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DA REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU
2008
Notas prévias
O presente trabalho, corresponde ao levantamento das normas jurídicas ainda em vigor pertencentes ao Código
Comercial de 1888 (C. Com.). Neste estudo assumiram particular relevância o Acto Uniforme do Direito Comercial
em Geral (AUDGC) e Acto Uniforme das Sociedades Comerciais e Agrupamentos de Interesse Económico (AUSC-
AIE), tendo em conta a recente adaptação promovida pelos Decretos n.º….de….de…., e n.º…..de…..de…..,
respectivamente.
Atendendo à vetustez do código de Veiga Beirão, a acareação com os textos legais foi para além dos diplomas atrás
citados, tendo em vista proceder a uma actualização o mais dilatada possível. Assim, confrontou-se a Constituição da
República da Guiné-Bissau (CRGB), o Código Civil (CC), o Código de Processo Civil (CPC), a Lei n.º 1/73, de 24
de Setembro, Lei n.º 3/2002, de 20 de Novembro, o Decreto-Lei n.º 45 968, de 15 de Outubro de 1964, Decreto n.º 45
969 da mesma data, a Lei n.º 12/97, de 2 de Dezembro, entre outros diplomas relativos aos temas especialmente
relacionados com norma a apreciar, e que serão mencionados na respectiva anotação.
As anotações não pretendem, contudo, ir além do auxílio à remissão. Por outro lado, não foram comentadas nem
remetidas as regras que disciplinam situações jurídicas que escapam ao âmbito dos Actos Uniformes (v.g. Bolsa de
Valores), desde que não se mostrem incompatíveis com as recentes reformas.
O presente trabalho trata-se, em suma, de um auxílio ao jurista mas também a todos aqueles que necessitam conhecer
a regulação dos actos comerciais e dos direitos e obrigações conexos – v.g. o dirigente social, o sócio da sociedade
comercial, o notário. Porque a segurança jurídica do tráfego comercial é indissociável da certeza na aplicação do
Direito, semelhante desiderato somente poderá ser obtido começando pelo mais simples, mas não menos importante:
a aferição das normas do C. Comercial efectivamente em vigor na ordem jurídica guineense.
2
Abreviaturas
C.C. Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47 344, de 25 de Novembro de 1966.
CSC Código das Sociedades Comerciais guineense, aprovado pelo Decreto n.º …. de….de……
CÓDIGO COMERCIAL
3
LIVRO PRIMEIRO
DO COMÉRCIO EM GERAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 1.º
A lei comercial rege os actos de comércio, sejam ou não comerciantes as pessoas que neles
intervém.
Artigo 2.º
Artigo 3.º
Se as questões sobre direitos e obrigações comerciais não puderem ser resolvidas, nem pelo
texto da lei comercial, nem pelo seu espírito, nem pelos casos análogos nela prevenidos, serão
decididas pelo direito civil.
Artigo 4.º
1.º Quanto à substância e efeitos das obrigações, pela lei do lugar onde forem celebrados,
salva convenção em contrário;
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2.º Quanto ao modo do seu cumprimento, pela do lugar onde este se realizar;
3.º Quanto à forma externa, pela lei do lugar onde forem celebrados, salvo nos casos em que a
lei expressamente ordenar o contrário.
§ único. O disposto no n.º 1.º deste artigo não será aplicável quando da sua execução resultar
ofensa ao direito público guineense ou aos princípios de ordem pública.
Artigo 5.º
Anotação 1
Versão do C. Comercial português. Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73,
de 24 de Setembro, o termo «portugueses», constante na epígrafe, deverá ser lido como «guineenses». Quanto à
norma em si, e na sequência do diploma atrás citado, uma leitura possível será a seguinte: os guineenses que, entre
si ou com estrangeiros, contraírem obrigações comerciais fora do país, e os estrangeiros que, entre si ou com
guineenses no país as contraírem, podem ser demandados perante os competentes tribunais do território guineense
pelos nacionais ou estrangeiros com quem as hajam contraído, se nele tiverem domicílio ou forem encontrados.
Artigo 6.º
Todas as disposições deste Código serão aplicáveis às relações comerciais com estrangeiros,
excepto nos casos em que a lei expressamente determine o contrário, ou se existir tratado ou
convenção especial que de outra forma as determine e regule.
TÍTULO II
5
CAPÍTULO I
DA CAPACIDADE COMERCIAL
Artigo 7.º
Toda a pessoa, nacional ou estrangeira, que for civilmente capaz de se obrigar, poderá
praticar actos de comércio, em qualquer parte do território nacional, nos termos e salvas as
excepções do presente Código.
Anotação 2
Artigo 8.º
Artigo 9.º
Anotação 3
Artigo 10.º
O pagamento das dívidas comerciais do marido, que tiver de ser feito pela meação dele nos
bens comuns, pode ser exigido antes de dissolvido o matrimónio ou de haver separação sendo,
porém, a mulher citada para, querendo, requerer separação judicial de bens no decêndio
posterior à penhora.
§1.º Requerendo a mulher a separação judicial de bens, seguirá esta por apenso ao processo
de execução, conservando-se este suspenso até à partilha, efectuando-se o pagamento só depois
de concluída esta, e unicamente pelos bens da meação do marido, ficando sem efeito a penhora
que tiver recaído nos bens pertencentes à meação da mulher.
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§2.º A importância de qualquer pagamento realizado nos termos deste artigo, quando a
mulher não tiver requerido a separação, nem assumido expressamente a responsabilidade pela
dívida exigida, será levada à conta da meação do marido a todo o tempo em que haja lugar a
separação de meações.
Anotação 4
Por força dos artigos 24.º e 25.º da CRGB, sempre que a norma procede à diferenciação do cônjuge com base no
sexo dever-se-á ler como referente a qualquer um deles, diferenciando apenas quanto ao cônjuge devedor. Veja-se
também o artigo 825.º do CPC. Uma leitura possível será a seguinte: O pagamento das dívidas comerciais do
cônjuge devedor, que tiver de ser feito pela meação dele nos bens comuns, pode ser exigido antes de dissolvido o
matrimónio ou de haver separação sendo, porém, o cônjuge não devedor citado para, querendo, requerer a
separação judicial de bens no decêndio posterior à penhora. §1.º Requerendo o cônjuge não devedor a separação
judicial de bens, seguirá esta por apenso ao processo de execução, conservando-se suspenso até à partilha,
efectuando-se o pagamento só depois de concluída esta, e unicamente pelos bens da meação do cônjuge devedor,
ficando sem efeito a penhora que tiver recaído nos bens pertencentes à meação do outro cônjuge. §2.º A
importância de qualquer pagamento realizado nos termos deste artigo, quando o cônjuge não devedor não tiver
requerido a separação, nem assumido expressamente a responsabilidade pela dívida exigida, será levada à conta da
meação do cônjuge devedor a todo o tempo em que haja lugar a separação de meações». Esta norma carece ainda
de confrontação com o artigo 1696.º/1 do CC, sobretudo quanto à noção de «dívidas comerciais». Reza a norma:
«pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos cônjuges respondem os bens próprios do cônjuge devedor e,
subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns; neste caso, porém, o cumprimento só é exigível depois de
dissolvido, declarado nulo, ou anulado o casamento, ou depois de decretada a separação judicial de pessoas e bens
ou a simples separação judicial de bens». A norma agora anotada desde muito cedo suscitou dúvidas e diferentes
conclusões quanto à sua relação com a norma do CC. Não cabe aqui desenvolver a contenda, até porque se
encontra bem documentada na literatura jurídica. Cabe apenas assegurar que a vigência do preceito não fica tolhida
perante as adaptações legislativas aos Actos Uniformes.
Artigo 11.º
Anotação 5
Artigo 12.º
Anotação 6
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«português» e «portugueses» dever-se-á ler e «guineense» e «guineenses».
CAPÍTULO II
7
DOS COMERCIANTES
Artigo 13.º
São comerciantes:
1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste profissão;
Anotação 7
Cf. artigo 3.º, 7.º travessão do AUSC-AIE e artigo 2.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito
Interno Guineense com o Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 14.º
d) Às pessoas a quem tal inibição tenha sido imposta por decisão judicial, definitiva ou
temporariamente, a título de pena principal ou acessória;
e) Aos condenados definitivamente com pena privativa de liberdade, por crime de direito
comum, ou com pena efectiva de, pelo menos, três meses de prisão, por crime contra o
património, crime económico ou crime financeiro;
g) Às pessoas a quem inibição tenha sido imposta por decisão de uma organização
profissional, definitiva ou temporariamente, a título de pena principal ou acessória.
Anotação 8
Vide Artigo 9.º AUDCG e artigo 2.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 15.º
8
Anotação 9
Revogado. A norma, tal como se encontrava redigida, implicava a discriminação dos cônjuges a partir do género
(«as dívidas provenientes de actos comerciais contraídas só pelo marido comerciante, sem outorga da mulher,
presumir-se-ão aplicadas em proveito comum dos cônjuges.») Donde a sua revogação, por força dos artigos 24.º e
25.º da CRGB. Idêntica derrogação já ocorreria por força do artigo 1691, al. d) do CC.
Artigo 16.º
Anotação 10
Artigo 17.º
O Estado, o distrito, o município e a paróquia não podem ser comerciantes, mas podem, nos
limites das suas atribuições, praticar actos de comércio, e quanto a estes ficam sujeitos às
disposições deste Código.
Artigo 18.º
Anotação 11
TÍTULO III
9
DA FIRMA
Artigo 19.º
Todo o comerciante, nos termos do artigo 13.º deste Código, será designado, no exercício do
seu comércio, sob um nome comercial, que constituirá a sua firma, e com ele assinará todos os
documentos àquele respectivos.
Anotação 12
Os artigos 19.º e 20.º não são incompatíveis com o disposto no AUDCG e AUSC-AIE, em especial os artigos 21.º, 1.º)
e 27.º, 1.º e 2.º do AUDCG e 13.º, 2.º do AUSC-AIE, como também não são relativamente ao CSC guineense,
porquanto abrangem o comerciante que exerce o seu comércio a título individual.
Artigo 20.º
O comerciante que não tiver com outrem sociedade não poderá tomar para a firma senão o
seu nome, completo ou abreviado, conforme se tornar necessário para a perfeita identificação da
sua pessoa, aditando-o, se lhe convier, com a designação da espécie de comércio que exercer.
Anotação 13
Artigo 21.º
Anotação 14
Artigo 22.º
Anotação 15
Artigo 23.º
10
Anotação 16
Revogado pelo artigo 3.º do Decreto n.º ---de---de---- (CSC guineense). O acrónimo para a sociedade anónima,
previsto no C. Comercial de 1888, era o «SARL» – Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada. Esta
designação foi suprimida pelo CSC – artigo 234.º – atendendo às potenciais confusões com a «SARL», prevista no
artigo 310.º do AUSC (société à responsabilité limitée). Adoptou-se o acrónimo comummente aceite para a
sociedade anónima (S.A.), assim também previsto no AUSC (artigo 386.º) e no artigo 315.º do CSC guineense.
Artigo 24.º
§ único. É proibida a aquisição de uma firma comercial sem a do estabelecimento a que ela
se achar ligada.
Anotação 17
Apesar da matéria da firma das sociedades comerciais vir regulada no CSC guineense, esta norma não foi suprimida
pelas disposições daquele código, porquanto tem aplicação ao comerciante individual.
Artigo 25.º
Anotação 18
Revogado pelos artigos 3.º e 10.º do CSC guineense. Veja-se também os artigos 15.º a 18.º do AUSC-AIE.
Artigo 26.º
Todo o comerciante deverá, para gozar dos direitos que como tal este Código lhe reconhece
e da protecção que à firma dispensa, fazer lançar esta no registo comercial das circunscrições
em que tiver o seu principal estabelecimento e quaisquer sucursais.
Artigo 27.º
Anotação 19
Revogado pelos artigos 3.º e 10.º CSC guineense. Veja-se também os artigos 15.º a 18.º do AUSC-AIE.
Artigo 28.º
Anotação 20
11
Revogado pelos artigos 11.º e 36.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
TÍTULO IV
DA ESCRITURAÇÃO
Artigo 29.º
Todo o comerciante é obrigado a ter livros que dêem a conhecer, fácil, clara e precisamente,
as suas operações comerciais e fortuna.
Artigo 30.º
Artigo 31.º
Diário;
De inventário.
Anotação 21
Este artigo sofreu modificações, por força do artigo 2.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do
Direito Interno Guineense com o Acto Uniforme da OHADA Relativo ao Direito Comercial Geral. Não obstante o
Acto Uniforme sobre a Organização e Harmonização da Contabilidade das Empresas, no seu artigo 19.º, mencionar
como obrigatório o Razão, tal como o artigo 13.º do AUDCG, quando menciona o grand-livre (Livro Grande, que em
português se traduz «Razão»), a matéria contabilística, sobretudo a relativa às sociedades comerciais, quis-se
regulada noutro diploma, designadamente num Plano Oficial de Contabilidade (POC), conforme se deduz do artigo
8.º do Anteprojecto do Diploma que Transpõe o Acto Uniforme relativo à Organização e Harmonização das
Contabilidades das Empresas situadas nos Estados-Membros do Tratado da OHADA. Nesta sequência, a norma
12
anotada menciona os livros tidos por obrigatórios para os comerciantes (incluindo os individuais), sem prejuízo da
daquela outra regulamentação e das obrigações impostas às sociedades pelo CSC guineense. Até porque quer no
CSC, quer no presente, diploma não se regulamenta a disciplina dos livros indispensáveis, mas tão-só procede-se à
sua menção. A inclusão do n.º 3 tem como precedente o artigo 14.º, 1.º parágrafo do AUDCG.
Artigo 32.º
Anotação 22
Artigo 14.º, 2.º parágrafo AUDCG e artigo 2.º do Decreto n.º ---- de ----, referente à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA Relativo ao Direito Comercial Geral. Ao contrário do artigo 14.º, a
norma agora anotada não designa um juiz competente, mas uma autoridade competente. A menção à espécie de
entidade competente (na esteira do modelo judiciário francês quanto ao registo comercial) sem atender às
tradições administrativistas da Guiné-Bissau, tributárias do Direito Administrativo português, não é uma matéria
que pareça relevar ao nível da harmonização comercial, tal como pretendida pelo Tratado OHADA. No âmbito da
autonomia procedimental de cada Estado Parte, nada parece impedir, pois, a determinação da autoridade
competente pelo próprio Estado-Membro, desde que assegurado o desiderato pretendido, a saber: a fidedignidade
dos livros obrigatórios.
Artigo 33.º
Anotação 23
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral. Veja-se também o n.º 6 do artigo 17.º do Acto
Uniforme relativo à Organização e Harmonização da Contabilidade das Empresas e a anotação ao artigo 31.º.
Artigo 34.º
§2.º Os comerciantes de retalho não são obrigados a lançar no diário individualmente as suas
vendas, bastando que assentem o produto ou dinheiro apurado em cada dia, assim como o que
houverem fiado.
Anotação 24
13
O intróito da norma tem a nova redacção do artigo 2.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do
Direito Interno Guineense com o Acto Uniforme da OHADA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 35.º
Anotação 25
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral. Veja-se a anotação ao artigo 31.º.
Artigo 36.º
Anotação 26
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral. Veja-se a anotação artigo 31.º.
Artigo 37.º
Anotação 27
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHADA Relativo ao Direito Comercial Geral. Veja-se também a anotação ao artigo 31.º e o artigo
65.º do CSC guineense, aprovado pelo Decreto n.º --- de ---- de 2008, conexo com os artigos 134.º e 135.º do AUSC-
AIE.
Artigo 38.º
Todo o comerciante pode fazer a sua escrituração mercantil por si ou por outra pessoa a
quem para tal fim autorizar.
§ único. Se o comerciante por si próprio não fizer a escrituração, presumir-se-á que autorizou
a pessoa que a fizer.
Artigo 39.º
A escrituração dos livros comerciais será feita sem intervalos em branco, entrelinhas, rasuras
ou transportes para as margens.
§ único. Se se houver cometido erro ou omissão em qualquer assento, será ressalvado por
meio de estorno.
Anotação 28
14
Artigo 40.º
2 - Os documentos referidos no número anterior podem ser arquivados com recurso a meios
electrónicos.
Artigo 41.º
Nenhuma autoridade, juízo ou tribunal pode fazer ou ordenar varejo ou diligência alguma
para examinar se o comerciante arruma ou não devidamente os seus livros de escrituração
mercantil.
Artigo 42.º
Anotação 29
Contém a nova redacção do artigo 2.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral, na sequência do artigo 16.º do
AUSC-AIE.
Artigo 43.º
Anotação 30
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHADA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 44.º
Os livros de escrituração comercial podem ser admitidos em juízo a fazer prova entre
comerciantes, em factos do seu comércio, nos termos seguintes:
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1.º Os assentos lançados nos livros de comércio, ainda quando não regularmente arrumados,
provam contra os comerciantes, cujos são; mas os litigantes, que de tais assentos quiserem
ajudar-se, devem aceitar igualmente os que lhes forem prejudiciais;
TÍTULO V
DO REGISTO
Anotação 31
O Título V do Livro I do C. Comercial de 1888, relativo ao registo comercial, foi revogado pelo Código de Registo
Comercial, na redacção do artigo 12.º, alínea c), nos termos do Anexo III do Decreto n.º ----, de ----, referente à
Harmonização do Direito Interno Guineense com o Acto Uniforme da OHADA Relativo ao Direito Comercial Geral.
TITULO VI
16
Artigo 62.º
Todo o comerciante é obrigado a dar balanço anual ao seu activo e passivo nos três primeiros
meses do ano imediato e a lançá-lo no livro de inventário e balanços, assinando-o devidamente.
Anotação 32
O artigo 11.º, norma revogatória do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense
com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral, não suprimiu esta norma. Veja-se as anotações
aos artigos 31.º e 33.º.
Artigo 63.º
Os comerciantes são obrigados à prestação de contas: nas negociações, no fim de cada uma;
nas transacções comerciais de curso seguido, no fim de cada ano; e no contrato de conta
corrente, ao tempo de encerramento.
TÍTULO VII
DOS CORRETORES
Artigo 64.º
Anotação 33
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«de nomeação régia» dever-se-á ler «de prévia autorização», ou sintagma semelhante.
Artigo 65.º
§ único. O corretor nomeado pode ter um proposto, aprovado pelo governo, que substitua no
caso de impedimento justificado, e por cujos actos será responsável.
Anotação 34
17
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«português» dever-se-á ler «guineense».
Artigo 66.º
1.º Comprar ou vender para os seus comitentes mercadorias, navios, fundos públicos, acções
de sociedades legalmente constituídas, títulos de risco marítimos, letras, livranças, cheques e
outros créditos e obrigações mercantis;
4.º Prestar em geral o seu ofício para todas as operações de bolsa, e em todos os casos em
que a lei exija a sua intervenção.
Anotação 35
O conceito de comarca refere-se, a uma circunscrição judicial que normalmente abrange a área do concelho. Por
outro lado, nos termos do artigo 11.º da Lei n.º 3/2002, de 20 de Novembro, a divisão do território da Guiné-Bissau
é efectuada por círculos, regiões e sectores judiciais. Por esta razão, uma leitura possível será ler «comarca» como
referente a «jurisdição».
Artigo 67.º
Os corretores prestarão, antes de entrarem no exercício das suas funções, caução idónea ao
bom desempenho do seu ofício.
§2.º A caução não estará sujeita a quaisquer responsabilidades contraídas pelo corretor antes
ou depois da sua prestação que dimanem de contratos em que ele intervier sem essa qualidade.
Artigo 68.º
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Os corretores são obrigados:
1.º A certificar-se da identidade e capacidade legal para contratar das pessoas em cujos
negócios intervierem, e, quando se der caso, da legitimidade das firmas dos contraentes;
2.º A propor com exactidão e clareza os negócios de que forem encarregados, procedendo de
modo que não possam induzir em erro os contraentes;
3.º A guardar completo segredo de tudo o que disser respeito às negociações de que se
encarregarem;
4.º A não revelar os nomes dos seus comitentes, quando a lei ou a natureza do negócio tal
revelação não exigirem e aqueles a não autorizarem;
6.º A haver do cedente, nas negociações de que trata o número anterior, os respectivos
títulos, a entregá-los ao cessionário, a receber deste o preço e a satisfazê-lo àquele, salvo se
outro for o uso da praça ou se os contraentes tiverem estipulado fazer essas entregas
diversamente;
7.º A assistir à entrega das coisas vendidas por sua intervenção, sempre que isso seja exigido
por qualquer dos contraentes, ou quando esse for o uso da praça;
8.º A passar, à custa dos interessados e conforme constar dos seus livros, certidões dos
assentos respectivos aos contratos daqueles, sem dependência de despacho, e as que lhes forem
ordenadas por autoridade competente.
Artigo 69.º
Os corretores terão:
Um caderno manual em que assentem, ainda que só a lápis, no momento da conclusão, todas
as operações feitas por seu intermédio, indicando resumidamente o objecto e as principais
condições;
Um protocolo, legalizado nos termos prescritos no artigo 32.º, em que registarão mais
desenvolvidamente, dia a dia, por ordem de data, em assento separado, sem abreviaturas nem
algarismos, todas as condições das vendas, compras, seguros, negociações, e em geral todas as
operações feitas por seu intermédio.
19
Artigo 70.º
Artigo 71.º
Os protocolos dos corretores que tiverem regularmente escritura dos e conformes com as
notas do caderno manual, e bem assim as cópias fielmente extraídas deles farão prova em juízo
entre contraentes, quando a validade dos respectivos contratos não dependa por lei de outra
formalidade externa, nos mesmos termos em que fazem documentos autênticos extra-oficiais.
Artigo 72.º
Os assentos do caderno manual e do protocolo dos corretores não aproveitam a estes como
meio de prova em juízo.
Artigo 73.º
Os assentos de que trata o artigo antecedente, e bem assim quaisquer notas ou minutas dadas
pelos corretores sobre negociações em que tenham intervindo, farão prova contra eles em caso
de reclamação.
Artigo 74.º
Os livros dos corretores estão sujeitos ao exame dos tribunais de comércio e ao dos árbitros,
quando judicialmente ordenado.
Artigo 75.º
20
Os corretores não podem, sem motivo legal, recusar-se a prestar serviços do seu ofício a
qualquer pessoa que os reclame e se prontifique a prestar garantias que tenham direito de exigir,
sob pena de responderem por todas as perdas e danos que a sua recusa tiver causa.
Artigo 76.º
O corretor que não revelar a um dos contraentes o nome do outro torna-se responsável pela
execução do contrato, ficando, desde que haja executado, sub-rogado nos direitos daquele
contra este.
§1.º Nos casos previstos neste artigo o corretor poderá exigir do seu comitente as garantias
que julgar necessárias para cobrir a sua responsabilidade.
§2.º Sendo a negociação sobre fundo públicos a prazo, se durante este houver alterações nos
respectivos câmbios ou cotações, o corretor poderá exigir aumento de garantia e, quando lhe
não for dado, proceder logo a liquidação.
§3.º Para que possa certificar-se em juízo ou fora dele que os contraentes tiveram
conhecimento da pessoa por conta da qual foi feita a negociação, o corretor poderá exigir dela
as declarações escritas que julgar necessárias para cobrir a sua responsabilidade.
Artigo 77.º
Artigo 78.º
21
A responsabilidade dos corretores por negócio em que nesta qualidade tiverem intervindo
prescreve no fim de seis meses contados da conclusão do contrato.
Artigo 79.º
Artigo 80.º
3.º Adquirir para si valores ou títulos de cuja negociação estiverem incumbidos, salvo tendo
de responder por faltas do comprador para com o vendedor;
4.º Prestar caução, quer no próprio escrito do contrato feito por sua intervenção, quer em
separação;
5.º Passar certidões que não tenham referência aos seus livros, devendo, contudo, quando
não haja neles assento, atestar o que souberem pelo terem presenciado e ouvido, sendo-lhes
ordenado por autoridade competente;
6.º E em geral tudo que seja contra as disposições das leis e os interesses dos seus
comitentes.
Artigo 81.º
Os corretores terão direito a uma corretagem, a qual será fixada na respectiva tabela.
§ 2.º Não havendo convenção em contrário, a corretagem é devida ao corretor que principiar
a negociação, ainda que o comitente a conclua por si ou por outrem, ou que deixe de a realizar
22
por acidente imprevisto ou culpa de algum dos contraentes, salvo em qualquer destes casos
havendo negligência do corretor.
TÍTULO VIII
CAPÍTULO I
DAS BOLSAS
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 82.º
Artigo 83.º
Artigo 84.º
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Artigo 85.º
Nas terras onde houver bolsa será proibida qualquer reunião pública em que se tratem
operações de bolsa.
§ único. Os contratos celebrados em qualquer reunião pública contra o disposto neste artigo
não poderão ser atendidos em juízo.
Artigo 86.º
As disposições dos artigos antecedentes não inibem o comerciante de fazer, fora do local da
bolsa, qualquer negociações de bolsa directamente por si ou por interposta pessoa.
Artigo 87.º
Nas bolsas em que houver suficiente número de corretores organizar-se-á uma câmara
composta de cinco destes, eleitos anualmente em assembleia geral de corretores, por maioria
absoluta de votos, devendo estes escolher entre si um síndico, que servirá de presidente, um
secretário e um tesoureiro.
