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AGENTES CULTURAIS
ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO
AT U I TA
GR ÃO
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E S SA SER
PODE
N ÃO Z A DA
M E R CIALI
CO
6 MÓDULO 2
DIREITOS
CULTURAIS
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Fundação Demócrito Rocha
Universidade Aberta do Nordeste
1
APRESENTAÇÃO
N
este fascículo, trataremos sobre os pontos mais relevantes
para o empreendedor da cultura e da economia criativa no
contexto das mídias digitais. Partindo da Constituição Fe-
deral (CF/88), tratamos da Livre Iniciativa (empreendedoris-
mo) e do Direito da Cultura, que se inter-relacionam dentro da ativida-
de empreendedora como difusora, geradora de renda, empoderadora
do(a) trabalhador(a) cultural e fomentadora da preservação da cultura.
O nosso objetivo é demonstrar os cuidados jurídicos que o em-
preendedor precisa ter, tais como formalização, tributação, con-
tratos e principais pontos relacionados aos chamados Direitos
Imateriais (direitos autorais, de imagem etc.), bem como algumas
previsões sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
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DIREITOS
CULTURAIS
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LIVRE INICIATIVA E DIREITO
À CULTURA NA NOSSA
CONSTITUIÇÃO
A
ntes de mais nada, é importante perceber que uma Cons-
tituição é uma Lei. Não uma Lei qualquer, mas a Lei que
rege toda a estrutura das Leis de nosso país.
A Constituição tem regras básicas para regular liber-
dades, direitos e limites do exercício da cidadania e dos poderes do Associação
Do ponto de vista
Estado e das autoridades. É, por exemplo, na Constituição que se jurídico, associar-se é
fundam Direitos como o da Livre Iniciativa (direito de empreender celebrar um contrato.
PARA CURIOSOS ou atuar empresarialmente em atividades econômicas), o Direito No Direito, de modo
Se você quiser ler à/da Cultura (direito de ter acesso aos bens e serviços culturais, a amplo, um contrato
a Constituição de associação é um
forma que esses bens são fomentados e como se dá a preservação
Federal, você pode gênero que tem
acessá-la em: www. da cultura de um determinado país).
em si as figuras do
planalto.gov.br/ Na Constituição, o Direito à Livre Iniciativa (empreender contrato de sociedade,
ccivil_03/constituicao/ economicamente) e mesmo a possibilidade de se associar de cooperativa ou SAIBA MAIS
constituicao para empreender estão previstos em diversos artigos que tra- mesmo estritamente Embora a CF/88
compilado.htm tam sobre a liberdade de associação, liberdade de atuação de associação. A possua previsões de
Nela, você encontrará empresarial, expressão da atividade intelectual e o resguardo característica mais liberdade econômica
a maior parte dos importante do contrato para permitir que
da imagem e da privacidade, além de objetivos como a redu- de associação é a união
artigos citados aqui. qualquer cidadão
ção de desigualdades econômicas regionais e a valorização de esforços de diversas explore atividades
das pequenas iniciativas. pessoas para atingir livremente, algumas
Vamos listar alguns aqui, com destaques pontuais: Art. 1º in- um determinado fim. atividades dependem
ciso IV; Art. 5º incisos V, IX, X, XIII, XVII, XVIII, XX; Art. 170 incisos A diferença entre de regulação e
VII, VIII, IX e Parágrafo único. os diversos tipos controle do Estado.
Como você poderá constatar nos exemplos destacados acima, de associação é Essas atividades
a sua finalidade, estratégicas são,
a CF/88 tem previsões tratando da atividade empreendedora. Sem por exemplo, as por exemplo, a
entrar muito no âmbito do que se conhece como Direito Econô- “associações” que tem exploração da
mico, o fato é que a CF/88 tem um modelo econômico e social, ou finalidade lucrativa são mídia de massa
seja, ela possui regras gerais onde deverá se pautar o Legislador e chamadas pelo Direito (rádio e televisão),
o Executivo para, ativa ou passivamente, influenciar no alcance de de sociedade. Por de atividades
isso, na CF/88 o termo potencialmente
objetivos previstos constitucionalmente.
associar-se é sempre perigosas, atividades
É através do Direito Econômico que se estuda regras relativas à interpretado de modo que explorem
ordem econômica e social esperada e desenvolvida pela CF/88. Ele amplo, servindo para recursos minerais e
serve, portanto, para organizar a economia em prol de objetivos se referir ao gênero. naturais, entre outras.
