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1000 Questões Comentadas-Medicina Legal p/ Carreiras Policiais e


Polícia Científica (C/ Videoaulas)
Alexandre Herculano

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Medicina Legal

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Sumário
Apresentação ............................................................................................................................................................ 3

Traumatologia Médico-Legal: Lesões corporais........................................................................................................... 4


1. Lesões corporais leves ........................................................................................................................................................ 5
2. Lesões corporais graves ..................................................................................................................................................... 6
3. Lesões corporais gravíssimas ............................................................................................................................................ 12
4. Lesões corporais seguidas de morte ................................................................................................................................. 16
5. Síndrome da criança espancada ....................................................................................................................................... 18
6. Agentes causadores das lesões corporais ......................................................................................................................... 20
7. Tortura .............................................................................................................................................................................. 21

Questões Propostas................................................................................................................................................. 28

Questões Comentadas ............................................................................................................................................. 32

Gabarito ................................................................................................................................................................. 40

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Apresentação

Olá, meus amigos!

Vou abordar, hoje, Aspectos médico‐legais das lesões corporais e dos


maus-tratos a menores e idosos. Essa parte não é muito abordada em Medicina
Legal.

Vamos lá!

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Traumatologia Médico-Legal: Lesões corporais

Pessoal, a lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado à normalidade do

corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do fisiológico ou mental.

O crime de lesão corporal (tipificada no artigo 129 do Código Penal) é

definido como ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem, isto é,

pela existência de dano somático, funcional ou psíquico. Desta forma, a autolesão

não é crime, desde que não ofenda outro bem jurídico, pois, além de perturbar a

normalidade do corpo humano, a lesão precisa ser juridicamente relevante.

Segundo a doutrina, o crime de lesão corporal leve e lesão corporal culposa

são de ação penal condicionada à representação do ofendido ou de quem tiver

qualidade para representá-lo nos termos do artigo 88 da Lei n.9.099/95. Nas

demais espécies do crime de lesão corporal a ação penal será pública. Segundo a

quantidade do dano, as lesões corporais classificam-se em:

 Leves — São as que não determinam as consequências previstas nos §§

1.º, 2.º e 3.º do art. 129 do Código Penal;

 Graves — Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30

dias; perigo de vida; debilidade permanente de membro, sentido ou

função; aceleração de parto;

 Gravíssimas — Incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade

incurável; perda ou inutilização de membro, sentido ou função;

deformidade permanente; aborto.

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1. Lesões corporais leves

As lesões corporais leves são representadas frequentemente por danos

superficiais, interessando apenas a pele, tela subcutânea, músculos superficiais,

vasos arteriais e venosos de pequeno calibre. São as escoriações, equimoses,

hematomas, feridas contusas, alguns entorses, os torcicolos traumáticos, edemas e

a maioria das luxações. Lembram desses nomes? Por isso, a importância de

aprendermos primeiro traumatologia médico-legal.

É de grande importância saber que a rubefação, simples e fugaz rubor da pele

provocado por maior movimento de um fluido de sangue, que não compromete a

normalidade anatômica, funcional ou mental do corpo humano, não constitui lesão

corporal leve. É leve rubor que pode ser causado até por simples emoção.

As lesões corporais leves integram, frequentemente, o corpo de delito indireto

pela natureza fugaz dos vestígios deixados pela infração, ou em consequência da

demora na realização da perícia, o que pode constituir dificuldade intransponível

para o experto. Nesse caso, a despeito da ofensa real à integridade corporal ou à

saúde de outrem, núbio de vestígios por desaparecimento material do crime, e só

nessa hipótese, o exame de corpo de delito indireto, feito a partir de outros

elementos ou através de testemunhas idôneas, poderá suprir o exame de corpo de

delito direto decorrente da exigência legal.

O choque neurogênico, que pode ser de origem emocional, a crise convulsiva,

em seus diversos tipos, e a sincope, caracterizada por alteração objetiva dos

parâmetros cardiovasculares e respiratórios consequentes à disfunção do sistema

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nervoso autônomo, podem caracterizar lesão leve, se devidamente comprovados e

quando não geram consequências mais graves.

Especialistas entendem que os fâneros fazem parte da integridade corporal do

individuo e sua disponibilidade a ele pertence, devendo o enquadramento legal ser

analisado caso a caso, não se afastando, a priori, a lesão corporal leve.

A realização de tatuagens em menores, mesmo com seu consentimento, mas

à revelia dos pais ou responsáveis, é considerada lesão corporal.

2. Lesões corporais graves

Essas são representadas pelos quatro tipos mencionados no § 1.º do art. 129

do nosso diploma legal (incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30

dias; perigo de vida; debilidade permanente de membro, sentido ou função;

aceleração de parto).

Quanto à incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30

dias, a lei não exige falta de capacidade absoluta, bastando apenas que a lesão

caracterize não impossibilidade, mas perigo ou imprudência no exercício das

ocupações habituais, por mais de 30 dias. As ocupações habituais a que se refere o

art. 129, § 1.º, I, do Código Penal, não têm o sentido de trabalho diário, nem são

aquelas de natureza lucrativa. São todas e quaisquer atividades corporais comuns.

