infra-Estrutura das TIC


Projectos de Infra-estrutura das TIC

No. de Projectos por EM


2

Série 1
1

0
Bo la

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M wi

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Se dia

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An

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M

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M

Estados-membros (EM)

No. Denominação do Projecto Países


1. Infra-estrutura da Informação Regional da Todos Estados-membros
SADC (SRII)
2. Sistema Submarino da África Oriental (EASy) Todos Estados-membros
3. Infra-estrutura de Banda Larga das TIC do RDC, Botswana, Lesoto, Madagáscar,
NEPAD Malawi, Maurícias, África do Sul,
Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe

80
Anexo

Projectos de Água
Projectos Regionais de Água

5
No. de Projectos por EM

0
Bo la

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M wi

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Se dia

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M

Estados-membros da SADC

No. Denominacao do Projecto Países


1. Reabilitação do Projecto de Irrigação Nordoewer no rio Lower África do Sul,
Orange entre a Namibia e a África do Sul Namíbia
2. Construção da Represa de Movene Moçambique
3. Construção de 29 barragens de terra médias/pequenas Zâmbia
4. Construção da Represa de Manyana no rio Kolobeng em Botswana
Manyana
5. Reabilitação e expansão do sistema de abastecimento de água Moçambique
para a vila de Manica.
6. Projecto de Planeamento da Gestão do Lago Tanganyika Zâmbia
7. Projecto da Barragem do Kafue Gorge Lower Zâmbia
8. Proposta do Projecto Nacional sobre o Desenvolvimento Malawi,
da Infra-estrutura Hídrica (Malawi, embora possa beneficiar Moçambique
indirectamente Moçambique e Tanzânia) Tanzânia
9. Central Hidroeléctrica de Batoka Gorge Zimbabwe, Zâmbia
10. Projecto de Abastecimento de Água de Bulawayo-Matebeleland- Zimbabwe
Zambeze
11. 2ª Fase dos Sistemas de Observação dos Ciclos Hidrologicos da Todos Estados-
SADC (SADC Hycos) membros da SADC
12. Construção da Barragem do Moamba Moçambique
13. Desenvolvimento do Projecto Nacional da Infra-estrutura Hídrica Malawi
14. Concepção Detalhada e Construção da Barragem de Metolong Lesoto
15. Projecto de Abastecimento de Água para as Planícies Lesoto
16. Projecto Hidroeléctrico do Ruhudi Tanzânia

81
82
Anexo

No. de Projectos por EM

0
5
10
15
20
25
30

An
go
la
Bo
tsw
an
a
RD
C
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M to
ad
ag
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ca
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M
ala
Total dos Perfis dos Projectos
Projectos Regionais de Infra-Estrutura

wi
M
au
M tit
iu

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bi
qu
e
Na
m
Áf ib
ric ia

Estados-membros da SADC
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lle
s

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m
bi
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m
ba
bw
e
Acrónimos e Abreviaturas

Acrónimos e Abreviaturas

AASA Airline Association of Southern Africa

ASANRA Association of Southern African National Road Agencies

AU African Union

BDC Baharicom Development Company

CMI Corridor Management Institutions

COMESA Common Market for Eastern and Southern Africa

CRASA Communications Regulators Association of Southern Africa

DBSA Development Bank of Southern Africa

DFID Department for International Development (UK)

DWDM Dense Wavelength Division Multiplexing

EAC East African Community

EASSy Eastern Africa Submarine System

ESI Electricity Supply Industry

FESARTA Federation of East, Southern African Road Transporters Association

GDP Gross Domestic Product

I&S Infrastructure and Services

ICAO International Civil Aviation Organisation

ICP International Cooperating Partners

IMO International Maritime Organisation

IRRN Inter Regional Railway Network

IWRM Integrated Water Resources Management

MASA Meteorological Association of Southern Africa

MDG Millennium Development Goals

MoU Memorandum of Understanding

MRTA Multilateral Road Transport Agreement

NEPAD New Partnership for Africa’s Development

NSC North-South Corridor

NTB Non Tariff Barrier

OSBP One-Stop Border Post

PCU Project Coordination Unit


83
PMAESA Ports Management Association of East and Southern Africa

PPP Public Private Partnership


Acrónimos e Abreviaturas

RBO River Basin Organisation

REC Regional Economic Community

REIC Regional Electricity Investment Conference

RERA Regional Electricity Regulators Association

RETOSA Regional Tourism Organisation of Southern Africa

RIDMP Regional Infrastructure Development Master Plan

RISDP Regional Indicative Strategic Development Plan

RPGA Regional Petroleum and Gas Association

RSA Republic of África do Sul

RSAP Regional Strategic Action Plan

RSWIDP Regional Strategic Water Infrastructure Development Programme

RTFP Regional Trade Facilitation Programme

RTRN Regional Trunk Road Network

SADC Southern African Development Community

SAPOA Southern African Postal Operators Association

SAPP Southern African Power Pool

SAPRA Southern Africa Postal Regulators Association

SASO System Approach to Safety Oversight

SATA Southern African Telecommunications Association

SPV Special Purpose Vehicle

SRII SADC Regional Information Infrastructure

TFCA Trans-Frontier Conservation Areas

UACC Upper Air Space Control Centre

UNECA United Nations Economic Commission for Africa

WRTC Water Resources Technical Committee

WSRG Water Strategy Reference Group

YD Yamossoukro Decision

ZIZABONA Zimbabwe-Zâmbia-Botswana-Namibia

84
Tânzania

RDC Malawi

Zâmbia Moçambique

Angola Seychelles

Namibia Madagascar

Botswana Maurícias

África do Sul Zimbabwe

Lesoto Suazilândia
Relatório da Situação do Desenvolvimento Regional das Infra-estruturas na SADC
para o Conselho e Cimeira. Setembro 2009

Reconhecimento. O relatório foi imprimido com o apoio da DFID através do Regional


Trade Facilitation Programme (RTFP)

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