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Universidade Aberta do Nordeste
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EMPREENDEDORISMO
CULTURAL E CUIDADOS
JURÍDICOS BÁSICOS
O
agente cultural que exerce a li- atingir, por exemplo, direitos de consu-
vre iniciativa se enquadra nos midor ou deixar de recolher impostos, ou
termos legais como um for- mesmo deixar de ser reconhecido como
necedor de bens e serviços e uma atividade que pode ser beneficiada
pode eventualmente atuar como uma em- por incentivos públicos.
presa nas suas diversas modalidades. Por outro lado, regularizar juridica-
O empreendedor da cultura ainda mente uma atividade também permite
está sujeito a diversas regulações do pon- ter expectativas de cumprimento de
to de vista de atuação. Um exemplo são regras. Aqui falamos de contratos, uma
atividades que podem ter alguma ca- garantia de cumprimento daquilo que
racterística ambiental relevante e que foi acertado negocialmente ou de uma
precisam ser fiscalizadas pelo Poder Pú- proposta de serviços ou, ainda, em uma
blico, tal como geração de som, descarte compra e venda.
de material potencialmente poluente etc. Em resumo, regularizar juridica-
As atividades culturais relativas às mente uma atividade é considerar que
mídias digitais também estão sujeitas a o empreendedor cultural precisa res-
regulações específicas, tais como a ges- peitar regras jurídicas para o bem de
tão adequada de Direitos Autorais, o toda a cadeia produtiva e de consumo.
cuidado com a gestão e a administração Isso, sem falar da importância que essa
de dados pessoais. Aqui também temos regularização tem para a preservação da
diversas entidades, públicas e privadas, própria cultura, pois, como falamos ante-
perante as quais é necessário manter al- riormente, a sua atividade é parte fun-
gum aspecto de formalização e controle. damental da cultura de nosso país.
rativas, de um empresário individual ou com fins lucrativos. Ter fins lucrativos é ter
mesmo de um trabalhador autônomo. receitas e distribuir a diferença entre as recei-
Como dissemos, o tipo de atuação que tas e as despesas na forma de lucros para os
você tem como empreendedor da cultura seus sócios. Mas entenda: uma sociedade
varia, por exemplo, se você faz parte de pode ser ou não uma empresa.
um coletivo de empreendedores, se você Nós já vimos que para ser empresário
tem um sócio ou se você atua sozinho. A uma pessoa precisa exercer uma ativida-
definição da sua situação e do tipo do seu de que a Lei qualifica como empresária
empreendimento vai definir a melhor (artigo 966 do Código Civil), logo uma so-
forma de constituir e formalizar a sua ciedade de pessoas que praticam ativi-
atividade, ou seja, cada caso é um caso. dade empresarial é uma empresa.
Para você ter uma ideia geral dos ti- Agora, se uma pessoa tem uma socieda-
pos distintos de formalização, podemos de que não pratica uma atividade empre-
traçar algumas linhas: a primeira linha sária, essa sociedade não é, tecnicamente,
básica está ligada ao fato de você atuar uma empresa, embora, no dia a dia, toda
em uma atividade com ou sem fins lu- vez que nos referimos a uma sociedade,
crativos. Quando falamos de uma atua- qualquer que seja a natureza dela, utiliza-
ção sem fins lucrativos, estamos tratando mos o termo empresa. Por exemplo, “José
normalmente de uma associação (como e Augusto têm uma empresa de lanches”
já explicamos) ou de uma fundação. ou “Maria e Antônia têm uma empresa para
Ainda que não possamos falar, propria- venda de seu trabalho artístico”.
mente, que atuar através de uma associa- Nos dois exemplos, apenas o José e PARA
ção seja uma forma de empreender, há, sim, Augusto têm uma empresa, pois se trata
REFLETIR
muitos exemplos de agentes culturais que de uma lanchonete que é, sim, uma ativi- As associações
atuam através de associações. São diversos dade empresária. Já Maria e Antônia não são previstas no
os casos de Associações culturais (associa- são empresárias, porque, nos termos da Código Civil (Lei n.º
ções de escritores, de cordelistas, de cinéfi- Lei, elas têm uma atividade artística, por- 10.406/2002 no artigo
los, por exemplo) que, geradoras de renda e tanto, não empresária. Na prática, a dife- 53 e seguintes). Nele,
você encontra as
emprego, promovem cursos, prestam servi- rença pode ser um pouco mais complexa, bases legais de como
ços ou produzem e comercializam produtos. mas é importante fixar bem o conceito de deve ser constituída
O fato é que uma associação, ainda atividade empresária. uma associação e os
que não possa distribuir lucros, pode E como se dá uma relação de socieda- aspectos mais básicos
ser geradora de renda e, mais, pode, de? Simples, através de um documento de sua estrutura. Uma
Lei muito importante
também, ser uma entidade que tem re- que chamamos de Contrato Social. Esse
para as associações é
ceita, desde que essa receita seja aplica- contrato é o documento, com validade ju- o Marco Regulatório
da na própria associação e na execução rídica e feito na forma e nos termos de Lei das Organizações
de seus objetivos/finalidades estatutá- para regular a relação entre os sócios estru- da Sociedade Civil
rias. Muitos dos clubes de esporte ou de turando a sociedade e dando uma persona- (“MROSC”) (Lei n.º
bairro, institutos culturais, conselhos lidade a esta sociedade. Esse é o segundo 13.019/2014).
profissionais, entre outros, são organiza- ponto importante, pois registrar um con- Nessa Lei, você vai
encontrar o regime
dos nesse modelo de associação. trato e os demais documentos constituti-
jurídico de parceria
Como falamos, uma sociedade é uma vos (que variam do tipo de sociedade) nos das Organizações da
espécie do gênero associação. Para ser mais órgãos responsáveis é o que vai formalizar Sociedade Civil (OSCs)
exato, uma sociedade é uma associação a constituição da sua sociedade. com o Poder Público.
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DIREITOS
CULTURAIS
do fascículo, o dever de pagar tributos estado e o ISS para o município. Para au-
está na CF/88. É notório que o senso co- mentar a complexidade e a dificuldade,
mum, principalmente no Brasil, tem o cada um dos entes públicos possui leis
imposto como uma obrigação que não para cobrarem os tributos. Sim, uma infi-
tem a sua contrapartida pelo Poder Públi- nidade de Leis diferentes.
co. Assim, apenas para tentar ir um pou- Foi justamente por conta dessa difi-
co além do senso comum, perguntamos: culdade e, claro, da pressão da socieda- SAIBA MAIS
você já pensou que só pode “cobrar” do de, que surgiu no ano de 1996 (e sofreu A Receita Federal
Poder Público melhorias para a vida dos diversas alterações até hoje) o Sistema é o órgão federal
cidadãos e das empresas porque você Integrado de Pagamento de Impostos e responsável pela
gestão de impostos.
paga devidamente seus impostos? Seria Contribuições das Microempresas e Em-
presas de Pequeno Porte, também deno- No site receita.
legítimo cobrar ações do Poder Público se
economia.gov.br/
não houvesse impostos? Claro que essa minado de Simples Nacional. acesso-rapido/
discussão é mais política do que jurídica, Basicamente o modelo do Simples Na- direitos-e-deveres/
mas é importante saber a razão pela qual cional é uma centralização daquela “sopa educacao-fiscal você
existe o tributo e que foi necessária uma de letrinhas” a partir do pagamento do pode encontrar, além
chamado Documento de Arrecadação do de informações muito
evolução jurídica para chegarmos nesse
úteis, uma plataforma
ponto em que estamos. Simples, ou simplesmente, DAS. O valor
com jogos, publicações
Todo o sistema tributário brasileiro é desse imposto varia conforme tabelas e muitos conteúdos
previsto pela CF/88. Mais do que isso, os anexadas na Lei Complementar nº 123 de para você entender
impostos (tributos em geral) só podem 2006, em relação à quanto a sua atividade melhor o sistema
existir se estiverem previstos na CF/88. empreendedora faturou. tributário brasileiro.
Então, quando falamos da “sopa de letri- Nosso objetivo aqui não é o de tratar
nhas” como IR, ICMS, ISS, ITCMD, entre ou- profundamente do sistema tributário
tros impostos, tratamos de tipos previstos brasileiro ou mesmo do Simples, mas é
na CF/88 (entre o art. 149 e o art. 162). importante que você saiba ao menos a ló-
Vale destacar que também existe uma gica por trás da ideia de pagar impostos.