Dessa forma, são verdadeiramente genéricas as ocupações habituais da lei. Para

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avaliar o tempo de duração da incapacidade, os peritos reexaminarão a vítima, se

não for revel, “logo que decorra o prazo de 30 trinta dias, contado da data do

crime”, conforme estatui o art. 168, § 2.º, do Código de Processo Penal. É o exame

complementar a que se submete uma segunda vez a vítima, um mês após, contado

da data do fato delituoso e não do correspondente auto de corpo de delito,

objetivando verificar se a incapacidade excede o trintídio. A realização do exame

complementar poucos dias depois dos 30 dias não invalida o laudo.

Por ocupações habituais entende-se não apenas as de natureza laborativa ou

lucrativa, mas toda e qualquer atividade. A não realização das tarefas por

questões emocionais, como a vergonha, a auto-imagem física ou mesmo simples

indisposição, não caracteriza a qualificadora.

Quanto ao perigo de vida, trata-se da probabilidade concreta e objetiva

de êxito letal próximo. O perigo de vida é uma situação atual, ou surgida no curso de

processo patológico, consequente à ofensa, em que, pelo estado do ofendido, há o

perigo de morte, se não for socorrido adequadamente em tempo hábil.

O perigo de vida pode apresentar-se no momento da lesão ou depois de horas

ou dias, em qualquer fase da evolução clínica, antes dos 30 dias. Por isso, não pode

ser suposto, virtual ou potencial, remoto ou presumido, mas real, sério, efetivo,

clinicamente confirmado, não importa se atual ou passado.

São inúmeras as situações que configuram perigo de vida:

 Lesões penetrantes ou transfixantes de vísceras torácicas ou abdominais,

levando a hemorragias ou infecções graves (peritonite bacteriana);

 Ruptura de grandes vasos sanguíneos com hemorragia grave e estado de

choque hipovolêmico;

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 Estados de choque não hipovolêmicos (anafilático, neurogênico,

cardiogênico, séptico);

 Colapso pulmonar com insuficiência respiratória grave;

 Septicemias ou infecções graves (tétano, meningites);

 Traumatismos cranioencefálicos graves;

 Estado de coma grave;

 Traumatismos raquimedulares com alterações cardiorrespiratórias;

 Arritmias ou insuficiência cardíaca aguda graves;

 Grandes queimados, etc.

Há certa discussão quanto à caracterização do perigo de vida nas lesões

penetrantes das cavidades serosas, mas que não determinam lesões viscerais; como

também nos casos das lesões que exigem cirurgias nas cavidades, onde se

constatam ausência de lesões internas, ou ainda na simples necessidade da

anestesia geral na vitima. Entendem, os especialistas, que, cumpridas as técnicas

médicas para a prática da anestesia e da cirurgia, não havendo lesões que

justifiquem a evolução provável para o êxito letal, não se configura a qualificadora,

não sendo a atividade médico-terapêutica em si causadora do perigo de vida. O

mesmo se diga de lesão das serosas sem complicações graves.

Somente pela localização ou pelo tamanho da lesão, não se pode inferir o perigo de

vida ou sua ausência.

Já na debilidade permanente de membro, sentido ou função, a

debilidade a que se refere a lei é fraqueza, diminuição de forças, enfraquecimento,

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embotamento, debilitação. A debilidade pode ser consequência de dano anatômico

(amputação de dedo, por exemplo), ou funcional (paralisia).

Segundo a doutrina, a caracterização da figura jurídica prevista no § 1.º, III,

do art. 129 do Código Penal considera-se debilidade permanente a debilitação de

membro, sentido ou função consecutiva a um dano traumático, limitadora

duradouramente, mas não do uso da energia, do vigor físico ou da plenitude do

poder de ação, sem comprometimento do bem-estar do organismo.

Debilidade significa redução parcial da força, fraqueza, enfraquecimento,

diminuição da capacidade funcional. Deve ser diferenciada da perda ou inutilização,

que tem caráter de redução total, ausência e que não pertence a esta classe de

lesões, mas de natureza gravíssima.

A debilidade pode ser funcional ou anatômica, conforme seja, a alteração para

menor, de natureza predominantemente fisiológica ou morfológica, respectivamente.

Pode ter caráter estático ou dinâmico. Será dinâmica a debilidade que surgir

na execução de algum tipo de movimento, não sendo percebida no repouso.

Exemplos são as alterações da marcha como a marcha claudicante, somente

percebida durante a deambulação, ou da fala. A primeira (marcha claudicante), se

muito intensa, poderá, ainda, constituir lesão gravíssima por deformidade

permanente.

A debilidade deve ser permanente. Isso afasta as lesões transitórias, como

as contusões ou hematomas, que podem gerar redução funcional pela dor que

acarretam, mas não constituem debilidade permanente. Porém, a permanência não

significa caráter perpétuo, bastando que seja duradoura, muito longa ou de difícil

resolução.

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A debilidade permanente de membros não exige que seja de todo o membro,

podendo ela atingir apenas um dos segmentos do mesmo. Muito comuns na prática

são as lesões de feixes nervosos causando fraqueza nos movimentos dos membros

ou em parte deles.

O órgão genital masculino, o pênis, não deve ser considerado membro. Na

verdade, ele pertence ao aparelho reprodutor, e sua lesão pode causar debilidade de

função (sexual e/ou reprodutora). Os sentidos referidos na lei são os cinco

mecanismos: visão, audição, paladar e tato e olfato.