SECÇÃO II
Da cotação da bolsa
Artigo 88.º
O preço ou curso corrente das negociações dobre fundo públicos e papéis de crédito será
fixado todos os dias antes de se fechar a bolsa, formando-se um boletim da cotação.
§ único. Com referência a câmbios a cotação será feita em vista das participações que os
estabelecimentos bancários serão obrigados a enviar ao síndico da câmara dos corretores, onde
o houver, e, onde o não houver, ao secretário do tribunal de Comércio.
Artigo 89.º
A câmara dos corretores formará o boletim da cotação com assistência dos corretores que
tiverem intervindo nas respectivas negociações, com declaração expressa:
24
1.º Do movimento da alta e baixa que tenham tido os títulos negociáveis, indicando a espécie
e valor de cada um;
2.º Dos preços mais altos e mais baixos das espécies metálicas, e dos valores de comércio
que tenham negociado.
Artigo 90.º
O boletim da cotação será redigido pelo corretor que for secretário da câmara, o qual é
responsável pela sua legalidade e exactidão.
Artigo 91.º
O boletim da cotação será fielmente registado num livro para esse fim numerado e rubricado
em cada folha pelo síndico da bolsa.
§ único. O registo será feito pelo secretário da câmara dos corretores e assinado pelos
corretores que tiverem feito a cotação.
Artigo 92.º
De cada boletim serão tiradas três cópias, assinadas pelo síndico da câmara dos corretores,
uma das quais será enviada ao Ministério das Obras Públicas, outra ao Ministério da Fazenda, e
a terceira afixada no lugar mais público da bolsa.
Anotação 36
Onde se lê «Ministério da Fazenda» dever-se-á integrar o órgão do Governo da respectiva lei orgânica, coeva à
aplicação da norma, usualmente o Ministério das Finanças.
25
CAPÍTULO II
Artigo 93.º
Artigo 94.º
Artigo 95.º
Considerar-se-ão, para os efeitos deste Código, como armazéns ou lojas de venda abertos ao
público:
2.º Os que estabelecerem os comerciantes não matriculados, toda a vez que tais
estabelecimentos se conserve abertos ao público por oito dias consecutivos, ou hajam sido
anunciados por meio de avisos avulsos ou nos jornais, ou tenham os respectivos letreiros usuais.
26
LIVRO SEGUNDO
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 96.º
Os títulos comerciais serão válidos, qualquer que seja a língua em que forem exarados.
Artigo 97.º
§1.º Os telegramas, cujos originais hajam sido escritos e assinados, ou somente assinados ou
firmados pela pessoa em cujo nome são feitos, e aqueles que se provar haverem sido expedidos
ou mandados expedir pela pessoa designada como expedidor, terão força probatória que a lei
atribui aos documentos particulares.
§3.º Qualquer erro, alteração ou demora na transmissão de telegramas será, havendo culpa,
imputável, nos termos gerais de direito, à pessoa que lhe deu causa;
§4.º Presumir-se-á isento de toda a culpa o expedidor de um telegrama que o haja feito
conferir nos termos dos respectivos regulamentos.
§5.º A data do telegrama fixa, até prova em contrário, o dia e a hora em que foi
efectivamente transmitido ou recebido nas respectivas estações.
27
Artigo 98.º
Artigo 99.º
Embora o acto seja mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas
disposições da lei comercial quanto a todos os contraentes, salvas as que só forem aplicáveis
àquele ou àqueles por cujo respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à
jurisdição comercial.
Artigo 100.º
§ único. Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos contratos que, em
relação a estes, não constituírem actos comerciais.
Artigo 101.º
Todo o fiador de obrigação mercantil, ainda que não seja comerciante, será solidário com
respectivo afiançado.
Artigo 102.º
Haverá lugar ao decurso e contagem de juros em todos os actos comerciais em que for de
convenção ou direito vencerem-se e nos mais casos especiais fixados no presente Código.
§2.º Havendo estipulação de juros sem fixação da taxa, ou quando os juros são devidos por
disposição legal, os juros comerciais são de cinco por cento.
28
Artigo 103.º
TÍTULO II
DAS SOCIEDADES
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Anotação 37
As normas do Capítulo I do Título III foram revogadas pelo novo Código das Sociedades Comerciais guineense,
aprovado pelo Decreto n.º ---- de ---- de ----, referente à adaptação do Direito interno guineense ao Acto Uniforme
Relativo ao Direito das Sociedades Comerciais e Agrupamento de Interesse Económico. De seguida, enumeram-se,
de forma não exaustiva, as normas do C. Comercial de 1888 com correspondência no CCS guineense e no AUCS-AIE.
Não existindo norma correspondente, assinalar-se-á esse facto a tracejado. O quadro que se segue não inclui as
normas do CSC que acrescentam à disciplina jurídica das sociedades comerciais outras matérias para além das
vertidas no Código Comercial de 1888.
ÍNDICE REMISSIVO
29
126.º 125.º e 126.º 197.º, 1.º par.
127.º 130.º e 131.º 192.º
128.º 15.º, n.º 2 e 113.º 28.º e32.º
129.º 113.º, n.º 3 33.º, 72.º
130.º 167.º e ss. 203.º e ss.
131.º 173.º (1122.º e 1130.º CPC) 206.º e 207.º
132.º 171.º, n.º 1 217.º
133.º 171.º, n.º 3 ---
134.º 174.º 230.º e 231.º
135.º 172.º (1129.º e 1130.º CPC) 216.º
136.º 174.º 230.º e 231.º
137.º 176.º (1285.º CPC) 231.º
138.º 178.º (1126.º e 1128.º CPC) ---
139.º 177.º 232.º
140.º 180.º (1126.º CPC) 217.º e 219.º
174.º, n.º 1 (1157.º a 1184.º
141.º 221.º
CC)
142.º 183.º 219.º e 220.º
143.º 180.º, n.º4 e n.º 5 219.º
144.º 167.º, n.º 2 228.º, 2.º par.
257.º e ss. em especial 266.º
145.º 189.º, 190.º e 201.º
e ss.
146.º
147.º
45.º, 60.º 61.º 62.º . Quanto
147.º
ao artigo 148.º §2, cf. 1032.º, 161,º a 172.º, 242.º a 256.º
148.º
n.º 2 CPC
149.º
150.º
30
183.º 412.º 532.º e ss.
184.º 412.º 549.º e 553.º
185.º 414.º 537.º, 539.º e 791.º
186.º 61.º e 62.º 130.º, 131.º e147.º
187.º 415.º e 416.º 126.º
188.º 559.º e ss. 849.º e ss.
189.º 66.º 137.º e ss.
161.º, 165.º e 740.º, todos a
190.º 3.º Decreto de aprovação
contrario sensu
191.º 340.º e 341.º 546.º, 2.º
192.º 339.º e 597.º 144.º a 146.º
193.º 189.º 257.º e ss
194.º 73.º, n.º1 257.º e ss. 269.º
195.º 380.º e 381.º 780.º
196.º 382.º 745.º, 779.º a 781.º
197.º 383.º 546.º
198.º 393.º a 407.º 779.º e ss.
199.º 1.º, n.º 2, 569.º e ss. 293.º e ss.
200.º 569.º a 579.º 293.º
201.º 569.º a 579.º 293.º
202.º 570.º, n.º 2 294.º
203.º 574.º e 575.º 298.º e 299.º
204.º 569.º, n.º 1 293.º
205.º 576.º 302.º
206.º 576.º 302.º
Nota importante: a versão do Diploma para a Adaptação do Direito interno guineense ao Acto
Uniforme Relativo ao Direito das Sociedades Comerciais e ao Agrupamento de Interesse
Económico, que aprovou o CSC guineense, contém uma gralha na numeração do articulado. Com
efeito, verifica-se a existência de dois artigos com a enumeração 379.º – uma referente à
amortização das acções, correctamente colocado, outro como garantia das obrigações, que deveria
corresponder ao artigo 381.º. Por conseguinte, a enumeração subsequente ao artigo 381.º – por
lapso, inscrito como artigo 379.º – deverá ser lida com um artigo de avanço aos que constam na
versão do Projecto. Assim se procedeu no índice remissivo acima transcrito (v.g. o artigo 393.º
corresponde ao artigo 392.º na versão do Diploma).
CAPÍTULO V
Anotação 38
O artigo 3.º do Decreto que aprovou o CSC guineense estatui, no seu n.º 1, a revogação de « …toda a legislação
relativa às matérias reguladas no Código das Sociedades Comerciais». Sem prejuízo da discussão em redor da
natureza comercial, ou não, das sociedades cooperativas – atendendo ao escopo lucrativo, numa acepção mais ou
menos lata, enquanto denominador comum das sociedades comerciais –, se se cotejar aquela norma com os
preceitos constitucionais referentes ao sector cooperativo [cf. artigo 11.º, 12.º, n.º1, al. b), 13.º, n.º 1 e 49.º, n.º 3
da CRGB], bem como o n.º 2 do artigo 2.º de Decreto que aprovou o CSC, segundo o qual, « a entrada em vigor do
Código das Sociedades Comerciais não revoga os preceitos legais que consagram regimes especiais », concluiu-se
pela vigência dos artigos 207.º a 223.º, à míngua de outro regime especial sobre este tipo de sociedade ( v.g. Código
Cooperativo).
Artigo 207.º
31
As sociedades cooperativas são especializadas pela variabilidade do capital social e pela
ilimitação do número de sócios.
§1.º As sociedades cooperativas deverão adoptar para a sua constituição uma das formas
preceituadas no artigo 105.º, e regular-se-ão pelas disposições que regerem a espécie de
sociedade, cuja forma hajam adoptado, com as modificações constantes do presente capítulo.
§2.º Qualquer, porém, que seja a forma social que uma sociedade cooperativa haja adoptado,
ficará sujeita às disposições respectivas às sociedades anónimas no tocante à publicação do
título constitutivo e às alterações que neste se fizerem, bem como às obrigações e
responsabilidades dos administradores.
§3.º As sociedades cooperativas devem sempre fazer preceder ou seguir a sua firma ou
denominação social das palavras «sociedade cooperativa de responsabilidade limitada» ou
«ilimitada» conforme esta for.
Anotação 39
As remissões para as normas referentes às sociedades comerciais, entretanto revogadas pelo CSC guineense, devem
ser entendidas como remetidas para aquele novo código, conforme dispõe o artigo 4.º do Decreto n.º---de ---, que
aprovou o CSC (cf. «quando as disposições legais ou contratuais remeterem para preceitos legais revogados por
esta lei, entende-se que a remissão valerás para as correspondentes disposições do Código de Sociedades
Comerciais, salvo se a interpretação daquelas impuser diferente.»). Sem prejuízo, evidentemente, das
especificidades reguladas neste capítulo.
Artigo 208.º
Artigo 209.º
O título constitutivo deverá, além das indicações exigidas no artigo 114.º, conforme a
espécie de sociedade, especificar mais:
1.º As condições para a admissão, exoneração ou exclusão dos sócios, e as que estes poderão
retirar suas quotas;
2.º O mínimo do capital social, e a forma por que este se acha ou tem de ser constituído.
§único. O registo e a publicação dos actos destas sociedades na folha oficial do Governo
serão gratuitos.
Anotação 40
32
Veja-se a anotação ao artigo 207.º
Artigo 210.º
Não são aplicáveis às sociedades cooperativas as disposições da parte final do n.º 5 do artigo
120.º, do n.º 2 do artigo 162.º e do n.º 3 do artigo 167.º.
Anotação 41
Artigo 211.º
É lícito estipular que o pagamento do capital se faça por cotas semanais, ou mensais ou
anuais, e que, além destas, satisfaça o sócio um direito de admissão ou jóia, destinado a
constituir fundo de reserva.
Artigo 212.º
Nenhum pode ter numa sociedade cooperativa interesses por mais de quinhentos mil réis.
Anotação 42
A moeda prevista no preceito (rei) já não tem curso legal. Para além da moeda, o valor também carece de
actualização.
Artigo 213.º
As acções não poderão ser, cada uma, de mais de cem mil réis; serão nominativas, e só
transmissíveis por averbamento no respectivo livro com autorização da sociedade.
Anotação 43
Artigo 214.º
33
Cada sócio terá um só voto, qualquer que seja o número das suas acções, e não poderá
representar mais da quinta parte dos votos presentes na assembleia geral.
Artigo 215.º
Se a responsabilidade do sócio for limitada, nunca será contudo inferior à sua subscrição,
ainda que, por virtude da sua exoneração ou exclusão, não chegasse a torná-la efectiva.
Artigo 216.º
Haverá na sede da sociedade um livro, que estará sempre patente, donde constará:
3.º A conta corrente das quantias entregues ou retiradas por cada sócio.
Artigo 217.º
A admissão dos sócios verifica-se mediante a sua assinatura no livro de que trata o artigo
anterior.
Artigo 218.º
§único. As indicações das quantias pagas ou retiradas pelos sócios serão sucessivamente
feitas a assinadas por ordem de suas datas, valendo as assinaturas dos representantes da
sociedade no primeiro caso, ou do respectivo sócio no segundo, por quitação dessas quantias.
Artigo 219.º
34
Os sócios admitidos de pois de constituída a sociedade respondem por todas as operações
sociais anteriores à sua admissão, na conformidade do contrato social.
Artigo 220.º
Artigo 221.º
A exclusão dos sócios só pode ser resolvida em assembleia geral, dadas as condições para
isso exigidas no contrato social.
Artigo 222.º
§ único. O sócio exonerado, ou excluído, sem prejuízo da responsabilidade que lhe couber,
tem direito a retirar a parte que lhe competir, segundo o último balanço e a sua conta corrente,
não se computando nesse capital o fundo de reserva.
Artigo 223.º
TÍTULO III
DA CONTA EM PARTICIPAÇÃO
Anotação 44
35
Atendendo à letra do artigo 3.º do Decreto n.º….de….de...., referente à adaptação do Direito interno guineense ao
Acto Uniforme Relativo ao Direito das Sociedades Comerciais e Agrupamento de Interesse Económico, segundo o
qual, «é revogada toda a legislação relativa às matérias reguladas no Código das Sociedades Comerciais», poder-se-
ia colocar a dúvida quanto à subsistência deste Título, tendo em conta a natureza jurídica da conta-corrente. A
resposta a esta última questão nunca gerou consensos ao nível doutrinal e jurisprudencial. Se, por um lado, uns
reconheceram a sua natureza autónoma perante o contrato de sociedade (comercial e civil), outros, por outro,
defenderam a assimilação da conta-corrente ao regime societário, sobretudo no que tange ao preenchimento de
lacunas, outros ainda defenderam a conta-corrente como uma associação de interesses, mas sem se confundir com
a sociedade. Em Portugal, a conta-corrente foi revogada pelo Decreto-Lei n.º 231/81, de 28 de Julho (DR. I Série n.º
171, de 28/07/1981), instituindo o contrato de consórcio. Parece mais consentânea a posição que considera a conta
em participação como uma agremiação de interesses, sem a instituição de um ente jurídico autónomo, como
acontece com a sociedade comercial (cf. infra artigo 226.º) e com os agrupamentos de interesse económico (872.º
do AUSC-AIE). Não havendo conflito com o novo regime do CSC guineense, o instituto da conta-corrente tem-se por
vigente.
Artigo 224.º
Artigo 225.º
Artigo 226.º
Artigo 227.º
A conta em participação regula-se, salvo o disposto neste título, pelas convenções das partes.
36
Artigo 228.º
Artigo 229.º
Por os actos da conta em participação é unicamente responsável para com terceiros aquele
que os praticar.
TÍTULO IV
DAS EMPRESAS
Artigo 230.º
2.º Fornecer, em épocas diferentes, bens ou serviços, quer a particulares, quer ao Estado,
mediante preço convencionado.
3.º Agenciar negócios ou leilões por conta de outrem, designadamente para a compra, venda
e locação de imóveis, de estabelecimentos comerciais e de acções ou partes de sociedades
comerciais, em escritório aberto ao público e mediante remuneração convencionada;
6.º Edificar ou construir casas para outrem com materiais subministrados pelo empresário;
7.º Transportar, regular e permanentemente, por via terrestre, fluvial, marítima ou aérea,
quaisquer pessoas ou bens;
37
10.º A actividade de câmbios.
§ Não se haverá como compreendido no n.º 1.º o proprietário ou o explorador rural que
apenas fabrica ou manufactura os produtos do terreno que agriculta acessoriamente à sua
exploração agrícola, nem o artista industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico que exerce
directamente a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso, ou só operários, ou
operários e máquinas.
§ Não se haverá como compreendido no n.º 2.º o proprietário ou explorador rural que fizer
fornecimento de produtos da respectiva propriedade.
§ Não se haverá como compreendido no n.º 5.º o próprio autor que editar, publicar ou vender
as suas obras.
Anotação 45
TÍTULO V
CAPÍTULO I
DO MANDATO
SECÇÃO I.
Disposições gerais
Anotação 46
O Título V, incluindo a sua epígrafe, foi alterado pelo artigo 12.º, alínea a) (cf. Anexo I) do Decreto n.º ----, de ----,
referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito
Comercial Geral.
Artigo 231.º
38
Dá-se mandato comercial quando alguma pessoa se encarrega de praticar um ou mais actos
de comércio por mandato de outrem.
§ único. O mandato comercial, embora contenha poderes gerais, só pode autorizar actos não
mercantis por declaração expressa.
Artigo 232. º
Artigo 232.º-A
O mandatário não pode fazer-se substituir por outrem na execução do mandato, salvo se a tal
for autorizado pelo mandante, se os usos permitirem o substabelecimento de poderes ou se as
circunstâncias o justificarem.
Artigo 233.º
Anotação 47
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 234.º
Anotação 48
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 235.º
39
§ único. Se as deteriorações forem tais que exijam providências urgentes, o mandatário
poderá fazer vender as mercadorias por corretor ou judicialmente.
Artigo 236.º
Artigo 237.º
O mandatário, seja qual for a causa dos prejuízos em mercadoria que tenha em si de conta do
mandante, é obrigado a fazer verificar em forma legal a alteração prejudicial ocorrente e avisar
o mandante.
Artigo 238.º
Artigo 239.º
40
Artigo 240.º
Anotação 49
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral. A letra do C. Comercial de 1888 mostra-se
incompatível com o artigo 143.º do AUDCG (artigo 240.º: «o mandatário deve sem demora avisar o mandante da
execução do mandato, e, quando este não responder imediatamente, presume-se ratificar o negócio, ainda que o
mandatário tenha excedido os poderes do mandato»).
Artigo 241.º
O mandatário é obrigado a pagar juros das quantias pertencentes ao mandante a contar do dia
em que, conforme a ordem, as devia ter entregue ou expedido.
Artigo 242.º
O mandatário deve, sendo-lhe exigido, exibir o mandato escrito aos terceiros com quem
contratar, e não poderá opor-lhes quaisquer instruções que houvessem recebido em separado do
mandante, salvo provando que tinham conhecimento delas ao tempo do contrato.
Artigo 243.º
§ 1.º Não será obrigatório o desempenho de mandato que exija provisão de fundos, embora
haja sido aceito, enquanto o mandante não puser à disposição do mandatário as importâncias
que lhe forem necessárias.
§ 2.º Ainda depois de recebidos os fundos para a execução do mandato, se for necessária
nova remessa e o mandante a recusar, pode o mandatário suspender as suas diligências.
§ 3.º Estipulada a antecipação de fundos por parte do mandatário, fica este obrigado a supri-
los, excepto no caso de cessação de pagamentos ou falência do mandante.
41
Artigo 244.º
Sendo várias pessoas encarregadas do mesmo mandato sem declaração de deverem obrar
conjuntamente, presumir-se-á deverem obrar uma na falta de outra, pela ordem da nomeação.
Artigo 245.º
Anotação 50
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 246.º
Anotação 51
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 247.º
1.º Pelos adiantamentos e despesas que houver feito, pelos juros das quantias desembolsadas,
e pela sua remuneração, - nas mercadorias a ele remetidas de praça diversa para serem vendidas
por conta do mandante, e que estiverem à sua disposição em seus armazéns ou em depósito
público, e naquelas que provar com a guia de transporte haverem-lhe sido expedidas, e a que
tais créditos respeitarem;
2.º Pelo preço das mercadorias compradas por conta do mandante, - nas mesmas
mercadorias, enquanto se acharem à sua disposição nos seus armazéns ou em depósito público;
3.º Pelos créditos constantes dos números antecedentes, no preço das mercadorias
pertencentes ao mandante, quando estas hajam sido vendidas.
§ único. Os créditos referidos no 1.º preferem a todos os créditos sobre o mandante, salvo
sendo provenientes de despesa de transporte ou seguro, quer hajam sido constituídos antes quer
depois de as mercadorias haverem chegado à posse do mandatário.
42
SECÇÃO II
Extensão do mandato
Artigo 247.º-A
1 - O mandante, o mandatário e terceiros que com este contratam nessa qualidade estão
subordinados aos usos de que tenham ou devam ter conhecimento, e que, no âmbito do
comércio, sejam geralmente conhecidos e normalmente observados em relações de
representação do mesmo tipo e no mesmo ramo de negócio.
Anotação 52
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também artigo 145.º AUDGC.
Artigo 247.º-B
Anotação 53
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 146.º do
AUDCG.
Artigo 247.º-C
Os actos praticados pelo mandatário dentro dos limites dos seus poderes, vinculam-no
perante o terceiro, se este não conhecia ou não tinha o dever de conhecer a actuação por conta
do mandante.
Anotação 54
43
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 149.º AUDCG.
Artigo 247.º-D
O mandante cuja actuação crie no terceiro a convicção, formada razoavelmente e de boa fé,
de que o mandatário tinha poderes de representação para certo negócio, não pode opor-lhe a
falta de poderes do mandatário.
Anotação 55
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 151.º AUDCG.
Artigo 247.º-E
O mandatário que age sem poderes ou com abuso dos que lhe foram conferidos, é
responsável pelos danos causados a terceiro se o acto não for ratificado pelo mandante, excepto
se o terceiro conhecia ou devia conhecer a falta ou o abuso de poderes.
Anotação 56
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 153.º AUDCG.
SECÇÃO III
Extinção do mandato
Artigo 247.º-F
Anotação 57
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 156.º do
AUDCG.
44
Artigo 247.º-G
Anotação 58
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 157.º AUDCG.
Artigo 247.º-H
A extinção do mandato não é oponível aos terceiros que a não conheciam ou deviam
conhecer.
Anotação 59
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 158.º do
AUDCG.
Artigo 247.º-I
O mandatário cujo mandato se haja extinguido continua habilitado a realizar, por conta do
mandante ou dos seus herdeiros, os actos necessários e urgentes, de forma a evitar prejuízos.
Anotação 60
Aditado pelo artigo 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 159.º do
AUDCG.
SECÇÃO IV.
Artigo 248.º
É gerente de comércio todo aquele que, sob qualquer denominação consoante os usos
comerciais, se acha proposto para tratar do comércio de outrem no lugar onde este o exerce ou
noutro local.
Artigo 249.º
45
O mandato conferido ao gerente, verbalmente ou por escrito, enquanto não registado,
presume-se geral e compreensivo de todos os actos pertencentes e necessários ao exercício do
comércio para que houvesse sido dado, sem que o proponente possa opor a terceiros limitação
alguma dos respectivos poderes, salvo provando que tinham conhecimento dela ao tempo em
que contrataram.
Artigo 250.º
Os gerentes tratam e negoceiam em nome de seus proponentes; nos documentos que nos
negócios deles assinarem devem declarar que firmam com poder da pessoa ou sociedade que
representam.
Artigo 251.º
Procedendo os gerentes nos termos do artigo anterior, todas as obrigações por eles contraídas
recaem sobre os proponentes.
§2.º Se o proponente for uma sociedade comercial, a responsabilidade dos associados será
regulada conforme à natureza dela.
Artigo 252.º
Fora do caso prevenido no artigo precedente, todo o contrato celebrado por um gerente em
seu nome obriga-o directamente para com a pessoa com quem contratar.
Artigo 253.º
Nenhum gerente poderá negociar por conta própria, nem tomar interesse debaixo do seu
nome ou alheio em negociação do mesmo género ou espécie da que se acha incumbido, salvo
com expressa autorização do proponente.
46
§ único. Se o gerente contrariar a disposição deste artigo, ficará obrigado a indemnizar de
perdas e danos o proponente, podendo este reclamar para si, como feita em seu nome, a
respectiva operação.
Artigo 254.º
O gerente pode accionar em nome do proponente, e ser accionado como representante deste
pelas obrigações resultantes do comércio que lhe foi confiado, desde que se ache registado o
respectivo mandato.
Artigo 255.º
Artigo 256.º
Os comerciantes podem encarregar outras pessoas, além dos seus gerentes, do desempenho
constante, em seu nome e por sua conta, de algum ou alguns dos ramos do tráfico a que se
dedicam, devendo os comerciantes em nome individual participá-lo aos seus correspondentes.
§ único. As sociedades que quiserem usar da faculdade concedida neste artigo, devem
consigná-la nos seus estatutos.
Artigo 257.º
O comerciante pode igualmente enviar a localidade diversa daquela em que tiver o seu
domicílio um dos empregados, autorizando-o por meio de cartas, avisos, circulares ou quaisquer
documentos análogos, a fazer operações do seu comércio.
Artigo 258.º
47
Os actos dos mandatários mencionados nos dois artigos antecedentes não obrigam o
mandante senão com respeito à obrigação do negócio de que este os houver encarregado.
Artigo 259.º
Os caixeiros encarregados de vender por miúdo em lojas reputam-se autorizados para cobrar
o produto das vendas que fazem; os seus recibos são válidos, sendo passados em nome do
proponente.
§ único. A mesma faculdade têm os caixeiros que vendem em armazém por grosso, sendo as
vendas a dinheiro de contado e verificando-se o pagamento no mesmo armazém; quando, porém
as cobranças se fazem fora ou procedem de vendas feitas a prazo, os recibos serão
necessariamente assinados pelo proponente, seu gerente ou procurador legitimamente
constituído para cobrar.
Artigo 260.º
Artigo 261.º
Artigo 262.º
48
Artigo 263.º
Não se achando acordado o prazo do ajuste celebrado entre o patrão e o caixeiro, qualquer
dos contraentes pode dá-lo por acabado, avisando o outro contraente da sua resolução com um
mês de antecedência.
§ único. O caixeiro despedido terá direito ao salário correspondente a esse mês, e o patrão
não será obrigado a conservá-lo no estabelecimento nem no exercício das suas funções.
Artigo 264.º
Tendo o ajuste entre o patrão e o caixeiro termo estipulado, nenhuma das partes poderá
arbitrariamente desligar-se da convenção, sob pena de indemnizar a outra de perdas e danos.
§ 1.º Julga-se arbitrária a inobservância do contrato, uma vez que se não funde em ofensa
feita por um à honra, dignidade ou interesse do outro, cabendo ao juízo qualificar
prudentemente o facto, tendo em consideração o carácter das relações de inferior para superior.
1.º Com respeito aos patrões, – qualquer fraude ou abuso de confiança na gestão encarregada
ao caixeiro, bem como qualquer acto de negociação feito por este, por conta própria ou alheia
que não do patrão, sem conhecimento e permissão deste;
2.º Com respeito aos caixeiros, – a falta do pagamento pontual do respectivo salário ou
estipêndio, o não cumprimento de qualquer cláusula do contrato estipulado em favor deles, e os
maus tratamentos.
Artigo 265.º
§ único. Se por efeito imediato e directo do serviço acontecer ao caixeiro algum dano
extraordinário ou perda, não havendo pacto expresso a esse respeito, o patrão será obrigado a
indemnizá-lo no que for justo.
49
CAPÍTULO II.
DA COMISSÃO
Artigo 266.º
Dá-se contrato de comissão quando o mandatário executa o mandato mercantil, sem menção
ou alusão alguma ao mandante, contratando por si e em seu nome, como principal e único
contraente.
Anotação 61
Artigo 267.º
Entre o comitente e comissário dão-se os mesmos direitos e obrigações que entre mandante e
mandatário, com as modificações constantes deste capítulo.
Artigo 268.º
O comissário fica directamente obrigado com as pessoas com quem contrata, como se o
negócio fosse seu, não tendo estas acção contra o comitente, nem este contra elas, ficando,
porém, sempre salvas as que possam competir, entre si, ao comitente e ao comissário.
Artigo 269.º
Anotação 62
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 270.º
1.º O comissário que fizer alheação por conta de outrem a preço menor do que lhe fora
marcado, ou na falta de fixação do preço, menor do que o corrente, abonará ao comitente a
50
diferença de preço, salva a prova da impossibilidade da venda por outro preço e assim evitou
prejuízo ao comitente;
2.º Se o comissário encarregado de fazer uma compra exceder o preço que lhe fora fixado,
será do arbítrio do comitente aceitar o contrato, ou deixá-lo de conta do comissário, salvo se
este concordar em receber somente o preço marcado;
Anotação 63
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----, de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense com o
Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
Artigo 276.º
Artigo 276.º-A
3 – Não existindo instruções especiais ou, havendo-as, estas forem facultativas, deve o
comissário agir de forma a servir o melhor possível os interesses do comitente, respeitando os
usos.
Anotação 64
Artigo 277.º
51
O comissário que tiver créditos contra uma mesma pessoa, procedentes de operações feitas
por conta de comitentes distintos, ou por conta própria e alheia, notará em todas as entregas que
o devedor fizer o nome do interessado por cuja conta receber, e o mesmo fará na quitação que
passar.
§ único. Quando nos recibos e livros se omitir o expressar da entrega feita pelo devedor de
operações e de proprietários distintos, far-se-á a aplicação pro rata do que importar cada
crédito.
Artigo 277.º-A
O comissário não pode comprar para si as mercadorias que estiver encarregado de vender,
nem vender as suas próprias mercadorias ao comitente.
Anotação 65
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 162.º AUDCG.
Artigo 277.º-B
Anotação 66
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 163.º AUDCG.
Artigo 277.º-C
Anotação 67
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 164.º do
AUDCG
Artigo 277.º-D
52
O comitente deve reembolsar o comissário das despesas e provisões normais por ele pagas,
desde que úteis ou necessárias à execução do contrato e mediante a presentação dos documentos
comprovativos.
Anotação 68
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 165.º do
AUDCG.
Artigo 277.º-E
O comissário goza direito de retenção sobre as mercadorias que tiver em seu poder para
garantia dos seus créditos contra o comitente.
Anotação 69
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 166.º AUDCG.
Artigo 277.º-F
2 – Havendo razão para recear a rápida deterioração de coisas enviadas para serem vendidas
em regime de comissão e se o interesse do comitente assim o exigir, o comissário tem a
obrigação de as vender.
Anotação 70
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 167.º AUDCG.
Artigo 277.º-G
53
1 - O comissário que vender coisa comissionada abaixo do preço mínimo fixado pelo
comitente deve pagar-lhe a diferença, salvo se provar que, com essa venda, evitou ao comitente
um prejuízo e que as circunstâncias não lhe permitiram vender pelo preço fixado.
2 - O comissário que comprar a preço inferior ou que vender a preço superior ao fixado pelo
comitente não pode haver para si a diferença.
Anotação 71
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também o artigo 168.º AUDCG.
Artigo 277.º-H
Anotação 72
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf o artigo 169.º AUDCG.
Artigo 277.º-I
1 - O comissário não responde pelo cumprimento das obrigações contraídas pela pessoa com
quem contratou, salvo convenção ou uso contrários.
Anotação 73
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. o artigo 170.º do AUDCG.
Artigo 277.º-J
Anotação 74
54
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. o artigo 171.º do AUDCG.
Artigo 277.º-L
Anotação 75
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. os artigos 172.º e 173.º do
AUDCG.
Artigo 277.º-M
1 - O comissário reconhecido pela Alfândega está obrigado a pagar, por conta do comitente,
os direitos, taxas ou multas devidos ao serviço de Alfândega.
2- O comissário reconhecido pela Alfândega que haja pago, por conta de terceiro, os
direitos, taxas ou multas, cuja cobrança seja assegurada pela Alfândega, fica sub-rogado nos
direitos desta.
Anotação 76
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. os artigos 174.º do AUDCG.
Artigo 277.º-N
Anotação 77
55
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. o artigo 175.º do AUDCG.
CAPÍTULO III.
DA MEDIAÇÃO
Artigo 277.º-O
O mediador não pode intervir pessoalmente numa transacção, salvo havendo acordo das
partes.
Anotação 78
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. o artigo 177 do AUDCG.
Artigo 277.º-P
Anotação 79
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. o artigo 178.º do AUDCG.
Artigo 277.º-Q
O mediador não pode realizar actos de comércio, para si ou para terceiro, directamente ou
por interposta pessoa.
Anotação 80
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. o artigo 179.º do AUDCG.
56
Artigo 277.º-R
Anotação 81
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. o artigo 180.º do AUDCG.
Artigo 277.º-S
Anotação 82
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 181.º do AUDCG.
Artigo 277.º-T
Anotação 83
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 181.º do AUDCG.
Artigo 277.º-U
57
O mediador perde o direito à remuneração e ao reembolso das despesas se tiver agido no
interesse de terceiro contraente, incumprindo as obrigações para com aquele que solicitou a sua
intervenção ou, se, sem conhecimento e acordo deste, tiver recebido remuneração do terceiro.
Anotação 84
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 183.º do AUDCG.
CAPÍTULO IV.
DA AGÊNCIA
Artigo 277.º-V
Agência é o contrato pelo qual uma das partes se obriga, a negociar e, eventualmente,
concluir contratos de compra e venda, de locação ou de prestação de serviços, em nome e por
conta de produtores, industriais, comerciantes ou de outros agentes comerciais, de modo
autónomo e estável e mediante retribuição, podendo ser-lhe atribuída certa zona ou determina
círculo de clientes.
Anotação 85
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 184.º do AUDCG.
Artigo 277.º-X
Anotação 86
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 185.º do AUDCG.
Artigo 277.º-Z
O agente pode, sem autorização, e salvo convenção escrita em contrário, representar mais do
que um principal; o agente não pode, porém, representar um principal cuja actividade seja
concorrente de um outro seu representado sem o acordo deste.
Anotação 87
58
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 186.º do AUDCG.
Artigo 277.º-AA
1 - O agente está vinculado ao dever de sigilo, mesmo após o termo do contrato, sobre
informações que lhe tenham sido comunicadas pelo principal, ou de que tenha tido
conhecimento nessa qualidade por causa do contrato.
Anotação 88
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 187.º do AUDCG.
Artigo 277.º-BB
Anotação 89
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 188.º do AUDCG.
Artigo 277.º-CC
Anotação 90
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. também artigo 189.º do AUDCG.
Artigo 277.º-DD
59
Pelas operações concluídas após a cessação do contrato tem o agente direito a uma comissão,
desde que a operação se deva principalmente à sua actividade no decurso do contrato e tenha
sido concluída num prazo razoável subsequente ao termo do mesmo.
Anotação 91
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 190.º do AUDCG.
Artigo 277.º-EE
A menos que as circunstâncias justifiquem uma repartição equitativa da comissão entre dois
ou mais agentes comerciais, o agente não tem direito à comissão se esta for devida:
b) Ao agente que lhe sucedeu, por uma operação comercial concluída depois da
cessação do seu contrato de agência.
Anotação 92
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 191.º do AUDCG.
Artigo 277.º-FF
Anotação 93
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 192.º do AUDCG.
Artigo 277.º-GG
60
Anotação 94
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 193.º do AUDCG.
Artigo 277.º-HH
Anotação 95
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 194.º do AUDCG.
Artigo 277.º-II
O contrato a termo certo que continue a ser executado pelas partes após o seu termo
transforma-se em contrato por tempo indeterminado.
Anotação 96
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 195.º do AUDCG.
Artigo 277.º-JJ
1 - O contrato celebrado por tempo indeterminado pode ser denunciado por qualquer das
partes, mediante aviso prévio.
3 – Se o contrato a termo certo for convolado em contrato por tempo indeterminado, aviso
prévio determina-se tendo em conta a data de início das relações contratuais entre
as partes.
Anotação 97
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 196.º do AUDCG.
61
Artigo 277.º-LL
1 - Cessando o contrato, tem o agente tem direito a uma indemnização compensatória, sem
prejuízo da indemnização a que haja lugar nos termos gerais; o direito à indemnização
compensatória caduca se o agente não notificar o principal, extrajudicialmente, de que pretende
exigi-la, no prazo de um ano após o termo do contrato.
Anotação 98
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 197.º do AUDCG.
Artigo 277.º-MM
Não é devida a indemnização compensatória prevista no artigo anterior nos seguintes casos:
Anotação 99
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 198.º do AUDCG.
Artigo 277.º-NN
62
2 - A indemnização compensatória é fixada livremente entre o agente comercial e o seu
principal quanto ao tempo de duração do contrato que exceda os três anos completos.
Anotação 100
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 199.º do AUDCG.
Artigo 277.º-OO
As disposições dos artigos 196.º a 199.º só podem ser afastadas por estipulação mais
favorável ao agente.
Anotação 101
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 200.º do AUDCG.
Artigo 277.º-PP
Cada parte tem obrigação de restituir, no termo do contrato, tudo o que lhe tenha sido
entregue no decurso do mesmo, quer pela outra parte quer por terceiros por conta da outra parte,
sem prejuízo do direito de retenção que assista aos contraentes.
Anotação 102
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 201.º do AUDCG.
TÍTULO VI
Anotação 103
Revogados pela Lei n.º 12/97, de 2 de Dezembro, publicado no suplemento do Boletim Oficial n.º 48.
63
TÍTULO VII
DA CONTA-CORRENTE
Artigo 344.º
Dá-se contrato de conta corrente toda as vezes que duas pessoas tendo de entregar valores
uma a outra, se obrigam a transformar os seus créditos em artigos de "deve" e "há-de haver", de
sorte que só o saldo final resultante da sua liquidação seja exigível.
Artigo 345.º
Artigo 346.º
1.º A transferência da propriedade do crédito indicado em conta corrente para a pessoa, que
por ele se debita;
2.º A novação entre o creditado e o debitado da obrigação anterior, de que resultou o crédito
em conta corrente;
3.º A compensação recíproca entre os contraentes até à concorrência dos respectivos crédito
e débito ao termo do encerramento da conta corrente;
64
5.º O vencimento de juros das quantias creditadas em conta corrente a cargo do debitado
desde o dia do efectivo recebimento.
Artigo 347.º
Artigo 348.º
Artigo 349.º
Artigo 350.º
Antes do encerramento da conta corrente nenhum dos interessados será considerado como
credor ou devedor do outro, e só o encerramento fixa invariavelmente o estado das relações
jurídicas das partes, produz de pleno direito a compensação do débito com o crédito corrente e
determina a pessoa do credor e do devedor.
TÍTULO VIII
65
DAS OPERAÇÕES DE BOLSA
Artigo 351.º
§ único. São considerados fundos públicos para os efeitos do n.º 1.º deste artigo:
2.º Os emitidos com garantia do Governo ou dos corpos administrativos nacionais por
estabelecimentos públicos ou empresas particulares.
Anotação 104
O 2.º do § único menciona no original «Governo português», que deverá ler-se apenas «governo», na sequência do
disposto no artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro.
Artigo 352.º
Os fundos públicos serão admitidos à cotação logo que se achem legalmente reconhecidos
como negociáveis; os outros títulos, deliberação da respectiva câmara dos correctores, que só a
concederá, se entender acharem-se legalmente emitidos e suficientemente garantidos.
66
Artigo 353.º
A cotação feita pela câmara dos corretores determina o curso público e legal – o único que
será reconhecido em juízo.
Artigo 354.º
Todas as operações de bolsa podem ser feitas para se realizarem na ocasião em que forem
ajustadas ou a prazo.
§ único. O prazo, nas operações sobre fundos públicos, não poderá exceder o fim do mês
seguinte àquele em que houverem sido ajustadas.
Artigo 355.º
Artigo 356.º
As operações a prazo sobre fundos públicos não produzirão acção em juízo a favor do
vendedor, se no acto em que elas deverem concluir-se não existirem em seu poder os títulos que
tiver vendido, e a favor do comprador, se este no acto em que elas deverem concluir-se se não
mostrar habilitado a satisfazer o preço da compra.
Artigo 357.º
Todas as negociações sobre fundos públicos serão anunciadas por um pregoeiro, que haverá
em cada bolsa, para que o corretor encarregado da negociação lhe entregará uma nota por ele
assinada, em que se declare se a operação é ou não a prazo.
67
§ único. A nota de que trata este artigo será depois entregue ao síndico da câmara dos
corretores, o qual deverá conservá-la até que conclua negociação
Artigo 358.º
As negociações sobre fundos públicos que se houverem de verificar na bolsa só podem ser
feitas por intervenção do corretor.
Artigo 359.º
As negociações a prazo serão publicadas na bolsa e registadas em que um livro para isso
destinado, sendo a publicação e registo feitos pelo corretor que tiver intervindo na negociação.
§ único. O corretor que faltar ao cumprimento da disposição deste artigo será condenado nas
penas que o seu regimento lhe impuser, e responderá pela indemnização dos prejuízos que pela
sua omissão tiver causado aos seus comitentes ou a quaisquer interessados na negociação.
Artigo 360.º
Não haverá acção em juízo para exigir o cumprimento de obrigações contraídas nas
negociações a prazo feitas por intervenção do corretor, se não estiverem publicadas e registadas
nos termos do artigo antecedente, exceptuado o caso da acção dever ser dirigida directamente
contra o corretor pela sua responsabilidade, nos termos deste Código.
Artigo 361.º
Os empréstimos com garantia de fundos públicos que houverem de ser contratados nas
bolsas, só o podem ser por intervenção do corretor.
TÍTULO IX
Artigo 362.º
São comerciais todas as operações de bancos tendentes a realizar lucros sobre numerário,
fundos públicos ou títulos negociáveis, e em especial as de câmbio, os arbítrios, empréstimos,
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descontos, cobranças, aberturas de créditos, emissão e circulação de notas ou títulos fiduciários
pagáveis à vista e ao portador.
Artigo 363.º
Artigo 364.º
Artigo 365.º
O banqueiro que cessa pagamentos presume-se em quebra culposa, salva defesa legítimas.
TÍTULO X
DO TRANSPORTE
Artigo 366.º
§ 1.º Haver-se-á por constituída empresa, para os efeitos deste artigo, logo que qualquer ou
quaisquer pessoas se proponham exercer a indústria de fazer transportar por terra, canais ou
rios, pessoas ou animais, alfaias ou mercadorias de outrem.
§ 2.º As companhias de transportes constituir-se-ão pela forma prescrita neste Código para as
sociedades comerciais, ou pela que lhes for estabelecida na lei da sua criação.
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§ 4.º Os transportes marítimos serão regulados pelas disposições aplicáveis do livro III deste
Código.
Anotação 105
Sempre que esteja em causa o contrato de transporte, o presente título deve ser confrontado com o Acto Uniforme
relativo ao Contrato de Transporte Rodoviário de Mercadorias – cf. artigo 1.º AUCTRM.
Artigo 367.º
O transportador pode fazer efectuar o transporte directamente por si, seus empregados e
instrumentos, ou por empresa, companhia ou pessoas diversas.
§ único. No caso previsto na parte final deste artigo, o transportador que primitivamente
contratou com o expedidor conserva para com este a sua originária qualidade, e assume para
com a empresa, companhia ou pessoa com quem depois ajustou o transporte, a de expedidor.
Anotação 106
Artigo 368.º
O transportador é obrigado a ter e arrumar livros em que lançará, por ordem progressiva de
números e datas, a resenha de todos os transportes de que se encarregar, com expressão da sua
qualidade, da pessoa que os expedir, do destino que levam, do nome e domicilio do destinatário,
do modo de transporte e finalmente da importância do frete.
Artigo 369.º
O transportador deve entregar ao expedidor que assim o exigir, uma guia de transporte,
datada e por ele assinada.
§ 1.º O expedidor deve entregar ao transportador, que assim o exigir. um duplicado da guia
de transporte assinado por ele.
Artigo 370.º
70
A guia de transporte deverá conter o que nos regulamentos especiais do transportador for
prescrito e, na falta deles, o seguinte:
2.º Designação da natureza, peso, medida ou número dos objectos a transportar, ou. achando-
se estes enfardados ou emalados, da qualidade dos fardos ou malas e do número, sinais ou
marcas dos invólucros;
4.º Enunciação da importância do frete, com a declaração de se achar ou não satisfeito, bem
como de quaisquer verbas de adiantamentos a que o transportador se houver obrigado;
5.º Determinação do prazo dentro do qual deve efectuar-se a entrega; e também, havendo o
transporte de fazer-se por caminho-de-ferro, declaração de o dever ser pela grande ou pequena
velocidade:
6.º Fixação da indemnização por que responde o transportador. se a tal respeito tiver havido
convenção;
Anotação 107
Artigo 371.º
Artigo 372.º
Anotação 108
Artigo 373.º
71
Todas as questões acerca do transporte se decidirão pela guia de transporte, não sendo contra
a mesma admissíveis excepções algumas, salvo de falsidade ou erro involuntário de redacção.
Anotação 109
Artigo 374.º
Artigo 375.º
Anotação 110
Artigo 376.º
Anotação 111
Artigo 377.º
O transportador responderá pelos seus empregados, pelas mais pessoas que ocupar no
transporte dos objectos e pelos transportadores subsequentes a quem for encarregando do
transporte.
§ 1.º Os transportadores subsequentes terão direito de fazer declarar no duplicado da guia de
transporte o estado em que se acharem os objectos a transportar, ao tempo em que lhes forem
72
entregues, presumindo-se, na falta de qualquer declaração, que os receberam em bom estado e
na conformidade das indicações do duplicado.
Anotação 112
Artigo 378.º
O transportador expedirá os objectos a transportar pela ordem por que os receber, a qual só
poderá alterar, se a convenção, natureza ou destino dos objectos a isso o obrigarem, ou quando
caso fortuito ou de força maior o impeçam de a observar
Anotação 113
Artigo 379.º
§ único. Sobrevindo o acidente durante o transporte, o transportador terá direito a mais uma
parte da importância do frete, proporcional ao caminho percorrido.
Anotação 114
Artigo 380.º
73
§ 1.º Esta obrigação do transportador cessa desde o momento em que tendo chegado os
objectos ao seu destino e, sendo o destinatário o portador da guia de transporte, exige a entrega
dos objectos.
§ 2.º Se a guia for à ordem ou ao portador, o direito indicado neste artigo compete ao
portador dela, que a deve entregar ao transportador, ao qual será permitido, no caso de mudança
de destino dos objectos, exigir nova guia.
Artigo 381.º
§ único. Na falta de convenção pode o transportador seguir o caminho que mais lhe
convenha.
Artigo 382.º
O transportador é obrigado a fazer a entrega dos objectos no prazo fixado por convenção ou
pelos regulamentos especiais do transportador e, na sua falta, pelos usos comerciais, sob pena de
pagar a competente indemnização.
§ 1.º Excedendo a demora o dobro do tempo marcado neste artigo, pagará o transportador,
além da indemnização, as perdas e danos resultantes da demora.
§ 2.º O transportador não responderá pela demora no transporte, resultante de caso fortuito,
força maior, culpa do expedidor ou destinatário.
Anotação 115
Artigo 383.º
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O transportador, desde que receber até que entregar os objectos, responderá pela perda ou
deterioração, que venham a sofrer, salvo quando proveniente de caso fortuito, força maior, vício
do objecto, culpa do expedidor ou do destinatário.
§ 1.º O transportador pode, com respeito a objectos sujeitos por natureza a diminuição de
peso ou medida durante o transporte, limitar a sua responsabilidade a uns tanto por cento ou a
uma quota parte por volume.
§ 2.º A limitação ficará sem efeito, provando o expedidor ou o destinatário não ter a
diminuição sido causada pela natureza dos objectos, ou não poder esta, nas circunstâncias
ocorrentes, ter atingido o limite estabelecido.
Anotação 116
Artigo 384.º
§ 1.º Igual base se tomará para o cálculo de indemnização no caso de perda de objectos.
§ 2.º A indemnização no caso de perda de bagagens de passageiros entregues sem declaração do
conteúdo, será fixada segundo as circunstâncias especiais do caso.
§ 3.º Ao expedidor não é admissível prova de que entre os géneros designados se continham
outros de maior valor.
Anotação 117
Artigo 385.º
O destinatário tem o direito de fazer verificar a expensas suas o estado dos objectos
transportados, ainda quando não apresentem sinais exteriores de deterioração.
§ 1.º Não se acordando os interessados sobre o estado dos objectos, proceder-se-á a depósito
deles em armazém seguro, e as partes seguirão seu direito conforme a justiça.
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§ 2.º A reclamação contra o transportador por deterioração nas fazendas durante o transporte
não pode ser deduzida depois do recebimento tendo havido verificação ou sendo o vício
aparente e, fora destes casos, só pode ser deduzida nos oito dias seguintes à mesma entrega.
§ 3.º Ao transportador não pode ser feito abandono das fazendas, ainda que deterioradas, mas
responde por perdas e danos para com o expedidor ou destinatário, conforme o caso, pela
deterioração ou perda dos objectos transportados.
Anotação 118
Artigo 386.º
O transportador é responsável para com o expedidor por tudo quanto resultar de omissão sua
no cumprimento das leis fiscais em todo o curso da viagem e na entrada do lugar do destino.
Anotação 119
Artigo 387.º
O transportador não tem direito a investigar o título por que o destinatário recebe os objectos
transportados, devendo entregá-los imediatamente e sem estorvo, sob pena de responder pelos
prejuízos resultantes da demora, logo que lhe apresentem a guia de transporte em termos
regulares.
Artigo 388.º
Anotação 120
Artigo 389.º
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Expirado o termo em que os objectos transportados deviam ser entregues ao destinatário, fica
este com todos os direitos resultantes do contrato de transporte, podendo exigir a entrega dos
objectos e da guia de transporte.
Artigo 390.º
§ 2.º Sendo a guia à ordem ou ao portador, o transportador pode recusar a entrega enquanto
lhe não for restituída.
§ 3.º Não convindo ao transportador reter os objectos transportados até que o destinatário
cumpra aquilo a que for obrigado, poderá requerer o depósito e a venda de tantos quantos forem
necessários para o seu pagamento.
Anotação 121
Artigo 391.º
§ 2.º Sendo muitos os transportadores, o último exercerá o direito de privilégio por todos os
outros.
Anotação 122
Artigo 392.º
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O expedidor tem privilégio pela importância dos objectos transportados sobre os
instrumentos principais e acessórios que o condutor empregar no transporte.
Artigo 393.º
Os transportes por caminho-de-ferro serão regulados pelas regras gerais deste Código e pelas
disposições especiais das respectivas concessões ou contratos, sendo porém nulos e sem efeito
quaisquer regulamentos das administrações competentes, em que estas excluam ou limitem as
obrigações e responsabilidades impostas neste título.
