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Aula 09
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AULA 09
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Sumário
1 - Introdução ao estudo dos contratos administrativos ....................................................................... 3
2 - Competência legislativa para os contratos administrativos .............................................................. 4
3 - Diferenças entre o contrato administrativo e o contrato de direito privado firmado pela Administração . 6
4 - Características dos contratos administrativos ................................................................................ 9
5 - Cláusulas exorbitantes ............................................................................................................. 13
5.1 - Possibilidade de alteração unilateral do contrato pela Administração ........................................ 14
5.2 - Possibilidade de rescisão unilateral do contrato pela Administração .......................................... 17
5.3 Fiscalização da execução do contrato ..................................................................................... 17
5.4 - Aplicações de sanções administrativas ................................................................................. 18
5.5 - Ocupação temporária ......................................................................................................... 20
5.6 - Exigência de garantia ......................................................................................................... 21
5.7 - Momento de retomada do objeto do contrato ........................................................................ 23
5.8 - Anulação do contrato ......................................................................................................... 24
6 - A necessidade de formalidades dos contratos administrativos ....................................................... 27
7 - Alteração bilateral do contrato................................................................................................... 31
8 - Prazo de duração e prorrogação dos contratos ............................................................................ 34
9 - Recebimento do objeto ............................................................................................................. 36
10 - A responsabilidade pela execução do contrato ........................................................................... 39
11 - Mutabilidade dos contratos administrativos ............................................................................... 41
12 - Extinção do contrato administrativo ......................................................................................... 48
13 - Principais espécies de contratos administrativos ........................................................................ 53
13.1 - Contratos de obra pública ................................................................................................. 54
13.2 - Contrato de prestação de serviços ..................................................................................... 56
13.3 - Contrato de fornecimento (ou compras) ............................................................................. 57
13.4 - Contrato de concessão ..................................................................................................... 57
13.5 - Contrato de permissão de serviço público ........................................................................... 58
14 - Os convênios administrativos .................................................................................................. 60
15 - Contratos celebrados pelas empresas estatais - empresas públicas e sociedades de economia mista 66
16 - Mais questões de prova .......................................................................................................... 75
17 - Resumão da nossa aula .......................................................................................................... 99
18 - Questões comentadas na aula ............................................................................................... 104
19 - Gabarito ............................................................................................................................. 119
20 - Referências bibliográficas ...................................................................................................... 119
Boa leitura!
1Curiosidade: consoante as precisas lições de Enzo Roppo (O Contrato), a formalização jurídica é que dá
vida, no plano lógico, aos contratos.
Questão 01 (FMP Concursos TCE-MT, Auditor Público Externo, 2011 - adaptada) Julgue
o item que segue:
( ) É competência comum da União, Estados e Distrito Federal legislar sobre normas
gerais de licitação e contratação, em todas as suas modalidades, para as administrações
públicas dos respectivos entes federais.
Comentários:
Compete privativamente a União legislar sobre normas gerais de licitação e
contratação em todas as modalidade, para as administrações públicas diretas, autárquicas
e fundacionais da União, dos Estados , DF e municípios , obedecido o disposto no art. 37 ,
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173,
§1 , III da CF/88.
Gabarito: Incorreta.
Questão 02 (MPE-MG, Promotor de Justiça, 2010 - adaptada) Julgue o item que segue:
( ) a competência para legislar sobre licitações e contratos, que, antes da Emenda
Constitucional 19/98, era privativa de cada ente da Federação, passou a ser exclusiva da
União, não dispondo mais os Estados membros de competência para legislar a respeito.
Comentário:
CF, Art. 22. "Compete privativamente à União legislar sobre: XXVII - normas gerais de
licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos
termos do art. 173, § 1º, III.
Gabarito: incorreta.
2 O tema é abordado de maneira mais específica na aula sobre regime jurídico administrativo.
5 - Cláusulas exorbitantes
No contrato administrativo, as cláusulas exorbitantes conferem
determinadas prerrogativas3 à Administração Pública, colocando-a em situação
de superioridade, de supremacia, em relação ao particular contratado.
As cláusulas exorbitantes são assim chamadas porque excedem/ultrapassam
o direito comum. De acordo com a lição da professora Maria Sylvia Z. Di Pietro,
cláusulas exorbitantes são “aquelas que não seriam comuns ou que seriam ilícitas
em contrato celebrado entre particulares, por conferirem prerrogativas a uma
das partes (a Administração) em relação à outra; elas colocam a Administração
em posição de supremacia sobre o contratado”4.
Com efeito, existem algumas cláusulas exorbitantes que, embora não sejam
comuns em contratos de direito privado, podem ser pactuadas livremente pelas
partes, desde que não ofendam disposição expressa em lei, a exemplo das
cláusulas que asseguram o poder de alterar ou rescindir unilateralmente o ajuste
antes do prazo estipulado, o de fiscalizar a execução do contrato e o de exigir
caução.
Contudo, existem cláusulas exorbitantes que, se firmadas em contratos
privados, serão consideradas ilícitas porque darão a uma das partes o poder de
império de que é detentor apenas o Poder Público, tal como se dá com a cláusula
exorbitante que estabelece a aplicação direta de sanções administrativas e da
que possibilita a ocupação temporária dos bens para garantir a continuidade do
serviço.
Ainda conforme lição da doutrina, quando a Administração celebra um
contrato administrativo, as cláusulas exorbitantes sempre estarão presentes,
ainda que não previstas expressamente. Nesses termos, é possível a existência
no contrato administrativo de cláusulas exorbitantes expressas e de cláusulas
exorbitantes implícitas. Por outro lado, quando a Administração celebra um
contrato privado, não é comum a presença das cláusulas de privilégio, mas
eventualmente elas poderão ser aplicáveis, desde que estejam expressamente
previstas.
Em razão da existência das cláusulas exorbitantes, alguns autores afirmam
que no contrato administrativo há uma posição de verticalidade entre as partes
contratantes, estando a Administração no plano superior da relação; e que nos
contratos de direito privado a Administração se encontra no mesmo nível do
3 Alguns doutrinadores preferem chamar de “privilégios”, o que não adotamos nessa aula.
b) O Estado pode aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste.
c) As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não
poderão ser alteradas sem a prévia concordância do contratado.
d) Em qualquer contexto, será nulo o contrato administrativo celebrado verbalmente com a
Administração Pública.
e) As alterações unilaterais impostas pelo Poder Público nos contratos administrativos,
dentro das margens legais, geram direito ao equilíbrio econômico-financeiro para o
contratado.
Comentários:
conforme a Lei 8666/93:
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere
à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado; (letra A)
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta
Lei;
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste; (letra B)
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis,
pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de
acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na
hipótese de rescisão do contrato administrativo.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos
não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado. (letra C)
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do
contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual. (letra E).
Gabarito: Letra “d”.
Questão 07 (VUNESP, DPE –MS, Defensor Público, 2008) Ao contrário dos contratos
celebrados entre entes privados, a Administração não fica em posição igualitária e pode
modificar, rescindir unilateralmente os contratos, fiscalizar a sua execução, reter créditos etc.
Essas prerrogativas são doutrinariamente chamadas de cláusulas contratuais
a) instáveis.
b) imprevisíveis.
c) desequilibradas.
d) exorbitantes.
Comentário:
Questão tranquila, sem maiores comentários.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 08 (IADES, PG-DF, 2011 - adaptada) Com relação aos contratos administrativos,
julgue o item que segue:
Questão 09 (FCC, Prefeitura de São Paulo – SP, Auditor Fiscal, 2007) É nulo e de
nenhum efeito o contrato verbal com a Administração,
a) salvo o de serviços comuns, de pronto pagamento, assim entendidos os que atendam a
especificações usuais de mercado, de valor não superior a R$ 4.000,00.
b) salvo o decorrente de dispensa de licitação.
c) salvo o decorrente de inexigibilidade de licitação.
d) salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor
não superior a R$ 4.000,00, feitas em regime de adiantamento.
e) sem exceções.
Comentários:
Lei 8.666/90, art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições
interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro
sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se
formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no
processo que lhe deu origem.
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração,
salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não
superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta
Lei, feitas em regime de adiantamento.
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior
serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da
contratação:
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:(Redação dada pela Lei nº
9.648, de 1998)
Questão 11 (FCC, DPE-MA, Defensor Público, 2009) O Poder Público contratou, por meio
de regular licitação, a execução de uma obra pública em terreno recentemente
desapropriado para esta finalidade. Durante o início das fundações, a empresa contratada
identificou focos de contaminação do solo na área. Este fato obriga a realização de trabalhos
de descontaminação cujo custo eleva em demasia o preço da obra. Considerando que as
partes não tinham conhecimento da contaminação e que, por razões de ordem técnica não
poderiam sabê-lo antes, caberá
a) rescindir o contrato e realizar nova licitação para contratação de empresa para a
realização da obra, agora considerado o novo custo.
b) alterar o contrato para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
observados os requisitos legais.
c) realizar nova licitação para contratação do serviço de descontaminação do solo, devendo
a empresa anteriormente contratada concorrer com terceiros, resguardando-se, no entanto,
seu direito de preferência caso haja igualdade de propostas.
d) rescindir unilateralmente o contrato pela contratada, em face do fato imprevisível,
restituindo-se-lhe o valor gasto até então.
e) realizar a descontaminação do solo diretamente pelo contratante, mantendo-se
inalteradas as condições do contrato celebrado, cuja execução ficará apenas diferida no
tempo.
Comentário:
Conforme a Lei 8666/93:
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
(...)
II - por acordo das partes:
(...)
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos
do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou
fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual.;
Gabarito: Letra “b”.
Questão 12 (FCC, PGE-TO, Procurador do Estado, 2018) Na gestão dos contratos
administrativos, repactuação é a
a) alteração bilateral do contrato, visando a adequação dos preços contratuais aos novos
preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica
da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada.
b) alteração bilateral do contrato, formalizada a qualquer tempo, visando promover o
reequilíbrio econômico-financeiro, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou
previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado.
c) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer tempo pela contratante, com
vistas a promover modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação
técnica aos seus objetivos.
d) atualização anual da contraprestação monetária, com base em índice previamente
estabelecido no contrato, passível de registro por simples apostila, dispensando a
celebração de aditamento.
e) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer tempo pela contratante, quando
necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei.
Comentário:
O Decreto nº. 2.271/97 no art. 5º aponta que os contratos de que trata este Decreto,
que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão,
desde que previsto no edital, admitir repactuação visando a adequação aos novos preços
de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstrarão analítica da
variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada.
Parágrafo Único. Efetuada a repactuação, o órgão ou entidade divulgará,
imediatamente, por intermédio do Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais -
SIASG, os novos valores e a variação ocorrida.
Gabarito: Letra “a”.
7 AC- 1941-39/07-P.
9 - Recebimento do objeto
Finalizada a execução do contrato, a Administração receberá o seu objeto8.
Cuidado: a legislação distingue o recebimento provisório do definitivo. O
recebimento provisório consiste na simples transferência da posse do bem ou dos
resultados do serviço para a Administração, não implicando a liberação integral
do particular, nem que a Administração esteja reconhecendo que o objeto é bom
ou que foi executado adequadamente.
O único efeito que o recebimento provisório gera é liberar o particular da
responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa, se esta se der por evento
que não lhe seja imputável, hipótese em que o prejuízo será arcado pela
Administração. É que acontece, por exemplo, quando a Administração é vítima
de furto de veículos que acabaram de ser provisoriamente recebidos, ficando o
fornecedor totalmente isento de qualquer responsabilidade.
9 Não concordando com o entendimento do TST, o STF entendeu que o inadimplemento dos encargos
trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93 (STF. Plenário. RE 760931/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux,
julgado em 26/4/2017)
econômico-financeira, promover, por sua própria conta, a alteração. Caso entenda que seu
direito foi desrespeitado, poderá recorrer ao judiciário.
b) INCORRETA. Alea empresarial ou ordinária nada mais é do que os riscos a que está
sujeito o particular em virtude de sua atividade empresarial. Assim, se enquadram nesse
conceito problemas de negociação com fornecedores, pequenas variações nos custos dos
insumos etc. A álea ordinária, ao revés do que propugna a alternativa, não autoriza a
alteração contratual, a qual somente seria possível caso ocorresse algum evento abarcado
pela teoria da imprevisão, caracterizando álea econômica extraordinária e extracontratual.
c) INCORRETA. Nos casos de álea econômica, fato da Administração ou força maior, a
administração tem o dever de restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro, e não de
rescindir o contrato (a não ser que, em virtude de um desses fatos, a manutenção da avença
se tornasse insuportável ao interesse público). Ademais, a questão indaga sobre alteração
de contrato, e não sobre a sua extinção (rescisão).
d) INCORRETA. Fato da administração são fatos causados pela contratante que alterem,
de alguma forma, as condições inicialmente pactuadas. Ora, se a administração modifica as
condições iniciais, tornando o contrato mais oneroso ao particular, é DEVER dela promover
o aditamento ao pacto. Portanto, alternativa incorreta.
e) CORRETA. De fato, a mutabilidade dos contratos administrativos permite que a
administração, na sua inafastável missão de satisfazer o interesse público, altere os
contratos administrativos (poderá, por exemplo, acrescer ou suprimir o objeto do ajuste).
Todavia, a administração encontra limites a essa prerrogativa. Não pode, por exemplo,
acrescer ou suprimir, unilateralmente, mais que 25% do valor do contrato. Ainda, não poderá
jamais, quebrar a ralação entre encargos do contratado e remuneração (equilíbrio
econômico-financeiro).
Gabarito: Letra “e”.
Questão 19 (CEBRASPE, DPE-AL, Defensor Público, 2009) Julgue o item que segue:
( ) Na concessão de serviço público, não há a incidência das cláusulas exorbitantes,
tampouco da característica da mutabilidade.
Comentários:
Uma das modalidades de prestação de serviços pela iniciativa privada se dá por meio de
concessão dos serviços públicos. Esse “repasse” deve ser precedido de lei, processo
licitatório e celebração de contrato de concessão entre o Estado, poder concedente, e o
licitante – concessionário.
Para entender/visualizar que no contrato de concessão são também aplicáveis as
cláusulas exorbitantes e a mutabilidade o conceito do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello
ajuda:
“Concessão de serviço público é o instituto através do qual o Estado atribui o exercício de
um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome próprio, por sua conta e risco,
nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia
contratual de um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela própria exploração
do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos usuários do
serviço. (Curso de Direito Administrativo, Malheiros Editores, 21º Edição, 2006, p.672)
Condições fixadas e alteráveis unilateralmente são características das cláusulas
exorbitantes.
Rescisão
A rescisão do contrato administrativo é a extinção do vínculo obrigacional
entre a Administração e o contratado motivada por um fato superveniente, que
pode ser, de modo geral, o descumprimento contratual por parte da própria
Administração ou do contratado, razões de interesse público, ou mesmo a
ocorrência de caso fortuito ou força maior que impeça a execução contratual. A
Lei nº 8.666/1993 relacionou no art. 78, I a XVIII, as causas gerais de rescisão
dos contratos administrativos.
Rescisão amigável
A rescisão “amigável” do contrato administrativo é aquela firmada por
acordo entre as partes, desde que haja conveniência para a Administração (art.
79, II). Embora a lei não enumere os casos de rescisão contratual
amigável, entendemos que ela é cabível em qualquer das hipóteses do art. 78
da Lei nº 8.666/1993, desde que o acordo atenda ao interesse público e à
conveniência da Administração. Portanto, mesmo nos casos em que seja possível
a rescisão unilateral pela Administração, se houver interesse do particular em
rescindir amigavelmente o contrato, não há por que lhe negar tal pleito.
Inclusive a celebração de acordo nas hipóteses em que é possível a rescisão
unilateral pela Administração evita futuros litígios judiciais, o que atende ao
interesse público.
A rescisão amigável requer como formalidade que seja precedida de
autorização escrita e fundamentada da autoridade competente (art. 79, § 1º).
Além disso, o acordo celebrado entre as partes para rescindir o contrato
deverá ser reduzido a termo e anexado ao processo da licitação correspondente
(art. 79, II).
Rescisão judicial
A rescisão judicial é aquela em que a extinção do vínculo contratual se dá
por ato emanado de autoridade investida na função jurisdicional, o que
normalmente decorre de requerimento do contratado, já que este não tem a
possibilidade de rescindir o contrato unilateralmente. Assim, se o contratado não
obtiver a rescisão amigável, não lhe restará alternativa para extinguir o vínculo
a não ser mediante a propositura de ação judicial com essa finalidade.
De outro lado, a princípio, não faz sentido que a Administração recorra ao
Poder Judiciário para obter a rescisão, visto que, havendo descumprimento
contratual por parte do contratado ou mesmo a presença de interesse público,
sempre haverá a prerrogativa de rescindir unilateralmente o vínculo.
A Lei nº 8.666/1993 lista nos incisos XIII a XVI do art. 78 várias situações
de descumprimento contratual pela Administração, as quais possibilitam a
rescisão, que poderá ser obtida amigavelmente, se houver acordo entre as
partes, ou pela via judicial. Tais hipóteses encontram-se discriminadas no
esquema apresentado ao final do subitem seguinte.
Rescisão unilateral
Ocorre rescisão unilateral por parte da Administração quando é extinta a
relação contratual por manifestação de vontade exclusiva do Poder Público, o que
pode ser motivado pela inexecução total ou parcial do contrato por parte do
contratado ou mesmo por razões de interesse público.
As causas de rescisão do contrato por ato unilateral e escrito da
Administração são aquelas enumeradas nos incisos I a XII, XVII e XVIII do art.
78 da Lei nº 8.666/1993, que abrangem as seguintes hipóteses: a)
inadimplemento com culpa do contratado (incisos I a VIII e XVIII); b)
inadimplemento sem culpa do contratado (incisos IX a XI); c) razões de interesse
público (inciso XII); d) caso fortuito ou força maior (inciso XVII).
Registramos que a hipótese contida no art. 78, XVIII (utilização ilegal de
mão de obra de menores), não é listada expressamente entre aquelas diante das
quais o art. 79, I, possibilita a rescisão unilateral pela Administração. A omissão
é decorrente de uma falha do legislador que, ao inserir a hipótese posteriormente
à edição da Lei nº 8.666/1993 (a inserção foi realizada pela Lei 9.854/1999), se
esqueceu de fazer a alteração necessária no art. 79, I. Não há como chegar à
outra conclusão, pois a causa da rescisão é inteiramente imputável ao contratado,
o que, por óbvio, possibilita a adoção da providência de maneira unilateral por
parte da Administração.
A Lei nº 8.666/1993 alude expressamente à ocorrência de caso fortuito ou
força maior impeditiva do contrato como hipótese de rescisão unilateral pela
Administração. Contudo, considerando que a obrigação não pode ser cumprida,
não faz sentido impedir nesse caso que o contratado possa extinguir o vínculo
obrigacional pela via judicial, caso a Administração se negue a proceder à rescisão
amigável ou unilateral do contrato. Nessa linha, é legítimo afirmar que a rescisão
do contrato por motivo de caso fortuito ou força maior impeditiva de sua
realização pode ser obtida por todas as vias (amigável, judicial ou unilateral).
A lei prevê consequências distintas para o caso de haver ou não haver culpa
do contratado no fato que ensejou a rescisão contratual.
Havendo culpa do contratado pela rescisão contratual, as consequências são
as seguintes (art. 80, I a IV):
a) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se
encontrar, por ato próprio da Administração;
b) ocupação e utilização provisória do local, instalações, equipamentos,
material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à
sua continuidade, que deverá ser precedida de autorização expressa do
Ministro de Estado competente, ou Secretário Estadual ou Municipal,
conforme o caso (art. 80, § 3º);
c) execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração,
e dos valores das multas e indenizações a ela devidos;
d) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos
causados à Administração.
A aplicação das medidas estabelecidas nos itens “a” e “b” fica a critério da
Administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução
direta ou indireta (art. 80, § 1º).
Se a rescisão ocorrer sem culpa do contratado, quer seja por motivo de
interesse público, em razão de caso fortuito ou força maior ou do
descumprimento contratual pela Administração, a lei estabelece que o contratado
terá os seguintes direitos (art. 79, § 2º, I, II e III):
a) ser ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que houver
sofrido;
b) devolução da garantia contratual;
c) pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
d) pagamento do custo de desmobilização.
Questão 20 (FCC, PGE-SE, Procurador do Estado, 2005) NÃO constitui motivo para a
rescisão unilateral de um contrato administrativo pela Administração Pública
a) a subcontratação parcial do objeto contratual, não prevista no edital de licitação.
b) a incorporação da empresa contratada por outra, não prevista no contrato.
c) a decretação de falência da empresa contratada.
d) o atraso injustificado no início da execução do contrato pela empresa contratada.
e) a supressão, por ato da Administração, de parte do objeto contratual, acarretando
mudança no valor do contrato, desrespeitados os limites legais..
Comentários:
conforme a Lei 8666/93:
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos;
(...)
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com
outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação,
não admitidas no edital e no contrato;
IX - a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa, que
prejudique a execução do contrato;
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
empresário exclusivo, desde que o artista a ser contratado seja consagrado pela
crítica especializada ou pela opinião pública (art. 25, III).
14 - Os convênios administrativos
Diversamente dos contratos, os convênios podem ser definidos como ajustes
entre o Poder Público e entidades públicas ou privadas, em que se estabelecem
a previsão de colaboração mútua, visando à realização de objetivos de interesse
comum.
Embora o convênio tenha em comum com o contrato o fato de ser um acordo
de vontades, com este não se confunde. No convênio os interesses dos
signatários são comuns (por exemplo, um convênio firmado entre a União e os
municípios com o objetivo de combater os efeitos da seca no Nordeste ou visando
à erradicação do trabalho infantil). Nos contratos os interesses são opostos e
contraditórios (por exemplo, no contrato de compra e venda, quem vende deseja
o preço – e que ele seja o maior possível; quem compra deseja o bem – e que
ele custe o mínimo possível).
Em razão dessa diferença de interesses é que se diz que nos contratos há
partes, e nos convênios, partícipes.
Outra diferença típica entre as modalidades de ajuste é que no contrato a
relação jurídica é bilateral, mesmo que eventualmente possa aparecer mais de
um contratante num dos seus polos. Já no convênio é possível a existência de
vários polos (convenentes). Essa multipolaridade, contudo, também não guarda
semelhança com os contratos de constituição de sociedades, pois, ao contrário
destes, a regra é que os convênios não criem nova pessoa jurídica, de forma que
17“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 60, XXVI, DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL.
ALEGADA INCOMPATIBILIDADE COM OS ARTS. 18, E 25 A 28, TODOS DA CARTA DA REPÚBLICA. Dispositivo
que, ao submeter à Câmara Legislativa distrital a autorização ou aprovação de convênios, acordos ou
contratos de que resultem encargos não previstos na lei orçamentária, contraria a separação de poderes,
inscrita no art. 2.º da Constituição Federal. Precedentes. Ação julgada procedente.” (ADI 1166,
Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 05/09/2002, DJ 25-10-2002 PP-00024 EMENT
VOL-02088-01 PP-00111)
De acordo com o exposto no enunciado, pretende-se realizar uma união para atender
interesses comuns entre o Estado e entidades públicas ou privadas. Neste caso, não se
firma um contrato, por neste haver interesses opostos, mas sim o chamado convênio,
instrumento que visa interesse que são os mesmos entre todos os que o aderem, mediante
colaboração entre os participantes e pagamentos voltados integralmente para a consecução
do interesse que se pretende atingir.
Gabarito: Letra “d”.
Alteração do contrato
Uma das características mais marcantes do regime jurídico dos contratos
administrativos (disciplinados pela Lei nº 8.666/1993) é a possibilidade de o
Poder Público alterá-lo unilateralmente (independentemente de concordância do
contratado), dentro dos limites previstos na lei, com o objetivo de melhor
adequá-lo ao interesse público.
No entanto, para as empresas públicas e sociedades de economia mista tal,
privilégio não é admitido. Nessa linha, a Lei nº 13.303/2016 afirma que os
contratos por ela regidos somente poderão ser alterados por acordo entre as
partes (art. 72, caput). Com isso, resta afastada a possibilidade das estatais
alterarem unilateralmente os contratos que celebrarem. Assim, sendo necessária
a alteração e a empresa estatal não chegar a um acordo com o contratado, a
questão possivelmente será levada à esfera judicial.
Ainda que haja acordo para alteração contratual, a Lei estabeleceu limites
de valores para acréscimos contratuais que se façam necessários. A ideia do
legislador ao estabelecer limites para acréscimos de valores contratuais foi evitar
que, por meio de aditivos contratuais, fosse burlada a obrigação de licitar. Com
efeito, se não houvesse tal previsão legal, por exemplo, seria possível celebrar
um pequeno contrato (que despertaria pouco interesse de licitantes) e, na
sequência, realizar incontáveis aditivos contratuais, resultando em violação ao
princípio da licitação.
Para facilitar a compreensão do assunto, transcrevemos a seguir os
dispositivos da LRE que tratam dos limites a serem obedecidos para acréscimo
Rescisão do contrato
A rescisão do contrato, conforme já falamos, é a extinção do vínculo
contratual durante a sua execução. Para os contratos administrativos
disciplinados pela Lei nº 8.666/1993, a Administração possui a prerrogativa de
rescindir unilateralmente o vínculo contratual, prerrogativa que sempre estará
presente como cláusula exorbitante, ainda que não prevista expressamente no
contrato.
Diferentemente, na Lei de Responsabilidade das Estatais não há previsão de
rescisão unilateral do contrato por parte das empresas públicas ou sociedades de
Aplicação de sanção
Nos contratos celebrados pelas estatais, da mesma forma que nos contratos
administrativos, há a possibilidade de aplicação direta de sanções administrativas
aos contratados. Assim, pela inexecução total ou parcial do contrato poderão ser
aplicadas, desde que garantido o direito à prévia defesa, as seguintes penalidades
(art. 83, I a III): a) advertência; b) multa, na forma prevista no instrumento
convocatório ou no contrato; c) suspensão temporária de participação em
licitação e impedimento de contratar com a entidade sancionadora, por prazo não
superior a dois anos.
Das sanções previstas, a multa é a única que pode ser aplicada de forma
cumulada com as demais penalidades, desde que tenha sido prevista no
instrumento convocatório ou no respectivo contrato. Há ainda a possibilidade de
As formalidades contratuais
Os contratos disciplinados na LRE são em regra formais e escritos (da mesma
forma que os contratos administrativos).
Porém, a própria lei admite que o contrato assuma a forma verbal no caso
de pequenas despesas de pronta entrega e pagamento, das quais não resultem
(...)
XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento,
justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a
que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que
se refere o contrato;
(...)
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente
comprovada, impeditiva da execução do contrato.
(...)
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos
enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior;"
d) CORRETA. Cuida-se de assertiva que não conta com base na expressa
na lei, como as demais. Nada obstante, por fundamentos principiológicos, pode-
se concordar com seu teor. No ponto, a doutrina é tranquila quanto à necessidade
de que as sanções administrativas devam ser aplicadas com apoio no princípio
da proporcionalidade, razão por que as penalidades mais severas, quais sejam a
suspensão do direito participar de licitação e de contratar com o Poder Público,
por até dois anos, bem como a declaração de inidoneidade (Lei 8.666/93, art.
87, III e IV), somente podem ser adequadamente impostas em vista de condutas
mais graves, o que, de fato, aponta para os comportamentos dolosos.
Em âmbito doutrinário, pode-se indicar a posição de Celso Antônio Bandeira
de Mello, nos seguintes termos:
"Temos por certo que tanto a suspensão do direito de contratar quanto a
declaração de inidoneidade, como já o dissemos no capítulo anterior (...) só
podem ser aplicadas no caso dos atos tipificados na lei como crimes, pois não se
admitiria seu cabimento em outras hipóteses sem que exista prévia descrição
legal de outros casos de seu cabimento."
Ora, ao defender que tais reprimendas somente têm lugar diante de
condutas criminosas, é claro que tal autor está a sustentar a necessidade de que
esteja configurado um comportamento doloso por parte do contratado.
e) CORRETA. Respaldo expresso na norma do art. 78, XV, da Lei 8.666/93,
transcrita nos comentários à opção "a", razão pela qual seu conteudo é escorreito.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 31 (INSTITUTO AOCP, EBSERH, Advogado, 2015)
seguinte passagem da obra de José dos Santos Carvalho Filho, no bojo da qual o
renomado mestre utiliza a mesma expressão ("formalização"), e dá entender que
a formalização pressupõe, sim, criação de pessoas jurídicas. Ou, dito de outro
modo, a criação de pessoas jurídicas integra a "formalização" dos consórcios: "A
formalização decorrente do ajuste apresenta peculiaridade: ajustadas as partes,
devem elas constituir pessoa jurídica, sob a forma de associação pública ou
pessoa jurídica de direito privado." (Manual de Direito Administrativo, 26ª edição,
2013, p. 229)
III- Certo: a afirmativa tem base expressa no teor do art. 6º, §2º, Lei
11.107/2005.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 35 (FUNCAB, SEFAZ-BA, Auditor Fiscal, 2014 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) No caso de inadimplemento da outra parte por prazo superior a 30
(trinta) dias, tanto a Administração como o particular contratado podem
considerar unilateralmente o contrato rescindido de pleno direito,
condicionada a eficácia da rescisão, entretanto, à notificação da parte
adversa.
Comentário:
Não há hipótese de rescisão unilateral em favor do particular contratado, e
sim, tão somente, a cargo da Administração Pública (Lei 8.666/93, art. 79, I). No
caso do contratado, em havendo inadimplemento contratual imputável ao Poder
Público, os caminhos serão a rescisão amigável ou judicial (Lei 8.666/93, art. 79,
II e III).
Ademais, mesmo no caso da rescisão unilateral, por parte da Administração,
inexiste previsão legal estabelecendo a necessidade de se aguardar um prazo de
30 dias.
Gabarito: Incorreta.
Questão 36 (FUNCAB, SEFAZ-BA, Auditor Fiscal, 2014 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Tanto as cláusulas regulamentares (de serviço) quanto as cláusulas
econômicas (financeiras) dos contratos administrativos podem ser
alteradas unilateralmente pela Administração Pública, desde que
respeitados os limites estabelecidos pela Lei n° 8.666/1993.
Comentário:
Apenas as cláusulas regulamentares ou de serviço admitem alteração
unilateral, a cargo da Administração. O mesmo não se pode dizer no tocante às
corresponde genuíno dever jurídico de outro, qual seja, o dever de realizar a justa
revisão contratual.
Por fim, igualmente incorreta o item em análise, ao se referir à existência de
um prazo de 1 ano, a contar da revisão anterior, para que o particular possa fazer
jus a uma nova revisão. Inexiste tal periodicidade mínima. Basta que surjam
eventos causadores de desequilíbrio na equação econômico-financeira para que
se faça necessária a realização de nova revisão contratual, pouco importando o
lapso temporal decorrido desde a revisão anterior.
Gabarito: Incorreta.
Questão 38 (FUNCAB, SEFAZ-BA, Auditor Fiscal, 2014 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Denomina-se contrato por escopo aquele em que o ajuste será
cumprido até o final do prazo estabelecido pelas partes.
Comentário:
Escopo é sinônimo de objetivo, de meta. O contrato por escopo, segundo
ensina Rafael Carvalho Rezende Oliveira, é aquele em que "o ajuste será
cumprido, independentemente do prazo, com o cumprimento do objeto
contratual (...)".
Daí se vê que o conceito proposto pela Banca está equivocado,
correspondendo, na verdade, ao de contratos por prazo certo.
Gabarito: Incorreta.
Questão 39 (FUNCAB, SEFAZ-BA, Auditor Fiscal, 2014 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) São características dos contratos administrativos, dentre outras, a
instabilidade, o desequilíbrio, a comutatividade e o formalismo.
Comentário:
De fato, as características referidas nesta opção são todas aplicáveis aos
contratos administrativos.
Sucintamente, a instabilidade está ligada à ideia de que a Administração
pode modificar, unilateralmente, algumas das cláusulas contratuais,
diferentemente do que se dá na esfera privada, em que prevalece o pacta sunt
servanda. O desequilíbrio diz respeito à posição de superioridade ocupada pela
Administração, em relação ao particular, o que deriva da presença das cláusulas
exorbitantes. Fala-se, no ponto, em uma relação de verticalidade para ilustrar
esta característica. A comutatividade corresponde à equivalência entre as
Comentários:
O item I reflete exatamente o estampado no artigo 67 da lei 8.666/93, pelo
qual "A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um
representante da Administração especialmente designado, permitida a
contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes
a essa atribuição".
O item II reflete exatamente o estampado no artigo 71 da lei 8.666/93, pelo
qual "O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato".
O item III reflete exatamente o estampado no artigo 71, § 1º da lei
8.666/93, pelo qual "A inadimplência do contratado, com referência aos encargos
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou
restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
Registro de Imóveis".
O item IV, por sua vez, está em desacordo com o artigo 71, §§1º. e 2º. da
lei 8.666/93, pelos quais, respectivamente, "A inadimplência do contratado, com
referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à
Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar
o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações,
inclusive perante o Registro de Imóveis" e "A Administração Pública responde
solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da
execução do contrato, nos termos do art.31 da lei 8.212/93".
Gabarito: Letra “d”.
Questão 42 (CEBRASPE, AGU, Procurador Federal, 2013)
No que se refere aos institutos das licitações e dos contratos
administrativos, julgue os itens subsecutivos.
( ) Os contratos administrativos, embora bilaterais, não se caracterizam
pela horizontalidade, já que as partes envolvidas não figuram em posição
de igualdade.
Comentário:
O contrato administrativo apresenta obrigações recíprocas (bilaterais), mas
não pressupõe igualdade entre as partes, pois a Administração possui uma série
de prerrogativas sobre o particular.
Nos contratos administrativos, a Administração aparece com uma série de
prerrogativas que garantem a sua posição de supremacia sobre o particular; elas
Comentário:
As cláusulas econômicas, assim entendidas aquelas que visam a assegurar
o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, não podem ser alteradas
unilateralmente pela Administração, porquanto sua preservação constitui genuíno
direito subjetivo do particular (arts. 58, §§ 1º e 2º e 65, II, “d", e §§5º e 6º, da
Lei 8.666/93 c/c art. 9º, §§ 2º, 3º e 4º e art. 10, da Lei 8.987/95).
Gabarito: Incorreta.
Questão 46 (CEBRASPE, TRF 1ª Região, Juiz Federal, 2013 - Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) As cláusulas exorbitantes existem implicitamente no contrato
administrativo propriamente dito, ainda que não expressamente previstas.
Comentário:
As cláusulas exorbitantes derivam de expressa imposição legal. Basta ler os
termos do art. 58, caput, da Lei 8.666/93, cuja redação é taxativa no sentido de
que afirmar ser da natureza do regime jurídico dos contratos administrativos as
disposições ali contidas (modificação unilateral, rescisão unilateral, fiscalização,
etc.)
Gabarito: Correta.
Questão 47 (CEBRASPE, TRF 1ª Região, Juiz Federal, 2013 - Adaptada)
Julgue o item que segue
( ) O contrato administrativo em sentido restrito distingue-se dos demais
no que se refere à finalidade pública, ao interesse público e à exigência
de prévia licitação.
Comentário:
Pelo contrário, a finalidade pública, o interesse público e a própria exigência
de licitação são traços que aproximam, na verdade, os contratos administrativos
e os contratos de direito privado celebrados pela Administração. Vale dizer:
mesmo nestes últimos, é impensável que a Administração pretenda ajustar um
pacto sem objetivar atingir o interesse público. Na verdade, se assim não for,
tratar-se-á de ato nulo de pleno direito, em vista do evidente desvio de finalidade.
Ademais, mesmo nos contratos privados, a licitação é exigida como regra geral
(exemplos: compras, alienações e locações de bens móveis e imóveis).
Gabarito: Incorreta.
Questão 48 (CEBRASPE, TCU, Auditor Federal de Controle Externo, 2013)
Bem, por hoje é só. Em seguida ainda tem o “Resumão” da aula, para ajudar
na revisão da matéria.
Bons estudos!
Renato Borelli
Contratos da Administração
II – Contratos de direito privado firmados pela Administração Pública: regidos predominantemente por
normas de direito privado.
A competência privativa da União para edição de norma geral em matéria de licitações e contratos não
retira dos demais entes da federação (Estados, Distrito Federal e Municípios) a possibilidade de editar normas
específicas sobre contratação no âmbito de suas esferas de atuação, as quais não poderão contrariar os
comandos previstos na norma geral.
Quanto as cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos elas podem vir expressas ou tácitas,
já nos contratos de natureza privada firmados pela Administração Pública elas deverão vir expressas.
f) Exigência de garantia;
g) Retomada de objeto;
h) Restrição ao uso do princípio da exceptio non adimpleti contractus (exceção de contrato não
comprido);
i) Anulação do contrato.
b) A garantia poderá ser exigida dos licitantes ou do contratado, mas deverá estar prevista expressamente
no instrumento convocatório;
c) A garantia será devolvida aos licitantes não vencedores e, no caso dos contratados, será liberada ou
restituída ao final do contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente;
d) A Administração poderá reter a garantia para pagamento das multas aplicadas e dos rejuízos
causados pelo contratado;
e) O licitante ou contratado tem direito de escolher a modalidade em que vai prestar a garantia, podendo
optar por uma das três seguintes: 1) caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública; 2) seguro-
garantia; 3) fiança bancária. Contudo, uma vez escolhida a modalidade de garantia, esta somente
poderá ser substituída por acordo entre as partes.
Contratados:
b) Para obras, e fornecimentos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
consideráveis, até 10% do valor do contrato;
c) Quando envolver a entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará como depositário, o
valor da garantia deverá ser acrescido do valor desses bens.
Parcerias público-privado nas PPP: Até 10% do valor do contrato, e, caso envolva a entrega de bens pela
Administração, dos quais o contratado ficará como depositário, o valor da
garantia deverá ser acrescido do valor desses bens.
Responsável pela concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: Garantia para
a execução da obra, limitada ao valor desta.
Para que a Administração Pública exerça a oposição da exceção do contrato não cumprido basta
haver o inadimplemento do particular. Para que o particular possa exercer a mesma oposição são necessários:
a) atraso superior a 90 dias nos pagamentos devidos pela Administração por obras, serviços ou fornecimentos
já recebidos ou executados; b) existência de calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna ou
de guerra.
a) Caráter retroativo, impedindo os efeitos que ordinariamente deveria produzir, além de desconstituir
os já produzidos;
b) A nulidade do procedimento licitatório implica a nulidade do contrato, ainda que este já esteja
em execução;
c) Dever da Administração de indenizar o contratado pelo que houver executado até a data em que
for declarada a nulidade do contrato (para evitar o enriquecimento sem causa da Administração),
bem como por outros prejuízos regularmente comprovados, desde que neste caso não tenha dado
causa à nulidade;
d) Dever da Administração de responsabilizar aqueles que deram causa à nulidade do contrato
administrativo e provocaram prejuízo ao erário.
Constituem instrumentos hábeis a substituir o contrato a I) carta contrato; II) Nota de empenho da
despesa; III) Autorização de compra; Ordem de execução de serviço; IV) outro instrumento hábil.
Quanto a responsabilidade do contratado temos que aquelas relacionadas aos encargos previdenciários
a lei estabelece a responsabilidade solidária da Administração, já quanto aos encargos trabalhistas o TST
entende haver responsabilidade subsidiária da Administração (desde que participe da relação processual e
conste do título judicial.
a) advertência; a) advertência;
*****
b) consórcio.
c) consórcio público.
d) convênio.
e) parceria público-privada.
Questão 27 (FUNDEP (Gestão de Concursos, MPE-MG, Promotor de
Justiça, 2017)
Analise as seguintes assertivas quanto aos contratos administrativos e
assinale a alternativa INCORRETA:
a) A publicação do contrato administrativo em órgão oficial de imprensa
da entidade pública contratante é formalidade dispensável, bastando para
sua eficácia o registro e o arquivamento na repartição administrativa
pertinente.
b) O direito à revisão e o reajuste do preço são formas de reequilíbrio
contratual; a primeira independe de previsão contratual e tem origem em
fato superveniente ao contrato, enquanto o segundo é pactuado entre as
partes já no momento do contrato, com a finalidade de preservar o poder
aquisitivo da moeda.
c) São características do contrato administrativo, entre outras: o
formalismo, a comutatividade, a confiança recíproca e a bilateralidade.
d) A Administração Pública poderá alterar unilateralmente os contratos
regidos pela Lei nº 8.666/93, quando houver modificação do projeto ou
das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos.
Questão 28 (FAURGS, TJ-RS, Juiz de Direito Substituto, 2016)
Sobre os contratos administrativos, assinale a alternativa correta.
a) A Lei nº 8.666/93 proíbe o contrato por prazo indeterminado e também
diz que toda a prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e
previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o
contrato.
b) Os contratos administrativos podem ser rescindidos a qualquer tempo,
discricionariamente, sem a necessidade de justificar a medida.
c) Nenhuma supressão de contrato administrativo pode ultrapassar 25%
do valor inicial atualizado do contrato, ainda que haja o consenso entre as
partes.
d) A aplicação das sanções administrativas, em contrato administrativo,
tendo em vista o princípio da ampla defesa, somente poderá se dar após
a viabilização da defesa no prazo de 15 (quinze) dias.
e) O recebimento definitivo da obra pelo Poder Público afasta a
responsabilidade civil do contratado pela solidez e segurança da mesma.
Questão 29 (CEBRASPE, TER-RS, 2015 - adaptada)
19 - Gabarito
2) E 3) B 4) B 5) E
1) E
7) D 8) E 9) B 10) C
6) D
12) A 13) E 14) C 15) C
11) B
17) C 18) E 19) C 20) E
16) D
22) E 23) C 24) E 25) C
21) C
27) A 28) A 29) E 30) A
26) D
32) C 33) A 34) B 35) E
31) B
37) E 38) E 39) C 40) D
36) E
42) C 43) E 44) E 45) E
41) D
47) E 48) E 49) E 50) B
46) C
20 - Referências bibliográficas
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São
Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.