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ESZS 025 – Máquinas de Fluxo

Aula 3 – Revisão de conceitos da Mecânica dos Fluidos

Prof. Dr. Marcelo Tanaka Hayashi


Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Universidade Federal do ABC
ESZS 025 – Máquinas de Fluxo
O teorema do transporte de Reynolds
• O movimento de fluidos pode ser analisado por 2 abordagens distintas:
1. Lagrangeana: utilizar as leis da física para descrever o escoamento a
partir do estudo do movimento individual das partículas (sistema),
conforme elas se movimentam através do tempo e do espaço.
2. Euleriana: descrição do escoamento por intermédio do conceito de
campo. Consiste em estudar uma região do espaço (V – C), durante um
certo intervalo de tempo, conforme o fluido escoa através dela.
• Campo é uma propriedade dos pontos do espaço que se aplica às partículas
fluidas que, eventualmente, passem por eles. Entretanto, as leis da física se
aplicam às partículas fluidas e não aos pontos do espaço.
• O teorema do transporte de Reynolds é a relação fundamental entre a
taxa de variação de qualquer propriedade extensiva arbitrária (Nsist. ) de um
sistema e as variações dessa propriedade associadas a um V – C.
Z Z
Nsist. = η dm = –
η ρ dV (1)
M (sist.) V– (sist.)

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O teorema do transporte de Reynolds

Subregião 3

Subregião 1

II III
I
y y
Sistema
z x z x – .C.
V
(a) t = t0 (a) t = t0 + ∆t

• Da definição de derivada, a taxa de variação de N é dada por:


Nsist. |t0 +∆t − Nsist. |t0

dN
≡ lim (2)
dt sist. ∆t→0 ∆t

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O teorema do transporte de Reynolds

• Mas,

Nsist. |t0 +∆t = (NII + NIII )t0 +∆t = (NV– C − NI +NIII )t0 +∆t (3)
| {z }
NII

Nsist. |t0 = (NV– C )t0 (4)

• Substituindo (3) e (4) em (2), tem–se:

(NV– C − NI + NIII )t0 +∆t − NV– C |t0



dN
= lim (5)
dt sist. ∆t→0 ∆t

• Como o limite da soma é igual à soma dos limites, então:


NV– C |t0 +∆t − NV– C |t0 NIII |t0 +∆t NI |t0 +∆t

dN
= lim + lim − lim (6)
dt sist. |∆t→0

{z∆t } |
∆t→0
{z∆t } |
∆t→0
{z∆t }
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O teorema do transporte de Reynolds

• O termo 1 pode ser escrito como:


NV– C |t0 +∆t − NV– C |t0
Z
∂NV– C ∂
lim = = –
η ρ dV (7)
∆t→0 ∆t ∂t ∂t V– C
onde, Z
– = NV– C
η ρ dV (8)
–C
V
• Analisemos, agora, uma vista ampliada da subregião 3:

~ · ∆t Contorno do
V
∆~l = sistema no
instante t0 + ∆t
~
dA
α ~
V dNIII |t0 +∆t = (η ρ dV
– )t0 +∆t
~ · dA
∴ dNIII |t0 +∆t = η ρ V ~ ∆t

Superfície de
controle III
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• Ao integrar sobre toda a região III para obter o termo 2 na eq. (6):
Z
dNIII |t0 +∆t
NIII |t0 +∆t
Z
lim = lim SCIII = ~ · dA
ηρV ~ (9)
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t SCIII
• Podemos desenvolver uma análise similar para a subregião 1:
Contorno do
~ · ∆t
V
∆~l = sistema no
instante t0 + ∆t
dNI |t0 +∆t = (η ρ dV
– )t0 +∆t
~
V
~ · dA
∴ dNI |t0 +∆t = −η ρ V ~ ∆t
α
~
dA Superfície de
controle I
Observação
Note que, neste caso, d~l e dA
~ tem "sentidos opostos" (π/2 < α ≤ π) e, portanto,
o produto escalar d~l · dA
~ = |d~l||dA|
~ cos α < 0. Assim, como o volume é uma
quantidade positiva, dV ~ ~
– = −dl · dA = V~ · dA∆t.
~
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• O termo 3 da eq. (6) resulta:


Z
dNI |t0 +∆t
NI |t0 +∆t
Z
lim = lim SCI
=− ~ · dA
ηρV ~ (10)
∆t→0 ∆t ∆t→0 ∆t SCI

• Substituindo (7), (9) e (10) em (6), obtém–se:


Z Z Z
dN ∂ ~ · dA
~+ ~ · dA
~
= η ρ –
dV + η ρ V ηρV (11)
dt sist. ∂t V– C SCI SCIII

• As 2 últimas integrais da eq. (11) podem ser combinadas, porque SCI e


SCIII constituem a superfície de controle inteira do V
– C:
Z Z
dN ∂ ~ · dA
~
= – +
η ρ dV ηρV (12)
dt sist. ∂t V– C SC

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A equação de conservação da massa
• Para massa, Msist. , como propriedade extensiva, tem–se:
 Z Z
Nsist. = Msist. = dm = –
ρ dV
M (sist.) V– (sist.) (13)
η=1

• Substituindo (13) em (12), tem–se:


Z Z
dM ∂ ~ · dA
~
= – +
ρ dV ρV (14)
dt sist. ∂t V– C SC

• Mas, o princípio de conservação da massa diz que:



dM
=0 (15)
dt sist.
• Admitindo regime permanente e substituindo (15) em (14), tem–se:
Z
~ · dA
ρV ~=0 (16)
SC

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A equação de conservação da quantidade de movimento
• Para quantidade de movimento, P~sist. , como propriedade extensiva, tem–se:
 Z Z
Nsist. = P~sist. = ~ dm =
V ~ ρ dV
V –
M (sist.) – (sist.)
V (17)

η=V ~
• Substituindo (17) em (12), tem–se:

dP~
Z Z
∂ ~ ρ dV

~ ρV ~ · dA
~

= V – + V (18)
dt ∂t V– C

SC
sist.
• Mas, a 2a lei de Newton diz que:

d ~
P
F~sist. = (19)
dt

sist.

– C ⇒ F~sist. = F~V– C .
• Em t = t0 , Sist. = V
• Admitindo regime permanente e substituindo (19) em (18), tem–se:
Z  
~
FV– C = ~ ρV
V ~ · dA
~ (20)
SC
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A equação de conservação da quantidade de movimento angular
• Para quantidade de movimento angular, H ~ sist. , como propriedade extensiva:
 Z Z
Nsist. = H ~ sist. = ~ dm =
~r ∧ V ~ ρ dV
~r ∧ V –
M (sist.) – (sist.)
V (21)

η = ~r ∧ V~
• Substituindo (21) em (12), tem–se:

dH~ ∂
Z Z
= ~r ∧ V~ ρ dV– + ~r ∧ V ~ ρV~ · dA
~ (22)
dt ∂t V– C

SC
sist.
• Mas, pelo princípio de conservação da quantidade de movimento angular:

d ~
H
T~sist. = (23)
dt

sist.

– C ⇒ T~sist. = T~V– C .
• Em t = t0 , Sist. = V
• Admitindo regime permanente e substituindo (23) em (22), tem–se:
Z
~
TV– C = ~ ρV
~r ∧ V ~ · dA
~ (24)
SC
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A equação de conservação da energia
• Para energia total, Esist. , como propriedade extensiva, tem–se:
 Z Z
Nsist. = Esist. = e dm = –
e ρ dV
M (sist.) V– (sist.) (25)
η=e

• Substituindo (25) em (12), tem–se:


Z Z
dE ∂ ~ · dA
~
= e ρ –
dV + eρV (26)
dt sist. ∂t V– C SC

• Mas, da 1a lei da Termodinâmica:



dE
Q̇sist. − Ẇsist. = (27)
dt sist.

onde, por convenção, Q̇sist. > 0 quando calor é adicionado ao sistema e


Ẇsist. > 0 quando trabalho é realizado pelo sistema sobre o meio.
• Em t = t0 , Sist. = V
– C ⇒ Q̇sist. = Q̇V– C e Ẇsist. = ẆV– C .
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A equação de conservação da energia

• Substituindo (27) em (26), tem–se:


Z Z
∂ ~ · dA
~
Q̇V– C − ẆV– C = – +
e ρ dV eρV (28)
∂t V– C SC

• Como já comentamos, as máquinas de fluxo operam, geralmente, de maneira


adiabática. Assim, a eq. (28) pode ser escrita na forma:
Z Z
∂ ~ · dA
~
−ẆV– C = – +
e ρ dV eρV (29)
∂t V– C SC

• Admitindo regime permanente:


Z
−ẆV– C = ~ · dA
eρV ~ (30)
SC

• Alternativamente, poderíamos escrever:


Z
Ẇlíq.,e = ~ · dA
eρV ~ (31)
SC

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