TÍTULO XI
DO EMPRÉSTIMO
Artigo 394.º
Para que o contrato de empréstimo seja havido por comercial é mister que a coisa cedida seja
destinada a qualquer acto mercantil.
Artigo 395.º
§ único. A retribuição será, na falta de convenção, a taxa legal do juro calculado sobre o
valor da coisa cedida.
Artigo 396.º
O empréstimo mercantil entre comerciantes admite, seja qual for o seu valor, todo o género
de prova.
TÍTULO XII
DO PENHOR
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Artigo 397.º
Para que o penhor seja considerado mercantil é mister que a dívida que se cauciona proceda
de acto comercial.
Artigo 398.º
1.º Por declarações ou verbas nos livros de quaisquer estações públicas onde se acharem as
coisas empenhadas;
3.º Pelo endosso da cautela de penhor dos géneros e mercadorias depositadas nos armazéns
gerais.
Artigo 399.º
O penhor em letras ou títulos à ordem pode ser constituído por endosso com a
correspondente declaração segundo os usos da praça; e o penhor em acções, obrigações ou
outros títulos nominativos pela respectiva declaração no competente registo.
Artigo 400.º
Para que o penhor mercantil entre comerciantes por quantia excedente a duzentos mil réis
produza efeitos com relação a terceiros basta que se prove por escrito.
Anotação 123
A moeda prevista no preceito (rei) já não tem curso legal. Para além da moeda, o valor também carece de
actualização.
Artigo 401.º
Devendo proceder-se à venda do penhor mercantil por falta de pagamento, poderá esta
efectuar-se por meio de corretor, notificado o devedor.
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Artigo 402.º
TÍTULO XIII
DO DEPÓSITO
Artigo 403.º
Para que o depósito seja considerado mercantil é necessário que seja de géneros ou
mercadorias destinados a qualquer acto de comércio.
Artigo 404.º
O depósito terá direito a uma gratificação pelo depósito, salvo convenção expressa em
contrário.
§ único. Se a quota da gratificação não houver sido previamente acordada, regular-se-á pelos
usos da praça em que o depósito houver sido constituído, e, na falta destes, por arbitramento.
Artigo 405.º
Artigo 406.º
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próprias de depositante e depositário, e observar-se-ão as regras aplicáveis do empréstimo
mercantil, da comissão. ou do contrato que, em substituição do depósito, se houver celebrado,
qual no caso couber.
Artigo 407.º
TÍTULO XIV
Artigo 408.º
4.º A declaração de haverem ou não sido satisfeitos quaisquer impostos devidos e de se ter
ou não feito o seguro dos objectos depositados.
§ 1.º Ao conhecimento de depósito será anexa uma cautela de penhor, em que se repetirão as
mesmas indicações.
Artigo 409.º
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Artigo 410.º
Artigo 411.º
1.º Sendo dos dois títulos, transferirá a propriedade dos géneros ou mercadorias depositados;
2.º Sendo só da cautela de penhor, conferirá ao endossado o direito de penhor sobre os géneros
ou mercadorias depositados;
Artigo 412.º
Artigo 413.º
Artigo 414.º
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Os géneros e mercadorias depositados nos armazéns gerais não podem ser penhorados,
arrestados, dados em penhor ou por outra forma obrigados, a não ser nos casos de perda do
conhecimento de depósito e da cautela de penhor, de contestação sobre direitos de sucessão e de
quebra.
Artigo 415.º
Artigo 416.º
Artigo 417.º
O portador de uma cautela de penhor não paga na época do seu vencimento pode fazê-la
protestar, como as letras, e dez dias depois proceder à venda do penhor, nos termos gerais de
direito.
§ único. O endossante que pagar ao portador fica sub-rogado nos direitos deste, e poderá
fazer proceder à venda do penhor nos termos referidos.
Artigo 418.º
A venda por falta de pagamento não se suspende nos casos do artigo 414.º, sendo porém
depositado o respectivo preço até decisão final.
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Artigo 419.º
O portador da cautela de penhor tem direito a pagar-se, no caso de sinistro, pela importância
do seguro.
Artigo 420.º
Artigo 421.º
Artigo 422.º
O portador da cautela de penhor não pode executar os bens do devedor ou dos endossantes
sem se achar exausta a importância do penhor.
Artigo 423.º
A prescrição de acções contra os endossantes começará a correr do dia da venda dos géneros
ou mercadorias depositadas.
Artigo 424.º
O portador da cautela de penhor perde todo o direito contra os endossantes, não tendo feito o
devido protesto, ou não tendo feito proceder à venda dos géneros ou mercadorias no prazo legal,
mas conserva acção contra o devedor.
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TÍTULO XV
DOS SEGUROS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 425.º
Todos os seguros, com excepção dos mútuos, serão comerciais a respeito do segurador,
qualquer que seja o seu objecto; e relativamente aos outros contratantes, quando recaírem sobre
géneros ou mercadorias destinados a qualquer acto de comércio, ou sobre estabelecimento
mercantil.
§ 1.º Os seguros mútuos serão, contudo, regulados pelas disposições deste Código, quanto a
quaisquer actos de comércio estranhos à mutualidade.
Artigo 426.º
O contrato de seguro deve ser reduzido a escrito num instrumento, que constituirá a apólice
de seguro.
§ único. A apólice de seguro deve ser datada, assinada pelo segurador, e enunciar:
85
2.º O nome ou firma, qualidade, residência ou domicílio do que faz segurar;
8.º E, em geral, todas as circunstâncias cujo conhecimento possa interessar o segurador, bem
como todas as condições estipuladas pelas partes.
Artigo 427.º
O contrato de seguro regular-se-á pelas estipulações da respectiva apólice não proibidas pela
lei, e, na sua falta ou insuficiência, pelas disposições deste Código.
Artigo 428.º
O seguro pode ser contratado por conta própria ou por conta de outrem.
§ 1.º Se aquele por quem ou em nome de quem o seguro é feito não tem interesse na coisa
segurada, o seguro é nulo.
§ 2.º Se não se declarar na apólice que o seguro é por conta de outrem, considera-se
contratado por conta de quem o fez.
§ 3.º Se o interesse do segurado for limitado a uma parte da coisa segura na sua totalidade ou
do direito a ela respeitante, considera-se feito o seguro por conta de todos os interessados, salvo
àquele o direito a haver a parte proporcional do prémio.
Artigo 429.º
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§ único. Se da parte de quem fez as declarações tiver havido má fé, o segurador terá direito
ao prémio.
Artigo 430.º
O segurador pode ressegurar por outrem o objecto que segurou, e o segurado pode segurar
por outrem o prémio do seguro.
Artigo 431.º
CAPÍTULO II
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 432.º
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Artigo 433.º
Se o seguro contra riscos for inferior ao valor do objecto, o segurado responderá, salva
convenção em contrário, por uma parte proporcional das perdas e danos.
§ 2.º Se todos os seguros tiverem a mesma data, terão efeito até à concorrência do valor total
em proporção da quantia segura em cada contrato.
Artigo 434.º
O segurado não pode, sob pena de nulidade, fazer segurar segunda vez pelo mesmo tempo e
risco objecto já seguro pelo seu inteiro valor, excepto nos seguintes casos:
1.º Quando o segundo seguro houver sido subordinado a nulidade do primeiro ou à insolvência
total ou parcial do respectivo segurador;
2.º Quando se fez cessão dos direitos do primeiro seguro ao segurador ou quando houve
renúncia daquele.
Artigo 435.º
Excedendo o seguro o valor do objecto segurado, só é válido até à concorrência desse valor.
Artigo 436.º
O seguro é nulo, se, quando se concluiu o contrato, o segurador tinha conhecimento de haver
cessado o risco, ou se o segurado, ou a pessoa que fez o seguro, o tinha da existência do sinistro.
§ único. No primeiro caso deste artigo o segurador não tem direito ao prémio; no segundo
não é obrigado a indemnizar o segurado, mas tem direito ao prémio.
Artigo 437.º
88
1.º Se a coisa segura não chegar a correr risco;
2.º Se o sinistro resultar de vício próprio conhecido do segurado e por ele não denunciado ao
segurador;
3.º Se o sinistro tiver sido causado pelo segurado ou por pessoa por quem ele seja civilmente
responsável;
4.º O Se o sinistro for ocasionado por guerra ou tumulto de que o segurador não tivesse
tomado o risco.
§ 1.º No caso do n. º 1. º deste artigo o segurador tem direito à metade do prémio, a qual
nunca excederá a meio por cento da quantia segurada.
§ 2.º O segurado nos oito dias imediatos àquele em que chegou ao seu conhecimento a
existência do vício próprio da coisa, que tiver seguro sem essa declaração, deve participá-lo ao
segurador, e este pode declarar sem efeito o seguro, restituindo metade do prémio não vencido.
Artigo 438.º
Se o segurado falir antes de acabarem os riscos e dever o prémio, o segurador pode exigir
caução, e, quando esta se não preste, a anulação do contrato.
Artigo 439.º
São a cargo do segurador todas as perdas e danos que sofra o objecto segurado devidos a
caso fortuito ou de força maior de que tiver assumido os riscos.
1.º Se o valor foi fixado por arbitradores nomeados pelas partes, o segurador não o pode
contestar;
2.º Se o não foi, pode ser verificado por todos os meios de prova admitidos em direito.
§ 2.º O segurado não tem direito de abandonar ao segurador os objectos salvos do sinistro, e o
valor destes não será incluído na indemnização devida pelo segurador.
89
Artigo 440.º
O segurado é obrigado, sob pena de responder por perdas e danos, a participar ao segurador
o sinistro dentro dos oito dias imediatos àquele em que ocorreu ou àquele em que do mesmo
teve conhecimento.
Artigo 441.º
O segurador que pagou a deterioração ou perda dos objectos segurados fica sub-rogado em
todos os direitos do segurado contra terceiro causador do sinistro, respondendo o segurado por
todo o acto que possa prejudicar esses direitos.
SECÇÃO II
Artigo 442.º
As apólices de seguro contra fogo devem, além do prescrito no artigo 426. º, precisar:
3.º A natureza e uso dos edifícios adjacentes, sempre que estas circunstâncias puderem
influir no contrato;
Artigo 443.º
90
1.º Os danos causados pela acção do incêndio, ainda que este haja sido produzido por facto
não criminoso do segurado ou de pessoa por quem seja civilmente responsável;
2.º As perdas e danos resultantes imediatamente do incêndio, como as causadas pelo calor, fumo
ou vapor, pelos meios empregados para extinguir ou combater o incêndio, pelas remoções dos
móveis, e pelas demolições executadas em virtude de ordem da autoridade competente.
3.ºAs perdas e danos que resultarem de vício, próprio do edifício seguro, ainda que não
denunciado, não se provando que o segurado tinha dele conhecimento;
4.º Os danos sofridos pela acção do raio, explosões e outros acidentes semelhantes, quer
sejam ou não acompanhados de incêndio.
Artigo 444.º
Artigo 445.º
O contrato de seguro, quando segurado não pagar no prazo estipulado o respectivo prémio,
considerar-se-á insubsistente, se, depois de avisado o segurado por carta registada ou por algum
meio usado em direito, este, dentro dos trinta dias posteriores ao aviso, não satisfaz aquele
prémio.
Artigo 446.º
O segurador pode declarar sem efeito o seguro, desde que o edifício ou objectos segurados
tiverem outro destino ou lugar que os tomem mais expostos ao risco por forma que o segurador
não os teria segurado, ou exigiria outras condições, se tivessem tido esse destino ou lugar antes
de efectuar o seguro.
91
§ 1.º O segurado, logo que ocorra qualquer das circunstâncias indicadas neste artigo, deve
participá-lo ao segurador dentro de oito dias, para que ele possa em igual prazo, a contar da
participação, usar da faculdade que lhe confere este artigo.
§ 2.º Na falta de participação pelo segurado ou de declaração pelo segurador nos prazos
marcados no parágrafo antecedente resulta respectivamente a anulação ou a conservação do
seguro.
SECÇÃO III
Do seguro de colheitas
Artigo 447.º
No contrato de seguro contra os riscos a que estão sujeitos os produtos da terra, a apólice
deverá, além do prescrito no artigo 426.º, enunciar:
3.º Se a sementeira ou plantação que há-de dar o produto já se acha feita ou nao;
4.º O lugar do depósito, se o seguro for de frutos já recolhidos;
Artigo 448.º
Nos seguros de que trata esta secção a indemnização é determinada pelo valor que os frutos
de uma produção regular teriam ao tempo em que deviam colher-se, se não tivesse sucedido o
sinistro.
Artigo 449.º
O segurador de produtos da terra responde pelas perdas ou danos dos frutos, mas não pela
produção e quantidade desta.
92
SECÇÃO IV
Artigo 450.º
O seguro dos objectos transportados por terra, canais ou rios pode ter por objecto o seu valor
acrescido das despesas até ao lugar do destino, e o lucro esperado.
§ único.Se o lucro esperado não for avaliado separadamente na apólice, não se compreenderá
no seguro.
Artigo 451.º
5.º A indicação dos pontos onde devem ser recebidos e entregues os objectos transportados;
Artigo 452.º
Artigo 453.º
O segurador responde pelas perdas e danos causados por falta ou fraude dos encarregados do
transporte dos objectos segurados, salvo o seu regresso contra os causadores.
Artigo 454.º
93
Neste contrato serão observadas em geral, e conforme as circunstâncias, as disposições
respeitantes aos seguros marítimos, incluindo as relativas ao abandono.
CAPÍTULO III
DO SEGURO DE VIDAS
Artigo 455.º
§ único. O segurador pode, nos termos deste artigo, tomar sobre si o risco da morte do
segurado dentro de certo tempo ou o da prolongação da vida dele além de um termo prefixado.
Artigo 456.º
A vida de uma pessoa pode ser segura por ela própria ou por outrem que tenha interesse na
conservação daquela.
§ único. No último caso previsto neste artigo o segurado é a pessoa em cujo benefício se
estipula o seguro e quem paga o prémio.
Artigo 457.º
No seguro de vidas, além das indicações aplicáveis do artigo 426.º, a apólice mencionará a
idade, a profissão e o estado de saúde da pessoa, cuja vida se segura.
Artigo 458.º
94
O segurador não é obrigado a pagar a quantia segura:
1.º Se a morte da pessoa, cuja vida se segurou, é resultado de duelo, condenação judicial,
suicídio voluntário, crime ou delito cometido pelo segurado, ou se este foi morto pelos seus
herdeiros;
2.º Se aquele que reclama a indemnização foi autor ou cúmplice do crime da morte da
pessoa, cuja vida se segurou.
§ único. A disposição do n.º 1 deste artigo não é aplicável ao seguro de vida contratado por
terceiro.
Artigo 459.º
As mudanças de ocupação, de estado e de modo de vida por parte da pessoa, cuja vida se
segurou, não fazem cessar os efeitos do seguro quando não transformem nem agravem os riscos
pela alteração de alguma circunstância essencial, por forma que, se o novo estado de coisas
existisse ao tempo do contrato, o segurador não teria convindo no seguro ou exigiria outras
condições; ou quando, sendo essas mudanças conhecidas do segurador, este não requeira a
modificação do contrato.
Artigo 460.º
No caso de morte ou quebra daquele que segurou sobre a sua própria vida ou sobre a de um
terceiro, uma quantia para ser paga a outrem que lhe haja de suceder, o seguro subsiste em
benefício exclusivo da pessoa designada no contrato, salvo, porém, com relação às quantias
recebidas pelo segurador, as disposições do Código Civil relativas a colações, inoficiosidade nas
sucessões e rescisão dos actos praticados em prejuízo dos credores.
Artigo 461.º
Se a pessoa, cuja vida se segura, já estiver morta ao tempo da celebração do contrato, este
não subsiste, ainda que o segurado ignorasse o falecimento, salvo havendo convenção em
contrário.
Artigo 462.º
95
A ausência da pessoa, cuja vida se segurou, do lugar do seu domicílio ou residência, sem que
dela se saiba parte, só constituirá, salva convenção em contrário, o segurador na obrigação de
pagar a indemnização no caso em que por direito a curadoria definitiva deveria terminar.
TÍTULO XVI
DA COMPRA E VENDA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 463.º
2.º A venda de coisas móveis, em bruto ou trabalhadas, quando a aquisição respectiva houver
sido feita no intuito de as revender;
3.º As compras e revendas de bens imóveis ou de direitos a eles inerentes, quando aquelas,
para estas, houverem sido feitas;
Artigo 464.º
2.º As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade sua ou
por ele explorada, e dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer rendas;
96
3.º As compras que os artistas, industriais, mestres e oficiais de ofícios mecânicos que
exercerem directamente a sua arte, indústria ou ofício, fizerem de objectos para transformarem
ou aperfeiçoarem nos seus estabelecimentos, e as vendas de tais objectos que fizerem depois de
assim transformados ou aperfeiçoados;
Artigo 465.º
O contrato de compra e venda mercantil de coisa móvel pode ser feito, ainda que
directamente, por pessoas que depois hajam de nomear-se.
Artigo 466.º
Pode convencionar-se que o preço da coisa venha a tornar-se certo por qualquer meio, que
desde logo ficará estabelecido, ou que fique dependente do arbítrio de terceiro, indicado no
contrato.
§ único. Quando o preço houver de ser fixado por terceiro e este não quiser ou não puder
fazê-lo, ficará o contrato sem efeito, se outra coisa não for acordada.
Artigo 467.º
1.º A compra e venda de coisas incertas ou de esperanças, salvo o disposto nos artigos 876.º,
2008.º e 2028.º do Código Civil.
§ único. No caso do n.º 2 deste artigo o vendedor fica obrigado a adquirir por título legítimo
a propriedade da coisa vendida e a fazer a entrega ao comprador, sob pena de responder por
perdas e danos.
Anotação 124
Revogado pelo artigo 11.º do Decreto n.º ----de ----de ----, referente à Harmonização do Direito Interno Guineense
com o Acto Uniforme da OHDA Relativo ao Direito Comercial Geral.
97
Artigo 476.º
O vendedor não pode recusar ao comprador a factura das coisas vendidas e entregues, com o
recibo do preço ou da parte de preço que houver embolsado.
CAPÍTULO II
Artigo 476.º-A
1 - A aceitação da proposta não produz efeitos se não chegar ao proponente dentro do prazo
que este estipulara ou, na falta de estipulação, dentro do prazo razoável, tendo em conta as
circunstâncias da transacção e o meio de comunicação utilizado.
2 – A aceitação de uma proposta verbal deve ser formulada de imediato, salvo se outra coisa
resultar dos usos.
Anotação 125
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 213.º AUDCG.
Artigo 476.º-B
O prazo de aceitação fixado pelo proponente conta-se da data em que a proposta é enviada,
fazendo fé o carimbo dos serviços postais; o prazo de aceitação que o proponente fixe por
contacto telefónico, telex, telecópia, ou por qualquer outro meio de comunicação instantâneo,
conta-se do momento em que a proposta chegou ao poder do destinatário ou dele foi conhecida.
Anotação 126
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 215.º do AUDCG.
Artigo 476.º-C
A aceitação pode ser revogada mediante declaração que antes dela chegue ao poder do
proponente ou seja dele conhecida.
98
Anotação 127
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 216.º do AUDCG.
Artigo 476.º-D
Anotação 128
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 206.º, n.º 3 do AUDCG.
CAPÍTULO III
Artigo 476.º-E
Não tendo sido convencionada a entrega da coisa vendida em local determinado, o vendedor
cumpre a obrigação de entrega:
Anotação 129
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 220.º do AUDCG.
Artigo 476.º-F
99
2 – O vendedor deve fornecer ao comprador todas as informações necessárias à celebração
de seguro do transporte, quando não se tenha obrigado a contratá-lo.
Anotação 130
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 221.º do AUDCG.
Artigo 476.º-G
O vendedor deve entregar a coisa vendida na data ou no prazo fixados no contrato, ou, na sua
falta, em prazo razoável, segundo as circunstâncias.
Anotação 131
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 222,º do AUDCG.
Artigo 476.º-H
Anotação 132
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 223.º do AUDCG.
Artigo 476.º-I
a) Se for apropriada ao uso para que servem habitualmente as coisas do mesmo tipo;
b) Se for apropriada a qualquer uso especial que tenha sido dado a conhecer ao vendedor no
momento da celebração do contrato;
100
d) Se for embalada ou acondicionada segundo o modo habitual para as coisas do mesmo
tipo, ou, não o havendo, de maneira apropriada à sua conservação e protecção.
Anotação 133
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 22.º do AUDCG.
Artigo 476.º-J
Anotação 134
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 225.º do AUDCG.
Artigo 476.º-L
O vendedor que fizer a entrega antecipada de uma parte da coisa vendida goza da faculdade
de entregar a parte ou a quantidade em falta até ao termo do prazo do cumprimento, desde que
tal não cause ao comprador qualquer dano ou lhe origine custos; goza de correspondente
faculdade de substituição o vendedor que haja entregue coisa ou coisas desconformes ao
contratado.
Anotação 135
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 226.º do AUDCG.
Artigo 476.º-M
1 - Não pode invocar uma desconformidade da coisa vendida com o contratado o comprador
que a não tenha denunciado ao vendedor, especificando a sua natureza, dentro de um prazo
razoável a contar do momento em que a verificou ou podia tê-la verificado.
2 - Em qualquer caso, não pode invocar uma desconformidade da coisa vendida com o
contratado o comprador que a não tenha denunciado no prazo de um ano após a entrega, salvo
se for estipulada garantia com duração mais longa.
101
Anotação 136
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigos 227.º, 228.º e 229.º do
AUDCG.
Artigo 476.º-N
A coisa deve ser entregue ao comprador sem quaisquer ónus, salvo se aquele os aceitar.
Anotação 137
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 230 do AUDCG.
Artigo 476.º-O
1 - Se a coisa vendida sofrer de vício que a desvalorize ou impeça a realização do fim a que
se destina, ou não tiver as qualidades asseguradas pelo vendedor ou as necessárias para a
realização daquele fim, tem o comprador a faculdade de exigir do vendedor a reparação ou, se
for necessário, e esta tiver natureza fungível, a substituição dela.
Anotação 138
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 231.º do AUDCG.
CAPÍTULO IV
Artigo 476.º- P
Se o preço da coisa ou coisas vendidas tiver sido fixado em função do peso, é o peso líquido
que o determina, em caso de dúvida.
Anotação 139
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 236.º do AUDCG.
102
Artigo 476.º-Q
Salvo convenção em contrário, o preço deve ser pago no estabelecimento do vendedor ou, se
for convencionado o pagamento no momento da entrega da coisa ou dos documentos
respectivos, no local previsto para essa entrega.
Anotação 140
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 237.º do AUDCG.
Artigo 476.º-R
3 – Se a coisa vendida dever ser transportadas, pode o vendedor condicionar a sua entrega ao
comprador pelo transportador ao pagamento do preço.
4 – O disposto nos dois números anteriores não prejudica a estipulação contratual de que o
comprador só estará obrigado a pagar o preço depois de examinar as mercadorias.
Anotação 141
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 238.º do AUDCG.
Artigo 476.º-S
Anotação 142
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 241.º do AUDCG.
Artigo 476.º-T
103
1 - Se o vendedor entregar a coisa ou coisas vendidas antes da data fixada, o comprador tem
a faculdade de as de recusar.
Anotação 143
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 262.º do AUDCG.
Artigo 476.º-U
Anotação 144
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 243.º do AUDCG.
CAPÍTULO V
INCUMPRIMENTO
Artigo 476.º-V
Anotação 145
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 250.º do AUDCG.
Artigo 476.º-X
104
Havendo atraso na realização da prestação de qualquer das partes, pode ser solicitada a
concessão de prazo razoável para o cumprimento; se a outra parte não responder dentro de prazo
razoável, pode a parte que está em mora oferecer a prestação no prazo indicado na solicitação.
Anotação 146
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 251.º do AUDCG.
Artigo 476.º-Z
Anotação 147
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 260.º do AUDCG.
Artigo 476.º-AA
Os juros devidos pelo atraso no pagamento do preço ou de qualquer outra quantia devida
pela celebração do contrato contam-se da interpelação dirigida à outra parte por carta registada
com aviso de recepção ou por qualquer outro meio escrito.
Anotação 148
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 263.º do AUDCG.
Artigo 476.º-BB
O comprador que, devido a acto ou omissão seus, não puder restituir a coisa vendida no
estado em que a recebeu não pode exigir a sua substituição, nem tem o direito de resolver o
contrato.
Anotação 149
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 271.º do AUDCG.
Artigo 476.º- CC
105
1 - Estando o vendedor obrigado a restituir o preço, são devidos juros sobre o respectivo
montante desde o dia do pagamento.
Anotação 150
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 273.º do AUDCG.
CAPÍTULO VI
PRESCRIÇÃO
Artigo 476.º-DD
Os direitos resultantes da compra e venda prescrevem no prazo de dois anos; o prazo conta-
se da data em que poderia ser instaurada a acção tendente a fazê-los valer em juízo.
Anotação 151
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 274.º do AUDCG
Artigo 476.º-EE
2 - A acção fundada em dolo na celebração do contrato pode ser instaurada a partir da data
em que o dolo foi ou poderia razoavelmente ter sido conhecido.
Anotação 152
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 275.º do AUDCG.
Artigo 476.º-FF
106
Anotação 153
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 276.º do AUDCG.
Artigo 476.º-GG
Anotação 154
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 278 do AUDCG.