“competência tributária”, ou seja, cada um Como dissemos, um dos primeiros profis-
dos entes federais (estados, municípios e sionais que contratamos para nossa ativi-
união) tem competências para instituir im- dade empreendedora é o contador. Ele(a) SAIBA MAIS
vai ajudá-lo(a) nessa organização dos tri- No dia a dia, é muito
postos. Por exemplo, o Imposto de Renda
comum a confusão
(IR) é instituído pela união, enquanto o fa- butos e em seus cálculos.
entre o tipo de
moso IPVA (Imposto sobre a Propriedade Entretanto, vale lembrar que embora empresa, o porte e a
de Veículos Automotores) é pelos estados, esse contador(a) seja fundamental, a obri- tributação da mesma.
e, por fim, o ISS (Imposto sobre Serviços) é gação de pagar um imposto é de Lei. As- “ME” e “EPP” não
um imposto instituído pelos municípios. sim, se você tiver alguma dúvida sobre a são espécies de
Essa complexidade de impostos, sem legalidade de um imposto, é também indi- organizações
cado contar com o auxílio e os conselhos de societárias ou
dúvida, é razão de desânimo, primeiro
empresariais. Estas são
porque eles incidem em diversas ativida- um(a) advogado(a), profissional que, além
siglas para designar o
des de modo diferente. Se você vai fazer do(a) contador(a), vai poder dizer se um im- “porte” da empresa,
uma venda de uma mercadoria ou pro- posto é devido ou não para o seu caso. de maneira simplista, o
duto, normalmente, está sujeito, além de seu faturamento bruto
outros tributos, ao ICMS (Imposto sobre a c) Regulação anual – microempresa
e empresa de pequeno
Circulação de Mercadorias e Serviços [de O Poder Público, enquanto não pode porte, respectivamente.
Telefonia e Energia Elétrica]), por outro impedir que uma pessoa exerça sua ativi-
As micro e pequenas
lado, se você vai prestar um serviço, vai dade empreendedora naquilo que chama- empresas podem
estar sujeito ao ISS. Perceba, cada tributo mos de liberdade de iniciativa, também tem receber o benefício do
pertence a entes diferentes: o ICMS para o responsabilidade por regular atividades. Simples Nacional.
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DIREITOS
CULTURAIS
Esse poder vem de uma função de proteção muito provavelmente, em breve teremos
e de manutenção da ordem, impedindo que regras bem definidas para que ninguém
você atinja a liberdade de outros. deixe de se atentar aos cuidados neces-
O exemplo mais claro é o dos ruídos sários com o tratamento de dados, princi-
sonoros. Como sabemos, a maior parte palmente se você é um micro ou pequeno
dos municípios têm regras e regulamen- empreendedor da cultura.
tos sobre a realização de eventos ou ati- O único cuidado, desde já, é pensar a
vidades. As atividades que geram ruídos importância desse tema para atividades
incômodos à vida urbana precisam ser empreendedoras, em especial aquelas
reguladas, com horários e limites ao nível voltadas às mídias digitais. Para isso
de barulho aceitável. O ato de fiscalizar basta ter um pouco de atenção sempre
é certificar a regularidade com o que é que a sua atividade seja baseada na in-
definido pelo Poder Público. ternet ou através de aplicativos. A parte
Claro que algumas outras atividades mais importante se dá no caso em que
de regulação não dependem necessaria- o funcionamento da sua atividade exige
mente de fiscalização, mas sim de uma dados de seus clientes. Aqui vale todo o
“autorregulação” por parte do empreen- tipo de dados, desde o nome, endereço
dedor, a fim de que ele não descumpra a e telefone, até a localização, comporta-
Lei. Um tema atualmente muito relevan- mento no uso do aplicativo ou site e no
te, principalmente para aqueles empre- rastreamento de visitas, função comu-
endedores que atuam no meio digital, é a mente realizada por coletores de dados.
gestão dos dados pessoais de seus usu- Caso você não seja um expert, mas tra-
ários e consumidores. balhe dentro desse setor, é sempre bom
A Lei Geral de Proteção de Dados perguntar para a pessoa que o auxilia na
(LGPD) é a norma que veio regulamentar construção do seu site ou na operação de
a forma como as empresas e profissionais seu aplicativo se eles têm algum tipo de
refinam, tratam e armazenam os dados coletor de dados. É preciso que você logo SAIBA MAIS
das pessoas com as quais eles se rela- de cara manifeste aos seus consumidores/ Dentre os Coletores
cionam. O objetivo principal é que seja usuários que dados coleta deles e qual é o de Dados mais
regulado o uso econômico desses dados, uso que você faz (ou pretende fazer) desses comumente utilizados,
preservando a personalidade, a imagem, dados. O documento que apresenta isso estão os Cookies, que
são pequenos arquivos
a privacidade e a liberdade dessas pes- chama-se Política de Privacidade e Dados
de texto armazenados
soas. Como nos casos que citamos aci- Pessoais. Se você procurar com atenção, pelo navegador
ma, essa Lei prevê também a criação de vai perceber que todo o site da internet tem enquanto se navega
uma entidade denominada Autoridade um desses. Por isso, é muito importante na internet. Os cookies
Nacional de Proteção de Dados (ANPD), elaborar uma Política de Privacidade e Da- podem ser usados para
que é responsável pela fiscalização e pela dos Pessoais bem clara e segura quando se coletar, armazenar e
compartilhar dados
elaboração de regras específicas para a trabalhar com mídias digitais. sobre as atividades
proteção de dados no Brasil. É fácil perceber que o tema da regulação do usuário em sites
Entre algumas das funções da ANPD é amplo. Esse ponto serve para que você e de plataformas.