Traumatismos que levam à surdez parcial, a dificuldades visuais ou ainda a

alterações da sensibilidade tátil da pele são alguns exemplos encontrados na perícia

médico-legal, sendo mais raras as perturbações do paladar ou do olfato.

Função é a atividade de um órgão ou aparelho. Assim, temos a função

respiratória, a função do fígado, do coração, das gônadas, etc. Ela pode

manifestar-se através de movimentos, como a marcha, a fala, a mastigação e os

movimentos oculares, ou através da homeostase do meio interno, como o

metabolismo controlado pelo fígado, as funções endócrinas pelas glândulas de

secreção interna, a função de defesa imunológica dos linfonodos, baço, etc.

Na lesão que atinge órgão duplo (pulmões, rins, olhos, orelhas, testículos,

ovários), sendo unilateral o comprometimento, e estando normal o órgão

contralateral, caracteriza-se, a priori, debilidade permanente de função. Mas, se há

previamente lesão de um e o outro é agredido, configurar-se-á lesão gravíssima,

equivalente à perda ou inutilização.

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Nos casos de órgão único, em que sua função pode ser assumida, ainda que

parcialmente, por outro (baço, por exemplo), teremos apenas debilidade, e não

perda de função.

A possibilidade de reparação ou atenuação das consequências danosas da

lesão, através de tratamentos cirúrgicos ou uso de orteses ou prótese, não exclui a

natureza grave da lesão.

A perda de elementos dentários ou de dedos das mãos ou pés, embora gere

ausência de elementos anatômicos, pode configurar apenas debilidade e não perda

ou inutilização, desde que a gravidade da lesão não prejudique de forma severa as

funções deles dependentes. Assim, perda do dedo mínimo da mão ou do pé

configuraria debilidade, enquanto a do polegar (dedo de oposição), caracterizaria

lesão gravíssima. Da mesma forma, a perda de um único elemento dentário

posterior caracteriza apenas debilidade.

Quanto à aceleração de parto, significa antecipar o nascimento da criança

antes do prazo normal previsto pela medicina. Nesse caso, é indispensável o

conhecimento da gravidez pelo agente. Se, em virtude da lesão corporal

praticada contra a mãe, a criança nascer morta, terá havido lesão corporal

gravíssima (art. 129, § 2.º, V). Há possibilidade de haver o nascimento com vida,

mas, em razão da lesão corporal sofrida pela mãe, que tenha atingido o feto, venha

a morrer a criança.

Segundo a doutrina, as seguintes duas hipóteses podem ocorrer: a primeira é

que se houve aceleração de parto e o feto nasceu com vida, morrendo, em face das

lesões sofridas, dias, semanas ou meses depois, não há como falar em lesão

corporal gravíssima, ou seja, cujo resultado mais grave é o aborto, pois este é um

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termo específico, que significa a morte do feto antes do nascimento. Trata-se, pois,

de lesão corporal grave (aceleração de parto); a segunda, se a lesão corporal atingiu

a mãe e também o feto, mas não provocou a aceleração de parto nem o aborto,

vindo a criança a morrer, depois do nascimento com vida, em virtude da lesão

sofrida, não há como imputar-se ao agente lesão grave ou gravíssima, pois sua

conduta, nesse prisma, não se amolda aos tipos penais do art. 129, §§ 1.º, IV, e

2.º, V. Neste último caso, quanto à lesão corporal, deverá ela ser tipificada como

simples.

3. Lesões corporais gravíssimas

Essas são as ofensas à integridade corporal ou à saúde de outrem explícitas

no § 2.º do art. 129 do Código Penal (incapacidade permanente para o trabalho;

enfermidade incurável; perda ou inutilização de membro, sentido ou função;

deformidade permanente; aborto).

Quanto à Incapacidade permanente para o trabalho, trata-se da inaptidão

duradoura para exercer qualquer atividade laborativa lícita. Nesse contexto,

diferentemente da incapacidade para as ocupações habituais, exige-se atividade

remunerada, que implique sustento, portanto, acarrete prejuízo financeiro para o

ofendido.

A doutrina advoga que significa qualquer modalidade de trabalho e não

especificamente o trabalho a que a vítima se dedicava. Contudo, há necessidade de

serem estabelecidas certas restrições, visto que não se pode exigir de um intelectual

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ou de um artista que se inicie na atividade de pedreiro. Fixa-se no campo do

factualmente possível e não no teoricamente imaginável. Portanto, incapacidade

permanente é uma diminuição efetiva da capacidade física comparada à que possuía

a vítima antes do fato punível.

Reforçando, a incapacidade permanente é a perda da possibilidade de

execução de uma tarefa por tempo indeterminado, ainda que não perpétuo. A lei

refere-se ao trabalho genérico. Um cirurgião que sofre lesão nas mãos e não pode

mais operar, mas pode executar inúmeras outras tarefas, não caracteriza o inciso.

Não se especifica aqui a intensidade, o tipo, a natureza do dano, mas apenas sua

consequência. São exemplos:

 Perda funcional de ambos os membros superiores ou inferiores;

 Perda de um braço e uma perna;

 Cegueira;

 Alienação mental.

Já na enfermidade incurável, entende a doutrina como a falta de uma ou

mais funções, quer por ausência congênita, quer por alteração ou abolição definitiva

das mesmas, e compatível com um relativo bom estado de saúde.

Não configura a qualificadora a simples debilidade enfrentada pelo organismo

da pessoa ofendida, necessitando existir uma séria alteração na saúde. Embora a

vítima não seja obrigada a submeter-se a qualquer tipo de tratamento ou cirurgia de

risco para curar-se, também não se deve admitir a recusa imotivada do ofendido

para tratar-se.

São exemplos:

 A cegueira;

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 A surdez;

 As paralisias;

 Mutismo;

 Epilepsia;

 Demência;

 Pseudo-artroses;

 Luxações recidivantes;

 Osteomielite crônica;

 AIDS.

Não se exige da vitima a realização de intervenções cirúrgicas

complexas, nem tratamentos dispendiosos, para caracterizar a agravante. A

incurabilidade também não precisa ser perpetua nem se exige ser absoluta, mas de

muito difícil cura.

Quanto à perda ou inutilização de membro, sentido ou função, é preciso

saber que a perda é a amputação posterior à agressão, consequente à intervenção

cirúrgica, objetivando salvar a vida ou evitar consequências gravíssimas para a

saúde do ofendido, ou mutilação, quando ocorre no momento do delito. Inutilização

é a falta de habilitação do órgão à sua função específica; é a perda funcional em

membro que subsiste anatomicamente. A perda poderá ser total ou parcial, desde

que equivalha à inutilização.

Na deformidade permanente, deformar significa alterar a forma original.

Assim, configura-se a lesão gravíssima quando ocorre a modificação duradoura de

uma parte do corpo humano da vítima. Salienta a doutrina, no entanto, estar essa

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qualificadora ligada à estética. Por isso, é posição majoritária a exigência de ser a

lesão visível, causadora de constrangimento ou vexame à vítima, e irreparável.

Citam-se como exemplos as cicatrizes de larga extensão em regiões visíveis do

corpo humano, que possam provocar reações de desagrado ou piedade, tais como as

causadas pela vitriolagem (lançamento de ácido no ofendido), ou a perda de orelhas,

mutilação grave do nariz, entre outros.

Exemplos de deformidade permanente:

 Paralisia facial traumática;

 Mutilação da orelha externa;

 Mutilação do apêndice nasal;

 Mutilação dos membros;

 Mutilação das mamas;

 Queimaduras extensas pro ação térmica ou química; (vitriolagem)

 Cicatrizes extensas visíveis ou deformantes;

 Incrustação na pele de partículas pigmentadas (tatuagens causadas por

PAF).

E no aborto, há interrupção da gravidez normal e não patológica, em

qualquer fase do período gestatório, haja ou não a expulsão do concepto morto, ou,

se vivo, que morra logo após pela inaptidão para a vida extrauterina, resultante de

ofensa corporal ou violência psíquica, constitui lesão gravíssima.

A espécie difere da aceleração de parto porque nesta, resultante da agressão

corporal, a criança nasce antes do tempo previsto para a délivrance, em graus

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variáveis de prematuridade, porém viva e em condições de sobreviver,

caracterizando o evento lesão grave.

4. Lesões corporais seguidas de morte

O art. 129, após descrever no caput o crime de lesão corporal, acrescenta no

§ 3.º um resultado agravador previsível — a morte da vítima.

De acordo com o § 3.º do art. 129, o dolo só se estende à lesão corporal,

sendo a morte punida a título de culpa, pois subentende que o agressor não quer

matar a vítima, e não assume o risco de produzir a morte previsível. Assim, Trata-se

da única forma autenticamente preterdolosa prevista no Código Penal (§ 3.º), pois o

legislador deixou nítida a exigência de dolo no antecedente (lesão corporal) e

somente a forma culposa no evento subsequente (morte da vítima). Ao mencionar

que a morte não pode ter sido desejada pelo agente, nem tampouco pode ele ter

assumido o risco de produzi-la, está-se fixando a culpa como único

elemento subjetivo possível para o resultado qualificador. Justamente por isso, neste

caso, havendo dolo eventual quanto à morte da vítima, deve o agente ser punido por

homicídio doloso.

Seguindo, como forma de agravar o tratamento penal nos casos da chamada

violência doméstica, tal Lei acrescentou o § 9.º ao art. 129 do Código Penal. “Se a

lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou

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companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,

prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de

hospitalidade: Pena — detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos”.

Outro detalhe importante, no art. 129 do Código Penal, é o § 12. A norma

menciona que caso a lesão seja praticada contra autoridade ou agente policiai,

militares, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,

no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,

companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a

pena será aumentada de um a dois terços.

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5. Síndrome da criança espancada

Essa síndrome, não abrange apenas espancamento, mas também maus tratos.

É obrigatória a comunicação de casos suspeitos ou confirmados de maus-tratos à

infância e adolescência. Encontra-se no ECA.

"Art. 13 – os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos serão

obrigatoriamente comunicados ao conselho tutelar da respectiva

localidade."

As principais formas de abuso são:

 Privação de alimentos

 Privação de cuidados de higiene

 Administração intencional de drogas e venenos

 Abuso sexual e físico

 Negligencia de assistência médica

 Abuso emocional.

A existência de traumatismos recentes associados a vestígios ou sequelas de

outros mais antigos, bem como a multiplicidade deles, deve servir de alerta. A

presença de lesões de idades diversas em diversos segmentos do corpo constitui

quase um sinal patognomônico da síndrome.

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As chamadas lesões com assinatura são frequentes nesses casos.

Equimoses podem produzir o desenho de fivelas de cinto, saltos de sapato, laços,

porretes, chicotes, cabos de vassoura, etc.

Impõe-se a realização de estudo radiológico. Múltiplas fraturas, calcificações

ósseas em diferentes estágios, alargamentos epifisários e deformidades ósseas,

alterações que constituem a chamada Sindrome de Sylverman.

Principais formas de maus-tratos:

- Privação de alimentos

• Subnutrição decorrente de má administração dos alimentos por:

– Falta de recurso para compra do alimento;

– Dolo;

– Negligência.

- Privação de cuidados de higiene

• Surgimento de doenças dermatológicas ou infestações, muitas

delas associadas ao quadro de desnutrição:

– Impetigo;

– Pediculose;

– Escabiose.

- Negligência de assistência médica

• O adulto deixa, por dolo ou negligência, de seguir tratamento

médico recomendado para a criança;

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• Não administra remédios prescrito ou se recusa a fazer

tratamentos ou internações.

- Negligência de segurança

• Crianças pequenas são deixadas sozinhas, sem supervisão;

• Está presente em qualquer nível social.

- Abuso emocional

• Ameaças, ofensas, broncas, ralhos, fortes repreensões;

• A criança maltratada, no futuro, como adulta, tenderá a causar

sofrimento a outra criança.

- Administração Intencional de drogas e venenos

• Administração de calmantes, soníferos e outras drogas

psicotrópicas lícitas ou ilícitas;

• Administração de veneno (para agredir ou atrair a atenção do

outro cônjuge).

- Abuso sexual

• Na maioria das vezes ocorre na intimidade dos lares, praticado por

pessoas próximas à criança;

• Vítimas de ambos os sexos, com predominância do abuso de

meninas.

6. Agentes causadores das lesões corporais

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Agentes das lesões são todos os instrumentos ou meios que atuando no

organismo determinam lesões, e podem ser de natureza física, química, biológica ou

mista.

De natureza física:

 Mecânica

 Térmica

 Elétrica

De natureza química:

 Tóxicos

 Venenos

 Cáusticos

De natureza biológica:

 Agentes infecciosos

 Alterações da nutrição

Em traumatologia, lesão é uma modificação estrutural e consequentemente

funcional, do organismo, provocada pela ação de uma energia externa.

7. Tortura

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Segundo o França, a Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, que regulamenta o

inciso XLIII do artigo 5o da Constituição do Brasil de 1988, define tortura como o

sofrimento físico ou mental causado a alguém com emprego de violência ou

grave ameaça, com o fim de obter informação, declaração ou confissão de vítima

ou de terceira pessoa, outrossim, para provocar ação ou omissão de natureza

criminosa ou então em razão de discriminação racial ou religiosa.

Os meios mais usados como maus-tratos aos detentos são: físicos (violência

efetiva), morais (intimidações, hostilidades, ameaças), sexuais

(cumplicidade com a violência sexual) e omissivos (negligência de higiene,

alimentação e condições ambientais).

Segundo o França, recomenda-se que, em todos os casos de perícias de

alegação ou presunção de tortura, proceda-se sempre da seguinte maneira:

 valorizar no exame físico o estudo esquelético-tegumentar;

 descrever detalhadamente a sede e as características dos ferimentos;

 registrar em esquemas corporais todas as lesões encontradas;

 fotografar as lesões e alterações existentes nos exames interno e

externo;

 detalhar em todas as lesões, independentemente do seu vulto, a

forma, idade, dimensões, localização e particularidades;

 radiografar, quando possível, todos os segmentos e regiões agredidos

ou suspeitos de violência;

 trabalhar sempre em equipe;

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 examinar sempre que possível à luz do dia;

 usar os meios subsidiários disponíveis;

 avaliar de forma objetiva e imparcial;

 examinar a vítima de tortura sem a presença dos agentes do poder;

 examinar com paciência e cortesia

Por fim, o França recomenda que os peritos nunca usem as informações

como propostas pessoais, quaisquer que sejam suas posições políticas ou

ideológicas.

No estudo das lesões externas do cadáver em casos de morte por

tortura, o França menciona que devem-se valorizar as seguintes características:

multiplicidade, diversidade, diversidade de idade, forma, natureza

etiológica, falta de cuidados e local de predileção.

Quanto à sua natureza, o França menciona que as lesões podem-se

apresentar com as seguintes características:

 equimoses e hematomas são as lesões mais comuns, localizando-se

mais comumente na face, tronco, extremidades e bolsa escrotal,

apresentando processos evolutivos de cronologia diferente pelas

agressões repetidas em épocas diversas

 escoriações generalizadas, também de idades diferentes, mais

encontradas na face, nos cotovelos, joelhos, tornozelos e demais

partes proeminentes do corpo

 edemas por constrição nos punhos e tornozelos, por compressão

vascular, em face da ectasia sanguínea e linfática

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 feridas, na maioria contusas, nas diversas regiões, com predileção pelo