Artigo 476.º-HH
Anotação 155
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 278.º do AUDCG.
Artigo 476.º-II
Anotação 156
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 280.º do AUDCG.
Artigo 476.º-JJ
As regras do presente capítulo não podem ser afastadas pela vontade das partes.
Anotação 157
107
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 281.º do AUDCG.
CAPÍTULO VII
Artigo 476.º-LL
Anotação 158
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 283.º do AUDCG.
Artigo 476.º-MM
Anotação 159
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 284.º, n.º 3 do AUDCG.
Artigo 476.º-NN
Anotação 160
108
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 286.º do AUDCG.
Artigo 476.º-OO
Anotação 161
Aditado pelos artigos 3.º e 12.º, ali. a) do Decreto n.º---de---de---que procedeu à Harmonização do Direito Interno
Guineense com o Acto Uniforme da OHADA relativo ao Direito Comercial Geral. Cf. artigo 288.º do AUDCG.
TÍTULO XVII
DO REPORTE
Artigo 477.º
Artigo 478.º
A propriedade dos títulos que fizeram objecto do reporte transmite-se para o comprador
revendedor, sendo, porém, lícito às partes estipular que os prémios, amortizações e juros que
couberem aos títulos durante o prazo da convenção, correm a favor do primitivo vendedor.
Artigo 479.º
109
§ único. Se, expirado o prazo do reporte, as partes liquidarem as diferenças, para delas
efectuarem pagamentos separados, e renovarem o reporte com respeito a títulos de quantidade
ou espécies diferentes ou por diverso preço, haver-se-á a renovação como um novo contrato.
TÍTULO XVIII
DO ESCAMBO OU TROCA
Artigo 480.º
O escambo ou troca será mercantil nos mesmos casos em que o é a compra e venda, e
regular-se-á pelas mesmas regras estabelecidas para esta, em tudo quanto forem aplicáveis às
circunstâncias ou condições daquele contrato.
TÍTULO XIX
DO ALUGUER
Artigo 481
O aluguer será mercantil, quando a coisa tiver sido comprada para se lhe alugar o uso.
Artigo 482.º
O contrato de aluguer comercial será regulado pelas disposições do Código Civil que regem
o contrato de aluguer e quaisquer outras aplicáveis deste Código, salvas as prescrições relativas
ao fretamento de navios.
110
TÍTULO XX
Anotação 162
Revogados pela Lei n.º 12/97, de 2 de Dezembro, publicado no suplemento do Boletim Oficial n.º 48.
LIVRO TERCEIRO
DO COMÉRCIO MARÍTIMO
TÍTULO I
DOS NAVIOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 485.º
Os navios são reputados bens móveis para todos os efeitos jurídicos, salvas as modificações
ou restrições deste Código.
§ único. Fazem parte do navio os botes, lanchas, escaleres, aprestos, aparelhos, armas,
provisões e mais objectos destinados ao seu uso; e, se o navio é movido a vapor, a sua máquina
e os acessórios dela.
Artigo 486.º
Serão havidos como nacionais, para os efeitos deste Código, os navios que, como tais, se
acharem matriculados nos termos do acto especial de navegação.
Anotação 163
111
Onde se lê «nacionalidade portuguesa do navio» dever-se-á ler «nacionalidade guineense do navio, por força do
artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê « reino» deve
ler-se «país». O acto especial de navegação mencionado na norma refere-se ao Acto de 8 de Julho de 1853,
expressamente revogado pelo artigo 249.º do Regulamento Geral das Capitanias, aprovado pelo Decreto-Lei n.º
265/72, de 31 de Julho. Tendo em conta o n.º III da Base LXXXIII da Lei Orgânica do Ultramar, segundo o qual as leis
vigentes na Metrópole não se aplicariam automaticamente às províncias ultramarinas, conclui-se que não se
procedeu à recepção jurídica formal promovida pela Lei n.º 1/73. Em todo o caso, não se encontrou qualquer acto
normativo de extensão do regime à então província ultramarina da Guiné-Bissau, apenas se constatou a existência
de um Regulamento da Capitania dos Portos da Província da Guiné, aprovado pelo Decreto n.º 209, de 07 de
Novembro de 1913, publicado no Suplemento ao Boletim Oficial, n.º 52, diploma que continua a ser aplicado
actualmente.
Artigo 487.º
Artigo 488.º
As questões sobre propriedade do navio, privilégio e hipotecas que o onerem são reguladas
pela lei da nacionalidade que o navio tiver ao tempo em que o direito, objecto da contestação,
houver sido adquirido.
§ 1.º O mesmo se observará nas contestações relativas a privilégios sobre o frete ou carga do
navio.
Artigo 489.º
Os contratos que tiverem por objectivo a construção dum navio devem ser reduzidos a
escrito.
§ 1.º O dono do navio em construção pode resilir o contrato com o construtor ou empreiteiro
por imperícia ou fraudes manifestadas na construção.
§ 3.° São aplicáveis as disposições deste artigo e parágrafos aos contratos de grande
reparação de navios, e a todos os que modificarem, alterarem, substituírem ou revogarem os de
construção e os de grande reparação.
112
§ 4.° Haver-se-á por contrato de grande reparação de navio todo aquele cuja importância
exceder metade do seu valor.
Artigo 490.º
Todo o contrato de transmissão de navio deve ser celebrado por escrito autêntico ou
autenticado.
§ 2.° Se a transmissão houver lugar em país estrangeiro, o título será registado na agência
consular da circunscrição onde se achar o navio na ocasião do contrato, ou na do primeiro porto
em que entrar, se o contrato foi feito onde não havia agente consular português.
§ 3.° O agente consular português deve remeter pelo primeiro correio à secretaria do
tribunal de comércio em que se achar matriculado o navio uma cópia do registo feito na
respectiva agência.
Anotação 164
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«agente consular português» deve ler-se «agente consular guineense». A Lei Orgânica dos Tribunais, Lei n.º 3/2002,
de 20 de Novembro, publicada no Suplemento ao Boletim Oficial n.º 47, de 20 de Novembro de 2002, criou no
sistema de organização judiciária guineense os Tribunais Marítimos, com a competência para «a preparação, o
julgamento e os termos subsequentes de todos os litígios emergentes das relações jurídicas marítimas e conexas»
[inter alia, art. 59.º, n.º 1, al. a)]. Por este facto, no § 3.º do artigo 490.º do C. Com., onde está «(...) tribunal de
comércio (...)» deve-se ler por «(...) tribunal marítimo (...)».
Artigo 491.º
O navio despachado para viagem não pode ser arrestado ou penhorado, a não ser por dívida
contraída para o aprovisionamento dessa mesma viagem ou para caução de responsabilidade por
abalroação.
113
Anotação 165
O corpo principal deste artigo foi alterado pelo artigo 829.º do CPC, embora a alteração não abranja o § único.
Assim, deve ler-se a primeira parte complementada com o texto da norma processual: «1. O navio despachado para
viagem não pode ser penhorado, a não ser por dívidas ao Estado ou contraídas para o aprovisionamento da mesma
viagem, ou para pagamento de salários de assistência ou salvação, ou em consequência de responsabilidade por
abalroação.2. O juiz que ordene a penhora oficiará imediatamente à capitania, para que esta impeça a saída do
navio. 3. As mercadorias já carregadas em navio despachado para viagem não podem ser penhoradas, salvo se
todas pertencerem a um único carregador e o navio não transportar passageiros. 4. Considera-se despachado para
viagem o navio logo que esteja em poder do respectivo capitão o desembaraço passado pela capitania do porto».
CAPÍTULO II
DO PROPRIETÁRIO
Artigo 492.º
2.º Pelas obrigações contraídas pelo capitão relativas ao navio e sua expedição;
3.º Pelos prejuízos ocorridos durante o tempo e por ocasião de qualquer reboque;
§ 1.º Cessa a responsabilidade imposta no n.º 2. deste artigo pelo abandono do navio e do
frete ganho ou a vencer, excepto no caso ele obrigações contraídas para pagamento de soldadas
à tripulação.
§ 2.º Cessa a responsabilidade imposta no n.º 3.° deste artigo, quando, pela própria natureza
do reboque, a direcção do navio pertencer exclusivamente ao capitão do rebocador, pois que
neste caso o proprietário só é responsável pelas faltas do capitão e tripulação do seu navio.
§ 3.º Cessa a responsabilidade imposta no n.º 4.° deste artigo, quando a admissão do piloto
ou prático for ordenada pela respectiva lei local.
Artigo 493.º
114
O proprietário pode despedir o capitão antes de começada a viagem, não lhe sendo devida
indemnização alguma, a não ser que por contrato se tenha ressalvado o direito de a exigir.
Ver o disposto no art. 24.º, corpo principal, § 1.º, § 7.º do Decreto-Lei n.º 45 968, sobre o
Exercício das Profissões Sujeitas à Jurisdição da Autoridade Marítima (EPSJAM) e no art.
230.º, corpo principal, § 1.º, § 7.º do Decreto-Lei n.º 45 968, sobre o Regulamento da Inscrição
Marítima, Matrícula e Lotação dos Navios da Marinha Mercante e da Pesca (RIM).
Artigo 494.º
§ 1.º Podem formar esta reunião os armadores; estes com a tripulação; uns e outros com os
carregadores.
Artigo 495.º
§ 2.º Os lucros e perdas na parceria marítima devem distribuir-se, não havendo convenção
em contrário, na proporção do interesse que tiver cada armador, sendo proprietário no valor da
embarcação ao tempo do contrato e sendo afretador na época da esquipação; do valor que, pelo
preço corrente ao tempo e no lugar do contrato, tiver a carga respectiva a cada carregador; e dos
vencimentos e salários de cada indivíduo da tripulação.
§ 3.º O caixa não pode, sem consentimento da maioria dos compartes, empreender viagens,
contratar novo fretamento do navio, segurar este e fazer consertos ou outras despesas de que
resultar obrigação pessoal da parceria.
115
1.º Ajustar e despedir o capitão, ainda que este seja comparte;
4.° Dar aos compartes no fim de cada viagem conta do estado da parceria e fazer a
distribuição dos lucros ou perdas.
§ 5.º A parceria responde para com os credores e lesados nas ocorrências da viagem pelos
factos do caixa, do capitão e da tripulação, com recurso contra estes.
§ 6.º Esta responsabilidade pode tornar-se efectiva nos respectivos quinhões dos que forem
compartes e nos vencimentos e soldas dos que não foram.
CAPÍTULO III
DO CAPITÃO
Artigo 496.º
§ único. Cessa a responsabilidade do capitão por motivo de caso fortuito ou força maior.
Artigo 497.º
O capitão responde para com os carregadores pelas fazendas carregadas constantes dos
respectivos conhecimentos, pelo dano suportado por as que deixar carregar no convés do navio
sem consentimento escrito do carregador; mas não por objectos preciosos, dinheiro e títulos de
crédito não declarados nos conhecimentos.
Artigo 498.º
116
Pertence ao capitão formar e ajustar a tripulação, ouvidos os armadores ou proprietários do
navio, se estiverem presentes, ou os consignatários, havendo-os.
§ único. O capitão não pode ser obrigado a tomar contra sua vontade ao serviço do navio
tripulante algum.
Anotação 166
Sobre a contratação dos marinheiros dos navios de pesca, vide o Decreto n.º 10/99, de 20 de Agosto, publicado no
Suplemento ao Boletim Oficial, n.º 34, de 20 de Agosto.
Ver o disposto nos art.s 6.º, § 1.º do EPSJAM e nos arts. 175.º, 176.º, 186.º do RIM.
Artigo 499.º
§ único. O livro de passageiros e carga pode ser substituído pelos manifestos e relações
equivalentes, contanto que satisfaçam aos requisitos exigidos no artigo 501.º
Artigo 500.º
Os livros de bordo serão numerados e rubricados pela autoridade marítima do porto em que o
navio se achar matriculado.
§ único. Sendo preciso renovar algum dos livros, achando-se o navio em viagem ou em
algum porto de carga diferente do da matrícula, pode a numeração e a rubrica ser feita pela
autoridade desse porto ou pela agente consular português.
Anotação 167
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«agente consular português» deve ler-se «agente consular guineense».
Artigo 501.º
117
O livro de passageiros e carga deve conter: os nomes, procedência e destino dos passageiros;
a qualidade e quantidade dos objectos carregados, designados os volumes pelos seus números e
marcas, os portos da sua carga e descarga; os nomes dos carregadores e dos destinatários ou
consignatários; e quaisquer declarações que o capitão julgar necessárias acerca das pessoas ou
coisas a bordo.
Artigo 502.º
Artigo 503.º
Artigo 504.º
O inventário de bordo deve conter: a relação dos aprestos, moveis, instrumentos e mais
objectos de que for provido o navio, com a indicação das alterações que forem ocorrendo.
Artigo 505.º
O capitão deve fazer proceder à vistoria do navio antes de empreender qualquer viagem, a
fim de se conhecer do seu estado de navegabilidade, salvo se ainda não tiverem decorrido sei
meses depois da última vistoria.
§1.º A disposição deste artigo compreende os navios estrangeiros surtos nos portos do reino,
e seus domínios.
§2.° Nas vistorias, a que nos termos deste artigo se houver de proceder, será sempre
apresentado o inventário de bordo, para se verificar que existem os sobressalentes neles
indicados.
118
§3.° A vistoria será presidida pelo juiz do tribunal de comércio, e, na sua falta, pela
autoridade marítima do porto.
§4.° A vistoria estabelece presunção de boa navegabilidade do navio, e a falta dela torna
responsável o capitão para com os interessados no navio e carga.
Anotação 168
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«reino» deve ler-se «país». A remissão para os tribunais de comércio deve ser confrontada com a Lei n.º 3/2002, de
29 de Novembro, nomeadamente o artigo 59.º ao prever expressamente o tribunal marítimo.
Artigo 506.º
O capitão deve dentro de vinte e quatro horas da sua chegada ao porto de, destino apresentar
o seu diário de navegação à autoridade encarregada de o legalizar, para ser visado; e, no caso de
arribada, naufrágio, ou evento extraordinário de que proviesse demora dá viagem ou avaria
causada ao navio, carga ou passageiros, deverá fazer em igual prazo o seu relatório de mar
perante a dita autoridade, o qual será completado com a informação sumária, prestada pela
tripulação e passageiros se houver ocasião de os interrogar.
§2.° Os relatórios de mar confirmados pela informação sumária fazem fé em juízo, salva
prova em contrário.
§3.º Será suficiente o interrogatório do capitão para produzir igual efeito o seu relatório ou
protesto de mar, sendo ele o único salvo de naufrágio a apresentar-se no lugar onde faz o
relatório.
§4.º O relatório deve declarar o porto e o dia da saída do navio, a derrota percorrida, os
perigos suportados, os danos acontecidos ao navio ou à carga e em geral todas as circunstâncias
importantes da viagem.
Artigo 507.º
119
O capitão não pode, salvo casos de urgência ou de força maior, começar a descarga do navio
enquanto o seu relatório não estiver feito e confirmado.
Artigo 508.º
2.º Levantar ferro no primeiro ensejo favorável, logo que tiver a bordo tudo o que for preciso
para a viagem;
4.° Conservar-se a bordo por todo o tempo da viagem, qual quer que for o perigo;
5.° Tomar piloto prático em todas as barras, costas e paragens onde a lei, o costume ou a
prudência o exigir, observando os regulamentos do porto;
6.° Chamar a conselho os oficiais, armadores, caixas e carregadores que estiverem a bordo,
ou seus representantes, em qualquer evento importante de onde puder vir prejuízo à embarcação
ou à carga;
7.° Empregar toda a diligência por salvar e tiver em boa guarda o dinheiro, mercadorias e
objectos de valor, e os de pachos e papéis de bordo, sempre que tiver de abandonar navio;
9.° Observar nas arribadas forçadas, em tudo que lhe for aplicável, o disposto no título VI
deste livro;
11.° Aproveitar durante a viagem todas as ocasiões de dar aos armadores ou caixas, ou aos
seus representantes, nos portos de entrada ou de arribada, notícia dos acontecimentos da
viagem, das despesas extraordinárias em benefício da embarcação e de quaisquer fundos para
esse fim levantados;
12.º Exibir os livros de bordo aos interessados que pretenderem examiná-los, consentindo
que deles tirem cópias ou extractos.
120
Artigo 509.º
§ único. Estando presente algum dos proprietários ou armadores do navio, ou qualquer seu
representante, não pode capitão, sem a sua autorização, mandar fazer reparos, comprar velas
cabos e outros aprestos, ajustar fretamentos e levantar dinheiro por conta da carga.
Ver o disposto nos art.s 6.º, § 1.º, 18.º do EPSJAM e nos arts. 175.º, 176.º, 186.º e 214.º do
RIM.
Artigo 510.º
Durante a viagem, se for preciso ao capitão servir-se para uso do navio dos objectos que
estiverem a bordo, podê-lo-á fazer, ouvidos os principais da tripulação.
Artigo 511.º
§1.º Havendo lugar esta ocorrência em país estrangeiro, a autorização será pedida ao agente
consular português, e, na sua falta, à autoridade judicial do país.
§2.º Estes encargos serão lançados no diário de navegação, fazendo-se ali circunstanciada
menção deles, bem como dos titulas de obrigação.
§3.º O capitão, antes de partir do porto onde teve de fazer despesas extraordinárias e contrair
obrigações sem a intervenção directa dos proprietários ou armadores do navio, enviará a estes
121
uma conta-corrente de tais despesas, com indicação dos documentos justificativos delas e dos
encargos contraídos, compreendendo, quanto a estes, o nome e a residência dos credores.
Anotação 169
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«agente consular português» deve ler-se «agente consular guineense». A remissão para os tribunais de comércio
deve ser confrontada com a Lei n.º 3/2002, de 29 de Novembro, nomeadamente o artigo 59.º ao prever
expressamente o tribunal marítimo.
Artigo 512.º
Artigo 513.º
O capitão não pode vender o navio sem autorização especial do proprietário, salvo o caso
único de inavegabilidade.
§2.° Se o navio for julgado inavegável, incumbe ao capitão procurar e afretar outro navio
para levar a carga ao seu destino.
§3.° Cessa a obrigação de que trata o parágrafo anterior, se for exigido maior frete do que o
que vencia o navio, a não ser que os interessados na carga convenham no aumento do frete, o
qual, em tal caso, será de conta deles.
Anotação 170
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«agente consular português» deve ler-se «agente consular guineense». A remissão para os tribunais de comércio
deve ser confrontada com a Lei n.º 3/2002, de 29 de Novembro, nomeadamente o artigo 59.º ao prever
expressamente o tribunal marítimo.
Artigo 514.º
O capitão pode exigir o pagamento dos seus vencimentos e o reembolso das despesas que
tiver pago, logo que der contas.
122
§único. Havendo dúvida na liquidação das contas, o pagamento do saldo será feito mediante
caução.
Artigo 515.º
CAPÍTULO IV
DA TRIPULAÇÃO
Anotação 171
O Capítulo IV do C. Comercial foi profundamente alterado e completado pelo Decreto-Lei n.º 45 968, de 15 de
Outubro de 1964 e pelo Decreto n.º 45 969, da mesma data, referentes ao Exercício das Profissões Sujeitas à
Jurisdição da Autoridade Marítima, e o Regulamento da Inscrição Marítima, Matrícula e Lotação dos Navios da
Marinha Mercante, respectivamente. Pese embora não se conheça a existência de portarias de extensão do regime
à então Província Ultramarina da Guiné-Bissau, os diplomas em causa foram publicados no Suplemento do Boletim
Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967, o que aparenta a sua vigência na República da Guiné-Bissau.
Sucede, porém, que o segundo diploma atrás citado foi alterado, ainda no período colonial, pelas Portarias n.º
427/71, de 13 de Agosto, n.º 60/73, de 31 de Janeiro, e n.º 391/73, de 4 de Julho., rectificada no Diário do Governo,
Série I, de 6 de Agosto de 1973. Acresce ainda dizer que o Decreto-Lei n.º 74/73, de 01 de Março, que aprovou o
Regime Jurídico do Contrato Individual de Trabalho do Pessoal da Marinha de Comércio, substituiu e completou o
regime da matrícula que constava nos acima mencionados Decretos-Lei n.º 45 968 e n.º 45 969. Quanto a estas
últimas alterações, desconhece-se a existência de portarias de extensão à então Província Ultramarina da Guiné.
Verifica-se também que as alterações produzidas pelos diplomas acima citados não revogam expressamente as
normas do C. Comercial, mas acrescentam disciplina jurídica. Donde, a opção de manter as normas em questão,
com a devida anotação sobre o alargamento do regime.
Artigo 516.º
§1.º O rol da equipagem deve indicar o nome, qualidade e domicílio de cada um dos
contratados, o seu vencimento e as mais condições do contrato.
§2.º Este contrato deve ser feito por escrito perante o competente chefe marítimo ou seus
delegados, e nos países estrangeiros perante o agente consular português, procedendo-se em
seguida à matrícula da tripulação.
§3.º Sendo feito o contrato em lugar onde não haja agente consular português, será escrito e
assinado no diário de navegação.
123
Anotação 172
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«agente consular português» deve ler-se «agente consular guineense».
Artigo 517.º
Os marinheiros e mais pessoas da tripulação são obrigados a servir no navio, ainda que tenha
expirado o termo do seu ajuste, por todo o tempo que for preciso para ele regressar ao porto de
onde saiu, uma vez que o regresso haja lugar directamente, e feitas só as escalas indispensáveis.
§1.º No caso previsto neste artigo, a tripulação tem direito ao acréscimo de salário
correspondente ao maior tempo de serviço.
Anotação 173
O artigo em apreço foi alterado e ampliado pelo art. 232.º do Decreto n.º 45 969, de 15-10-1964, publicado no
Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967. De acordo com este artigo: «Todos os
tripulantes são obrigados a servir na embarcação pelo tempo determinada no rol da matrícula, e, embora tenha
expirado o tempo do seu ajuste, por todo o tempo que for preciso para, fazendo só as escalas indispensáveis,
completar a viagem do contrato, ou, em caso do naufrágio, pelo tempo que durar a salvação de pessoas e bens. §
1.º Nos casos previstos neste artigo a tripulação tem direito, em todo o tempo que durar a execução dos serviços
iniciados, ao pagamento das soldadas que figurem, no respectivo rol da matrícula. § 2.º O contrato considerar-se-á,
porém, terminado ainda antes de terminar o prazo convencido se a embarcação concluir a viagem antes daquele
prazo, ou ainda por acordo entre o armador, comandante e tripulantes, ou por despedimento nos termos expressos
neste diploma. § 3.º Os tripulantes, ainda depois de findo o termo do seu contrato, têm a obrigação de continuar a
fazer o serviço da embarcação até que esta esteja posta em segurança, admitida à livre prática e descarregada,
continuando também a vencer as soldadas enquanto durar este acréscimo de trabalho. § 4.º Cumpridas as
disposições do parágrafo anterior, todos os tripulantes poderão pedir o seu desembarque; e, desde que entre eles
não haja voluntários para continuarem no navio para promover à sua segurança até nova matrícula, terão de ser
substituídos por outros. § 5.º Os tripulantes que permaneceram a bordo para os fins do parágrafo anterior gozarão
de todos os direitos e regalias expressos no contrato de matrícula anterior, exactamente como se este tivesse
findado, ficando também sujeitos aos correspondentes deveres».
Artigo 518.º
Se o contrato com a tripulação for por tempo indeterminado ou por todas as viagens que o
navio haja de empreende fica livre ao tripulante despedir-se depois dos primeiros três anos de
serviço, salva a disposição do artigo antecedente.
§1.º Se a esse tempo o navio se achar em país estrangeiro, sem ainda estar principiada ou
determinada a viagem de regresso o tripulante tem direito, além dos salários vencidos, a que lhe
124
sejam pagas as despesas do regresso ao porto da matrícula, a não ser que o capitão lhe obtenha
meio de embarque.
§2.° A despedida, porém, não poderá efectuar-se em porto de escala ou de arriba mas
unicamente no porto de terminação de viagem.
Artigo 519.º
Artigo 520.º
O capitão e a gente da tripulação não podem carregar fazenda por sua conta sem
consentimento dos proprietários ou armadores e sem pagar frete, salvo se outra coisa foi
estipulada em seu com trato.
Artigo 521.º
Anotação 174
Os artigos 20.º e 223.º, do Decreto-Lei n.º 45 968, e do Decreto n.º 45 969, respectivamente, ambos de 15-10-1964,
publicados no Suplemento ao Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967, deram nova redacção ao art.
521.º do C. Com, sem contudo, alterar o seu conteúdo. Nos termos daqueles artigos: «Os deveres e direitos do
comandante para com os tripulantes e vice-versa começam com o ajuste para a prestação de serviço a bordo»
Artigo 522.º
§ único. Se não tiver, havido adiantamento, a tripulação contratada ao mês recebe como
indemnização o salário de um mês; se o contrato é por viagem, recebe a importância
correspondente a um mês da sua duração provável, sendo esta superior a um mês, ou todo o
salário estipulado não o sendo.
125
Anotação 175
A redacção deste artigo foi alterada pelos artigos 26.º e 233.º, do Decreto-Lei 45 968, e do Decreto n.º 45 969,
respectivamente, ambos de 15-10-1964, publicado no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de
Julho de 1967. De acordo com a redacção constante naqueles artigos: «Se a viagem deixar de se efectuar por acção
do armador, comandante ou afretadores, a tripulação, no caso do despedimento, receberá como indemnização a
quantia correspondente a um mês de salários ou à duração provável da viagem, descontados os avanços, se os
houver, conforme este for, respectivamente, superior ou inferior a 30 dias».