está a de elaborar regras, orientações tenha noção de que, embora haja a livre
e procedimento simplificados voltados iniciativa, uma pessoa não pode simples-
às iniciativas de microempresas e em- mente iniciar a sua atuação sem, ao menos,
presas de pequeno porte para que to- tomar o cuidado de saber se o Poder Públi-
dos possam se adaptar à LGPD. Então, co regula a atividade em questão.
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ções duradoras no tempo. Lembra-se do relações entre as pessoas que contratam, qualquer outro profissional que ofereça em
contrato de acompanhamento com o(a) e isso é uma coisa muito boa, pois garante mercado uma parte de uma “criação do espí-
contador(a)? Esse é um contrato continu- que elas possam esperar o comportamen- rito”, uma interpretação ou sua imagem.
ativo, pois vai durar por um longo tempo to que está descrito no contrato. O termo “criação do espírito” é, inclusi-
em que haverá pagamentos em troca de O contrato, por fim, é aquele documen- ve, um termo da Lei de Direitos Autorais (Lei
serviços contábeis. to que nos garante que a outra parte cum- nº. 9.610/98). Esse termo é importante prin-
Nessa modalidade se insere, inclusi- pra aquilo acordado e que nele consta, pe- cipalmente para que possamos perceber
ve, um contrato continuativo muito típi- rante um juiz ou não. Não é por outra razão que o Direito da Propriedade Intelectual é
co que é o contrato de trabalho, em que que o contrato pode ser qualificado como obviamente um Direito imaterial, ou seja,
você contrata uma pessoa para prestar título executivo. É com esse tipo de título não tem materialidade, que não podemos
serviços sob a sua responsabilidade, com que, no caso de uma parte não cumprir o nos apropriar dele fisicamente.
o cumprimento de um tempo de trabalho que está no contrato, podemos pedir para o Por isso, foi muito importante falarmos
e uma remuneração. Por razão de prote- Poder Judiciário fazer o nosso Direito con- anteriormente nos diversos tipos de contra-
ção ao trabalhador, esse tipo de contrato tratualmente previsto ser respeitado. tos, já que, quando não temos algo material
não é regido pelo Código Civil, mas pela (lembra do contrato de compra e venda do
famosa Consolidação das Leis do Traba- 3.3. Propriedade Intelectual e pão?), é aconselhável ter um contrato tra-
lho, a CLT (Decreto Lei nº 5.452, de 1943). Direito de Imagem tando do modo como as pessoas podem
Se você pretende contratar alguém para a O tema da Propriedade Intelectual usar e transferir o Direito. Claro que, mes-
sua atividade é essa a lei que vai reger as e do Direito de Imagem é sem dúvida o mo que falemos de coisas materiais, como
“notas musicais” do seu contrato. mais presente na atividade daqueles que obras de arte ou artesanato, ainda sim es-
Seja o caso de um contrato de emprés- são empreendedores da cultura. tamos circulando algo de Propriedade Inte-
timo, fornecimento, compra parcelada, Quando falamos deles, estamos tratando lectual. Mais uma vez fica aqui a ressalva de
prestação de serviços e até mesmo con- de ativos circuláveis constantemente na cul- que será mais ou menos necessário adotar
tratação de funcionário é necessário ve- tura. Falamos de algum modo da circulação um contrato dependendo da complexidade
rificar os termos das obrigações/direitos de Propriedade Intelectual, seja no caso de e da importância do que é o seu objeto.