rosto (supercílios e lábios), também de evolução distinta pelas épocas

diferentes de sua produção e quase sempre infectadas pela falta de

higiene e assistência

 queimaduras, principalmente de cigarros acesos no dorso, no tórax e

no ventre, ou outras formas de queimaduras, as quais quando

bilaterais têm maior evidência de maus-tratos, sendo quase sempre

infectadas pela falta de cuidados. As lesões produzidas por substâncias

cáusticas são muito raras devido a seu aspecto denunciador

 fraturas dos ossos próprios do nariz que, após sucessivos traumas,

podem produzir o chamado “nariz de boxeador”, quase sempre

acompanhado de fratura do tabique nasal, com hematoma bilateral no

espaço subcondral, além das fraturas de costelas e de alguns ossos

longos das extremidades, sendo mais rara a fratura dos ossos da

coluna e da pélvis

 alopecias com zonas hemorrágicas difusas do couro cabeludo pelo

arrancamento de tufos de cabelo

 edemas e ferimentos das regiões palmares e fraturas dos dedos pelo

uso de palmatória

 lesões oculares que vão desde as retinopatias e cristalinopatias até as

rupturas oculares com esvaziamento do humor vítreo e cegueira

consecutiva

 lesões otológicas como ruptura dos tímpanos e otorragia provocadas

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por uma agressão de nome “telefone”

 fraturas e avulsões dentárias por traumatismos faciais sinais de abuso

sexual de outros presidiários como manobra de tortura e humilhação

da própria administração carcerária

 lesões eletroespecíficas produzidas pela eletricidade industrial,

como técnica de tortura utilizada para obtenção de confissões, sempre

em regiões ou órgãos sensíveis, como os genitais, o reto e a boca; ou

pelo uso de uma cadeira com assento de zinco ou alumínio conhecida

como “cadeira do dragão”. Aquelas lesões são reconhecidas como

“marca elétrica de Jellineck”, na maioria das vezes macroscopicamente

insignificante e podendo ter como características a forma do condutor

causador da lesão, tonalidade branco-amarelada, forma circular, elítica

ou estrelada, consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido,

fixa, indolor, asséptica e de fácil cicatrização. Tudo faz crer que esta

lesão é acompanhada de um processo de desidratação, podendo-se

apresentar nas seguintes configurações: estado poroso (inúmeros

alvéolos irregulares, juntos uns aos outros, com uma imagem de favo

de mel), estado anfractuoso (tem um aspecto parecido com o anterior,

mas apresentando alvéolos maiores e tabiques rotos) e estado

cavitário (em forma de cratera com apreciável quantidade de tecido

carbonizado). As lesões eletroespecíficas (marca elétrica de Jellinek)

não são muito diferentes das lesões produzidas em “sessões de

choque elétrico”, a não ser o fato de estas últimas não apresentarem

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os depósitos metálicos em face dos cuidados de não se deixarem

vestígios. Também as lesões produzidas por descargas de pistolas

elétricas (stun guns), que se caracterizam por pequenos eritemas ou

queimaduras puntiformes, podendo causar danos sérios e até a morte

em indivíduos portadores de doenças cardíacas. Essas pistolas geram

descargas elétricas de 50.000 a 250.000 volts, produzem paralisia

muscular por algum tempo, alcançam uma distância de 4,5 m e são

usadas também como meio de tortura. Todas essas lesões são de

difícil diagnóstico quanto à idade, podendo-se dizer apenas se são

recentes ou antigas, mesmo através de estudo histopatológico. Sua

utilização, mesmo com a desculpa de tratar-se de um meio inócuo e

de proteção da sociedade em casos de distúrbios ou de contenção de

suspeitos ou infratores, é falsa porque ele é desnecessário e não se

trata de uma ação inofensiva. Mais grave ainda é o uso destas pistolas

elétricas como forma de tortura em indivíduos detidos e sem condições

de fuga ou de reação

 lesões produzidas em ambientes de baixíssima temperatura

conhecidos como “geladeira”, podendo ocorrer inclusive gangrena das

extremidades lesões decorrentes de avitaminoses e desnutrição por

omissão de alimentos e falta de cuidados adequados e de higiene

corporal

 lesões produzidas por insetos e roedores

 lesões produzidas por simulação, embora raras, podem existir

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 lesões de tortura associadas a lesões de execução sumária

 avulsões de unhas

Vamos, agora, fazer algumas questões.

Até a próxima aula!

Grande abraço e bons estudos!

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Questões Propostas

(CESPE - 2012 - PC-AL - Agente de Polícia) Em relação à perícia médico-

legal, julgue os itens seguintes.

==adc52==

1) A lesão corporal leve pode ser caracterizada como aquela em que não

impede a vítima de realizar as atividades habituais por até trinta dias,

como, por exemplo, uma torção no dedo do pé.

2) Lesão corporal de natureza grave é aquela em que o objeto utilizado para

a prática é muito perigoso, como um projétil de arma de fogo, ou aquela

resultante da prática de ato com extrema força e violência ou, ainda, com

requinte de crueldade.

3) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) No que se refere à perícia

médico-legal, julgue os itens subsequentes.

Considere a seguinte situação hipotética.

O pai de um recém-nascido intensamente irritado com o choro insistente do

bebê, sacudiu-o, e provocou luxação em um de seus ombros. Arrependido

do ato de violência por ele cometido, o pai levou imediatamente o bebê ao

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hospital, onde ele recebeu cuidados médicos. Os movimentos do ombro do

bebê foram restabelecidos após cinco semanas, e ele não teve sequelas.

Nessa situação, sob o ponto de vista jurídico, houve lesão corporal de

natureza grave.

4) (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) A figura do "perigo de vida"

nas lesões corporais diz respeito:

A) ao perigo decorrente da situação em que esteve a vítima por ocasião da

agressão.

B) ao perigo resultante do dano pessoal ocasionado pelo ato criminoso.

C) à situação de prognóstico médico de grave dano

D) a situação de expectativa de risco de vida relacionada à agressão.

E) todo tipo de atividade relativa a vítima em seu cotidiano.

5) (DELEGADO DE POLÍCIA/MA_FCC_2006) Em face da Medicina Legal é

correto afirmar que

A) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza

gravíssima, a constatação pericial de: Incapacidade permanente para o

trabalho; Perda de membro, sentido ou função; Enfermidade incurável;

Deformidade permanente; Aborto.

B) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza

grave, a constatação pericial de: Incapacidade para o trabalho por mais de

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trinta dias; Perigo de Vida; Debilidade temporária de membro, sentido ou

função; Aceleração do Parto.

C) de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais

são classificadas, quanto aos seus graus, em Levíssima, Leve, Grave,

Gravíssima e Lesão Corporal Seguida de Morte.

D) o dano estético é classificado, de acordo com a Doutrina Médico-Legal

brasileira, em leve, grave e gravíssima.

E) o aborto pode ser enquadrado como lesão corporal de natureza grave ou

como de natureza gravíssima, na dependência de ter ou não havido

concordância da vítima na sua perpetração.

6) (MÉDICO LEGISTA/MA_FCC_2006) Quanto às lesões corporais é correto

afirmar que de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões

Corporais são classificadas em Lesão Corporal, Lesão Corporal Grave e

Lesão Corporal Seguida de Morte.

7) (Inédita - 2017) Segundo a doutrina, as concausas, que diferem das

causas, quando falamos em lesão coporal, podem ser preexistentes ou

supervenientes, sendo aquelas classificadas em, EXCETO:

A) Biológicas

B) Patológicas

C) Fisiológicas

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D) Anatômicas

8) (PC - Perito Criminal) Diante de um caso suspeito de maus-tratos à

criança em idade pré-escolar, o Perito legista deverá investigar alterações

compatíveis com a Síndrome de Sylverman, que consiste no achado de:

A) hemorragias retinianas e subdurais decorrentes de sacudidelas ou

puxões violentos; (síndrome do bebê sacudido = Caffey, 1974)

B) rupturas de fígado ou baço, ascite quilosa e pseudocisto de pâncreas,

decorrentes dos traumatismos abdominais fechados;

C) fraturas incomuns de costelas, da porção externa da clavícula, da

escápula e do esterno resultantes de ação mecânica indireta;

D) fraturas múltiplas, calcificações ósseas em diversas fases e

alargamentos episfisários provocados por agressões repetidas;

E) lesões “com assinatura” e queimaduras por líquidos ou sólidos,

distribuídas em regiões delimitadas do corpo e em diferentes estágios de

evolução.

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Questões Comentadas

(CESPE - 2012 - PC-AL - Agente de Polícia) Em relação à perícia médico-

legal, julgue os itens seguintes.

1) A lesão corporal leve pode ser caracterizada como aquela em que não impede a

vítima de realizar as atividades habituais por até trinta dias, como, por exemplo,

uma torção no dedo do pé.

Comentários:

O crime de lesões corporais subdivide-se em duas categorias: a das lesões

dolosas e a das culposas. Por sua vez, a modalidade dolosa possui quatro figuras,

que dependem do resultado provocado na vítima. Assim, a lesão dolosa pode ser

leve, grave, gravíssima ou seguida de morte. Lesões leves - Art. 129, caput

— Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena — detenção de três

meses a um ano. Nota-se, inicialmente, que, quanto ao resultado, o texto legal não

define quando uma lesão corporal é leve. Ao contrário, nosso legislador apenas

descreve expressamente quando uma lesão deve ser considerada de natureza grave

(art. 129, § 1º) ou gravíssima (art. 129, § 2º). Por isso, é por exclusão que se

conclui que uma lesão é de natureza leve, devendo ser assim considerada, portanto,

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aquela que não é grave e nem gravíssima. É exatamente por isso que, no formulário

próprio para os legistas apresentarem o laudo do exame de corpo de delito, constam

quesitos em torno de todas as modalidade Dos Crimes Contra a Pessoa consideradas

graves ou gravíssimas de lesão corporal. Apenas quando o legista responder

negativamente a todas elas, é que será possível dizer que a lesão é leve, ok? Para

que haja tipificação do crime de lesão corporal, o texto legal exige que o ato

agressivo perpetrado contra a vítima lhe tenha provocado ofensa à integridade

corporal ou à saúde.

Gabarito: C.

2) Lesão corporal de natureza grave é aquela em que o objeto utilizado para a

prática é muito perigoso, como um projétil de arma de fogo, ou aquela resultante da

prática de ato com extrema força e violência ou, ainda, com requinte de crueldade.

Comentários:

Lesões corporais graves estão previstas no art. 129, § 1º, do Código Penal e

possuem pena de reclusão, de um a cinco anos. A pena mínima prevista — um ano

— faz com que seja possível a suspensão condicional do processo, se o réu

preencher os demais requisitos do art. 89 da Lei n. 9.099/95. Embora possua

denominação própria — lesão grave — é extremamente comum que doutrinadores e

juízes a ela se refiram como lesão corporal qualificada. Vejamos quando será lesão

corporal de natureza grave:

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"§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos."

E gravíssima, se resulta:

"I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incuravel;

III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos."

Gabarito: E.

3) (CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia) No que se refere à perícia

médico-legal, julgue os itens subsequentes.

Considere a seguinte situação hipotética.

O pai de um recém-nascido intensamente irritado com o choro insistente do bebê,

sacudiu-o, e provocou luxação em um de seus ombros. Arrependido do ato de

violência por ele cometido, o pai levou imediatamente o bebê ao hospital, onde ele

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recebeu cuidados médicos. Os movimentos do ombro do bebê foram restabelecidos

após cinco semanas, e ele não teve sequelas.

Nessa situação, sob o ponto de vista jurídico, houve lesão corporal de natureza

grave.

Comentários:

Isso mesmo, como podemos perceber são classificadas como grave, a

lesão que resulta de: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de

trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou

função; IV - aceleração de parto. Logo, após cinco semanas ultrapassam um mês!

Gabarito: C.

4) (PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia) A figura do "perigo de vida"

nas lesões corporais diz respeito:

A) ao perigo decorrente da situação em que esteve a vítima por ocasião da agressão.

B) ao perigo resultante do dano pessoal ocasionado pelo ato criminoso.

C) à situação de prognóstico médico de grave dano

D) a situação de expectativa de risco de vida relacionada à agressão.

E) todo tipo de atividade relativa a vítima em seu cotidiano.

Comentários:

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Segundo a doutrina o perigo de vida não tem o mesmo significado de risco

de vida. O perigo de vida é a probabilidade concreta e objetiva de êxito letal

próximo. Pode apresentar-se no momento da lesão ou depois de horas ou dias, em

qualquer fase da evolução clínica, antes dos 30 dias.

Gabarito: A.

5) (DELEGADO DE POLÍCIA/MA_FCC_2006) Em face da Medicina Legal é

correto afirmar que

A) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza

gravíssima, a constatação pericial de: Incapacidade permanente para o trabalho;

Perda de membro, sentido ou função; Enfermidade incurável; Deformidade

permanente; Aborto.

B) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza grave, a

constatação pericial de: Incapacidade para o trabalho por mais de trinta dias; Perigo

de Vida; Debilidade temporária de membro, sentido ou função; Aceleração do Parto.

C) de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais são

classificadas, quanto aos seus graus, em Levíssima, Leve, Grave, Gravíssima e Lesão

Corporal Seguida de Morte.

D) o dano estético é classificado, de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira,

em leve, grave e gravíssima.

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E) o aborto pode ser enquadrado como lesão corporal de natureza grave ou como de

natureza gravíssima, na dependência de ter ou não havido concordância da vítima

na sua perpetração.

Comentários:

Vejamos quando uma lesão corporal será gravíssima:

" Art. 129 (...) § 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incurável;

III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos."

Gabarito: A.

6) (MÉDICO LEGISTA/MA_FCC_2006) Quanto às lesões corporais é correto

afirmar que de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais

são classificadas em Lesão Corporal, Lesão Corporal Grave e Lesão Corporal Seguida

de Morte.

Comentários:

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Conforme vimos, a doutrina também classifica em Lesão Corporal

Gravíssima, caso a lesão resuta de:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incurável;

III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto.

Gabarito: E.

7) (Inédita - 2017) Segundo a doutrina, as concausas, que diferem das

causas, quando falamos em lesão coporal, podem ser preexistentes ou

supervenientes, sendo aquelas classificadas em, EXCETO:

A) Biológicas

B) Patológicas

C) Fisiológicas

D) Anatômicas

Comentários:

Pessoal, segundo Lazaretti, essa classificação e dividida em anatômicas,

que seriam anomalias orgânicas, fisiológicas, aquelas provenientes de alterações

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funcionais capazes de contribuir negativamente para o agravamento das lesões e

patológicas, que são aquelas emanadas de uma morbidade existente, como a

tuberculose por exemplo.

Gabarito: A.

8) (PC - Perito Criminal) Diante de um caso suspeito de maus-tratos à

criança em idade pré-escolar, o Perito legista deverá investigar alterações

compatíveis com a Síndrome de Sylverman, que consiste no achado de:

A) hemorragias retinianas e subdurais decorrentes de sacudidelas ou puxões

violentos; (síndrome do bebê sacudido = Caffey, 1974)

B) rupturas de fígado ou baço, ascite quilosa e pseudocisto de pâncreas, decorrentes

dos traumatismos abdominais fechados;

C) fraturas incomuns de costelas, da porção externa da clavícula, da escápula e do

esterno resultantes de ação mecânica indireta;

D) fraturas múltiplas, calcificações ósseas em diversas fases e alargamentos

episfisários provocados por agressões repetidas;

E) lesões “com assinatura” e queimaduras por líquidos ou sólidos, distribuídas em

regiões delimitadas do corpo e em diferentes estágios de evolução.

Comentários:

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Impõe-se a realização de estudo radiológico. Múltiplas fraturas, calcificações ósseas

em diferentes estágios, alargamentos epifisários e deformidades ósseas, alterações

que constituem a chamada Sindrome de Sylverman.

Gabarito: D.

Gabarito

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C E C A A E A

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