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1. Artigo classificado na segunda colocação do concurso de artigos científicos vinculado à realização do II Seminário Tocantinense de Direito
e Processo do Trabalho na categoria estudante.
2. Licenciada em Letras – Português/Inglês pela Universidade Federal do Tocantins. Graduanda em Direito pela Faculdade Católica do Tocan-
tins. Aluna do Curso de Especialização em Direito do Trabalho e Previdenciário pela Universidade Estácio de Sá. Aluna bolsista do Programa de
Iniciação Científica da Faculdade Católica do Tocantins.
3. Mestre em Direito pela Universidade Católica de Brasília. Especialista em Direito das Obrigações pela Universidade Estadual Paulista – UNESP.
Professor de Direito do Trabalho dos cursos de Direito da Faculdade Católica do Tocantins e Faculdade Serra do Carmo.
minadas como insalubres e de forma intermi- prejudicam a sua saúde e ocasionam danos a
tente, entende-se que o empregado vivencia diversos órgãos distintos deveria ser admitido
uma situação de perigo e que, por conseguinte o pagamento cumulativo dos adicionais de in-
deve ser remunerado. salubridade.
Assim, como no adicional de insalubrida- O art. 193, § 2º da CLT, prevê que caso o
de, possui legitimidade para percebimento empregado seja exposto a situações insalu-
do adicional de periculosidade os emprega- bres e perigosas de modo simultâneo, terá
dos urbanos, rurais e avulsos. que decidir pelo mais favorável, vedando a
cumulatividade entre os mesmos.
Com base no art. 193 c/c a súmula 364,
inciso I do TST conceituam o adicional de Contudo, com base na exposição da auto-
periculosidade como circunstâncias em que ra sobre os adicionais pode-se entender que
o empregado é exposto em contato perma- seu posicionamento defende a cumulativida-
nente ou intermitente com explosivos ou in- de dos adicionais de insalubridade e pericu-
flamáveis, e que sejam verificadas condições losidade, pois acredita que se o empregado
de risco iminente, assim comprovada por pe- tem a saúde agredida por diversos agentes,
rícia. esses danos devem ser reparados e não des-
considerados com pagamento de apenas um
Ainda na Lei n. 7.369, de 20 de setembro dos adicionais, ainda que seja o mais benéfi-
de 1985, os empregados que exercem ativi- co.
dades no setor de energia elétrica, e sejam
constatadas as condições de risco ou quais- Ao analisar também, o posicionamento
quer situações em meio à energia elétrica de Sérgio Pinto Martins (2015) perceberemos
nas quais sejam verificados riscos, possuem o posicionamento diverso do apresentado. Ex-
direito de receberem o adicional. poremos não mais as conceituações vigentes
na legislação que já foram apresentadas por A periculosidade a que se refere o art. 193
BARROS, (2011), pois nos deteremos no po- dá-se de forma permanente. Depreende-se
sicionamento divergente quanto à temática. que se o trabalhador ficar exposto cotidia-
namente às condições perigosas, ainda que
No pensamento de MARTINS (2015) o em- por pouco tempo, mas de forma habitual,
pregado se submete a exercer atividades in- o empregado terá direito ao adicional, pois
salubres para receber salário maior. Pois, em é compreensível que o risco, perigo poderá
alguns casos por mais que se faça uso dos acontecer a qualquer momento. Contudo,
EPIs, não se consegue retirar a insalubrida- o fato do empregado ou quaisquer pessoas
de que é inerente a determinadas atividades serem expostas à área perigosa, de modo
profissionais. eventual, não lhes concedem o direito de
perceber o adicional de
O doutrinador consi- periculosidade, confor-
“Constata-se que,
dera (2015, p. 278) que me preceitua a Súmula
“O certo, porém, seria mesmo nos casos em que 364 do TST.
o empregador eliminar o funcionário está em
a insalubridade no local Constata-se que, mes-
condições de risco de
de trabalho ou o empre- mo nos casos em que
gado não estar sujeito a modo intermitente, o funcionário está em
trabalhar em locais insa- ele terá direito ao adicional condições de risco de
lubres. O pagamento do modo intermitente, ele
de periculosidade, pois a
adicional não resolve o terá direito ao adicional
problema relativo à saú- qualquer momento poderá de periculosidade, pois
de do trabalhador”. sofrer um dano irreparável ” a qualquer momento
poderá sofrer um dano
MARTINS (2015, p. irreparável.