Artigo 523.º
Se a viagem se rompe depois da saída do navio, a tripulação contratada pela viagem inteira é
paga como se esta se concluísse; se o ajuste foi ao mês, são pagos os meses vencidos, com uma
indemnização proporcional ao tempo provável da viagem; e num e noutro caso serão também
pagas as despesas do regresso ao porto da matrícula, a não ser que o capitão lhe obtenha algum
meio de embarque.
Anotação 176
O artigo em causa foi alterado e ampliado pelos artigos 27.º e 234.º, do Decreto-Lei n.º 45 968, e do Decreto n.º 45
969, respectivamente, ambos de 15-10-1964, publicado no Suplemento ao Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de
Julho de 1967. Nos termos daqueles artigos: «Se a viagem se rompe depois da saída da embarcação por acção do
armador ou dos afretadores ou ainda por inavegabilidade, a tripulação matriculada por viagem inteira será paga
como se esta se concluísse; se o ajuste for ao mês, serão pagos os meses vencidos e, como indemnização, os salários
correspondentes ao número de dias julgado provável para completar a viagem. § único. Num e noutro caso,
quando, nos termos do contrato, a tripulação não houver de desembarcar no porto de destino, o comandante é
obrigado a efectuar o regresso do pessoal ao porto de matrícula, pagando-lhe todas as despesas inerentes ao
mesmo regresso e a obter-lhes os convenientes meios de embarque».
Artigo 524.º
Se o comércio com o porto do destino do navio foi proibido por virtude de providência
sanitária ou de polícia, ou se o navio é embargado por ordem do Governo antes de começada a
viagem, somente são pagos os dias empregados pela tripulação em equipar o navio.
Anotação 177
O artigo em causa foi alterado e ampliado pelos artigos 29.º e 236.º, do Decreto-Lei n.º 45 968, e do Decreto n.º 45
969, respectivamente, ambos de 15-10-1964, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17
de Julho de 1967. Nos termos daqueles artigos: «Se antes de começada a viagem o comércio com o porto de destino
for proibido por virtude de baqueio, de providência sanitária ou policial, de proibição de entrada de géneros
carregados ou se a embarcação for embarcada por ordem do Governo ou da autoridade competente, somente
serão pagas à tripulação as soldas correspondentes aos dias gastos por ela em equipar e carrega a embarcação,
dando-se por findo o contrato de matrícula. § único. Se a viagem ficar apenas retardada por qualquer dos casos
apresentados neste artigo, deverão aos tripulantes ser pagos os salários ajustados durante a suspensão da viagem».
Artigo 525.º
126
Se a proibição do comércio ou o embargo do navio ocorrerem durante a viagem, a tripulação
tem direito, no primeiro caso, aos salários em proporção do tempo de serviço, e, no segundo
caso, à metade do salário durante o tempo do embargo, se o salário é ao mês, e a todo o salário,
se o contrato foi por viagem.
Anotação 178
Este artigo foi alterado pelos artigos 34.º e 237.º, do Decreto-Lei n.º 45 968, e do Decreto n.º 45 969, ambos de 15-
10-1964, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967 Nos termos
daqueles artigos: «Se a proibição do comércio ou embargo da embarcação ocorreram durante a viagem, a
tripulação terá direito em qualquer dos casos, a todos os vencimentos. § único. Durante todo o tempo que o
tripulante se conservar a bardo tem direito à ração, às despesas de repatriação, no caso da viagem se romper
definitivamente, e às soldadas até ao porto de matrícula».
Artigo 526.º
Tendo-se alongado a viagem no interesse dos afretadores e levado assim o navio a porto
diverso do seu destino, o salário ajustado por viagem será aumentado em proporção do
prolongamento da viagem.
§único. Se a descarga se fizer em um lugar mais próximo do que aquele para que fora
contratada, não sofrerão por este motivo abatimento os vencimentos da tripulação.
Anotação 179
Este artigo foi alterado pelos artigos 35.º e 238.º do Decreto-Lei n.º 45 968, e do Decreto n.º 45 969,
respectivamente, ambos de 15-10-1964, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de
Julho de 1967. Nos termos daquelas normas: «Tendo-se alongado a viagem no interesse dos armadores ou
afretadores, e levada assim a embarcação a porto diverso do seu destino, o salário ajustado por viagem será
aumentado em proporção do prolongamento da viagem. § 1.º Se a descarga se fizer em lugar mais próximo do que
aquele para que a tripulação foi contratada, quer voluntariamente, quer por força maior, os salários não serão
abatidos por este motivo quando o contrato haja sido feito por viagem. § 2.º Se o ajuste da tripulação for ao mês,
ela só terá direito às soldas vencidas, quer a viagem se prolongue, quer se abrevie».
Artigo 527.º
Artigo 528.º
No caso de apresamento ou naufrágio com perda inteira do navio e carga, não são devidos
salários à tripulação, salvo havendo frete adiantado; se, porém, tiver recebido qualquer
adiantamento este não é restituído.
127
§ 1.º Se pôde salvar-se alguma parte do navio, os salários que estiverem vencidos serão
pagos de preferência pelos destroços do navio naufragado ou pelo que se puder recobrar do
apresamento; mas se os objectos salvos ou recobrados não forem suficientes, ou havendo
somente fazendas salvas, a tripulação será paga subsidiariamente pelo frete.
§ 2.º Qualquer que seja a natureza do contrato, à tripulação será pago o salário pelos dias
empregados na salvação do navio e carga.
Anotação 180
O corpo principal deste artigo encontra-se hoje alterado pelos art. 36.º e 239.º, do Decreto-Lei n.º 45 968, e do
Decreto n.º 45 969, ambos de 15-10-1964, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de
Julho de 1967. A alteração não abrange, porém, os § 1 e § 2 da presente norma. Nos termos daqueles artigos: «No
caso de apresamento pelo inimigo, sendo a embarcação julgada boa presa ou havendo naufrágio com perda da
embarcação e carga, por facto fortuito ou por culpa do armador, serão devidos salários à tripulação até à data do
apresamento ou naufrágio e, bem assim, as despesas de retorno ao porto de matrícula ou da repatriação, excepto
se a tripulação não diligenciou salvar a embarcação ou contribuiu para a sua perda».
Artigo 529.º
§ 1.º Se o serviço a que se refere este artigo tiver sido para salvação do navio, as despesas do
tratamento serão à conta deste e da carga.
§ 2.º Se o tratamento tiver de ser feito em terra, o capitão entregará ao agente consular
português a quantia precisa para esse tratamento e para o regresso da tripulação ao porto da
matrícula; não havendo agente consular, o capitão proverá a que o tripulante seja admitido em
algum hospital ou casa de saúde, mediante o adiantamento que for necessário para o seu
curativo.
§ 3.° Este tratamento e o pagamento das soldadas, tendo desembarcado o tripulante, não se
estenderão a mais de quatro meses.
Anotação 181
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«agente consular português» deve ler-se «agente consular guineense». Este artigo foi alterado pelo art. 42.º
Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido no art. 250.º, do Decreto n.º 45 969, ambos publicados no Suplemento do
Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967. Nos termos do art. 42.º: «Todo o tripulante que adoecer ou
adquirir lesão durante a viagem, quer se encontre a bordo, quer em terra, ou sofrer um acidente de trabalho ou
adquirir doença em serviço do navio e por motivo do mesmo, quer este tenha ou não iniciado a viagem, será pago
das suas soldadas por todo o tempo que durar o seu impedimento e obterá, além disso, curativos, assistência
médica e medicamentos por conta do armador, salvos os casos previstos no art. 44.º. § 1.º Se a doença tiver sido
adquirida ou o acidente tiver sido sofrido em serviço para a salvação da embarcação, as despesas de tratamento
serão à custa desta e da carga. § 2.º Se o tratamento for feito em terra, sendo desembarcado o doente, e se a
128
embarcação tiver de prosseguir viagem sem esse tripulante, o comandante entregará à autoridade marítima ou
consular a quantia precisa para esse tratamento e para o regresso do tripulante ao porto de matrícula; em porto
estrangeiro onde não haja agente consular o comandante promoverá que o tripulante seja admitido em algum
hospital ou caso de saúde, mediante o adiantamento que for necessário ao seu curativo, garantindo-lhe de igual
modo as despesas de regresso. Se no porto considerado houver agente ou consignatário da embarcação, poderá
esse ficar responsável pela liquidação de todas as referidas despesas. § 3.º No caso de hospitalização ou
internamento em casa de saúde não são devidas rações. § 4.º Todo o tripulante que sofra acidente ou contraia
doença em serviço e por motivo do mesmo ficará, a partir do dia imediato ao do desembarque em território
nacional, sujeito ao regime estabelecido na lei reguladora dos acidentes de trabalho».
Artigo 530.º
Se o tripulante se fere, ou se adquire doença ou lesão por sua culpa, ou achando-se em terra
sem autorização do capitão, serão à sua custa as despesas do tratamento, sendo, porém, o
capitão obrigado a adiantar essas despesas se o tripulante o exigir, e devendo aquele, quando
este tenha de desembarcar para se tratar, proceder pela forma determinada no artigo precedente,
salvo o direito ao reembolso.
§ único. No caso de ferimento, doença ou lesão adquiridos por culpa do tripulante, a soldada
será somente pelo tempo em que ele tiver feito serviço.
Anotação 182
Este artigo foi alterado pelo art. 44.º do Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido no art. 252.º do Decreto n.º 45 969,
publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967. Nos termos do art. 44.º: «Se
a doença ou lesão resultar do acto de omissão intencional ou falta indesculpável do tripulante, a bordo ou em terra,
as despesas com o tratamento serão de sua conta, obrigando-se o comandante a adiantar as importâncias
respectivas, se o tripulante o exigir, devendo ainda, quando o tripulante tenha de desembarcar para receber o
tratamento, proceder pela forma determinada no art. 42.º, sem prejuízo do direito ao reembolso. O mesmo se
observará em caso de simulação por parte do tripulante. § único. No caso do presente artigo, as soldadas serão
devidas somente pelo tempo que o tripulante tiver feito o serviço, mas terá direito a alimentação de bordo até ao
seu desembarque».
Artigo 531.º
Falecendo algum tripulante durante a viagem, os seus herdeiros têm direito aos respectivos
salários até ao dia do falecimento, se o contrato foi ao mês; à metade dos salários, sendo o
contrato por viagem, se o falecimento ocorreu na ida ou no porto do destino, e à totalidade dos
salários, se ocorreu no regresso.
§ 1.º Tendo o contrato sido «a partes» é devido aos herdeiros do tripulante o quinhão deste,
se o falecimento ocorreu depois da viagem começada.
§ 2.º Se o tripulante morreu em defesa do navio, o salário é devido por inteiro e por toda a
viagem, uma vez que o navio tenha chegado a porto de salvamento.
Anotação 183
129
Este artigo foi alterado pelo art. 45.º do Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido na íntegra pelo artigo 253.º, do
Decreto n.º 45 969, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967.. Nos
termos do art. 45.º: «Falecendo algum tripulante durante a viagem, os seus herdeiros têm direito aos respectivos
salários até ao último dia do mês em que tiver ocorrido o falecimento, se o contrato for ao mês; sendo o contrato
por viagem, a metade dos salários se o falecimento ocorreu na ida ou no porto de destino, e à totalidade dos
salários se ocorreu no regresso. § 1.º Tendo o contrato sido «a parte», é devido aos herdeiros do tripulante o
quinhão deste se o falecimento ocorreu depois da viagem iniciada. § 2.º Se o tripulante morreu em serviço para a
salvação da embarcação, o salário é devido por inteiro e por toda a viagem. § 3.º Sendo a Marte do tripulante
devido a suicídio, os seus herdeiros só terão direito ao salário em vida até à data do falecimento; e em todos os
casos não previstos, incluindo os de força maior, terão aqueles direito à indemnização segundo a lei dos acidentes
de trabalho. § 4.º As despesas com o funeral são de conta da embarcação e da carga se o tripulante tiver falecido
em serviço para a salvação da mesma embarcação, e do armador nos restantes casos».
Artigo 532.º
§ 1.º Sendo aprisionados os tripulantes que hajam saído do navio em serviço deste, são-lhes
devidos também os salários pelo tempo que tiver durado esse serviço.
§ 2.º A carga contribui para este pagamento, se a saída do tripulante foi no interesse dela.
Anotação 184
O corpo principal deste artigo foi alterado pelo artigo 36.º do Decreto-Lei n.º 45 968, publicado no Suplemento do
Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967, pese embora os § 1 e § 2 não sejam afectados. Nos termos
daquela norma: «No caso de apresamento pelo inimigo, sendo a embarcação julgada boa presa ou havendo
naufrágio com perda da embarcação e carga, por caso fortuito ou por culpa do armador, serão devidos salários à
tripulação até à data do apresamento ou naufrágio e, bem assim, as despesas de retorno ao porto de matrícula ou
da repartição, excepto se a tripulação não diligenciou salvar a embarcação ou contribuiu para a sua perda».
Artigo 533.º
Se for vendido o navio na vigência do contrato com a tripulação, esta tem direito a ser
transportada ao porto da sua matrícula à custa do navio e a receber os interesses estipulados.
Anotação 185
Este artigo foi alterado pelo art. 39.º do Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido na íntegra pelo art. 242.º, do Decreto
n.º 45 969, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967. Nos termos do
art. 39.º: «Quando a embarcação for vendida na vigência do contrato, a tripulação tem direito ao regresso ao porto
de matrícula à custa do armador, vencendo as suas soldadas rações até à data do seu embarque para regresso e às
soldas até à chegada ao porto de matrícula». § único. No caso de o tripulante não aceitar o meio de transporte
obtido pelo comandante para o regresso ao porto de matrícula, cessará a obrigação do pagamento citada no
presente artigo no dia de partida do mesmo meio de transporte».
Artigo 534.º
O capitão pode despedir o tripulante, antes do termo do contrato, sem que precise provar a
causa da despedida, devendo, porém, entregar-lhe o seu título de desobrigação e fornecer-lhe os
130
meios de se transportar ao porto da matrícula, ou procurar-lhe embarque em navio com esse
destino.
§ 1.º O tripulante, que for despedido depois do encerramento do rol, sem motivo justificado,
tem direito à indemnização de dois mês de soldada, além da vencida pelo tempo já decorrido.
§ 2.° Não pode o capitão, em qualquer destes casos, fazer-se reembolsar pelos proprietários
ou armadores do navio da importância da indemnização que tiver pago, se a despedida não for
de acordo com eles.
Anotação 186
Este artigo foi alterado pelo art. 19.º do Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido pelo artigo 225.º, do Decreto n.º 45
969, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967. Nos termos do artigo
19.º: «O comandante poderá despedir o tripulante antes do termo do contrato, por motivos justificados, devendo,
porém, entregar-lhe o respectivo duplicado do bilhete de desembarque e fornecer-lhe os meios de transporte até ao
porto de matrícula ou proporcionar-lhe embarque noutra embarcação com esse destino. § 1.º O tripulante que for
despedido, depois do encerramento do rol de matrícula, sem justa causa terá direito, como indemnização, ao
pagamento de dois meses de soldadas, além das já vencidas pelo tempo decorrido, salvo se outras condições foram
estabelecidas em convenção colectiva de trabalho devidamente homologada e averbada no rol da matrícula § 2.º Se
o comandante despedir o tripulante sem acordo dos proprietários ou armadores, não poderá fazer-se reembolsar
por aqueles da importância da indemnização que tiver pago ao tripulante. § 3.º Despedido um ou mais tripulantes, o
comandante não poderá seguir a viagem sem os substituir, completando assim a lotação fixada para a embarcação,
salvo a impossibilidade de o fazer».
Artigo 535.º
Os tripulantes têm direito a ser sustentados a bordo enquanto não forem integralmente pagos
dos seus vencimentos, ou da parte dos interesses que lhes forem devidos pelo seu contrato.
§ único. Ainda depois de findo o termo do contrato têm obrigação de continuar a fazer o
serviço do navio, até que este seja posto em segurança, admitido a livre prática e descarregado,
continuando também o sustento a bordo e o pagamento dos seus salários por este acréscimo de
trabalho.
Anotação 187
O corpo principal deste artigo se encontra alterado pelo artigo 37.º do Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido na
íntegra pelo artigo 240.º, do Decreto n.º 45 969, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de
17 de Julho de 1967. A alteração não afecta a vigência do § único do art. 535 do C. Com, por não o abranger. De
acordo com o artigo 37.º: «Os tripulantes têm direito de ser sustentados a bordo enquanto não forem integralmente
pagos dos seus salários ou da parte dos interesses que lhes forem devidos pelo seu contrato. § 1º No caso de ao
tripulante ser fornecida a alimentação por ser conduzido como passageiro a bordo de outra embarcação para
regressar ao porto de matrícula ou por se achar hospitalizado ou internado em qualquer casa de saúde, apenas lhe
será pago o que constar do rol de matrícula quanto a salários. § 2.º Se o tripulante no regresso ao porto de
matrícula for contratado a bordo de outra embarcação, cessará o pagamento de todos os vencimentos a bordo da
embarcação de que foi desembarcado, desde a vigência do novo contrato».
131
Artigo 536.º
Se, estando em quarentena, o navio tiver de partir para outra viagem, o tripulante que não
quiser para ela contratar-se tem direito a ser desembarcado no lazareto, sendo à conta do navio
as despesas que ele ai houver de fazer e os salários por todo o tempo que se demorar.
Anotação 188
O artigo também não escapou à alteração., neste caso pelo artigo 31.º do Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido no
artigo 244.º do Decreto n.º 45 969, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de
1967. De acordo com a sua redacção: «Se estando em quarentena e terminada esta, o navio tiver de partir para
outra viagem, o tripulante que não quiser para ela contratar-se tem direito a ser desembarcado, sendo à conta do
navio as despesas que houver de fazer e os salários por todo o tempo que se demorar».
Artigo 537.º
Os salários e interesses dos tripulantes não podem ser cedidos, arrestados ou penhorados, a
não ser por motivo de alimentos devidos por lei ou por dívidas dos tripulantes ao navio.
Anotação 189
O artigo em apreço foi alterado pelo art. 32.º do Decreto-Lei n.º 45 968, reproduzido no artigo 245.º do Decreto n.º
45 969, publicados no Suplemento do Boletim Oficial da Guiné, n.º 28, de 17 de Julho de 1967. De acordo com a
redacção da norma: «Até ao termo da viagem as soldadas e interesses dos tripulantes não podem ser cedidos,
arrestados ou penhorados, a não ser por motivo de alimentos por lei ou por dívidas à embarcação. § único. Em
ambos os casos a cedência, o arresto ou penhora só podem compreender a terça parte dos vencimentos, sem que ao
tripulante seja lícito estipular em contrário».
CAPÍTULO V
DO CONHECIMENTO
Artigo 538.º
132
3.º Designação da natureza, qualidade e quantidade dos objectos carregados, suas marcas,
contramarcas e números;
5.º O frete;
§ 2.º O capitão deve dar tantos exemplares do conhecimento quantos exigir o carregador, não
podendo o número ser inferior a quatro: um para o carregador, outro para o destinatário, outro
para o capitão e outro para o armador.
§ 3.º Cada um dos conhecimentos deve indicar a qual dos interessados é destinado.
§ 4.º O capitão assinará todos os conhecimentos, excepto os que lhe forem destinados, que
serão assinados pelo carregador.
Artigo 539.º
§ único. Se mais de uma pessoa se apresentar com conhecimento regular das mesmas
fazendas, ficarão estas em depósito à ordem da Alfândega, até que as justiças competentes
decidam a quem hão-de ser entregues, sem prejuízo dos direitos fiscais e de quaisquer encargos
que por lei onerem as mesmas fazendas.
Artigo 540.º
133
§ 2.º Os terceiros, estranhos ao contrato de fretamento, e designadamente os seguradores,
podem provar a falsidade do conhecimento por qualquer meio de prova.
CAPÍTULO VI
DO FRETAMENTO
Artigo 541.º
O contrato de fretamento deve ser reduzido a escrito num instrumento, que constituirá a
carta-partida, ou de fretamento, devendo nele enunciar-se:
Artigo 542.º
4.° À carga, à colheita ou à prancha, quando o capitão recebe de todos quantos se lhe
apresentam as fazendas que bem lhe parece para serem carregadas e transportadas ao porto
do destino;
5.º Por objectos determinados ou designados somente pelo seu número, peso e volume.
134
§ 1. Na falta de declaração o contrato presume-se ser de fretamento redondo.
§ 2.° Declarando o afretador ser o navio de lotação superior ou inferior à sua lotação real, se
a diferença exceder a vigésima parte desta, o fretador tem direito a indemnização por perdas
e danos.
Artigo 543.º
O afretador deve entregar ao capitão, dentro de vinte e quatro horas depois de carregado o
navio, os papéis respeitantes ao carregamento.
Artigo 544.º
A mudança de capitão não impede que subsista o contrato de fretamento, salva convenção
em contrário.
Artigo 545.º
Não se estipulando na carta de fretamento o tempo para carga e descarga do navio, calcular-
se-á a estadia, se o navio for a vapor, na razão de cento e vinte toneladas de peso por dia, e se
for de vela na de metade.
§ 1.º Havendo sobredemoras, serão estas pagas na razão de 100 réis por cada tonelada de
navio a vapor, e na de 50 réis por cada uma dos de vela.
§ 2.º No tempo regulado neste artigo e § 1.º não são contados os domingos e dias
santificados.
Anotação 190
Cabe a advertência de que os valores mencionados § 1, para além de carecerem da respectiva actualização para
moeda com curso legal, foram elevados ao seu décuplo por força do artigo 3.º da Lei n.º 1552, de 1 de Janeiro de
1924. No entanto, desconhece-se a extensão desta alteração à então Província Ultramarina da Guiné.
Artigo 546.º
135
Se contrato de fretamento é ao mês ou por período de tempo determinado, a sua duração se
contará do dia em que se achar pronto a carregar até ao dia em que terminar a descarga.
Artigo 547.º
Se a saída do navio para o porto do seu destino é embaraçada por motivo de força maior,
guerra, bloqueio ou interdição de comércio, há lugar à rescisão do fretamento.
§ único. No s casos previstos neste artigo não tem o fretador direito a indemnização. E são
por conta do afretador as · despesas da descarga.
Artigo 548.º
Artigo 549.º
Estando bloqueado o porto de destino do navio, ou dando-se algum caso de força maior que
embarace a entrada do navio nesse porto, o capitão aportará a outro porto, ou retrocederá àquele
donde saiu, conforme entender que é mais proveitoso ao afretador.
§ 1. No caso de voltar o navio ao porto donde saiu, vencerá o frete da ida e mais um terço
pelo regresso.
§ 2.° Se o navio aportar a outro porto, vencerá, além do frete da ida, também um terço por
aquele excesso de caminho.
§ 3. O capitão poderá também fazer expedir noutro navio as fazendas ao seu destino, sendo
neste caso o frete a cargo dos fretadores.
§ 4.° O disposto neste artigo e seus parágrafos entender-se-á na falta de ordens recebidas, ou
sendo estas inexequíveis.
136
Artigo 550.º
Artigo 551.º
Não estando designada na carta de fretamento a época em que o navio deve estar pronto a
meter carga, é permitido ao afretador fixá-la.
§ único. O fretador que não apresentar pronto o navio na época determinada responde por
perdas e danos.
Artigo 552.º
Artigo 553.º
O afretador que renunciar ao contrato antes de começar a carregar navio, deve pagar metade
do frete.
Artigo 554.º
O afretador pode retirar de bordo quaisquer dos objectos carregados, se pagar o frete por
inteiro e as despesas da entrada a bordo, estiva e descarga, e restituir os conhecimentos.
Artigo 555.º
137
O frete das fazendas sacrificadas para salvação do navio e carga será pago integralmente na
conta de avaria grossa.
§ 1. Também se pagará por inteiro o frete das fazendas que perecerem na viagem por vício
próprio, ou que forem vendidas em seu único benefício, salva a dedução das despesas que por
motivo deste evento o capitão ficar dispensado de efectuar.
§ 2.° Será igualmente pago por inteiro o frete das fazendas aplicadas para as necessidades do
navio, se este chegou a bom porto, salva a obrigação de pagar o navio aos donos das fazendas o
valor que elas teriam no porto da descarga.
Artigo 556.º
Se o capitão é obrigado, por motivo de caso fortuito ou de força maior, a consertar o navio
durante a viagem, e o afretador, por não querer esperar pela conclusão do conserto, fizer
descarregar as fazendas, pagará frete por inteiro, prestando, porém, caução pela quota de avaria
grossa a que as fazendas possam estar obrigadas.
Artigo 557.º
Não é devido frete, se o afretador provar que o navio era inavegável na ocasião de
empreender a viagem para que fora afretado.
Artigo 558.º
Não é devido frete, pelo tempo que durarem os consertos do navio, se este foi afretado ao
mês ou por período determinado, nem aumento de frete, se o fretamento foi por viagem.
§ único. Também não é devido frete, ou aumento de frete, se o navio é demorado por
bloqueio do porto ou por outro caso de força maior.
Artigo 559.º
Se o destinatário ou o consignatário das fazendas recusa tomar entrega delas, deve o capitão
requerer ao juiz presidente do tribunal de comércio que nomeie um consignatário, o qual tomará
conta das fazendas, promovendo a venda judicial das que forem necessárias para pagamento do
frete, avarias e despesas a que estiverem sujeitas.
