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Aula 05

Direito Administrativo p/ Magistratura Estadual 2018 (Curso Regular)

Renato Borelli

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Renato Borelli
Aula 05

AULA 05

Juiz de Direito – Curso Regular

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

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Sumário
Sumário.............................................................................................................................. 2
Direito Administrativo Para Concursos ..................................................................................... 3
1 - Normas constitucionais relativas aos servidores públicos ....................................................... 3
2 - A organização legal do serviço público ................................................................................ 6
3 - O regime jurídico do servidor público ................................................................................. 9
3.1 - Regime jurídico dos servidores temporários..................................................................11
4 - O direito de acesso aos cargos, empregos e funções públicas................................................13
4.1 - Requisitos de acesso aos cargos, empregos e funções ...................................................15
4.2 – Qual é o momento da comprovação da habilitação legal? ...............................................16
5 - Concurso público ............................................................................................................18
5.1 - Exceções à regra do concurso público ..........................................................................20
5.2 - Vedação à prática do nepotismo .................................................................................22
5.3 - Prazo de validade do concurso público .........................................................................23
5.4 - Direito subjetivo e prioridade na nomeação ..................................................................24
5.5 - Reserva (constitucional) de vagas para pessoas com deficiência ......................................29
5.6 - Reserva de vagas para negros – Lei nº 12.990/2014 .....................................................31
5.7 - Edital – “A lei do concurso público” .............................................................................34
5.8 – O exame psicotécnico e o seu caráter subjetivo ............................................................37
5.9 - Teste de aptidão física como etapa do concurso ............................................................38
5.10 - Investigação social (análise de vida pregressa) ...........................................................38
5.11 - Forma de convocação dos aprovados .........................................................................39
5.12 – “Controle” dos concursos públicos.............................................................................40
6 - Acumulação de cargos, empregos e funções .......................................................................41
6.1 - Exceção à regra da acumulação ..................................................................................41
7 - Direito de greve e de livre associação sindical.....................................................................44
7.1 - Direito de greve e desconto de dias não trabalhados .....................................................47
8 - Mandato eletivo e suas peculiaridades ...............................................................................47
9 – Estabilidade: uma garantia constitucional ..........................................................................48
9.1 - Estágio probatório ....................................................................................................51
10 - Vitaliciedade ................................................................................................................53
11 - Sistema remuneratório dos Agentes Públicos ....................................................................53
11.1 - Fixação e alteração da remuneração e do subsídio .......................................................55
11.2 - Irredutibilidade de vencimentos e subsídios ................................................................57
11.3 - Limites de remuneração de servidores .......................................................................58
11.4 - Vedação à vinculação e à equiparação de remunerações ..............................................61
11.5 - Vedação ao “efeito repique” .....................................................................................62
11.6 - Pagamento a maior e pagamento em atraso ...............................................................62
12 - Direitos e garantias dos trabalhadores em geral aplicáveis aos servidores públicos .................63
13 - Regime previdenciário ...................................................................................................64

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13.1 - Modalidades de aposentadoria ..................................................................................69


14 - Legislação pertinente ....................................................................................................70
15 - Mais questões de prova .................................................................................................78
16 - Resumão da nossa aula ............................................................................................... 118
17 - Gabarito .................................................................................................................... 121
18 - Referências bibliográficas............................................................................................. 122

Direito Administrativo Para Concursos


Olá, futuros Magistrados!

Na aula de hoje estudaremos as normas constitucionais relativas aos


servidores públicos e seguiremos o sumário acima indicado.

Fiquem atentos, pois o tema será separado em duas partes. A próxima


aula (06) trará os aspectos da Lei nº 8.112/1990.

Bons estudos!

1 - Normas constitucionais relativas aos servidores


públicos
Nossa Carta Constitucional trouxe diversas regras de organização do
Estado brasileiro, dentre as quais aquelas concernentes à Administração Pública
e seus agentes.

A expressão agente público tem sentido


amplo, servindo para designar qualquer pessoa física que exerça uma função
pública, de forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou
administrativa, com investidura definitiva ou transitória.
Os agentes políticos são aqueles que exercem típicas atividades de
governo, cabendo-lhes propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes
públicos. Nessa categoria estão incluídos os chefes do Poder Executivo federal,
estadual e municipal, bem como seus auxiliares diretos (Ministros e Secretários
de Governo) e os membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados e
Vereadores).

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Os agentes políticos, em geral, exercem mandato eletivo. A exceção fica


por conta dos Ministros e Secretários, que ocupam cargos comissionados, de
livre nomeação e exoneração.
Alguns autores, a exemplo do saudoso mestre Hely Lopes Meirelles, dão
sentido mais amplo à categoria de agentes políticos, de forma a compreender
os demais agentes que exercem, com alto grau de autonomia, parcelas da
soberania do Estado em virtude de previsão constitucional. Tal é o caso dos
membros da Magistratura, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
A doutrina moderna constitucionalista confere ao Poder Judiciário um papel
muito mais atuante e politizado do que houvera em outros tempos, já que os
juízes exercem também uma parcela da soberania do Estado (Hely Lopes
Meirelles, e Maria Sylvia Zanella Di Pietro). No entanto, nos manuais de alguns
doutrinadores do Direito Administrativo, a exemplo de José dos Santos Carvalho
Filho, Diógenes Gasparini, Celso Antônio Bandeira de Mello, entre outros, essa
visão mais moderna não é compartilhada, dado que entendem que os juízes
não seriam agentes políticos em razão de não terem a atribuição de definir as
políticas públicas ou a possibilidade de serem eleitos.
Outra categoria de agentes públicos é a dos particulares em
colaboração com o Poder Público. Nessa classe encontram-se as pessoas
físicas que prestam serviços ao Estado, sem vínculo de trabalho, com ou sem
remuneração. Exemplos:
a) titulares de serviços notariais e de registro público não oficializados;
b) jurados;
c) convocados para prestar serviço eleitoral etc.

A terceira categoria de agentes públicos é composta pelos militares, que,


anteriormente ao advento da EC nº 19/1998, eram tratados como “servidores
militares”. São militares aqueles que prestam serviços às Forças Armadas
(Marinha, Exército e Aeronáutica), às Polícias Militares ou aos Corpos de
Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e territórios, sob vínculo
jurídico estatutário e com remuneração paga pelos cofres públicos. Em que
pese se submeterem a um regime jurídico indiscutivelmente estatutário
(disciplinado em lei), os militares se submetem a regras jurídicas diversas
daquelas aplicadas aos servidores civis estatutários, o que justifica o
enquadramento numa categoria própria de agentes públicos.

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Sem prejuízo da legislação específica a que estão submetidos, a


Constituição Federal assegurou aos militares alguns direitos sociais conferidos
aos trabalhadores em geral, quais sejam: 13º salário, salário-família, férias
anuais remuneradas com acréscimo de pelo menos um terço da remuneração
normal; licença à gestante com a duração de 120 dias; licença-paternidade e
assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos
de idade em creches e pré-escolas.
Além disso, submetem-se por força constitucional a algumas regras
próprias dos servidores públicos civis: teto remuneratório, irredutibilidade de
vencimentos, proibição de vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para efeito de remuneração e proibição de que acréscimos
pecuniários já auferidos repercutam no cálculo de novos acréscimos
pecuniários.
Não obstante tais semelhanças, aos militares são aplicadas vedações que
constituem, em regra, direito dos demais agentes públicos, como são os casos
da sindicalização, da greve e, quando em serviço ativo, da filiação a partido
político.
Por fim, temos os servidores públicos (servidores civis). Em sentido amplo,
servidor público são todas as pessoas físicas que prestam serviços às entidades
federativas ou as pessoas jurídicas da Administração Indireta em decorrência de
relação de trabalho e com remuneração paga pelos cofres públicos, integrando
o quadro funcional dessas pessoas jurídicas.
Alguns autores administrativistas dividem os servidores públicos em civis e
militares. Em razão de termos adotado a classificação proposta pela professora
Maria Sylvia Z. Di Pietro, optamos por tratar os servidores militares como uma
categoria à parte, chamando-os apenas de militares, utilizando a expressão
servidores públicos para designar apenas os servidores públicos civis.
Os servidores estatutários são aqueles que ocupam cargo público, sendo
regidos pelo regime estatutário, enquanto os empregados públicos são aqueles
contratados sob o regime da CLT e que ocupam empregos públicos. Por fim,
têm-se os servidores temporários, que são os contratados por tempo
determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse
público. Estes últimos exercem funções públicas, mas sem ocupar cargo ou
emprego público, sendo regidos por regime jurídico especial a ser disciplinado
em lei de cada unidade federativa.
Diversos aspectos da relação entre a Administração Pública e seus
servidores estão disciplinados diretamente em nosso texto constitucional.

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Na primeira parte desta aula trataremos da disciplina constitucional relativa


ao assunto, a qual se aplica indistintamente aos servidores de todos os entes
federados. Em aula específica, desenvolveremos os principais pontos da Lei nº
8.112/1990, que dispõe especificamente sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.

2 - A organização legal do serviço público


Atenção: os servidores públicos são organizados em quadros funcionais.
O quadro funcional é o conjunto de cargos, empregos e funções públicas de
um mesmo ente federado, de seus órgãos internos ou de uma pessoa jurídica
da Administração Indireta.
O cargo público representa para a estrutura dos entes públicos e seus
órgãos o que a célula representa para os seres vivos e seus órgãos. Se a célula
é a unidade estrutural e funcional comum a todos os seres vivos,
correspondendo à menor porção independente de matéria viva, o cargo é o
menor centro de competência estrutural e funcional dos entes públicos. É que
os entes públicos possuem existência abstrata e somente conseguem atuar no
mundo jurídico por intermédio dos seres humanos que titularizam os cargos
públicos e exercem as respectivas competências. Nesse contexto, a título de
exemplo, o Estatuto dos Servidores Civis da União (Lei nº 8.112/1990) define
cargo público como “o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na
estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor” (art. 3º). Em
termos mais práticos, o cargo é uma posição na estrutura organizacional a ser
preenchido por um servidor público.
Os cargos públicos, em regra, somente podem ser criados,
transformados ou extintos por lei. Em outras palavras, cabe ao Poder
Legislativo, com a sanção do chefe do Poder Executivo, dispor sobre a criação,
transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas.
No caso de cargos do Poder Legislativo, a criação não depende
propriamente de lei, mas de uma norma que, apesar de possuir a mesma
hierarquia de uma lei, não depende de deliberação executiva (sanção ou veto
do chefe do Executivo). Tais normas, em regra, denominam-se “Resoluções”,
configurando verdadeiras “leis sem sanção”.
É também a norma criadora do cargo que define a denominação, as
atribuições e a remuneração correspondentes.

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Questão de grande relevância é a iniciativa da


lei que cria, extingue ou transforma cargos. No caso dos cargos do Executivo, a
iniciativa é privativa do chefe desse Poder (CRFB, art. 61, § 1º, II, “a”). Já em
relação aos cargos da estrutura do Poder Judiciário, dos Tribunais de Contas e
do Ministério Público a lei em questão será de iniciativa dos respectivos
Tribunais ou Procuradores-Gerais (para o Ministério Público). Quanto ao
Legislativo, como foi dito anteriormente, os cargos serão criados, extintos ou
transformados por atos normativos internos desse Poder (Resoluções), cuja
iniciativa é da respectiva Mesa Diretora.
Antes da EC nº 32/2001, os cargos e as funções públicas só podiam ser
extintos por lei. Todavia, a referida emenda constitucional alterou a redação do
art. 84, VI, “b”, da CRFB, passando a admitir que o Presidente da República
possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de decreto, quando
os cargos ou funções se encontrarem vagos.
Aplicando-se o princípio da simetria, tem-se por consequência que os
Governadores e Prefeitos também podem extinguir por decreto funções ou
cargos públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios, se houver
semelhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Orgânicas.
Em outras palavras, os cargos ou funções públicas, embora sejam criados
por lei, podem ser extintos por lei ou por decreto do chefe do Poder Executivo,
se estiverem vagos. Ressaltamos que, se o cargo estiver ocupado, só poderá
ser extinto por lei, não se admitindo a edição de decreto com essa finalidade.
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Os cargos
organizados em carreira são aqueles cujos ocupantes podem percorrer várias
classes ao longo da sua vida funcional, em razão da progressão do servidor na
carreira. Por exemplo, a carreira de médico de determinado órgão pode ser
dividida em três classes funcionais: 1ª, 2ª e 3ª Classes, de modo que a
antiguidade e o merecimento do profissional sirvam como critérios para a
sucessiva progressão entre tais classes. Já os cargos não organizados em
carreira são chamados de cargos isolados, não permitindo a progressão
funcional dos seus titulares.
No tocante às garantias e características especiais que lhe são inerentes,
os cargos podem ser classificados em:
a) vitalícios;
b) efetivos; e

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c) comissionados.

Os cargos vitalícios e os efetivos oferecem garantia de permanência aos


seus ocupantes. Em regra, a nomeação para cargos efetivos e vitalícios
depende de prévia aprovação em concurso público. Em caráter de exceção, a
nomeação para alguns cargos vitalícios não exige concurso público, a exemplo
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
Por sua vez, os cargos em comissão (ou comissionados) são ocupados de
maneira transitória, em razão da confiança depositada no seu titular pela
autoridade nomeante. A nomeação para cargo em comissão não depende de
aprovação em concurso público e a exoneração do seu ocupante pode ser feita
a qualquer tempo, a critério da autoridade nomeante (ad nutum), sem
necessidade de motivação ou processo administrativo. Como exemplo de cargos
comissionados, podemos citar os de Ministro e o de Secretário de Estado.
De acordo com o art. 37, V, da CRFB, os cargos comissionados se destinam
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. Com efeito, lei
que criar cargo comissionado de natureza meramente técnica e operacional,
dispensando a relação de confiança pessoal da autoridade pública no servidor
nomeado, será considerada inconstitucional por violar o art. 37, V, da CRFB, e
também por afrontar a regra do concurso público, que é instrumento de
efetivação dos princípios da igualdade, da impessoalidade e da moralidade
administrativa, conforme já decidiu o STF (ADI 3.706, Rel. Min. Gilmar Mendes,
DJ 05.10.2007; e ADI 4.125, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE 15.02.2011).
Do mesmo modo, o Supremo Tribunal Federal também já decidiu que deve
haver uma relação de proporcionalidade entre o número de cargos
efetivos e de cargos em comissão, sob pena de violação ao disposto no art.
37, II e V, da CRFB e ao princípio da moralidade (RExt 365.368-AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, DJ 29.06.2007; e ADI 4.125, Rel. Min. Cármen Lúcia,
DJE 15.02.2011).
Os cargos comissionados podem ser ocupados tanto por pessoas que já
possuem um vínculo funcional com a Administração como por pessoas
estranhas ao quadro de pessoal da Administração. No entanto, em razão de
previsão constitucional, a lei deverá estabelecer as condições e os percentuais
mínimos de cargos comissionados a serem ocupados por servidores de carreira
(CRFB, art. 37, V).
Os empregos públicos são unidades de atribuições a serem ocupadas por
servidores regidos sob o regime da CLT, também chamados de servidores

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“celetistas” ou empregados públicos. O que basicamente diferencia o cargo do


emprego público é o vínculo que liga o servidor ao Estado.
O vínculo jurídico do empregado público é de natureza contratual; ao
contrário do vínculo do servidor titular de cargo público, que é de natureza
estatutária, institucional.
Nas pessoas de Direito Público (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) e em suas autarquias e fundações públicas de direito público, tendo
em vista a restauração da redação originária do caput do art. 39, da CRFB (ADI
2135 MC), o regime a ser adotado é o estatutário. No entanto, conforme será
destacado a seguir, é possível a convivência entre o regime estatutário e o
celetista no tocante aos entes que, anteriormente à concessão da medida
cautelar supracitada, tenham realizado admissões no regime de emprego
público. Já nas pessoas de Direito Privado da Administração Indireta (empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado)
somente é possível a existência de empregados públicos.
Ao lado dos cargos e empregos públicos existem certas atribuições que
também são exercidas por servidores públicos, mas sem que essas funções
componham o rol de atribuições de determinado cargo ou emprego público, a
exemplo das funções exercidas por servidores contratados temporariamente,
em razão de excepcional interesse público, com base no art. 37, IX, da CRFB.
Os servidores temporários desempenham suas funções sem titularizarem cargo
ou emprego público. Ademais, existem funções de chefia, direção e
assessoramento para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que
serão exercidas exclusivamente por ocupantes de cargos efetivos, conforme
disposto no art. 37, V, da CRFB.
A propósito, registramos que, da mesma forma que previsto para os cargos
em comissão, as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições
de direção, chefia e assessoramento (CRFB, art. 37, V).

3 - O regime jurídico do servidor público


A redação original do art. 39, caput, da CRFB estabelecia que a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da
administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
Tal dispositivo gerou muita polêmica à época, pois alguns tinham o
entendimento de que o regime jurídico único só poderia ser o estatutário,
enquanto havia outros que defendiam que o ente federativo poderia eleger o

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regime que lhe fosse mais adequado, desde que fosse o único. Na prática,
alguns entes adotavam o regime único estatutário (a exemplo da União) e
outros (principalmente Municípios), o regime único celetista.
A previsão do regime jurídico único foi abolida pela EC nº 19/1998. A partir
dessa Emenda Constitucional, passou a ser possível que qualquer ente
federativo tivesse ao mesmo tempo servidores regidos pelo regime estatutário
e outros contratados sob o manto das leis trabalhistas.
Contudo, posteriormente o STF deferiu medida cautelar suspendendo a
eficácia da nova redação do caput do art. 39 da Constituição Federal, veiculada
pela EC nº 19/1998, que havia acabado com a obrigatoriedade do regime
jurídico único (ADI 2135 MC).
A decisão do STF foi baseada na existência de aparente vício formal na
tramitação da EC nº 19/1998. Com efeito, foi restaurada a exigência
constitucional de regime jurídico único para os servidores públicos de
cada ente federativo. Contudo, tal decisão só atingiu as relações jurídicas
estabelecidas a partir de então (02.08.2007). Com isso, ficam respeitadas as
situações jurídicas consolidadas na vigência da redação dada pela EC nº
19/1998, até que se decida o mérito da questão.
A qualificação de um servidor como celetista ou estatutário tem, entre seus
efeitos, o de definir o juízo competente para julgamento dos eventuais litígios
entre o agente e a Administração. No caso dos celetistas, as ações trabalhistas
devem ser ajuizadas na justiça do trabalho; já no que concerne aos
estatutários, os litígios serão resolvidos pela justiça comum (Justiça Federal, no
caso de servidores da União, e Justiça Estadual, para os servidores dos estados
e municípios).
Questão de natureza prática diz respeito à competência para julgar ações
judiciais que discutem verbas salariais de servidores que atualmente são
estatutários e ocupam cargos resultantes da transformação de empregos
públicos, quando o litígio se refere ao período em que o servidor era celetista.
Para o STF, é a natureza jurídica do vínculo existente entre o
trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura da
ação, que define a competência jurisdicional para a solução da
controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado
no período celetista (Rcl 8.909 AgR). Com efeito, o servidor atualmente
estatutário deve pleitear na justiça comum verbas salariais relativas ao período
em que tinha vínculo celetista.

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3.1 - Regime jurídico dos servidores temporários


A Constituição Federal previu no art. 37, IX, que:
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender à necessidade temporária de
excepcional interesse público;

Os servidores temporários se constituem numa categoria à parte, porque


não titularizam cargo público, nem possuem qualquer vínculo trabalhista regido
pela CLT. Na verdade, eles exercem funções públicas sem ocupar cargos ou
empregos públicos. São regidos por regime especial, veiculado por meio de lei
específica de cada ente da federação.
O STF já reconheceu em diversos julgados que os servidores temporários
não são regidos pela CLT, daí por que eventuais litígios entre estes e a
Administração deverão ser resolvidos pela justiça comum, e não pela justiça do
trabalho (STF, AI 784188 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 24.05.2011). No
caso dos servidores temporários federais, a competência para solucionar esse
tipo de litígio será da Justiça Federal.
Os servidores temporários se submetem também ao Regime Geral de
Previdência Social (RGPS), do mesmo modo que os empregados públicos e os
trabalhadores em geral da iniciativa privada.
Conforme entendimento do STF, para que a contratação de servidores por
tempo determinado para atender necessidade temporária de excepcional
interesse público seja considerada válida, devem estar presentes os seguintes
requisitos (RExt 658.026):
a) os casos excepcionais estejam previstos em lei;
b) o prazo de contratação seja predeterminado;
c) a necessidade seja temporária;
d) o interesse público seja excepcional;
e) a necessidade de contratação seja indispensável, sendo
vedada a contratação para os serviços ordinários permanentes do
Estado, e que devam estar sob o espectro das contingências
normais da Administração.

A contratação temporária que não atenda aos requisitos deve ser


considerada inválida por ofensa ao art. 37, IX, da CRFB. Nesse caso, os
servidores, ao terem seu vínculo com a Administração rescindido, terão direito

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apenas à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e ao


levantamento dos depósitos efetuados no FGTS (RE 765.320-MS); o que
significa dizer que não farão jus ao aviso prévio, seguro desemprego, multa
sobre o saldo do FGTS etc.
No âmbito da Administração Federal, a contratação por tempo determinado
para atender necessidade temporária de excepcional interesse público foi
disciplinada pela Lei nº 8.745/1993, a qual considera necessidade temporária
de excepcional interesse público os seguintes casos (art. 2º):
a) assistência a situações de calamidade pública;
b) assistência a emergências em saúde pública;
c) realização de recenseamentos e outras pesquisas de natureza
estatística efetuadas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE);
d) admissão de professor substituto e professor visitante. O número total
de professores substituto e visitante não poderá ultrapassar 20% do total
de docentes efetivos em exercício na instituição federal de ensino;
e) admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro;
f) atividades especiais nas organizações das Forças Armadas para
atender à área industrial ou a encargos temporários de obras e serviços de
engenharia;
g) atividades de identificação e demarcação territorial;
h) atividades finalísticas do Hospital das Forças Armadas;
i) atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos destinados à
segurança de sistemas de informações, sob responsabilidade do Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações
(CEPESC);
j) atividades de vigilância e inspeção, relacionadas à defesa
agropecuária, no âmbito do Ministério da Agricultura e do Abastecimento,
para atendimento de situações emergenciais ligadas ao comércio
internacional de produtos de origem animal ou vegetal ou de iminente risco
à saúde animal, vegetal ou humana;
k) atividades desenvolvidas no âmbito dos projetos do Sistema de
Vigilância da Amazônia (SIVAM) e do Sistema de Proteção da Amazônia
(SIPAM);
l) atividades técnicas especializadas, no âmbito de projetos de
cooperação com prazo determinado, implementados mediante acordos
internacionais, desde que haja, em seu desempenho, subordinação do
contratado ao órgão ou entidade pública;

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m) atividades técnicas especializadas necessárias à implantação de


órgãos ou entidades ou de novas atribuições definidas para organizações
existentes ou as decorrentes de aumento transitório no volume de trabalho
que não possam ser atendidas mediante a aplicação do art. 74 da Lei
8.112, de 11.12.1990;
n) atividades técnicas especializadas de tecnologia da informação, de
comunicação e de revisão de processos de trabalho, não alcançadas pelo
item anterior e que não se caracterizem como atividades permanentes do
órgão ou entidade;
o) atividades didático-pedagógicas em escolas de governo;
p) atividades de assistência à saúde para comunidades indígenas;
q) admissão de professor, pesquisador e tecnólogo substitutos para
suprir a falta de professor, pesquisador ou tecnólogo ocupante de cargo
efetivo, decorrente de licença para exercer atividade empresarial relativa à
inovação;
r) admissão de pesquisador, de técnico com formação em área
tecnológica de nível intermediário ou de tecnólogo, nacionais ou
estrangeiros, para projeto de pesquisa com prazo determinado, em
instituição destinada à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação;
s) combate a emergências ambientais, na hipótese de declaração, pelo
Ministro de Estado do Meio Ambiente, da existência de emergência
ambiental na região específica;
t) admissão de professor para suprir demandas decorrentes da expansão
das instituições federais de ensino, respeitados os limites e as condições
fixados em ato conjunto dos Ministérios do Planejamento, Orçamento e
Gestão e da Educação.
u) admissão de professor para suprir demandas excepcionais decorrentes
de programas e projetos de aperfeiçoamento de médicos na área de
Atenção Básica em saúde em regiões prioritárias para o Sistema Único de
Saúde (SUS), mediante integração ensino-serviço, respeitados os limites e
as condições fixados em ato conjunto dos Ministros de Estado do
Planejamento, Orçamento e Gestão, da Saúde e da Educação.

4 - O direito de acesso aos cargos, empregos e


funções públicas
O art. 37, I, da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº
19/1998, estabelece atualmente que “os cargos, empregos e funções públicas
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em
lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”. Vale a pena registrar que a

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referida emenda constitucional, ao alterar a redação do art. 37, I, da CRFB,


passou a admitir, de modo geral, a possibilidade de estrangeiro ocupar cargo,
emprego e funções públicas, na forma da lei. Todavia, conforme já decidiu o
Supremo Tribunal Federal, a norma constitucional que confere esse direito ao
estrangeiro é de eficácia limitada (depende de regulamentação para produzir
efeitos); portanto, não é autoaplicável (RExt 544.655-AgR, Rel. Min. Eros Grau,
DJE 10.10.2008).
Embora na redação original do dispositivo constitucional referido não
houvesse menção aos estrangeiros, já se admitia, à época, que estes fossem
contratados temporariamente em caso de excepcional interesse público, com
base no art. 37, IX, da CRFB. Tanto assim que a Lei nº 8.745/1993,
confirmando essa tese e regulamentando essa hipótese, estabeleceu, no art.
2º, V, a possibilidade de a Administração Direta Federal, assim como as
autarquias e fundações públicas federais, admitirem professor e pesquisador
visitante estrangeiro, em caso de necessidade temporária de excepcional
interesse público.
Na evolução constitucional sobre o assunto, a EC nº 11/1996 incluiu dois
parágrafos no art. 207, passando a admitir a possibilidade de contratação de
professores, técnicos e cientistas estrangeiros pelas universidades e instituições
de pesquisa científica e tecnológica.
Em razão dessa modificação constitucional, foi editada a Lei nº
9.515/1997, que incluiu o § 3º ao art. 5º da Lei nº 8.112/1990 (regime jurídico
dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas
federais), estabelecendo que “as universidades e instituições de pesquisa
científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos
dessa Lei.
No tocante aos brasileiros, o art. 37, I, da CRFB não faz distinção entre
brasileiros natos e naturalizados, bastando apenas que atendam aos requisitos
legais para terem a possibilidade de acesso aos cargos, empregos e funções
públicas. Contudo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Constituição Federal, os
seguintes cargos são privativos de brasileiros natos:
a) Presidente e Vice-Presidente da República;
b) Presidente da Câmara dos Deputados;
c) Presidente do Senado Federal;
d) Ministro do Supremo Tribunal Federal;

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e) carreira diplomática;
f) oficial das Forças Armadas;
g) Ministro de Estado da Defesa. É importante esclarecer que a norma
constitucional que confere aos brasileiros o direito de acesso aos cargos,
empregos e funções públicas é de eficácia contida (para os estrangeiros
a norma é de eficácia limitada), o que significa que a princípio qualquer
cargo, emprego ou função pública é acessível a todos os brasileiros
(respeitados os cargos que por disposição constitucional são privativos de
brasileiros natos), mas a legislação infraconstitucional poderá estabelecer
limitações ao exercício desse direito, a exemplo dos requisitos de idade,
escolaridade etc.

4.1 - Requisitos de acesso aos cargos, empregos e funções


O art. 37, I, da CRFB estabelece que o acesso aos cargos, empregos e
funções públicas depende do preenchimento dos requisitos estabelecidos em
lei, que, por exemplo, pode estabelecer requisitos de escolaridade, idade
mínima e máxima, experiência profissional etc.
A exigência desses requisitos deve guardar previsão legal. Os nossos
tribunais têm considerado que ofende a Constituição Federal a exigência de
requisitos previstos apenas em edital de concurso público ou em ato
administrativo infralegal. A título de exemplo, é possível citar o seguinte
entendimento do STF: A exigência de experiência profissional prevista apenas
em edital importa em ofensa constitucional (RExt 558.833-AgR, Rel. Min. Ellen
Gracie, DJE 25.09.2009).
Além disso, a exigência legal deve respeitar os princípios da isonomia e da
razoabilidade. Não é tolerável a discriminação de candidatos a cargos,
empregos e funções públicas em razão de raça, preferência sexual, religiosa,
política etc. Eventuais leis que contenham tais discriminações ferem o princípio
da isonomia e os direitos fundamentais da pessoa humana, devendo ser
consideradas inconstitucionais.
No tocante ao limite de idade e ao sexo do candidato, a exigência legal
somente pode ser admitida quando justificada pela natureza das atribuições do
cargo. Por exemplo, é razoável e constitucional a previsão legal que impõe aos
estabelecimentos penais destinados a mulheres que os cargos de agentes de
segurança de suas dependências internas sejam ocupados apenas por pessoas
do sexo feminino.

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No que concerne à possibilidade de imposição de limite etário para ingresso


no serviço público, vale a pena citar o que foi registrado em enunciado de
Súmula do STF:
Súmula nº 683/STF – “O limite de idade para a inscrição em concurso
público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido”.

Assim, seria válida a exigência prevista em lei de determinada idade


compatível para ingresso em um cargo cujas atribuições possam exigir maior
vigor físico, como é o caso dos policiais, que precisam realizar rondas,
eventualmente perseguir criminosos, usar da força para executar prisões etc.
Todavia, seria inconstitucional a lei que estabelecesse limite de idade para
ingresso em cargo cujas atribuições sejam meramente burocráticas, como o de
agente administrativo, ou intelectuais, como o de professor.
Registramos que, com o advento da Lei nº 13.303/2016 (Lei de
Responsabilidade das Estatais), finalmente foram inseridas no direito brasileiro
regras que restringem a utilização de critérios políticos e impõem a aferição da
qualificação técnica para que sejam feitas as indicações para os cargos de
Direção e do Conselho de Administração das empresas públicas e sociedades de
economia mista.

4.2 – Qual é o momento da comprovação da habilitação


legal?
A comprovação do preenchimento dos requisitos legais para o exercício do
cargo público deve ser feita no momento da posse. Assim, se o candidato, por
exemplo, no ato da inscrição do certame, não tiver ainda o diploma de nível
superior exigido, não deverá ter sua inscrição no concurso indeferida. Tal
entendimento encontra-se consagrado na Súmula 266 do STJ, cuja redação é a
seguinte:
Súmula nº 266/STJ: “O diploma ou habilitação legal para o exercício do
cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso
público”.

Cumpre esclarecer que em regra o STF vem adotando em seus julgados o


mesmo posicionamento do STJ, ou seja, a exigência de habilitação para o
exercício do cargo objeto do certame dar-se-á no ato da posse, e não da

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inscrição no concurso (MS 26.668, MS 26.673 e MS 26.810, Rel. Min. Ricardo


Lewandowski, DJE 29.05.2009).
O critério voltou a ser discutido com o advento da EC nº 45/2004
(chamada de “Reforma do Judiciário”), especificamente nos pontos em que a
Constituição Federal passou a exigir a comprovação do exercício de três anos
de atividade jurídica para ingresso nas carreiras da Magistratura (CRFB, art. 93,
I) e de membro do Ministério Público (CRFB, art. 129, § 3º).
Adotando a literalidade dos dispositivos constitucionais alterados, seria
possível sustentarmos a manutenção do critério até então prevalente no âmbito
jurisprudencial (comprovação dos requisitos na data da posse), pois, como
ambos os dispositivos alterados falam em requisitos para “ingresso nas
carreiras”, e tal ingresso somente se verifica com a posse, seria esse o
momento para a comprovação.
Não obstante, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP), órgãos também criados pela EC nº 45/2004,
resolveram regular a matéria de maneira distinta. Foram editadas as
Resoluções CNJ 11/2006 e CNMP 04/2006 prevendo que no âmbito das
respectivas carreiras a comprovação do requisito de três anos de atividade
jurídica deveria se dar no momento da inscrição definitiva no concurso, o que
ocorre após a segunda etapa do certame, antes da prova oral.
O Supremo Tribunal Federal analisou a matéria durante o julgamento da
ADI 3460/DF, ajuizada contra a resolução do CNMP (com suas sucessivas
alterações). A Corte entendeu que o exercício da atividade ministerial exigia
critérios mais rígidos de seletividade técnico-profissional e que a regra
constante da Resolução, além de atender a tal objetivo, acabava por garantir
maior segurança jurídica tanto para a sociedade quanto para os candidatos,
sendo, portanto, constitucional.
No âmbito da Magistratura, apesar das sucessivas Resoluções que
disciplinaram a matéria, o requisito foi mantido até os dias atuais. Já na seara
do Ministério Público, em 27.06.2012, o CNMP editou a Resolução nº 87,
determinando que a verificação dos três anos de atividade jurídica se dê apenas
no ato da posse, o que beneficia parcela dos candidatos, que ganham mais
tempo para o cumprimento do requisito.

No julgamento da ADI 3460, o Supremo não chegou a decidir se o


momento da comprovação do requisito pode ser livremente alterado pelos
Conselhos, o que, ao menos em tese, pode justificar discussão sobre a
constitucionalidade da modificação promovida pelo CNMP. No entanto, enquanto

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não houver manifestação do STF sobre a alteração, podemos afirmar que,


atualmente, a comprovação do cumprimento do requisito de três anos de
atividade jurídica para ingresso em cargos de membro do Ministério Público
deve ser realizada no momento da posse e, no caso específico de cargos da
Magistratura, no ato da inscrição definitiva no concurso.
Por fim, no que concerne ao requisito de idade máxima para o exercício
de cargo, o STF tem entendido que a exigência da comprovação deve ocorrer
no momento da inscrição no certame (ARE 685.870-AgR). Fica fácil perceber
que a regra, nesse caso, configura uma importante proteção aos os candidatos,
pois evita que eles sejam prejudicados pelos aumentos de idade verificados
durante o transcorrer do concurso.

5 - Concurso público
O concurso público é um procedimento administrativo destinado à seleção
de pessoas que irão ocupar empregos públicos ou cargos públicos de
provimento efetivo ou vitalício.
Cuida-se de escolha meritória, que atende aos princípios da igualdade e
da moralidade administrativa, evitando-se com isso que o ingresso no serviço
público se dê por critérios de favorecimento pessoal ou nepotismo.
Atenção: É importante não confundir o concurso público enquanto
processo seletivo destinado à escolha de servidores ou empregados públicos
com o concurso previsto na Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 8.666/1993),
que se constitui em modalidade de licitação cujo objetivo é escolher trabalho
técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou
remuneração aos vencedores.
O concurso público deve ser aberto a todos os interessados, não se
admitindo atualmente os chamados “concursos internos” (ou seja, aqueles
abertos apenas aos que já são servidores públicos), a “transferência” de
servidores de um cargo para outro sem concurso público, ou a “transformação”
do cargo original em cargo diferente, com atribuições distintas daquelas
pertencentes ao cargo legitimamente ocupado. A Suprema Corte entende que
todas essas hipóteses implicam violação da Constituição Federal, já que
resultam no provimento do servidor em novo cargo sem a realização de
concurso público de provas ou de provas e títulos. Atualmente, tal
entendimento está cristalizado na Súmula Vinculante nº 43, onde foi assentado
que:

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“É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor


investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente
investido”.

É também do STF o entendimento cristalizado na Súmula 684, segundo o


qual “é inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a
concurso público”.
O enunciado sumular deixa claro que o veto proibido é o arbitrário, sem
qualquer fundamento legal, contudo é possível aquele suficientemente
motivado por circunstâncias que legalmente o justifiquem. A título de exemplo,
é válido o veto à participação num concurso para cargo policial, de interessado
que, na data da solicitação de inscrição, já tenha ultrapassado o limite máximo
de idade para exercício do cargo pretendido. A realização de concurso é
obrigatória tanto para os cargos e empregos da Administração Direta quanto
para os da Administração Indireta, inclusive no caso das entidades regidas
predominantemente pelo direito privado (empresas públicas e sociedade de
economia mista).
Em respeito à regra do concurso público, a jurisprudência tem entendido
pacificamente que, ressalvadas as exceções constitucionalmente admitidas
(estudadas no tópico a seguir), as admissões realizadas sem concurso
público em data posterior à Constituição Federal de 1988 são nulas, não
gerando efeitos trabalhistas. Registramos, por oportuno, que, nos casos em
que sociedade de economia mista ou empresa pública firma contrato de
trabalho nulo em virtude da ausência de concurso público e posteriormente é
privatizada, a nulidade é sanada e o contrato é convalidado desde a data da
admissão, continuando a gerar seus efeitos após a privatização. É que, como a
exigência de concurso não se aplica a entidades alheias à administração
pública, seria excesso de formalismo anular os contratos trabalhistas em virtude
justamente da falta de concurso no passado.
Foi inspirado nesse raciocínio que o Tribunal Superior do Trabalho editou a
Súmula nº 430, com a seguinte redação:
“Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo
por ausência de concurso público, quando celebrado originalmente com
ente da Administração Pública Indireta, continua a existir após a sua
privatização”.

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Mesmo que reconhecida a nulidade da admissão, para que não haja


indevido enriquecimento sem causa por parte do Estado, que efetivamente
recebeu a prestação de serviços, os servidores ilicitamente admitidos têm o
direito ao recebimento do saldo de salários dos dias efetivamente trabalhados
(STF, AI 680.939-AgR). Digno de nota que, além do pagamento das horas
trabalhadas, o Tribunal Superior do Trabalho tem reconhecido ao trabalhador
admitido sem concurso o direito aos valores referentes aos depósitos do FGTS
(Súmula 363 do TST).
Também em virtude da exigência constitucional de concurso público, o
servidor que sofre desvio de função em data posterior à Constituição de 1988
não terá direito a ser enquadrado no cargo cujas atribuições
indevidamente exercia, afinal, não prestou concurso para tal cargo. No
entanto, caso a remuneração desse cargo seja superior à do cargo efetivo do
servidor, ele terá direito à diferença das remunerações a título de
indenização. Se assim não fosse, também estaria configurado o
enriquecimento sem causa por parte do Estado, que seria beneficiado por pagar
menos por um serviço que legalmente deve ser remunerado com um valor mais
elevado (STF, AI 594.942-AgR).
O concurso público pode ser de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
lei (CRFB, art. 37, II). Em outras palavras, não se admite que o concurso seja
somente de títulos. A opção pelo concurso ser apenas de provas ou conter
também o exame de títulos deve levar em consideração as atribuições a serem
exercidas. Assim, nos cargos e empregos de menor complexidade, a exemplo
daqueles destinados ao exercício de funções administrativas básicas, não será
exigido o exame de títulos. Em sentido contrário, em cargos como o de Juiz ou
membro do Ministério Público a avaliação dos títulos do candidato deverá se
constituir em fase do concurso.

5.1 - Exceções à regra do concurso público


A título de exceção, em algumas situações a própria Constituição Federal
prevê que o acesso a cargos e empregos públicos se dê sem a necessidade de
concurso público, o que ocorre nos seguintes casos:
a) cargos de mandato eletivo, em que a escolha se dá por eleição;
b) cargos em comissão, em que a escolha é feita de forma livre pela
autoridade competente, de acordo com a confiança que deposita no
profissional;
c) contratações temporárias por excepcional interesse público.
Sob o ponto de vista literal a Constituição Federal não dispensa

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expressamente o concurso nessa hipótese, apenas prevê que “a lei


estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender
a necessidade temporária de excepcional interesse público” (art. 37, IX).
Todavia, no âmbito da administração direta federal e das autarquias e
fundações públicas federais, a Lei nº 8.745/1993 previu que a contratação
temporária seria feita mediante processo seletivo simplificado sujeito a
ampla divulgação, inclusive através do Diário Oficial da União,
prescindindo de concurso público;
d) ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações
bélicas durante a Segunda Guerra Mundial (ADCT, art. 53, I). Embora a
Constituição Federal consagre essa hipótese de exceção ao concurso
público, hoje em dia, na prática, não é mais aplicável porque os
excombatentes da Segunda Guerra Mundial, se ainda estiverem vivos,
certamente já terão idade superior à permitida para permanecer no serviço
público;
e) Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de
Contas; Ministros do STF, do STJ, TSE, TST e STM; integrantes do quinto
Constitucional dos Tribunais Judiciários.

Além dessas exceções, a EC nº 51/2006 incluiu o § 4º no art. 198 da


CRFB, segundo o qual “os gestores locais do sistema único de saúde poderão
admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por
meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade
de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação”. Nota-se que o
dispositivo transcrito não faz referência a concurso público, mas a processo
seletivo público. Inicialmente, boa parte dos estudiosos esposou a tese de que a
expressão “processo seletivo público” significaria um procedimento simplificado,
dispensando-se a exigência do concurso público. Contudo, a Lei nº
11.350/2006, que regulamentou o mencionado dispositivo constitucional,
trouxe a previsão no art. 9º de que “a contratação de Agentes Comunitários de
Saúde e de Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de
processo seletivo público de provas ou de provas e títulos”. Assim, o
mecanismo de seleção desses agentes ficou em tudo assemelhado ao que é
exigido num concurso público, tornando de pouca importância prática a
controvérsia, ainda não resolvida, sobre a obrigatoriedade ou não da realização
de concurso público para a admissão desses agentes públicos.

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5.2 - Vedação à prática do nepotismo


Conforme mencionamos anteriormente, nossa Constituição permite que a
lei crie cargos em comissão, declarando-os de livre nomeação e
exoneração (art. 37, II). O critério fundamental para a escolha do ocupante
dos cargos em comissão é a confiança depositada pela autoridade nomeante
na pessoa nomeada (daí serem denominados em algumas esferas como “cargos
de confiança”). O mesmo critério serve de base para a escolha, dentre os
titulares de cargos efetivo, da pessoa a ser designada para o exercício de
função de confiança (também denominadas “funções comissionadas” ou
“funções gratificadas”).
Tendo em vista essa enorme liberdade, grande parte das autoridades
detentoras de competência para realizar nomeações para cargos em comissão e
designações para funções de confiança fazia tais escolhas recaírem sobre seus
próprios parentes. Quando questionados sobre a moralidade das nomeações e
designações realizadas, tais agentes invocavam o próprio texto constitucional,
destacando, entre outras, a expressão “livre nomeação e exoneração”,
constante no art. 37, II, da CRFB. Além disso, reafirmava o discurso sobre o
vínculo de confiança para arrematar com um cínico “não há ninguém em que eu
confie mais que os meus parentes”.
No máximo admitiam que a conduta seria imoral, porém legal. O raciocínio
contraria a ideia hoje prevalente de que, no momento em que a moralidade foi
erigida a princípio expresso da administração pública, toda conduta que agrida
a moral jurídica passa a ser considerada contrária ao direito e, portanto,
colidente com o princípio da legalidade em sentido amplo (juridicidade). Além
disso, também podemos afirmar que o privilégio em favor de parentes
desiguala indevidamente os administrados, ferindo o princípio da isonomia, e
que a escolha, por não estar amparada em qualquer critério de mérito, afronta
o princípio da eficiência. Em suma, conforme já decidiu o STF, a vedação ao
nepotismo decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
Constituição Federal, não exigindo a edição de lei formal estipulando
expressamente a proibição (RExt 579.951).
Cristalizando o seu entendimento, a Suprema Corte editou a Súmula
Vinculante 13, cujo teor é o seguinte:
Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou
parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função

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gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal”.

Quando a SV nº 13 se refere a ajuste mediante designações recíprocas,


acaba por proibir também o chamado “nepotismo cruzado”, prática que
consiste em autoridades de Poderes distintos nomearem de forma recíproca
parentes um do outro - as designações recíprocas ferem os mesmos princípios
constitucionais feridos pelo nepotismo direto. Daí a prática ser igualmente
proibida pela mesma Súmula.
Não obstante os ventos moralizadores que resultaram na edição da Súmula
Vinculante nº 13 terem sido bastante elogiados pela comunidade jurídica, o
Supremo Tribunal Federal acabou por fragilizar a novidade ao esposar a
polêmica tese segundo a qual os dizeres da Súmula somente se aplicam a
cargos de natureza administrativa, estando de fora do seu âmbito as
nomeações para cargos políticos. Com base nesse raciocínio, o STF considerou
válida a nomeação de irmão de Governador de Estado para o cargo de
Secretário Estadual de Transportes, uma vez que o cargo em questão possuía
natureza política (Rcl 6.650-MC-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 21.11.2008).
Importante destacarmos também o entendimento do STF segundo o qual o
cargo de Conselheiro de Tribunal de Contas é de natureza administrativa, de
forma que a nomeação de parentes da autoridade nomeante é vedada nos
termos da Súmula Vinculante 13 (Rcl 6.702-AgR-MC).

5.3 - Prazo de validade do concurso público


Conforme previsto no art. 37, III, da Constituição Federal, o prazo de
validade do concurso será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período.
O prazo de validade do concurso é fixado no respectivo edital do certame,
devendo, por óbvio, respeitar os limites constitucionais. Assim, o edital, por
exemplo, poderá fixar um prazo de validade do concurso de seis meses
(prorrogável por mais seis meses), ou um ano (prorrogável por mais um ano),
ou dois anos (prorrogável por mais dois anos). Em sentido contrário, por
exemplo, não poderá fixar prazo de dois anos, prorrogável por mais um ano,
nem prazo inicial de três anos.

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No entanto, a prorrogação do prazo de validade do concurso só pode


ser feita enquanto não expirado o prazo inicial. Trilhando essa linha de
pensamento, o STF já decidiu pela impossibilidade de prorrogar a validade do
concurso quando já expirado o seu prazo inicial (AI 452.641-AgR, re. Min.
Nelson Jobim, DJ 05.12.2003). De maneira semelhante, considerou que o ato
do poder público que, depois de ultrapassado o primeiro biênio de validade de
concurso público, institui novo período de dois anos de eficácia do certame,
ofende o art. 37, III, da CRFB, sendo nulas as nomeações realizadas com
fundamento em tal ato, o que pode ser declarado pela administração sem a
necessidade de prévio processo administrativo, em homenagem à Súmula STF
nº 473 (RExt 352.258, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 14.05.2004).
A prorrogação da validade do certame fica a critério da Administração
Pública (poder discricionário), não havendo para os candidatos aprovados
direito subjetivo à providência, sendo vedado ao Poder Judiciário o reexame dos
critérios de conveniência e oportunidade adotados (STJ – AgRg no RMS 39748).
Não obstante, conforme detalhado a seguir, a jurisprudência atual do STF e
do STJ garante aos aprovados dentro do número de vagas previstas no
edital o direito subjetivo à nomeação no transcorrer do prazo de
validade do certame. Sendo assim, para os que se encontram na situação, a
não prorrogação do prazo pode até ser benéfica, uma vez que a Administração
não disporá de qualquer tempo extra para proceder à nomeação. Portanto, a
prorrogação acaba sendo de maior interesse para os aprovados que não se
classificaram nas vagas previstas no edital, pois para eles, que não
possuem direito subjetivo à nomeação, sempre resta a esperança (mas não o
direito) de que a administração, surgindo mais vagas, faça uso da lista de
espera.

5.4 - Direito subjetivo e prioridade na nomeação


Era tradicional e pacífica a jurisprudência brasileira no sentido de que a
aprovação em concurso público, mesmo com classificação nas vagas previstas
no edital do certame, não geraria direito subjetivo à nomeação, mas apenas
mera expectativa de direito. Só haveria a conversão da expectativa em
verdadeiro direito nas hipóteses de nomeação de candidato não aprovado no
concurso e de preenchimento de vaga sem observância de classificação do
candidato aprovado. A segunda situação é, inclusive, objeto da Súmula nº
15/STF, na qual se afirma que: “dentro do prazo de validade do concurso, o
candidato aprovado tem direito à nomeação, quando o cargo for preenchido
sem observância da classificação”.

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Contudo, diante dos vários abusos cometidos pelas autoridades públicas, o


STF evoluiu no seu tradicional entendimento e, invocando a “força normativa
do princípio do concurso público”, passou a entender que os candidatos
aprovados em concurso público e classificados nas vagas previstas no
edital também têm direito subjetivo à nomeação (RExt 598.099).
O novo entendimento não afasta o poder discricionário de que dispõe a
Administração de escolher livremente o momento ideal para nomear os
aprovados, desde que o faça dentro do prazo de validade do certame,
incluída a prorrogação, caso a tenha realizado.
O raciocínio que presidiu essa evolução jurisprudencial se fundou no
princípio da segurança jurídica (no seu aspecto de proteção à confiança) e
no respeito à boa-fé. Assim, quando a Administração lança edital convocando
todos os que cumpram os requisitos legalmente exigidos a participar de
concurso público, ela atrai os interessados que legitimamente depositam
confiança no Poder Público, acreditando que existe a real necessidade de
preenchimento das vagas disponibilizadas dentro do prazo de validade previsto
no ato convocatório. Nesse contexto, é necessário o respeito à boa-fé não só
pelos que atenderam ao chamado e se inscreveram no certame, mas também
pela própria Administração, que se vincula às regras do edital que elaborou,
inclusive àquelas que definem as vagas que pretende preencher.
É que, para lançar edital de concurso público, a Administração deve
verificar, dentre outros aspectos, a disponibilidade de vagas, o cumprimento
dos limites de despesa máxima com pessoal, a disponibilidade orçamentária e
financeira e a conveniência e oportunidade das admissões. Os três primeiros
aspectos não dão margem à discricionariedade administrativa, de forma que
seu eventual descumprimento dá ensejo à ilegalidade dos futuros atos de
nomeação.
Por outro lado, se cumpridos esses requisitos iniciais, pode a Administração
lançar o edital do concurso e, se o faz, afirma ser conveniente e oportuna a
admissão de certa quantidade de servidores, no prazo previsto no ato
convocatório somado ao de eventual prorrogação.
É esse aspecto que permite afirmarmos que, se não verificada situação
superveniente, grave e originariamente imprevisível que demonstre a
necessidade da solução drástica e excepcional de não nomear os aprovados
devidamente classificados, a Administração se vincula ao motivo declinado
(necessidade de servidores) e a nomeação deve ser feita. Trata-se, na
realidade, de uma peculiar aplicação da teoria dos motivos determinantes.
Em qualquer hipótese, a recusa à nomeação de candidato aprovado dentro das

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vagas previstas no edital deve ser motivada, sendo tal motivação suscetível de
apreciação pelo Poder Judiciário (RExt 227.480). A título de exemplo, seria
legítima a recusa fundamentada na superveniência de grave crise econômica
que comprovadamente reduzisse a arrecadação do ente federado, fazendo-o
estourar o limite de gastos com pessoal previstos na Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Há também outras situações que permitem presumir a necessidade de
provimento de cargos de forma a, caso não haja impedimento legal, garantir
aos aprovados direito subjetivo à nomeação, respeitada a ordem de
classificação conforme exemplificado a seguir:
a) a nomeação de servidores temporários para o exercício de atividades
permanentes que compõem o plexo de atribuições de cargos vagos cujo
provimento é aguardado por concursados aprovados em concurso com
prazo de validade não expirado;
b) o não preenchimento de todas as vagas ofertadas dentro do prazo de
validade do concurso, em virtude da eliminação (ou desistência) de
candidato inicialmente habilitado dentro do número previsto em Edital;
c) a vacância de cargo (em virtude de aposentadoria, exoneração,
falecimento etc.) no transcorrer do prazo de validade do concurso que já
nomeara todos os aprovados dentro do número de vagas previstas no
edital.

Diferentemente da situação exposta no item “c” acima, os aprovados


fora das vagas previstas no edital não têm direito adquirido à
nomeação quando criados novos cargos no transcorrer do prazo de
validade do certame. É que em tal hipótese, não se pode assumir que a
Administração manifestou a necessidade de admissão de novos servidores no
prazo estipulado no ato convocatório, sendo-lhe lícito realizar novas análises de
conveniência e oportunidade relativas a eventuais expansões do número de
servidores em atividade (RExt 607590).
Digna de nota, contudo, interessante decisão do Supremo Tribunal Federal
relativa a um caso em que o Tribunal Superior Eleitoral editou Resolução
determinando, no âmbito da Justiça Eleitoral, que “as vagas criadas
posteriormente fossem preenchidas com o concurso então vigente”.
Nessa situação, o STF entendeu que o TSE “retirou do Tribunal Regional
Eleitoral a discricionariedade de optar por fazer um novo concurso ou aproveitar
os que já estavam concursados” e, diante da peculiaridade do caso, reconheceu

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aos candidatos aprovados dentro do limite das novas vagas o direito subjetivo à
nomeação. Fica fácil perceber que a Suprema Corte não afastou o caráter
discricionário da decisão administrativa de nomear ou não os candidatos
aprovados fora das vagas inicialmente previstas. O que se reconheceu foi que
no caso concreto examinado o juízo de discricionariedade já havia sido exercido
pelo TSE, de forma a vincular o TRE quando da criação de vagas com um
concurso com prazo de validade ainda vigente (RExt 607590 AgR-ED).
Discussão de grande relevância prática se verifica caso a Administração
realize novo concurso para o mesmo cargo quando ainda remanescem
candidatos aprovados em certame anterior com prazo de validade não expirado.
A rigor, a depender das peculiaridades do caso concreto, da situação poderia
até decorrer a presunção estudada anteriormente, no sentido de que a
Administração demonstrou a necessidade de provimento de cargo, gerando
direito subjetivo à nomeação daqueles candidatos.
Contudo, é possível imaginarmos a necessidade de a Administração realizar
novo concurso, tendo em vista a proximidade do termo final do prazo de
validade do certame vigente e a previsão de um número alto de aposentadorias
para os anos subsequentes. Caberá ao Judiciário, em cada caso concreto que
lhe seja submetido, cotejar e aferir a veracidade dos motivos alegados pela
Administração com os direitos dos candidatos que aguardam nomeação. Sobre
a matéria, a Constituição Federal, no seu art. 37, IV, prescreve que, “durante o
prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com
prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
carreira”.
Como se observa, o dispositivo constitucional não proíbe a abertura de
novo concurso com a mesma finalidade, ainda que vigente concurso anterior
com candidatos aprovados não nomeados. Todavia, nos termos estritos do art.
37, IV, da CRFB (supratranscrito), no prazo de validade, os aprovados no
primeiro concurso têm prioridade de nomeação sobre os candidatos habilitados
no segundo concurso, independentemente da classificação que tenham
obtido. Nesse ponto, ressaltamos que, segundo o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, para gozar de tal prioridade não basta ao candidato a mera
aprovação, sendo-lhe necessária também a classificação dentro do número
de vagas disponibilizadas no concurso (AI 711.504-AgR).
Sobre o tema, registramos que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o
mérito do RExt 837.311, com repercussão geral reconhecida, fixou a seguinte
tese (Tema 784): “O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo

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concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame


anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos
aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de
preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por
comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a
inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de
validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato”.
Digno de nota o fato de o art. 12, § 2º, da Lei nº 8.112/1990 proibir a
abertura de novo concurso enquanto houver candidato aprovado em
concurso anterior com prazo de validade não expirado. A norma consiste
numa limitação que a União Federal se impôs ao inserir tal dispositivo no
estatuto dos servidores públicos civis da sua administração direta, autárquica e
fundacional. Assim, a restrição não é aplicável no âmbito dos entes
federados subnacionais (Estados, Distrito Federal e Municípios), salvo se
resolverem, à semelhança da União, proceder a uma autolimitação por meio da
edição de semelhante disposição legal.
Também merece destaque a jurisprudência acerca da configuração da
preterição da ordem de classificação do certame como legítimo nascedouro
do direito subjetivo à nomeação do preterido. Sobre o tema, o STJ possui
jurisprudência firme no sentido de que não ocorre a preterição quando a
convocação para a próxima fase ou a nomeação de candidatos com posição
inferior se dá por força de cumprimento de ordem judicial (RMS 44.672).
A simples remoção do servidor também não configura preterição na ordem
classificatória do concurso público, já que consiste apenas no deslocamento do
servidor no âmbito do mesmo quadro (não é forma de provimento originário de
cargo, que é o objetivo do concurso público).
Diferentemente, ocorrerá preterição de candidatos aprovados se as vagas
regionalizadas oferecidas no edital do concurso público forem
preenchidas por remoção realizada posteriormente ao início do certame
(STJ, REsp 1.373.789). Por exemplo, imaginemos que um órgão nacional lance
edital com uma única vaga para o Estado de Goiás e, posteriormente, preencha
essa vaga por meio de remoção de servidor originariamente lotado no Estado
de São Paulo. A manobra fará com que a vaga existente originariamente em
Goiás (e constante do edital do concurso público) seja deslocada para a São
Paulo, resultando na preterição do aprovado em Goiás em benefício de
candidato que passou para São Paulo fora das vagas disponíveis no edital.
Nessa hipótese, haveria violação aos princípios da boa-fé objetiva e da proteção
da confiança, aos quais se vincula a Administração.

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5.5 - Reserva (constitucional) de vagas para pessoas com


deficiência
A Constituição Federal prevê no art. 37, VIII, que “a lei reservará
percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão”. Cuida-se de clara
manifestação da isonomia em sentido material, buscando compensar a maior
dificuldade enfrentada pelas pessoas com deficiência para o ingresso e
manutenção no mercado de trabalho.
Sendo norma de eficácia limitada, seus principais efeitos dependem de
regulamentação. Na esfera federal, o art. 5º, § 2º, da Lei nº 8.112/1990,
reafirmou o direito de as pessoas com deficiência se inscreverem em concurso
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com suas
deficiências, prevendo para tais pessoas a reserva de “até 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas no concurso”.
É fundamental percebermos que a Lei não fixou um percentual exato das
vagas a serem reservadas no concurso, mas sim um limite máximo (teto) do
número a ser reservado. Tal entendimento, decorrente da interpretação literal
do dispositivo legal, obviamente não pode ser levado ao extremo de se admitir
que a discricionariedade deferida à Administração tornaria possível a reserva de
vagas em qualquer percentual entre 0% e 20%.
Claro que não reservar vagas equivaleria a descumprir o texto
constitucional, de forma a ser evidentemente necessário o estabelecimento de
critérios razoáveis para definir também um mínimo de vagas a ser reservado.
O detalhamento da matéria veio no art. 37, § 1º, do Decreto nº
3.298/1999, no qual se afirma que o candidato com deficiência “concorrerá a
todas as vagas, sendo reservado no mínimo o percentual de cinco por cento
em face da classificação obtida”. Além disso, o § 2º do mesmo dispositivo
previu que na aplicação do percentual mínimo, caso o número obtido seja
fracionado, “este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro
subsequente”, ou seja, deverá ser “arredondado para cima”.
Diante do exposto, fica aparentemente fácil apreender a regra válida na
esfera federal. A reserva de vagas no concurso público deve obedecer ao limite
mínimo de 5% e ao máximo de 20%. No entanto, o caráter pacífico da análise
deixa de existir nos casos de certames com um número muito pequeno de
vagas em disputa. A título de exemplo, se num concurso estiverem em disputa
apenas duas vagas, a aplicação do percentual mínimo geraria a necessidade de
reserva mínima de um décimo de vaga (0,1), número que, “arredondado para
cima”, exigiria a reserva de uma vaga para as pessoas com deficiência. No

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entanto, uma vaga dentre duas configura uma reserva de 50% das vagas do
certame, o que, além de não parecer razoável, ultrapassa o percentual máximo
legalmente previsto (20%). Numa situação ainda mais extrema, a aplicação das
mesmas regras a um concurso com vaga única geraria a necessidade de
arredondamento para cima de meio décimo de vaga (0,5%), de forma a se
fazer um concurso originariamente exclusivo para pessoa com deficiência, o que
parece ainda mais agressivo à razoabilidade e ao próprio princípio da isonomia,
razão de ser da reserva de vagas.
Objetivando conciliar a necessidade de reserva de vaga com o princípio da
razoabilidade, o STF, considerando o caso de um concurso para tabelião de
notas, em que se disputavam duas vagas, decidiu pela impossibilidade de
reserva de vagas aos deficientes físicos sob o argumento de que a regra exigiria
uma vaga para deficiente, ou seja, cinquenta por cento das vagas existentes, o
que resultaria em majoração indevida dos percentuais legalmente previstos (MS
26.310, Rel. Min. Marco Aurélio DJ 31.10.2007; no mesmo sentido: RExt
408.727-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 08.10.2010).
Outro ponto de relevância é a necessidade de compatibilidade entre as
atribuições do cargo e as deficiências do candidato à vaga. É por demais óbvio
que não há compatibilidade, por exemplo, entre as tradicionais atribuições de
um agente de fiscalização de trânsito e a limitação sofrida por pessoas com
deficiência visual.
No entanto, tal incompatibilidade não justifica que simplesmente não
sejam reservadas vagas para pessoas com deficiência no certame objeto do
exemplo. Há um conjunto de deficiências físicas que podem ser consideradas
compatíveis com as atividades do agente de trânsito. Além disso, na imensa
maioria das carreiras existem atribuições de natureza administrativas que
podem ser compatibilizadas com boa parte das limitações das pessoas com
deficiência.
Grandes discussões têm sido travadas envolvendo o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça no tocante à possibilidade de enquadramento no
conceito de pessoa com deficiência (para efeito de disputa das vagas
reservadas em concursos públicos) das pessoas com surdez unilateral e
daquelas com cegueira monocular. As situações parecem apontar para uma
necessária identidade de tratamento, pois, em ambas, a deficiência existente
não é bilateral.
No entanto, tendo como pano de fundo a solução prevista na
regulamentação da matéria (Decreto nº 3.298/1999, com a redação dada pelo

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Decreto nº 5.296/2004), o STJ ratificou o tratamento diferenciado que a


Administração tem dado às hipóteses.
No tocante à surdez (anacusia), o art. 4º, inciso II, do Decreto
3.298/1999 inclui na definição de deficientes as pessoas que tenham “perda
bilateral, parcial ou total” da audição, a partir de certo patamar, aferida por
audiograma em determinadas frequências. Assim, como a norma
expressamente se refere à perda bilateral, o Tribunal entendeu como não
enquadradas na definição as pessoas com anacusia unilateral, alegando,
inclusive, que estas, quando comparadas com aquelas atingidas pela perda
bilateral, não enfrentam os mesmos obstáculos de inserção social (RMS 36081).
Já no caso da cegueira (amaurose), o art. 4º, inciso III, do mesmo
Decreto considera deficientes as pessoas que, em seu “melhor olho”, estejam
abaixo de certo patamar de acuidade visual. Interpretando literalmente a
norma, o STJ afirmou que a referência a “melhor olho” demonstra que a
definição foi elaborada para disciplinar os casos de pessoas que possuem visão
nos dois olhos. Em sendo assim, se os benefícios da política afirmativa são
aplicáveis a quem tem acuidade visual em ambos os olhos, ainda que mínima,
obviamente também devem alcançar quem tem visão apenas monocular
(RMS 19.291).
Cristalizando o tratamento diferenciado dado às duas situações, o STJ
editou as seguintes Súmulas:
Súmula nº 552: “O portador de surdez unilateral não se qualifica como
pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em
concursos públicos”.
Súmula nº 377: “O portador de visão monocular tem direito de concorrer,
em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes”.

5.6 - Reserva de vagas para negros – Lei nº 12.990/2014


Visando ao resgate da dívida histórica da sociedade brasileira perante a
população negra em função dos séculos de escravidão, têm sido adotadas no
Brasil diversas medidas especiais compensatórias e equalizadoras,
genericamente designadas como “ações afirmativas”. O objetivo da presente
aula não é de trazer pontos polêmicos e aspectos políticos, mas apenas
destacar a evolução legal.
Nesse contexto e sob inspiração do Instituto da Igualdade Racial (Lei nº
12.288/2010) que se editou a Lei nº 12.990/2014, reservando aos negros
20% das vagas nos concursos para provimento de cargos efetivos e

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empregos no âmbito da União Federal. Digna de destaque a alegação


constante da Exposição de Motivos que acompanhou o Projeto que resultou na
edição da Lei (PL nº 6.738/2013), no sentido de que as pesquisas do IBGE
apontam que os negros representam 50,74% da população brasileira; contudo,
no Poder Executivo Federal, o percentual corresponde a 30% dos servidores
efetivos. Seria a demonstração de que o critério de isonomia consistente na
ampla possibilidade de participação em concurso público não tem sido suficiente
para a implementação igualdade de oportunidades entre as “raças” e para o
consequente resgate da dívida histórica da sociedade brasileira com a
população negra.
Como ao menos na teoria a reserva de vagas aliada à execução das
políticas previstas no Estatuto da Igualdade Racial tende a minorar o problema
ao longo do tempo, o legislador estipulou que a Lei nº 12.990/2014 terá
vigência por dez anos a partir de sua publicação (art. 6º), que se deu no
dia 10.06.2014. Além disso, em homenagem ao princípio da segurança jurídica,
ressalvou a inaplicabilidade das novas regras aos concursos cujos editais já
haviam sido publicados antes de sua entrada em vigor (art. 6º, parágrafo
único).
Dado seu caráter federal, a Lei nº 12.990/2014 não vincula os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios. No âmbito da União, apesar de
noticiarem opiniões em sentido contrário advindas do próprio governo federal,
no nosso entender, a utilização da expressão “administração pública federal”
para definir o âmbito de aplicação da norma (ementa e art. 1º) redunda na
necessidade de sua observância no âmbito de toda a administração direta e
indireta dos três poderes da União. Contudo, o Instituto de Advocacia Racial
e Ambiental (IARA) entendeu necessário ajuizar perante o STF o MS 33.072
visando obrigar os Poderes Legislativo e Judiciário da União a observarem os
termos da Lei.
A Ministra Carmem Lúcia negou seguimento ao writ, por entender que a
impetração não seria o instrumento adequado para sanar eventual omissão
legislativa.
Um problema de resolução muito difícil é a precisa identificação das
pessoas que devem ser consideradas negras para o efeito do gozo dos
benefícios legais. O critério utilizado pela Lei nº 12.990/2014 foi o da
“autodeclaração” pelo candidato considerando-se preto ou pardo, formulada
no ato da inscrição no concurso público, “conforme o quesito cor ou raça
utilizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE”
(art. 2º). Criticável a insistência na utilização da palavra “raça” para as

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distinções pretendidas, dada a inexistência de critérios científicos para a divisão


da espécie humana em raças.
Nos termos legais, caso se constate a falsidade da autodeclaração, “o
candidato será eliminado do concurso e, se houver sido nomeado, ficará sujeito
à anulação da sua admissão ao serviço ou emprego público, após procedimento
administrativo em que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa,
sem prejuízo de outras sanções cabíveis” (art. 2º).
Apesar do evidente caráter moralizante da previsão, sua operacionalização,
n prática, é extremamente difícil, tendo em vista a já citada ausência de critério
científico para o enquadramento de uma pessoa como “preta” e, principalmente
como “parda”. Da forma como têm sido implementadas as ações afirmativas no
Brasil, fica fácil perceber que a autodeclaração deve ser baseada no critério
fenotípico, ou seja, nas características físicas mais proeminentes na etnia,
como a cor da pele.
Diferentemente da regra relativa à reserva de vagas para pessoas com
deficiência nos concursos federais, que estabelece um teto para a quantidade
de vagas a ser reservada (até 20%, conforme art. 5º, § 2º, da Lei nº
8.112/1990), a regra ora estudada destina aos negros o exato percentual de
20% (art. 1º), devendo o número encontrado ser “arredondado para cima” em
caso de fração igual ou maior que 0,5 (cinco décimos), ou “para baixo”, na
hipótese de fração menor que 0,5 (cinco décimos), conforme estatuído no § 2º
do art. 1º da Lei nº 12.990/2014. A diferença de tratamento entre as
populações beneficiárias das cotas pode, dependendo de como for elaborado o
edital, resultar em graves prejuízos às pessoas com deficiência, inclusive no
momento da nomeação, conforme será demonstrado num exemplo adiante.
Da correta aplicação da regra decorre que a reserva de vagas somente
é possível nos concursos para provimento de três ou mais vagas,
hipóteses em que a aplicação do percentual de 20% resultaria em reserva de
seis décimos de vaga (0,6) cujo “arredondamento para cima” resulta na reserva
de uma vaga para candidatos negros. Na hipótese de concurso que ofereça
apenas duas vagas, o montante obtido (0,4) resulta um “arredondamento para
baixo” e a não aplicação da reserva de vaga. De qualquer forma, apesar de
como demonstrado a matemática já resolver o problema, o legislador preferiu
expressamente afirmar que a reserva “será aplicada sempre que o número de
vagas oferecidas no concurso público for igual ou superior a 3” (art. 1º, § 1º).
Se os candidatos negros disputassem exclusivamente as vagas que lhe são
reservadas, a regra poderia resultar, em certas situações, em severo prejuízo a
tal grupo de candidatos. É o que aconteceria, por exemplo, se candidatos

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negros classificados fora das vagas reservadas tivessem obtido notas


suficientes para aprovação dentro das vagas destinadas à ampla concorrência.
Para afastar a possibilidade, o art. 3º da Lei estabeleceu o mecanismo da
concorrência em dupla lista, permitindo ao candidato negro concorrer
concomitantemente às vagas reservadas e às vagas destinadas à ampla
concorrência. Além disso, os candidatos negros aprovados nas vagas de
ampla concorrência não serão contabilizados para efeito das vagas reservadas.
Por outro lado, a única possibilidade legal de candidato que concorre
exclusivamente às vagas destinadas à ampla concorrência vir a ocupar vagas
reservadas a candidatos negros é a hipótese de não haver candidatos negros
aprovados em número suficiente para preencher as vagas que lhe são
reservadas. Nesse caso, as vagas reservadas revertem para ampla
concorrência, conforme previsão do art. 3º, § 3º, da Lei nº 12.990/2014.
O legislador, tendo em vista a imposição constitucional e legal de reserva
de vagas também para pessoas com deficiência, optou por disciplinar a
ordem em que a Administração deve proceder às nomeações, caso
decida realizá-las em etapas sequenciadas ao longo do tempo. Nessas
hipóteses, deve haver alternância e proporcionalidade, considerando a
relação entre o número de vagas total e o número de vagas reservadas a
candidatos com deficiência e a candidatos negros.
Mais complicado é o caso de nomeações feitas em números pequenos,
insuficientes para atender a todas as classes nos percentuais estabelecidos
(uma a uma, por exemplo). A complicação é ainda maior quando cotejadas as
regras ora estudadas com as relativas à reserva de vagas para pessoas com
deficiência constantes do Decreto nº 3.298/1999, conforme analisado no tópico
anterior. Nesses casos, nos termos legais, devem ser feitas nomeações
alternadas, de forma a paulatinamente serem atingidos os percentuais
previstos, observados os critérios de arredondamento constantes das normas
analisadas anteriormente.

5.7 - Edital – “A lei do concurso público”


O art. 37, II, da CRFB prevê que o concurso público seja de provas ou de
provas e títulos. Portanto, está proibida a admissão de servidores com base em
outras formas de seleção, a exemplo da análise exclusiva de títulos ou de
currículo.
A Constituição, no entanto, não estabelece uma forma ou procedimento a
ser seguido na realização do concurso, devendo as regras do certame ser
disciplinadas pelo edital do concurso.

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Procurando regulamentar melhor essa matéria tão importante, foi editado


o Decreto Federal nº 6.944/2009, que dispõe, dentre outros aspectos, sobre
normas gerais relativas a concursos públicos. No entanto, esse Decreto aplica-
se apenas no âmbito da Administração Pública Federal Direta e de suas
autarquias e fundações.
As exigências contidas no edital do concurso devem estar em consonância
com as normas constitucionais e legais, caso contrário o excesso será nulo, o
que pode ser declarado pela própria administração no exercício da autotutela ou
pelo Judiciário, quando provocado. A propósito, é importante citar os seguintes
julgados do STF em que, em casos específicos, foram analisadas exigências
feitas em editais de concursos públicos ou outros problemas ocorridos na etapa
de execução do concurso:
a) “Viola o princípio constitucional da isonomia norma que
estabelece como título o mero exercício de função pública” (ADI
3.443, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 23.09.2005);
b) “Mostra-se conflitante com o princípio da razoabilidade eleger
como critério de desempate tempo anterior na titularidade do
serviço para o qual se realiza o concurso público” (ADI 3.522, Rel.
Min. Marco Aurélio, DJ 12.05.2006);
c) “Não ofende o princípio da igualdade o regulamento de
concurso público que, destinado a preencher cargos de vários
órgãos da Justiça Federal, sediados em locais diversos, determina
que a classificação se faça por unidade da Federação, ainda que
daí resulte que um candidato se possa classificar, em uma delas,
com nota inferior ao que, em outra, não alcance a classificação
respectiva” (RExt 146.585, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ
15.09.1995);
d) “O art. 37, II, da Constituição, ao dispor que a investidura
em cargo público depende de aprovação em concurso público de
provas ou de provas e títulos, não impede a administração de
estabelecer, como condição para a realização das etapas
sucessivas de um concurso, que o candidato, além de alcançar
determinada pontuação mínima na fase precedente, esteja, como
ocorre na espécie, entre os 400 melhores classificados. Não cabe
ao Poder Judiciário, que não é árbitro da conveniência e
oportunidade administrativas, ampliar, sob o fundamento da
isonomia, o número de convocações” (RExt 478.136-AgR, Rel.
Min. Sepúlveda Pertence, DJ 07.12.2006);

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e) “Concurso público da polícia militar. Teste de esforço físico


por faixa etária: exigência desarrazoada, no caso. Ofensa aos
princípios da igualdade e legalidade. O Supremo Tribunal Federal
entende que a restrição da admissão a cargos públicos a partir da
idade somente se justifica se previsto em lei e quando situações
concretas exigem um limite razoável, tendo em conta o grau de
esforço a ser desenvolvido pelo ocupante do cargo ou função. No
caso, se mostra desarrazoada a exigência de teste de esforço
físico com critérios diferenciados em razão da faixa etária” (RExt
523.737-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 06.08.2010).

Outro ponto que tem gerado reclamações ao Poder Judiciário é


sobre a possibilidade de a Administração Pública alterar as condições do
certame constante do respectivo edital. Nesse sentido, o STF já decidiu que,
“após a publicação do edital e no curso do certame, só se admite a alteração
das regras do concurso se houver modificação na legislação que disciplina a
respectiva carreira, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie” (RExt
318.106, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 18.11.2005).
Registre-se, por oportuno, que o STF também admite a alteração no edital
se for para sanar erro material, mediante publicação de errata no Diário Oficial
(sendo desnecessária a publicação em jornais de grande circulação), e desde
que seja garantido prazo razoável aos candidatos para conhecimento da
modificação introduzida antes da realização da prova (RExt 390.939, Rel. Min.
Ellen Gracie, DJ 09.09.2005).
Como já foi dito, qualquer restrição ou requisito para ingresso em cargo,
emprego ou função pública tem obrigatoriamente de estar previsto em lei
formal. Em outras palavras, se a restrição ou requisito estiver previsto apenas
em edital de concurso, regulamentos ou portarias, sem menção específica em
lei formal, será inconstitucional, por ofender a previsão contida no art. 37, I, da
CRFB. Não obstante, ainda que previstas em lei formal, as restrições ou
requisitos exigidos dos candidatos devem ser razoáveis e possuir uma relação
lógica com as atribuições do cargo a ser provido, além de não ofenderem os
direitos fundamentais.
Seguindo essa orientação, o STF assentou o entendimento de que “editais
de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com
tatuagem, salvo em situações excepcionais” (RExt 898.450, Rel. Min. Luiz
Fux).

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Para a Corte Suprema, editais de concurso público que restringem a


participação de pessoas com tatuagens no corpo se mostram ofensivos ao
direito fundamental de manifestação do pensamento e de expressão, sendo, por
conseguinte, flagrantemente discriminatórios e dotados de falta de
razoabilidade, já que não há qualquer ligação objetiva entre o cidadão possuir
tatuagem e uma suposta conduta atentatória à moral, aos bons costumes ou ao
ordenamento jurídico.
Nos termos da decisão do STF, somente em situações excepcionais é que
poderia haver proibição ao ingresso no serviço público de candidato com
tatuagem. Assim, seria legítimo restringir o acesso a cargo público de candidato
que, por exemplo, possuísse tatuagem com conteúdo obsceno, que represente
discriminação de raça, credo ou origem, que pregue ideologias terroristas, a
violência ou a criminalidade ou, ainda, que seja contrária às instituições
democráticas.

5.8 – O exame psicotécnico e o seu caráter subjetivo


Conforme entendimento do STF e do STJ, o exame psicotécnico pode ser
exigido em concurso público, mas para isso é preciso que, além da previsão
legal, atenda aos seguintes requisitos cumulativos:
a) Utilizar critérios objetivos de caráter científico;
b) Possibilidade de reexame administrativo;
c) Publicidade dos atos em que se desdobra para viabilizar o recurso
do candidato ao Poder Judiciário.

A necessidade de previsão legal do exame psicotécnico, inclusive, já se


encontra sumulada pelo STF:
Súmula Vinculante nº 44: “Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público”.

Para o STF, a avaliação do candidato, em exame psicotécnico, com base


em critérios subjetivos, sem um grau mínimo de objetividade, ou em critérios
não revelados, é ilegítimo por não permitir o acesso ao Poder Judiciário para a
verificação de eventual lesão de direito individual pelo uso desses critérios
(RExt 243.926, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 10.08.2000).

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5.9 - Teste de aptidão física como etapa do concurso


Em alguns concursos públicos, principalmente nas áreas policiais, consta
como etapa do certame a realização de teste de aptidão física. A propósito,
além da necessidade de previsão do teste em lei e da relação de pertinência do
exame com as atribuições do cargo (requisitos genéricos para todas as
exigências impostas ao candidato), a jurisprudência do STJ tem exigido que na
avaliação física sejam utilizados critérios objetivos de aferição e que o resultado
seja passível de recurso (RMS 36.120).
Questão polêmica na jurisprudência é a possibilidade de remarcação do
teste físico para data diversa daquela prevista no edital do certame, em
virtude de alterações pessoais orgânicas e/ou fisiológicas temporárias do
candidato. Firmando posicionamento sobre o tema, o STF, no julgamento do
RExt 630.733, assentou a seguinte tese: “inexiste direito dos candidatos em
concurso público à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física,
salvo contrária disposição editalícia, em razão de circunstâncias pessoais, ainda
que de caráter fisiológico ou de força maior”. É dizer: para que seja possível a
segunda chamada de exame físico, é necessário que esta hipótese esteja
expressamente prevista no edital.

5.10 - Investigação social (análise de vida pregressa)


A investigação social ou análise da vida pregressa é etapa de vários
concursos públicos!
Predomina na jurisprudência do STF (ARE 754.528 AgR) e do STJ (AgRg no
RMS 39.580) o entendimento de que, na fase de investigação social, em face do
princípio da presunção de inocência, só é válida a eliminação do candidato se
houver sentença penal transitada em julgado. Assim, por exemplo, se
houver apenas termo circunstanciado, inquérito policial ou mesmo ação penal
sem trânsito em julgado ou extinta pela prescrição da pretensão punitiva, o
candidato não poderá ser eliminado do concurso na fase de
investigação social.
Pela mesma razão e tendo em vista os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, o STJ tem orientação jurisprudencial no sentido de que, na
fase de investigação social, o candidato a cargo público não pode ser eliminado
em razão de mero registro em órgãos de proteção ao crédito (RMS 30.7341).

1 “ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. INABILITAÇÃO NA FASE DE INVESTIGAÇÃO SOCIAL.


EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS POLICIAIS, AÇÕES PENAIS EM ANDAMENTO OU INCLUSÃO DO NOME DO
CANDIDATO EM SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.

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Diferentemente, o STJ tem admitido como válida a eliminação de candidato


que omite informações desfavoráveis relevantes na fase de investigação social,
ainda que a Administração Pública só constate a omissão após a nomeação e
posse, hipótese em que será cabível a anulação do ato de nomeação (RMS
33.3872).

5.11 - Forma de convocação dos aprovados


O procedimento do concurso, bem como os atos necessários à nomeação e
posse dos candidatos aprovados, deve observar o princípio da publicidade,
porque, se assim não for, o candidato que não tiver tomado conhecimento será
alijado ilegitimamente do certame ou não conseguirá ser admitido ao final ao
quadro de pessoal da Administração.
Seguindo essa linha de pensamento, há entendimento pacífico no STJ no
sentido de que caracteriza violação ao princípio da razoabilidade e da
publicidade a convocação para determinada fase de concurso público apenas
mediante publicação do chamamento em diário oficial quando passado
considerável lapso temporal entre a realização ou a divulgação do resultado
da etapa imediatamente anterior e a referida convocação, uma vez que é
inviável exigir que o candidato acompanhe, diariamente, com leitura atenta, as
publicações oficiais (RMS 33132, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE
09.12.2011). Em sentido inverso, admite-se que a convocação para
determinada fase do concurso seja feita mediante publicação apenas no Diário
Oficial, quando esta se der logo após a conclusão da etapa anterior, no
prazo estabelecido no próprio edital (STJ, RMS 34829, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, DJE 14.02.2012).

1. Não havendo sentença condenatória transitada em julgado, o princípio da presunção de inocência resta
maculado, ante a eliminação de candidato a cargo público, ainda na fase de investigação social do
certame, por ter sido verificada a existência de inquérito ou ação penal.
2. É desprovido de razoabilidade e proporcionalidade o ato que, na etapa de investigação social, exclui
candidato de concurso público baseado no registro deste em cadastro de serviço de proteção ao crédito.
3. Recurso ordinário em mandado de segurança conhecido e provido.” (RMS 30.734, Rel. Min. LAURITA
VAZ, DJe 04/10/2011)

2 “ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


SERVIDOR PÚBLICO. AGENTE PENITENCIÁRIO. APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO MEDIANTE
OMISSÃO DE INFORMAÇÕES DESABONADORAS DE SUA CONDUTA. ATO DE NOMEAÇÃO E POSSE
VICIADO. SÚMULA N. 473 DO STF. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
1. "A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial" (Súmula n. 473
do STF).
2. Constatado pela administração, após a nomeação e posse, que o candidato logrou aprovação na fase
"de comprovação de idoneidade e conduta ilibada na vida pública e na vida privada" mediante a omissão
de informações que lhe seriam desfavoráveis nessa etapa do certame, pode-se proceder à anulação do ato
de nomeação.
3. Ausência de direito líquido e certo.
4. Recurso ordinário não provido.” (RMS 33.387/SP, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 10/06/2011)

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O entendimento do STJ quanto à forma de convocação do candidato para


participar das fases do concurso também se aplica à forma de convocação para
apresentar documentos necessários à nomeação e à posse (AgRg no RMS
23467). A regra, no que concerne à convocação para nomeação, somente é de
aplicação possível nos casos em que o próprio estatuto funcional do servidor
prevê que, para ser nomeado, o candidato deve previamente apresentar os
documentos necessários à posse. No nosso entendimento, a exigência é
esdrúxula, pois os requisitos legalmente estabelecidos são necessários para o
exercício do cargo e, por conseguinte, deveriam ser comprovados no momento
da posse, conforme, inclusive, está sedimentado na Súmula nº 266/STJ.
No entanto, caso se admita essa “convocação” prévia à nomeação, ela
deve seguir as regras de publicação ora estudadas.

5.12 – “Controle” dos concursos públicos


Os concursos públicos são submetidos tanto ao controle da própria
Administração quanto ao do Poder Judiciário. No primeiro caso, o controle a ser
exercido é uma decorrência do exercício do poder de autotutela da
administração, enquanto o último se constitui em manifestação do exercício da
função jurisdicional.
No que concerne à autotutela, nunca é demais recordarmos que qualquer
atuação da Administração que possa repercutir sobre o patrimônio jurídico de
terceiros somente pode ser realizada mediante o devido processo
administrativo. Assim, exemplificando, o STF entende que a anulação do
concurso em momento anterior à posse dos candidatos nomeados depende de
prévio processo administrativo em que lhes seja assegurado o exercício do
contraditório e da ampla defesa (RExt 351.489).
Questão interessante versa sobre a possibilidade de haver controle do
Poder Judiciário sobre o conteúdo das questões dos concursos públicos.
Nossa Corte Suprema já decidiu que “não cabe ao Poder Judiciário, no
controle jurisdicional da legalidade, substituir-se à banca examinadora do
concurso público para reexaminar os critérios de correção das provas e o
conteúdo das questões formuladas [...]” (MS 27.260, Rel. p/ o ac. Min. Cármen
Lúcia, DJE 26.03.2010).
Todavia, para o STF o controle jurisdicional é admissível quando há erro
grosseiro no gabarito apresentado (MS 30.859), ou para a verificação da
pertinência das questões formuladas com o conteúdo programático
previsto no edital, uma vez que, nas palavras do próprio Tribunal, “o edital –
nele incluído o programa – é a lei do concurso” (RExt 434.708).

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6 - Acumulação de cargos, empregos e funções


A Constituição Federal proíbe a acumulação remunerada de cargos,
empregos e funções públicas (art. 37, XVI e XVII). A proibição de acumulação
remunerada de cargos, empregos e funções públicas abrange, além da
Administração Direta, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público.
É importante registrar que, na redação original da Constituição Federal, a
vedação de acumulação abrangia apenas os cargos, empregos e funções da
Administração Direta e das pessoas jurídicas que compõem a Administração
Indireta. No entanto, a partir da EC nº 19/1998 a proibição passou a ser mais
abrangente, alcançando também as subsidiárias das empresas públicas e
sociedades de economia mista, bem como qualquer sociedade controlada,
direta ou indiretamente, pelo Poder Público.

6.1 - Exceção à regra da acumulação


A acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas
somente é considerada lícita nas hipóteses previstas expressamente na
Constituição Federal. Contudo, mesmo nos casos em que se admite a
acumulação remunerada, ela só é possível se houver compatibilidade de
horário entre os dois vínculos, o que significa que nem em parte poderá haver
sobreposição de jornada de trabalho. Além disso, a Constituição Federal deixa
claro que as remunerações acumuladas não poderão ultrapassar o teto
constitucional de remuneração.
Nas hipóteses em que a Constituição Federal admite a acumulação, a
princípio não é o número de horas diárias ou semanais a serem suportadas pelo
profissional que torna ilícita a acumulação, mas a incompatibilidade de horários
(nesse sentido, STJ, AgRg no REsp 1198868, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe
10.02.2011).
Contudo, tal entendimento não afasta a necessidade de que, em respeito
ao princípio da eficiência e à necessidade de higidez física e mental do servidor,
seja estipulado um limite máximo razoável de jornada, de acordo com a
atividade desenvolvida.
Nesse contexto, o Superior Tribunal de Justiça, considerando que a
submissão de servidores da área da saúde a jornadas de trabalho
exageradas poria em risco a vida dos usuários do sistema público de saúde,
afirmou que “é vedada a acumulação de dois cargos públicos privativos

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de profissionais de saúde quando a soma da carga horária referente aos


dois cargos ultrapassar o limite máximo de sessenta horas semanais”
(MS 19.336). No julgado, foi expressamente mencionada decisão em sentido
semelhante do Tribunal de Contas da União afirmando a coerência em limitar as
jornadas dos profissionais de saúde a sessenta horas semanais, contemplando
diariamente dois turnos de seis horas, com um intervalo de uma hora para
alimentação e deslocamento entre os turnos, deixando, em cada dia útil, um
intervalo de onze horas de descanso de interjornada (TCU, Acórdão nº
2.133/20053).

No caso de acumulação de cargos de professor,


tanto STF quanto STJ entendem inconstitucional
a acumulação de dois cargos com jornada de 40
horas semanais, quando um deles exige
dedicação exclusiva. Apesar da maneira como
foram redigidos os acórdãos, da análise de seus
votos condutores fica fácil perceber que as
Cortes consideraram que tanto o fato de as
jornadas acumuladas serem de 40 horas quanto
a exigência da dedicação exclusiva,
isoladamente, já redundariam na impossibilidade

3 “ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de 1a Câmara, ante as razões
expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar ilegal o ato de admissão do Sr. Washington Rodrigues de Oliveira no Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios - TJDFT (fls. 2/3), negando-lhe o competente registro;
9.2. dispensar a reposição das importâncias recebidas indevidamente, haja vista que não consta dos autos que
os serviços não tenham sido prestados;
9.3. com fulcro no art. 261, caput e § 1º, do Regimento Interno deste Tribunal, determinar ao Órgão de origem
que:
9.3.1. faça cessar todo e qualquer pagamento decorrente do ato impugnado, no prazo máximo de 15 (quinze)
dias, contados da ciência deste Acórdão, sob pena de multa e ressarcimento das quantias pagas após essa data
pelo responsável, ressalvada a hipótese de, nesse prazo, mediante novo ato a ser submetido à apreciação desta
Corte de Contas, reste demonstrado que o servidor optou pelo cargo de Técnico Judiciário do TJDFT em
detrimento do cargo de Auxiliar de Enfermagem que exerce na FUB/UnB ou adequou sua jornada semanal de
trabalho ao limite indicado no subitem 9.4 infra, respeitado, em cada um dos cargos, o mínimo de horas de
trabalho fixado pelo caput do art. 19 da Lei n. 8.112/1990 ou por lei especial;
9.3.2. comunique ao interessado constante do subitem 9.1 supra a respeito deste Acórdão, alertando-o de que
o efeito suspensivo proveniente da interposição de eventuais recursos não o exime da devolução dos valores
percebidos indevidamente após a respectiva notificação, caso os recursos não sejam providos;
9.4. informar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios - TJDFT que o interessado poderá optar por
um dos cargos, nos termos do art. 133 da Lei n. 8.112/1990 ou, alternativamente, permanecer nos dois, desde
que o cômputo da carga semanal máxima de ambos não ultrapasse 60 (sessenta) horas semanais e que seja
respeitado, em cada um deles, o mínimo de horas de trabalho fixado pelo caput do art. 19 da Lei n. 8.112/1990
ou por lei especial, devendo um novo ato ser submetido à apreciação deste Tribunal, caso permaneça no cargo
de Técnico Judiciário do TJDFT;
9.5. determinar à Sefip que proceda à verificação do cumprimento da medida constante do subitem 9.3 supra,
representando a esta Corte, caso necessário;
9.6. enviar à Fundação Universidade de Brasília - FUB cópia da presente Deliberação, acompanhada do Relatório
e do Voto que a fundamentam, para que tome ciência da acumulação ilegal de cargos pelo Sr. Washington
Rodrigues de Oliveira e, caso a irregularidade não seja elidida no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência
deste Acórdão, adote as providências a seu alcance, comunicando a este Tribunal, em igual prazo, quais foram
as medidas alvitradas.”

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de acumulação.

Assim, desde que haja compatibilidade de horário, de acordo com o art.


37, XVI, “a”, “b” e “c”, da Constituição Federal, a acumulação remunerada é
permitida nos seguintes casos:
a) dois cargos de professor;
b) um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentadas.

Nos casos em que é possível a acumulação, esta pode se dar no mesmo


regime ou em regimes diversos. Vale dizer, a acumulação pode ser de dois
cargos, dois empregos (celetista) ou de um cargo e um emprego. Nesses
termos, o Supremo Tribunal Federal decidiu que “é possível a acumulação de
um cargo de professor com um emprego (celetista) de professor. Interpretação
harmônica dos incisos XVI e XVII do art. 37 da CRFB” (RExt 169.807, Rel. Min.
Carlos Velloso, DJ 08.11.1996).
O conceito de cargo técnico ou científico, em razão da ausência de uma
explicitação legal, tem provocado algumas controvérsias que a doutrina e a
jurisprudência têm se encarregado de resolver. Para o STJ, “Cargo científico é o
conjunto de atribuições cuja execução tem por finalidade investigação
coordenada e sistematizada de fatos, predominantemente de especulação,
visando a ampliar o conhecimento humano. Cargo técnico é o conjunto de
atribuições cuja execução reclama conhecimento específico de uma área do
saber” (RMS 7.550, Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, DJ 02.03.1998).
É importante registrar que, para que um cargo seja considerado “técnico”
para efeito de possibilitar a acumulação remunerada, não é suficiente que sua
denominação formal contenha o termo “técnico”. Por outro lado, o fato de o
cargo ocupado exigir apenas nível médio de ensino, por si só, não exclui o
caráter técnico da atividade, pois o texto constitucional não exige formação
superior para tal caracterização. O que importa para que o cargo seja
considerado “técnico” para fins de acumulação é o desempenho de funções que
exigem uma formação específica, que não se confundem com funções
rotineiras, simples e burocráticas.
Com efeito, a jurisprudência do STJ, apenas para exemplificar, tem
considerado que não se enquadram como “técnico” ou “científico” os
seguintes cargos: analista técnico-jurídico, técnico judiciário (nível médio),

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técnico de finanças e controle da Controladoria-Geral da União, agente de


polícia civil, policial militar, técnico administrativo educacional, auxiliar
administrativo, atendente de telecomunicações etc.
A respeito da hipótese de acumulação prevista no art. 37, XVI, “c”, vale o
registro de que a redação do mencionado dispositivo foi alterada pela EC nº
34/2001. Anteriormente, a hipótese prevista era de acumulação de “dois cargos
privativos de médico”. Todavia, após a EC 34/2001, a norma constitucional
passou a fazer referência à possibilidade de acumulação de “dois cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas”. Por profissionais de saúde devem ser entendidos aqueles que
exercem atividade técnica diretamente ligada ao serviço de saúde, a exemplo
de médicos, enfermeiros, dentistas etc.

O STF já decidiu que a possibilidade da


acumulação de cargos privativos de profissionais
de saúde inclui também os assistentes sociais
que exercem suas funções em unidades de saúde
(RExt 553.670-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE
1º.10.2010).

Importante registrar que a EC nº 77/2014 expressamente estendeu aos


profissionais de saúde das Forças Armadas essa possibilidade de acumulação de
cargos, desde ela ocorra “na forma da lei e com prevalência da atividade
militar” (CRFB, art. 142, § 3º, VIII).
Além das hipóteses previstas no art. 37, XVI, da CRFB, a Constituição
Federal prevê a possibilidade de acumulação remunerada nos seguintes casos:
a) um cargo de juiz com outro de magistério (art. 95, parágrafo único,
I);
b) um cargo de membro do Ministério Público com outro de magistério
(art. 128, § 5º, II, “d”);
c) um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou função pública
(art. 38, III).

7 - Direito de greve e de livre associação sindical


O art. 37, VII, da CRFB estabelece que o direito de greve dos servidores
públicos civis estatutários será exercido nos termos e nos limites definidos em
lei específica.

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Importante apontarmos que o art. 37, VII, da CRFB, em sua redação


original, previa a edição de lei complementar para disciplinar os termos e os
limites em que o direito de greve dos servidores públicos civis estatutários seria
exercido. Todavia, a norma foi alterada pela EC nº 19/1998, passando a exigir
apenas lei ordinária específica.
O direito de greve dos servidores públicos civis estatutários, conforme
previsto na Constituição Federal, se afigura como norma de eficácia limitada,
ou seja, depende da edição de lei regulamentadora para que possa ser
exercitado. Essa lei, no entanto, até hoje não foi editada.
Já em relação ao direito de greve dos trabalhadores da iniciativa privada
previsto no art. 9º da Constituição Federal a situação é outra, pois se trata de
norma constitucional de eficácia contida, que foi disciplinada pela Lei nº
7.783/1989. A lei de greve dos trabalhadores da iniciativa privada se aplica aos
empregados das empresas públicas e sociedades de economia mista, por força
do art. 173, § 1º, II, da CRFB.
Durante muito tempo, o STF entendeu que, embora o direito de greve dos
servidores públicos civis estatutários fosse permitido pela Constituição Federal,
enquanto não fosse editada a norma regulamentadora em questão, este não
poderia ser exercido.
Contudo, diante da inconformada omissão legislativa, nossa Suprema Corte
resolveu mudar seu posicionamento sobre o assunto. Com efeito, no ano de
2007, no julgamento dos Mandados de Injunção 670, 708 e 712, o STF
determinou que fosse aplicada ao setor público temporariamente, até que a
omissão legislativa fosse sanada, no que couber, a lei de greve vigente no setor
privado (Lei nº 7.783/1989).
Em outras palavras, o STF passou a admitir que o servidor civil estatutário
possa fazer greve, sendo-lhe aplicada a mesma legislação do setor privado,
enquanto a norma específica não for editada.
Nos mesmos julgados referidos anteriormente, o STF determinou também
que, enquanto a omissão legislativa não for devidamente regulamentada,
deverão ser observadas as regras de competências judiciais para apreciação
dos dissídios de greve envolvendo servidores públicos previstas na Lei nº
7.701/1988, que são as seguintes:
a) Se a paralisação for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma
região da Justiça Federal, ou, ainda, compreender mais de uma unidade da
federação, a competência para o dissídio de greve será do STJ (por
aplicação analógica do art. 2º, I, “a”, da Lei nº 7.701/1988);

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b) Ainda no âmbito federal, se a controvérsia estiver adstrita a uma única


região da Justiça Federal, a competência será dos Tribunais Regionais
Federais (aplicação analógica do art. 6º da Lei nº 7.701/1988);
c) Para o caso da jurisdição no contexto estadual ou municipal, se a
controvérsia estiver adstrita a uma unidade da federação, a competência
será do respectivo Tribunal de Justiça (aplicação analógica do art. 6º da Lei
nº 7.701/1988);
d) As greves de âmbito local ou municipal serão dirimidas pelo Tribunal
de Justiça ou Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre o local da
paralisação, conforme se trate de greve de servidores municipais,
estaduais ou federais.

É conveniente destacar que o STF reconheceu no julgamento da RCl 6568


que o direito de greve do servidor público não é absoluto, devendo ser
relativizado em razão da índole de determinadas atividades públicas. Para
melhor compreensão dessa posição, transcreve-se trecho do referido Acórdão:
Os servidores públicos são, seguramente, titulares do direito de greve. Essa é a
regra. Ocorre, contudo, que entre os serviços públicos há alguns que a coesão
social impõe sejam prestados plenamente, em sua totalidade. Atividades das
quais dependam a manutenção da ordem pública e a segurança pública, a
administração da Justiça – onde as carreiras de Estado, cujos membros exercem
atividades indelegáveis, inclusive as de exação tributária – e a saúde pública não
estão inseridos no elenco dos servidores alcançados por esse direito. Serviços
públicos desenvolvidos por grupos armados: as atividades desenvolvidas pela
polícia civil são análogas, para esse efeito, às dos militares, em relação aos quais
a Constituição expressamente proíbe a greve (art. 142, § 3º, IV) (Rcl 6568, Rel.
Min. Eros Grau).

A propósito da greve de servidor público, o STF também já decidiu que a


“simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não é
justificativa para demissão com fundamento na sua participação em movimento
grevista por período superior a trinta dias. A ausência de regulamentação do
direito de greve não transforma os dias de paralisação em movimento grevista
em faltas injustificadas” (RExt 226.966, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, DJE
21.08.2009).
Já o direito à livre associação sindical dos servidores públicos foi
assegurado pelo art. 37, VI, da CRFB, sendo direito autoaplicável (não
dependendo de norma legal para ser exercitado).

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Registramos, por oportuno, que aos militares é proibida a filiação a


sindicato e a greve (CRFB, art. 142, IV).

7.1 - Direito de greve e desconto de dias não trabalhados


O STF firmou entendimento de que a greve suspende o contrato de
trabalho e que, em razão disso, o Poder Público tem, em regra, o dever de
descontar a remuneração dos dias não trabalhados (RE 693.456/RJ, rel.
Min. Dias Toffoli). De acordo com o Supremo, o desconto da remuneração dos
servidores só não deverá ser feito quando:
a) os servidores compensarem a jornada não trabalhada; ou,
b) a greve for provocada por conduta ilícita do Poder Público.

A eventual compensação da jornada não trabalhada deverá ser promovida


por meio de acordo entre a Administração e os servidores grevistas.
Todavia, trata-se de uma opção discricionária (faculdade) do Poder
Público, não havendo qualquer garantia para o servidor grevista de que poderá
realizar a compensação de forma a não sofrer o desconto em sua remuneração.
Já a hipótese do item “b” (ilicitude da conduta do Poder Público) pode ser
exemplificada com o caso de greve deflagrada em virtude de atraso nos
pagamentos dos salários dos servidores.

8 - Mandato eletivo e suas peculiaridades


O art. 38 da Constituição Federal disciplina aspectos atinentes à
acumulação de cargos, empregos e funções e à remuneração do servidor
público da administração direta, autárquica e fundacional, quando este vier a
ser eleito para mandato nos Poderes Executivo ou Legislativo. As regras
constitucionais a respeito desse assunto são as seguintes (art. 38, I a III):
a) no caso de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, o servidor
ficará afastado de seu cargo, emprego ou função, passando a receber a
remuneração do cargo eletivo;
b) se o servidor for investido no mandato de Prefeito, será afastado do
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar entre a remuneração
de Prefeito ou a que percebia no cargo, emprego ou função de que foi
afastado;
c) o servidor investido no mandato de vereador, se houver
compatibilidade de horários, poderá acumular o cargo de vereador com o
cargo, emprego ou função pública que exercia anteriormente. Nessa

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hipótese, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função


cumulativamente com a remuneração do cargo eletivo. Todavia, se não
houver compatibilidade de horário e resolver exercer o cargo de vereador,
poderá optar entra a remuneração do vereador ou a que percebia no cargo,
emprego ou função de que foi afastado.

A Constituição estabelece, ainda, que em qualquer caso que exija o


afastamento para o exercício de mandato eletivo o tempo de exercício do
mandato eletivo será contado para todos os efeitos legais, exceto para
promoção por merecimento (art. 38, IV). Para efeito de benefício
previdenciário, no caso do afastamento do servidor para exercício de mandato
eletivo, os valores serão determinados como se no exercício estivesse (art. 38,
V).

9 – Estabilidade: uma garantia constitucional


A estabilidade é a garantia constitucional de permanência no serviço
público outorgada ao servidor que, nomeado por concurso público para cargo de
provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio probatório e
aprovado numa avaliação especial de desempenho (CRFB, art. 41 e seu § 4º).
Do texto originário do art. 41 da CRFB não constava como requisito para
aquisição da estabilidade a exigência de que o servidor fosse nomeado “para
cargo de provimento efetivo”. Diante de tal redação, instaurou-se severa
polêmica acerca da aplicabilidade da garantia aos servidores celetistas
(empregados públicos) da Administração direta, autárquica e fundacional.
A menção a celetistas pode parecer estranha, uma vez que o art. 39 da
Constituição Federal exige a adoção de “regime jurídico único e planos de
carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e
das fundações públicas”. Todavia, parcela da doutrina entende que nunca houve
impedimento para adoção do regime celetista no citado âmbito, desde que tal
regime fosse o único. Foi nesse contexto que surgiu a celeuma ora analisada.
Alguns entendiam que a garantia da estabilidade era típica do regime
estatutário e, portanto, incompatível com a sistemática de contrato de trabalho.
Outros entendiam que a estabilidade decorreria de direta aplicação do art. 41
da Constituição Federal que, repita-se, não fazia distinção de regime ao estatuir
a regra.
Adotando a segunda corrente, o Tribunal Superior do Trabalho editou a
Súmula nº 390, firmando os seguintes entendimentos:

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a) o servidor público celetista da administração direta, autárquica ou


fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CRFB;
b) ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia
mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é
garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CRFB.

Com o advento da EC nº 19/1998, o entendimento constante do item “a”


não mais encontra guarida no art. 41, da CRFB, pois a estabilidade passou a
depender de a nomeação ser para cargo de provimento efetivo, o que
claramente exclui a admissão no regime de emprego público.
Contudo, a necessidade de respeito à segurança jurídica fez com que o
Supremo Tribunal Federal deixasse assentando que a novidade somente seria
aplicável aos que ingressaram na administração direta, autárquica e fundacional
dos entes federados após o dia 05.06.1998, data da promulgação da EC nº
19/1998 (AI 472685 AgR). Assim, temos como possíveis as seguintes
situações:
a) os servidores públicos celetistas admitidos na administração direta,
autárquica e fundacional até o dia 05.06.1998 são beneficiários da
estabilidade prevista no art. 41 da CRFB;
b) os servidores públicos celetistas admitidos na administração direta,
autárquica e fundacional após o dia 05.06.1998 não são beneficiários da
estabilidade prevista no art. 41 da CRFB;
c) os servidores públicos celetistas admitidos em sociedades de
economia mista e empresas públicas não são beneficiários da
estabilidade prevista no art. 41 da CRFB, independentemente da data da
sua admissão.

O próprio TST já se curvou à orientação da Suprema Corte, passando a


adotar os mesmos limites materiais e temporais (RR 208800-
50.2003.5.02.0033).
Importante destacarmos que, em caráter excepcional, a CRFB assegurou a
estabilidade também “aos servidores públicos civis da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das
fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há
pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos por
concurso público” (art. 19, do ADCT).

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Ressaltamos que a efetividade não se confunde com a estabilidade.


A efetividade é a situação jurídica daquele que ocupa cargo de provimento
efetivo. Os cargos de provimento efetivo são os que só podem ser titularizados
por servidores estatutários, cuja nomeação depende da aprovação em concurso
público. No momento em que o servidor ingressa no serviço público, ocupando
cargo de provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Contudo, o
referido servidor efetivo só terá a garantia de permanência no serviço público
(estabilidade) depois de três anos de exercício.
Além das questões já ressaltadas, a EC nº 19/1998 trouxe significativas
alterações na estabilidade dos servidores públicos, quais sejam:
a) aumentou o prazo necessário para aquisição da estabilidade, que
antes era de dois anos e passou a ser de três anos de efetivo exercício;
b) previu como condição obrigatória para a aquisição da estabilidade que
o servidor sofresse uma avaliação especial de desempenho realizada por
comissão instituída para essa finalidade;
c) previu mais duas hipóteses de perda do cargo pelo servidor estável,
como será visto em seguida.

A estabilidade não é uma garantia absoluta. A própria CRFB prevê que o


servidor estável perderá o seu cargo nas seguintes hipóteses:
a) em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
b) mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
defesa;
c) mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na
forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (acrescentada pela
EC nº 19/1998);
d) no caso de o Poder Público não cumprir os limites de gastos com
pessoal previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal – LC nº 101/2001
(acrescentada pela EC nº 19/1998).

Nesse último caso, antes de exonerar o servidor estável, o poder público


deverá tomar as seguintes medidas, na seguinte ordem (CRFB, art. 169, §§ 1º
e 2º):
1) reduzir em pelo menos 20% as despesas com cargos em comissão e
funções de confiança;
2) exoneração de todos os servidores não estáveis.

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Se as medidas anteriores não surtirem o efeito desejado, aí sim poderão


ser exonerados os servidores estáveis, por motivo de excesso de quadro. A
perda do cargo será antecedida por ato normativo motivado de cada Poder,
especificando a atividade funcional, o órgão ou a unidade administrativa objeto
da redução de pessoal (art. 169, § 4º). O servidor que perder o cargo em razão
de excesso de quadro fará jus à indenização correspondente a um mês de
remuneração por ano de serviço (art. 169, § 4º).
Como decorrência da estabilidade, o servidor estável terá direito à
reintegração, à disponibilidade ou ao aproveitamento, conforme o caso (art. 41,
§§ 2º e 3º, da CRFB).
A reintegração é o reingresso do servidor estável no cargo anteriormente
ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua
demissão por decisão administrativa ou judicial. Na hipótese de o cargo anterior
já estar ocupado por outro servidor estável, o seu eventual ocupante será
reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização, aproveitado em
outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
Já no caso de o cargo de origem do servidor a ser reintegrado tiver sido
extinto, o reintegrando será posto em disponibilidade.
A disponibilidade é o direito de inatividade remunerada, assegurado ao
servidor estável, na hipótese de extinção de seu cargo ou declaração de sua
desnecessidade. Durante o período em que o servidor estável ficar em
disponibilidade, terá direito a perceber remuneração proporcional ao tempo de
serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo (art. 41, § 3º).
O aproveitamento é o retorno à atividade do servidor em disponibilidade,
que se dará obrigatoriamente em cargo de atribuições e vencimentos
compatíveis com o anteriormente ocupado.

9.1 - Estágio probatório


O estágio probatório é o período de exercício do servidor durante o qual a
Administração apura a conveniência ou não de sua permanência no serviço
público, mediante a verificação do cumprimento dos requisitos estabelecidos na
lei para a aquisição da estabilidade.
Segundo a Lei nº 8.112/1990, que disciplina o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, durante o estágio probatório o servidor terá
avaliada a sua aptidão e capacidade para o desempenho do cargo, observados
os seguintes fatores (art. 20, incisos I a V):

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a) assiduidade;
b) disciplina;
c) capacidade de iniciativa;
d) produtividade;
e) responsabilidade.

Embora o servidor em estágio probatório ainda não tenha adquirido


estabilidade, a jurisprudência do STJ e do STF vem entendendo que a sua
exoneração em razão de insuficiência de desempenho deve ser precedida da
instauração de processo administrativo, em que seja assegurado o direito à
ampla defesa e ao contraditório. Contudo, nessa hipótese não se faz necessária
a instauração de processo administrativo disciplinar (PAD), sendo suficiente a
abertura de sindicância, em que sejam respeitados os princípios do
contraditório e da ampla defesa (STJ, RMS 22.567; Súmula nº 21/STF).
A EC nº 41/1998 aumentou o prazo de aquisição da estabilidade para três
anos (anteriormente eram dois anos). O STF e o STJ vêm adotando o
entendimento de que estágio probatório é o período compreendido entre a
nomeação e a aquisição de estabilidade no serviço público, no qual são
avaliadas a aptidão, a eficiência e a capacidade do servidor para o efetivo
exercício do cargo respectivo. Com efeito, o prazo do estágio probatório dos
servidores públicos deve observar a alteração promovida pela EC nº 19/1998 no
art. 41, da CRFB, no tocante ao aumento do lapso temporal para a aquisição da
estabilidade no serviço público para três anos, visto que, apesar de institutos
jurídicos distintos, encontram-se pragmaticamente ligados (STF, AI 754802
AgR-ED, Rel. Min. Gilmar Mendes; STJ, MS 12523/DF, Rel. Min. Felix Fischer).
A avaliação do servidor durante o período de estágio probatório deve ser
efetiva, o que pressupõe o efetivo exercício do servidor. Assim, durante o
período de estágio probatório, em caso de eventuais afastamentos do servidor
em decorrência de licenças, o prazo de avaliação deve ser prorrogado pelo
mesmo período do afastamento ou licença, de modo a permitir o cumprimento
do período de avaliação previsto no art. 41 da CRFB (STJ, RMS 19884/DF). Por
semelhante motivo, a Corte da Cidadania já decidiu que em caso de cessão do
servidor para outro órgão ocorre suspensão da contagem do prazo de três anos
de estágio probatório (STJ, RMS 23689/RS, DJe 07.06.2010).
O servidor não aprovado em estágio probatório será exonerado ou, se
estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado.

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O direito à recondução aplica-se também aos casos do servidor estável


que, durante o período de estágio probatório em novo cargo, resolver por
decisão própria retornar ao cargo anterior, mesmo que o seu desempenho no
novo cargo tenha sido considerado satisfatório. Todavia, o direito à recondução
só persiste enquanto o servidor estiver sendo submetido ao estágio probatório
no novo cargo, conforme já decidiu o STF (MS 24543, Rel. Min. Carlos Velloso,
DJ 12.09.2003). Destarte, não é permitido que o servidor estável requeira a
recondução ao cargo anterior após a conclusão do período de estágio
probatório.
Por fim, é importante registrar que o STF já decidiu que “a simples
circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não é
justificativa para demissão com fundamento na sua participação em movimento
grevista por período superior a trinta dias”. Com efeito, a ausência de
regulamentação do direito de greve não transforma os dias de paralisação em
movimento grevista em faltas injustificadas (RExt 226966, Rel.(a) p/ Acórdão
Min. Carmem Lúcia, DJe 21.08.2009).

10 - Vitaliciedade
A vitaliciedade é uma garantia de permanência no serviço público conferida
a agentes públicos que titularizam cargos de provimento vitalício.
Atualmente, os cargos vitalícios são os seguintes:
a) magistrados (CRFB, art. 95, I);
b) membros do Ministério Público (art. 128, § 5º, I, “a”);
c) membros dos Tribunais de Contas (art. 73, § 3º).

A vitaliciedade aproxima-se à estabilidade, pois ambas consistem em


garantia de o servidor permanecer no quadro funcional. A principal diferença
entre os dois institutos está no fato de que o servidor que gozar de vitaliciedade
só perderá o cargo em razão de sentença judicial transitada em julgado,
diferentemente da estabilidade, que admite a perda do cargo por outras formas.

11 - Sistema remuneratório dos Agentes Públicos


O sistema remuneratório dos servidores públicos (em sentido amplo) é
composto por três categorias jurídicas distintas, a saber:
a) o salário;
b) os vencimentos; e

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c) o subsídio.

O salário é a contraprestação pecuniária paga aos empregados públicos,


regidos pela CLT.
Os vencimentos (no plural) é a modalidade remuneratória da maioria dos
servidores submetidos a regime jurídico estatutário. Os vencimentos são
compostos por duas parcelas: o vencimento (no singular) e as vantagens
pecuniárias.
O vencimento (também chamado de vencimento-base ou vencimento-
padrão) é a retribuição pecuniária paga em decorrência do exercício das
funções relativas ao cargo. O vencimento se constitui no núcleo remuneratório
do servidor, correspondendo ao padrão remuneratório do cargo público.
Além do vencimento-base, em decorrência de determinada situação fática
prevista na lei, o servidor poderá fazer jus a certas vantagens pecuniárias
(gratificações, adicionais, abonos, entre outras espécies remuneratórias). O
somatório do vencimento-base e das vantagens pecuniárias de natureza
permanente pagas ao servidor é chamado de remuneração ou vencimentos (no
plural).
Por fim, existe uma terceira figura remuneratória, prevista apenas para
algumas categorias de servidores públicos, que foi introduzida pela EC nº
19/1998: o subsídio. O subsídio caracteriza-se por ser um estipêndio fixado
em parcela única, sendo vedado o acréscimo a este de outras vantagens
pecuniárias, como gratificações, adicionais, abonos, prêmios, verbas de
representação ou outra espécie remuneratória.
Todavia, a norma que prevê o pagamento do subsídio para algumas
categorias de servidores públicos (art. 39, § 4º, CRFB) deve ser interpretada de
forma harmônica com a norma que estende a estes alguns direitos sociais (art.
39, § 3º, CRFB). Destarte, as parcelas pecuniárias correspondentes aos direitos
sociais mencionados no art. 39, § 3º, da Constituição Federal devem ser
acrescidas à denominada “parcela única”, a exemplo do adicional de férias, do
13º salário, do acréscimo relativo às horas extraordinárias e do adicional
noturno. Além disso, quaisquer vantagens de natureza indenizatória também
devem ser pagas aos agentes remunerados por subsídio (a exemplo de diárias
e ajudas de custo), uma vez que esse tipo de verba se destina apenas a
compensá-lo pelas despesas que efetuaram em decorrência do exercício de
suas atribuições, evitando que haja enriquecimento sem causa do Estado.

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De acordo com a Constituição Federal, a remuneração por subsídio é


obrigatória para as seguintes categorias de agentes públicos:
a) Membros de Poder (chefes dos Poderes Executivos, senadores,
deputados, vereadores, magistrados), detentores de mandato eletivo (a
expressão é redundante já que estes também são Membros de Poder),
Ministros de Estado e Secretários Estaduais e Municipais (art. 39, § 4º);
b) Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas (art. 73, § 3º);
c) Membros do Ministério Público (art. 128, § 5º, I, “c”);
d) integrantes das carreiras pertencentes à Advocacia-Geral da União, à
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, às Procuradorias dos Estados e do
Distrito Federal e às Defensorias Públicas da União, Distrito Federal e
Territórios e Defensorias Públicas Estaduais (art. 135);
e) servidores policiais integrantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos
de Bombeiros Militares (art. 144, § 9º).

Além dos casos em que o subsídio é obrigatório, a Constituição Federal


prevê que facultativamente poderão ser remunerados mediante subsídios
os servidores públicos organizados em carreira (art. 39, § 8º). Nesses
casos, cabe às leis de cada ente federativo definir quais as carreiras que serão
remuneradas por subsídio e quais as que serão remuneradas por vencimentos.

11.1 - Fixação e alteração da remuneração e do subsídio


O inciso X do art. 37 da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº
19/1998, contém a seguinte regra a respeito da fixação e alteração da
remuneração de servidores públicos:
X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º
do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual,
sempre na mesma data e sem distinção de índices.
Verifica-se, portanto, que a fixação ou alteração de remuneração de
servidores públicos somente pode ser feita por meio de lei específica. Em
consonância com essa regra, o STF editou as seguintes Súmulas:
Súmula Vinculante nº 37 (resultante da conversão da antiga
Súmula 339): “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
fundamento de isonomia”.

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___
Súmula nº 679: “A fixação de vencimentos dos servidores públicos não
pode ser objeto de convenção coletiva”.

A Constituição Federal consigna, em diversos dispositivos, regras quanto à


competência privativa para a iniciativa das leis que tratam da remuneração de
servidores, a qual varia de acordo com o caso.
Vale a pena registrar que, no caso da fixação de subsídio dos Deputados
Federais, Senadores, Presidente e Vice-Presidente da República e Ministros de
Estado, a competência é exclusiva do Congresso Nacional, não necessitando a
norma de sanção presidencial. Por isso mesmo, a norma que fixa o subsídio
nesses casos não é propriamente uma lei, mas um ato interno do próprio
Congresso Nacional, chamado de decreto legislativo.
Digna de referência também a polêmica existente questão em relação à
competência para legislar sobre remuneração dos servidores da polícia civil, da
polícia militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, se seria da
União ou do Distrito Federal. A matéria gerou polêmica em virtude de a
Constituição Federal prescrever que compete à União organizar e manter a
polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal
(CRFB, art. 21, XIV) e, em aparente contrassenso, entregar tais forças ao
comando do Governador (CRFB, art. 144, § 6º). Atualmente, a controvérsia foi
sanada pelo Supremo Tribunal Federal, que editou a SV nº 39, asseverando
que: “compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros
das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal”.
O art. 37, X, da CRFB assegura a revisão geral anual da remuneração
dos servidores, sempre na mesma data e sem distinção de índices.
Para efeito de reajuste da remuneração de servidores, cumpre distinguir a
“revisão geral anual” da “revisão específica”. A revisão geral é um reajuste
anual genérico, cujo objetivo é repor as perdas inflacionárias do período de todo
o universo dos servidores. A revisão geral anual pressupõe o atendimento aos
seguintes requisitos:
• lei específica, cuja iniciativa cabe a cada um dos chefes do Executivo;
• caráter genérico da revisão, atingindo todos os servidores, inclusive os do
Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas;
• periodicidade anual da revisão;
• índices revisionais idênticos para todos os servidores.

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Já a revisão específica atinge apenas alguns cargos ou carreiras funcionais,


tendo por objetivo evitar a defasagem remuneratória entre determinado
profissional do setor público e o seu equivalente no setor privado. A distinção
entre revisão geral e revisão específica importa também para efeito da iniciativa
de lei. Tratando-se de revisão geral, conforme já decidiu o STF, a iniciativa de
lei compete aos chefes dos respectivos Poderes Executivos, enquanto na revisão
específica a iniciativa da lei deverá observar as mesmas regras de competência
exigidas para fixação da remuneração dos servidores, conforme visto na tabela
anterior.

11.2 - Irredutibilidade de vencimentos e subsídios


O art. 37, XV, da CRFB assegura a irredutibilidade de vencimentos e
subsídios. A proteção alcança tanto os ocupantes de cargos públicos (inclusive
os de comissão – RExt 378.932) quanto os empregados públicos (celetistas).
Além disso, segundo o entendimento do STF, configura agressão ao princípio o
aumento da carga horária a que está submetido o servidor sem o
correspondente aumento de remuneração (ARE 660.010), uma vez que isso
resultaria em diminuição do valor da hora trabalhada. Dito de outro modo, o
princípio da irredutibilidade protege também contra a redução do valor do
“salário-hora”.
A Constituição protege o servidor apenas contra a redução direta dos
vencimentos, ou seja, contra norma que pretenda estipular remuneração
inferior à que já fora estabelecida anteriormente. De outro lado, não há
proteção contra as reduções indiretas de remuneração que podem ocorrer em
razão:
a) da inflação de preços; ou
b) do aumento de tributos (ex.: aumento do imposto de renda ou da
contribuição previdenciária).

O princípio da irredutibilidade não protege individualmente cada parcela


que compõe a remuneração do servidor, sendo entendimento consolidado da
Suprema Corte o de que não há direito adquirido a regime jurídico ou à fórmula
de composição da remuneração dos servidores públicos, desde que assegurada
a irredutibilidade dos vencimentos (RExt 563.965). É possível, portanto, a
extinção ou redução de gratificação inerente ao exercício do cargo, mas desde
que isso não implique em redução do montante total a ser pago. Contudo, caso

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a lei não observe tal regra e resulte em decréscimo remuneratório, a eventual


diferença entre a remuneração antiga e a nova deverá ser paga de maneira
destacada, sob a forma de “parcela absorvível” (também chamada de
“vantagem pessoal nominalmente identificável”). Nessa hipótese, a parcela
deverá ser reduzida gradativamente ao longo do tempo, na mesma medida em
que os vencimentos forem reajustados, até que desapareça por completo.
Raciocínio semelhante se aplica às parcelas incorporadas à remuneração do
servidor a título de “estabilidade financeira”, como decorrência do exercício, por
determinado período de tempo, de cargo em comissão ou função comissionada,
conforme previsto em alguns estatutos de servidores públicos. Assim, é possível
que uma lei desvincule o reajuste das parcelas de estabilidade dos cargos ou
funções que as originaram, passando a submetê-las aos critérios de revisões
gerais dos vencimentos do funcionalismo, conforme já se manifestou o STF (Ag.
Rg no AI 659.910).
Todavia, a eventual mudança na forma de cálculo das parcelas não pode
resultar em decréscimo remuneratório, ou seja, o servidor não pode receber
nominalmente menos do que auferia antes da alteração.
Ainda em razão da regra contida no art. 37, XV, da CRFB, e também em
virtude de não haver direito adquirido à fórmula de composição da
remuneração, o STF reconheceu que é possível a transformação dos estipêndios
dos policiais federais em subsídio (fixado em “parcela única”), desde que não
haja decesso remuneratório (Ag. Reg. no ARE 969.559/SP).

11.3 - Limites de remuneração de servidores


A remuneração do servidor se submete aos limites: mínimo e máximo.
No tocante ao valor mínimo, a Constituição assegura aos servidores
públicos a mesma garantia conferida aos trabalhadores em geral, de que a
remuneração percebida não pode ser inferior ao salário mínimo. Essa garantia é
referente ao total da remuneração percebida, e não em relação ao vencimento-
base, conforme o STF já deixou assentado na SV 16. Assim, nada impede, por
exemplo, que o vencimento-base de um cargo seja fixado em R$ 100,00, desde
que, somadas todas as outras verbas devidas ao servidor (acréscimos,
adicionais e gratificações), o montante total percebido seja igual ou superior ao
salário mínimo.
A garantia do salário mínimo, contudo, não foi assegurada pela
Constituição Federal aos militares. No entendimento do STF, a obrigação do
Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais
para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas.

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Os militares, portanto, são enquadrados num regime que não se confunde com
aquele aplicável aos servidores civis, visto que têm direitos, garantias,
prerrogativas e impedimentos próprios (RExt 570177/MG).
Consolidando o entendimento, a Suprema Corte editou a SV nº 6, em que
se afirma textualmente que “não viola a Constituição o estabelecimento de
remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço
militar inicial”.
No tocante ao limite máximo, a regra do teto remuneratório foi
estabelecida pelo art. 37, XI, da CRFB, com redação dada pela EC nº 41/2003.
Estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza. Já as parcelas de caráter indenizatório
não serão computadas para efeito de cálculo do teto remuneratório (art. 37, §
11, da CRFB).
A regra do teto remuneratório também se aplica às empresas públicas e
às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37,
§ 9º, da CRFB). Contudo, se essas entidades não receberem recursos públicos
para pagamento de despesas de custeio e de pessoal, seus empregados não
estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no art. 37, XI, da CRFB.
De acordo com esse dispositivo constitucional, existe um teto geral
remuneratório aplicado a todos os Poderes da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios: o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além
desse teto geral, existem tetos específicos (ou subtetos) para os Estados,
Distrito Federal e Municípios.
Na esfera estadual e distrital, a remuneração dos agentes públicos,
além de não poder exceder o subsídio mensal dos Ministros do STF, também
não pode ultrapassar os seguintes limites:
a) No âmbito do Poder Executivo: o subsídio do Governador;
b) No âmbito do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Estaduais e
Distritais;

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c) No âmbito do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargadores do


Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos Ministros do
STF. Este limite também se aplica aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos, embora não integrem o Poder
Judiciário.

No tocante aos Estados e ao Distrito Federal, a Constituição Federal, no


art. 37, § 12 (com redação incluída pela EC nº 47/2005), facultou a cada um
desses entes fixar, em seu âmbito, um limite remuneratório local único, qual
seja: o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de
Justiça (limitado este a 90,25% do subsídio dos Ministros do STF). Caso os
Estados ou Distrito Federal pretendam adotar o subteto único, deverão fazê-lo
por meio de emenda às respectivas Constituições estaduais ou à Lei
Orgânica do Distrito Federal. Todavia, de acordo com a Constituição Federal,
o limite local único não se aplica aos subsídios dos Deputados Estaduais e
Distritais e dos Vereadores.
Registre-se, por oportuno, que, no julgamento da ADI 3854 MC/DF, o STF,
por maioria, concedeu medida liminar para, dando interpretação conforme a
Constituição ao art. 37, XI e § 12, da Constituição da República, excluir a
submissão dos membros da magistratura estadual ao subteto de
remuneração. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, seria
inconstitucional o estabelecimento de limites remuneratórios diferenciados entre
magistrados estaduais e federais por ofensa ao princípio da isonomia.
Registramos, contudo, que no âmbito do Poder Judiciário estadual a exclusão da
regra de teto somente beneficia os magistrados, dela não se beneficiando
os demais servidores.
Por fim, na esfera municipal, a remuneração dos agentes públicos, além
de não poder exceder o teto geral, também não pode exceder o subsídio do
Prefeito (subteto municipal).
A Constituição traz, ainda, a regra de que “os vencimentos dos cargos do
Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
pelo Poder Executivo” (art. 37, XII, da CRFB). Tal norma, no entanto, parece
ser de pouca aplicação, já que possui conteúdo genérico, ao contrário da
previsão contida no art. 37, XI, da CRFB, que estabelece limites precisos para
os tetos remuneratórios.

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11.4 - Vedação à vinculação e à equiparação de


remunerações
O art. 37, XIII, da CRFB contém mandamento que proíbe a vinculação
ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público. A regra em questão é bem ampla;
atinge qualquer cargo, emprego ou função pública e qualquer espécie
remuneratória.
Equiparar é dar tratamento igual a coisas distintas. Tratando-se de
remuneração, significa estabelecer em lei que determinado cargo terá a mesma
remuneração de outro. Seria caso de equiparação de remuneração uma
disposição legal estabelecendo que “o cargo de auxiliar de serviços gerais terá o
mesmo vencimento básico do cargo de auxiliar administrativo”.
Diante do exemplo, fica fácil perceber que a equiparação vedada pelo texto
constitucional é aquela que gera repercussão automática do aumento de
remuneração do cargo parâmetro na do cargo a ele equiparado. Contudo, não
há equiparação quando a lei fixa a mesma remuneração para dois cargos
distintos, sem estabelecer qualquer relação de dependência entre a
remuneração de um cargo e do outro.
A vinculação é gênero, da qual a equiparação é espécie, compreendendo
todo e qualquer mecanismo de que resulte em reajustes automáticos da
remuneração de servidores em virtude da variação de determinado parâmetro.
Como vimos, a equiparação é uma vinculação cujo parâmetro é a remuneração
de outro cargo. Ocorreria também equiparação (e, na prática, o termo é usado
mais para se referir a esses casos) quando uma hipotética lei estabelecesse que
“os servidores terão direito a reajuste automático do vencimento básico de
acordo com a variação do Índice de Preços ao Consumidor”.
Com efeito, o STF deixou assentado na Súmula Vinculante nº 42 que: “É
inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores
estaduais ou municipais a índices federais de correção monetária”.
Registre-se que, a título de exceção a regra, se aceita a vinculação ou a
equiparação de remunerações apenas nos casos estabelecidos expressamente
pela Constituição. Nesse sentido, admite-se, por exemplo:
a) a equiparação de vencimentos e vantagens entre os Ministros do TCU
e do STJ (CRFB, art. 73, § 3º);
b) a vinculação entre o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores e
o subsídio mensal fixado para os Ministros do STF (CRFB, art. 93, V).

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11.5 - Vedação ao “efeito repique”


O art. 37, XIV, da CRFB contém a seguinte norma:
XIV – os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão
computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores.

O objetivo da regra é evitar que um acréscimo pecuniário incida (repique)


sobre outros acréscimos já concedidos, ou seja, que um acréscimo componha a
base de cálculo de outro. Por conseguinte, qualquer adicional ou gratificação só
pode incidir sobre o vencimento básico.

11.6 - Pagamento a maior e pagamento em atraso


Há casos em que a Administração Pública realiza certos pagamentos para
seus servidores e os valores pagos acabam sendo posteriormente considerados
indevidos ou maiores que os efetivamente devidos.
De acordo com o princípio geral que veda o enriquecimento sem causa,
àquele que recebe uma importância que não lhe é devida impõe-se a restituição
do valor recebido a quem realizou o pagamento indevido. No entanto, tratando-
se de pagamentos de verbas alimentícias feitas pela Administração, há outros
aspectos a serem considerados.
Em primeiro lugar, o servidor deposita uma legítima confiança no sentido
de que, se a Administração somente pode agir de acordo com a lei (princípio da
legalidade), se ela age, ela o faz nos estritos termos legais. Por conseguinte, é
natural que, ao receber um pagamento feito pelo Poder Público, o servidor de
boa-fé presuma que o valor lhe é legalmente devido. Em segundo lugar, as
verbas pagas normalmente possuem natureza alimentar, submetendo-se a
especial regime jurídico protetivo por se destinarem à subsistência do servidor.
Conjugando-se esses dois elementos, o Judiciário tem afirmado como regra que
não são restituíveis as importâncias de caráter alimentar pagas indevidamente
pela Administração a servidor de boa-fé (STJ, AgRg no REsp 1.285.129).
Registramos, contudo, que para tal raciocínio ser legitimamente aplicável é
indispensável que o erro cometido pela Administração na interpretação da lei
seja escusável (desculpável), pois, quando esta comete erro grosseiro, que
salta aos olhos, a própria boa-fé do servidor pode ser objeto de discussão.
Sintetizando o raciocínio ora explanado, o Tribunal de Contas da União
editou a Súmula nº 249, em que se afirma:

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“É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de


boa-fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro
escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte
de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão,
à vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter
alimentar das parcelas salariais”.

12 - Direitos e garantias dos trabalhadores em geral


aplicáveis aos servidores públicos
O art. 39, § 3º, da Constituição Federal estende aos servidores ocupantes
de cargos públicos uma boa parte dos direitos sociais conferidos
constitucionalmente aos trabalhadores da iniciativa privada, a saber:
o salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
o garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável;
o décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da
aposentadoria;
o remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
o salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa
renda nos termos da lei;
o duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da
jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
o repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
o remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta
por cento à do normal;
o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do
que o salário normal;
o licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração
de cento e vinte dias;
o licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
o proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei;
o redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;

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o proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de


admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

Além dos direitos sociais previstos constitucionalmente para os servidores


ocupantes de cargos públicos, há vários outros previstos nos diversos estatutos
funcionais, a exemplo de licenças, auxílios pecuniários etc. Ademais, os
estatutos funcionais estabelecem as condições de exercício desses direitos. Por
exemplo, no caso de férias, o estatuto funcional pode conter estipulação quanto
à venda de parte do período, quanto à oportunidade de gozo etc.

13 - Regime previdenciário
O art. 40 da Constituição Federal assegura aos servidores públicos titulares
de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
regime de previdência de caráter contributivo e solidário.
O dispositivo constitucional disciplina o chamado “regime previdenciário
próprio dos servidores públicos estatutários” (RPPS). Deve-se destacar que
somente os servidores públicos estatutários efetivos se sujeitam às regras
do RPPS.
Assim, ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, aos empregados públicos e
aos contratados temporariamente aplica-se o regime geral de previdência social
(RGPS) previsto no art. 201 da Constituição Federal (CRFB, art. 40, § 13º).
Caso o servidor estatutário efetivo ocupe também cargo comissionado,
contribuirá apenas para o RPPS. Nessa situação, o valor da remuneração do
cargo em comissão não integrará a base de cálculo da contribuição devida
àquele regime.
Além do disposto no art. 40 da CRFB, o RPPS, no que couber, observará os
requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social (art. 40,
§ 12).
Cumpre registrar que as normas constitucionais referentes ao RPPS
sofreram sucessivas modificações pelas EC nos 20/1998, 41/2003 e 47/2005. A
análise que faremos já incorpora as alterações promovidas pelas mencionadas
Emendas Constitucionais.
O RPPS possui caráter contributivo e solidário, devendo ser mantido
mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e

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inativos e dos pensionistas. As contribuições referidas anteriormente deverão


preservar o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema.
Entre os benefícios custeados pelo RPPS estão as aposentadorias e as
pensões.
A aposentadoria é o benefício previdenciário pago ao servidor, em razão da
sua passagem para a inatividade, uma vez preenchidos os requisitos legais.
A pensão é o benefício pago aos dependentes do servidor, em razão do seu
falecimento.
Dentre as regras constitucionais aplicáveis atualmente ao RPPS,
destacamos as seguintes:
a) Proibição de contagem de tempo de contribuição fictício:
Desde o advento da EC nº 20/1998, a contagem do tempo necessário para
aposentadoria do servidor deixou de adotar como referência o “tempo de
serviço”, passando a se basear no “tempo de contribuição”. Além disso, tal
tempo de contribuição passou a ser necessariamente efetivo, ficando vedada
qualquer contagem de tempo fictício (CRFB, art. 40, § 10).
Antes do advento da vedação, eram comuns, nos estatutos de servidores
públicos, situações em que se permitia a contagem de um tempo de serviço que
não existira efetivamente, decorrendo exclusivamente de uma ficção legal. A
título de exemplo, algumas leis previam que, após um determinado período de
efetivo exercício sem registro de faltas (em regra, cinco ou dez anos), o
servidor teria direito a uma “licença-prêmio por assiduidade”. O prazo da
licença era, em geral, de três ou seis meses, a depender do período aquisitivo.
No entanto, o servidor que optasse por não gozar da licença poderia computar
em dobro o respectivo período para efeito de aposentadoria. Assim, o servidor
com direito a licença-prêmio de seis meses não gozada poderia somar o período
de 12 (doze) meses ao seu tempo de serviço, reduzindo o tempo necessário
para aposentação. Fica fácil perceber que esse período não se verificou no
mundo concreto, de forma que a regra acabava por contribuir para o
desequilíbrio do sistema previdenciário, antecipando a aposentadoria para
diversos servidores. Com a mudança ora estudada, tal cômputo está
constitucionalmente vedado.
b) Cálculo dos proventos de aposentadoria:
A EC nº 41/2003 acabou com a aposentadoria com proventos integrais, na
qual os proventos eram calculados com base na última remuneração do
servidor. Atualmente, os proventos são calculados a partir de uma média das

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remunerações sobre a qual o servidor contribuiu para os regimes de previdência


ao longo de sua vida (CRFB, art. 40, § 3º). Registre-se que todos os valores da
remuneração considerados para o cálculo dos proventos de aposentadoria serão
devidamente atualizados, na forma da lei (CRFB, art. 40, § 17).
Além disso, “os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de
sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no
cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
concessão da pensão” (CRFB, art. 40, § 2º).
A regra anterior tem por objetivo evitar que eventualmente, em razão da
atualização das remunerações utilizadas para efeito de cálculo do benefício
previdenciário, o valor dos proventos ou das pensões seja fixado em patamares
superiores aos das remunerações que os servidores receberiam se estivessem
em atividade.
Ainda, com o objetivo de diminuir os gastos com o pagamento de
aposentadorias, a Constituição veda a percepção de mais de uma aposentadoria
à conta do regime próprio de previdência (RPPS), ressalvada a possibilidade de
acumular aposentadorias se os cargos no qual o servidor se aposentou forem
acumuláveis na forma prevista na Constituição (art. 40, § 6º).
Registre-se que o teto remuneratório previsto no art. 37, XI, da CRFB deve
ser respeitado em relação à soma total dos proventos de inatividade, inclusive
quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como
de outras atividades sujeitas à contribuição para o regime geral de previdência
social. Esse limite também é aplicado ao montante resultante da adição de
proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma da
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração, e de cargo eletivo (CRFB, art. 40, § 11).
c) Cálculo do valor das pensões:
A EC Nº 41/2003 instituiu um redutor sobre o valor das pensões pagas à
custa do RPPS que ultrapassarem o limite máximo para os benefícios do RGPS.
Com efeito, de acordo com o art. 40, § 7º, I e II, da CRFB, o valor do benefício
da pensão por morte será igual:
I. ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela
excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou
II. ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em
que se deu o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os

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benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,


acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso
em atividade na data do óbito.
d) Forma de reajuste dos benefícios:
A EC nº 41/2003 suprimiu a garantia de paridade entre os proventos de
aposentadoria e pensões e a remuneração percebida pelos servidores ativos do
mesmo cargo. Segundo a regra anterior, os proventos e as pensões seriam
revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que fosse modificada a
remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos
aposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando
decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se
deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
De acordo com a nova regra, será assegurado apenas o reajuste dos
benefícios, em caráter permanente, com o objetivo de preservar-lhes o valor
real, conforme critérios estabelecidos em lei (CRFB, art. 40, § 8º). A mudança
objetivou conferir ao Poder Público uma maior liberdade para a reestruturação
de carreiras, com aumento de remuneração para determinadas categorias, uma
vez que a repercussão financeira não mais refletirá sobre os servidores inativos.
Ressaltamos, contudo, que a EC nº 70/2012 restaurou a paridade
especificamente para os casos de aposentadoria por invalidez decorrente de
acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa
ou incurável de servidor que tenha ingressado no serviço público até o dia
31/12/2003, data da publicação da Emenda Constitucional 41/2003, em cujo
texto foi inserida a novidade. Para os que ingressarem após aquela data, é
aplicável a regra geral de correção, prevista no art. 40, § 8º, da CRFB.
e) Contribuições dos aposentados e pensionistas e abono de
permanência:
A EC nº 41/2003 previu a instituição de contribuição dos aposentados e
pensionistas para o RPPS. De acordo com a nova regra, incidirá contribuição
sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo RPPS que
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
para os servidores titulares de cargos efetivos (CRFB, art. 40, § 18).
É importante registrar que o art. 4º da EC nº 41/2003 estabelecia uma
base de cálculo mais gravosa para a contribuição daqueles que à época da
publicação da referida Emenda Constitucional já eram inativos ou pensionistas,

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ou já tinham direito adquirido ao benefício, do que aquela prevista no art. 40, §


18, da CRFB, aplicável aos futuros inativos e pensionistas. Além disso, mesmo
entre os já aposentados ou pensionistas e beneficiários do direito adquirido, foi
prevista uma diferenciação das bases de cálculo, sendo estas mais onerosas
para os vinculados aos regimes próprios dos Estados, Municípios e Distrito
Federal e mais leve para os associados ao da União. Contudo, no julgamento da
ADI 3.105, considerou inconstitucional tal distinção, deixando claro que a base
de cálculo das contribuições dos servidores públicos aposentados e pensionistas
deve ser idêntica em qualquer caso, ou seja, deve incidir apenas sobre o valor
que ultrapassar o teto do RGPS.
Todavia, mais recentemente, a EC nº 47/2005 previu que a contribuição
previdenciária dos aposentados e pensionistas incidirá apenas sobre a parcela
que superar o dobro do teto do RGPS, quando o beneficiário for portador
de doença incapacitante, na forma da lei (CRFB, art. 40, § 21).
A EC nº 41/2003 criou também a figura jurídica do “abono de
permanência”. Com efeito, o servidor que tenha completado as exigências para
aposentadoria voluntária não proporcional, e que opte por permanecer em
atividade, fará jus ao abono, equivalente ao valor de sua contribuição
previdenciária, até completar o limite de idade para a aposentadoria
compulsória, que se dá aos 75 anos (CRFB, art. 40, § 19).
Inicialmente, o incentivo à permanência no serviço público adotou a forma
de isenção da contribuição previdenciária dos servidores que se encontrassem
na situação relatada. Contudo, o modelo de isenção resultava na ausência de
recolhimento de contribuição para os já combalidos cofres da previdência. Com
a nova sistemática, a contribuição é descontada da remuneração do servidor e
recolhida à previdência, mas ele recebe o mesmo valor a título de abono de
permanência, que é pago pela Administração. Assim, o incentivo é mantido sem
qualquer prejuízo ao sistema previdenciário.
f) Instituição de regime de previdência complementar e fixação do
limite dos benefícios igual ao aplicável ao RGPS:
O art. 40, § 14, da CRFB prevê a possibilidade de a União, Estados, Distrito
Federal e Municípios fixarem para as aposentadorias e pensões, a serem
concedidas pelo RPPS, o mesmo valor do teto estabelecido para os benefícios
do RGPS. Contudo, para que isso seja possível, o respectivo ente político deve
obrigatoriamente instituir regime de previdência complementar.
A instituição de regime de previdência complementar para os servidores
efetivos de cada ente dependerá da edição de lei, cuja iniciativa será do chefe

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do respectivo Poder Executivo. O regime de previdência complementar deverá


ficar a cargo de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza
pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios
somente na modalidade de contribuição definida (CRFB, art. 40, § 15).
O servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação
do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar
tem assegurado que somente se submeterá a este regime complementar se
fizer prévia e expressa opção nesse sentido (art. 40, § 16).
Registramos, por fim, que no âmbito da União Federal o regime foi
instituído pela Lei nº 12.618/2013, que previu a criação de três diferentes
Fundações de Previdência Complementar do Servidor Público Federal: uma no
do Poder Executivo (Funpresp-Exe); uma no Legislativo (Funpresp-Leg) e uma
no Judiciário (Funpresp-Jud).

13.1 - Modalidades de aposentadoria


Para o servidor público vinculado ao RPPS existem três modalidades de
aposentadoria:
1) por invalidez;
2) compulsória; e
3) voluntária.

A aposentadoria por invalidez se dá quando o servidor é considerado


inválido permanentemente, hipótese na qual os proventos são proporcionais
ao tempo de contribuição. A exceção se verifica nos casos de a invalidez
decorrer de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
contagiosa ou incurável, na forma da lei (art. 40, § 1º, I), hipóteses em que
a aposentadoria será com proventos integrais. Neste último caso, os servidores
ingressados até o dia 31.12.2003 (data da publicação da EC nº 41/2003, no
texto da qual foram inseridas as mudanças decorrentes da EC nº 70/2012) têm
o direito à paridade; os demais terão apenas o direito ao reajuste dos
benefícios, em caráter permanente, com o objetivo de preservar-lhes o valor
real, conforme critérios estabelecidos em lei (CRFB, art. 40, § 8º).
Já a aposentadoria compulsória ocorre aos 75 anos de idade, com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição (CRFB, art. 40, § 1º, II,
combinado com o art. 2º, da LC nº 152/2015).
A propósito, o STF firmou o entendimento de que “os servidores
ocupantes de cargo exclusivamente em comissão não se submetem à

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regra da aposentadoria compulsória prevista no art. 40, § 1º, II, da


Constituição Federal, a qual atinge apenas os ocupantes de cargo de
provimento efetivo, inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de
nomeação a cargo em comissão” (RExt 786.540). No mesmo julgado, a Corte
também deixou assentado que, “ressalvados impedimentos de ordem
infraconstitucional, não há óbice constitucional a que o servidor efetivo
aposentado compulsoriamente permaneça no cargo comissionado que já
desempenhava ou a que seja nomeado para cargo de livre nomeação e
exoneração, uma vez que não se trata de continuidade ou criação de vínculo
efetivo com a Administração”.
A terceira modalidade de aposentadoria é a aposentadoria voluntária. Para
que o servidor possa requerer aposentadoria voluntária é necessário que
tenha cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no
serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria, e, além disso, que seja observada uma das seguintes
condições (art. 40, § 1º, III, “a” e “b”):
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e
cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade,
se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

Para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício


das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio, os requisitos de idade e contribuição previstos no art. 40, § 1º, III, “a”,
da CRFB serão reduzidos em cinco anos (art. 40, § 5º).
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão
de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo,
ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de
servidores (art. 40, § 4º):
a) portadores de deficiência;
b) que exerçam atividades de risco;
c) cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física.

14 - Legislação pertinente
Constituição Federal

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Art. 37 (...)

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que


preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma
da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em


concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma
vez, por igual período;

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado


em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade
sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de


cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a


necessidade temporária de excepcional interesse público;

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39


somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa
privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
distinção de índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998) (Regulamento)

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos


da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos

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Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco


centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão
ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias


para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados
nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são


irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, §
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de


1998)

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela


Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões


regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas
de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
forma da lei;

(...)

XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores
de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades
e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de
informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 42, de 19.12.2003) (...)

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§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de


economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de
custeio em geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do


art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função
pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos
eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o
inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos
Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
Estaduais e Distritais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de
2005)

Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no


exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu


cargo, emprego ou função;

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função,


sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários,


perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma
do inciso anterior;

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo,


seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção
por merecimento;

V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão


determinados como se no exercício estivesse.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de


sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da
administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº
2.135-4)

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Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de


política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores
designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)

§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema


remuneratório observará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes


de cada carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de


1998)

III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de


1998)

§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a


formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação
nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a
celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII,
VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os


Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional,
abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer
a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do


subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a


aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de
programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a
forma de adicional ou prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)

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§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada


nos termos do § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo


serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma
dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de


contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41, 19.12.2003)

II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70


(setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei
complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015)

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
aposentadoria, observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e


cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,


com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não


poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se
deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão,


serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do
servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma
da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de


aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

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II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de


2005)

III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde
ou a integridade física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco


anos, em relação ao disposto no § 1º, III, "a", para o professor que comprove
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação
infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 15/12/98)

§ 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma


desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
regime de previdência previsto neste artigo. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)

(...)

§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter


permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito


de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de


contribuição fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de
inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de
previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade
com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos


titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
para o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,
de 15/12/98)

§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei


de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
público, aplica-se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam


regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de
cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem
concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os

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benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei
de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes
planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15


poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência
complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício


previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas


pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para
aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no
§ 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para
os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do
respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de


proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o
art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de
doença incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda


Constitucional nº 19, de 1998)

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 19, de 1998)

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II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei


complementar, assegurada ampla defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele


reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em


disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
aproveitamento em outro cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial


de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

****

15 - Mais questões de prova


Para finalizar, vamos resolver mais algumas questões de prova para consolidar o
assunto:

Questão 01 (CEBRASPE, SEFAZ-RS, Auditor do Estado, 2018)


Maria, ocupante do cargo de assistente social do estado do Rio Grande
do Sul, prestou concurso público para o emprego de enfermeira em uma
sociedade de economia mista federal. Há compatibilidade de horários no
exercício cumulativo das duas funções.
Conforme o entendimento do STF, nessa situação Maria
a) não pode acumular as duas funções, pois a Constituição Federal de
1988 (CRFB) apenas permite a acumulação remunerada de cargo público
quando um deles é de nível médio.
b) não pode acumular as duas funções, pois o cargo de assistente social
não é considerado cargo da área da saúde.

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c) pode acumular as duas funções, pois a situação está abarcada nas


hipóteses excepcionais de acumulação remunerada de cargos e
empregos públicos.
d) pode acumular as duas funções, pois a proibição constitucional de
acumulação apenas abarca cargos e empregos no âmbito de um mesmo
ente federativo.
e) pode acumular as duas funções, uma vez que a Constituição Federal
de 1988 (CRFB) permite a acumulação remunerada de um cargo de
profissional de saúde com outro técnico ou científico.
Comentário:
O STF já decidiu que a possibilidade da acumulação de cargos privativos de
profissionais de saúde inclui também os assistentes sociais que exercem suas funções em
unidades de saúde:
1. O assistente social tem sua profissão regulamentada pela Lei nº 8.662/93, a qual
foi caracterizada como de profissional da área de saúde pela Resolução nº 383/99 do
Conselho Federal de Serviço Social (CRFBESS) e pela Resolução nº 218/97 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS). 2. Ao servidor público investido em dois cargos públicos de
assistente social, demonstrada a ausência de choque entre as cargas horárias respectivas,
deve ser assegurado o direito à acumulação dos referidos cargos, porquanto preenchidos
os requisitos exigidos pelo artigo 37, XVI, "c", da Constituição Federal, a saber:
compatibilidade de horários e exercício de cargos privativos de profissionais de saúde, com
profissão regulamentada. (ARE 859682, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em
15/02/2015, publicado em DJe-035 DIVULG 23/02/2015 PUBLIC 24/02/2015).
Gabarito: Letra “c”.
Questão 02 (CEBRASPE, SEFAZ-RS, Auditor do Estado, 2018)
Conforme o STF, no que se refere às carreiras de segurança pública, o
exercício do direito de greve é
a) vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem
diretamente na área de segurança pública.
b) permitido aos servidores públicos civis e aos militares.
c) permitido apenas aos policiais civis, salvo em caso de estado de sítio
e estado de defesa.
d) permitido apenas aos policiais civis que atuem diretamente na área de
segurança pública.
e) vedado aos policiais civis, salvo se essa atividade for suprida por
órgão da iniciativa privada.
Comentário:
O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos
policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de

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segurança pública. ARE 654432/GO, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgamento em 5.4.2017. (ARE-654432).
Gabarito: Letra “a”.
Questão 03 (MPE-SP, Promotor de Justiça Substituto, 2017)
Assinale a alternativa correta.
a) O prazo de validade de concurso público é de dois anos, prorrogável
até o preenchimento de todos os cargos pelos candidatos aprovados.
b) A sujeição do candidato a cargo público a exame psicotécnico fica a
critério discricionário da Administração.
c) Em concurso público, é possível limitar a idade dos candidatos quando
esta limitação se justifica pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.
d) O vencimento dos servidores pode ser determinado por lei ou ser
objeto de convenção coletiva.
e) É possível a vinculação do reajuste de vencimento de servidores
estaduais e municipais a índices federais de correção monetária.
Comentários:
a) INCORRETA. Art. 37. CRFB III - o prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
b) INCORRETA. Súmula 686 STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a
habilitação de candidato a cargo público.
c) CORRETA. Súmula 683 STF: O limite de idade para a inscrição em concurso
público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
d) INCORRETA. Súmula do STF nº 679, “A fixação de
vencimento dos servidores públicos não pode ser objeto de convenção coletiva”.
e) INCORRETA. Súmula Vinculante nº 42 STF: É inconstitucional a vinculação do
reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices federais de
correção monetária.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 04 (CEBRASPE, PGE-SE, Procurador do Estado, 2017)
À luz do entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta
no que tange à disciplina normativa sobre os direitos e deveres dos
servidores e empregados públicos, inclusive quanto ao regime
previdenciário.
a) A contratação temporária de pessoal por tempo determinado é
possível, desde que sejam demonstrados o interesse público profissional

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e a imprescindibilidade da contratação, ainda que a excepcionalidade dos


casos não esteja prevista em lei.
b) Norma estadual que preveja a redução de vencimentos de servidores
públicos afastados de suas funções enquanto estes responderem a
processo criminal não violará a cláusula constitucional de irredutibilidade
de vencimentos.
c) Ocorre, em cinco anos, a prescrição do fundo do direito quanto à
pretensão do servidor público de pleitear a cobrança de remuneração
não paga pelo poder público.
d) O candidato aprovado em concurso público cuja classificação entre as
vagas oferecidas no edital se der em razão da desistência de candidatos
mais bem classificados no certame não terá direito subjetivo à
nomeação.
e) A percepção do adicional de periculosidade por servidor público não
constitui elemento suficiente para o reconhecimento do direito a
aposentadoria especial.
Comentários:
a) INCORRETA. Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
"Nos casos em que a CRFB atribui ao legislador o poder de dispor sobre situações de
relevância autorizadoras da contratação temporária de servidores públicos, exige-se o
ônus da demonstração e da adequada limitação das hipóteses de exceção ao preceito
constitucional da obrigatoriedade do concurso público". [ADI 3.237, rel. min. Joaquim
Barbosa, DJE de 19-8-2014.]
b) INCORRETA. "A redução de vencimentos de servidores públicos processados
criminalmente colide com o disposto nos arts. 5º, LVII, e 37, XV, da Constituição, que
abrigam, respectivamente, os princípios da presunção de inocência e da irredutibilidade de
vencimentos". (RE 482006, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno,
DJe-162 DIVULG 13-12-2007)
c) INCORRETA. Súmula 85 STJ: "Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a
Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito
reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquênio
anterior à propositura da ação".
d) INCORRETA. "O direito à nomeação também se estende ao candidato aprovado
fora do número de vagas previstas no edital, mas que passe a figurar entre as vagas em
decorrência da desistência de candidatos classificados em colocação superior". (ARE
956521 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, DJe-243 DIVULG 16-11-2016)
e) CORRETA. "A percepção de gratificações ou adicionais de periculosidade, assim
como o porte de arma de fogo, não são, por si sós, suficientes para reconhecer o direito à
aposentadoria especial, em razão da autonomia entre o vínculo funcional e o

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previdenciário". (MI 1757 AgR-segundo, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal


Pleno, DJe-214 DIVULG 26-10-2015)
Gabarito: Letra “e”.
Questão 05 (CEBRASPE, PGE-SE, Procurador do Estado, 2017)
Considerando o entendimento jurisprudencial e a legislação pertinentes a
agentes públicos, assinale a opção correta.
a) Decreto estadual que autorizar a criação de novos cargos públicos
para a função de médico plantonista na rede pública de saúde deverá ser
declarado inconstitucional.
b) A nomeação, por governador, de um irmão dele para o cargo de
secretário de Estado de turismo tipificaria caso de nepotismo e violaria a
CRFB. ==110463==

c) Conforme o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de


Sergipe, um servidor em estágio probatório, ocupante de cargo efetivo
nesse estado, poderá ser redistribuído para uma autarquia estadual.
d) Procurador do estado de Sergipe poderá exercer cargo de professor
em instituição estadual, respeitados os requisitos constitucionais tanto
de cumulatividade quanto o de teto para a soma das remunerações
percebidas pelo exercício dos dois cargos.
e) Segundo o atual entendimento do STF, a admissão de empregados
públicos será considerada constitucional se for feita por órgão da
administração direta.
Comentários:
a) CORRETA. Trata-se da figura do DECRETO AUTÔNOMO, que, em âmbito
estadual, deve observância à CRFB/88. Assim:
"Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)"
b) INCORRETA. "Então, quando o art. 37 refere-se a cargo em comissão e função
de confiança, está tratando de cargos e funções singelamente administrativos, não de
cargos políticos. Portanto, os cargos políticos estariam fora do alcance da decisão que
tomamos na ADC nº 12, porque o próprio capítulo VII é Da Administração Pública
enquanto segmento do Poder Executivo. E sabemos que os cargos políticos, como por
exemplo, o de secretário municipal, são agentes de poder, fazem parte do Poder

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Executivo. O cargo não é em comissão, no sentido do artigo 37. Somente os cargos e


funções singelamente administrativos - é como penso - são alcançados pela imperiosidade
do artigo 37, com seus lapidares princípios. Então, essa distinção me parece importante
para, no caso, excluir do âmbito da nossa decisão anterior os secretários municipais, que
correspondem a secretários de Estado, no âmbito dos Estados, e ministros de Estado, no
âmbito federal." (RE 579951, Voto do Ministro Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgamento em
20.8.2008, DJe de 24.10.2008)
Contudo, no caso concreto, há ainda que se perquirir se o Secretário indicado possui
formação técnica compatível com a atividade que exercerá.
C) INCORRETA. "Art. 69 - A redistribuição somente ocorrerá: I - Tratando-se de
cargo de provimento efetivo e natureza estatutária; II - Após o estágio probatório do
funcionário; [...]" - LEI Nº 2148 De 21 de dezembro de 1977. Publicado no Diário Oficial No
1, do dia 01/01/1901. ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO
DE SERGIPE.
d) INCORRETA. "O Plenário aprovou a seguinte tese para efeito de repercussão
geral, sugerida pelo relator da matéria, ministro Marco Aurélio: “Nos casos autorizados,
constitucionalmente, de acumulação de cargos, empregos e funções, a incidência do artigo
37, inciso XI, da Constituição Federal, pressupõe consideração de cada um dos vínculos
formalizados, afastada a observância do teto remuneratório quanto ao somatório dos
ganhos do agente público”.
Assim, o teto deve ser observado para cada um dos cargos individualmente, não pelo
somatório deles.
e) INCORRETA. "Considerando que, no âmbito federal, houve contratação de
empregados públicos entre a vigência da Lei 9.962/2000 e a supramencionada decisão do
STF, coexistem, atualmente, servidores estatutários e empregados públicos celetistas, não
obstante esteja suspensa a possibilidade de contratação por regimes jurídicos distintos."
Gabarito: Letra “a”.
Questão 06 (FCC, TST, Juiz do Trabalho Substituto, 2017)
Avizinhando-se o período de eleições para governador, policiais civis e
auditores fiscais de um determinado estado-membro promovem greve,
com a finalidade de influenciar a não reeleição do candidato da situação.
Diante de tais fatos, segundo o entendimento do Supremo Tribunal
Federal − STF,
a) a Lei de Greve aplicável ao setor privado deve balizar o movimento
paredista de servidores públicos, enquanto o Poder Legislativo não
normatiza a matéria, devendo a greve de servidores públicos ser avisada
com antecedência mínima de noventa e seis horas.

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b) o exercício do direito de greve, muito embora seja vedado, sob


qualquer forma ou modalidade, a policiais militares, é admitido aos
policiais civis e aos auditores fiscais.
c) caso seja instaurada mediação pelos órgãos classistas das carreiras de
segurança pública, para vocalização dos interesses da categoria, será
obrigatória a participação do Poder Público na tentativa de solução
consensual de conflito.
d) a Administração pública não pode proceder ao desconto dos dias de
paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores
públicos, porque estes possuem uma relação estatutária com o Estado, a
qual não é interrompida pela greve.
e) a supremacia do interesse público gera a necessidade de continuação
do serviço público, que não poderá ser prejudicado, interrompido ou
paralisado por policiais militares, por auditores fiscais nem por policiais
civis, sendo-lhes vedado o exercício de greve.
Comentários:
a) INCORRETA. A Lei nº 7.783, que dispõe sobre o exercício do direito de greve no
setor privado, indica no § único do art. 3º ser a antecedência mínima de 48 horas, sendo
de 72 horas no caso de serviços essenciais, conforme ar. 13.
b) INCORRETA. Apesar de não haver uma proibição expressa na CRFB/88, o STF
decidiu que os policiais civis não podem fazer greve. Aliás, o Supremo foi além e afirmou
que nenhum servidor público que trabalhe diretamente na área da segurança pública pode
fazer greve.
c) CORRETA. É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada
pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do
CPC, para vocalização dos interesses da categoria.
d) INCORRETA. A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de
paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em
virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação
em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve
foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.
e) INCORRETA. O Auditor Fiscal não é proibido de fazer greve.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 07 (FAPEMS, PC-MS, Delegado de Polícia, 2017 - Adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) O exercício do direito de greve exercido por policiais civis é
hipótese cabível de descontinuidade da execução de serviço público por
eles executado.
Comentários:

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O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos


policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. STF. Plenário. ARE 654432/GO, Rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 5/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).
Gabarito: Incorreta.
Questão 08 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2017)
De acordo com o atual panorama interpretativo verificado na jurisprudência dos
Tribunais Superiores, pode-se afirmar sobre o direito subjetivo à nomeação do
candidato aprovado em concurso público fora do número de vagas disciplinado pelo
certame de que participou:
a) O cadastro reserva revela-se por si como medida inidônea para o
aproveitamento dos candidatos aprovados durante a validade do
concurso.
b) Os aprovados dentro do cadastro reserva não têm expectativa de
direito à nomeação, muito menos direito subjetivo a serem chamados
para o preenchimento da vaga.
c) Incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de
discricionariedade exercido de forma livre, avaliar a conveniência e a
oportunidade de novas convocações durante a validade do certame.
d) O direito subjetivo à nomeação do candidato surge, dentre outras
hipóteses, quando, ao surgirem novas vagas ou ao ser aberto novo
concurso durante a validade do certame anterior, ocorre a preterição de
candidatos de forma justificada e motivada por parte da Administração.
e) Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não
pode a Administração deixar transcorrer o prazo de validade a seu bel
prazer para nomear outras pessoas que não aquelas já aprovadas em
concurso válido.
Comentários:
a) INCORRETA. O cadastro de reserva caracteriza-se como meio idôneo para o
aproveitamento dos candidatos aprovados durante a validade do concurso. Basta analisar
os atuais editais de concurso. A maioria destes, atualmente, coloca poucas vagas nos
concursos e abre muitas vagas para o cadastro de reserva, pois a Administração Pública,
ao fazer isso, não se compromete com os candidatos aprovados para formação de
cadastro reserva, já que estes não possuem, via de regra, direito subjetivo à nomeação,
mas sim mera expectativa de direito.
b) INCORRETA. O Supremo Tribunal Federal já assentou que candidato aprovado
em concurso público para formação de cadastro reserva é mero detentor de expectativa de
direito à nomeação.
c) INCORRETA. Em seu voto no julgamento do RE nº 837.311/PI, o Ministro Luiz Fux
ressaltou que incumbe à Administração, no âmbito de seu espaço de discricionariedade,

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avaliar de forma racional e eficiente, a conveniência e a oportunidade de novas


convocações durante a validade do certame. Porém, destaca-se que essa
discricionariedade deve ser exercida legitimamente. Portanto, o espaço de
discricionariedade não é exercido de forma livre. Esse espaço deve ser realizado de forma
racional e eficiente. Se fosse livre, a administração poderia, por exemplo, realizar diversas
contratações temporárias para suprir a necessidade de serviço e não convocar os
aprovados no concurso a fim de economizar gastos.
d) INCORRETA. O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para
o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera
automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas
no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da
administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público
capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período
de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato.
e) CORRETA. Demonstrada a existência de vagas e a necessidade de serviço, não
pode a Administração deixar transcorrer o prazo de validade a seu bel prazer para nomear
outras pessoas que não aquelas já aprovadas em concurso válido.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 09 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2017)
Assinale a alternativa CORRETA no que se refere à acumulação de cargos
públicos.
a) O teto remuneratório é aplicável ao conjunto das remunerações ou ao
somatório dos ganhos percebidos de forma cumulativa.
b) A proibição constitucional de acumular estende-se apenas a empregos
e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista
e fundações mantidas pelo poder público.
c) Há vedação legal no ordenamento jurídico vigente quanto à
acumulação de cargos públicos em entidades ou órgãos situados em
unidades distintas da Federação.
d) A existência de norma jurídica que estipula limitação de jornada
semanal dos cargos a serem acumulados constitui óbice ao
reconhecimento do direito à acumulação prevista na Constituição.
e) Nos casos de acumulação autorizados pelo texto constitucional, deve-
se levar em conta, para a aplicação do teto remuneratório,
separadamente cada um dos vínculos formalizados.
Comentários:
a) INCORRETA. Teto constitucional incide em cada cargo nos casos em que é
permitida a acumulação.
Art. 37 [...] da CRFB/88:

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XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (teto
remuneratório do serviço público): a) a de 2 cargos de professor; b) a de 1 cargo de
professor com outro técnico (aquele que depende de ensino técnico para o seu
desempenho) ou científico (aquele que depende de conhecimentos específicos obtidos
pelo ensino superior para o seu desempenho); c) a de 2 cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas (ex.: médico).
b) INCORRETA. Estende-se inclusive aos empregos e as funções públicas.
Art. 37, inciso XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;
c) INCORRETA. Parecer nº 0075 – 3.20/2011/JPA/CONJUR/MP: “inexiste, na
Constituição Federal e na legislação federal de regência, vedação à acumulação de cargos
públicos em entidades ou órgãos situados em unidades distintas da Federação".
d) INCORRETA. A estipulação de limitação de jornada semanal não é óbice à
acumulação. Esta é possível desde que haja compatibilidade de horários.
e) CORRETA.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 10 (VUNESP, TJ-SP, Juiz Substituto, 2017)
Uma vez cumprida a avaliação a que se sujeita o servidor público em seu
estágio probatório e verificando-se que não atendeu os seus deveres
funcionais, deverá ele ser
a) demitido, após sua oitiva sobre os resultados da avaliação,
fundamentando-se o ato, acaso persista a conclusão sobre o não
cumprimento dos deveres funcionais.
b) exonerado, após sua oitiva sobre os resultados da avaliação,
fundamentando-se o ato, acaso persista a conclusão sobre o não
cumprimento dos deveres funcionais.
c) exonerado sem necessidade de fundamentação do ato administrativo,
uma vez que não se trata de servidor estável.
d) demitido sem necessidade de fundamentação do ato administrativo,
uma vez que não se trata de servidor estável.
Comentário:
A questão trata da avaliação a que o servidor em estágio probatório ser sujeita. Caso
se verifique que não atendeu aos seus deveres funcionais, o servidor será exonerado,
devendo haver fundamentação do ato, por não ser servidor estável. Portanto, a não
estabilidade não o impede de ser exonerado, mas também não o priva de exercer a ampla
defesa.

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Gabarito: Letra “c”.


Questão 11 (VUNESP, TJ-SP, Juiz Substituto, 2017)
O direito de greve reconhecido constitucionalmente aos servidores
públicos implica que
a) do seu exercício, todavia, poderá resultar o desconto de metade dos
dias paralisados, de maneira a compatibilizar o direito constitucional à
greve com o princípio da continuidade do serviço público.
b) seu exercício imporá os descontos dos dias paralisados, não se
admitindo a compensação, uma vez que adstrita a Administração Pública
ao princípio da legalidade.
c) do seu exercício, todavia, poderá resultar o desconto dos dias
paralisados a ser efetuado pela Administração Pública, com possibilidade
de compensação na hipótese de acordo.
d) poderá ser exercido nos mesmos moldes dos trabalhadores da
iniciativa privada, sem possibilidade de descontos dos dias paralisados.
Comentário:
De acordo com o informativo 845: "A Administração pública deve proceder ao
desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos
servidores públicos em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É
permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar
demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público".
Gabarito: Letra “c”.
Questão 12 (CEBRASPE, MPE-RR, Promotor de Justiça Substituto, 2017)
De acordo com o entendimento do STF, no que se refere à inscrição de
candidatos que possuam tatuagens gravadas na pele, não havendo lei
que disponha sobre o tema, os editais de concursos públicos
a) estão impedidos de restringi-la, com exceção dos casos em que essas
tatuagens violem valores constitucionais.
b) devem restringi-la com base na relação objetiva e direta entre
tatuagem e conduta atentatória à moral e aos bons costumes.
c) estão impedidos de restringi-la, para garantir o pleno e livre exercício
da função pública.
d) devem restringi-la, quando se tratar de cargo efetivo da polícia
militar.
Comentários:
Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com
tatuagem, salvo situações excepcionais, em razão de conteúdo que viole valores
constitucionais (STF RE 898450).

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Gabarito: Letra “a”.


Questão 13 (FCC, TJ-SC, Juiz Substituto, 2017)
Rafael Da Vinci foi nomeado Delegado de Polícia Federal e, ao fim do
período de estágio probatório, foi reprovado na avaliação de
desempenho e exonerado do cargo. Inconformado, ajuizou ação visando
anular o processo administrativo que culminou em sua exoneração.
Nesse ínterim, prestou concurso para Delegado de Polícia Estadual,
sendo aprovado e empossado no referido cargo. Sobreveio, então,
decisão definitiva na ação judicial por ele ajuizada, anulando o ato
expulsório. Neste caso,
a) por força de efeito ope judicis, a nomeação e posse no cargo de
Delegado de Polícia Estadual tornam-se, automaticamente,
insubsistentes.
b) trata-se de situação em que haverá a recondução de Rafael no cargo
de Delegado da Polícia Federal, gerando a vacância do cargo de
Delegado de Polícia Estadual.
c) a ação proposta deveria ter sido extinta, por falta de interesse de
agir, pois ao assumir outro cargo público, Rafael violou o princípio nemo
potest venire contra factum proprium.
d) para ser reintegrado no cargo de Delegado de Polícia Federal, Rafael
deverá requerer a exoneração do cargo de Delegado de Polícia Estadual.
e) Rafael deverá ser reintegrado no cargo de Delegado de Polícia
Federal, ainda que deseje permanecer no cargo estadual, por força do
efeito vinculante da coisa julgada.
Comentários:
a) INCORRETA. Poderá optar por permanecer no Estado. A perda da posse no cargo
de Delegado Estadual não seria automática.
b) INCORRETA. Fala-se em recondução. Sabemos que o retorno do servidor
demitido é chamado de reintegração. A recondução dá-se, por exemplo, se houver
inabilitação em estágio probatório no cargo de delegado da polícia estadual, e não foi o
caso.
c) INCORRETA. Rafael ingressou legitimamente contra a União, o fato de ter
assumido outro cargo público não viola o citado princípio, já que não se trata de
comportamento contraditório do requerente. Por isso, não há o que se falar em extinção da
ação.
d) CORRETA. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo
anteriormente ocupado quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou
judicial. No caso sob análise, a questão fala que "ao fim do estágio probatório foi
reprovado", ou seja, ele era estável, já que foi demitido da administração. Assim, para ser

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REINTEGRADO ao cargo de Delegado Federal, deverá pedir exoneração do cargo de


Delegado Estadual, por serem incompatíveis, conforme art. 37, XVI da CRFB.
e) INCORRETA. Pois os cargos são inacumuláveis.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 14 (VUNESP, Prefeitura de Porto Ferreira – SP, Procurador Jurídico, 2017)
Com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a respeito dos
servidores públicos, assinale a alternativa correta.
a) A previsão no Edital é suficiente para se exigir exame psicotécnico
para a habilitação de candidato a cargo público.
b) O Poder Judiciário possui competência para, no controle de legalidade,
avaliar as respostas dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas.
c) É admitida a aplicação da teoria do fato consumado para legitimar a
permanência em cargo público de candidato que o ocupe por longo
período com base em decisão liminar.
d) O servidor público desviado de suas funções, após a promulgação da
Constituição, não pode ser reenquadrado.
e) A candidata possui o direito à remarcação do exame físico caso
comprovado que a sua gravidez ocorreu após o início do certame,
mesmo que o direito não esteja no Edital.
Comentários:
a) INCORRETA. Súmula vinculante 44 Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
b) INCORRETA. Concurso público. Correção de prova. Não compete ao Poder
Judiciário, no controle de legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas
dadas pelos candidatos e notas a elas atribuídas (STF RE-RG 632.853).

c) INCORRETA. A posse ou o exercício em cargo público por força de decisão


judicial de caráter provisório não implica a manutenção, em definitivo, do candidato que
não atende a exigência de prévia aprovação em concurso público (CRFB, art. 37, II), valor
constitucional que prepondera sobre o interesse individual do candidato, que não pode
invocar, na hipótese, o princípio da proteção da confiança legítima, pois conhece a
precariedade da medida judicial.
Em suma, não se aplica a teoria do fato consumado para candidatos que assumiram
o cargo público por força de decisão judicial provisória posteriormente revista. (STF.
Plenário. RE 608482/RN, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/8/2014) (Info 753).
d) CORRETA. Servidor público: firmou-se o entendimento do Supremo Tribunal, no
sentido de que o desvio de função ocorrido em data posterior à Constituição de 1988 não
pode dar ensejo ao reenquadramento. No entanto, tem o servidor direito de receber a

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diferença das remunerações, como indenização, sob pena de enriquecimento sem causa
do Estado: precedentes” (AI 339.234-AgR /MG).
e) INCORRETA. Não é possível admitir a remarcação de prova de aptidão física para
data diversa da estabelecida em edital de concurso público em razão de circunstâncias
pessoais de candidato, ainda que de caráter fisiológico, como doença temporária
devidamente comprovada por atestado médico, salvo se essa possibilidade estiver prevista
pelo próprio edital do certame (STF RE 630733).
Gabarito: Letra “d”.
Questão 15 (VUNESP, Prefeitura de Suzano – SP, Procurador Jurídico, 2015)
Fulano da Silva, funcionário público municipal, detentor de cargo efetivo,
praticou ato considerado ilícito nas esferas criminal e administrativa. A
sentença penal, transitada em julgado, negou a existência do fato e
absolveu Fulano. Considerando as normas do direito pátrio no que tange
ao tema da responsabilidade dos agentes públicos, é correto afirmar que
Fulano
a) poderá ainda ser punido administrativamente, uma vez que essas
duas instâncias são independentes e não se comunicam.
b) não mais poderá ser punido pela Administração, tendo em vista que a
referida decisão penal de absolvição do servidor afasta a
responsabilidade administrativa.
c) poderá ser punido pela Administração, posto que a responsabilidade
administrativa somente poderia ser afastada se a sentença criminal
negasse a autoria do fato.
d) não mais poderá ser punido, uma vez já julgado na esfera penal,
independentemente do fundamento, vez que esta prevalece sobre as
demais esferas de responsabilidade.
e) poderá ser ainda punido pela Administração, considerando que a
absolvição criminal que negou a existência do fato não vincula o
administrador.
Comentário:
A Lei nº 8.112/90 dispõe em seu art. 126 que a responsabilidade administrativa do
servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou
sua autoria.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 16 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015)
Julgue o item a seguir, referente a agentes públicos.
( ) De acordo com o STF, embora exista a possibilidade de desconto
pelos dias que não tenham sido trabalhados, será ilegal demitir servidor
público em estágio probatório que tenha aderido a movimento paredista.

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Comentário:
Ementa: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO DE GREVE.
SERVIDORPÚBLICO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO. FALTA POR MAIS DE TRINTA DIAS.
DEMISSÃO.SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. A simples circunstância de o servidor público
estar em estágio probatório não é justificativa para demissão com fundamento na sua
participação em movimento grevista por período superior a trinta dias. 2. A ausência de
regulamentação do direito de greve não transforma os dias de paralização em movimento
grevista em faltas injustificadas. 3. Recurso extraordinário a que se nega seguimento. (RE
226966/RS).
Gabarito: Correto.
Questão 17 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2015)
Quanto às formas de provimento dos cargos públicos, afirma-se que:
I. A nomeação é considerada forma originária de provimento.
II. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável ou não no cargo
anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação,
quando invalidada a demissão por decisão judicial.
III. Se o cargo para o qual o servidor venha a ser reintegrado encontre-
se provido, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de
origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou,
ainda, posto em disponibilidade.
IV. A reversão se constitui hipótese de retorno à atividade de servidor
que se encontrava em disponibilidade.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I
b) I e III
c) III
d) I e IV
e) II e III
Comentários:
Assertiva I está CORRETA: Provimento originário: pressupõe a inexistência de uma
relação jurídica anterior mantida entre o Servidor e a Administração. A única forma de
Provimento Originário é a nomeação, que pode ser realizada em caráter Efetivo ou para
Cargos de Provimento em Comissão
Assertiva II está INCORRETA: Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor
ESTÁVEL no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação,
quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial, com
ressarcimento de todas as vantagens

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Assertiva III está CORRETA: Art. 28 § 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu


eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou
aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
Assertiva IV está INCORRETA: Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
aposentado.
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da
aposentadoria;
II - no interesse da administração
Gabarito: Letra “b”.
Questão 18 (FGV, DPE-MT, Advogado, 2015)
José da Silva, Juiz Federal aposentado, foi recentemente aprovado em
concurso público de provas e títulos para o cargo de Juiz de Direito do
Estado de Mato Grosso.
A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
a) É possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o
subsídio do cargo de Juiz de Direito, uma vez que se trata de um cargo
na esfera federal e de outro na esfera estadual.
b) É possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o
subsídio do cargo de Juiz de Direito, visto que a Constituição somente
veda a cumulação remunerada de dois cargos quando em atividade o
servidor.
c) É possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o
subsídio do cargo de Juiz de Direito, mas, quando da aposentadoria
nesse último cargo, José da Silva somente terá direito aos proventos
correspondentes a um dos cargos.
d) Não é possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o
subsídio do cargo de Juiz de Direito, uma vez que os respectivos cargos
não são acumuláveis.
e) Não é possível a cumulação dos proventos de aposentadoria com o
subsídio do cargo de Juiz de Direito, mas, quando da aposentadoria
nesse último cargo, José da Silva terá direito aos proventos
correspondentes aos dois cargos.
Comentário:
Percebam que a questão diz respeito à impossibilidade de cumulação de proventos
de aposentadoria (de Juiz Federal) com remuneração de cargo público (de juiz de direito
de mato grosso). Por esta razão, o fundamento da resposta está contido no artigo 37, § 10,
da CRFB:

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§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes


do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os
cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.
Dessa forma, a Constituição Federal só permite a cumulação de vencimento com
provento de aposentadoria em se tratando de: a)cargos acumuláveis; b) cargos eletivos; c)
cargos em comissão.
Cumpre informar que os cargos anunciados no caso concreto (Juiz Federal e Juiz de
Direito) não são acumuláveis, por força do artigo 95, parágrafo único, da CRFB, que veda
ao Juiz o exercício de outro cargo ou função, salvo uma de magistério.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 19 (CEBRASPE, DPE-PE, Defensor Público, 2015)
A respeito dos servidores públicos, julgue o item subsequente.
( ) Conforme entendimento atual do STF, é dever da administração
pública nomear candidato aprovado em concurso público dentro das
vagas previstas no edital, em razão do princípio da boa-fé e da proteção
da confiança, salvo em situações excepcionais caracterizadas pela
necessidade, superveniência e imprevisibilidade.
Comentário:
O conteúdo da presente assertiva se mostra em absoluta sintonia com o teor do
entendimento externado pelo E. STF, por ocasião do julgamento do RE 598.099/MS, de
relatoria do Ministro Gilmar Mendes, 10.08.2011: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
REPERCUSSÃO GERAL. CONCURSO PÚBLICO. PREVISÃO DE VAGAS EM EDITAL.
DIREITO À NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS. I. DIREITO À NOMEAÇÃO.
CANDIDATO APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL.
Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento no
qual se realizará a nomeação, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, a qual,
de acordo com o edital, passa a constituir um direito do concursando aprovado e, dessa
forma, um dever imposto ao poder público. Uma vez publicado o edital do concurso com
número específico de vagas, o ato da Administração que declara os candidatos aprovados
no certame cria um dever de nomeação para a própria Administração e, portanto, um
direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. II.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. BOA-FÉ.
PROTEÇÃO À CONFIANÇA. O dever de boa-fé da Administração Pública exige o respeito
incondicional às regras do edital, inclusive quanto à previsão das vagas do concurso
público. Isso igualmente decorre de um necessário e incondicional respeito à segurança
jurídica como princípio do Estado de Direito. Tem-se, aqui, o princípio da segurança
jurídica como princípio de proteção à confiança. Quando a Administração torna público um
edital de concurso, convocando todos os cidadãos a participarem de seleção para o
preenchimento de determinadas vagas no serviço público, ela impreterivelmente gera uma

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expectativa quanto ao seu comportamento segundo as regras previstas nesse edital.


Aqueles cidadãos que decidem se inscrever e participar do certame público depositam sua
confiança no Estado administrador, que deve atuar de forma responsável quanto às
normas do edital e observar o princípio da segurança jurídica como guia de
comportamento. Isso quer dizer, em outros termos, que o comportamento da
Administração Pública no decorrer do concurso público deve se pautar pela boa-fé, tanto
no sentido objetivo quanto no aspecto subjetivo de respeito à confiança nela depositada
por todos os cidadãos. III. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. NECESSIDADE DE
MOTIVAÇÃO. CONTROLE PELO PODER JUDICIÁRIO. Quando se afirma que a
Administração Pública tem a obrigação de nomear os aprovados dentro do número de
vagas previsto no edital, deve-se levar em consideração a possibilidade de situações
excepcionalíssimas que justifiquem soluções diferenciadas, devidamente motivadas de
acordo com o interesse público. Não se pode ignorar que determinadas situações
excepcionais podem exigir a recusa da Administração Pública de nomear novos
servidores. Para justificar o excepcionalíssimo não cumprimento do dever de nomeação
por parte da Administração Pública, é necessário que a situação justificadora seja dotada
das seguintes características: a) Superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma
situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do
certame público; b) Imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias
extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital; c) Gravidade: os
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves,
implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento
efetivo das regras do edital; d) Necessidade: a solução drástica e excepcional de não
cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a
Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem
outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível. De
toda forma, a recusa de nomear candidato aprovado dentro do número de vagas deve ser
devidamente motivada e, dessa forma, passível de controle pelo Poder Judiciário. IV.
FORÇA NORMATIVA DO PRINCÍPIO DO CONCURSO PÚBLICO. Esse entendimento, na
medida em que atesta a existência de um direito subjetivo à nomeação, reconhece e
preserva da melhor forma a força normativa do princípio do concurso público, que vincula
diretamente a Administração. É preciso reconhecer que a efetividade da exigência
constitucional do concurso público, como uma incomensurável conquista da cidadania no
Brasil, permanece condicionada à observância, pelo Poder Público, de normas de
organização e procedimento e, principalmente, de garantias fundamentais que possibilitem
o seu pleno exercício pelos cidadãos. O reconhecimento de um direito subjetivo à
nomeação deve passar a impor limites à atuação da Administração Pública e dela exigir o
estrito cumprimento das normas que regem os certames, com especial observância dos
deveres de boa-fé e incondicional respeito à confiança dos cidadãos. O princípio
constitucional do concurso público é fortalecido quando o Poder Público assegura e
observa as garantias fundamentais que viabilizam a efetividade desse princípio. Ao lado
das garantias de publicidade, isonomia, transparência, impessoalidade, entre outras, o

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direito à nomeação representa também uma garantia fundamental da plena efetividade do


princípio do concurso público. V. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO.
Gabarito: Correta.
Questão 20 (VUNESP, Prefeitura de São José do Rio Preto – SP, Procurador do
Município, 2014)
No tocante aos cargos, empregos e funções públicas, é correto afirmar
que
a) função pública é o lugar, dentro da organização funcional da
Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas que,
ocupado por servidor público, tem funções específicas e remuneração
fixada em lei ou diploma a ela equivalente.
b) cargos efetivos são aqueles que se revestem de caráter de
permanência, constituindo a maioria absoluta dos cargos integrantes dos
diversos quadros funcionais.
c) as funções de confiança deverão ser exercidas preferencialmente por
servidores ocupantes de cargos de carreira técnica ou profissional.
d) provimento é o fato administrativo que traduz o preenchimento de um
cargo ou emprego público.
e) a vacância, que indica que determinado cargo público não está
provido, somente ocorrerá nas hipóteses de exoneração ou demissão do
servidor público.
Comentários:
a) INCORRETA. O conceito apresentado equivale ao de cargo público.
b) CORRETA. A propósito dos cargos efetivos, confiram-se as palavras de Fernanda
Marinela: “Os cargos efetivos, ao contrário dos anteriores [em comissão], contam com
maior garantia. São cargos que dependem de prévia aprovação em concurso público, a
nomeação é feita em caráter definitivo e o seu ocupante tem a possibilidade de,
preenchidos os requisitos constitucionais, adquirir a estabilidade (art. 41, CRFB)" (Direito
Administrativo, 6ª edição, 2012, p. 620). Não há dúvidas, ademais, que representam a
imensa maioria dos cargos existentes nos quadros funcionais, sendo os cargos em
comissão a minoria, até mesmo em homenagem ao princípio do concurso público.
c) INCORRETA. A rigor, as funções de confiança devem ser exercidas
exclusivamente por servidores ocupantes de cargos efetivos (art. 37, V, CRFB/88).
d) INCORRETA. Na realidade, o provimento deve ser conceituado como o ato (e não
o fato) de prover, de preencher um dado cargo ou emprego público. Neste sentido é o teor
do art. 6º, Lei 8.112/90: “O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da
autoridade de cada Poder."

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e) INCORRETA. Existem várias outras formas de vacância, como a morte, a


aposentadoria, a promoção, a posse em cargo inacumulável (art. 33, Lei 8.112/90).
Gabarito: Letra “b”.
Questão 21 (FUNDEP - Gestão de Concursos, DPE-MG, Defensor Público, 2014)
Sobre os servidores públicos, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A declaração de nulidade do contrato de trabalho em razão da
ocupação de cargo público sem concurso público assegura ao contratado
o direito ao levantamento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço).
b) Em concurso público, o portador de visão monocular tem direito de
disputar as vagas reservadas aos deficientes.
c) Dá-se o nome de reversão para o reingresso do servidor aposentado
por invalidez, por não mais subsistirem as razões que determinaram a
aposentação.
d) É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria com base no
regime próprio de previdência, mesmo no caso de cargos acumuláveis,
hipótese em que o servidor deverá escolher entre as remunerações.
Comentários:
a) CORRETA. Ementa: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATO
TEMPORÁRIO SEM CONCURSO PÚBLICO. DEPÓSITO DE FGTS.
OBRIGATORIEDADE. PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA. 2. O STF entende que
"é devida a extensão dos direitos sociais previstos no art. 7º da Constituição Federal a
servidor contratado temporariamente, nos moldes do art. 37 , inciso IX , da referida Carta
da Republica , notadamente quando o contrato é sucessivamente renovado" (Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço). (CORRETA)STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO
RECURSO ESPECIAL AgRg no REsp 1434719 MG 2014/0027296-9 (STJ) Data de
publicação: 02/05/2014.
b) CORRETA. Súmula 377 do STJ: O portador de visão monocular tem direito de
concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.
c) CORRETA. REVERSÃO: é o retorno do servidor aposentado por invalidez quando
os motivos causadores da inatividade desapareceram. A cessação das causas do ato de
aposentadoria deverá ser comprovada por junta médica oficial.
A efetivação da reversão: efetiva-se a reversão com o retorno do servidor no mesmo
cargo ou no cargo transformado. Caso inexista vaga para que se dê esse retorno, o
servidor será posto em disponibilidade remunerada.
Prazo a ser respeitado para o retorno do servidor: a reversão deverá ocorrer no prazo
de 30 dias, a contar da publicação do ato. Caso o servidor não observe esse prazo limite,
estará sujeito à cassação da aposentadoria.

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Reversão proibida: o estatuto prevê hipótese de reversão vedada. Tal ocorrência se


dá quando o servidor, sujeito ao retorno, já completou 70 anos. Sabe-se que a
aposentadoria compulsória no serviço público, aos 70 anos para o servidor e para a
servidora, foi mantida pela Emenda Constitucional nº 20.
d) INCORRETA. Artigo 40, parágrafo sexto da CRFB: Ressalvada as aposentadorias
decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta constituição, é vedada a percepção
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 22 (FUNDEP - Gestão de Concursos, DPE-MG, Defensor Público, 2014)
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
a) aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como aos estrangeiros, na forma da lei.
b) aos brasileiros e aos estrangeiros, igualmente, nos termos específicos
previstos nas leis de cada ente federativo.
c) aos brasileiros que preencham os requisitos previstos em lei,
excluindo-se qualquer forma de acesso por estrangeiros.
d) aos brasileiros que preencham os requisitos legais e aos estrangeiros,
se houver reciprocidade em favor dos brasileiros no exterior.
Comentário:
Literalidade do art. 37, inciso I, da CRFB - os cargos, empregos e funções públicas
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 23 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) A ausência de previsão de acesso a cargo público de caráter efetivo
por estrangeiros se coaduna com a política de soberania do Estado
brasileiro, razão por que eles só poderão ocupar função pública de
caráter transitório, e sem vínculo estatutário.
Comentários:
O art. 37, I da CRFB/88 aduz que os cargos, empregos e funções públicas são
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como
aos estrangeiros, na forma da lei.
Gabarito: Incorreta.
Questão 24 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014 - adaptada)
Julgue o item que segue:

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( ) Um indivíduo que, aprovado em concurso público, for nomeado


para o cargo e, dias antes da posse coletiva com os demais nomeados,
for acometido por dengue deverá apresentar atestado médico e solicitar
o adiamento do ato de sua posse, tendo em vista que tal ato só se
efetiva mediante o comparecimento pessoal do interessado.
Comentários:
Dispõe a lei 8112/90 - Art. 13, § 3º A posse poderá dar-se mediante procuração
específica.
Gabarito: Incorreta.
Questão 25 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto)
Ainda acerca de servidores públicos e temas conexos, assinale a opção
correta à luz da jurisprudência do STF e da doutrina pertinente.
a) Uma das formas de aposentadoria do servidor público é a
compulsória, que exige, além do requisito da idade, o cumprimento de
tempo mínimo tanto no serviço público quanto no cargo efetivo.
b) É legítimo o desconto, pelos dias não trabalhados, da remuneração
dos servidores públicos que aderirem a movimento grevista.
c) Conforme o entendimento do STF, caso determinado servidor, que se
encontre em estágio probatório, decida aderir a movimento grevista, a
administração poderá demiti-lo após regular procedimento disciplinar.
d) A despeito da ressalva constitucional que possibilita a acumulação
remunerada de dois cargos de professor, desde que haja compatibilidade
de horários, o servidor que se encontre no exercício dessa
excepcionalidade deverá, por ocasião da sua aposentadoria, optar pela
remuneração de um dos dois cargos.
e) De acordo com os princípios protetivo e da universalidade, o servidor
público que se aposentar por invalidez permanente, independentemente
do fato que tiver motivado a invalidez, terá o benefício da aposentadoria
integral.
Comentários:
a) INCORRETA. Não depende de nenhum outro requisito, apenas idade.
b) CORRETA.
c) INCORRETA. Esse direito abrange o servidor público em estágio probatório, não
podendo ser penalizado pelo exercício de um direito constitucionalmente garantido.
Entendimento respaldado pelo Poder Judiciário, conforme recente decisão da 1ª Turma do
Supremo Tribunal Federal que, em julgamento do dia 11 de novembro do ano de 2008,
manteve, por votação majoritária, acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande
do Sul que concedera a segurança para reintegrar servidor público exonerado, durante
estágio probatório, por faltar ao serviço em virtude de sua adesão a movimento grevista.

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d) INCORRETA. Art. 40 § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos


cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma
aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo. - Ou seja, no caso
de acúmulo de cargo de professor, poderá sim acumular a aposentadoria.
e) INCORRETA. Art. 40, § 1º - I - por invalidez permanente, sendo os proventos
proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; - Ou seja,
o servidor só terá direito a aposentadoria integral se a invalidez permanente for por:
acidente em serviço, doença trabalhista ou moléstia grave ou incurável. Nos demais casos
a aposentadoria será proporcional ao tempo de serviço.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 26 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) O prazo de validade de dois anos para um concurso público poderá
ser prorrogado, a critério da administração, sucessivas vezes, inclusive
com prorrogação por período inferior a dois anos.
Comentários:
Se for prorrogado, então será sempre pelo ''mesmo'' período, nem para mais e nem
para menos.
Gabarito: Incorreta.
Questão 27 (CEBRASPE, PGE-BA, Procurador do Estado, 2014)
Acerca do regime jurídico-administrativo e dos princípios jurídicos que
amparam a administração pública, julgue os itens seguintes.
( ) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(STF), a administração pública está obrigada a nomear candidato
aprovado em concurso público dentro do número de vagas previsto no
edital do certame, ressalvadas situações excepcionais dotadas das
características de superveniência, imprevisibilidade e necessidade.
Comentários:
Informativo 636 do STF: Quando se afirma que a Administração Pública tem
a obrigação de nomear os aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, deve-
se levar em consideração a possibilidade de situações excepcionalíssimas que justifiquem
soluções diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o interesse público. Não se
pode ignorar que determinadas situações excepcionais podem exigir a recusa
da Administração Pública de nomear novos servidores.
Gabarito: Correta.
Questão 28 (FCC, Prefeitura de Cuiabá – MT, Procurador Municial, 2014)

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O corpo permanente da Constituição Federal, no tocante aos proventos


do servidor aposentado pelo regime próprio de previdência,
a) estabelece que os requisitos de idade e de tempo de contribuição
serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio, com a consequente
redução proporcional dos proventos, caso opte por essa aposentadoria
especial.
b) garante aos servidores inativos a extensão de todos e quaisquer
benefícios e vantagens concedidos aos servidores em atividade.
c) determina que, nas hipóteses de aposentadoria com proventos
proporcionais, deve-se utilizar como base de cálculo o valor da última
remuneração percebida pelo servidor, quando em atividade.
d) estabelece que os servidores ocupantes, exclusivamente, de cargo em
comissão farão jus à aposentadoria complementar, mediante sua
expressa adesão a tal regime, sem prejuízo da vinculação ao regime
geral de previdência social.
e) prevê a incidência de contribuição previdenciária nos proventos do
inativo portador de doença incapacitante, a qual incidirá apenas sobre as
parcelas que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social.
Comentário:
CRFB/88, art 40, §§18 e 21:
"§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões
concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido
para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas
de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença
incapacitante".
Gabarito: Letra “e”.
Questão 29 (IPAD, PGE-PE, Direito, 2013)
No que pertine ao tema servidores públicos, assinale a alternativa
INCORRETA:
a) o prazo de validade de concurso público será de até dois anos,
prorrogável uma vez, por igual período.
b) é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação
sindical.

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c) inexiste, no Direito Brasileiro, a figura da contratação por tempo


determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público.
d) a remuneração dos servidores público é fixada por lei específica.
e) é possível a acumulação de dois cargos de professor, desde que haja
compatibilidade de horário e sejam respeitados os tetos remuneratórios
fixados na Constituição da República.
Comentário:
a) CORRETA. CRFB, art. 37, III - o prazo de validade do concurso público será de até
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
b) CORRETA. CRFB, art. 37, VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
associação sindical;
c) INCORRETA. CRFB, art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público;
d) CORRETA. CRFB, art. 37, X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio
de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica,
observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices;
e) CORRETA. CRFB, art. 37, XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso
o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor;
Gabarito: Letra “c”.
Questão 30 (IPAD, PGE-PE, Direito, 2013)
Quanto à estabilidade do servidor público, é INCORRETO afirmar que:
a) o servidor estável pode perder o cargo em virtude de sentença judicial
transitada em julgado.
b) segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, servidor
público tem direito adquirido a regime jurídico.
c) como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a
avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa
finalidade.
d) os titulares de cargo comissionados são demissíveis ad nuntum.
Comentários:
a) CORRETA. CRFB/88, Art. 41, dispõe que: São estáveis após três anos de efetivo
exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público.

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§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:


I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
b) INCORRETA. EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.
INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. LEGITIMIDADE DE
ALTERAÇÃO DA FÓRMULA DE CÁLCULO DE VANTAGEM PECUNIÁRIA, DESDE QUE
RESPEITADA A IRREDUTIBILIDADE DE REMUNERAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. I – A
jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que os servidores públicos
não têm direito adquirido a regime jurídico, sendo legítima a alteração da fórmula de
cálculo de vantagem pecuniária, desde que não provoque decesso remuneratório.
Precedentes. II – Agravo regimental improvido. (RE n. 603.453-AgR, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, DJe de 01.02.11).
c) CORRETA. A CRFB/88 assim dispõe no art. 41. São estáveis após três anos de
efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público.
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação
especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade.
d) CORRETA. "O regime jurídico dos ocupantes de cargos em comissão vem
parcialmente disciplinado, no âmbito federal, pela Lei n. 8.112/90 – o Estatuto do Servidor
Público. Tais cargos são acessíveis sem concurso público, mas providos por nomeação
política. De igual modo, a exoneração é ad nutum, podendo os comissionados ser
desligados do cargo imotivadamente, sem necessidade de garantir contraditório, ampla
defesa e direito ao devido processo legal." (Mazza, 2014, p. 476).
e) CORRETA. CRFB/88, Art. 37:
[…]
V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes
de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento”.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 31 (PGE-GO, Procurador do Estado, 2013)
A propósito do texto original do art. 39, caput, da Constituição Federal
(regime jurídico único dos servidores públicos), é CORRETO afirmar que:
a) a alteração procedida pela EC 19/98 não chegou a ser impugnada
perante o Supremo Tribunal Federal.
b) teve sua alteração procedida pela EC 19/98 julgada inconstitucional,
com efeito ex nunc, pelo Supremo Tribunal Federal.
c) teve sua alteração procedida pela EC 19/98 julgada inconstitucional,
sem modulação de efeitos, pelo Supremo Tribunal Federal.

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d) foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, cautelarmente, com


efeito ex tunc, a alteração procedida pela EC 19/98.
e) foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, cautelarmente, com
efeito ex nunc, a alteração procedida pela EC 19/98.
Comentário:
O Plenário do STF deferiu medida cautelar na ADI 2.135-MC, para suspender a
eficácia do caput do art. 39 da CRFB, na redação dada pela EC nº 19/1998, com efeitos ex
nunc, subsistindo a legislação editada nos termos da emenda declarada suspensa.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 32 (PGE-GO, Procurador do Estado, 2013)
A propósito de limite de idade para inscrever-se em concurso público,
está CORRETA a seguinte proposição:
a) Fere, em qualquer caso, regra constitucional segundo a qual é
proibido “critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado
civil” (art. 7º, XXX).
b) A proibição prevista no art. 7º, XXX, da Constituição Federal não se
aplica aos servidores públicos.
c) Pode justificar-se pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido, conforme jurisprudência não sumulada do Supremo Tribunal
Federal.
d) Pode justificar-se pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido, conforme súmula do Supremo Tribunal Federal.
e) Só se legitima para os servidores públicos militares.
Comentário:
STF Súmula nº 683 - Limite de Idade - Inscrição em Concurso Público - Natureza das
Atribuições do Cargo a Ser Preenchido. O limite de idade para a inscrição em concurso
público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição Federal, quando possa ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 33 (PGE-GO, Procurador do Estado, 2013)
Sobre o instituto do concurso público, está CORRETA a seguinte
proposição:
a) Admite-se concurso por meio de avaliação somente de títulos.
b) A Administração pode alterar o conteúdo do edital no decorrer do
certame por mera conveniência, objetivando facilitar a correção das
provas.
c) É imperiosa a reserva de vagas para portadores de deficiência
qualquer que seja a natureza do cargo e atribuições correlatas.

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d) É constitucional a fixação de idade máxima para ingresso na carreira


militar.
e) A contratação de temporários para o exercício de funções para as
quais haja, em cadastro de reserva, candidatos habilitados, não confere
a estes direito subjetivo de nomeação.
Comentário:
Súmula 683 /STF: "O limite de idade para inscrição em concurso público só se
legitima em face do art. 7º, XXX , da Constituição, quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser pretendido" .
Ademais:
AgRg no RMS 23704 / RO - Ementa: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
CONCURSO PÚBLICO. LIMITE DE IDADE. INGRESSO NA CARREIRA MILITAR.
CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. SÚMULA 683 /STF. AGRAVO IMPROVIDO.
1. É constitucional e legal a disposição editalícia que fixa limites de idade mínimo e
máximo para ingresso nas carreiras militares, em razão da atividade peculiar exercida por
seus integrantes, desde que tal limitação esteja prevista em lei. Aplicação do enunciado da
Súmula 683 /STF.
2. Agravo regimental improvido.
Gabarito: Letra “d”.
Questão 34 (CEBRASPE, DPE-DF, Defensor Público, 2013)
No que se refere aos agentes públicos, julgue os itens subsequentes.
( ) Segundo entendimento do STJ, a acumulação de proventos de
servidor aposentado em decorrência do exercício cumulado de dois
cargos de profissionais da área de saúde legalmente exercidos, nos
termos autorizados pela CRFB, não se submete ao teto constitucional,
devendo os cargos ser considerados isoladamente para esse fim.
Comentário:
A acumulação de proventos de servidor aposentado em decorrência do exercício
cumulado de dois cargos de profissionais da área de saúde legalmente exercidos, nos
termos autorizados pela CRFB, não se submete ao teto constitucional, devendo os cargos
ser considerados isoladamente para esse fim.
Gabarito: Correta.
Questão 35 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013 - adaptada)
Julgue o item que segue:

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( ) De acordo com a CRFB, servidor público estadual ocupante de


cargo público de provimento efetivo somente poderá perder o cargo em
virtude de sentença judicial transitada em julgado.
Comentário:
A Constituição Federal, ao versar sobre esse assunto, amplia essas possibilidades e
traz 4 hipóteses de perda do cargo. São elas:
1. em virtude de sentença judicial transitada em julgado (CRFB, art. 41, § 1º, I);
2. mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa
(CRFB, art. 41, § 1º, II);
3. mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa (CRFB, art. 41, § 1º, III);
4. por excesso de despesa com pessoal.
Gabarito: Incorreta.
Questão 36 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013 – adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Conforme a atual jurisprudência do STF, o candidato aprovado em
concurso público dentro do número de vagas previstas no edital tem
direito subjetivo à nomeação, ressalvadas as situações excepcionais
devidamente motivadas e que possuam as características da
superveniência, da imprevisibilidade, da gravidade e da necessidade.
Comentário:
DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. NOMEAÇÃO DE APROVADOS
EM CONCURSO PÚBLICO. EXISTÊNCIA DE VAGAS PARA CARGO PÚBLICO COM
LISTA DE APROVADOS EM CONCURSO VIGENTE: DIREITO ADQUIRIDO E
EXPECTATIVA DE DIREITO. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. RECUSA DA
ADMINISTRAÇÃO EM PROVER CARGOS VAGOS: NECESSIDADE DE MOTIVAÇÃO.
ARTIGOS 37 , INCISOS II E IV , DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Os candidatos aprovados em
concurso público têm direito subjetivo à nomeação para a posse que vier a ser dada nos
cargos vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso. 2. A
recusa da Administração Pública em prover cargos vagos quando existentes candidatos
aprovados em concurso público deve ser motivada, e esta motivação é suscetível de
apreciação pelo Poder Judiciário. 3. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento.
Gabarito: Correto.
Questão 37 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013 - adaptada)
Julgue o item que segue:

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( ) Nos termos da CRFB, um cidadão estrangeiro residente no Brasil


não pode participar de concurso público para o cargo de professor de
universidade pública estadual, pois os cargos públicos somente são
acessíveis aos brasileiros natos.
Comentário:
O artigo 37, II da Constituição Federal, estabelece que “os cargos, empregos e
funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei”.
Portanto, segundo a referida regra, para que um estrangeiro conseguisse a
titularização em cargo ou emprego público, seria preciso lei regulamentando. Porém, esta
lei não existe.
Diante das premissas apresentadas, a conclusão natural e lógica seria de que os
estrangeiros não podem se tornar titulares de cargos ou empregos públicos.
Porém, existem duas situações que precisam ser consideradas. A primeira é que o
art. 207 da Constituição Federal permite que as universidades federais contratem
professores, técnicos e cientistas estrangeiros. Esta regra também depende de lei, mas
esta lei existe (Lei 9.515/97).
Outro detalhe a ser considerado é que, teoricamente, o estrangeiro poderia prestar o
concurso e, paralelamente, requerer a naturalização. Sendo naturalizado e adquirindo a
condição de brasileiro, não haveria empecilho à titularização no cargo ou emprego público.
Gabarito: Incorreta.
Questão 38 (CEBRASPE, DPE-RR, Defensor Público, 2013)
Assinale a opção correta em relação aos agentes públicos.
a) De acordo com a jurisprudência atual do STF, o direito de greve dos
servidores públicos não pode ser exercido até que seja editada lei
ordinária pelo Congresso Nacional, pois se trata de norma constitucional
dependente de regulamentação.
b) No âmbito do processo administrativo disciplinar, uma das
modalidades de aplicação de penalidade ao servidor público é a da
verdade sabida, que foi recepcionada pela CRFB.
c) Um servidor público ocupante de cargo efetivo que não seja aprovado
na avaliação especial de desempenho para aquisição de estabilidade
poderá ser exonerado sem a necessidade da observância da ampla
defesa e do contraditório.
d) Caso o governador de um estado-membro deseje nomear seu primo,
que não é servidor público, para determinada função de confiança com
atribuições de assessoramento, tal nomeação não afrontará os requisitos
constitucionais.

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e) O agente público que exerça, ainda que sem remuneração, função na


administração pública indireta poderá ser responsabilizado pela prática
de ato de improbidade administrativa, que importará na suspensão dos
seus direitos políticos, na perda da função pública, na indisponibilidade
de seus bens e no ressarcimento ao erário, se necessário, sem prejuízo
da ação penal cabível.
Comentários:
a) INCORRETO. Cabe mandado de injunção (quanto a isso o STF já decidiu: aplicar-
se-á, no que couber, as regras da iniciativa privada).
b) INCORRETO. É assegurado o contraditório e ampla defesa.
C) INCORRETO. É assegurado o contraditório e ampla defesa.
D) INCORRETO. Não é grau e parentesco que está errado – a súmula 14 STF – vai
até o 3º grau e a lei 8112 até o 2º grau - e primos são parentes colaterais de 4º grau – o
problema é que função de confiança é exclusiva para pessoa que é servidora efetiva.
E) CORRETA. Art. 37, § 4º da CRFB.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 39 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2012)
Acerca das regras constitucionais aplicáveis à administração pública,
julgue os itens que se seguem.
( ) A investidura em cargo ou emprego público, incluindo-se os cargos
em comissão, depende, de acordo com disposição expressa da CRFB, da
aprovação prévia em concurso público de provas ou provas e títulos.
Comentário:
A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Gabarito: Incorreta.
Questão 40 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2012)
Acerca das regras constitucionais aplicáveis à administração pública,
julgue os itens que se seguem.
( ) Em decorrência de expressa vedação legal, os membros da DP não
podem ser remunerados por subsídio, já que o recebimento desse tipo
de remuneração violaria o regime jurídico-administrativo aplicável à
instituição.
Comentário:

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Muito pelo contrário! Os membros da Defensoria Pública devem ser remunerados


exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, conforme dispõe o artigo 135 da
CRFB, que remete a forma de remuneração contida no artigo 39, § 4º da CRFB.
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II (Advocacia
Pública) e III (Defensoria Pública) deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39, §
4º.
Artigo 39, § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado
e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio
fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer
caso, o disposto no art. 37, X e XI.
Gabarito: Incorreta.
Questão 41 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2012)
Acerca das regras constitucionais aplicáveis à administração pública,
julgue os itens que se seguem.
De acordo com a CRFB, as parcelas de caráter indenizatório previstas em
lei não são computadas para efeito de cumprimento do teto
constitucional da remuneração dos servidores públicos.
Comentário:
Art. 37 (...) § 11 - Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que
trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.
Gabarito: Incorreta.
Questão 42 (CEBRASPE, DPE-ES, Defensor Público, 2012)
Acerca das regras constitucionais aplicáveis à administração pública,
julgue os itens que se seguem.
( ) Na CRFB, asseguram-se ao servidor público o direito de greve e o
direito à livre associação sindical; este é autoaplicável, mas aquele
depende de lei específica.
Comentário:
conforme verifica-se na CRFB/88:
Art. 37 (...)
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
Gabarito: Incorreta.
Questão 43 (FCC, PGE-SP, Procurador do Estado)

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A greve no setor público é direito


a) exercitável por todos os servidores públicos, civis ou militares,
observados os limites da Lei de greve aplicável aos trabalhadores do
setor privado, até que seja suprida a omissão legislativa.
b) assegurado ao militar dos Estados, embora seja vedado aos membros
do Exército.
c) também exercitável pelos servidores públicos em estágio probatório.
d) assegurado pelo STF, que garantiu o exercício do direito de greve do
servidor público, observada a legislação aplicável aos trabalhadores do
setor privado, restringindo o exercício do direito, no entanto, aos
contratados pelo regime da CLT.
e) garantido pelo legislador constitucional de forma não limitada,
ressalvados apenas os serviços essenciais.
Comentários:
a) e b) INCORRETAS. Art. 142, §3º, IV da CRFB: ao militar são proibidas a
sindicalização e a greve.
c) CORRETA. De acordo com o entendimento do STF consubstanciado no
Informativo nº 573: não há base na Constituição Federal para fazer distinção entre
servidores públicos estáveis e não estáveis, sob pena de afronta, sobretudo, ao princípio
da isonomia.
d) INCORRETA. O exercício de greve também abrange os contratados pelo regime
da CLT.
e) INCORRETA. O direito de greve é limitado art. 37, VII - o direito de greve será
exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 44 (FCC, PGE-SP, Procurador do Estado, 2012)
Servidor público estadual, ocupante de cargo efetivo, admitido no
serviço público estadual em 2001, que venha a se aposentar por
invalidez permanente em decorrência de acidente em serviço, tem
direito a proventos de aposentadoria
a) proporcionais ao tempo de serviço, calculados com base na última
remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentadoria,
reajustáveis na mesma proporção e data em que se modificar a
remuneração dos servidores em atividade.
b) integrais, calculados com base na remuneração do cargo efetivo em
que se der a aposentadoria, reajustáveis na mesma data e na mesma
proporção utilizada para fins de revisão dos benefícios pagos ao pessoal
do Regime Geral de Previdência Social.

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c) integrais, calculados com base na remuneração do cargo efetivo em


que se der a aposentadoria, reajustáveis na mesma proporção e data em
que se modificar a remuneração dos servidores em atividade.
d) integrais, calculados de acordo com a média aritmética simples das
maiores remunerações utilizadas como base para as contribuições do
servidor, correspondente a 80% de todo o período contributivo,
reajustáveis na mesma proporção e data em que se modificar a
remuneração dos servidores em atividade.
e) proporcionais, calculados de acordo com a média aritmética simples
das maiores remunerações utilizadas como base para as contribuições do
servidor, correspondente a 80% de todo o período contributivo,
reajustáveis na mesma data fixada para revisão dos benefícios pagos ao
pessoal do Regime Geral de Previdência Social, obedecida a variação do
IPC-FIPE.
Comentários:
Quanto à aposentadoria do servidor público. No caso em questão, não se aplica o
disposto no art. 40, §1º, I, que dispõe sobre a aposentadoria por invalidez permanente com
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, pois exclui os casos de acidente em
serviço. De acordo com a EC nº 70/2012, o servidor que tenha ingressado no serviço
público até 2002 e que se aposente por invalidez permanente, tem direito a proventos de
aposentadoria calculados com base na remuneração do cargo efetivo em que se der a
aposentadoria, na forma da lei.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 45 (FCC, PGE-SP, Procurador do Estado, 2012)
Servidor público estadual, ocupante de dois cargos efetivos de professor,
pretende se aposentar em ambos os cargos, percebendo proventos de
aposentadoria a eles relativos. O pleito do servidor deve ser
a) deferido, porque é possível a acumulação de dois cargos de professor.
b) indeferido, porque embora seja possível a acumulação de dois cargos
de professor em atividade, é vedada a percepção de mais de uma
aposentadoria à conta do Regime Próprio de Previdência Social.
c) indeferido, porque não é possível a acumulação de dois cargos de
professor no mesmo ente federativo.
d) deferido, porque o servidor tem direito público subjetivo à percepção
dos proventos relativos a todos os cargos por ele ocupados em
atividade, independente da natureza deles.
e) deferido se o servidor puder acrescer ao tempo de serviço de um dos
cargos, tempo de serviço prestado perante o Regime Geral de
Previdência Social, porque, nessa hipótese, haveria compensação de
regimes.
Comentários:

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Em regra, a Constituição Federal veda a acumulação remunerada de cargos públicos,


possuindo algumas exceções, dentre elas a de dois cargos de professor, conforme art. 37,
XVI, "a".
No art. 40, §6º está a proibição da percepção de mais de uma aposentadoria à conta
do regime de previdência previsto na CRFB, ressalvadas as aposentadorias decorrentes
dos cargos acumuláveis. Portanto, devido ao servidor exercer cargo acumulável, é possível
perceber proventos de aposentadoria a eles relativos.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 46 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)
No que se refere ao chamado Regime Jurídico Único, atinente aos
servidores públicos federais, é correto afirmar que:
a) tal regime nunca pôde ser aplicado a estatais, sendo característico
apenas da Administração direta.
b) tal regime, a partir de uma emenda à Constituição Federal de 1988,
passou a ser obrigatório também para as autarquias.
c) consoante decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal, a
obrigatoriedade de adoção de tal regime não mais subsiste, tendo-se
extinguido com a chamada Reforma Administrativa do Estado Brasileiro,
realizada por meio de emenda constitucional.
d) tal regime sempre foi aplicável também às autarquias.
e) tal regime, que deixou de ser obrigatório a partir de determinada
emenda constitucional, passou a novamente ser impositivo, a partir de
decisão liminar do Supremo Tribunal Federal com efeitos ex nunc.
Comentários:
a) INCORRETA. O regime jurídico único, inicialmente estabelecido por nossa
Constituição (art. 39, caput), abrangia não apenas a Administração direta, mas também a
autárquica e a fundacional. Ou seja, albergava, também, autarquias e fundações públicas.
b) INCORRETA. Na verdade, já o era desde o texto originário da Constituição.
c) INCORRETA. Apesar de estar correto que a emenda constitucional que veiculou a
chamada Reforma Administrativa (EC 19/98) pretendeu por fim ao regime jurídico único
(RJU), não é verdade que uma decisão do STF tenha reconhecido que a obrigatoriedade
de adoção de tal regime não mais subsiste. Pelo contrário, o STF reconheceu a
inconstitucionalidade da referida emenda, no ponto em que extinguia o RJU, voltando, com
isso, a vigorar a redação originária do art. 39, caput, CRFB/88, que impõe o dito regime
único.
d) INCORRETA. Durante o período em que vigorou a redação conferida pela EC
19/98, com a "queda" do RJU, passou a ser possível a instituição de regime jurídico
diverso, por exemplo, celetista, para as autarquias (assim como para a Administração

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direta), de modo que não é correto afirmar que tal regime único sempre foi aplicável às
autarquias.
e) CORRETA. A decisão liminar do STF que assim estabeleceu foi tomada, em
agosto de 2007, nos autos da ADIN 2.135/DF
Gabarito: Letra “e”.
Questão 47 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)
Sobre a acumulação de cargos públicos, assinale a opção correta.
a) Admite-se, excepcionalmente, que o servidor tenha exercício
simultâneo em mais de um cargo em comissão.
b) A proibição de acumular não se estende a funções em estatais
vinculadas a outro ente da Federação, desde que haja compatibilidade
de horários.
c) Via de regra, o servidor pode ser remunerado pela participação em
órgãos de deliberação coletiva.
d) A legislação pátria não admite que o servidor que acumule dois cargos
efetivos possa investir- se de cargo de provimento em comissão.
e) Como regra, a proibição de acumular não se estende à acumulação de
proventos da inatividade com a percepção de vencimentos na ativa.
Comentários:
a) CORRETO. De fato, assim autoriza o art. 9º, parágrafo único, Lei 8.112/90: "O
servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado
para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das
atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de
um deles durante o período da interinidade."
b) INCORRETA. O art. 37, XVII, CRFB/88, é claro ao estender a proibição de
acumulação "a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
indiretamente, pelo poder público." E, do mesmo modo, o art. 118, §1º, Lei 8.112/90, assim
preceitua: " A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em
autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios."
c) INCORRETA. Na verdade, a regra geral está prevista no caput do art. 119, Lei
8.112/90, que veda a remuneração pela participação em órgão de deliberação coletiva. A
exceção está contida no parágrafo único deste mesmo dispositivo legal.
d) INCORRETA. Tal possibilidade existe, sim, e está contemplada no art. 120, Lei
8.112/90, in verbis: "O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente
dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade

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de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos
órgãos ou entidades envolvidos."
e) INCORRETA. Ao contrário do afirmado, a Constituição estabelece que "É vedada
a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts.
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão
declarados em lei de livre nomeação e exoneração." E, na mesma linha, determina a Lei
8.112/90, em seu art. 118, §3º: "Considera-se acumulação proibida a percepção de
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo
quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade."
Como se vê, a regra é a impossibilidade de se acumular proventos com vencimentos da
ativa, ressalvados os casos aí previstos.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 48 (PGE-RO, Procurador do Estado, 2011)
O texto permanente da Constituição Federal hoje em vigor admite a
concessão de aposentadoria voluntária,
a) com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, para o
homem que completar 60 anos de idade e para a mulher que atingir 55
anos, ocupantes de cargo efetivo, independentemente do tempo de
contribuição, desde que tenham cumprido tempo mínimo de dez anos de
efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que
se dará a aposentadoria.
b) com proventos integrais, para o homem que completar 65 anos de
idade e para a mulher que atingir 60 anos, ocupantes de cargo efetivo,
independente- mente do tempo de contribuição, desde que tenham
cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
c) com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, para o homem
que completar 65 anos de idade e para a mulher que atingir 60 anos,
ocupantes de cargo efetivo, independentemente do tempo de
contribuição, desde que tenham cumprido tempo mínimo de dez anos de
efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que
se dará a aposentadoria.
d) com proventos integrais, para o homem que completar 60 anos de
idade e para a mulher que atingir 55 anos, ocupantes de cargo efetivo,
independentemente do tempo de contribuição, desde que tenham
cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
e) independentemente do tempo de contribuição, a concessão de
aposentadoria voluntária para o homem que completar 60 anos de idade
e para a mulher que atingir 55 anos, ocupantes de cargo efetivo.

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Comentários:
A fundamentação da questão está no art. 40, inciso III, "b" da CRFB, in verbis:
"Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
(...)
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo
exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetio em que se dará a aposentadoria,
observadas as seguintes condições:
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e
cinco anos de idade e trinta anos de contribuição, se mulher;
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher,
com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 49 (PGE-RO, Procurador do Estado, 2011)
O texto permanente da Constituição Federal hoje em vigor
a) garante o pagamento de abono de permanência para os servidores
que, havendo satisfeito os requisitos para se aposentarem, optem por
permanecer em atividade.
b) admite a readaptação do servidor cuja demissão tenha sido invalidada
por sentença judicial.
c) garante a estabilidade dos servidores públicos nomeados para cargo
de provimento efetivo após dois anos de efetivo exercício.
d) admite, para efeitos de aposentadoria do servidor, a contagem fictícia
de tempo de serviço.
e) impede que o servidor em disponibilidade exerça outra função
remunerada.
Comentários:
a) CORRETA. Artigo 40, § 19: “O servidor de que trata este artigo que tenha
completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que
opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao
valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria
compulsória contidas no § 1º, II”.
b) INCORRETA. Artigo 41, § 2º: “Invalidada por sentença judicial a demissão do
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável,

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reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou


posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço”.
C) INCORRETA. Artigo 41: “São estáveis após três anos de efetivo exercício os
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público”.
d) INCORRETA. Artigo 40, § 10: “A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
contagem de tempo de contribuição fictício”.
e) INCORRETA. Artigo 41, § 3º: “Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de
serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo”. A Constituição Federal é
silente, no caso geral, quanto ao impedimento. Os dois casos expressos são os juízes e os
integrantes do Ministério Público (Artigo 95, parágrafo único, inciso I e artigo 128, § 5º,
inciso II, letra “d”).
Gabarito: Letra “a”.
Questão 50 (INSTITUTO CIDADES, DPE-GO, Defensor Público, 2010)
Sobre o prazo do estágio probatório a ser cumprido pelos servidores
nomeados após aprovação em concurso publico, de acordo com a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e doutrina majoritária, após
a edição da EC 19/98, este teria passado a ser
a) de um ano.
b) de dois anos.
c) de três anos.
d) de quatro anos.
Comentários:
CRFB/88, art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
Gabarito: Letra “c”.

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Bem, por hoje é só. Em seguida ainda tem o “Resumão” da aula, para
ajudar na revisão da matéria.
Bons estudos!

Renato Borelli

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16 - Resumão da nossa aula


AGENTES PÚBLICOS:

Agentes políticos: elaboram políticas públicas e dirigem a Adm; atuam com liberdade funcional (ex:
chefes do Executivo, ministros e secretários, membros do Legislativo, juízes, membros do MP e do TCU).
Agentes administrativos: exercem atividades administrativas (ex: servidores públicos, empregados
públicos e agentes temporários).
Agentes honoríficos: prestam serviços relevantes ao Estado; em regra, não recebem remuneração
(ex: mesários e júri).
Agentes delegados: particulares que atuam em colaboração com o Poder Público; podem ser
pessoas jurídicas (ex: concessionárias de serviços públicos, tabeliães, leiloeiros).
Agentes credenciados: representam a Administração em atividade específica (ex: pessoas de
renome).
Agentes de fato: pessoas investidas na função pública de forma emergencial (necessários) ou
irregular (putativos). Seus atos devem ser convalidados (teoria da aparência).

NORMAS CONSTITUCIONAIS

CARGOS PÚBLICOS EMPREGOS PÚBLICOS

Provimento efetivo (concurso público) ou em Provimento mediante concurso público.


comissão (livre nomeação e exoneração). Ocupados por empregados públicos.
Ocupados por servidores públicos. Regime jurídico celetista.
Regime jurídico estatutário. Órgãos e entidades de direito privado (EP,
Órgãos e entidades de direito público (adm. SEM e fundações de direito privado).
direta, autarquias e fundações públicas) -> RJU

Cargos em comissão: qualquer pessoa; % mínima de concursados prevista em lei.


Funções de confiança: somente servidores efetivos.

CONCURSO PÚBLICO:

Podem participar brasileiros e estrangeiros (estes, na forma da lei);


Obrigatório para cargos e empregos efetivos;
Pode ser de provas ou de provas e títulos;
Exceções: cargos em comissão; contratações temporárias, agentes comunitários de saúde.
Prazo de validade: até dois anos, prorrogável uma vez por igual período.
Restrições só por lei (idade, altura, sexo), desde que observe proporcionalidade com as atribuições do
cargo.
Verificações, em regra, no ato da posse, exceto:
(i) 3 anos de atividade jurídica p/ juiz e MP; e
(ii) limite máximo de idade nas polícias -> a verificação ocorre na inscrição do concurso;
Até 20% das vagas para portadores de deficiência (mínimo de 5%); e 20% para negros (caso haja 3
ou mais vagas).
Candidatos aprovados dentro das vagas previstas no edital têm direito à nomeação.
A cláusula de barreira é permitida.
Não pode haver remarcação de provas de aptidão física, exceto para gestantes.
O Judiciário não aprecia o mérito das questões, mas apenas sua compatibilidade com o edital.

Direito à associação sindical -> norma autoaplicável.


Direto de greve -> norma de eficácia limitada -> aplica-se aos servidores públicos a lei de greve dos
trabalhadores privados.

Contratações temporárias

Os casos excepcionais devem estar previstos em lei; o prazo de contratação deve ser
predeterminado; a necessidade deve ser temporária; e o interesse público deve ser excepcional.
Pode ser feita sem concurso público, mediante processo seletivo simplificado.

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Os agentes temporários exercem função pública, mas não ocupam cargo, nem emprego público ->
firmam contrato de direito público com a Administração.

SISTEMA REMUNERATÓRIO DOS AGENTES PÚBLICOS:

Vencimentos (vencimento básico + vantagens) -> servidores públicos (empregados e salário).


Subsídios (parcela única) -> agentes políticos, AGU, PGFN, defensores públicos, polícias e
bombeiros; facultativo para servidores organizados em carreira.
Assegurada revisão geral anual (aumento impróprio).

Teto remuneratório:
Inclui todas as vantagens, exceto de natureza indenizatória.
EP e SEM apenas se receberem recursos da fazenda pública para custeio ou pagamento de pessoal.

Esfera Poder Teto


Federal Executivo, Legislativo e Judiciário. Subsídio dos Ministros do STF (teto
único).
Estadual Poder Executivo. Subsídio do Governador.
Poder Legislativo. Subsídio dos Deputados Estaduais
e Distritais.
Membros do Judiciário (Juízes). Subsídio dos Ministros do STF.
Servidores do Judiciário, Subsídio do Desembargador do TJ,
Defensores, Procuradores e limitado, no entanto, a 90,25% do
membros do MP. subsídio do STF.
Municipal Executivo, Legislativo e Judiciário. Subsídio do Prefeito (teto único).

Acumulação de cargos remunerados na ativa: VEDADA, exceto:

Dois cargos de professor;


Um cargo de professor com outro técnico ou cientifico, devendo haver compatibilidade de horários e
respeito ao teto remuneratório; ou
Dois cargos ou empregos na área de saúde.

Acumulação de cargos remunerados na aposentadoria (regime próprio): VEDADA, exceto:

Cargos acumuláveis;
Cargos eletivos; ou
Cargos em comissão.

Mandatos eletivos:

Federal, estadual ou distrital: afastado do cargo e recebe remuneração do cargo eletivo;


Prefeito: afastado do cargo e pode optar pela remuneração;
Vereador: pode acumular e receber ambas as remunerações, desde que haja compatibilidade de
horários.

Requisitos para estabilidade (servidores estatutários efetivos; não se aplica aos empregados públicos):

Investidura em cargo efetivo, mediante prévia aprovação em concurso público;


Três anos de efetivo exercício no cargo;
Aprovação em avaliação especial de desempenho.

O servidor estável só perderá o cargo se for condenado em processo judicial ou administrativo ou,
ainda, como última solução para adequar os gastos de pessoal aos limites da LRF.

REGIME DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS ESTATUTÁRIOS:

Aplica-se apenas os servidores públicos ocupantes de cargos efetivos;

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Cargos em comissão (não concursado), cargo temporário e emprego público se sujeitam ao


RGPS;
Caráter contributivo e solidário;
Aposentados também contribuem, mas apenas sobre o que exceder o teto do RGPS;
É vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime próprio de previdência,
ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis;
Valor da pensão = teto do RGPS + 70% da diferença com a remuneração do servidor falecido.
Os proventos de aposentadoria e as pensões não poderão exceder a remuneração do respectivo
servidor.
Não há mais direito à paridade, exceto para os servidores que ingressaram antes da EC Nº 41/2003.
Abono de permanência: servidor que cumpriu os requisitos, mas decide permanecer na ativa.

Modalidades de aposentadoria:
Por invalidez permanente: proventos proporcionais, exceto doença grave, contagiosa ou incurável;
Compulsória aos 75 (na forma de LC) anos de idade: proventos proporcionais;
Voluntária, desde que cumpridos 10 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo:
Por tempo de contribuição, com proventos calculados a partir da média das maiores remunerações
utilizadas como base para as contribuições aos regimes próprio e geral:
Homem: aos 60 anos de idade e 35 anos de contribuição.
Mulher: aos 55 anos de idade e 30 anos de contribuição.
Por idade, com proventos proporcionais:
Homem: aos 65 anos de idade.
Mulher: aos 60 anos de idade.

Aposentadorias especiais:

Professor(a) da educação infantil e do ensino fundamental e médio: o tempo de contribuição e o


limite de idade são reduzidos em 5 anos.
Portadores de deficiência; atividades de risco ou em condições especiais: na forma de leis
complementares -> enquanto não forem editadas, aplica-se as normas do RGPS.
Militares: regime de aposentadoria disciplinado em lei própria,

Regime de previdência complementar dos servidores públicos:

Servidores aposentados recebem apenas o teto do RGPS; se quiserem receber mais devem contribuir
para o regime complementar;
Será gerido por entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública (mas pode
ter personalidade jurídica de direito privado).
Os planos de benefícios serão oferecidos apenas na modalidade de contribuição definida.
O servidor que ingressar no serviço público até a instituição do regime precisa registrar prévia e
expressa opção.
Na esfera federal foram criadas: Funpresp-Exe, a Funpresp-Leg e a Funpresp-Jud, fundações
públicas com personalidade jurídica de direito privado.

*****

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17 - Gabarito
2) A 3) C 4) E 5) A
1) C
7) E 8) E 9) E 10) C
6) C
12) A 13) D 14) D 15) B
11) C
17) B 18) D 19) C 20) B
16) C
22) A 23) E 24) E 25) B
21) D
27) C 28) E 29) C 30) B
26) E
32) D 33) D 34) C 35) E
31) E
37) E 38) E 39) E 40) E
36) C
42) E 43) C 44) C 45) A
41) E
47) A 48) C 49) A 50) C
46) E

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18 - Referências bibliográficas
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed.
São Paulo: Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método,
2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas,
2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte:
Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed.
JusPODIVM, 2014.

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