279) esclarece uma diferenciação básica
entre os adicionais de insalubridade e peri- Ao comparar estes adicionais, periculosi-
culosidade, pois o primeiro está ligado à hi- dade e insalubridade, verifica-se que nesta
giene e medicina, corresponde a Medicina última as consequências acontecem aos pou-
do Trabalho. Enquanto a periculosidade está cos no organismo humano, deteriorando a
relacionada a riscos ligada a Engenharia do saúde do indivíduo que varia de acordo com
Trabalho. perfil biológico de cada um. E a periculosida-
de não tem como se prever quando poderá
Nessa sistemática o ambiente sadio é o ocorrer, podendo assim, ser a qualquer ins-
mesmo que salubre destituído de quaisquer tante.
doenças e o ambiente seguro é aquele em
que não há perigo. Dessa forma, entende-se Ao referenciar o § 2º do art. 193 da CLT o
que a insalubridade pode ser eliminada ou autor deixa claro a impossibilidade de cumu-
neutralizada pelo uso de EPI e outras medi- lação dos adicionais de insalubridade e peri-
das. Já a periculosidade não tem como re- culosidade e o dever do empregado escolher
mover o risco totalmente. o mais favorável.
Ratifica que o parágrafo mencionado não siciona contra o pagamento cumulativo dos
foi revogado pelos incisos XXII e XXIII do art. adicionais de insalubridade e periculosidade.
7º da CRFB/88 que explicitam sobre a redu- Com base no rigor e literalidade da lei enten-
ção dos riscos inerentes ao trabalho e ao pa- de que em nenhum momento há desobe-
gamento dos adicionais para atividades pe- diência legal e que o legislador deixou bem
nosas, insalubres ou perigosas. claro que o empregado deveria escolher o
adicional que melhor lhes beneficiar.
No entendimento de MARTINS (2015, p.
283) a Constituição não assegura no art. 7º, O autor Raimundo Simão de Melo (2010)
norma mais favorável que o § 2º do art. 193 tem uma visão antagônica de MARTINS (2015)
da CLT, pois conforme o último instituto, não e em conformidade com BARROS (2011). Ex-
se impede o trabalhador de receber o adi- por-se-á os seus fundamentos sobre os adi-
cional, porque lhes faculta a escolher o mais cionais de insalubridade e periculosidade,
favorável. pois ele considera que deve haver a aplica-
ção cumulativa dos adicionais.
E ainda conforme a interpretação do autor
as Convenções da OIT nº 148 e 161 explicam O autor considera a insalubridade como
sobre serviços de saúde do trabalho, mas não questão de ordem pública, devido aos male-
explicam como deve ser pago os adicionais e fícios que atingem ao empregado, e comina-
nem se serão cumulados. das a consequências econômicas, sociais e
humanas, que incidem na própria sociedade.
Além destes, a Convenção nº 155 da OIT
também trata das questões relacionadas à
segurança e saúde dos trabalhadores e, na
visão do autor, não explicita no art. 11, b, a
cumulação dos adicionais de insalubridade e
periculosidade.
São apresentadas três formas de combate que deveria ser remunerada as atividades
à insalubridade, e a primeira é a compensa- determinadas como insalubres, perigosas e
ção remuneratória concedida ao empregado penosas, na verdade deveria ter proibido tais
com argumentos de que tal aumento salarial atividades e determinado à erradicação ou
seria destinada a melhor alimentação para amenização dos riscos à saúde e integridade
que assim refletisse melhor condição ao exer- física e psíquica do empregado.
cício das atividades, além desse mesmo au-
mento intimidar o empregador a tomar me-
didas preventivas.
O Brasil é um dos países que adota a estra- A segunda forma de combate a atividades
tégia mencionada para combater a insalubri- insalubres seria haver total proibição. Mas, ve-
dade, e que na visão do autor o resultado é rificou-se que essa medida é incabível, pois a
o fato dos empregadores pagarem o adicio- insalubridade em alguns casos é inerente a
nal e não adotarem medidas que previnam e certas atividades que são necessárias à ma-
melhorem as condições de trabalho do em- nutenção da vida, exemplo são as atividades
pregado. hospitalares.