que você, através da sua pessoa jurídica, um produtor musical, de um artista de modo Por exemplo, embora um quadro seja
assume/adquire. Cada contrato específico geral (dançarino, ator, pintor, escultor) ou de algo material, ele possui simultaneamen-
vai ter regras diferentes para organizar as um apresentador, produtor de eventos ou de te duas naturezas, o objeto e a “criação
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CONCLUSÃO
A
atividade empreendedora na __, Decreto Lei nº. 5.452/1943, Consolidação
cultura depende de muita aten- das Leis do Trabalho, 1943;
ção. Essa atenção precisa ASCENSÃO, José de Oliveira. O Direito
estar equilibrada com a res- de autor como direito da cultura. In:
ponsabilidade e o compromisso com Num novo mundo do direito de autor
a difusão, preservação, e fomento cul- (II congresso ibero-americano de direito
tural. Uma parte dessa responsabilida- de autor e direitos conexos). Tomo II,
de passa pelos cuidados jurídicos que Lisboa: Edições Cosmos / Livraria Arco
apresentamos aqui. O exercício regular, Íris, 1994. p.1053- 1060.
formal e cuidadoso da atividade empre- COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito
endedora da cultura vai fortalecer e ga- Comercial: direito de empresa. 22 ed.
rantir as suas expectativas no mercado, São Paulo: Saraiva, 2010;
evitando muitos problemas e conferindo FRANCEZ, Andréa. NETTO, José Carlos
muito mais segurança. Costa, D ANTINO, Sérgio Famá (org.). Manual
Contamos que esse curso ajude você do direito do entretenimento: guia de
a desbravar esse grande universo do em- produção cultural, São Paulo: Senac, 2009;
preendedorismo da cultura, vendo o Di-
FORGIONI, Paula. Teoria Geral dos
reito como um auxiliar e não como uma
Contratos Empresariais. São Paulo:
dificuldade adicional.
Revista dos Tribunais, 2ª, 2011;
GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica
Referências na Constituição de 1988. 3.ed. São
Paulo: Malheiros, 1997;
BRASIL, Constituição Federal, 1988;
Portal Instituto de Direito Economia
__, Lei Complementar nº. 123/2006, Simples
Criativa e Artes www.institutodea.com,
Nacional e outras Disposições, 2006;
Acessado em 05 de outubro de 2020;
__, Lei nº. 9.610/1998, Lei de Direitos Autorais;
Portal Sebrae www.sebrae.com.br/
__, Lei nº. 10.406/2002, Código Civil, 2002; sites/PortalSebrae, Acessado em 02 de
__, Lei n.º 13.019/2014, Marco Regulatório outubro de 2020;
das Organizações da Sociedade Civil, 2014; Portal do Empreendedor www.
__, Lei nº. 13.709/2018, Lei Geral de portaldoempreendedor.gov.br, Acessado
Proteção de Dados, 2018; em 03 de outubro de 2020.
CAPACITAÇÃO DE
AGENTES CULTURAIS
ESTRATÉGIAS DE CULTURA E ARTE PARA O FUTURO
Guabiras (Ilustrador)
É cartunista, autor de histórias em quadrinhos e de muitos personagens. Publicou mais de
5 mil tirinhas em veículos como jornais, fanzines, livros (antologias), revistas (MAD-SP, Gibi
Quântico-SP, Tarja Preta-RJ, entre outras) e na web, entre eles, no jornal EXTRA de Nova York
(EUA) e na obra Marcatti 40 (Ugra/SP). Recebeu, em parceria, 3 troféus HQMIX e o Troféu Ângelo
Agostini de “Melhor Cartunista de 2016”, as maiores comendas de quadrinhos do país.
Este fascículo é parte integrante do projeto Estratégias de Cultura e Arte para o futuro: capacitação de agentes culturais, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação
Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 02/2020.
Todos os direitos desta edição reservados à: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino
de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Gerente Canal FDR: Chico
Fundação Demócrito Rocha Marinho Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira Designer
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Educacional: Joel Bruno | CURSO CAPACITAÇÃO DE AGENTES CULTURAIS Coordenador Geral, Editorial e Estabelecimento
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 de Texto: Raymundo Netto Coordenadora de Conteúdo: Daniele Torres Assistente Editorial Emanuela Fernandes
fdr.org.br Projeto Gráfico e Edição de Arte: Andrea Araujo Designer Gráfico: Carlos Weiber Ilustrador: Guabiras Roteirista,
fundacao@fdr.org.br Locutora e Mediadora (radioaulas): Lílian Martins Produtora: Luísa Duavy
ISBN: 978-65-86094-49-7 (Coleção)
ISBN: 978-65-86094-40-4 (Fascículo 6)
APOIO REALIZAÇÃO