138
§ único. Se as fazendas forem susceptíveis de deterioração, promoverá o dito consignatário a
venda de todas, consignando o seu produto em depósito, à ordem do juízo, e dando, perante ele,
a sua conta, carregando nesta a comissão de venda, segundo o estilo da praça.
Anotação 191
A remissão para os tribunais de comércio deve ser confrontada com a Lei n.º 3/2002, de 29 de Novembro,
nomeadamente o artigo 59.º ao prever expressamente o tribunal marítimo.
Artigo 560.º
Artigo 561.º
Não pode o capitão, para segurança do frete, avarias e despesas reter as fazendas a bordo,
sendo-lhe unicamente lícito durante a descarga pedir o depósito das que forem suficientes para
aquele pagamento.
Artigo 562.º
Não se poderá pedir a redução do frete nem abandonar ao frete as fazendas por motivo de
demora na chegada, diminuição de valor ou deterioração.
CAPÍTULO VII
DOS PASSAGEIROS
Artigo 563.º
139
Artigo 564.º
§ 1.º Se a falta de apresentação foi por motivo de óbito, doença ou outro caso de força maior
que impeça o interessado de seguir viagem, ou se este declara que renuncia a ela, é devida meia
passagem.
§ 2.° Se, por facto do capitão, o passageiro não pode seguir viagem, tem direito não só à
restituição imediata da importância da passagem, mas também à indemnização de perdas e
danos.
§ 3.° Se o impedimento proveio de caso fortuito ou força maior a respeito do navio, há lugar
à restituição da passagem ficando rescindido o contrato, e não haverá direito a indemnização de
parte a parte.
Artigo 565.º
Se durante a viagem o passageiro preferiu desembarcar em um porto que não seja o do seu
destino, a passagem é devida por inteiro.
§ 1. Se o desembarque em porto que não seja o do destino é motivado por acto ou culpa do
capitão, há lugar a indemnização por perdas e danos.
§ 2.° Se o desembarque for proveniente de caso fortuito ou força maior que diga respeito ao
navio ou ao passageiro, a passagem é devida na proporção do caminho andado.
Artigo 566.º
Falecendo o passageiro em naufrágio, não é restituída aos herdeiros a passagem, se tiver sido
paga; se estiver por pagar, não pode ser exigida.
Artigo 567.º
Se por outro motivo, que o de caso fortuito ou força maior, o navio se demorar em sair, o
passageiro tem direito a permanecer abordo, e também a ser alimentado ali durante todo o
tempo da demora, além da indemnização por perdas e danos.
140
Artigo 568. º
Se a demora exceder a dez dias, pode o passageiro resilir o contrato, sendo-lhe restituída a
passagem, se a tiver pago.
§ único. Se, porém, a demora proveio de mau tempo, a restituição compreenderá somente
dois terços.
Artigo 569.º
O navio que tiver sido afretado exclusivamente para o transporte de passageiros, deve
conduzi-los ao porto do seu destino, sem outras escalas além das anunciadas ou das que são de
uso comum.
Artigo 570.º
Se o navio se desvia da derrota por acto ou culpa do capitão, os passageiros serão alojados e
alimentados por todo o tempo desse desvio, à custa do navio, com direito a indemnização por
perdas e danos, podendo resilir o contrato.
Artigo 571.º
Se, além dos passageiros, o navio conduzir fazendas, pode o capitão entrar em qualquer
porto, como lhe for preciso para a descarga.
Artigo 572.º
Sendo demorado o navio para se consertar, pode o passageiro resilir o contrato, pagando a
passagem em proporção do caminho andado.
§ único. Se preferir esperar que o navio prossiga na derrota, não paga maior passagem, mas o
sustento será à sua custa durante o tempo da demora.
Artigo 573.º
141
§ 1. Se o sustento foi excluído, compete ao capitão fornecê-lo por Justo preço ao passageiro
que tiver necessidade dele.
§ 2. Nas viagens para fora do continente do reino os passageiros têm direito de ficar a bordo,
e de ser sustentados por todo o tempo que o navio se demorar no porto do destino, não
excedendo vinte e quatro horas.
Anotação 192
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«reino» deve ler-se «país»., onde se lê «reino» deve ler-se «país».
CAPÍTULO VIII
SECÇÃO I
Dos privilégios creditórios
Artigo 574.º
Os créditos designados nesta secção preferem a qualquer privilégio geral ou especial sobre
móveis estabelecido no Código Civil.
Artigo 575.º
142
Dado o caso de se deteriorar ou de diminuir de valor o navio ou quaisquer dos objectos em
que recai o privilégio, este subsiste quanto ao que sobejar ou que puder ser salvo e pos to em
segurança.
Artigo 576.º
Se o produto do navio ou dos objectos sujeitos ao privilégio não for suficiente para embolsar
os credores privilegiados de uma ordem, entre eles se fará rateio.
Artigo 577.º
O endosso de um título de crédito que tem privilégio transmite igualmente esse privilégio.
Artigo 578.º
As dívidas que têm privilégio sobre o navio são graduadas pela ordem seguinte:
4.º Os direitos de tonelagem, faróis, ancoradouro, saúde pública e quaisquer outros de porto;
5.º As despesas com a guarda do navio e com armazenagem dos seus pertences;
11.º As despesas com o conserto do navio e seus aprestos e aparelhos nos últimos três anos
anteriores à viagem e a contar do dia em que o conserto terminou;
143
13.º Os prémios dos seguros feitos sobre o navio, se todo foi segurado, ou sobre a parte e
acessórios que o foram, não compreendidos no n.º 9.º;
14.º A indemnização devida aos carregadores por falta de entrega das fazendas ou por
avarias que estas sofressem;
§ único. As dívidas mencionadas nos n.ºs 1.º a 9.º são as contraídas durante a última viagem
e por motivo dela.
Artigo 579.º
2.º Pela venda judicial do navio, depois que o seu preço é posto em depósito, transferindo-se
para esse preço o privilégio e a acção dos credores;
3.º Pela venda voluntária feita com citação dos credores privilegiados, se houverem passados
três meses sem que estes tenham feito valer os seus privilégios ou impugnado o preço na
venda.
Artigo 580.º
As dívidas que têm privilégio sobre a carga do navio são graduadas pela ordem seguinte:
144
§ único. Os privilégios de que trata este artigo podem ser gerais, abrangendo toda a carga, ou
especiais abrangendo só parte dela, conforme os créditos respeitarem a toda ou parte da mesma.
Artigo 581.º
Cessam os privilégios sobre a carga, se os credores os não fizerem valer antes de efectuada a
descarga, ou nos dez dias imediatos e enquanto, durante este prazo, os objectos carregados não
passarem a poder de terceiro.
Artigo 582.º
As dívidas que têm privilégios sobre o frete são graduadas pela ordem seguinte:
6.º A importância da indemnização que for devida por falta de entrega das fazendas
carregadas.
Artigo 583.º
Cessam os privilégios sobre o frete, logo que o frete for pago, salvo o caso do artigo 523.º
em que o privilégio pelas soldadas da tripulação só se extingue passados seis meses depois do
rompimento da viagem.
SECÇÃO II
Das hipotecas
Artigo 584.º
145
Podem constituir-se hipotecas sobre navios por disposição da lei ou por convenção das
partes.
Artigo 585.º
Artigo 586.º
A hipoteca sobre navios só pode ser constituída pelo respectivo proprietário ou por seu
procurador especial.
§ 2.º O co-proprietário de um navio não pode hipotecar separadamente a sua parte do navio,
sem assentimento da maioria designada no parágrafo antecedente.
Artigo 587.º
Artigo 588.º
A hipoteca sobre navios será constituída por instrumento público, salvo a hipótese do § 2.º
do artigo 591.º
Artigo 589.º
146
A hipoteca sobre navios relativa a créditos que vençam juros abrange, além do capital, os
juros de cinco anos.
Artigo 590.º
§ 2.º Na matrícula dos navios que se houver de fazer em secretaria diferente daquela a que
pertencia o lugar onde o navio foi construído, apresentar-se-á certidão, passada nesta, de haver
ou não hipoteca sobre o navio e, no caso afirmativo, serão as respectivas hipotecas transcritas
também com respeito à matrícula do navio.
Artigo 591.º
§ 1.º A escritura da hipoteca será feita, quando fora do reino, pelo respectivo agente
consular português.
§ 2.º Não havendo agente consular local em que se queira constituir a hipoteca, poderá esta
ser constituída por escrito, feito a bordo, entre os respectivos outorgantes, com duas
testemunhas, e lançado no livro de contas.
Anotação 193
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«reino» deve ler-se «país», bem como onde se lê «agente consular português» dever-se-á ler «agente consular
guineense».
Artigo 592.º
Os credores hipotecários serão pagos dos seus créditos, depois de satisfeitos os privilégios
creditórios sobre o navio, pela ordem da prioridade do registo comercial.
§ único. Concorrendo diversas inscrições hipotecárias da mesma data, o pagamento será pro-
rata.
147
Artigo 593.º
Artigo 594.º
TÍTULO II
Artigo 595.º
Ao contrato de seguro contra riscos do mar são aplicáveis as regras estabelecidas no capítulo
e na secção do capítulo II do título XV do livro II, que não forem incompatíveis com a natureza
especial dos seguros marítimos ou alteradas pelas disposições deste título.
Artigo 596.º
A apólice de seguro marítimo, além do que se acha prescrito no artigo 426.º, deve enunciar:
§ único. Se não puderem fazer-se as enunciações prescritas neste artigo, ou porque a pessoa
que fez o seguro as ignore, ou pela qualidade especial do seguro, devem substituir-se por outras
que bem determinem o objecto deste.
148
Artigo 597.º
O seguro contra riscos de mar pode ter por objecto todas as coisas e valores estimáveis a
dinheiro expostos àquele risco.
Artigo 598.º
O seguro contra riscos de mar pode fazer-se, em tempo de paz ou de guerra, antes ou durante
a viagem do navio, por viagem inteira, ou por tempo determinado, por ida e volta, ou somente
por uma destas.
Artigo 599.º
Da carga que segurar o capitão ou o dono do navio só poderão segurar-se nove décimos do
seu justo valor.
Artigo 600.º
2.º As fazendas obrigadas ao contrato de risco por seu inteiro valor e sem excepção de riscos;
3.º As coisas cujo tráfico é proibido pelas leis do reino, e os navios nacionais ou estrangeiros
empregados no seu transporte.
Anotação 194
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«reino» deve ler-se «país».
Artigo 601.º
As fazendas carregadas podem segurar-se pelo seu inteiro valor, segundo o preço do custo,
com as despesas de carga e frete, ou segundo o preço corrente, no lugar do destino, à sua
chegada, sem avaria.
149
§ único. A avaliação feita na apólice sem declarações poderá ser referida a qualquer dos
casos prescritos neste artigo, e não haverá lugar a aplicar o artigo 453.º, se não exceder o preço
mais elevado.
Artigo 602.º
Não se expressando na apólice o tempo durante o qual hajam de correr os riscos por conta do
segurador, começarão e acabarão nos termos seguintes:
1.º Quanto ao navio e seus pertences, no momento em que o navio levanta ferro para sair do
porto até ao momento em que está ancorado e amarrado no porto do seu destino;
2.º Quanto à carga, desde o momento em que as coisas são carregadas no navio ou nas
embarcações destinadas a transportá-las para este até ao momento de chegarem a terra no lugar
do seu destino.
§ 1.º Se o seguro se faz depois do começo da viagem, os riscos correm da data da apólice.
§ 2.º Se a descarga for demorada por culpa do destinatário, os riscos acabam para o
segurador trinta dias depois da chegada do navio ao seu destino.
Artigo 603.º
§ único. Se os objectos seguros sofrem muitos sinistros sucessivos durante o tempo dos
riscos, o segurado levará sempre em conta, ainda no caso de abandono, as quantias que lhe
houverem sido pagas ou forem devidas pelos sinistros anteriores.
Artigo 604.º
São a cargo do segurador, salvo estipulação contrária, todas as perdas e danos que
aconteceram durante o tempo dos riscos aos objectos segurados por borrasca, naufrágio,
varação, abalroação, mudança forçada de rota, de viagem ou de navio, por alijamento, incêndio,
violência injusta, explosão, inundação, pilhagem, quarentena superveniente, e, em geral, por
todas as demais fortunas de mar, salvo os casos em que por natureza da coisa, pela lei ou por
cláusula expressa na apólice o segurador deixa de ser responsável.
150
§ 1.º O segurador não responde pela barataria do capitão, salvo convenção em contrário, a
qual, contudo, será sem efeito, se, sendo o capitão nominalmente designado foi depois mudado
sem audiência e consentimento do segurador.
§ 3.º O aumento do prémio estipulado em tempo de paz para o caso de uma guerra casual ou
de outro evento, cuja quota não for determinada no contrato, regula-se, tendo em consideração
os riscos, circunstâncias e estipulações da apólice.
Artigo 605.º
No caso de dúvida sobre a causa de perda dos objectos segurados, presume-se haverem
perecido por fortuna de mar, e o segurador é responsável.
Artigo 606.º
Artigo 607.º
Artigo 608.º
Toda a mudança voluntária de rota, de viagem ou de navio por parte do segurado, em caso de
seguro sobre navio ou sobre frete, faz cessar a obrigação do segurador.
151
§ 1.º Observar-se-á a disposição deste artigo com respeito ao seguro da carga, havendo
consentimento do segurado.
§ 2.º O segurador nos casos previstos neste artigo e seu § 1.º tem o direito ao prémio por
inteiro, se começou a correr os riscos.
Artigo 609.º
Se o seguro é feito sobre fazendas, por ida e volta, e se o navio, tendo chegado ao primeiro
destino, não carregou fazendas na volta ou não completou o carregamento, o segurador só
receberá dois terços do prémio, salvo convenção em contrário.
Artigo 610.º
Tendo-se efectuado devidamente o seguro por fazendas que devem ser carregadas em
diversos navios designados com menção da quantia segurada em cada um, se as fazendas são
carregadas em menor número de navios do que o designado no contrato, o segurador só
responde pela quantia que segurou no navio ou navios que receberam a carga.
§ único. O segurador, porém, no caso previsto neste artigo receberá metade do prémio
convencionado com respeito às fazendas cujos seguros ficarem sem efeito, não podendo estas
indemnizações exceder meio por cento do valor delas.
Artigo 611.º
Se o capitão tem a liberdade de fazer escala para completar ou tomar a carga, o segurador
não corre o risco dos objectos segurados, senão enquanto estiverem a bordo, salva convenção
em contrário.
Artigo 612.º
152
§ único. Se porém, a viagem se encurtar, aportando a um porto onde podia fazer escala, o
seguro surte pleno efeito.
Artigo 613.º
A cláusula «livre de avaria» liberta os seguradores de toda e qualquer avaria, excepto nos
casos que dão lugar ao abandono.
Artigo 614.º
§ único. No caso de ser o segurador obrigado a pagar os danos referidos neste artigo, deve
fazer-se a redução do desfalque ordinário.
Artigo 615.º
TÍTULO III
DO ABANDONO
Artigo 616.º
1.º De presa;
153
3.º De embargo por ordem do Governo depois de começada a viagem;
§ único. O navio não susceptível de ser reparado é equiparado ao navio totalmente perdido.
Artigo 617.º
O segurado pode fazer abandono ao segurador sem ser obrigado a provar a perda do navio,
se a contar do dia da partida do navio ou do dia a que se referem os últimos avisos dele não há
notícia, a saber: depois de seis meses da sua saída para viagens na Europa, e depois de um ano
para viagens mais dilatadas.
§ 1.º Fazendo-se o seguro por tempo limitado, depois de terminarem os prazos estabelecidos
neste artigo, a perda do navio presume-se acontecida dentro do tempo do seguro.
§ 2.º Havendo muitos seguros sucessivos, a perda presume-se acontecida no dia seguinte
àquele em que se deram as últimas notícias.
§ 3.º Se, porém, depois de se provar que a perda acontecera fora do tempo do seguro, a
indemnização paga deve ser restituída com os juros legais.
Artigo 618.º
Verificada a perda total do navio, pode fazer-se o abandono dos objectos seguros nele
carregados, se, no prazo de três meses a contar do evento, não se encontrou outro navio para os
carregar e conduzir ao seu destino.
Artigo 619.º
154
O abandono dos objectos segurados, apresados ou embargados só pode fazer-se passados três
meses depois da notificação da presa ou do embargo, se o foram nos mares da Europa, e
passados seis meses se o foram em outro lugar.
§ único. Para as fazendas sujeitas a deterioração rápida os prazos mencionados neste artigo
serão reduzidos a metade.
Artigo 620.º
O abandono será intimado aos seguradores no prazo de três meses a contar do dia em que
houve conhecimento do sinistro, se este aconteceu nos mares da Europa; de seis meses, se
sucedeu nos mares de África, nos mares ocidentais e meridionais da Ásia e nos orientais da
América; e de um ano, se o sinistro ocorreu em outros mares.
§ 1.º Nos casos de presa ou do embargo por ordem de potência estes prazos só correm do dia
em que terminarem os estabelecidos no artigo antecedente
§ 2.º O segurado não será admitido a fazer o abandono expirados os prazos fixados neste
artigo ficando-lhe salvo o direito para a acção de avaria.
Artigo 621.º
Artigo 622.º
O abandono compreende somente as coisas que são objecto do seguro e do risco e não pode
ser parcial nem condicional.
155
Artigo 623.º
Artigo 624.º
A intimação de abandono não produz efeitos jurídicos se os factos sobre os quais ela se
fundou se não confirmarem ou não existiam ao tempo em que ela se fez ao segurador.
Artigo 625.º
No caso de presa, se o segurado não pode avisar o segurador, terá a acuidade de resgatar os
objectos apresados sem esperar ordem do segurador ficando, porém, nesse caso obrigado a dar
conhecimento ao segurador da composição que tiver feito, logo que se lhe proporcionar ocasião.
§ 1.º O segurador tem a escolha de tomar à sua conta a composição ou rejeitá-la, e da escolha
que fizer dará conhecimento ao segurado no prazo de vinte e quatro horas depois de ter recebido
a comunicação.
§ 2.º Se aceite a composição, contribuirá sem demora para ser pago o resgate nos termos da
convenção e em proporção do seu interesse e continuará a correr os riscos da viagem, conforme
o contrato de seguro.
§ 4.º Quando o segurador deixa de dar conhecimento da sua escolha no prazo mencionado
entende-se que rejeita a composição.
156
§ 5.º Resgatado o navio, se o segurado entra na posse dos seus objectos, reputar-se-ão avarias
as deteriorações sofridas, ficando a indemnização de conta do segurador, mas, se por virtude de
represa os objectos passarem a terceiro possuidor, poderá o segurado fazer deles abandono.
TÍTULO IV
DO CONTRATO DE RISCO
Artigo 626.º
§ 1.º O escrito será datado do dia e lugar em que o empréstimo se fizer e será assinado pelos
contratantes, declarando a qualidade em que o fazem.
§ 2.º O contrato de risco que não for reduzido a escrito nos termos deste artigo converter-se-á
em simples empréstimo e obrigará pessoalmente o tomador ao pagamento de capital e juros.
Artigo 627.º
O título do contrato de risco exarado à ordem é negociável por endosso nos termos e com os
mesmos direitos e acções em garantia que a letra.
157
§ único. O endossado toma o lugar do endossante tanto a respeito do prémio como das
perdas, mas a garantia da solvabilidade do devedor é restrita ao capital sem compreender o
prémio, salva a convenção em contrário.
Artigo 628.º
O contrato de risco só pode recair sobre toda a carga, parte dela ou sobre o frete vencido,
conjunta ou separadamente, e só pode ser celebrado pelo capitão no decurso da viagem, quando
não haja outro meio para a continuar.
Artigo 629.º
O empréstimo a risco feito por quantia excedente ao valor real dos objectos sobre que recai é
válido até à concorrência desse valor; pelo excedente da quantia emprestada responde
pessoalmente o tomador sem prémio e só com juros legais.
§ 1.º Se da parte do tomador tiver havido fraude pode o dador requerer que se anule o
contrato e lhe seja paga a quantia emprestada com os juros legais.
§ 2.º O lucro esperado sobre fazendas carregadas não se considera como excesso de valor, se
for avaliado separadamente no título.
Artigo 630.º
Perdendo-se por caso fortuito ou força maior no tempo, lugar e pelos riscos tomados pelo
dador os objectos sobre que recai o empréstimo a risco, o tomador liberta-se.
§ 1.º Se a perda for parcial, o pagamento da quantia emprestada reduz-se ao valor dos
objectos obrigados ao empréstimo que se salvarem, sem prejuízo dos créditos que lhe
preferirem.
§ 3.º Estando seguro o objecto obrigado ao empréstimo a risco, o valor salvo será
proporcionalmente repartido entre o capital dado a risco e a quantia segurada.
158
§ 4.º Se ao tempo do sinistro parte dos objectos obrigados já estiverem em terra, a perda do
dador será limitada aos que ficarem no navio, continuando a correr os riscos sobre os objectos
salvos que forem transportados em outro navio.
§ 5.º Se a totalidade dos objectos obrigados estiver descarregada antes do sinistro, o tomador
pagará a quantia total do empréstimo e seu prémio.
Artigo 631.º
O dador contribui para as avarias comuns em benefício do tomador, sendo nula qualquer
convenção em contrário.
§ único. As avarias particulares não são a cargo do dador, salva convenção em contrário;
mas, se por efeito de uma avaria particular os obrigados não chegarem para o completo
pagamento da quantia emprestada e seu prémio, o dador suportará o prejuízo resultante dessas
avarias.
Artigo 632.º
Artigo 633.º
TÍTULO V
159
DAS AVARIAS
Artigo 634.º
São reputadas avarias todas as despesas extraordinárias feitas com o navio ou com a sua
carga, conjunta ou separadamente, e todos os danos que acontecem ao navio e carga desde que
começam os riscos do mar até que acabam.
§ 1.º Não são reputadas avarias, mas simples despesas a cargo do navio as que
ordinariamente se fazem com a sua saída e entrada assim como o pagamento de direitos e outras
taxas de navegação, e com as tendentes a aligeirá-lo para passar os baixos ou bancos de areia
conhecidos à saída do lugar de partida.
§ 2.º As avarias regulam-se por convenção das partes e, na sua falta ou insuficiência, pelas
disposições deste Código.
Artigo 635.º
As avarias são de duas espécies: avarias grossas ou comuns e avarias simples ou particulares.
§ 1.º São avarias grossas ou comuns todas as despesas extraordinárias e os sacrifícios feitos
voluntariamente como fim de evitar um perigo pelo capitão ou por sua ordem, para a segurança
comum do navio e da carga desde o seu carregamento e partida até ao seu retorno e descarga.
§ 2.º São avarias simples ou particulares as despesas causadas e o dano sofrido só pelo navio
ou só pelas fazendas.
Artigo 636.º
Artigo 637.º
As avarias simples são suportadas e pagas ou só pelo navio ou só pela coisa que sofreu o
dano ou ocasionou a despesa.
Artigo 638.º
160
O exame e a estimação de avarias na carga, sendo o dano visível por fora, serão feitas antes
da entrega; em caso contrário, o exame poderá fazer-se depois, contanto que se verifique no
prazo de quarenta e oito horas da entrega, isto sem prejuízo de outra prova.
§ único. Na estimação a que se refere este artigo determinar-se-á qual teria sido o valor da
carga se tivesse chegado sem avaria, e qual é o seu valor actual, tudo isto independentemente da
estimação do lucro esperado, sem que em caso algum possa ser ordenada a venda de carga para
se lhe fixar o valor, salvo a requerimento do respectivo dono.
Artigo 639.º
Haverá repartição de avaria grossa por contribuição sempre que o navio e a carga forem
salvos no todo ou em parte.
1.º Do valor líquido integral que as coisas sacrificadas teriam no mesmo lugar da descarga;
2.º Do valor líquido integral que tiverem no mesmo lugar e tempo as coisas salvas e também
da importância do prejuízo que sofreram para a salvação comum;
3.º Do frete a vencer, deduzidas as despesas que teriam deixado de se fazer se o navio e a
carga se perdessem na ocasião em que se deu a avaria.
§ 2.º Os objectos de uso e o fato, as soldadas dos marinheiros, as bagagens dos passageiros e
as munições de guerra e de boca na quantidade necessária para a viagem posto que pagas por
contribuição, não fazem parte da capital contribuinte.
Artigo 640.º
A carga, de que não houver conhecimento ou declaração do capitão ou que se não achar na
lista ou no manifesto não se paga, se for alijada, mas contribui na avaria grossa salvando-se.
Artigo 641.º
§ único. Sendo ou não danificados pelo alijamento, não são contemplados na contribuição e
só dão lugar à acção de indemnização contra o capitão, navio e frete, se forem carregados na
161
coberta sem consentimento do dono; mas, tendo-o havido, haverá lugar a uma contribuição
especial entre o navio, o frete e outros objectos carregados nas mesmas circunstâncias, sem
prejuízo da contribuição geral para as avarias comuns de todo o carregamento.
Artigo 642.º
Se, não obstante o alijamento ou o corte de aparelhos, o navio se não salva, não há lugar a
contribuição alguma e os objectos salvos não respondem por pagamento algum em contribuição
de avaria dos objectos alijados, avariados ou cortados.
§ 2.º Os objectos alijados não contribuem em caso algum para o pagamento dos danos
sofridos depois do alijamento pelos objectos salvos.
§ 3.º A carga não contribui para o pagamento do navio perdido ou declarado inavegável.
Artigo 643.º
§ 1.º Perdendo-se a bordo das barcas fazendas descarregadas para aliviar o navio, a
repartição da sua perda será feita entre o navio e o seu inteiro carregamento.
§ 2.º Se o navio se perde com o resto do carregamento, as fazendas descarregadas nas barcas,
ainda que cheguem ao seu destino, não contribuem.
Artigo 644.º
Não contribuem nas perdas acontecidas a navio, para cuja carga eram destinadas, as fazendas
que estiverem em terra.
Artigo 645.º
162
Se acontecer, durante o trajecto, quer às barcas, quer às fazendas nelas carregadas, dano
reputado avaria grossa, este dano será suportado um terço pelas barcas e dois terços pelas
fazendas carregadas a seu bordo.
Artigo 646.º
Se depois de feita a repartição os objectos alijados forem recobrados pelos donos, estes
reporão ao capitão e aos interessados a contribuição recebida, deduzido o dano causado pelo
alijamento e as despesas da recuperação, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados
que contribuíram a reposição recebida.
§único. Se o dono dos objectos alijados os recuperar sem reclamar indemnização alguma,
estes objectos não contribuirão nas avarias sobrevindas ao restante da carga depois do
alijamento.
Artigo 647.º
O navio contribui pelo seu valor no lugar da descarga, ou pelo preço da sua venda, deduzida
a importância das avarias particulares, ainda que sejam posteriores à avaria comum.
Artigo 648.º
As fazendas e os mais objectos que devem contribuir, assim como os objectos alijados ou
sacrificados, serão estimados segundo o seu valor, deduzidos o frete, direitos de entrada e outros
de descarga, tendo-se em consideração os conhecimentos, as facturas, e, na sua falta, outros
quaisquer meios de prova.
§ 1.º Estando designados nos conhecimentos a qualidade e valor das fazendas, se valerem
mais, contribuirão pelo seu valor real, sendo salvas, e serão pagas por esse valor, mas em caso
de alijamento ou avaria regulará o valor dado no conhecimento.
§ 2.º Valendo as fazendas menos, contribuirão segundo o valor indicado, se foram salvas,
mas atender-se-á ao valor real, se forem alijadas ou estiverem avariadas.
Artigo 649.º
163
As fazendas carregadas serão estimadas, segundo o seu valor; no lugar da descarga,
deduzidos o frete, os direitos de entrada e outros de descarga.
§ 1.º Se a repartição houver de fazer-se em lugar do reino donde o navio partiu ou tivesse de
partir, o valor dos objectos carregados será determinado segundo o preço de compra, acrescidas
as despesas até bordo, não compreendido o prémio do seguro.
§ 2.º Se os objectos estiverem avariados, serão estimados pelo seu valor real.
§ 3.º Se a viagem se rompeu ou as fazendas se venderem fora do reino e a avaria não pôde lá
regular-se, tomar-se-á por capital contribuinte o valor das fazendas no lugar do rompimento, ou
o produto líquido que se tiver obtido no lugar da venda.
Anotação 195
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«reino» deve ler-se «país».
Artigo 650.º
As avarias grossas serão reguladas e repartidas segundo a lei do lugar onde a carga for
entregue.
Artigo 651.º
Artigo 652.º
A regulação e repartição das avarias grossas fazem-se a diligência do capitão e, deixando ele
de a promover, a diligência dos proprietários do navio ou da carga, sem prejuízo da
responsabilidade daquele.
§único. O capitão apresentará junto como seu relatório e devido protesto todos os livros de
bordo e mais documentos concernentes ao sinistro, ao navio e à carga.
Artigo 653.º
164
Não haverá lugar a acção por avarias contra o afretador e o recebedor da carga, se o capitão
recebeu o frete e entregou as fazendas sem protesto, ainda que o pagamento do frete fosse
antecipado.
TÍTULO VI
Artigo 654.º
Artigo 655.º
§1.º Os interessados na carga que estiverem a bordo podem protestar contra a deliberação
tomada de proceder à arribada.
§2.º Dentro de quarenta e oito horas depois da entrada no porto da arribada deve o capitão
fazer o seu relatório perante a autoridade competente.
Artigo 656.º
São por conta do armador ou fretador as despesas ocasionadas pela arribada forçada.
Artigo 657.º
165
Considera-se legítima a arribada que não proceder de dolo, negligência ou culpa do dono, do
capitão ou da tripulação.
Artigo 658.º
1.º Se a falta de víveres, aguada ou combustível proceder de se não ter feito o necessário
fornecimento, ou de se haver perdido por má arrumação ou descuido;
3.º Provindo o acidente que inabilitou o navio de continuar a navegação da falta de bom
conserto, apercebimento, esquipação e má arrumação ou resultando de disposição
desacertada ou de falta de cautela do capitão.
Artigo 659.º
Sendo a arribada legítima, nem o dono nem o capitão respondem pelos prejuízos que da
mesma possam resultar aos carregadores ou proprietários da carga.
Artigo 660.º
Anotação 196
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, onde se lê
«reino» deve ler-se «país».
Artigo 661.º
166
O capitão responde pela guarda e conservação da carga descarregada, salvos os acidentes de
força maior.
Artigo 662.º
Artigo 663.º
TÍTULO VII
DA ABALROAÇÃO
Anotação 197
A matéria que compõe este título é objecto de regulamentação internacional por diversas Convenções
Internacionais das quais se destacam: a Convenção Internacional de Bruxelas sobre Abalroamento, de 23 de
Setembro de 1910; a Convenção Internacional para Unificação de Certas Regras Relativas à Competência Civil em
Matéria de Abalroação, de 10 de Maio de 1952; a Convenção Internacional para a Unificação de Certas Regras
Relativas à Competência Penal em Matéria de Abalroação e Outros Acidentes de Navegação, de 10 de Maio de
1952; e a Convenção Internacional para a Unificação de Certas Regras sobre o Arresto de Navios de Mar de 10 de
Maio de 1952. Todas estas convenções foram ratificadas por Portugal e encontram-se ainda em vigor ao nível
internacional. A primeira foi ratificada pela Carta de 12 de Agosto de 1913, publicada no Diário do Governo da
mesma data, enquanto as restantes foram ratificadas a 4 de Maio de 1957, publicadas no Diário da Governo de 27
de Maio de 1957. Porém, não obstante terem sido ratificadas por Portugal ainda no período colonial, é discutível se
estas Convenções se aplicam à Guiné-Bissau por força da Lei n.º 1/73. Isto porque, no domínio de sucessão dos
Estados em matéria dos Tratados Internacionais, existem normas específicas que regulam esta matéria, cuja origem
remonta aos princípios de natureza costumeira, largamente acolhidos na prática dos Estados, que hoje se
encontram consagrados na Convenção de Viena sobre Sucessão de Estados e de Tratados de 23 de Agosto de 1978.
Muito embora não tenha sido ratificada pela Guiné-Bissau, tais princípios vinculam a República da Guiné-Bissau na
parte em que consagra as normas costumeiras. Como regra geral nesta matéria, o Estado sucessor não fica
automaticamente vinculado ao Tratado concluído pelo seu antecessor, por força do princípio da tábua rasa. A
manifestação do consentimento do Estado sucessor é sempre necessária como condição de vigência do Tratado no
seu território ou para passar a ser parte nele. No caso dos Tratados supracitados a Guiné-Bissau nunca chegou de
manifestar o seu consentimento vinculativo.
167
Artigo 664.º
Ocorrendo abalroação de navios por acidente puramente fortuito ou devido a força maior,
não haverá direito a indemnização.
Artigo 665.º
Sendo a abalroação causada por culpa de um dos navios, os prejuízos sofridos serão
suportados pelo navio abalroador.
Artigo 666.º
Dando-se culpa da parte de ambos os navios, forma-se um capital dos prejuízos sofridos, que
será indemnizado pelos respectivos navios em proporção à gravidade da culpa de cada um.
Artigo 667.º
Quando a abalroação é motivada por falta de um terceiro navio e não pôde prevenir-se, é este
que responde.
Artigo 668.º
Havendo dúvidas sobre qual dos navios deu causa à abalroação, suporta cada um deles os
prejuízos que sofreu, mas todos respondem pelos prejuízos causados às cargas e pelas
indemnizações devidas às pessoas.
Artigo 669.º
Artigo 670.º
Se um navio avariado por abalroação se perde quando busca porto de arribada para se
consertar, presume-se ter sido a perda resultante de abalroação.
168
Artigo 671.º
A responsabilidade dos navios estabelecida nos artigos antecedentes não isenta os autores da
culpa para com os prejudicados e proprietários dos navios.
Artigo 672.º
Artigo 673.º
§ único. A falta de reclamação, quanto aos danos causados às pessoas e mercadorias, não
prejudica os interessados que não estavam a bordo e que se achavam impedidos de manifestar a
sua vontade.
Artigo 674.º
2.º No mar alto, entre navios da mesma nacionalidade, pela lei da sua nação;
3.º No mar alto, entre navios de nacionalidade diferente, cada um é obrigado nos termos da
lei do seu pavilhão, não podendo receber mais do que esta lhe conceder.
Artigo 675.º
A acção por perdas e danos resultantes da abalroação pode instaurar-se, tanto no tribunal do
lugar onde se deu a abalroação como no domicílio do dono do navio abalroador, ou no do lugar
a que pertencer ou em que for encontrado esse navio.
169
Anotação 198
Esta norma encontra-se hoje substituída pelo artigo 79.º do CPC. Assim, nos termos deste artigo: «A acção de
perdas e danos por abalroação de navios pode ser proposta no tribunal do lugar do acidente, no do domicílio do
dono do navio abalroador, no do lugar a que pertencer ou em que for encontrado esse navio e no do lugar do
primeiro porto em que entrar o navio abalroado».
TÍTULO VIII
DA SALVAÇÃO E ASSISTÊNCIA
Anotação 199
A matéria que compõe este título é objecto de regulamentação internacional pelas diversas Convenções
Internacionais, v.g., a Convenção Internacional de Bruxelas sobre Assistência e Salvação Marítimas, de 23 de
Setembro, de 1910, e o respectivo Protocolo, de 27 de Maio de 1967. A Convenção foi ratificada por Portugal pela
Carta de Lei de 12 de Agosto de 1913, publicada na folha oficial da mesma data. Não obstante ter sido ratificada por
Portugal, ainda durante o período colonial, é discutível a sua aplicação à Guiné-Bissau por força do princípio da
tábua rasa, que rege a sucessão dos Estados em matéria dos Trados Internacionais.
Artigo 676.º
Anotação 200
Este artigo encontra-se hoje substituído pelo artigo 79.º do CPC. Assim, nos termos deste artigo: «A acção de
perdas e danos por abalroação de navios pode ser proposta no tribunal do lugar do acidente, no do domicílio do
dono do navio abalroador, no do lugar a que pertencer ou em que for encontrado esse navio e no do lugar do
primeiro porto em que entrar o navio abalroado».
Artigo 677.º
O que salvar um navio ou fazendas naufragadas e não fizer imediatamente entrega ao dono
ou a quem o representar, sendo-lhe pedida, e dando este caução bastante as despesas de
salvação, perderá todo o direito a qualquer salário de assistência ou salvação, respondendo pelos
danos causados pela retenção, sem prejuízo da acção criminal, se a esta houver lugar.
Artigo 678.º
Aquele que salvar ou arrecadar um navio ou fazendas no mar ou nas costas na ausência do
dono ou seu representante, não sendo este conhecido, transportará e entregará imediatamente à
170
autoridade fiscal do lugar mais próximo da salvação os objectos salvos; e, não o fazendo,
perderá o direito que tiver a qualquer salário de assistência ou salvação, e responderá por perdas
e danos, sem prejuízo da acção criminal, se a esta houver lugar.
Artigo 679.º
A salvação dos navios encalhados, em perigo ou naufragados, assim como das fazendas
arrojadas à costa, quer o capitão esteja presente, quer ausente, deverá ser sujeita à fiscalização
da autoridade a quem competir.
2.º Ordenar, não havendo reclamação, a venda pública das fazendas sujeitas a perda
imediata, ou cuja conservação e guarda for evidentemente prejudicial aos interesses do
proprietário;
3.º Anunciar dentro dos oito dias seguintes à salvação, em um dos periódicos da localidade
ou da mais próxima que houver, todas as circunstâncias do sinistro, com designação das
marcas e números das fazendas, e convidar os interessados a fazer as suas reclamações;
Artigo 680.º
§ 2.º Não aparecendo reclamantes depois dos anúncios mencionados no n.º 3. do artigo
antecedente, os objectos salvos serão vendidos em almoeda, e o seu produto, deduzidas as
despesas de salvação, será consignado na Caixa Geral de Depósitos.
Anotação 201
171
Por força do artigo 1.º da CRGB, em consonância com o artigo 1.º da Lei n.º 1/73, de 24 de Setembro, a menção à
Caixa Geral de Depósitos deverá ter-se como referente ao Tesouro Público, na medida em que não existe na Guiné-
Bissau uma instituição financeira comercial cujo capital social seja maioritariamente detido pelo Estado.
Artigo 681.º
1.º Quando os navios ou fazendas encontradas sem direcção no mar alto ou nas praias são
salvos e recuperados;
2.º Salvando-se fazendas de um navio dado à costa ou varado sobre penedos em perigo tal,
que não possa oferecer segurança à carga e asilo à tripulação;
4.º Quando o navio em perigo iminente e sem segurança, abandonado pela tripulação ou
tendo-se esta ausentado, é ocupado pelos que querem salvá-lo e conduzi-lo ao porto com toda
ou parte da carga;
5.º Quando o navio e carga, conjunta ou separadamente, são repostos no mar ou conduzidos
a bom porto com auxílio de terceiro.
Artigo 682.º
1.º Quando o navio encalhado ou varado é reposto com ou sem carga no mar com o auxilio
de terceiros;
2.º Quando o navio, achando-se no mar com avaria, é socorrido e conduzido a bom porto
com auxílio de terceiros.
Artigo 683.º
172
Artigo 684.º
Todos os contratos feitos enquanto dura o perigo podem ser reclamados por exageração, e
reduzidos pelo juízo competente.
Artigo 685.º
8.ª O perigo a que se expuseram essas pessoas, o respectivo navio e seu valor;
Artigo 686.º
§ 1.º O salário ele assistência deve ser fixado em menos do que o de salvação.
§ 2.° O valor dos objectos salvos só pode influir secundariamente para a fixação do salário.
Artigo 687.º
173
Quando muitos tomarem parte nos serviços prestados ao navio ou à sua carga, o salário
devido reparte-se em proporção ao serviço das pessoas e ao fornecimento de objectos
empregados naqueles serviços.
§ 2.º Os que se expuserem ao perigo para salvamento de pessoas serão admitidos à partilha
do salário nas condições referidas.
Artigo 688.º
Sendo o serviço de salvação ou assistência prestado por outro navio, que não seja rebocador
ou vapor especialmente destinado a serviços de salvação, reboques e assistência, pertence
metade do salário ao armador, um quarto ao capitão e um quarto ao resto da tripulação, na
proporção das respectivas soldadas, salva convenção em contrário.
Artigo 689.º
O dono dos objectos salvos não responde pessoalmente pelo salário de salvação ou
assistência.
§ único. O destinatário que tinha conhecimento da dívida responde pessoalmente por ela até
onde as fazendas que lhe forem entregues chegarem.
Artigo 690.º
A salvação ou assistência nos portos, rios e águas territoriais será remunerada nos termos da
lei do lugar onde se der, e no mar alto nos da lei da nacionalidade do navio salvador ou
assistente.
Artigo 691.º
A reclamação sobre salários devidos por salvação ou assistência poderá ser intentada no
tribunal em cuja jurisdição se verificar evento, ou no juízo do domicílio dos donos dos objectos
salvos ou do lugar a que pertencer ou em que for encontrado o navio socorrido.
Anotação 202
174
O texto deste artigo foi alterado pelo artigo 80.º do CPC, sem afectar o conteúdo substancial da norma Assim, nos
termos do artigo 80.º do CPC: «Os salários devidos por salvação ou assistência a navios podem ser exigidos no
tribunal do lugar em que o facto ocorrer, no do domicílio do dono dos objectos salvos e no do lugar a que pertencer
ou onde for encontrado o navio socorrido».
175
ÍNDICE DAS ANOTAÇÕES
ANOTAÇÃO 1................................................................................................................................................................................................................. 5
ANOTAÇÃO 2................................................................................................................................................................................................................. 6
ANOTAÇÃO 3................................................................................................................................................................................................................. 6
ANOTAÇÃO 4................................................................................................................................................................................................................. 7
ANOTAÇÃO 5................................................................................................................................................................................................................. 7
ANOTAÇÃO 6................................................................................................................................................................................................................. 7
ANOTAÇÃO 7................................................................................................................................................................................................................. 8
ANOTAÇÃO 8................................................................................................................................................................................................................. 8
ANOTAÇÃO 9................................................................................................................................................................................................................. 9
ANOTAÇÃO 10............................................................................................................................................................................................................... 9
ANOTAÇÃO 11............................................................................................................................................................................................................... 9
ANOTAÇÃO 12............................................................................................................................................................................................................. 10
ANOTAÇÃO 13............................................................................................................................................................................................................. 10
ANOTAÇÃO 14............................................................................................................................................................................................................. 10
ANOTAÇÃO 15............................................................................................................................................................................................................. 10
ANOTAÇÃO 16............................................................................................................................................................................................................. 11
ANOTAÇÃO 17............................................................................................................................................................................................................. 11
ANOTAÇÃO 18............................................................................................................................................................................................................. 11
ANOTAÇÃO 19............................................................................................................................................................................................................. 11
ANOTAÇÃO 20............................................................................................................................................................................................................. 12
ANOTAÇÃO 21............................................................................................................................................................................................................. 12
ANOTAÇÃO 22............................................................................................................................................................................................................. 13
ANOTAÇÃO 23............................................................................................................................................................................................................. 13
ANOTAÇÃO 24............................................................................................................................................................................................................. 14
ANOTAÇÃO 25............................................................................................................................................................................................................. 14
ANOTAÇÃO 26............................................................................................................................................................................................................. 14
ANOTAÇÃO 27............................................................................................................................................................................................................. 14
ANOTAÇÃO 28............................................................................................................................................................................................................. 15
ANOTAÇÃO 29............................................................................................................................................................................................................. 15
ANOTAÇÃO 30............................................................................................................................................................................................................. 15
ANOTAÇÃO 31............................................................................................................................................................................................................. 16
ANOTAÇÃO 32............................................................................................................................................................................................................. 17
ANOTAÇÃO 34............................................................................................................................................................................................................. 18
ANOTAÇÃO 35............................................................................................................................................................................................................. 18
ANOTAÇÃO 36............................................................................................................................................................................................................. 25
ANOTAÇÃO 37............................................................................................................................................................................................................. 29
ANOTAÇÃO 38............................................................................................................................................................................................................. 31
ANOTAÇÃO 39............................................................................................................................................................................................................. 32
ANOTAÇÃO 40............................................................................................................................................................................................................. 32
ANOTAÇÃO 41............................................................................................................................................................................................................. 33
ANOTAÇÃO 42............................................................................................................................................................................................................. 33
ANOTAÇÃO 43............................................................................................................................................................................................................. 33
ANOTAÇÃO 44............................................................................................................................................................................................................. 35
ANOTAÇÃO 45............................................................................................................................................................................................................. 38
ANOTAÇÃO 46............................................................................................................................................................................................................. 38
ANOTAÇÃO 47............................................................................................................................................................................................................. 39
ANOTAÇÃO 48............................................................................................................................................................................................................. 39
176
ANOTAÇÃO 49............................................................................................................................................................................................................. 41
ANOTAÇÃO 50............................................................................................................................................................................................................. 42
ANOTAÇÃO 51............................................................................................................................................................................................................. 42
ANOTAÇÃO 52............................................................................................................................................................................................................. 43
ANOTAÇÃO 53............................................................................................................................................................................................................. 43
ANOTAÇÃO 54............................................................................................................................................................................................................. 43
ANOTAÇÃO 55............................................................................................................................................................................................................. 44
ANOTAÇÃO 56............................................................................................................................................................................................................. 44
ANOTAÇÃO 57............................................................................................................................................................................................................. 44
ANOTAÇÃO 58............................................................................................................................................................................................................. 45
ANOTAÇÃO 59............................................................................................................................................................................................................. 45
ANOTAÇÃO 60............................................................................................................................................................................................................. 45
ANOTAÇÃO 61............................................................................................................................................................................................................. 50
ANOTAÇÃO 62............................................................................................................................................................................................................. 50
ANOTAÇÃO 63............................................................................................................................................................................................................. 51
ANOTAÇÃO 64............................................................................................................................................................................................................. 51
ANOTAÇÃO 65............................................................................................................................................................................................................. 52
ANOTAÇÃO 66............................................................................................................................................................................................................. 52
ANOTAÇÃO 67............................................................................................................................................................................................................. 52
ANOTAÇÃO 68............................................................................................................................................................................................................. 53
ANOTAÇÃO 69............................................................................................................................................................................................................. 53
ANOTAÇÃO 70............................................................................................................................................................................................................. 53
ANOTAÇÃO 71............................................................................................................................................................................................................. 54
ANOTAÇÃO 72............................................................................................................................................................................................................. 54
ANOTAÇÃO 73............................................................................................................................................................................................................. 54
ANOTAÇÃO 74............................................................................................................................................................................................................. 54
ANOTAÇÃO 75............................................................................................................................................................................................................. 55
ANOTAÇÃO 76............................................................................................................................................................................................................. 55
ANOTAÇÃO 77............................................................................................................................................................................................................. 55
ANOTAÇÃO 78............................................................................................................................................................................................................. 56
ANOTAÇÃO 79............................................................................................................................................................................................................. 56
ANOTAÇÃO 80............................................................................................................................................................................................................. 56
ANOTAÇÃO 81............................................................................................................................................................................................................. 57
ANOTAÇÃO 82............................................................................................................................................................................................................. 57
ANOTAÇÃO 83............................................................................................................................................................................................................. 57
ANOTAÇÃO 84............................................................................................................................................................................................................. 58
ANOTAÇÃO 85............................................................................................................................................................................................................. 58
ANOTAÇÃO 86............................................................................................................................................................................................................. 58
ANOTAÇÃO 87............................................................................................................................................................................................................. 58
ANOTAÇÃO 88............................................................................................................................................................................................................. 59
ANOTAÇÃO 89............................................................................................................................................................................................................. 59
ANOTAÇÃO 90............................................................................................................................................................................................................. 59
ANOTAÇÃO 91............................................................................................................................................................................................................. 60
ANOTAÇÃO 92............................................................................................................................................................................................................. 60
ANOTAÇÃO 93............................................................................................................................................................................................................. 60
ANOTAÇÃO 94............................................................................................................................................................................................................. 61
ANOTAÇÃO 95............................................................................................................................................................................................................. 61
ANOTAÇÃO 96............................................................................................................................................................................................................. 61
ANOTAÇÃO 97............................................................................................................................................................................................................. 62
ANOTAÇÃO 98............................................................................................................................................................................................................. 62
177
ANOTAÇÃO 99............................................................................................................................................................................................................. 62
ANOTAÇÃO 100........................................................................................................................................................................................................... 63
ANOTAÇÃO 101........................................................................................................................................................................................................... 63
ANOTAÇÃO 102........................................................................................................................................................................................................... 63
ANOTAÇÃO 103........................................................................................................................................................................................................... 63
ANOTAÇÃO 104........................................................................................................................................................................................................... 66
ANOTAÇÃO 105........................................................................................................................................................................................................... 70
ANOTAÇÃO 106........................................................................................................................................................................................................... 70
ANOTAÇÃO 107........................................................................................................................................................................................................... 71
ANOTAÇÃO 108........................................................................................................................................................................................................... 71
ANOTAÇÃO 109........................................................................................................................................................................................................... 72
ANOTAÇÃO 110........................................................................................................................................................................................................... 72
ANOTAÇÃO 111........................................................................................................................................................................................................... 72
ANOTAÇÃO 112........................................................................................................................................................................................................... 73
ANOTAÇÃO 113........................................................................................................................................................................................................... 73
ANOTAÇÃO 114........................................................................................................................................................................................................... 73
ANOTAÇÃO 115........................................................................................................................................................................................................... 74
ANOTAÇÃO 116........................................................................................................................................................................................................... 75
ANOTAÇÃO 117........................................................................................................................................................................................................... 75
ANOTAÇÃO 118........................................................................................................................................................................................................... 76
ANOTAÇÃO 119........................................................................................................................................................................................................... 76
ANOTAÇÃO 120........................................................................................................................................................................................................... 76
ANOTAÇÃO 121........................................................................................................................................................................................................... 77
ANOTAÇÃO 122........................................................................................................................................................................................................... 77
ANOTAÇÃO 135........................................................................................................................................................................................................... 98
ANOTAÇÃO 137........................................................................................................................................................................................................... 98
ANOTAÇÃO 138........................................................................................................................................................................................................... 98
ANOTAÇÃO 139........................................................................................................................................................................................................... 99
ANOTAÇÃO 140........................................................................................................................................................................................................... 99
ANOTAÇÃO 141........................................................................................................................................................................................................... 99
178
ANOTAÇÃO 162......................................................................................................................................................................................................... 106
179
ANOTAÇÃO 221......................................................................................................................................................................................................... 170
180