De acordo com MELO (2010) a Constitui- Assim, só é possível nessas situações to-
ção Federal de 1988, quando determinou mar todas as medidas tanto coletivas como
MELO (2010) traz reflexões científicas e ju- MELLO (2010, p. 200) argumenta no senti-
rídicas mais detalhadas sobre a cumulação do da não obediência a Convenção n. 155 e
dos adicionais, pois de acordo com autor, é considera a não cumulatividade dos adicio-
indubitável que cada agente nocivo causa nais de insalubridade como ilógica, injusta e
dano distinto, e prejudica a saúde do traba- ilegal, além de levar ao enriquecimento ilícito
lhador ao longo do tempo, ao atingir diver- do empregador perante o prejuízo do traba-
sos órgãos. lhador.
de exposição, tipo de agente e resistência do art. 193, § 2º, da CLT não foi recepciona-
organismo humano. da pela Constituição Federal, que, em seu
art. 7º, XXIII, garantiu o direito dos traba-
Já o adicional de periculosidade, tem lhadores ao percebimento dos adicionais
como fato gerador o perigo iminente à vida de insalubridade e de periculosidade, sem
do trabalhador que pode se esvair a quais- ressalva acerca da cumulação. A possibili-
quer momentos. dade de recebimento cumulado dos men-
cionados adicionais se justifica em face
As diferenças dos adicionais mencionados de os fatos geradores dos direitos serem
nos direciona para o entendimento do juiz diversos. No caso, a Corte a quo manteve
Fernando Formolo no artigo de sua autoria a sentença que deferira o pedido de pa-
sobre “A cumulatividade dos adicionais de in- gamento do adicional de insalubridade em
salubridade e periculosidade”, de que devem grau máximo decorrente do contato com
ser pagos cumulativamente sempre que o álcalis cáusticos e hidrocarbonetos e de
trabalhador estiver simultaneamente exposto pagamento do adicional de periculosidade
a agentes nocivos e condições perigosas. em face da exposição do obreiro à fonte
radioativa. A inclusão no sistema jurídico
JURISPRUDÊNCIAS QUE APLICARAM A interno das Convenções Internacionais nº
CUMULAÇÃO DOS ADICIONAIS DE INSALU- 148 e 155, com a qualidade de normas ma-
BRIDADE E PERICULOSIDADE terialmente constitucionais ou supralegais,
como decidido pelo STF, determina a atu-
O processo RR 7761220115040411 que alização contínua da legislação acerca das
teve como relator Luiz Philippe Vieira de Melo condições nocivas de labor e a considera-
Filho da 7ª Turma do TST na data de 20 de ju- ção dos riscos para a saúde do trabalhador
nho de 2015 determinou o não conhecimen- oriundos da exposição simultânea a várias
to do pedido de revisão quanto à decisão substâncias insalubres e agentes perigosos.
que deferiu a cumulação dos adicionais de Assim, não se aplica mais a mencionada
insalubridade e periculosidade, como pode norma da CLT, afigurando-se acertado o
se verificar por meio do trecho a seguir: entendimento adotado pela Corte a quo
que manteve a condenação ao pagamen-
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMA- to cumulado dos adicionais de insalubrida-
DA - CUMULAÇÃO DO ADICIONAL DE de e de periculosidade. Recurso de revista
INSALUBRIDADE E DO ADICIONAL DE PE- não conhecido.
RICULOSIDADE - POSSIBILIDADE - PREVA-
Na decisão citada estabelece o novo en-
LÊNCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
tendimento do STF quanto a permissão dada
E SUPRALEGAIS SOBRE A CLT - JURIS-
à cumulação dos adicionais de insalubrida-
PRUDÊNCIA DO STF - OBSERVÂNCIA DAS
de e periculosidade por serem originários de
CONVENÇÕES Nº 148 E 155 DA OIT. No jul-
fatores diversos e assim serem de direito do
gamento do RR - 1072-72.2011.5.02.0384,
empregado receber os dois.
de relatoria do Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, esta Turma julgadora firmou en-
Ainda o relator argumenta em sua decisão
tendimento de que a norma contida no
que o artigo 193§2º da CLT que determina a
REFERÊNCIAS: