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Livro Eletrônico

Aula 12

Direito Administrativo p/ Magistratura Estadual 2018 (Curso Regular)

Renato Borelli, Equipe Renato Borelli

21985128667 - Paulo Mário Jesus


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Juiz de Direito – Curso Regular

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(copyright), nos termos da Lei nº 9.610/1998, que altera, atualiza e consolida a
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Sumário
1 - O que são serviços públicos? ....................................................................................................... 3
2 - A crise no Serviço Público ........................................................................................................... 7
3 - Classificação dos serviços públicos ............................................................................................... 9
4 - Serviços públicos e a repartição de competências ........................................................................ 14
5 - As formas de Prestação dos Serviços Públicos ............................................................................. 17
6 - A possibilidade de Delegação de Serviços Públicos ....................................................................... 20
7 - Concessões comuns ................................................................................................................. 21
7.1 - Direitos e obrigações dos usuários ....................................................................................... 22
7.2 - Serviço adequado .............................................................................................................. 23
7.3 - Licitação........................................................................................................................... 26
7.4 - Prazo da concessão ........................................................................................................... 28
7.5 - Cláusulas do contrato de concessão ..................................................................................... 30
7.6 - Transferência da concessão, transferência do controle acionário da concessionária, contratação com
terceiros e subconcessão............................................................................................................ 30
7.7 - Encargos do poder concedente e da concessionária ............................................................... 32
7.8 - Intervenção na concessão .................................................................................................. 33
7.9 - Extinção da concessão ....................................................................................................... 34
7.10 - Advento do termo contratual ............................................................................................. 35
7.11 - Encampação (ou resgate) ................................................................................................. 35
7.12 - Caducidade (ou decadência) ............................................................................................. 36
7.13 - Rescisão contratual .......................................................................................................... 37
7.14 - Anulação ........................................................................................................................ 38
7.15 - Desafetação do serviço público .......................................................................................... 38
7.16 - Distrato (acordo) ............................................................................................................. 39
7.17 - Renúncia por parte da concessionária................................................................................. 39
8 - Concessão Especial (Parceria Público - Privada) ........................................................................... 40
8.1 - Modalidades de concessão especial ...................................................................................... 41
8.2 - Vedações ......................................................................................................................... 43
8.3 - Contraprestação da Administração Pública ............................................................................ 43
8.4 - Cláusulas do contrato de parceria público-privada ................................................................. 44
8.5 - Garantias ......................................................................................................................... 46
8.6 - Sociedade de propósito específico........................................................................................ 46
8.7 - Licitação........................................................................................................................... 48
9 - Normas aplicáveis apenas à União nas concessões especiais ......................................................... 50
9.1 - Órgão gestor de parcerias público-privadas federais .............................................................. 50
9.2 - Fundo garantidor de parcerias público-privadas ..................................................................... 51
9.3 - Responsabilidade fiscal....................................................................................................... 52
10 - Permissão e Autorização de Serviços Públicos ............................................................................ 55
11 - Aspectos relativos ao Programa de Parcerias de Investimentos – PPI (Lei nº 13.334/2016) ............. 59
12 - Mais questões de prova .......................................................................................................... 63
13 - Resumão da nossa aula .......................................................................................................... 90

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14 - Questões comentadas na aula ................................................................................................. 94


15 - Gabarito ............................................................................................................................. 109
16 - Referências bibliográficas ...................................................................................................... 109

Direito Administrativo Para Concursos


Olá!

Na aula de hoje estudaremos os Serviços Públicos e seguiremos o sumário


acima.

Qualquer dúvida, não hesitem em me contatar, seja por e-mail, seja pelo
fórum do Estratégia Carreira Jurídica.

Bons estudos!
Força, guerreiros!

1 - O que são serviços públicos?


De grosso modo, e sendo extremamente pragmáticos, podemos afirmar que
serviço público nada mais é que um “serviço ao público”, prestado pelo Estado.
Contudo, em nossa preparação para os concursos, precisamos saber alguns
detalhes!
Durante muito tempo 1 , diante da inexistência de um conceito legal ou
constitucional de serviço público, coube à doutrina definir os contornos do
instituto, o que foi feito mediante a adoção, por vezes isolada, outras
combinadas, dos critérios subjetivo, material e formal.
Segundo o critério subjetivo, o serviço público é aquele prestado
diretamente pelo próprio Estado. Já pelo o critério material, serviço público é a
atividade que tenha por objeto a satisfação de necessidades coletivas. Por fim,
de acordo com o critério formal, o serviço público é aquele exercido sob regime
jurídico de direito público derrogatório e exorbitante do direito comum.
Com o decorrer do tempo, na medida em que o Estado se afastava dos
princípios liberais, passava a desempenhar também atividades comerciais e
industriais, antes reservadas apenas à iniciativa privada. Por outro lado,
verificou-se, em algumas situações, que a estrutura organizacional do Estado não

1
Atualmente, nos termos do art. 2º, inciso II, da Lei nº 13.460/2017 (dispõe sobre participação, proteção e defesa dos
direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública), temos um “simples” conceito de serviço público:
“atividade administrativa ou de prestação direta ou indireta de bens ou serviços à população, exercida por órgão ou
entidade da administração pública.”

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era adequada à execução de todos os serviços públicos. Com efeito, o Poder


Público passou a delegar a particulares a responsabilidade pela prestação de
alguns serviços públicos. Posteriormente, estes serviços públicos tiveram
também sua prestação incumbida a outras pessoas jurídicas criadas pelo próprio
Estado especialmente para esse fim (empresas públicas e sociedades de
economia mista), cujo regime jurídico, predominantemente de direito privado,
seria mais adequado à execução de serviços comerciais e industriais.
Tais fenômenos afetaram consideravelmente os critérios utilizados pela
doutrina para a definição de serviço público. O elemento subjetivo foi afetado
porque as pessoas jurídicas de direito público, buscando a realização de um
Estado Gerencial2, deixaram de ser as únicas a prestar tais serviços, podendo
também os particulares fazê-lo nas hipóteses de delegação (caso das
concessionárias e permissionárias). O elemento material foi atingido porque
algumas atividades que antes não eram consideradas de interesse público
passaram a ser exercidas pelo Estado (como se deu com o serviço de loterias).
Por sua vez, o elemento formal também foi afetado, na medida em que nem todo
serviço público é prestado sob regime exclusivamente público (havendo, por
exemplo, aplicação de normas de direito civil e do consumidor a contratos
firmados entre os particulares e a entidade prestadora de serviço público).
Em face dessas novidades, os autores passaram a falar em crise na noção
de serviço público (tema de destaque, principalmente na parte de regime jurídico
administrativo). Hoje em dia, os critérios citados continuam a ser utilizados para
definir serviço público, mas não se exige que os três elementos estejam presentes
ao mesmo tempo para que o serviço possa ser considerado público, existindo no
âmbito doutrinário diversas definições, decorrentes da utilização isolada de um
dos elementos ou da combinação entre eles.
Além da grande variedade de definições decorrentes da combinação dos
critérios subjetivo, material e formal, é importante entendermos que a própria
expressão serviço público pode ser encarada sob dois prismas: um subjetivo e
outro objetivo. No primeiro, a expressão é utilizada para fazer referência ao
sujeito responsável pela execução da atividade, a exemplo de uma autarquia
incumbida da prestação de serviços educacionais. Já em sentido objetivo (ou
material), a expressão serviço público se refere sempre a uma atividade, ou a
um conjunto de atividades, sem levar em consideração o órgão ou a entidade
que as exerce.
Se não bastassem os aspectos expostos, há ainda autores que utilizam
definições amplas e restritas de serviço público. Para alguns, a expressão

2
Expressão cunhada por Bresser Pereira, quando da implatação no “new public management” no Brasil (1995).

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serviço público serve para designar todas as funções do Estado, o que inclui as
funções administrativa, legislativa e judiciária. Outros possuem um conceito
menos amplo, incluindo apenas as funções administrativas e excluindo as
legislativas e judiciárias. Por fim, dentre aqueles que adotam um sentido mais
restrito, há ainda os que excluem do conceito as atividades decorrentes do
exercício do poder de polícia, de fomento e de intervenção.
Os elementos tradicionais utilizados pela doutrina para definir serviço público
(subjetivo, material e formal) continuam a servir a esse propósito, mas devem
ser combinados e harmonizados com o escopo de corretamente enquadrar as
novas figuras jurídicas que vêm sendo estabelecidas pelo legislador visando a
oferecer comodidades e utilidades, bem como de atender as mutantes
necessidades da população. Nesse contexto, é possível citarmos as parcerias
público-privadas, as OSCIPs e organizações sociais, conforme detalhadas nos
tópicos específicos.
Assim, reinterpretando o elemento subjetivo de acordo com o estágio atual
de evolução do direito administrativo, é possível afirmarmos que a caracterização
de um serviço como público não mais exige que a prestação seja feita pelo
Estado, mas tão somente que ele detenha, nos termos constitucionais e legais, a
titularidade de tal serviço. Quanto a esse aspecto, registramos a importância de
não confundir a titularidade do serviço com sua efetiva prestação. O titular do
serviço é o sujeito que detém a atribuição constitucional para prestá-lo. Como
regra, o titular do serviço não está obrigado a prestá-lo diretamente por meio de
seus órgãos, tendo, apenas, o dever legal de promover-lhe a prestação, seja
diretamente por intermédio de seu aparato administrativo, seja mediante a
delegação a particulares, por intermédio de concessão, permissão ou autorização.
Da mesma forma, nos dias atuais, o critério material, isoladamente
considerado, não é suficiente para definir um serviço como público, pois
existem certas atividades, notadamente aquelas relativas aos direitos sociais –
como saúde e educação – que somente podem se enquadrar no conceito quando
prestadas pelo Estado, sendo a exploração por particulares considerada serviço
privado.
Por fim, quanto ao critério formal, modernamente entende-se que não é
necessário que o regime jurídico a que se submete o serviço público seja
integralmente de direito público, admitindo-se, em algumas situações, que haja
um regime híbrido formado por normas de direito público e privado, mormente
no caso de serviços públicos cuja prestação foi delegada a terceiros.
Seguindo esse mesmo raciocínio, a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro
leciona “serviço público como toda atividade material que a lei atribui ao Estado

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para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo
de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total
ou parcialmente público”.3

Questão 01 (FCC, DPE-MT, Defensor Público, 2009) Em relação ao sentido de serviço


público que se pode extrair do regime constitucional hoje vigente no Brasil, pode-se
corretamente afirmar que é um sentido
a) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele prestado mediante
concessão ou permissão.
b) unívoco, na medida em que a Constituição contém um rol expresso e taxativo dos deveres
do Estado, dizendo-os "serviços públicos".
c) mais restrito do que certas formulações doutrinárias, face à dicotomia constitucional
estabelecida entre serviços públicos e atividades econômicas explora das pelo Estado.
d) amplo, posto que as atividades estatais em geral, como regra, comportam execução por
delegação, mediante concessão ou permissão.
e) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele prestado
diretamente pelo Estado.
Comentários:
a) INCORRETA. Além dos serviços públicos prestados por concessão ou permissão,
existem os serviços públicos indelegáveis, que só podem ser prestados pelo Estado.
b) INCORRETA. Não existe um rol taxativo ou uma lista de serviços públicos no nosso
ordenamento jurídico. O serviço vai ser público de acordo com o contexto histórico e a
necessidade social do momento. Ex.: O serviço de bonde era serviço público e hoje não é
mais. A energia elétrica não era e hoje é serviço público.
c) CERTA. Algumas formulações doutrinárias que conceituam serviço público de forma
bastante ampla, incluem como serviço público as atividades econômicas prestadas pelas
sociedades de economia mista e empresas públicas. No entanto, a visão do nosso
ordenamento jurídico é mais restrita que tais formulações. A CRFB não considera como
serviço público as atividades econômicas exploradas pelo Estado através das empresas
públicas e sociedades de economia mista, haja vista que estas se sujeitam ao regime
juríridico de direito privado de forma predominante e, nos termos da nossa Carta Política,
sempre que o serviço for serviço público, deverá ser prestado em regime jurídico de direito
público, e sempre que for prestado em regime jurídico privado, ele será serviço privado.
d) INCORRETA. A regra geral não é a execução das atividades por delegação.
e) INCORRETA. O serviço público não é só aquele prestado pelo Estado, existem os
serviços públicos delegados ao particular, através de licitação, como fala o próprio art. 175,

3
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito administrativo, p. 107.

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da CRFB: "Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de


concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos."
Gabarito: Letra “c”.
Questão 02 (FCC, PGE-RR, Procurador do Estado, 2006) A Constituição Federal
estabelece que a saúde é direito de todos e dever do Estado e considera de relevância
pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, na forma da lei,
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita
diretamente ou através de terceiros. Diante das mencionadas previsões constitucionais, é
correto afirmar que os serviços de saúde, consoante entendimento predominante,
a) constituem sempre serviço público, de titularidade do Estado, que pode desempenhá-lo
diretamente ou com o apoio dos particulares, mediante concessão ou permissão.
b) não constituem serviço público, ainda quando prestados pelo Estado, sendo passíveis de
exploração econômica por particulares, sob a fiscalização do poder público.
c) são considerados serviço público, quando prestados diretamente pelo Estado, e atividade
econômica quando explorados por particulares.
d) não se caracterizam como serviço público nem atividade econômica, mas sim como
atividade de interesse público, objeto de regulamentação legal específica.
e) constituem serviço público exclusivo, de natureza essencial, devendo ser prestados
diretamente pelo Estado, somente cabendo ao particular atuar em caráter subsidiário.
Comentário:
Embora o artigo 175, da CF assevere categoricamente que a titularidade dos serviços
públicos é do poder público, a verdade é que nem sempre uma atividade desempenhada
pelo Estado como serviço público é subtraída da esfera da iniciativa privada livre.
Há atividades que devem ser prestadas pelo Estado como serviço público, porém, ao
mesmo tempo, são abertas à livre iniciativa, isto é, podem ser exercidas complementarmente
pelo setor privado por direito próprio, sem estar submetidas ao regime de delegação, mas,
tão somente, aos controles inerentes ao poder de polícia administrativa.
Tais atividades, quando exercidas pelos particulares, são serviços privados. Essas
mesmas atividades, quando desempenhadas concretamente pelo Estado, o são como
serviço público, sujeitas, portanto, a regime jurídico de direito público. Os exemplos mais
importantes de atividades enquadradas nessa situação são a educação e a saúde.
Gabarito: Letra “c”.

2 - A crise no Serviço Público


Conforme vimos acima, a conceituação de serviços públicos envolve
considerações de ordem política e jurídica, tendo em vista que os mesmos
existem como instrumentos necessários para atingir (= realizar) os objetivos pré-
definidos pelo Estado. Tais objetivos, chamados muitas vezes de objetivos
nacionais, resultam de decisões do Poder Político que, obviamente, levarão em

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conta ideias políticas, morais e filosóficas de determinada época, bem como a


realidade conjuntural da nação.
Partindo-se dessa ótica, surge a imagem de que as necessidades coletivas
ora são consideradas necessidades públicas, ora não. Por ser o serviço público
um instituto mutável em decorrência do tempo e variável quando se trata de
espaço, observamos a grande multiplicidade de serviços em que o Estado, como
ente soberano, torna essencial e público o serviço, moldando, sem nenhuma
dúvida, nas ideias político-culturais de cada lugar. Como exemplo, podemos citar
o caso do Principado de Mônaco, que tem como base de sua economia um serviço
público, considerado de natureza amoral no Brasil, que são os grandes cassinos
da região. O serviço público referido possui natureza ilícita no Brasil, porém, em
Mônaco, se faz necessário por atrair todo ano milhões de turistas que alavancam
a economia local.
Com o objetivo de diferenciar serviço público em decorrência do tempo e do
lugar em que se encontra, defende Cirne de Lima que “o conceito de fim público,
de interesse público, é, por isso, variável no quantum, pois, como estamos
expondo, a esfera de atribuições do Estado é mutável nos diversos momentos
históricos”4.
Não obstante, alguns objetivos nacionais, por representarem interesses e
aspirações do povo, subsistem ao longo dos tempos e por isso mesmo são
denominados objetivos nacionais permanentes, que são levados em conta na
formulação da Política Nacional, que independe de situações conjurais.
Ainda que não elencados em nossa Constituição Federal, os objetivos
nacionais permanentes podem ser detectados pela análise da evolução do
processo histórico-cultural da nação. Nesse sentido é a doutrina do professor José
Cretella Júnior5:
“(...) a justiça, a função legislativa, a função executiva, naquilo que elas têm
em peculiar e discricionário, as forças armadas, enfim, tudo quanto é
essencial ao Estado, é indeclinável e indelegável. Compreende-se tudo isso
em uma categoria especial”.

Ademais, outros objetivos nacionais existentes são aqueles denominados de


contingentes. São considerados desse modo, pois são condicionados pela
realidade conjuntural. São os objetivos nacionais imediatos ou atuais que
direcionam a política governamental, representando etapas para alcançar e

4
Ruy Cirne de Lima. Princípios gerais do direito administrativo, 7ª ed. 2007, p.209.
5
José Cretella Junior, Tratado de direito administrativo, 1967, p. 38.

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manter os objetivos nacionais permanentes. Tais objetivos constituem,


exatamente, a tarefa dos serviços públicos.
Como já afirmamos em nossa primeira parte, serviço público pode se
confundir com o serviço ao público. Entretanto, do ponto de vista jurídico, nem
tudo que o Estado faz ou deva fazer configura serviço público, mas só aquele
prestado sob o regime de direito público, sob o regime administrativo, e sob os
princípios que regem o serviço público, quais sejam, o da eficiência, continuidade,
a igualdade, mutabilidade; classicamente chamados de “Leis de Rolland” 6 . É
evidente que quando o Estado perdeu o liame dos elementos materiais e formais
que compunham a noção jurídica do instituto, tal noção perdeu força por não
oferecer um sentido preciso.
Com o advento do Liberalismo, o Estado e a iniciativa privada se
confundiram, tendo em vista a presença mais significativa do Setor Privado nos
Serviços Públicos, como bem salientado por Fernando Fróes7:
“uma nova filosofia se instaurou no centro econômico; os governos passaram
a fundamentar suas ações na premissa de que o Estado deveria deixar de
ser o produtor de bens e serviços (executor) e se tornar apenas regulador
das atividades econômicas levadas a cabo por empresas
predominantemente do Setor Privado.”

Portanto, cada vez mais é admitida a prestação, por entes privados, de


serviços denominados públicos, desintegrando-se da noção da prestação
eminentemente estatal e de exclusivo regime público.

Não obstante a esses pensamentos minoritários, os serviços públicos


encontram-se a cada dia invadindo a esfera privada. Assim, não resta concluir
que a noção jurídica de serviço público se empobreceu ao extremo que a
expressão passou a ter um valor apenas nominal.

3 - Classificação dos serviços públicos


Os vários critérios adotados para classificar os serviços públicos, dão lugar a
diversas classificações, dentre as quais destacamos as seguintes:

6
Alexandre dos Santos Aragão, Direito dos serviços públicos, 2ª ed. 2008, p. 90.
7
Fernando Froes. Infra-estrutura e Serviços Públicos: Princípios da Regulação Geral Econômica., in José Eduardo Martins
Cardozo. Curso de Direito Administrativo Econômico. 2006

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a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais) e serviços de


utilidade pública (não essenciais):
Os serviços públicos propriamente ditos são aqueles considerados essenciais
à sobrevivência do grupo social e do próprio Estado, a exemplo da defesa nacional
e do serviço de polícia judiciária e administrativa. Como tais serviços exigem a
prática de atos de império em relação aos administrados, só podem ser prestados
diretamente pelo Estado, sem delegação a terceiros. Já os serviços de utilidade
pública são aqueles cuja prestação é conveniente para a coletividade, uma vez
que, apesar de visarem a facilitar a vida do indivíduo na sociedade, não são
considerados essenciais, podendo, justamente por isso, ser executados
diretamente pelo Estado ou ter sua prestação delegada a particulares, a exemplo
do transporte coletivo, energia elétrica e telefonia.
b) Serviços próprios e impróprios:
De início, é extremamente importante advertirmos que a classificação de
serviços públicos próprios e impróprios apresenta variação de sentido na doutrina
administrativista.
Conforme citado pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro,8 a doutrina
tradicional classifica como serviços públicos próprios aqueles que, em face de sua
importância, o Estado assume como seus e os executa de forma direta (por meio
de seus agentes) ou indireta (mediante delegação a terceiros concessionários ou
permissionários). Por sua vez, os serviços públicos impróprios seriam aqueles
que, apesar de atenderem às necessidades coletivas, não são executados pelo
Estado, seja direta seja indiretamente, mas tão somente autorizados (consentido
o exercício), regulamentados e fiscalizados pelo Poder Público, a exemplo de
instituições financeiras, de seguro e previdência privada. A própria autora,
contudo, adverte que aqueles serviços considerados impróprios pela mencionada
corrente doutrinária sequer seriam serviços públicos em sentido jurídico, uma vez
que a lei não atribui a sua prestação ao Estado.
Consoante as lições do nosso saudoso professor Hely Lopes, serviços
próprios do Estado “são aqueles que se relacionam intimamente com as
atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.) e
para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os
administrados. Por essa razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades
públicas, sem delegação a particulares”.9 Por sua vez, os serviços impróprios do
Estado “são os que não afetam substancialmente as necessidades da
comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por isso, a

8
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito administrativo, p. 114.
9
Hely Lopes Meirelles, Direito administrativo brasileiro, p. 353.

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Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades


descentralizadas (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações governamentais), ou delega sua prestação a concessionários,
permissionários ou autorizatários”.10

Serviços próprios do Estado são aqueles que


dizem respeito às atribuições do Poder
Público e não podem ser objeto de delegação
a particulares.
A classificação do serviço público como
impróprio decorre de que o serviço prestado,
apesar de atendendo a necessidades
coletivas, não é executado pelo Estado, seja
direta seja indiretamente, mas tão somente
autorizado, regulamentado e fiscalizado pelo
Poder Público.

c) Serviços administrativos, econômicos (comerciais ou industriais) e sociais:


Os serviços administrativos se constituem em atividades promovidas pelo
Poder Público com o objetivo de atender às necessidades internas da
Administração ou preparar outros serviços que serão prestados ao público, tais
como a imprensa oficial ou as estações experimentais.
O serviço comercial ou industrial, conforme lição de Maria Sylvia Zanella Di
Pietro,11 é aquele que a Administração Pública executa, direta ou indiretamente,
para atender às necessidades coletivas de ordem econômica, tendo como
fundamento o art. 175 da Constituição Federal, a exemplo dos serviços de
transporte, energia elétrica, telecomunicações etc.
O serviço público social é aquele que atende a necessidades coletivas, em
áreas em que a atuação do Estado é considerada essencial, tais como educação,
saúde e previdência. Tais serviços, conforme orientação da doutrina dominante,
quando prestados pela iniciativa privada não são considerados serviços públicos,
mas sim serviços de natureza privada.

d) Serviços uti singuli (singulares) e uti universi (coletivos):

10
Idem, p. 353.
11
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito administrativo, p. 116.

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Os serviços uti singuli, também chamados de serviços singulares ou


individuais, são aqueles que têm por finalidade a satisfação individual e direta
das necessidades do indivíduo. Os serviços uti singuli têm usuários determinados
(ou, ao menos, determináveis), sendo possível a mensuração individualizada da
utilização por parte de cada usuário. Incluem-se nessa categoria os serviços de
telefone, fornecimento de água, energia elétrica, gás, transportes etc. Tais
serviços podem ser remunerados por meio de taxa ou tarifa.
Os serviços uti universi, também conhecidos como serviços universais,
coletivos ou gerais, são aqueles prestados à coletividade, mas usufruídos
apenas indiretamente pelos indivíduos, como serviço de iluminação pública,
varrição de rua, defesa nacional etc. Os serviços uti universi são prestados a
usuários indeterminados e indetermináveis, não sendo possível, justamente por
isso, a mensuração individualizada do uso. Esses serviços são custeados por meio
de impostos ou contribuições especiais. Por essa razão, o STF editou a Súmula
nº 670 (posteriormente convertida na Súmula Vinculante 41), na qual consagra
o entendimento de que “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa”, uma vez que se trata de serviço uti universi.
É fácil percebermos a lógica da correlação entre o enquadramento do serviço
como uti universi ou uti singuli e o seu custeio. Quando o serviço é uti singuli,
como é possível identificar o usuário e mensurar a utilização, a “conta” deve ser
paga pelo próprio usuário (mediante taxa, preço ou tarifa); quando se trata de
serviço uti universi, não sendo possível apontar os usuários de forma
individualizada (o usuário é a “coletividade”), nem quantificar o uso, a “conta” é
paga pela coletividade (mediante o recolhimento de impostos ou contribuições
especiais).

Questão 03 (VUNESP, Prefeitura de Suzano -SP, Procurador Jurídico, 2015) São


exemplos de serviços públicos uti singuli:
a) iluminação pública, calçamento e fornecimento de gás.
b) energia elétrica, iluminação pública e saúde.
c) telefonia, energia elétrica e fornecimento de água.
d) educação, saúde e policiamento.
e) transporte coletivo, defesa civil e educação..
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Os serviços públicos uti singuli, ou serviços individuais, são prestados de modo a criar
benefícios individuais a cada usuário, podendo ser concedidos e custeados pela cobrança
de taxas.
Exemplos: energia residencial, água canalizada, transporte coletivo, telefonia fixa etc.
Como os serviços públicos uti universi, ou serviços gerais, não criam vantagens
particularizadas para cada usuário, torna-se impossível estabelecer um valor justo que possa
ser cobrado do beneficiário como remuneração pela prestação. Daí por que os serviços
públicos uti universi não podem ser dados em concessão nem remunerados pela cobrança
de taxas. Tais serviços são prestados diretamente pelo Estado e a sua prestação é custeada
pela receita proveniente de impostos.
Exemplos: atividade jurisdicional, varrição de ruas, iluminação pública, coleta de lixo, limpeza
pública etc.
Gabarito: Letra “c”.
Questão 04 (CEBRASPE, DPE-AL, Defensor Público, 2009) No que se refere aos serviços
públicos, julgue o item abaixo.
( ) Os serviços públicos uti singuli são aqueles prestados à coletividade, que têm por
finalidade a satisfação indireta das necessidades dos cidadãos, tais como os serviços de
iluminação pública e de saneamento.
Comentário:
A classificação dos serviços públicos levando-se em conta os destinatários podem ser: uti
singuli e uti universi.
Uti singuli (individuais): tem usuários determinados e utilização particular e mensurável para
cada destinatário (ex.: telefone, água). Devem ser remunerados por taxa ou tarifa e o “corte”
do fornecimento é autorizado.
Uti universi (gerais): são prestados sem ter usuários determinados, para atender à
coletividade no seu todo, como os de polícia, iluminação pública, coleta de lixo em via
pública, calçamento; são indivisíveis; devem ser mantidos por imposto; entende-se que a
suspensão do fornecimento é ilegal.
Gabarito: Incorreta.
Questão 05 (FCC, PGE-RJ, 2009) Os serviços públicos podem ser classificados como
a) concedidos, quando outorgados por lei a outrem, que deve executá-los em nome do
Estado que mantém a sua titularidade.
b) impróprios, quando o Estado os assume como seus e os executa indiretamente.
c) outorgados, quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a
execução dos serviços.
d) delegados, quando o Estado os transfere por lei, criando uma entidade para executá-los.
e) próprios, quando o Estado os assume como seus e os executa, direta ou indiretamente.
Comentário:
a) INCORRETA. O erro consistente na afirmação de que "outorgados por lei a outrem" "deve
executá-los em nome do Estado que mantém a sua titularidade." Ora, o serviço público
outorgado transfere a titularidade para a pessoa que irá executá-lo, ou seja, a titularidade
não fica com o Estado, como ocorre com a delegação de serviço público. Ademais, a

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concessão de serviço público é feita através de delegação de serviço público (por meio de
contrato) e não por outorga.
b) INCORRETA. Serviços impróprios do Estado - são os que não afetam substancialmente
as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e,
por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades
descentralizadas (Ex.: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações governamentais), ou delega sua prestação.
c) INCORRETA. O Serviço público outorgado é feito por lei. Invariavelmente a lei outorga
ao Poder Público (entidade estatal) a titularidade do serviço público e somente por lei se
admite a mutação de titularidade (princípio do paralelismo das formas). A outorga possui
contornos de definitividade, pois decorre de lei.
d) INCORRETA. O Serviço público delegado é feito por contrato, ao contrário do outorgado
que é feito por lei. Nos serviços delegados há transferência da execução do serviço por
contrato (concessão) ou ato (permissão e autorização) negocial. A delegação sugere termos
final prefixado, visto decorrer de contrato
e) CORRETA. Serviços próprios do Estado - são aqueles que se relacionam intimamente
com as atribuições do Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde públicas etc.)
e para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os
administrados. Não podem ser delegados a particulares. Tais serviços, por sua
essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração.
Gabarito: Letra “e”.

4 - Serviços públicos e a repartição de competências


Nos Estados federados, como é o caso do Brasil, é fundamental identificar
qual a entidade federativa competente para prestar, regulamentar e controlar os
diversos serviços públicos, existindo serviços públicos federais, estaduais,
municipais e distritais.
A repartição da competência para prestação dos serviços públicos é feita
pela Constituição Federal, havendo serviços privativos de cada ente e serviços
comuns aos diversos entes federados.
A lógica seguida pelo legislador constituinte na repartição de competências
entre os entes federados foi a da predominância de interesse, de forma que, se
o serviço abranger todo o território nacional, restará configurado um interesse
predominantemente nacional, devendo a prestação ficar a cargo da União
Federal. Caso o interesse em questão seja regional, o serviço será de
competência dos Estados. Por fim, se o serviço for relativo a um interesse
predominantemente local, será de atribuição dos municípios.
Não obstante a irretocável lógica, o legislador constituinte foi sensível ao
fato de que lhe seria impossível listar de maneira exaustiva todos os serviços
públicos de forma a atribuí-los expressamente a determinado(s) ente(s). Assim,

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optou por enumerar expressamente os serviços de competência da União (CRFB,


art. 21), os de competência dos municípios (CRFB, art. 30) e os de competência
comum (CRFB, art. 23), determinando que o resto (o resíduo, o que
remanescesse) ficaria a cargo dos Estados (CF, art. 25, § 1º – competência
residual ou remanescente).
Um exemplo sempre citado para ajudar na compreensão da lógica que
presidiu a repartição de competência é a prestação dos serviços públicos de
transporte. Quando o serviço transpõe os limites territoriais do Estado ou se
estende a Estado estrangeiro, reputa-se presente o interesse nacional, de forma
que a prestação é constitucionalmente atribuída à União Federal (CRFB, art. 21,
XII, “d” e “e”). Já o serviço de transporte coletivo, que é de interesse
predominantemente local, fica a cargo do Município (CRFB, 30, V). Não há,
contudo, expressa atribuição constitucional da competência para prestar o
serviço de transporte quando este, apesar de romper a fronteira dos municípios,
se restringir ao território estadual. No entanto, nessas hipóteses está clara a
predominância de interesse regional (estadual), de forma que a competência
deve ser deferida ao próprio Estado, o que é feito tendo em vista a já citada
competência residual ou remanescente, que atribui aos Estados as competências
que não lhe tenham sido vedadas, ou seja, as que não tenham sido
expressamente concedidas à União ou aos Municípios (CRFB, art. 25, § 1º).
Ao Distrito Federal, em face da proibição de sua divisão em municípios,
foram cumulativamente outorgadas, em regra, as competências dos Estados e
Municípios (CRFB, art. 32, § 1º). Contudo, tal regra não é absoluta, já que
existem algumas atividades de competência dos Estados que, no âmbito do
Distrito Federal, ficam a cargo da União, como a organização e manutenção do
Poder Judiciário, do Ministério Público, da polícia civil, da polícia militar e do corpo
de bombeiros militar (CRFB, art. 21, XIII e XIV).
Por fim, registramos que, no tocante aos serviços comuns, a Constituição
Federal, em consonância com o objetivo de implementar um federalismo que seja
efetivamente cooperativo, prevê que leis complementares fixarão normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo
em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional
(art. 23, parágrafo único).

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Questão 06 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada) Julgue o item que
segue:
( ) A competência para legislar sobre a delegação de serviço público, modalidade de
contrato administrativo, é de todos os entes da Federação.
Comentário:
O art. 22, XXVII, da CRFB assim dispõe:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...) XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 7, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III.
O fato de a Constituição definir como competência privativa da União legislar certas
matérias, in casu, normas gerais de licitação e contratação, permitiu aos Estados legislarem
(não concorrentemente, mas) suplementarmente, conforme § 2º do artigo 24 da
Constituição:
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
A competência legislativa plena dos Estados somente poderia ser exercitada se não
houvesse as normas gerais de licitação definidas na Lei 8.666/93, conforme o § 3º do mesmo
artigo:
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades
Da mesma forma, aos Municípios é dado o direito de suplementar a norma federal, naquilo
que couber e lhe for possível:
Art.30. Compete aos Municípios:
(...)
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
Ademais, o art. 241 da CRFB explicita que a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de
cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos,
bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais
à continuidade dos serviços transferidos.
Gabarito: Incorreta.
Questão 07 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 - Adaptada) Julgue
o item que segue:
( ) os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm competência para legislar sobre
consórcios públicos.
Comentário:
São competentes para legislar sobre consórcios públicos a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios (art. 241 da CF):

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Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de
lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou
parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.
Utilizando-se de subterfúgio questionável constitucionalmente, o Congresso editou a Lei
11.107/05, de caráter nacional, atribuindo aos Consórcios Públicos natureza contratual,
utilizando-se de competência privativa do art. 22, XXVII, da CF.
Gabarito: Incorreta.

5 - As formas de Prestação dos Serviços Públicos


A Constituição Federal estabelece, em seu art. 175, que incumbe ao Poder
Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão
a prestação de serviços públicos. Ainda segundo esse mesmo dispositivo, as
concessões e permissões de serviços públicos serão sempre precedidas de
licitação.
Por sua vez, o parágrafo único do art. 175 da CRFB prevê a edição de lei
para regulamentar os seguintes aspectos:
I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado.

Regulamentando o texto constitucional foi editada a Lei nº 8.987/1995, que


estabeleceu normas gerais em matéria de concessão e permissão de serviços
públicos, aplicáveis à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como a
Lei nº 9.074/1995, que, apesar de estipular regras específicas voltadas a serviços
de competência da União, também trouxe algumas poucas regras gerais
aplicáveis a todos os entes federados.
Completando a disciplina anterior, com base na competência da União para
legislar sobre normas gerais em matéria de licitação e contratos administrativos,
foi editada a Lei nº 11.079/2004, que instituiu normas atinentes a licitação e
contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública.

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No tocante ao modo de prestação dos serviços públicos, estes podem ser


prestados de forma centralizada ou descentralizada.
Quando o serviço público é prestado pela própria pessoa jurídica
federativa que detém a sua titularidade, diz-se que o serviço está sendo
prestado de forma centralizada. Ocorre que, em várias situações, o ente político
titular daquele serviço público, embora mantendo a sua titularidade, transfere a
pessoas alheias à sua estrutura administrativa a responsabilidade pela
prestação, hipótese em que o serviço passa a ser executado de forma
descentralizada.
O ente político, mesmo quando transfere a terceiros a responsabilidade pela
prestação de serviços públicos, sempre conserva a sua titularidade, o que lhe
garante a manutenção, em qualquer caso, da competência para regular e
controlar a prestação desses serviços.
A descentralização dos serviços públicos pode ser feita de duas formas: a)
por outorga (delegação legal); ou b) por delegação (delegação negocial).
Na descentralização por outorga (também conhecida por delegação
legal), o Estado cria uma entidade (autarquia, fundação pública, sociedade de
economia mista ou empresa pública) e lhe transfere, por lei, a execução de um
serviço público.
Na descentralização por delegação (também conhecida por delegação
negocial) o Poder Público transfere por contrato ou ato unilateral a
execução do serviço, para que o delegado preste o serviço em seu próprio nome
e por sua conta e risco, nas condições previamente estabelecidas e sob controle
estatal.
É importante não confundir a desconcentração com a descentralização.
A desconcentração é uma distribuição interna de atribuições (se dá dentro
da mesma pessoa jurídica). Em outras palavras, na desconcentração há um
mero desmembramento orgânico. Assim, a União Federal exerce suas
atribuições constitucionais por meio dos órgãos Legislativo, Executivo e
Judiciário. O órgão Executivo é dividido em diversos Ministérios que, por sua vez,
são comumente divididos em Secretarias. Todos são órgãos da mesma pessoa:
a União. Tudo o que é feito desconcentradamente pelos órgãos é imputado à
pessoa que estes integram (no exemplo citado, a União). Entretanto, quando a
União editou uma lei e criou o IBAMA, autarquia federal, outorgando-lhe certas
atividades, houve descentralização, pois uma nova pessoa (e não apenas um
novo órgão) passou a exercer as atribuições anteriormente a cargo daquele ente
político.

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Convém esclarecer que a delegação negocial pressupõe a titularidade


exclusiva do ente delegante sobre o serviço a ser delegado. No caso de serviços
cuja titularidade não é exclusiva do Poder Público, como saúde e educação, o
particular que pretender exercê-lo não dependerá de delegação estatal. Vale
salientar que esses serviços (saúde e educação) quando prestados por
particulares não são considerados serviços públicos, mas atividade econômica
própria da iniciativa privada.

Questão 08 (PGE-GO, Procurador do Estado, 2013 - Adaptada) Julgue o item a seguir:


( ) A criação de autarquias é uma das formas de desconcentração administrativa.
Comentário:
A criação de autarquias é uma forma de descentralização administrativa por serviço e não
de desconcentração como afirma o item.
Gabarito: Incorreta.
Questão 09 (FUNDEP, DPE-MG, Defensor Público, 2014) Sobre a organização da
Administração Pública, assinale a alternativa INCORRETA.
a) As atividades administrativas podem ser exercidas pelo Estado, por ele mesmo, ou por
meio de outros sujeitos, hipótese na qual o Estado transfere a titularidade da atividade para
a Administração Indireta ou pessoas particulares.
b) Na distribuição interna das competências decisórias (desconcentração), todos os órgãos
e agentes permanecem ligados pelo vínculo da hierarquia.
c) Os serviços notariais e de registro são atividades jurídicas que são próprias do Estado,
porém exercidas por particulares mediante delegação.
d) A Administração Pública Direta tem poder de controle ou de tutela com as entidades da
Administração Indireta dela decorrentes.
Comentários:
Tratando-se de transferência de uma dada atividade para particulares (descentralização por
colaboração ou contratual), efetua-se tão somente a transferência da execução do serviço,
mantendo com o Estado, todavia, sua titularidade. Tanto assim que, ao final do contrato,
caso não renovado ou se não for feita nova licitação, o serviço retorna ao Poder Público, que
assume a incumbência de prestá-lo diretamente.
As demais afirmativas estão todas corretas, sendo seus textos autoexplicativos, razão pela
qual dispensam-se comentários adicionais.
Gabarito: Letra “a”.
Questão 10 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado) Analisando a
Administração Pública, é INCORRETO afirmar que:

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a) a constituição de uma autarquia é exemplo de desconcentração administrativa.


b) na descentralização é viável a desconcentração administrativa.
c) uma empresa pública é hipótese de descentralização administrativa.
d) a desconcentração pode ser geográfica ou territorial.
Comentários:
A questão aborda as formas de prestação da atividade administrativa: Formas centralizada,
desconcentrada e descentralizada.
A forma centralizada verifica-se quando a atividade é exercida pelo próprio Estado (Adm.
Direta).
A forma desconcentrada observa-se como um fenômeno de distribuição interna de partes
de competências decisórias, agrupadas em unidades individualizadas, não prejudicando a
unidade monolítica do Estado, pois todos os órgãos e agentes permanecem ligados por um
sólido vínculo denominado hierarquia.
A forma descentralizada efetiva-se quando o Estado transfere o exercício de atividades que
lhe são pertinentes, para pessoas jurídicas auxiliares por ele criadas ou para particulares, e
passa a atuar indiretamente, pois o faz por intermédio de outras pessoas, físicas ou jurídicas.
Descentralização política consiste na distribuição de competências entre entes políticos,
definida pelo texto constitucional, é diferente de descentralização administrativa que
representa o deslocamento de atividades administrativas para a Administração Indireta ou
para particulares.
O item A está errado porque a constituição de uma Autarquia é exemplo de descentralização,
observe que há a criação de outra pessoa jurídica para a prestação da atividade estatal.
Gabarito: Letra “a”.

6 - A possibilidade de Delegação de Serviços Públicos


A delegação negocial de serviços públicos pode ocorrer mediante:
concessão, permissão ou autorização.
As concessões de serviços públicos, conforme a disciplina jurídica, podem
ser divididas em duas espécies:
1ª) concessões comuns (disciplinadas pelas Leis nos 8.987/1995 e
9.074/1995); e
2ª) concessões especiais, conhecidas como parcerias público-privadas
(previstas na Lei nº 11.079/2004, mas também sujeitas a alguns dispositivos
da Lei nº 8.987/1995).

As concessões comuns, por sua vez, se subdividem em duas modalidades:


a) concessão de serviços públicos e

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b) concessão de serviço público precedida da execução de obra


pública.

Já as concessões especiais (parcerias público-privadas) também se


subdividem em duas categorias:
a) concessão patrocinada; e
b) concessão administrativa.

Embora o legislador não tenha se preocupado em editar normas específicas


sobre permissão de serviço público, fazendo-o apenas em relação à concessão
de serviço público, a Lei nº 8.987/1995 previu no parágrafo único do art. 40 que
se aplicam às permissões o disposto nesta lei. Dessa forma, as permissões se
submetem praticamente às mesmas normas jurídicas relativas à concessão
comum de serviço público.
No tocante à autorização de serviço público, não há norma legal específica
que regule a matéria.

7 - Concessões comuns
A concessão comum de serviço público é espécie de contrato administrativo
pelo qual a Administração Pública delega à pessoa jurídica, ou a consórcio de
empresas, a execução de determinado serviço público de sua titularidade. Por
sua vez, o concessionário se obriga a executar o serviço delegado em seu próprio
nome, por sua conta e risco, sujeitando-se a controle e fiscalização do poder
concedente e sendo remunerado por intermédio de tarifa paga pelo usuário ou
por outra forma de remuneração decorrente da exploração do serviço, como é o
caso das receitas obtidas por empresas de transporte coletivo que cobram pela
publicidade afixada na parte traseira dos ônibus.
Conforme ressaltamos, existem duas modalidades de concessão comum: a)
concessão de serviço público (também chamada de concessão simples) e b)
concessão de serviço público precedida da execução de obra pública.
A Lei define a concessão de serviço público (concessão simples) como a
“delegação da prestação de serviço público, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco e por prazo determinado” (art. 2º, II).

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Por sua vez, a concessão de serviço público precedida da execução de obra


pública é definida como “a construção, total ou parcial, conservação, reforma,
ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada
pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua
realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária
seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por
prazo determinado” (art. 2º, III). A título de exemplo, temos a concessão a
particular, vencedor de certame licitatório, da construção e conservação de
rodovia, com a consequente remuneração mediante a cobrança de pedágio aos
particulares que utilizarem da via.
Nota-se que a única diferença entre as duas modalidades de concessão
comum está no respectivo objeto. Na concessão simples, o objeto do contrato é
unicamente a execução de determinada atividade caracterizada como serviço
público; já na concessão de serviço público precedida da execução de obra pública
há uma duplicidade de objeto. O primeiro deles é o ajuste entre o poder
concedente e o concessionário para a execução de determinada obra pública; o
segundo, a prestação do serviço público consistente na exploração econômica do
serviço ou da obra.

7.1 - Direitos e obrigações dos usuários


Nos termos da Lei nº 8.987/1995, os direitos e obrigações dos usuários dos
serviços públicos delegados são os seguintes (art. 7º):
a) receber serviço adequado;
b) receber do poder concedente e da concessionária informações para a
defesa de interesses individuais ou coletivos;
c) obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários
prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do
poder concedente;
d) levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as
irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço
prestado;
e) comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela
concessionária na prestação do serviço;
f) contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos
pelos quais lhes são prestados os serviços.

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Além disso, as concessionárias de serviços públicos são obrigadas a oferecer


ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis
datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos (art. 7º-
A, Lei nº 8.987/1995).

7.2 - Serviço adequado


Dentre os direitos dos usuários está o de receber um serviço público
adequado. Dado o grau de subjetividade que permeia a palavra “adequado”, o
legislador resolveu expressamente estabelecer um conjunto de condições que
devem ser observadas na prestação do serviço para que ele cumpra o requisito
da adequação. Tais condições estão previstas no § 1º do art. 6º da Lei nº
8.987/1995. Além do conhecimento do citado dispositivo, é fundamental
entendermos o significado de cada condição, o que muitas vezes é ilustrado por
outras regras legalmente estabelecidas com o objetivo de garantir o cumprimento
das exigências legais para a qualificação do serviço como adequado. É o que
passamos a demonstrar a seguir:

a) Regularidade
O princípio da regularidade exige que os serviços públicos sejam prestados
sem variação significativa dos padrões técnicos exigidos. Nesse sentido, a
regularidade está ligada à estabilidade, à manutenção de seus requisitos
essenciais, associando-se, portanto, ao princípio da continuidade, de forma que
um serve como complemento do outro. Como exemplo, temos o serviço de
fornecimento de energia elétrica, que deve ser contínuo, sem interrupções (salvo
as exceções legais estudadas adiante). Além disso, impõe-se também a
continuidade do padrão técnico de fornecimento (regularidade), sendo a energia
disponibilizada sem variações relevantes de tensão. Em outra acepção, tem-se
entendido que o serviço é considerado regular quando é prestado em perfeita
consonância com a lei e com o regulamento que disciplina a matéria.

b) Continuidade12

12
O STJ estabeleceu 10 (dez) teses sobre a continuidade dos serviços públicos e o corte de serviços públicos essenciais.
Vejamos:
a) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente o usuário, desde que precedido
de notificação;
b) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações, desde que precedido de notificação.;
c) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à integridade física do
usuário.;

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O princípio da continuidade, também chamado de princípio da permanência,


impõe que o serviço público, uma vez instituído, seja prestado de forma
permanente, sem interrupção.
No entanto, a própria Lei nº 8.987/1995, no seu art. 6º, § 3º, permite a
interrupção de serviços sem violação ao princípio da continuidade em algumas
hipóteses que passamos a exemplificar.
A primeira hipótese é a decorrente de situações de emergência. É o que se
verifica, por exemplo, nas hipóteses de acidentes automobilísticos que causem
rompimentos em cabos de alta tensão, colocando em risco a população e exigindo
interrupção do serviço de fornecimento de energia elétrica. Nesse caso, tendo em
vista a necessidade de providências imediatas por parte do concessionário, a lei
não exige aviso prévio aos usuários.
A segunda situação é a decorrente de razões de ordem técnica ou de
segurança das instalações. É o que se verifica quando as companhias
fornecedoras de energia elétrica precisam realizar procedimentos de manutenção
da rede, hipóteses nas quais é legalmente exigida a comunicação prévia aos
usuários, o que é costumeiramente operacionalizado mediante comunicação nos
órgãos de imprensa.
Por fim, a lei prevê a interrupção do fornecimento do serviço em virtude de
inadimplemento do usuário, que deverá ser previamente avisado do fato. A
situação é objeto de grande discussão doutrinária, principalmente quando o
serviço a ser interrompido é considerado essencial, como o de fornecimento de
água tratada. Não obstante, no âmbito do STF pacificou-se o entendimento no
sentido da constitucionalidade da previsão legal que autoriza o corte.

c) Eficiência

d) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito
público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis
à população.;
e) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma vez
que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde.;
f) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do usuário decorrer de
débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo.;
g) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da
natureza pessoal da dívida.;
h) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito e
ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais.;
i) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito decorrer de irregularidade no
hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária., e
j) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que originou o débito, e não sobre
outra unidade de consumo do usuário inadimplente.

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A eficiência diz respeito à obtenção de bons resultados com a prestação do


serviço. Além disso, o princípio exige que o serviço seja realizado dentro de uma
adequada relação de custo/benefício, evitando-se desperdícios.
Como decorrência do princípio da eficiência são válidas as exigências legais
de prazo máximo para atendimento de demandas do usuário, padrões mínimos
de qualidade do serviço, restrições aos aumentos de tarifas, entre outras.

d) Segurança
Os serviços públicos devem respeitar padrões e normas de segurança, de
modo a preservar a integridade da população em geral e dos equipamentos
utilizados.
Têm-se como flagrantes desrespeitos ao requisito os casos de choques
elétricos sofridos por particulares em virtude de simples contato com postes de
distribuição de eletricidade, assim como os casos de danos a eletrodomésticos
decorrentes de variações bruscas na tensão elétrica.

e) Atualidade
A atualidade do serviço diz respeito à modernidade das técnicas, do
equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e
expansão do serviço. O princípio visa a impedir que o prestador se alheie às
inovações tecnológicas, deixando de investir na disponibilização aos usuários das
melhorias de qualidade e amplitude do serviço.

f) Generalidade
O princípio da generalidade é atinente aos aspectos da universalidade e da
isonomia. A característica de ser universal garante que o serviço seja ofertado da
forma mais abrangente possível. Além disso, em face de seu caráter isonômico,
o serviço deverá ser prestado sem que seus usuários sofram discriminações. Nos
termos do art. 3º, IV, da Lei nº 9.074/1995, o serviço deve assegurar o
“atendimento abrangente ao mercado, sem exclusão das populações de baixa
renda e das áreas de baixa densidade populacional inclusive as rurais”.
Novamente utilizando-nos do serviço de telefonia, podemos lembrar que é
comum que os custos envolvidos no atendimento às áreas rurais tornem
economicamente desaconselhável que ali seja prestado o serviço. No entanto, o
princípio da generalidade determina que a concessionária – que, nunca

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esqueçamos, aufere o bônus da exploração do serviço em áreas mais lucrativas


– assuma o ônus de atendimento às localidades que, isoladamente consideradas,
poderiam ser consideradas deficitárias.

g) Cortesia
O prestador do serviço deve tratar o usuário de forma gentil, urbana e
educada.

h) Modicidade das tarifas


O valor pago pela prestação dos serviços deve ser estabelecido segundo
padrões de razoabilidade, evitando-se que os prestadores de serviços obtenham
lucros extraordinários em prejuízo dos usuários.

i) Política tarifária
A tarifa paga pelo usuário, e que serve para remunerar a concessionária pela
prestação do serviço público, deve ser fixada inicialmente de acordo com o preço
estabelecido na proposta vencedora da licitação. No entanto, o Estado deverá
rever os valores estabelecidos, para mais ou para menos, sempre que houver
alteração das condições que provoque o desequilíbrio econômico-financeiro do
contrato.
Ainda segundo a norma legal, somente nos casos expressamente previstos
em lei a cobrança da tarifa poderá ser condicionada à existência de serviço público
alternativo e gratuito para o usuário (art. 9º, § 1º). Foi com base nessa previsão
que o STJ passou a entender que não mais subsistia a tese segundo a qual a
cobrança do pedágio (que, quando feita por particular concessionário de rodovia,
enquadra-se como tarifa) somente poderia ser realizada caso houvesse uma via
alternativa sem pedágio franqueada ao particular, uma vez que a Lei nº
8.987/1995 não contém qualquer exigência nesse sentido. Contudo, a lei admite
a possibilidade da cobrança de tarifa diferenciada em função das características
técnicas e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos
segmentos de usuários (art. 13).

7.3 - Licitação
A celebração de qualquer contrato de concessão ou permissão de serviço
público deve ser precedida da realização de licitação, conforme previsto no art.
175 da Constituição Federal.

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No que concerne às concessões, a Lei nº 8.987/1995 estabeleceu que a


delegação dependerá da realização de prévio procedimento licitatório para
escolha do concessionário, na modalidade obrigatória da concorrência.
Não custa lembrar que a concorrência é modalidade licitatória já regulada
pela Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 8.666/1993). Contudo, a Lei nº
8.987/1995, a par das normas previstas no estatuto das licitações, estabeleceu
regras específicas aplicáveis apenas às concorrências cujo objeto seja a
celebração de contrato de concessão de serviços públicos. Por conseguinte, as
concorrências para concessão de serviços públicos são regidas primeiramente
pelas regras previstas na Lei Geral das Concessões e, naquilo em que não houver
disposição específica, aplicam-se subsidiariamente as normas do Estatuto das
Licitações e Contratos.
Uma das regras especiais relativas à licitação trazidas pela lei das concessões
é quanto aos critérios de julgamento das propostas dos licitantes, conforme
se pode extrair do art. 15, da Lei nº 8.987/199513.
Outra regra específica relativa às concorrências para concessão de serviços
públicos é a que estabelece a possibilidade de inversão da ordem das fases
de habilitação e julgamento, o que não existe para as concorrências regidas
exclusivamente pela Lei nº 8.666/1993. A inversão dessas fases do procedimento
licitatório é apenas facultativa e deve estar prevista no edital. Havendo tal
previsão editalícia, será adotado o seguinte procedimento (Lei nº 8.987/1995,
art. 18-A):
a) encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de
lances, será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do
licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das
condições fixadas no edital;
b) verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será
declarado vencedor;

13
Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um dos seguintes critérios:
I – o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
II – a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da concessão;
III – a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I, II e VII;
IV – melhor proposta técnica, com preço fixado no edital;
V – melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado com
o de melhor técnica;
VI – melhor proposta em razão da combinação dos critérios de maior oferta pela outorga da concessão com o de melhor
técnica; ou
VII – melhor oferta de pagamento pela outorga após qualificação de propostas técnicas.
§ 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só será admitida quando previamente estabelecida no edital de licitação,
inclusive com regras e fórmulas precisas para avaliação econômico-financeira.
§ 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos IV, V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e exigências
para formulação de propostas técnicas.
§ 3º O poder concedente recusará propostas manifestamente inexequíveis ou financeiramente incompatíveis com os
objetivos da licitação.
§ 4º Em igualdade de condições, será dada preferência à proposta apresentada por empresa brasileira.

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c) inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os


documentos habilitatórios do licitante com a proposta classificada em
segundo lugar, e assim sucessivamente, até que um licitante
classificado atenda às condições fixadas no edital;
d) proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao
vencedor nas condições técnicas e econômicas por ele ofertadas.

Outras especificidades das licitações cujo objeto seja a concessão de serviço


público, quando comparadas com os procedimentos licitatórios em geral, também
merecem destaque. Em primeiro lugar, no caso de o licitante vencedor ser um
consórcio, é facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, exigir
que ele se constitua em empresa antes da celebração do contrato (Lei nº
8.987/1995, art. 20), regra que não está prevista na Lei nº 8.666/1993.
Em segundo lugar, nas licitações para concessão de serviços públicos, os
autores ou responsáveis economicamente pelos projetos básico ou executivo
podem participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obras
ou serviços a ela relacionados (Lei nº 9.074/1995, art. 31), o que é vedado, em
regra, para as licitações regidas exclusivamente pela Lei nº 8.666/1993 (art. 9º).
Por fim, cumpre destacar a preocupação da Lei nº 8.987/1995 com a
isonomia entre os licitantes, ao estabelecer que na fase de habilitação será
desclassificada a proposta que para sua viabilização necessite de vantagens ou
subsídios que não estejam previamente autorizados em lei e à disposição de
todos os concorrentes (art. 17). Com base no mesmo raciocínio, também será
desclassificada a proposta de entidade estatal alheia à esfera político-
administrativa do poder concedente que, para sua viabilização, necessite de
vantagens ou subsídios do poder público controlador da referida entidade (§ 1º).
Inclui-se nessas vantagens ou subsídios qualquer tipo de tratamento tributário
diferenciado, ainda que em consequência da natureza jurídica do licitante, que
comprometa a isonomia fiscal que deve prevalecer entre todos os concorrentes
(§ 2º).

7.4 - Prazo da concessão


A Lei nº 8.987/1995 previu que a concessão simples de serviço público ou a
concessão de serviço público precedida de obra pública deverá ser feita por prazo
determinado, mas não definiu quais seriam os limites desse prazo. Portanto,
cabe à lei reguladora específica de cada serviço público, editada pelo ente
federado competente para prestá-lo, definir qual o prazo de duração do contrato
de concessão. Na hipótese de o legislador competente não definir qualquer prazo,

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caberá ao poder concedente fixá-lo já na minuta do contrato de concessão, que


integra como anexo o edital da licitação. O prazo deve ser razoável, de modo a
permitir a amortização dos investimentos a serem feitos pelo concessionário. Se
esse for diminuto, certamente não haverá empresas interessadas em participar
da licitação.
Registramos, por oportuno, que não se aplicam subsidiariamente às
concessões de serviços públicos os prazos máximos previstos no art. 57 da Lei
nº 8.666/1993, já que se trata de prazos reduzidos, incompatíveis, em regra,
com o período necessário para a amortização dos investimentos requeridos pela
maioria das concessões.
Vale a pena registrar que na esfera federal algumas leis fixaram prazos para
concessões de determinados serviços públicos, a exemplo dos seguintes casos:
a) Serviços de estações aduaneiras e outros terminais alfandegados de
uso público, não instalados em área de porto ou aeroporto, precedidos
ou não de obras públicas – prazo de 25 anos, podendo ser prorrogado
por mais 10 anos (Lei nº 9.074/1995, art. 1º, § 2º);
b) Concessões de geração de energia elétrica anteriores a 11.12.2003
terão o prazo necessário à amortização dos investimentos limitado a
35 anos, contado da data de assinatura do imprescindível contrato,
podendo ser prorrogado por até 20 anos, a critério do Poder
Concedente, observadas as condições estabelecidas nos contratos (Lei
nº 9.074/1995, art. 4º, § 2º);
c) Concessões de transmissão e de distribuição de energia elétrica,
contratadas a partir da publicação da Lei nº 9.074/1995, terão o prazo
necessário à amortização dos investimentos limitado a 30 anos,
contado da data de assinatura do imprescindível contrato, podendo ser
prorrogado no máximo por igual período, a critério do poder
concedente, nas condições estabelecidas no contrato (Lei nº
9.074/1995, art. 4º, § 3º);
d) Concessão de serviços de telecomunicações – prazo máximo da
concessão será de 20 anos, podendo ser prorrogado, uma única vez,
por igual período, desde que cumpridos os requisitos legais (Lei nº
9.472/1997, art. 99).
No tocante às concessões decorrentes de parceria público-privada, que serão
tratadas adiante, a vigência dos referidos contratos deverá ser compatível com a
amortização dos investimentos realizados, não sendo inferior a 5 nem superior a
35 anos, já incluído nesse prazo eventual prorrogação (Lei nº 11.079/2004, art.
5º, I).

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7.5 - Cláusulas do contrato de concessão


O contrato de concessão, embora se constitua numa espécie de contrato
administrativo, possui algumas particularidades que lhe dão fisionomia própria.
Com o objetivo de delinear as regras que deveriam vigorar quando da
execução do serviço público, o legislador predeterminou quais seriam as cláusulas
que deveriam obrigatoriamente constar desse tipo de contrato (arts. 23 e 23-A,
da Lei nº 8.987/1995). Essas cláusulas tratam de modo geral sobre: a) o modo,
a forma e as condições de prestação dos serviços; b) os direitos e as obrigações
do concedente, do concessionário e dos usuários; c) os poderes de fiscalização
do concedente; d) a obrigação do concessionário de prestar contas; ou e)
disciplinam aspectos relativos à extinção da concessão.
As cláusulas podem ser divididas em:
1) cláusulas essenciais (obrigatórias em qualquer contrato de
concessão, quer seja concessão simples, quer seja concessão de serviço
público precedida de obra pública);
2) cláusulas obrigatórias apenas nos contratos de concessão de serviço
público precedida da execução de obra pública; e
3) cláusulas facultativas.

7.6 - Transferência da concessão, transferência do controle


acionário da concessionária, contratação com terceiros e
subconcessão
O contrato de concessão é firmado tendo em vista não só o oferecimento da
melhor proposta, mas também as características pertinentes à pessoa
contratada, devendo o concessionário demonstrar capacidade técnica e
econômico-financeira que faça presumir que haverá a perfeita execução do
serviço. É o que a doutrina denomina de contrato firmado intuitu personae.
A decorrência prática do enquadramento do contrato como intuitu personae
é que a eventual transferência da concessão para outra pessoa jurídica ou do
controle societário da concessionária, sem prévia anuência do poder
concedente, implicará a caducidade (extinção) da concessão (art. 27). Em
contrapartida, para que o pretendente obtenha a anuência do poder concedente,
evitando a caducidade da concessão, deverá comprovar que atende às exigências
de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal
necessária à assunção do serviço, bem como se comprometer a cumprir todas as
cláusulas do contrato em vigor.

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Não obstante a inexistência de previsão legal, a doutrina aponta a


necessidade de prévia licitação para que se proceda à transferência da concessão
para outra pessoa jurídica. Ora, se a subconcessão, que é sempre parcial,
depende de licitação (art. 26, § 1º), a transferência total do objeto do contrato,
por motivos semelhantes e até mais intensos, também deveria se submeter a tal
regra. Há de se repisar, contudo, que a exigência de licitação prévia para
transferência de concessão é fruto de entendimento doutrinário, não constando
expressamente da lei, de forma que não pode ser genericamente adotada no
caso de questões objetivas de concursos públicos.
Já a hipótese de transferência de controle acionário da concessionária é
bastante distinta, pois a vencedora do certame licitatório que resultou na
celebração do contrato de concessão foi a pessoa jurídica, e não seus acionistas
controladores. Assim, sendo mantidas as partes signatárias do contrato de
concessão, a precaução adotada pela Lei nº 8.987/1995 é apenas no sentido de
evitar que a modificação repercuta negativamente na capacidade que tem o
concessionário de cumprir com o objeto do contrato (capacidade técnica,
idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal).
Registramos, também, que a Lei nº 8.987/1995 prevê a possibilidade de o
poder concedente autorizar a assunção do controle ou a administração
temporária da concessionária por seus financiadores e garantidores, com objetivo
de que estes promovam sua reestruturação financeira e com isso seja assegurada
a continuidade da prestação dos serviços (art. 27-A). Neste caso, a assunção do
controle ou a administração temporária autorizada não alterará as obrigações da
concessionária e de seus controladores para com terceiros, poder concedente e
usuários dos serviços públicos.
O caráter pessoal do contrato de concessão, no entanto, não impede a
concessionária de contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades
inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, bem
como a implementação de projetos associados (art. 25, § 1º).
Tais contratos não afetam o caráter intuitu personae, pois não envolvem a
própria prestação do serviço concedido. Como exemplo da contratação de
terceiros pela concessionária, podemos citar um contrato de concessão de
rodovia, em os serviços de jardinagem dos canteiros podem ser terceirizados pela
concessionária mediante a contratação de outra pessoa jurídica. Celebrados entre
a concessionária e terceiros, esses contratos são regidos pelo direito privado e
não dependem de qualquer autorização do poder concedente, devendo apenas
atender às normas regulamentares do serviço concedido. Não obstante, o

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concessionário continua responsável pelos serviços contratados com


terceiros (terceirizados).
Situação diferente ocorre com a subconcessão, verificada quando parcela
do objeto principal do contrato é transferida para o subconcessionário (art. 26,
da Lei nº 8.987/1995). Para que a operação seja possível, devem ser atendidos
os seguintes requisitos: a) a subconcessão deve estar prevista no contrato de
concessão; b) o poder concedente deve autorizar a subconcessão; e c) o poder
concedente deverá realizar nova licitação, na modalidade concorrência, para a
escolha do subconcessionário.
Na verdade, a única participação do concessionário na subconcessão é
solicitar ao poder concedente que realize a transferência parcial do objeto, dentro
do que está previsto no contrato. Daí em diante, se o concedente concordar,
realizará a licitação e escolherá o subconcessionário, que ficará responsável pela
prestação de parte do objeto principal do contrato. Nesse caso, o
subconcessionário se sub-rogará de todos os direitos e obrigações do
subconcedente relativos àquela parte do objeto que foi subconcedido, passando
o concessionário original a não ter mais qualquer responsabilidade sobre o objeto
subconcedido.

7.7 - Encargos do poder concedente e da concessionária


A Lei nº 8.987/1995 elenca, no art. 29, quais seriam os encargos do poder
concedente. Apesar de o vocábulo “encargos” parecer se referir a “ônus”, o que
a lei chama de “encargos do poder concedente” se constitui, em sua maioria, em
prerrogativas especiais do poder público, que o colocam em posição de
supremacia na relação contratual diante do concessionário, como as de
regulamentar e fiscalizar o serviço, aplicar penalidades ao concessionário, intervir
na prestação do serviço e extinguir a concessão.
Na mesma linha, a lei prevê como encargo do poder concedente efetuar a
declaração de utilidade pública dos bens necessários à execução do serviço ou
obra pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão
administrativa. Nesses casos, após declarar a necessidade ou utilidade pública
dos bens, o poder público poderá diretamente promover a desapropriação ou
instituição da servidão dos bens, ou poderá outorgar poderes à concessionária
com esse objetivo. Caso a responsabilidade por promover esses atos for da
concessionária, também será desta a responsabilidade pelas indenizações
cabíveis, o que deverá estar previsto no edital da licitação e no respectivo
contrato de concessão.

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Por fim, há outras medidas, de ordem geral, que a lei prevê como encargos
do poder concedente, as quais visam a assegurar interesses gerais dos usuários
do serviço e de toda a sociedade, tais como: a) estimular o aumento da qualidade,
produtividade e preservação e conservação do meio ambiente; b) incentivar a
competitividade; c) estimular a formação de associações para defesa dos
usuários dos serviços.
A lei também estabeleceu quais seriam os encargos da concessionária
(art. 31), os quais estão relacionados principalmente à prestação de serviço
adequado e a transparência da prestação de contas da gestão do serviço.

7.8 - Intervenção na concessão


O Estado delega a prestação de alguns serviços públicos, mas isso não
significa um completo abandono da atividade aos sabores do mercado. O poder
concedente sempre mantém a prerrogativa (encargo) de regulamentar, controlar
e fiscalizar a atuação do delegatário, podendo, por consequência, intervir na
concessão com o objetivo de assegurar a adequação da prestação do serviço ou
para garantir o fiel cumprimento das normas (contratuais, regulamentares
e legais) pertinentes (art. 32, caput, da Lei nº 8.987/1995).
A intervenção na concessão submete-se a um procedimento formal.
Primeiro, o poder concedente, após tomar conhecimento da inadequação da
prestação do serviço ou do descumprimento pela concessionária das normas
pertinentes, edita o decreto de intervenção (ato do Chefe do Poder
Executivo). Este deverá conter a designação do interventor, o prazo da
intervenção e os objetivos e limites da medida (art. 32, parágrafo único).
Após a declaração da intervenção (por decreto), o poder concedente
deverá, no prazo de até 30 dias, instaurar procedimento administrativo
para comprovar as causas determinadas na medida e apurar as responsabilidades
(art. 33, caput). Esse procedimento administrativo deverá ser concluído em até
180 dias, sob pena de ser considerada inválida a intervenção (art. 33, §
2º).
A intervenção deverá culminar numa das seguintes situações: 1º) se
comprovada a inadequação da prestação do serviço pelo concessionário, o poder
concedente extinguirá a concessão, caso entenda ser esta a medida
necessária; 2º) caso contrário, a administração do serviço será devolvida à
concessionária, precedida de prestação de contas pelo interventor (que
responderá pelos atos praticados durante a sua gestão, conforme o art. 34).
Obviamente o procedimento administrativo instaurado para comprovar as
causas da intervenção e apurar as responsabilidades deverá respeitar o direito

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da concessionária ao contraditório e à ampla defesa (art. 5º, LV, da CRFB). No


entanto, o direito de defesa só é propiciado após a declaração da intervenção, a
partir do momento em que for instaurado o procedimento administrativo para
apuração das irregularidades. Vale dizer, não há direito de defesa do
concessionário prévio à declaração de intervenção.
Se, a qualquer momento, ficar comprovado que a intervenção não observou
os pressupostos legais e regulamentares, será declarada sua nulidade, devendo
o serviço ser imediatamente devolvido ao concessionário, sendo-lhe devida
indenização pelos prejuízos eventualmente sofridos (art. 33, § 1º).
Registramos, por oportuno, que a Lei nº 12.767/2012 estatuiu
procedimento específico para a intervenção nas concessões de serviço
público de energia elétrica.

7.9 - Extinção da concessão


O contrato de concessão pode ser extinto por diversas causas, pondo fim à
prestação dos serviços pelo concessionário. A Lei nº 8.987/1995, no seu art. 35,
prevê expressamente algumas das causas de extinção da concessão. São elas:
a) advento do termo contratual; b) encampação; c) caducidade; d)
rescisão; e) anulação; e f) falência ou extinção da empresa
concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
empresa individual.
Além das causas anteriores, previstas na lei, conforme entendimento
doutrinário, a extinção da concessão de serviço público também pode se dar por:
a) desafetação do serviço; b) distrato; ou c) renúncia da concessionária.
Com a extinção da concessão, retornam ao poder concedente todos os bens
reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto
no edital e estabelecido no contrato (art. 35, § 1º). Os bens reversíveis são
aqueles que, diante da extinção do contrato de concessão, devem ser transferidos
do patrimônio do concessionário para o patrimônio do concedente.
Outro efeito da extinção da concessão é a assunção imediata do serviço pelo
poder concedente, ficando este autorizado a ocupar as instalações e a utilizar
todos os bens reversíveis, haja vista a necessidade de dar continuidade à
prestação do serviço público (art. 35, §§ 2º e 3º).
Qualquer que seja a causa da extinção da concessão, os bens reversíveis
ainda não amortizados ou depreciados deverão ser indenizados ao
concessionário, sob pena de, se não o fizer, haver enriquecimento sem causa do
poder concedente. Essa regra também tem o objetivo de garantir que a

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concessionária permaneça realizando os investimentos necessários para


assegurar a continuidade e a atualidade do serviço concedido (art. 36), mesmo
quando o prazo da concessão esteja perto de vencer. Contudo, o poder
concedente poderá descontar da eventual indenização a ser atribuída à
concessionária o valor das multas contratuais e dos danos por ela causados,
quando for o caso (art. 38, § 5º). Aqui também, à semelhança dos demais
contratos administrativos, temos uma rara hipótese de autoexecutoriedade na
cobrança de valores, uma vez que esta, em geral, depende do manejo da ação
judicial cabível. Todavia, se os valores em posse da Administração não forem
suficientes para que se descontem multas contratuais e danos causados, e o
contratado não realizar o pagamento espontaneamente, não haverá espaço para
autoexecutoriedade, sendo necessária a propositura de ação judicial de cobrança.
A seguir, examinaremos as hipóteses de extinção da concessão de serviço
público previstas na lei ou mencionadas pela doutrina.

7.10 - Advento do termo contratual


Com o fim do prazo previsto no contrato, ocorre a extinção natural da
concessão. Em outras palavras, o advento do termo contratual opera de pleno
direito a extinção da concessão, não havendo necessidade de qualquer aviso ou
notificação.
No caso de extinção da concessão em face do advento do termo contratual,
a lei estabelece a obrigação do poder concedente, antecipando-se à extinção da
concessão, proceder ao levantamento e avaliação dos montantes necessários à
indenização que será devida à concessionária em face dos investimentos feitos
em bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido
realizados com o objetivo de garantir a continuidade e a atualidade do serviço
concedido (art. 35, § 4º).

7.11 - Encampação (ou resgate)


A encampação, também conhecida por resgate, consiste na extinção da
concessão em face da retomada do serviço pelo poder concedente
durante o prazo da concessão, por motivos de interesse público. Conforme
salienta José dos Santos Carvalho Filho, “nessa modalidade extintiva, não há
qualquer inadimplência por parte do concessionário; há, isto sim, o
interesse da Administração em retomar o serviço”14 (grifo nosso).
Trata-se de uma prerrogativa do Poder Público de extinguir unilateralmente
o contrato administrativo. A encampação pressupõe a existência de três

14
José dos Santos Carvalho Filho, Manual de direito administrativo, p. 414.

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requisitos: 1º) interesse público; 2º) lei que autorize especificamente a


encampação; e 3º) pagamento de indenização prévia ao concessionário referente
aos bens reversíveis empregados na execução do serviço, ainda não amortizados
ou depreciados.
A lei não prevê, mesmo na hipótese de extinção da concessão por
encampação, a possibilidade de indenização da concessionária por lucros
cessantes (a indenização pelo lucro que a concessionária teria caso continuasse
a executar o contrato até o termo final).

7.12 - Caducidade (ou decadência)


A declaração de caducidade consiste na extinção do contrato de concessão
de serviço público em razão da inexecução total ou parcial do contrato, por
razões imputáveis exclusivamente à concessionária.
A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo poder concedente nas
seguintes hipóteses (art. 38, § 1º, I a VII):
a) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente,
tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros
definidores da qualidade do serviço;
b) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições
legais ou regulamentares concernentes à concessão;
c) a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto,
ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;
d) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou
operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;
e) a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações,
nos devidos prazos;
f) a concessionária não atender a intimação do poder concedente no
sentido de regularizar a prestação do serviço; e
g) a concessionária não atender a intimação do poder concedente para,
em 180 dias, apresentar a documentação relativa a regularidade fiscal,
no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei 8.666, de
21.06.1993.

Em todas as hipóteses anteriores, a declaração de caducidade é apenas uma


faculdade do poder concedente, que poderá optar por efetuar essa declaração
ou aplicar as sanções previstas no contrato, conforme melhor atenda ao interesse
público.

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Além das hipóteses anteriores, a lei prevê também que a transferência da


concessão ou do controle acionário da concessionária sem prévia
anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão (art.
27).
Para que o poder concedente venha a declarar a caducidade da concessão é
necessário que este atente para o cumprimento de certas formalidades
previstas na Lei (art. 38, §§ 2º a 4º), quais sejam: 1ª) a concessionária deverá
ser comunicada dos descumprimentos contratuais,
sendo-lhe dado um prazo para corrigir as falhas e as transgressões
apontadas e para o enquadramento, nos termos contratuais; 2ª) não sendo
atendida a notificação, deverá ser instaurado processo administrativo para
verificar a inadimplência da concessionária, sendo-lhe assegurado o direito de
ampla defesa; 3ª) comprovada a inadimplência da concessionária em processo
administrativo, a caducidade será declarada por decreto (ato do chefe do
Executivo) do poder concedente, independentemente de indenização prévia.
Embora a declaração de caducidade não requeira o pagamento de
indenização prévia (diferentemente da encampação), se houver bens reversíveis,
ainda não amortizados ou depreciados, o poder concedente, posteriormente ao
final do processo, deverá indenizar a concessionária em valor correspondente,
descontando o valor das multas contratuais e dos danos causados pela
concessionária (art. 38, § 5º).
É importante registrar que, nos termos da lei, a declaração de caducidade
não resultará para o poder concedente em qualquer espécie de responsabilidade
em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou
com empregados da concessionária (art. 38, § 6º).

7.13 - Rescisão contratual


A Lei nº 8.987/1995 se refere à rescisão como a forma de extinção da
concessão, por iniciativa da concessionária, motivada pelo descumprimento
de normas contratuais por parte do poder concedente (art. 39). Nesse caso,
como autoexecutoriedade é privilégio aplicável apenas à Administração, para que
o concessionário possa rescindir o contrato de concessão deverá propor ação
judicial com esse objetivo. Os serviços prestados pela concessionária não
poderão ser interrompidos ou paralisados até que a decisão judicial que
determine a rescisão transite em julgado (quando não couber mais qualquer
recurso).

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7.14 - Anulação
A anulação é hipótese de extinção do contrato de concessão por motivo de
vício de legalidade, que pode ser declarado na via administrativa (autotutela)
ou na judicial. A Lei nº 8.987/1995, apesar de citar a anulação como causa de
extinção da concessão, não disciplina seus efeitos econômico-financeiros. Assim,
aplica-se à anulação da concessão, de forma subsidiária, a previsão contida no
art. 59 da Lei nº 8.666/199315.

Falência ou extinção da empresa concessionária e


falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual
A Lei nº 8.987/1995, embora mencione, como formas de extinção da
concessão, a falência ou extinção da empresa concessionária e o falecimento ou
incapacidade do seu titular, no caso de empresa individual (art. 35, VI), nada
disciplina acerca dos efeitos dessas hipóteses de extinção. Para José dos Santos
Carvalho Filho16, tais acontecimentos provocam a extinção de pleno direito do
contrato, pela simples razão de que tornam inviável, de fato, a execução do
serviço público objeto do ajuste.

7.15 - Desafetação do serviço público


A Lei nº 8.987/1995 não menciona a desafetação de serviço público como
causa de extinção da concessão. Contudo, no entender de Diogenes Gasparini, a
desafetação do serviço público em virtude de lei também é hipótese de extinção
da concessão.
Quando uma lei torna público um serviço, ou seja, atribui a responsabilidade
daquele serviço ao Poder Público, diz-se que houve a afetação do serviço. A partir
daí, se a titularidade do serviço for exclusiva do Estado e o ordenamento jurídico
assim permitir, o Poder Público poderá delegar a sua prestação a terceiro, o que
pode ser feito, inclusive, por meio de concessão. A desafetação consiste numa
operação inversa, pela qual uma lei retira a titularidade do serviço das mãos do
poder público, passando este a ser próprio da iniciativa privada. Por
consequência, com a desafetação ocorre a extinção antecipada da concessão.

15
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que
ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver
executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe
seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.
16
José dos Santos Carvalho Filho, Manual de direito administrativo, p. 415.

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7.16 - Distrato (acordo)


Embora não haja referência legal à extinção da concessão por meio de
acordo (distrato ou rescisão bilateral amigável) entre o poder concedente e a
concessionária, tal hipótese não foi vedada pela lei. Em razão disso, parte da
doutrina também admite a extinção antecipada da concessão de forma amigável,
consensual.

7.17 - Renúncia por parte da concessionária


A lei não menciona essa hipótese como forma de extinção da concessão,
mas o professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto afirma que a renúncia da
concessionária será admitida como forma de extinção da concessão quando
houver previsão contratual nesse sentido disciplinando-lhe as consequências.

Questão 11 (FCC, PGM – João Pessoa/PB, Procurador Municipal, 2012) No tocante ao


regime das concessões comuns de serviços públicos, a Lei Federal no 8.987/95
a) assegura, em igualdade de condições, preferência à proposta apresentada por empresa
brasileira.
b) admite a interrupção dos serviços a cargo da concessionária, apenas em caso de situação
de emergência motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações.
c) exige que, para concessão de um serviço tarifado, haja a existência de serviço público
alternativo e gratuito para o usuário.
d) impõe o reajuste da tarifa, sempre que houver alteração unilateral do contrato que onere
o concessionário.
e) estabelece como critérios mutuamente excludentes para julgamento da licitação o menor
valor da tarifa e a maior oferta pela outorga da concessão.
Comentários:
a) CORRETA. Art. 15, §4º, Lei nº 8.987/1995 - "Em igualdade de condições, será dada
preferência à proposta apresentada por empresa brasileira".
b) INCORRETA. Art. 6º, §3º, Lei nº 8.987/1995 - "Não se caracteriza como descontinuidade
do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I -
motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. // Não é apenas "em
caso de situação de emergência motivada por razões de ordem técnica ou de segurança
das instalações".
c) INCORRETA. Não exige. Art. 9º, §1º, Lei nº 8.987/1995 - "A tarifa não será subordinada
à legislação específica anterior e somente nos casos expressamente previstos em lei, sua

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cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para
o usuário".
d) INCORRETA. A Lei nº 8.987/1995, Art. 9º, §2 - Os contratos poderão prever mecanismos
de revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro; Art. 9º, §4 - Em
havendo alteração unilateral do contrato que afete o seu inicial equilíbrio econômico-
financeiro, o poder concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à alteração.
e) INCORRETA. É possível combinar os dois. - Art. 15, Lei nº 8.987/1995 - No julgamento
da licitação será considerado um dos seguintes critérios: I - o menor valor da tarifa do serviço
público a ser prestado; II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente
pela outorga da concessão; III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos
I, II e VII;
Gabarito: Letra “a”.

8 - Concessão Especial (Parceria Público - Privada)


A Lei nº 11.079/2004 instituiu normas gerais para licitação e contratação
de parceria público-privada (PPP) no âmbito da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, abrangendo os órgãos da Administração Direta dos Poderes
Executivo e Legislativo, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas,
as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente por qualquer dos entes da Federação.
Registramos que o art. 9º, X, da Lei nº 13.089/2015 (Estatuto da Metrópole)
prevê a utilização de parcerias público-privadas interfederativas como
instrumento para a realização do desenvolvimento urbano integrado de regiões
metropolitanas e de aglomerações urbanas.
A parceria público-privada foi concebida com o objetivo de atrair
investimentos do setor privado para projetos de infraestrutura que demandam
capitais de grande vulto, constituindo-se em uma nova forma de participação do
setor privado na implantação, melhoria e gestão da infraestrutura pública; uma
alternativa à falta de recursos estatais para investimentos, como em portos e
rodovias.
Tais parcerias possuem natureza jurídica de contrato administrativo de
concessão. Por possuir regramento específico próprio (Lei nº 11.079/2004), a
concessão objeto de parceria público-privada passou a ser denominada pela
doutrina de concessão especial, expressão que serve para diferenciá-la da
concessão comum, disciplinada pela Lei nº 8.987/1995. Embora a parceria
público-privada seja regida principalmente pela Lei nº 11.079/2004, este mesmo
diploma normativo prevê também a possibilidade de aplicação subsidiária às
concessões especiais de dispositivos da Lei das Concessões Comuns (Lei nº

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8.987/1995). De forma inversa, as concessões comuns continuam a ser regidas


pela Lei nº 8.987/1995, e pelas leis que lhe são correlatas, não lhes sendo
aplicável a Lei nº 11.079/2004.
Outro ponto a ser destacado em relação à Lei das PPP é sua natureza mista,
uma vez que parte de suas regras é aplicável a todos os entes da federação
(configurando lei nacional), enquanto as disposições contidas nos arts. 14 a 22
somente são aplicáveis à União (constituindo-se em lei federal).
A Lei estabelece que, na contratação de parcerias público-privadas, serão
observadas as seguintes diretrizes (art. 4º):
a) eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos
recursos da sociedade;
b) respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos
entes privados incumbidos da sua execução;
c) indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício
do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;
d) responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
e) transparência dos procedimentos e das decisões;
f) repartição objetiva de riscos entre as partes;
g) sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos
de parceria.

8.1 - Modalidades de concessão especial


Existem duas modalidades distintas de parceria público-privada:
a) a concessão patrocinada; e
b) a concessão administrativa.

A concessão patrocinada é a concessão de serviço público ou de


serviço público precedida da realização de obras públicas de que trata a
Lei nº 8.987/1995 (concessões comuns), quando envolver, além da tarifa
cobrada dos usuários, contraprestação do parceiro público ao parceiro
Privado.

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A título de exemplo17, podemos citar a sistemática adotada


pelo Estado de Pernambuco para viabilizar o acesso à Reserva do Paiva, na região
metropolitana do Recife/PE, cuja urbanização e desenvolvimento eram de
interesse do Poder Público, mas dependiam da construção de uma ponte, cujo
tráfego inicialmente previsto seria insuficiente para a atração de investimentos
privados sem contrapartida do poder público (concessão simples). Aqui, é
importante frisar que foi a primeira Parceria Público-Privada realizada com
sucesso no Brasil, demonstrando para os inúmeros críticos do instituto a sua
viabilidade para casos semelhantes.

Por sua vez, a concessão administrativa é definida pela Lei como o


contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a
usuária direta ou indireta, ainda que envolva a execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens.
Discute-se como possível aplicação da modalidade a construção de presídios
por particulares que ficariam responsáveis não apenas pela obra, mas também
pela operação da unidade prisional, o que envolve diversas atividades como
segurança, fornecimento de alimentação, limpeza, lazer etc.
A adoção do modelo no exemplo proposto, entretanto, seria de
constitucionalidade duvidosa caso envolva a delegação a particulares da
segurança e vigilância de estabelecimentos prisionais, considerada pela parcela
mais ortodoxa da doutrina como atribuições típicas de Estado.
Cumpre chamar a atenção para o fato de que na concessão administrativa a
forma de remuneração da concessionária é basicamente a contraprestação paga
pela Administração; não há, no entanto, impedimento de que o concessionário
receba recursos de outras fontes complementares. Segundo a professora Maria
Sylvia Zanella Di Pietro18, o que não é possível na concessão administrativa é a
possibilidade de cobrança de tarifa do usuário, porque do contrário se trataria de
concessão patrocinada.
No que diz respeito ao conceito, a principal diferença entre a concessão
especial (parceria público-privada) e a concessão comum é a obrigatoriedade

17
Outros exemplos que podemos apontar, na área de locomoção urbana, a Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo é
uma PPP entre o Governo do Estado e a concessionária ViaQuatro (sendo esta parceria pertencente à modalidade
patrocinada, uma vez que os usuários do metrô, comprando as passagens, custeiam parte do serviço). Quando a cidade
(maravilhosa) do Rio de Janeiro candidatou-se a sediar as Olimpíadas de 2016, uma das propostas apresentadas ao
Comitê Olímpico pelo governo brasileiro foi a revitalização da região portuária da metrópole, por meio da maior PPP da
história da América Latina: o Projeto Porto Maravilha, uma associação entre Estado e as construtoras Odebrecht, Carioca
Engenharia e OAS (aqui, na modalidade administrativa).
18
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito administrativo, p. 326.

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naquela de haver contraprestação pecuniária do parceiro público ao


parceiro privado, ou seja, quando o contrato não estipular a contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado, não teremos uma parceria
público-privada. Contudo, essa diferença praticamente desaparece no caso de
concessão comum de serviço público que goze de subsídios do Poder Público,
autorizados em lei e à disposição de todos os licitantes, conforme previsto no art.
17 da Lei nº 8.987/1995.
Todavia, além da forma de remuneração da concessionária, existem outros
aspectos atinentes aos seus respectivos regimes jurídicos que servem para
diferenciar a concessão especial da concessão comum, os quais serão analisados
adiante.

8.2 - Vedações
A lei estabelece algumas vedações concernentes à contratação de parcerias
público-privadas. Obviamente a inobservância das prescrições legais pode
acarretar a invalidação do contrato de concessão especial por vício de legalidade.
Essas vedações são de três tipos: a) quanto ao valor; b) quanto ao tempo; e c)
quanto ao objeto.
Quanto ao valor, a lei (art. 2º, § 4º, I) veda a celebração de contrato de
parceria público-privada com valor inferior a R$ 10.000.000,0019. No tocante às
concessões comuns, não há previsão de limite mínimo dos contratos.
Também em virtude de expressa vedação legal (arts. 2º, § 4º, II, e 5º, I),
a vigência do contrato de parceria público-privada não pode ser inferior a 5 nem
superior a 35 anos, incluindo eventual prorrogação, mas para as concessões
comuns não há, na lei de normas gerais, referência a prazo mínimo ou máximo.
Por fim, é vedada a celebração de parceria público-privada que tenha como
objeto único o fornecimento de mão de obra, o fornecimento e instalação de
equipamentos ou a execução de obra pública (art. 2º, § 4º, III).

8.3 - Contraprestação da Administração Pública


Conforme previsto na Lei nº 11.079/2004, a contraprestação da
Administração Pública nos contratos de parceria público-privada poderá ser feita
pelos seguintes meios:
a) ordem bancária;

19
Valor alterado pela Lei nº 13.529/2017 – antes, o valor previsto era de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões).

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b) cessão de créditos não tributários;


c) outorga de direitos em face da Administração Pública;
d) outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
e) outros meios admitidos em lei (art. 6º).
A contraprestação da Administração somente será efetuada quando o serviço
objeto da parceria público-privada já estiver disponibilizado. Por outro lado,
tratando-se de serviços que possam ser divididos em etapas, é facultado à
Administração Pública, nos termos do contrato, efetuar o pagamento da
contraprestação relativa à parcela do serviço que já pode ser utilizado (art. 7º, §
1º).
O contrato de parceria público-privada poderá também prever o pagamento
ao parceiro privado de remuneração variável vinculada ao seu desempenho,
conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato
(art. 6º, § 1º) - é o que a doutrina administrativista denomina de “princípio da
variabilidade remuneratória”20.

8.4 - Cláusulas do contrato de parceria público-privada


A lei estabelece que as cláusulas dos contratos de parceria público-privada
atenderão ao disposto no art. 23 da Lei nº 8.987/1995 (dispositivo este que
enumera as cláusulas obrigatórias ao contrato de concessão comum), devendo
também prever (art. 5º):
a) o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos
investimentos realizados, não inferior a 5 nem superior a 35 anos,
incluindo eventual prorrogação;
b) as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado
em caso de inadimplemento contratual, fixadas sempre de forma
proporcional à gravidade da falta cometida, e às obrigações
assumidas;
c) a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso
fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;
d) as formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais;
e) os mecanismos para a preservação da atualidade da prestação dos
serviços;
f) os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do parceiro
público, os modos e o prazo de regularização e, quando houver, a
forma de acionamento da garantia;

20
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

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g) os critérios objetivos de avaliação do desempenho do parceiro privado;


h) a prestação, pelo parceiro privado, de garantias de execução
suficientes e compatíveis com os ônus e riscos envolvidos, limitada
esta garantia a 10% do valor do contrato; havendo entrega de bens
ao contratado pela Administração o valor desses bens deverá ser
acrescido ao valor da garantia. No caso específico de concessão
patrocinada de serviços públicos precedida da execução de obra
pública as garantias do contrato são limitadas ao valor da obra;
i) o compartilhamento com a Administração Pública de ganhos
econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes da redução do
risco de crédito dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado;
j) a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro
público reter os pagamentos ao parceiro privado, no valor necessário
para reparar as irregularidades eventualmente detectadas;
k) o cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro privado das
parcelas do aporte de recursos, na fase de investimentos do projeto
e/ou após a disponibilização dos serviços, sempre que houver aporte
de recursos em favor do parceiro privado para a realização de obras e
aquisição de bens reversíveis.

Anotamos que as cláusulas contratuais de atualização automática de valores


baseadas em índices e fórmulas matemáticas, quando houver, serão aplicadas
sem necessidade de homologação pela Administração Pública, exceto se
esta publicar, na imprensa oficial, onde houver, até o prazo de 15 (quinze) dias
após apresentação da fatura, razões fundamentadas nesta Lei ou no contrato
para a rejeição da atualização (art. 5º, § 1º).
Além das cláusulas anteriores, que são obrigatórias (essenciais) aos
contratos de parceria público-privada, a lei admite a inclusão nesses contratos de
cláusulas facultativas (não essenciais), que versarão sobre os seguintes aspectos
(art. 5º, § 2º):
a) os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a
transferência do controle ou a administração temporária da sociedade
de propósito específico aos seus financiadores e garantidores, com o
objetivo de promover a sua reestruturação financeira e assegurar a
continuidade da prestação dos serviços; nessa hipótese específica de
transferência do controle societário ou administração temporária, a
autorização do poder concedente não está condicionada ao
atendimento das exigências de capacidade técnica, idoneidade

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financeira e regularidade jurídica e fiscal por parte dos financiadores e


garantidores;
b) a possibilidade de emissão de empenho em nome dos financiadores do
projeto em relação às obrigações pecuniárias da Administração
Pública;
c) a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações
por extinção antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados
pelos fundos e empresas estatais garantidores de parcerias público-
privadas.

8.5 - Garantias
De acordo com a lei, as obrigações pecuniárias contraídas pela
Administração Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser
garantidas pelas seguintes formas (art. 8º):
a) vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167
da Constituição Federal;
b) instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
c) contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que
não sejam controladas pelo Poder Público;
d) garantia prestada por organismos internacionais ou instituições
financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público;
e) garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada
para essa finalidade;
f) outros mecanismos admitidos em lei.

8.6 - Sociedade de propósito específico


Antes da celebração do contrato de parceria público-privada, deverá ser
constituída sociedade de propósito específico (SPE), entidade de personalidade
jurídica própria, distinta daquela dos detentores de seu capital social.

A denominação “propósito específico” demonstra clara restrição


ao seu âmbito de atuação, de forma que, nos casos de SPE instituída no âmbito
das PPP, a sociedade tem por incumbência exclusivamente as atividades de
implantação e gestão do objeto da parceria.

Com a exigência, ficam separadas, com direitos e obrigações próprios, a


pessoa jurídica interessada na parceria (parceiro privado vencedor da licitação)

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e a pessoa jurídica incumbida da implantação e gestão da parceria (a SPE).


Assim, fica facilitada a atividade de controle a cargo do Poder Público, pois, o
objeto da parceria estando a cargo de instituição distinta do parceiro privado, o
exercício, por este, de outras atividades não resultará em confusão patrimonial
ou de atribuições.
A sociedade de propósito específico poderá adotar qualquer forma societária
admitida em direito, inclusive a de companhia aberta, com valores mobiliários
negociados no mercado. Independentemente do modelo escolhido, deve
obedecer a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e
demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento (art. 9º, §§ 2º
e 3º).
É vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante
das sociedades de propósito específico. No entanto, tal vedação não se aplica a
eventual hipótese de aquisição da maioria do capital votante da sociedade de
propósito específico por instituição financeira controlada pelo Poder Público,
quando tal aquisição for decorrente do inadimplemento de contratos de
financiamento (art. 9º, §§ 4º e 5º).
A transferência do controle da sociedade de propósito específico está
condicionada à autorização expressa da Administração Pública, nos termos do
edital e do contrato. O pretendente que desejar obter a anuência do Poder Público
com a finalidade de aquisição do controle da sociedade de propósito específico
deverá cumprir os seguintes requisitos:
a) atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e
regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e
b) comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.

Nesse ponto, deve ser mencionada a possibilidade de o contrato de parceria


público-privada conter como cláusula facultativa os requisitos e as condições em
que o parceiro público autorizará a transferência do controle da sociedade de
propósito específico para os seus financiadores, com o objetivo de promover a
sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos
serviços. Nessa hipótese específica, a anuência do Poder Público não está
condicionada ao atendimento das exigências de capacidade técnica, idoneidade
financeira e regularidade jurídica e fiscal (art. 5º, § 2º, I).

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8.7 - Licitação
As disposições expressas nos arts. 10 a 13 da Lei nº 11.079/2004 contém
regras específicas sobre a licitação destinada à contratação de parcerias público-
privadas.
De acordo com a referida disciplina legal, a contratação de parceria público-
privada será precedida de licitação na modalidade da concorrência, ficando a
abertura do processo licitatório condicionada ao preenchimento das seguintes
formalidades (art. 10):
a) autorização da autoridade competente, fundamentada em estudo
técnico;
b) elaboração de estimativa do impacto orçamentário-financeiro nos
exercícios em que deva vigorar o contrato de parceria público-privada;
c) declaração do ordenador da despesa de que as obrigações contraídas
pela Administração Pública no decorrer do contrato são compatíveis
com a lei de diretrizes orçamentárias e estão previstas na lei
orçamentária anual;
d) estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes para o
cumprimento, durante a vigência do contrato e por exercício
financeiro, das obrigações contraídas pela Administração Pública;
e) o objeto da parceria deve estar previsto no plano plurianual em vigor
no âmbito onde o contrato será celebrado;
f) a minuta do edital da licitação e do respectivo contrato de parceria
deve ser submetida previamente à consulta pública, mediante
publicação na imprensa oficial, em jornais de grande circulação e por
meio eletrônico, que deverá informar a justificativa para a contratação,
a identificação do objeto, o prazo de duração do contrato, seu valor
estimado, fixando-se prazo mínimo de 30 dias para recebimento de
sugestões, cujo termo dar-se-á pelo menos sete dias antes da data
prevista para a publicação do edital; e
g) licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o
licenciamento ambiental do empreendimento, na forma do
regulamento, sempre que o objeto do contrato exigir.

Além disso, as concessões patrocinadas em que mais de 70% da


remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública dependerão
de autorização legislativa específica (art. 10, § 3º).
Uma vez cumpridos os pré-requisitos para a abertura do certame, será
publicado o edital, que é o instrumento convocatório da licitação, contendo, como

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anexo, a minuta do futuro contrato a ser celebrado, podendo ainda prever (arts.
11, caput, e 12, IV):
a) a exigência de garantia da proposta do licitante, até o limite de 1% do
valor estimado do objeto da contratação;
b) o emprego dos mecanismos privados de resolução de disputas,
inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua
portuguesa, nos termos da Lei 9.307, de 23.09.1996 (Lei de
Arbitragem), para dirimir conflitos decorrentes ou relacionados ao
contrato;
c) a possibilidade de saneamento de falhas, de complementação de
insuficiências ou ainda de correções de caráter formal no curso do
procedimento, desde que o licitante possa satisfazer as exigências
dentro do prazo fixado no instrumento convocatório.
O edital deverá especificar também, quando houver, as garantias da
contraprestação do parceiro público a serem concedidas ao parceiro privado (art.
11, parágrafo único).
O julgamento da licitação poderá ser feito com base em um dos seguintes
critérios (art. 12, II):
a) o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
b) o menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração
Pública;
c) a melhor proposta em razão da combinação dos critérios de menor
valor da tarifa do serviço público a ser prestado com o de melhor
técnica;
d) a melhor proposta em razão da combinação do critério de menor valor
da contraprestação a ser paga pela Administração Pública com o de
melhor técnica, de acordo com os pesos estabelecidos no edital.

Atenção, pois o edital definirá a forma de apresentação das propostas


econômicas dos licitantes, admitindo-se (art. 12, III):
a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou
b) propostas escritas, seguidas de lances em viva voz.

Na hipótese de ser admitida a apresentação de propostas escritas, seguidas


de lances em viva voz, deve-se atentar para os seguintes aspectos, estampados
no art. 12, § 1º:

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a) os lances em viva voz serão sempre oferecidos na ordem inversa da


classificação das propostas escritas, sendo vedado ao edital limitar a
quantidade de lances;
b) o edital poderá restringir a apresentação de lances em viva voz aos
licitantes cuja proposta escrita for no máximo 20% maior que o valor
da melhor proposta.

Outro ponto a ser destacado é a possibilidade de o edital prever a inversão


da ordem das fases de habilitação e julgamento (art. 13), da mesma forma que
ocorre na modalidade pregão. É dizer: ainda que a licitação para a contratação
da parceria não possa ser feita sob a modalidade pregão (a modalidade
obrigatória é a concorrência), admite-se que o edital respectivo preveja a
inversão das fases de habilitação e julgamento.
Na hipótese de haver a inversão da ordem das fases de habilitação e
julgamento será seguido o seguinte procedimento (art. 13):
a) encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de
lances, será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do
b) licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das
condições fixadas no edital;
c) verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será
declarado vencedor;
d) inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os
documentos habilitatórios do licitante com a proposta classificada em
segundo lugar, e assim, sucessivamente, até que um licitante
classificado atenda às condições fixadas no edital;
e) proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao
vencedor nas condições técnicas e econômicas por ele ofertadas.

9 - Normas aplicáveis apenas à União nas concessões


especiais

9.1 - Órgão gestor de parcerias público-privadas federais


Os arts. 14 a 22 da Lei nº 11.079/2004 contêm normas aplicáveis apenas à
União. Entre elas, encontra-se a previsão de criação, por decreto, de um órgão
gestor de parcerias público-privadas federais.

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As competências do referido órgão são (art. 14): i) definir os serviços


prioritários para execução no regime de parceria público-privada; ii) disciplinar
os procedimentos para celebração desses contratos; iii) autorizar a abertura da
licitação e aprovar seu edital; iv) apreciar os relatórios de execução dos
contratos.
De acordo com a lei (art. 14, § 1º), o órgão gestor das parcerias federais
deve ser composto por um representante titular e respectivo suplente de cada
um dos seguintes órgãos:
a) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao qual cumprirá a
tarefa de coordenação das respectivas atividades;
b) Ministério da Fazenda;
c) Casa Civil da Presidência da República.

Dando cumprimento ao mandamento legal, o Decreto nº 5.385/2005


instituiu o Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal (CGP), atribuindo
ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão 21 a competência
para designar os respectivos membros.
Das reuniões do órgão gestor cujo objetivo seja examinar projetos de
parceria público-privada participará um representante do órgão da Administração
Pública direta cuja área de competência seja pertinente ao objeto do contrato em
análise (art. 14, § 2º).
Segundo a disciplina legal, o órgão gestor remeterá ao Congresso Nacional
e ao Tribunal de Contas da União, com periodicidade anual, relatórios de
desempenho dos contratos de parceria público-privada (art. 14, § 5º).

9.2 - Fundo garantidor de parcerias público-privadas


Com criação prevista nos arts. 16 a 21 da Lei nº 11.079/2004, o Fundo
Garantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP) tem por finalidade prestar
garantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros
públicos federais, distritais, estaduais ou municipais em virtude das parcerias
firmadas (art. 16).
Não obstante a caracterização como fundo, que por definição não possuiria
personalidade jurídica própria, a lei previu que o FGP tem natureza privada e
patrimônio próprio separado do patrimônio dos cotistas, e pode ser sujeito de
direitos e obrigações próprios (art. 16, § 1º).

21
A Portaria MPOG nº 52/2005 estabeleceu que a titularidade da representação no Comitê Gestor cabe aos Ministros de
Estado de cada pasta, tendo como suplentes os seus Secretários Executivos.

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Assim, os cotistas não respondem por qualquer obrigação do Fundo,


salvo pela integralização das cotas que subscreverem (art. 16, § 5º).
A lei previu como limite da participação da União no FGP o montante de R$
6 bilhões (art. 16, caput). Na prática, no momento da implementação do Fundo,
o Governo Federal integralizou sua participação mediante a transferência da
propriedade de cerca de R$ 3,4 bilhões em ações (BB, Vale e Eletrobras), o que
não impede a realização de novos aportes, desde que respeitado o limite legal.
Nos termos do art. 17 da Lei nº 11.079/2004, a criação, administração,
gestão e representação judicial e extrajudicial do FGP devem ser feitas por
instituição financeira controlada, direta ou indiretamente, pela União 22.

9.3 - Responsabilidade fiscal


Preocupado com o equilíbrio das contas públicas, uma vez que as parcerias
público-privadas originam despesas de longo prazo, o legislador previu no art. 22
da Lei nº 11.079/2004 que a “União somente poderá contratar parceria público-
privada quando a soma das despesas de caráter continuado derivadas do
conjunto das parcerias já contratadas não tiver excedido, no ano anterior, a 1%
(um por cento) da receita corrente líquida do exercício, e as despesas anuais dos
contratos vigentes, nos 10 (dez) anos subsequentes, não excedam a 1% (um por
cento) da receita corrente líquida projetada para os respectivos exercícios”.
Contudo, o legislador também se preocupou em evitar um excessivo
endividamento dos demais entes da federação com a realização de parcerias
público-privadas, estabelecendo a seguinte regra do art. 28:
“Art. 28. A União não poderá conceder garantia ou realizar
transferência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Municípios
se a soma das despesas de caráter continuado derivadas do
conjunto das parcerias já contratadas por esses entes tiver
excedido, no ano anterior, a 5% (cinco por cento) da receita
corrente líquida do exercício ou se as despesas anuais dos
contratos vigentes nos 10 (dez) anos subsequentes excederem a
5% (cinco por cento) da receita corrente líquida projetada para os
respectivos exercícios.

Registramos que a consequência de eventual ultrapassagem dos citados


limites não impede a contratação de parcerias pelos Estados, pelo Distrito Federal

22
Por meio da Resolução 01 do Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal (CGP), o Banco do Brasil foi o escolhido
para desempenhar tais atribuições.

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ou pelos Municípios, mas tão somente inviabiliza a prestação de garantias e a


realização de transferência voluntária a esses entes por parte da União.
Na aplicação do limite, devem ser computadas as despesas derivadas de
contratos de parceria celebrados pela administração pública direta, autarquias,
fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais
entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo respectivo ente, excluídas
as empresas estatais não dependentes (art. 28, § 2º).

Questão 12 (PUC-PR, PGE-PR, Procurador do Estado, 2015) Sobre as parcerias público-


privadas (Lei nº 11.079/2004 – Lei de PPP), é CORRETO afirmar que:
a) São contratos de parcerias público-privadas as concessões patrocinadas, as concessões
administrativas e as concessões comuns.
b) A elaboração do projeto executivo pode ser delegada ao parceiro privado, mas não a do
projeto básico, que deve integrar o instrumento convocatório da licitação.
c) O aporte de recursos do parceiro público para o parceiro privado exige a prévia execução
das obras, a respectiva medição e o início da prestação do serviço.
d) A concessão administrativa é o contrato de concessão de serviços públicos ou de obras
públicas quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, a contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
e) A obrigação de constituir sociedade de propósito específico para implantar e gerir o objeto
da parceria público-privada tem como fonte a Lei de PPP.
Comentários:
a) INCORRETA. As concessões comuns não são contratos de parceria público-privada e
continuam regidas pela Lei nº 8.987/1995 (Direito Administrativo descomplicado, Marcelo
Alexandrino e Vicente Paulo, 2015, pag. 821)
b) INCORRETA. Lei 11.079, Art. 3o As concessões administrativas regem-se por esta Lei,
aplicando-se-lhes adicionalmente o disposto nos art.s 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei nº 8.987,
de 13 de fevereiro de 1995, e no art. 31 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995.
Lei 9.074, Art. 31. Nas licitações para concessão e permissão de serviços públicos ou uso
de bem público, os autores ou responsáveis economicamente pelos projetos básico ou
executivo podem participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obras
ou serviços.
c) INCORRETA. Art. 5º, Lei 11.079. As cláusulas dos contratos de parceira público-privada
atenderão ao disposto no art. 23, L.8.987/95, no que couber, devendo também prever:
XI - o cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro privado das parcelas do aporte
de recursos, na fase de investimentos do projeto e/ou após a disponibilização dos serviços,
sempre que verificada a hipótese do § 2º art. 6º desta Lei.

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Art. 7º A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da


disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada.
Em suma, o art. 7º, caput da Lei nº 11.079/2004 proíbe o parceiro público de pagar
contraprestação antes da disponibilização do serviço, mas o citado aporte de recursos pode
ser feito na fase de investimentos mesmo antes de existir qualquer serviço disponibilizado
(art. 5º, XI).
d) INCORRETA. Art. 2º, Lei nº 11.079/2004. § 2o Concessão administrativa é o contrato de
prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda
que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
e) CORRETA. Art. 9º, Lei nº 11.079/2004. Antes da celebração do contrato, deverá ser
constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da
parceria.
Gabarito: Letra “e”.
Questão 13 (FCC, PGE-AM, Procurador do Estado, 2010) O modelo das parcerias
público-privadas estabelecido pela Lei Federal nº 11.079/2004 criou várias regras especiais
para licitação e contratação das PPPs, criando situações inovadoras em comparação com
as leis já existentes sobre licitações, contratos e concessões de serviço público. Porém,
dentre as disposições dessa lei, NÃO pode ser considerada novidade a possibilidade de
a) emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em relação às obrigações
pecuniárias da Administração Pública.
b) inversão de fases no processo licitatório.
c) estipulação de cláusula arbitral para dirimir os conflitos contratuais.
d) aplicação de penalidade à Administração, pelo inadimplemento contratual.
e) instituição de pessoa jurídica de direito privado, cujo patrimônio serve como garantia para
as obrigações contratuais da Administração..
Comentário:
Ele pede algo que não é novo na lei das PPPs em relação a outras modalidades de contrato
administrativo. De fato, a inversão das fases no processo licitatório já era prevista na lei do
Pregão como forma de agilidade dos procedimentos administrativos.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 14 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2015) Sobre as parcerias
público-privadas, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A concessão patrocinada é uma concessão de serviços públicos e/ou obras públicas em
que, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, há uma contraprestação pecuniária do
parceiro público ao parceiro privado.
b) As concessões administrativas regem-se pela Lei nº 11.079/04, aplicando-se-lhes,
adicionalmente, todas as disposições da Lei nº 8.987/95.
c) Os contratos de parceria público-privada têm como uma de suas características a
repartição objetiva dos riscos entre as partes.
d) Os contratos de parceria público-privada têm prazo de vigência não inferior a 5 (cinco)
anos e não superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação.

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e) O Fundo Garantidor das Parcerias Público- Privadas tem natureza privada, sendo
penhoráveis os bens de seu patrimônio.
Comentário:
a) CORRETA. Art. 2, § 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de
obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público
ao parceiro privado.
b) INCORRETA. Aplicam-se subsidiariamente às concessões patrocinadas a Lei nº
8.987/1995 e as leis a esta correlatas. Diferentemente, às concessões administrativas a Lei
nº 11.079/2004 somente prevê a aplicação subsidiária de determinados artigos da Lei nº
8.987/1995 - muito embora se trate de alguns dos mais importantes (arts. 21, 23, 25 e 27 a
39) - e do art. 31 da Lei nº 9.074/1995. As concessões comuns não configuram parceria
público-privada e continuam regidas pela Lei nº 8.987/1995 e pelas leis a esta correlatas,
não se lhes aplicando o disposto na Lei nº 11.079/2004 (art. 3º, § 2º).
c) CORRETA. Art. 4º Na contratação de parceria público-privada serão observadas as
seguintes diretrizes: VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;
d) CORRETA. Art. 35, I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização
dos investimentos realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos,
incluindo eventual prorrogação;
e) CORRETA. Art. 16, § 1o O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separado do
patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e obrigações próprios.
Art. 18, § 1º A garantia será prestada na forma aprovada pela assembléia dos cotistas, nas
seguintes modalidades: II – penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do patrimônio
do FGP, sem transferência da posse da coisa empenhada antes da execução da garantia;
Gabarito: Letra “b”.

10 - Permissão e Autorização de Serviços Públicos


O art. 175 da Constituição Federal estabelece que “incumbe ao Poder
Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.
Como é possível notar, o dispositivo constitucional mencionado não faz
referência à autorização de serviços públicos. Contudo, admite-se a delegação de
serviços públicos por meio de autorização com base nos art. 21, XI e XII, e art.
223 da Constituição Federal. Assim, a delegação de serviços públicos pode ser
feita por meio de concessão, permissão ou autorização. A concessão já foi tratada
anteriormente, restando explorar os demais institutos.
A Lei nº 8.987/1995 não traz muitos dispositivos acerca da permissão de
serviços públicos, limitando-se a estabelecer o seu conceito. Nos termos legais,
a permissão de serviço público é conceituada como “a delegação, a título precário,
mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente

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à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por
sua conta e risco” (art. 2º, IV). Por sua vez, o art. 40 do mesmo diploma
legislativo dispõe:
“Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante
contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais
normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à
precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente”.

Assim, é possível apontarmos as principais características da permissão de


serviço público:
a) Forma de delegação de serviços públicos;
b) Deve ser precedida de licitação pública, mas a Lei não determina a
modalidade licitatória a ser seguida (diferencia-se da concessão de
serviço público que exige a licitação na modalidade concorrência);
c) Formalizada por meio de um contrato de adesão, de natureza precária,
uma vez que a lei prevê que pode ser revogado de maneira unilateral
pelo poder concedente (diferencia-se das concessões de serviço
público que não possuem natureza precária); e
d) Os permissionários podem ser pessoas físicas ou jurídicas (diferencia-
se das concessões de serviço público em razão de os concessionários
somente poderem ser pessoa jurídica ou consórcio de empresas).

Quanto às características anteriores, cumpre tecer algumas observações. A


primeira é que todo contrato administrativo é um contrato de adesão, uma vez
que a minuta do contrato é redigida pela Administração Pública, e na maioria das
vezes integra os anexos do instrumento editalício. Dessa maneira, quem vence a
licitação e assina o contrato apenas adere ao que foi estipulado pela
Administração, não havendo discussões sobre as cláusulas contratuais. Portanto,
a concessão e a permissão de serviço público se constituem em contrato de
adesão, não servindo essa circunstância para diferenciar os dois institutos.
A segunda observação a ser feita é em relação à precariedade do vínculo,
que a princípio pode ser extinto a qualquer tempo, independentemente de
indenização. O texto da lei utiliza a terminologia imprópria de revogação do
contrato. O contrato não é revogado, é rescindido (ao contrário do ato
administrativo, sujeito à revogação). Seja de que modo for, a precariedade do
vínculo relaciona-se à possibilidade de extinção sem o pagamento de indenização.

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Qualquer contrato administrativo, desde que o interesse público assim


justifique, pode ser rescindido unilateralmente pela Administração, não
configurando esse aspecto uma peculiaridade do contrato de permissão de
serviços públicos. A questão que se debate é sobre o direito de indenização do
concessionário ou permissionário, no caso de rescisão unilateral do vínculo por
parte do Poder Público.
A rescisão do contrato de concessão não causada pelo concessionário
importa em direito a indenização pelos prejuízos sofridos, tendo em vista que a
concessão é sempre celebrada por prazo certo. Já no tocante à permissão, a
questão é controvertida, pois há autores que entendem que a permissão sempre
deve ser por prazo determinado, e há outros que defendem que a permissão é a
princípio por prazo indeterminado, mas também admitem que seja por prazo
determinado, se isto estiver fixado no edital da correspondente licitação. Essa
última posição é a defendida pela professora Maria Sylvia Z. Di Pietro23, para
quem a fixação de prazo de vigência da permissão faz desaparecerem as
diferenças entre os institutos da permissão e da concessão. Por consequência, no
caso da permissão com prazo determinado, não há que falar em precariedade do
vínculo, cabendo ao permissionário o direito de indenização quando não der causa
à rescisão deste.
Por fim, cabe tratar da autorização de serviço público, que segundo
entendimento da doutrina se constitui em ato administrativo unilateral,
discricionário e precário pelo qual o poder público delega a execução de um
serviço público de sua titularidade, para que o particular o execute
predominantemente em seu próprio benefício. Seguindo a definição do saudoso
mestre Hely Lopes Meirelles, “serviços autorizados são aqueles que o Poder
Público, por ato unilateral, precário e discricionário, consente na sua execução
por particular para atender a interesses coletivos instáveis ou emergência
transitória”.
A autorização de serviço público não depende de licitação, uma vez que esta
só é exigível para a realização de contrato. Como a autorização é ato
administrativo, não há que ser precedida de procedimento licitatório. Contudo,
se houver uma quantidade limitada de autorizações a serem fornecidas e havendo
uma pluralidade de possíveis interessados, para que se atenda ao princípio da
isonomia, é razoável que se faça um processo seletivo para a escolha daqueles
que serão autorizados pelo Poder Público.
Sendo o ato de autorização precário, pode a princípio ser revogado a
qualquer tempo, por motivo de interesse público, sem que haja direito à

23
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito administrativo, p. 315.

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indenização por parte do eventual prejudicado. Contudo, a título de exceção, se


houver estabelecimento de prazo para a autorização, o vínculo perde a
precariedade e passa a ser cabível o direito de indenização no caso de revogação
da autorização.
Registramos, ainda, que, apesar de tradicionalmente se definir a autorização
como ato administrativo discricionário, a Lei Geral de Telecomunicações afirma
que a autorização de serviço de telecomunicações é ato administrativo vinculado
(Lei nº 9.472/1997, art. 131, § 1º), de forma a não haver possibilidade de a
administração denegar o exercício da atividade para os particulares que
preencherem as condições objetivas e subjetivas necessárias.

Questão 15 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011) A autorização de


serviços públicos em seu sentido constitucional, segundo a doutrina majoritária:
a) É uma das espécies de descentralização negocial dos serviços públicos, em caráter
permanente.
b) Comporta licitação na maioria de seus casos.
c) É um ato administrativo bilateral, com características contratuais e permanentes.
d) Implica em tratamento desigual dos administrados na situação de emergência, como
ocorre na sua outorga por via de licitação prévia.
e) É ato administrativo para outorga de prestação de serviços públicos nos casos de serviço
transitório ou emergencial, ou seja, nunca para sanar necessidade permanente, sob pena
de ofensa ao dever de licitar.
Comentário:
A transferência da execução do serviço público pode ser feita por OUTORGA ou por
DELEGAÇAO. Entretanto, há diferenças relevantes entre os institutos. A outorga só pode
ser realizada por lei, enquanto a delegação pode ser por lei, por contrato ou por ato
administrativo.
Outorga significa, portanto, a transferência da própria titularidade do serviço da
pessoa política para a pessoa administrativa, que o desenvolve em seu próprio nome e não
no de quem transferiu. É sempre feita por lei e somente por outra lei pode ser mudada ou
retirada. Já na delegação, o Estado transfere unicamente a execução do serviço, para que
o ente delegado o preste ao público em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob
fiscalização do Estado, contudo.
A delegação é normalmente efetivada por prazo determinado. Há delegação, por
exemplo, nos contratos de concessão ou nos atos de permissão, em que o Estado transfere
aos concessionários e aos permissionários apenas a execução temporária de determinado
serviço. Como também há delegação por atos, que é a chamada autorização, ato
administrativo precário, discricionário e unilateral da administração pública.

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Gabarito: Letra “e”.


Questão 16 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2003) A permissão de
serviço público, nos termos da legislação federal, deverá ser formalizada mediante:
a) termo de permissão
b) contrato administrativo
c) contrato de permissão
d) contrato de adesão
e) termo de compromisso
Comentários:
Art. 40 da Lei nº 8.987/1995. A permissão de serviço público será formalizada mediante
contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e
do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do
contrato pelo poder concedente.
Gabarito: Letra “d”.

11 - Aspectos relativos ao Programa de Parcerias de


Investimentos – PPI (Lei nº 13.334/2016)
O PPI criado pelo governo para ampliar e fortalecer a relação entre o Estado
e a iniciativa privada. O objetivo principal é gerar empregos e crescimento para
o nosso país, por meio de novos investimentos em projetos de infraestrutura e
de desestatização.
Com o Projeto Crescer, a secretaria do PPI, remodelou o formato das
concessões no Brasil.
A Lei nº 13.334/2016 (resultado da conversão da Medida Provisória
727/2016) cria, no âmbito da Presidência da República, o Programa de Parcerias
de Investimentos – PPI. Trata-se de um programa do Governo Federal destinado
a ampliar e fortalecer a interação entre o Estado e a iniciativa privada. Essa
interação será instrumentalizada por meio de contratos de parceria, que terão
por objeto a execução de empreendimentos públicos e de outras medidas de
desestatização (art. 1º).
De acordo com a lei, o PPI será instrumentalizado pelas seguintes espécies
de contratos de parceria (art. 1º, § 2º):
a) concessão comum;
b) concessão patrocinada;
c) concessão administrativa;
d) concessão regida por legislação setorial;

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e) permissão de serviço público;


f) arrendamento de bem público;
g) concessão de direito real;
h) outros negócios público-privados que adotem estrutura jurídica
semelhante.

A Lei nº 13.334/2016 não contém qualquer inovação em relação aos


mecanismos de intervenção estatal na economia, não criando modalidade nova
de contratação pública, nem modificando a legislação vigente sobre concessão de
serviços públicos. Na verdade, a Lei do PPI se valeu das figuras contratuais já
existentes (concessões comum, patrocinada, administrativa etc.) e estabeleceu
apenas as condições para a execução das parcerias.
Podem integrar o Programa de Parecerias de Investimentos (art. 1º, § 1º):
a) os empreendimentos públicos de infraestrutura em execução ou a
serem executados por meio de contratos de parceria celebrados pela
administração pública direta e indireta da União;
b) os empreendimentos públicos de infraestrutura que, por delegação ou
com o fomento da União, sejam executados por meio de contratos de
parceria celebrados pela administração pública direta ou indireta dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios; e
c) as demais medidas do Programa Nacional de Desestatização a que se
refere a Lei nº 9.491/1997.

Os objetivos do PPI são os seguintes (art. 2º):


a) ampliar as oportunidades de investimento e emprego e estimular o
desenvolvimento tecnológico e industrial, em harmonia com as metas
de desenvolvimento social e econômico do País;
b) garantir a expansão com qualidade da infraestrutura pública, com
tarifas adequadas;
c) promover ampla e justa competição na celebração das parcerias e na
prestação dos serviços;
d) assegurar a estabilidade e a segurança jurídica, com a garantia da
mínima intervenção nos negócios e investimentos; e
e) fortalecer o papel regulador do Estado e a autonomia das entidades
estatais de regulação.

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Na implementação do PPI devem ser observados os seguintes princípios (art.


3º):
a) estabilidade das políticas públicas de infraestrutura;
b) legalidade, qualidade, eficiência e transparência da atuação estatal; e
c) garantia de segurança jurídica aos agentes públicos, às entidades
estatais e aos particulares envolvidos.

O PPI será regulamentado por meio de decretos, que definirão, dentre outros
aspectos, as políticas de longo prazo para esses investimentos, os
empreendimentos qualificados para implantação por parceria e as políticas
federais de fomento às parcerias em empreendimentos públicos de infraestrutura
dos demais entes da federação.
Ressaltamos a previsão contida na lei de que “os empreendimentos do PPI
serão tratados como prioridade nacional por todos os agentes públicos de
execução ou de controle, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios” (art. 5º). É em face dessa primazia que a Lei prescreve que “os
órgãos, entidades e autoridades estatais, inclusive as autônomas e
independentes, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com
competências de cujo exercício dependa a viabilização de empreendimento do
PPI, têm o dever de atuar, em conjunto e com eficiência, para que sejam
concluídos, de forma uniforme, econômica e em prazo compatível com o caráter
prioritário nacional do empreendimento, todos os processos e atos
administrativos necessários à sua estruturação, liberação e execução” (art. 17).
Com efeito, as eventuais licenças e demais procedimentos necessários à
implantação e operação desses empreendimentos devem ser concedidos ou
realizados no menor prazo possível.

Questão 17 (TRF – 2ª Região, Juiz Federal Substituto, 2017) A Lei n.“ 13.334, de
13.09.16, cria o Programa de Parceria de Investimentos, visando a ampliar e fortalecer a
interação entre o Estado e a iniciativa privada, com medidas de desestatização. Analise as
proposições e, depois, marque a opção correta:
I - O Programa de Parceria de Investimentos se limita às concessões patrocinada e
administrativa;
II - O Programa de Parceria de Investimentos cria dever para os órgãos, entidades e
autoridades estatais envolvidas no empreendimento de atuar em conjunto e em caráter

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prioritário para promover todos os atos e processos administrativos necessários à sua


estruturação, liberação e execução;
III - O Programa de Parceria de Investimentos não pode ser aplicado aos empreendimentos
empresariais privados;
IV - O Programa de Parceria de Investimentos obriga que as licitações para escolha dos
futuros parceiros sejam internacionais, com o fim de atrair novos operadores econômicos
para o setor de infraestrutura brasileiro;
V - O Programa de Parceria de Investimentos tem, dentre outros objetivos, assegurar a
estabilidade e a segurança jurídica, com a garantia da mínima intervenção nos negócios e
investimentos;
a) Estão corretas apenas as assertivas II c III.
b) Estão corretas apenas as assertivas I e IV.
c) Estão corretas apenas as assertivas III e V.
d) Estão corretas apenas as assertivas II e V.
e) Estão corretas apenas as assertivas I e 11.
Comentários:
Assertiva I está INCORRETA. Art. 1º § 2º (lei 13334) Para os fins desta Lei, consideram-se
contratos de parceria a concessão comum, a concessão patrocinada, a concessão
administrativa, a concessão regida por legislação setorial, a permissão de serviço público, o
arrendamento de bem público, a concessão de direito real e os outros negócios público-
privados que, em função de seu caráter estratégico e de sua complexidade, especificidade,
volume de investimentos, longo prazo, riscos ou incertezas envolvidos, adotem estrutura
jurídica semelhante
Assertiva II está CORRETA. Art. 17. (Lei 1334) Os órgãos, entidades e autoridades estatais,
inclusive as autônomas e independentes, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, com competências de cujo exercício dependa a viabilização de empreendimento
do PPI, têm o dever de atuar, em conjunto e com eficiência, para que sejam concluídos, de
forma uniforme, econômica e em prazo compatível com o caráter prioritário nacional do
empreendimento, todos os processos e atos administrativos necessários à sua estruturação,
liberação e execução.
Assertiva III está INCORRETA. Art. 1º § 2º (lei 13334) Para os fins desta Lei, consideram-
se contratos de parceria a concessão comum, a concessão patrocinada, a concessão
administrativa, a concessão regida por legislação setorial, a permissão de serviço público, o
arrendamento de bem público, a concessão de direito real e os outros negócios público-
privados que, em função de seu caráter estratégico e de sua complexidade, especificidade,
volume de investimentos, longo prazo, riscos ou incertezas envolvidos, adotem estrutura
jurídica semelhante.
Assertiva IV está INCORRETA. Não há essa previsão na lei 1303.
Assertiva V está CORRETA. O art. 2º (Lei 1334) São objetivos do PPI:
IV - assegurar a estabilidade e a segurança jurídica, com a garantia da mínima intervenção
nos negócios e investimentos;
Gabarito: Letra “a”.

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Questão 18 (FCC, PGE-RR, Procurador do Estado, 2006) O Estado de Roraima pretende


ampliar a prestação de serviços públicos de transporte ferroviário metropolitano, mediante a
construção de novas linhas. Não dispondo de recursos suficientes para realizar os
investimentos necessários, a alternativa mais adequada juridicamente consiste na
celebração de contrato de
a) concessão de serviço público, podendo destinar recursos para cobertura de déficits
decorrentes da prestação do serviço pela concessionária, caso a receita tarifária não
remunere integralmente os investimentos realizados.
b) parceria público-privado, na modalidade concessão patrocinada, prevendo
contraprestação pecuniária na hipótese de a tarifa cobrada do usuário mostrarse insuficiente
para a remuneração do parceiro privado pela exploração do serviço.
c) parceria público-privada, na modalidade concessão administrativa, prevendo a
remuneração do parceiro privado diretamente pelo usuário.
d) empreitada integral, condicionando-se o pagamento do contratado à disponibilização da
infra-estrutura para exploração direta pela Administração, mediante a cobrança de tarifa do
usuário.
e) parceria público-privada, em qualquer modalidade, remunerando-se o parceiro privado,
integralmente, pela tarifa cobrada do usuário e outras receitas acessórias decorrentes da
exploração de serviços associados.
Comentários:
Segundo a lei 11.079/2007, art. 2º:
Concessão patrocinada: é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas descrita
na Lei nº 8.987/1995/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários,
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado;
Concessão administrativa: é o contrato de prestação de serviços de que a administração
pública seja e usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens.
Gabarito: Letra “b”.

12 - Mais questões de prova


Para finalizar, vamos resolver mais algumas questões de prova para
consolidar o assunto:
Questão 19 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Em matéria de concessões, considera-se adequado o serviço público
que satisfaça as condições de regularidade, continuidade, eficiência,

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segurança, atualidade, generalidade, prestação do serviço com cortesia e


modicidade das tarifas.
Comentário:
A Lei 8987 - Art. 6º, § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de
regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.
Gabarito: Correta.
Questão 20 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) No que tange aos direitos e responsabilidades das partes nos contratos
administrativos, é imprescindível a inclusão de cláusula contratual que
estabeleça a faculdade de modificação unilateral do contrato por parte da
administração pública.
Comentário:
A Lei 8666 - Art. 65 Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados,
com as devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por
esta Lei;
Gabarito: Incorreta.
Questão 21 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Por meio do contrato de concessão de uso de bem público, a
administração trespassa ao contratado o uso do bem público sempre de
forma remunerada, podendo rescindi-lo, por motivos de interesse público,
antes do prazo estipulado e sem necessidade de indenizar o contratado.
Comentário:
A Lei 8666 - Art. 79 - A rescisão do contrato poderá ser:
§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII do artigo
anterior, sem que haja culpa do contratado, será este ressarcido dos prejuízos
regularmente comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito a:
I - devolução de garantia;

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II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;


III - pagamento do custo da desmobilização.
(Art. 78, XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo
conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera
administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo
administrativo a que se refere o contrato).
Gabarito: Incorreta.
Questão 22 (CEBRASPE, DPE-RO, Defensor Público, 2012 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Segundo a jurisprudência, se a concessionária do serviço público cobrar
do usuário tarifa de água e esgoto quando não prestado o serviço, os valores
indevidamente cobrados do usuário devem ser restituídos em dobro, por não
restar configurado erro justificável da concessionária.
Comentário:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. TARIFA
DE ÁGUA E ESGOTO. CEDAE. AUSÊNCIA DE PRESTAÇÃO. RESTITUIÇÃO EM
DOBRO. PRECEDENTES.1. Não configura engano justificável a cobrança de tarifa
de água e esgoto por serviço que não foi prestado pela concessionária de serviço
público, razão pela qual os valores indevidamente cobrados do usuário devem
ser restituídos em dobro. Precedentes.2. Agravo regimental improvido.
(1200903 RJ 2010/0126089-0, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO,
Data de Julgamento: 21/09/2010, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJe 08/11/2010).
Gabarito: Correta.
Questão 23 (CEBRASPE, DPE-RO, Defensor Público, 2012 - adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Considere que determinada concessionária de serviço de fornecimento
de energia elétrica, tendo apurado unilateralmente débito de usuário
decorrente de irregularidade no medidor de energia, tenha procedido à
interrupção do serviço. Nessa situação hipotética, dada a natureza da
irregularidade apurada, a jurisprudência considera legítimo o ato de
interrupção.
Comentário:
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. ALEGAÇÃO DE FRAUDE NO
APARELHO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA. FATO DEMONSTRADO PELA

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CONCESSIONÁRIA. COBRANÇA DE 30% RELATIVA A CUSTO ADMINISTRATIVO.


DESCABIMENTO. INTERRUPÇÃO DO FORNECIMENTO DE ENERGIA EM RAZÃO DE
DÉBITOS PRETÉRITOS. IMPOSSIBILIDADE. "In casu", abstrai-se do conjunto
probatório acostados aos autos que o consumo medido anteriormente não se
encontrava correto diante das irregularidades do aparelho medidor. Daí que o
saldo devedor apurado pela concessionária deve ser mantido, salvo com relação
ao custo administrativo de 30% posto que ao menos foi comprovado nos autos
pela apelante qualquer gasto para apurar a irregularidade do aparelho. No mais,
é ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica se o débito pretérito
decorrer de suposta fraude no medidor de consumo de energia elétrica, apurada
unilateralmente pela concessionária de serviço público, segundo precedentes do
Col. STJ. Apelação provida em parte.
(9153826152008826 SP 9153826-15.2008.8.26.0000, Relator: Sandra Galhardo
Esteves, Data de Julgamento: 08/08/2012, 12ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 09/08/2012).
Gabarito: Incorreta.
Questão 24 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 -
Adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes
federados podem autorizar a gestão associada de serviços públicos.
Comentário:
Reprodução disposto no art. 2º, IX, do Dec. 6.017/07, que define "gestão
associada de serviços públicos" como o exercício das atividades de planejamento,
regulação ou fiscalização de serviços públicos por meio de consórcio público ou
de convênio de cooperação entre entes federados, acompanhadas ou não da
prestação de serviços públicos ou da transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.
Gabarito: Correta.
Questão 25 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 -
Adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) os consórcios públicos e os convênios de cooperação podem autorizar
a transferência total de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos.
Comentário:

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Reprodução do disposto no art. 13 da Lei 11.107/05 e no art. 30 do Dec.


6.017/07, que definem a necessidade de contrato de programa para tais
transferências:
Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa,
como condição de sua validade, as obrigações que um ente da Federação
constituir para com outro ente da Federação ou para com consórcio público no
âmbito de gestão associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a
transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens
necessários à continuidade dos serviços transferidos.
Art. 30. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa,
como condição de sua validade, as obrigações contraídas por ente da Federação,
inclusive entidades de sua administração indireta, que tenham por objeto a
prestação de serviços por meio de gestão associada ou a transferência total ou
parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos
serviços transferidos.
Gabarito: Correta.
Questão 26 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 -
Adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) os consórcios públicos e os convênios de cooperação podem autorizar
a transferência parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos.
Comentário:
Reprodução do disposto no art. 13 da Lei 11.107/05e no art. 30 do Dec.
6.017/07, que definem a necessidade de contrato de programa para tais
transferências:
Art. 13. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como
condição de sua validade, as obrigações que um ente da Federação constituir
para com outro ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito de
gestão associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a transferência
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à
continuidade dos serviços transferidos.
Art. 30. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como
condição de sua validade, as obrigações contraídas por ente da Federação,
inclusive entidades de sua administração indireta, que tenham por objeto a
prestação de serviços por meio de gestão associada ou a transferência total ou

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parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à continuidade dos


serviços transferidos.
Gabarito: Correta.
Questão 27 (FCC, PGE-AM, 2010, Procurador do Estado, 2010)
Caducidade, na concessão de serviços públicos, é a:
a) sanção aplicada ao concessionário, consistente na perda da garantia
contratual e obrigatoriedade de prestação de garantia de valor equivalente.
b) transferência dos bens do concessionário para o poder concedente, ao
final do contrato de concessão.
c) medida acautelatória adotada pela Administração Pública, assumindo o
objeto do contrato de concessão, com o fim de assegurar a adequação na
prestação do serviço.
d) retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da
concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento da indenização.
e) rescisão unilateral do contrato de concessão de serviço público, em razão
do inadimplemento do concessionário.
Comentário:
Caducidade - É a extinção decorrente de inexecução total ou parcial do
contrato pelo concessionário. Poderá ser declarada pelo poder concedente
quando o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, a
concessionária descumprir cláusulas contratuais ou regulamentos, paralisar o
serviço (exceto em caso fortuito ou força maior), perde as condições econômicas
ou técnicas para manter o serviço concedido ou for condenada em sentença
transitada em julgado por sonegação de tributos.
Cuidado: Para não confundir caducidade de concessão (é sua extinção por
inexecução do contrato pelo concessionário) com a caducidade de ato
administrativo (é sua extinção por motivo de lei posterior).
Gabarito: Letra “e”.
Questão 28 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014
- adaptada) Julgue o item que segue:
( ) Se a prefeitura de Teresina – PI, por meio de uma política pública de
urbanização, vier a pavimentar uma avenida de determinado bairro, tal
serviço será classificado como serviço público singular, tendo em vista a
unicidade do empreendimento.
Comentário:

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Tal serviço será considera uti universi, uma vez que a obra beneficiará um
conjunto indeterminado de pessoas, não havendo possibilidade de se
individualiza-lo.
Gabarito: Incorreto.
Questão 29 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014
- adaptada)
Julgue o item que segue:
( ) Ao contrário das permissões de serviços públicos, que possuem caráter
precário e não demandam prévio procedimento licitatório, nas concessões
para a prestação de serviços públicos, a licitação é a regra.
Comentário:
As permissões de serviços públicos, tanto quanto as concessões, devem
sempre ser precedidas de licitação, por expressa imposição constitucional (art.
175, caput, CRFB).
Gabarito: Incorreto.
Questão 30 (FCC, DPE-SP, Defensor Público, 2009)
Em relação aos Serviços Públicos, é INCORRETO afirmar:
a) A concessão de serviço público exige autorização legislativa, licitação
exclusivamente pela modalidade concorrência, formalização de contrato e
prazo determinado, abrangendo somente pessoas jurídicas ou consórcio de
empresas.
b) O contrato de concessão pela chamada parceria público-privada deve ser
precedido de licitação, na modalidade concorrência, sendo imprescindível
consulta pública e autorização legislativa quando se tratar da hipótese de
concessão patrocinada, por prazo superior a 35 anos.
c) A conservação de praças, jardins e canteiros de avenidas, em troca de
publicidade local da pessoa jurídica prestadora dos respectivos serviços,
enquadra- se na chamada autorização de serviços públicos, dispensada
licitação e autorização legislativa.
d) A permissão tem caráter precário, mediante contra to de adesão tanto
com pessoas jurídicas quanto físicas, admitindo qualquer modalidade de
licitação.
e) A instituição de um órgão gestor e a criação de um fundo Garantidor de
Parcerias Público-Privadas são essenciais para as parcerias público-privadas
em que a União figurar como parceira.
Comentários:
a) CORRETA. Diz o artigo 175 da Constituição Federal:

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“Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob


regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de
serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.”
Assim, a concessão de serviço público exige autorização legislativa.
Diz o artigo 2º da Lei nº 8.987/1995/95 que a licitação deve ser feita
exclusivamente pela modalidade concorrência, por prazo determinado, a pessoas
jurídicas ou consórcio de empresas:
“Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
(...)
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;”
Dispõe o artigo 4º da Lei nº 8.987/1995/95 que a concessão de serviço
público deverá ser formalizada mediante contrato:
“Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou não da execução de
obra pública, será formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos
desta Lei, das normas pertinentes e do edital de licitação.”
b) INCORRETA. Diz o caput do artigo 10 da Lei 11.079/04 que o contrato
de concessão pela parceria público-privada deve ser precedido de licitação na
modalidade concorrência:
“Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de
licitação na modalidade de concorrência, estando a abertura do processo
licitatório condicionada a:”
O artigo 5º da mesma lei dispõe que o contrato de parceria público-privada
não poderá exceder a trinta e cinco anos.

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“Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao


disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber,
devendo também prever:
I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos
investimentos realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e
cinco) anos, incluindo eventual prorrogação;”
c) CORRETA. É caso de autorização de serviços públicos. Em princípio não
exige licitação e autorização legislativa.
d) CORRETA. Exemplo de caso em que pode ser realizada permissão é a
delegação de serviços de transporte coletivo a empresas de ônibus pelo
Município. Dispõem o artigo 2º, IV, e caput do artigo 40 da Lei nº 8.987/1995:
“Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
(...)
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta
e risco.”
“Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato
de adesão, que observará os termos desta Lei, das demais normas pertinentes e
do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade
unilateral do contrato pelo poder concedente.”
Portanto, a permissão tem caráter precário, formalizada mediante contrato
de adesão com pessoas jurídicas ou físicas, admitindo qualquer modalidade de
licitação.
e) CORRETA. Dispõem os artigos 8º, V, e 14 da Lei 11.079/04:
“Art. 8º As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em
contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante:
(...)
V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para
essa finalidade;”
“CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS À UNIÃO
Art. 14. Será instituído, por decreto, órgão gestor de parcerias público-
privadas federais, com competência para:”

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Ou seja, a instituição de um órgão gestor é essencial para as parcerias


público-privadas em que a União figurar como parceira. Fundo garantidor ou
empresa estatal é necessário nas parcerias público-privadas no caso de atuação
de qualquer ente da Administração Pública.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 31 (CEBRASPE, DPE-AC, Defensor Público, 2012)
Assinale a opção correta acerca da concessão de serviços públicos.
a) Se houver interesse público superveniente à concessão, poderá o poder
público, por intermédio da encampação, retomar a prestação do serviço.
b) A outorga consiste na transferência para o particular da incumbência de
prestação, mediante remuneração, de determinado serviço público.
c) Admitem-se concessões de serviços públicos por prazo indeterminado.
d) É proibida a subconcessão de serviços públicos.
e) A intervenção do poder concedente no serviço resulta na extinção da
concessão.
Comentários:

a) CORRETA. Fundamentação: Art. 37. Considera-se encampação a


retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da
concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo
anterior.

b) INCORRETA - Outorga consiste na transferência da própria


titularidade do serviço da pessoa política para a pessoa administrativa,
que o desenvolve em seu próprio nome e não no de quem transferiu. É
feita somente por meio de lei. Por outro lado, a Delegação consiste na
transferência da execução do serviço e pode ser feita por meio de lei,
contrato ou ato administrativo. No caso, houve uma inversão dos
conceitos.

c) INCORRETA - Art. 2º, II, L. 8987: II - concessão de serviço


público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

d) INCORRETA - A subconcessão é permitida pela Lei nº


8.987/1995/95 em seu artigo 26. Entretanto, deve ser precedida de
concorrência (ou seja, nova licitação) e é necessário, ainda, que a
possibilidade de subconcessão esteja prevista no contrato de concessão,
estabelecendo-se os limites admitidos.

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e) INCORRETA - A intervenção nem sempre gera extinção. Nesse


sentido art. 34, L.8987: Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta
a concessão, a administração do serviço será devolvida à concessionária,
precedida de prestação de contas pelo interventor, que responderá pelos
atos praticados durante a sua gestão.

Gabarito: Letra “a”.


Questão 32 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2011)
De acordo com a Lei no 11.107/2007, o consórcio público
a) é constituído por contrato de programa, que deverá ser precedido da
subscrição de contrato de rateio.
b) depende, para sua eficácia, de ratificação pela União, quando envolver
entes de outras unidades federativas.
c) envolve sempre entes de mais de uma esfera da Federação, para a gestão
associada de serviços públicos de competência da União.
d) poderá aplicar os recursos provenientes do contrato de rateio nas
atividades de gestão associada a ele cometidos, inclusive transferências e
operações de crédito.
e) constituirá associação pública, integrando a Administração indireta dos
entes da federação consorciados, ou pessoa jurídica de direito privado.
Comentário:
a) ERRADO. O art. 3º da Lei nº 11.107/2007 dispõe que o consórcio público
será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de
protocolo de intenções.
b) ERRADO. Os entes federativos são autônomos (autonomia
administrativa, orçamentária, política), não dependendo de autorização da União
para exercer suas atividades administrativas.
c) ERRADO. O art. 1º da Lei nº 11.107/2007 aponta que ela dispõe sobre
normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse
comum e dá outras providências.
d) ERRADO. O §2º do art. 8º da Lei nº 11.107/2007.
e) CORRETO. Nos termos do art. 6º da Lei nº 11.107/2007.
Gabarito: Errado.
Questão 33 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2010)
Sobre os consórcios públicos, de acordo com a Lei Federal n° 11.107/2005,
pode-se afirmar que:

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a) São sempre pessoas jurídicas de direito público constituídas unicamente


por entes da federação para a realização de objetivos de interesses comuns.
b) São diferenciados dos convênios de cooperação porque esses, ainda que
possam ser celebrados pelos entes da federação para execução de interesses
comuns, são destituídos de personalidade jurídica e sem os poderes
atribuídos aos consórcios.
c) A União pode participar de mais de um consórcio público desde que o
objetivo seja assemelhado.
d) O contrato de programa que disciplina as obrigações que um ente da
federação constitui com outro ente da federação ou para com o consórcio
público no âmbito da gestão associada pode atribuir ao contratado o
exercício de poderes de planejamento, regulação e fiscalização dos serviços
por ele próprio prestados.
e) Os Estados Membros não podem ser autorizados a legislar sobre questões
específicas acerca da matéria no seu âmbito.
Comentário:
a) ERRADO. Pois podem se constituir de pessoas jurídicas de direito público
(associação pública), ou como pessoa jurídica de direito privado.
b) CORRETO. Dispensa comentários.
c) ERRADO. Conforme o art. 2º, §1º da Lei nº 11.107/05., a União pode
participar sim de vários consórcios, assim como Estados e Municípios.
d) ERRADO. É nulo contrato de programa que tratar sobre planejamento,
regulação e fiscalização dos serviços por ele próprio prestados, conforme o art.
13, 3º da Lei nº 11.107/05.
e) ERRADO. Congresso Nacional pode autorizar os estados e o Distrito
Federal a legislar sobre questões específicas de matérias incluídas na
competência legislativa privativa da União, desde que por lei complementar,
conforme a CF, art. 22, parágrafo único.
Gabarito: Letra “b”.
Questão 34 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2009)
Relativamente aos consórcios públicos, julgue o item seguinte.
( ) No caso de constituir associação pública, o consórcio público adquirirá
personalidade jurídica de direito público, mediante a vigência das leis de
ratificação do protocolo de intenções. Nesse caso, a associação pública
integrará a administração indireta de todos os entes da Federação
consorciados. A União somente participará de consórcios públicos de que
também façam parte todos os estados em cujos territórios estejam situados
os municípios consorciados.

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Comentário:
Questão tranquila que de modo correto expõe características dos consórcios
públicos.
Gabarito: Correto.
Questão 35 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2011 -
Adaptada)
Julgue o item a seguir:
( ) Consórcios públicos, na forma da Lei n° 11.107/05, nada obstante
tenham seu protocolo de intenções ratificado por lei formal de cada uma das
entidades consorciadas, constituem, segundo a jurisprudência mais recente
do Supremo Tribunal Federal, acordos públicos de caráter precário,
caracterizados por instabilidade institucional.
Comentário:
Não existe instabilidade institucional nos consórcios públicos.
Gabarito: Incorreto.
Questão 36 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2016 - Adaptada)
Julgue o item a seguir:
( ) é denominado contrato de rateio o ajuste celebrado, em cada exercício
financeiro, entre entes participantes de consórcio público, para fins de
alocação de recursos necessários ao desempenho das atividades do
consórcio.
Comentário:
Nos termos do art. 8º, §1º Lei 11.107/2005 o contrato de rateio será
formalizado em cada exercício financeiro e seu prazo de vigência não será
superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos que tenham
por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e ações
contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços públicos
custeados por tarifas ou outros preços públicos.
Acrescenta-se o art. 2º, VII, do Decreto 6.017/07 que de modo objetivo conceitua
o contrato de rateio como o contrato por meio do qual os entes consorciados
comprometem-se a fornecer recursos financeiros para a realização das despesas
do consórcio público.
Gabarito: Correto.
Questão 37 (FCC, SEGEP_MA, Procurador do Estado, 2016 - adaptada)
Uma empresa pública e uma sociedade de economia mista, ambas dedicadas
à atividade bancária e controladas pelo mesmo ente político, decidem, por

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seus órgãos deliberativos competentes, promover conjuntamente a criação


de uma outra entidade, voltada a prestar serviços de tecnologia da
informação necessários à automação de suas respectivas atividades-fim. A
previsão é de que tal entidade contará com a participação de capital privado
em sua composição acionária. Em vista de tais características, é certo tratar-
se de
( ) consórcio público, na modalidade de direito privado, sendo que será
constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de
protocolo de intenções pelas entidades partícipes.
Comentário:
O consórcio público é o contrato firmado entre entes federados resultando
na criação de uma pessoa jurídica autônoma de natureza pública ou privada.
Gabarito: Incorreto.
Questão 38 (VUNESP, Prefeitura de Porto Ferreira – SP, Procurador,
2017)

Suponha-se que Porto Ferreira, em conjunto com Municípios da Região,


tenha iniciado tratativas com a União com vistas a firmar um consórcio para
a gestão comum de um serviço público. Após consulta à Procuradoria do
Município, o Prefeito de Porto Ferreira foi informado que a participação do
Estado é condição necessária para a legitimidade do consórcio. Considerando
o cenário descrito, e com base na Lei n° 11.107/2005, assinale a alternativa
correta.
a) O consórcio deve ser constituído como pessoa jurídica de direito público,
situação em que integrará a Administração Indireta dos entes federados
participantes.
b) A participação do Estado é obrigatória, uma vez que a legislação proíbe a
assinatura de consórcios diretamente entre a União e Municípios.
c) Na situação descrita, o eventual consórcio será fiscalizado exclusivamente
pelo Tribunal de Contas da União.
d) Com base no princípio da autonomia dos entes federados, o consórcio
poderá ser firmado diretamente entre os Municípios e a União, não sendo
obrigatória a participação do Estado.
e) O consórcio será criado mediante contrato assinado pelos Chefes dos
Poderes Executivos, sendo facultativa a intervenção do Poder Legislativo no
processo de constituição.
Comentários:

a) INCORRETO. O consórcio público pode ser de direito privado ou direito


público, sendo que nesse segundo caso integrará a Administração Indireta dos
entes federados participantes, associação pública, a doutrina a chama de
"autarquia associativa".

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b) CORRETO, conforme o §2º da Lei n° 11.107/2005 “A União somente


participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados
em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados”.

c) INCORRETO. Conforme o art. 9º Parágrafo único da Lei n° 11.107/2005


“O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial
pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder
Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade,
legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de
receitas, sem prejuízo do controle externo a ser exercido em razão de cada um
dos contratos de rateio”.

d) INCORRETO. A lei dos consórcios obriga a participação do Estado quando


houver consórcio entre União e Municípios, conforme apontado no comentário da
alternativa “a”.

e) INCORRETO. Atendidos os requisitos constantes no artigo 4°, da Lei dos


consórcios públicos, o próximo passo é a fase de ratificação, vez que a subscrição
do protocolo não é suficiente para o surgimento da pessoa jurídica, devendo,
assim, haver a ratificação pelo poder legislativo do ente envolvido, por meio da
edição de lei, nos termos do caput do art. 5°, da Lei 11.107/05.

Gabarito: Letra “b”.

Questão 39 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2016 - Adaptada)

A Administração Pública adota várias modalidades de ajustes administrativos


para poder executar suas tarefas. Nesse sentido, segundo a legislação
vigente julgue o item a seguir:
( ) é denominado contrato de rateio o ajuste celebrado, em cada exercício
financeiro, entre entes participantes de consórcio público, para fins de
alocação de recursos necessários ao desempenho das atividades do
consórcio.
Comentário:

Nos termos do art. 8º, §1º Lei 11.107/2005 “O contrato de rateio será
formalizado em cada exercício financeiro e seu prazo de vigência não será
superior ao das dotações que o suportam, com exceção dos contratos que tenham
por objeto exclusivamente projetos consistentes em programas e ações
contemplados em plano plurianual ou a gestão associada de serviços públicos
custeados por tarifas ou outros preços públicos.” Ademais, o art. 2º, VII do
Decreto 6.017/07 assim conceitua o contrato de rateio: contrato por meio do qual
os entes consorciados comprometem-se a fornecer recursos financeiros para a
realização das despesas do consórcio público.

Gabarito: Correto.

Questão 40 (PUC-PR, PGE-PR, Procurador do Estado, 2015 - Adaptada)

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A propósito dos órgãos e entidades da Administração Pública brasileira,


julgue o item a seguir:
( ) Os consórcios públicos são pessoas jurídicas de direito privado,
autorizadas por lei federal e instituídas pelo Poder Executivo, formadas a
partir da conjugação de duas ou mais pessoas políticas para a gestão
associada de atividades estatais.
Comentário:

O Consórcio Público é uma forma de colaboração entre entes políticos que


possuem o objetivo de gestão associadas de serviços públicos ou atividades
públicas de interesse comum, podendo assumir a forma de pessoa jurídica de
direito público ou mista, privado-público.

Gabarito: Errado.

Questão 41 (VUNESPE, Prefeitura de Porto Ferreira – SP, 2017)

Sobre as concessões de serviço público e as parcerias público-privadas,


assinale a alternativa correta.
a) A concessão de serviço público será precedida de licitação modalidade
concorrência ou técnica e preço.
b) É permitia a celebração de parceria público-privada cujo período da
prestação do serviço seja de 3 (três) anos.
c) De acordo com a Lei n° 8.987/1995, a permissão de serviço público será
precedida de licitação, podendo a delegação do serviço ocorrer para pessoa
física ou jurídica.
d) A concessão de serviço público não pode ser precedida da execução de
obra pública, devendo a contratação da obra ser objeto de contrato
empreitada específico.
e) É possível constituir parceria público-privada a concessão comum que não
envolva contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
Comentários:

a) INCORRETO. Lei nº 8987 art. 2º, II - concessão de serviço público: a


delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo
determinado

b) INCORRETO. A Lei nº 11079, art. 2, § 4º É vedada a celebração de


contrato de parceria público-privada:

II – cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou

c) CORRETO. A Lei nº 8987, art. 2, IV - permissão de serviço público: a


delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços

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públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco

d) INCORRETO. Pois é permitida na lei nº 8987, art. 2º, III - concessão de


serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou
parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras
de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que
o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a
exploração do serviço ou da obra por prazo determinado.

e) INCORRETO. A Lei 11079, art. 3º § 2º dispõe que as concessões comuns


continuam regidas pela Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e pelas leis que
lhe são correlatas, não se lhes aplicando o disposto nesta Lei.

Gabarito: Letra “c”.

Questão 42 (FCC, PGE-SP, Procurador do Estado, 2012)

Há pontos de aproximação entre as duas modalidades de parcerias público-


privadas, os quais as distinguem da chamada concessão comum. Dentre eles
destaca-se
a) o estabelecimento de contraprestação economicamente valorável para o
parceiro privado por parte do parceiro público, não se admitindo a cobrança
de tarifa diretamente do usuário.
b) a possibilidade do poder público também oferecer garantias para a
execução de suas obrigações pecuniárias, sem prejuízo daquelas ofertadas
pelo parceiro privado e do financiamento do projeto.
c) a repartição dos riscos entre o parceiro privado e o poder público,
afastando-se, portanto, o direito do parceiro privado de pleitear a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, inclusive nos
casos de fato da Administração.
d) a possibilidade do poder público oferecer garantias da execução de suas
obrigações ao financiador do projeto, vedada a apresentação de garantia ao
parceiro privado, enquanto nas concessões comuns as garantias do poder
público são prestadas somente ao concessionário privado, que é o único
responsável diante de eventual financiador.
e) o estabelecimento de tarifa, cobrada diretamente do usuário do serviço,
adicionalmente à contraprestação pecuniária devida pelo poder público ao
parceiro privado, o que não ocorre na concessão comum, na qual a
integralidade da remuneração do concessionário vem diretamente de
cobrança imposta ao usuário.
Comentários:

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a) INCORRETA. No caso da concessão patrocinada haverá tarifa cobrada


dos usuários adicionalmente à prestação pecuniária prestada pelo parceiro
público ao parceiro privado (lei 11.079, art 2º, §1º). Assim, admite-se a cobrança
de tarifa, o que é um ponto comum entre a PPP patrocinada e a concessão
comum, e não entre as duas modalidades de PPP que a distinguem da concessão
comum.

b) CORRETA. É o que dispõe o art. 8º da lei das PPP.

c) INCORRETA. A repartição dos riscos não afasta o direito a manutenção


ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

d) INCORRETA. A prestação de garantia por parte do Poder Público só é


expressamente prevista na lei das PPP, inexistente na concessão comum.

e) INCORRETA. O enunciado descreve a PPP patrocinada em um ponto que


==118060==

não coincide com a PPP administrativa, na medida em que somente quanto a


primeira está prevista a cobrança de tarifa adicionalmente à contraprestação do
Poder Público, de modo que, apesar de diferenciá-la da concessão comum, não
se trata de ponto de aproximação entre as duas modalidades de PPP.

Gabarito: Letra “b”.

Questão 43 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)

No que se refere à figura da intervenção prevista no âmbito das concessões


e permissões de serviços públicos, assinale a opção correta.
a) A intervenção tem duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias.
b) Tal instituto é espécie de extinção da concessão ou permissão de serviço
público.
c) Como medida excepcionalíssima, a intervenção far-se-á por lei do poder
concedente.
d) A intervenção não demanda a prévia observância aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.
e) A intervenção demanda a prévia indenização pela assunção dos bens
reversíveis, pelo Poder Público.
Comentários:

a) INCORRETA. Na verdade, uma vez decretada a intervenção, o poder


concedente dispõe de até 30 (trinta) dias para instaurar procedimento
administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar
responsabilidades (art. 32, Lei nº 8.987/1995/95), sendo que tal procedimento
deverá ser concluído em até 180 (cento e oitenta) dias. Daí se extrai que, na
verdade, o prazo de 180 (cento e oitenta) dias é exclusivo para o término do
procedimento. Se formos contar desde a decretação da intervenção - como

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sugerido nesta alternativa: "decretada a intervenção..."-, sua duração máxima


será de 210 (duzentos e dez) dias.

b) INCORRETA. A intervenção não é modalidade de extinção, e sim visa a


investigar possíveis irregularidades e inadequações na prestação do serviço. Pode
até resultar em extinção do contrato, mas isto se dará através, aí sim, da
caducidade, esta sim modalidade de extinção da concessão.

c) INCORRETA. O instrumento adequado para início da intervenção não é


a lei, e sim um decreto do Chefe do Poder Executivo pertinente ao poder
concedente (União, estado-membro, DF ou município), conforme art. 32,
parágrafo único, Lei nº 8.987/1995/95.

d) CORRETA. O que a afirmativa está dizendo é que, para fins de se decretar


a intervenção, não há necessidade de prévio contraditório e ampla defesa ao
concessionário, o que está certo. Referidos princípios constitucionais deverão ser
respeitados num segundo momento, qual seja, no âmbito do procedimento
administrativo que deve ser instaurado para apurar o cometimento das eventuais
irregularidades contratuais, procedimento este que deve ser iniciado em até 30
(trinta) dias após a decretação da intervenção.

e) INCORRETA. A simples decretação da intervenção não dá ensejo ao


pagamento de qualquer indenização ao concessionário. Como se extrai do art.
33, §1º, somente será devida indenização "Se ficar comprovado que a
intervenção não observou os pressupostos legais e regulamentares", caso em
que deve ser pronunciada sua nulidade.

Gabarito: Letra “d”.

Questão 44 (CEBRASPE, DPE-DF, Procurador, 2006)

A discricionariedade ínsita aos atos de autorização de serviços públicos


permite ao poder público avaliar a conveniência de eventual revogação do
ato autorizado, não havendo, portanto, por parte do particular, qualquer
direito subjetivo à continuidade da autorização.
Comentário:

Embora seja controversa a possibilidade de delegação de serviços públicos


mediante ato de autorização, os doutrinadores que admitem tal possibilidade –
os quais reputamos constituírem maioria – realmente sustentam que se trata de
ato precário. E, como tal, revogável a qualquer tempo, independentemente de
indenização ao particular, ao menos como regra geral. É válido acentuar,
contudo, que se a autorização houver sido outorgada por prazo certo, a
Administração, ainda assim, poderá revogá-la antes do término do prazo
inicialmente ajustado, sendo que, nesse caso, o particular poderá fazer jus ao
recebimento de indenização, acaso demonstre haver experimentado prejuízos
por força da revogação precoce.

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Gabarito: Correta.

Questão 45 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2004)

No que se refere aos serviços públicos e aos recursos minerais e potenciais


de energia elétrica, julgue o item subsequente:
( ) As concessões de serviço público têm natureza de contrato
administrativo, sendo a remuneração pela execução do serviço feita por meio
de tarifa, que, paga pelo usuário, tem natureza de preço público e é fixada
pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de
revisão previstas na lei que disciplina o regime de concessão de prestação
de serviços públicos, no edital e no contrato.
Comentário:

As concessões são contratos administrativos em que a licitação é feita com


base na melhor oferta de tarifa, visto que é o preço dessas que será utilizado
para a manutenção da atividade da empresa concessionária.

É verdade que hoje, com as Parcerias público-privadas, é possível que parte


ou todo o valor da concessão seja suportado diretamente pelo poder público. Mas
a regra geral das concessões é mesmo a da remuneração por tarifa.

Gabarito: Correta.

Questão 46 (MPE-PR, Promotor Substituto, 2017)

Sobre concessão de serviço público, assinale a alternativa incorreta:


a) As concessões patrocinadas de que cuida a Lei nº 11.079/04 (Lei das
Parcerias Público-Privadas), em que mais de 70% (setenta por cento) da
remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública,
dependerão de autorização legislativa.
b) Para as concessões especiais, previstas na Lei nº 11.079/04 (Lei das
Parcerias Público-Privadas), o contrato de parceria público-privada não pode
ter valor inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), bem como o
seu tempo de duração não pode ser inferior a 5 (cinco) anos nem superior a
35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação.
c) Conforme Lei nº 8.987/95 (Lei das Concessões e Permissões), a
concessionária atua por sua conta e risco, cabendo-lhe responder por todos
os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem
que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou mesmo atenue
essa responsabilidade.
d) Consoante a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários do serviço
público, entendimento que não pode ser estendido aos não usuários.

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e) Segundo a Lei nº 8.987/95 (Lei das Concessões e Permissões), considera-


se serviço adequado aquele que atende condições de continuidade,
eficiência, regularidade, segurança, atualidade, generalidade, modicidade
das tarifas e cortesia na sua prestação.
Comentários:

A questão trata da concessão de serviço público que é disciplinada na Lei


11.079/04, que regula as Parcerias Público-Privadas) e n Lei nº 8.987/1995/95,
que regula as concessões e permissões. Com base nestas duas leis, devemos
marcar a alternativa INCORRETA.

a) CORRETA. Nos termos do art. 10, §3º da referida lei: "As concessões
patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da remuneração do
parceiro privado for paga pela Administração Pública dependerão de autorização
legislativa específica.

b) CORRETA. Quanto ao valor do contrato, estabelece o art. 2º, §4º, da


referida lei, que e vedado valor inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de
reais). Quanto ao tempo de duração, de acordo com o art. 5º, I, o prazo de
vigência do contrato não poderá ser inferior a 5 (cinco) anos, nem superior a 35
(trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação.

c) CORRETA. O art. 2º, II, da referida lei estabelece que a concessão de


serviço público é realizada pela concessionária por sua conta e risco; e o art. 25
da mesma lei determina que cabe à concessionária responder por todos os
prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a
fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa
responsabilidade.

d) INCORRETA. O STF entende que a responsabilidade se estende a


terceiros não-usuários. Há responsabilidade civil objetiva, aquela que independe
de culpa, das empresas que prestam serviço público, que é o caso das
concessionárias, em relação a terceiros que não sejam usuários do serviço.
Entende-se que o art. 37, §6º da CRFB, ao estabelecer que "as pessoas jurídicas
de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo e culpa", não fez distinção entre os terceiros que sofram os danos, sendo
que, se a lei não distingue, não cabe ao intérprete distinguir. Portanto, a
responsabilidade atinge a todos os terceiros, usuários ou não do serviço. Saliente-
se, ainda, que a natureza do serviço público tem caráter geral, estendendo-se a
todos que sejam beneficiados direta ou indiretamente pelo serviço. Neste
sentido: Rex 591874.

e) CORRETA. Nos termos do art. 6º, §1º, da referida lei: "Serviço adequado
é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,

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segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das


tarifas".

Gabarito: Letra “d”.

Questão 47 (COPS-UEL, PGE-PR, Procurador do Estado, 2011)

Assinale a alternativa correta:


a) as concessões de serviço público brasileiras não podem ter caráter de
exclusividade;
b) nas concessões de serviço público brasileiras a única fonte de recursos do
concessionário é a receita tarifária, sendo vedada a possibilidade de fontes
alternativas de receita;
c) desde que consignado no contrato de concessão, é válida a previsão de
mecanismos privados para a resolução de disputas relacionadas ao contrato,
inclusive a arbitragem;
d) a concessão comum de serviço público tem como modos de extinção: (i)
o termo contratual, (ii) a encampação, (iii) a caducidade, (iv) a rescisão por
iniciativa do concedente, v) a anulação bilateral e (vi) a falência ou extinção
da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso
de empresa individual;
e) todas as alternativas são incorretas.
Comentários:

a) INCORRETA. Contraria o artigo 16 da Lei nº 8.987/1995/95, que admite


exceções: Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá caráter de
exclusividade, salvo no caso de inviabilidade técnica ou econômica justificada no
ato a que se refere o art. 5odesta Lei.

b) INCORRETA. O artigo 11 da Lei nº 8.987/1995/95 estabelece que podem


ser previstas outras fontes de receita no edital: Art. 11. No atendimento às
peculiaridades de cada serviço público, poderá o poder concedente prever, em
favor da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de outras fontes
provenientes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos
associados, com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das
tarifas, observado o disposto no art. 17 desta Lei.

c) CORRETA. Como comentado acima.

d) INCORRETA. A anulação não é ato bilateral, já que a concessionária


precisa intentar ação para esse fim: Art. 35. Extingue-se a concessão por: Art.
39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da
concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder
concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim.

e) INCORRETA.

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Gabarito: Letra “c”.

Questão 48 (COPS-UEL, PGE-PR, Procurador do Estado, 2011)

Sobre concessões e permissões de serviços públicos, bem como parcerias


público-privadas, analise as proposições a seguir:
I – Segundo a lei nº 9.074/95, que estabelece normas para outorga e
prorrogação de concessões de serviços públicos, a concessão é forma de
gestão de serviço público por meio da qual a Administração Pública transfere
contratualmente para o particular a incumbência de prestá-lo. Só é possível
a União, Estados, Distrito Federal e Municípios instituírem o regime de
concessão à vista de lei específica que os autorize a tanto, excetuados os
casos de saneamento básico, limpeza urbana e demais hipóteses previstas
nas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas. É o que se depreende da dicção
da lei nº 8.987/95.
II – Segundo a lei federal nº 11.079/04 que instituiu as parcerias público-
privadas (PPP), é possível o contrato de PPP dispor livremente sobre a forma
de distribuição de riscos mais eficiente à consecução da parceria, inclusive
aqueles decorrentes de fato do príncipe, caso fortuito e força maior e álea
econômica extraordinária, até então, de forma geral e tradicionalmente na
seara contratual imputados como ônus ao contratante público. É a chamada
repartição solidária dos riscos, inovação da lei das parcerias público-
privadas.
III – A lei federal nº 11.079/04 que instituiu as parcerias público-privadas
(PPP) veda à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante
das Sociedades de Propósito Específico - SPE, exceto no caso em que a citada
SPE esteja inadimplente com as metas de implantação e gerência do objeto
da parceria. Nesse caso, a lei admite a aquisição de maioria do capital
votante da SPE por instituição financeira controlada pelo Poder Público.
IV – Segundo a lei federal nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime de
concessões e permissões de serviço público, no contrato de concessão
firmado com consórcio de empresas há a indicação de uma empresa líder,
responsável pelo cumprimento do contrato perante o concedente, o que não
afasta a responsabilidade subsidiária das demais consorciadas.
De acordo com as proposições apresentadas, assinale a alternativa
CORRETA:
a) apenas III e IV estão incorretas
b) apenas II e III estão incorretas
c) apenas I e IV estão incorretas
d) todas estão incorretas
e) todas estão corretas
Comentários:

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Assertiva I está CORRETA – Art. 2º da lei 9074/95 : Art. 2º É vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios executarem obras e
serviços públicos por meio de concessão e permissão de serviço público, sem lei
que lhes autorize e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos casos de
saneamento básico e limpeza urbana e nos já referidos na Constituição Federal,
nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios,
observado, em qualquer caso, os termos da Lei no 8.987, de 1995.

Assertiva II está CORRETA - Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria


público-privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, no que couber, devendo também prever:

III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso


fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;

Assertiva III está INCORRETA - Art. 9º, §§ 4º e 5º da Lei 11.079/94:

§ 4º Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do capital


votante das sociedades de que trata este Capítulo.

§ 5º A vedação prevista no § 4º deste artigo não se aplica à eventual


aquisição da maioria do capital votante da sociedade de propósito específico por
instituição financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadimplemento
de contratos de financiamento. A questão traz o inadimplemento com metas de
implantação e gerência do objeto da parceria.

Assertiva IV está INCORRETA Não é subsidiária como traz a questão. Art.


19, § 2º da Lei 8987/95 - § 2º A empresa líder do consórcio é a responsável
perante o poder concedente pelo cumprimento do contrato de concessão, sem
prejuízo da responsabilidade solidária das demais consorciadas.

Gabarito: Letra “a”.

Questão 49 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)

No que se refere à figura da intervenção prevista no âmbito das concessões


e permissões de serviços públicos, assinale a opção correta.
a) A intervenção tem duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias.
b) Tal instituto é espécie de extinção da concessão ou permissão de serviço
público.
c) Como medida excepcionalíssima, a intervenção far-se-á por lei do poder
concedente.
d) A intervenção não demanda a prévia observância aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.
e) A intervenção demanda a prévia indenização pela assunção dos bens
reversíveis, pelo Poder Público.

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Comentários:

a) INCORRETA. Na verdade, uma vez decretada a intervenção, o poder


concedente dispõe de até 30 (trinta) dias para instaurar procedimento
administrativo para comprovar as causas determinantes da medida e apurar
responsabilidades (art. 32, Lei nº 8.987/1995/95), sendo que tal procedimento
deverá ser concluído em até 180 (cento e oitenta) dias. Daí se extrai que, na
verdade, o prazo de 180 (cento e oitenta) dias é exclusivo para o término do
procedimento. Se formos contar desde a decretação da intervenção - como
sugerido nesta alternativa: "decretada a intervenção..."-, sua duração máxima
será de 210 (duzentos e dez) dias.

b) INCORRETA. A intervenção não é modalidade de extinção, e sim visa a


investigar possíveis irregularidades e inadequações na prestação do serviço. Pode
até resultar em extinção do contrato, mas isto se dará através, aí sim, da
caducidade, esta sim modalidade de extinção da concessão.

c) INCORRETA. O instrumento adequado para início da intervenção não é


a lei, e sim um decreto do Chefe do Poder Executivo pertinente ao poder
concedente (União, estado-membro, DF ou município), conforme art. 32,
parágrafo único, Lei nº 8.987/1995/95.

d) CORRETA. O que a afirmativa está dizendo é que, para fins de se decretar


a intervenção, não há necessidade de prévio contraditório e ampla defesa ao
concessionário, o que está certo. Referidos princípios constitucionais deverão ser
respeitados num segundo momento, qual seja, no âmbito do procedimento
administrativo que deve ser instaurado para apurar o cometimento das eventuais
irregularidades contratuais, procedimento este que deve ser iniciado em até 30
(trinta) dias após a decretação da intervenção.

e) INCORRETA. A simples decretação da intervenção não dá ensejo ao


pagamento de qualquer indenização ao concessionário. Como se extrai do art.
33, §1º, somente será devida indenização "Se ficar comprovado que a
intervenção não observou os pressupostos legais e regulamentares", caso em
que deve ser pronunciada sua nulidade.

Gabarito: Letra “d”.

Questão 50 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)

Relativamente às parcerias público-privadas a que se refere a Lei n. 11.079,


de 2004, assinale a opção correta.
a) Sempre devem ser precedidas de licitação, na modalidade concorrência
ou pregão.
b) Admite-se que os valores mobiliários atinentes à sociedade de propósito
específico possam ser negociados no mercado.

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c) Como regra, a sociedade de propósito específico deverá, direta ou


indiretamente, ser controlada pela Administração Pública, que deterá a
maioria do capital social com direito a voto.
d) Antes da celebração do contrato de parceria, poderá ser constituída
sociedade de propósito específico, que ficará responsável pela gestão das
atividades pactuadas.
e) Consoante a legislação pátria, admite-se um único órgão gestor das
parcerias público-privadas, que contará com a participação obrigatória de
representantes de todos os estados, ao lado de representantes da União.
Comentários:

a) INCORRETA. A lei de regência exige a utilização da modalidade


concorrência, tão somente (art. 10, caput, Lei 11.079/04).

b) CORRETA. De fato, o art. 9º, §2º, Lei 11.079/04 possibilita que a


sociedade de propósito específico assuma a forma de companhia aberta "com
valores mobiliários admitidos a negociação no mercado."

c) INCORRETA. Pelo contrário, a lei veda que a Administração Pública seja


titular da maioria do capital votante da sociedade de propósito específico (art.
9º, §4º, Lei 11.079/04).

d) INCORRETA. A lei não faculta ("poderá"), e sim, impõe ("deverá"), como


se extrai da redação do art. 9º, caput, Lei 11.079/04. Eis aí, portanto, o sutil
equívoco em que incorreu esta alternativa.

e) INCORRETA. Na realidade, a lei estabeleceu a criação de um órgão


gestor de parcerias público-privadas federais (art. 14). Cuida-se de capítulo
exclusivamente destinado à União, sendo que a composição de tal órgão
consistirá na indicação nominal de um representante titular e respectivo suplente
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Ministério da Fazenda e
da Casa Civil da Presidência da República (art. 14, §1º). Nada impede, portanto,
que os demais entes federativos criem seus respectivos órgãos gestores, de modo
que também não é verdade que a legislação pátria admita um único órgão gestor.

Gabarito: Letra “b”.

****

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Bem, por hoje é só. Em seguida ainda tem o “Resumão” da aula, para ajudar
na revisão da matéria.

Bons estudos!

Renato Borelli

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13 - Resumão da nossa aula

CONCEITO

Serviço Público segundo o critério subjetivo é aquele prestado diretamente pelo próprio Estado. Já pelo
o critério material, é a atividade que tenha por objeto a satisfação de necessidades coletivas. O critério formal
aponta ser aquele exercido sob regime jurídico de direito público derrogatório e exorbitante do direito comum.

Sob um prisma subjetivo serviço público faz referência ao sujeito responsável pela execução da
atividade, já em sentido objetivo (ou material), a expressão se refere a uma atividade, ou a um conjunto de
atividades, sem levar em consideração o órgão ou a entidade que as exerce.

CLASSIFICAÇÃO

a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais) e serviços de utilidade pública (não


essenciais);
b) Serviços próprios, quando o Estado assume esses serviços como seus (executando-os diretamente
ou mediante delegação a terceiros), e impróprios, quando o Estado não assume esses serviços
como seus mas os controla por meio do poder de polícia;
c) Serviços administrativos, econômicos (comerciais ou industriais) e sociais;
d) Serviços uti singuli (singulares) e uti universi (coletivos);

FORMAS DE PRESTAÇÃO

I - Centralizada

II – Descentralizada

1. Outorga (delegação legal);

2. Delegação (ato negocial) por:

2.1 Concessão;

2.2 Permissão;

2.3 Autorização;

DESCENTRALIZAÇÃO
OUTORGA DELEGAÇÃO
O poder público cria novas entidades Não há a criação de novas entidades pelo
(autarquias, fundações públicas, sociedades Poder Público. O serviço público é transferido
de economia mista ou empresas públicas), a particulares.
com personalidade jurídica própria,
outorgando-lhes a prestação dos serviços
públicos.
A transferência da execução do serviço para A transferência da execução do serviço para
o outorgado é feita por lei. a pessoa delegada é feita por contrato
(concessão e permissão) ou por ato
administrativo unilateral (autorização).

DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS

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1. Concessão de serviços públicos:


1.1. Concessões comuns (Lei nº 8.987/1985):
1.1.1.Concessão de serviço público (art. 2º, II;
1.1.2.Concessão de serviço público precedida da execução de obra pública (art. 2º, III).
1.2. Concessões especiais (Parcerias público-privadas, Lei nº 11.079/2004 e Lei nº 8.987/95):
1.2.1.Concessão patrocinada (art. 2º, §1º);
1.2.2.Concessão administrativa (art. 2º, §2º).
2. Permissão de serviços públicos (Lei nº 8.987/95);
3. Autorização de serviços públicos (não há norma legal específica que regule este instituto).

São particularidades das licitações para concessões comuns a) obrigatoriedade da modalidade


Concorrência; b) possibilidade de inversão das fases de habilitação e julgamento; c) critérios de julgamento
próprios previstos no art. 15 da Lei nº 8.987/1995/95; d) no caso de licitante vencedor ser consórcio, o poder
concedente poderá exigir que este se constitua em empresa antes da celebração do contrato; e) os autores ou
responsáveis economicamente pelos projetos básico ou executivo podem participar, direta ou indiretamente,
da licitação ou da execução de obras ou serviços a ela relacionados.

Cláusulas do contrato de concessão


Obrigatórias nas concessões simples e nas I – objeto, área e prazo da concessão;
concessões de serviço público precedida da
execução de obra pública (art. 23, caput) II – modo, forma e condições de prestação do
serviço;

III – critérios, indicadores, fórmulas e


parâmetros definidores da qualidade do
serviço;

IV – preço do serviço, critérios e


procedimentos para o reajuste e a revisão das
tarifas;

V – direitos, garantias e obrigações do poder


concedente e da concessionária, inclusive os
relacionados às previsíveis necessidades de
futura alteração e expansão do serviço e
consequente modernização, aperfeiçoamento
e ampliação dos equipamentos e das
instalações;

VI – direitos e deveres dos usuários para


obtenção e utilização do serviço;

VII – forma de fiscalização das instalações,


dos equipamentos, dos métodos e práticas de
execução do serviço, bem como a indicação
dos órgãos competentes para exercê-la;

VIII – penalidades contratuais e


administrativas a que se sujeita a
concessionária e sua forma de aplicação;

IX – casos de extinção da concessão;

X – bens reversíveis;

XI – critérios para o cálculo e a forma de


pagamento das indenizações devidas à
concessionária, quando for o caso;

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XII – condições para prorrogação do contrato;

XIII – à obrigatoriedade, forma e periodicidade


da prestação de contas da concessionária ao
poder concedente;
XIV – exigência da publicação de
demonstrações financeiras periódicas da
concessionária;

XV – o foro e o modo amigável de solução das


divergências contratuais.

Obrigatórias apenas nas concessões de I – estipular os cronogramas físico-financeiros


serviços públicos precedidas de obras de execução das obras vinculadas à
públicas (art. 23, parágrafo único). concessão; e
II – exigir garantia do fiel cumprimento, pela
concessionária, das obrigações relativas às
obras vinculadas à concessão.
Facultativas (art. 23-A) I – o contrato de concessão poderá prever o
emprego de mecanismos privados para
resolução de disputas decorrentes ou
relacionadas ao contrato, inclusive a
arbitragem, a ser realizada no Brasil e em
língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307,
de 23.09.1996;
II – qualquer outra que não seja obrigatória.

ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA


1) regulamentar o serviço concedido e 1) prestar serviço adequado, na forma
fiscalizar permanentemente a sua prestação; prevista na Lei nº 8.987/1995, nas normas
2) aplicar as penalidades regulamentares e técnicas aplicáveis e no contrato;
contratuais; 2) manter em dia o inventário e o registro dos
3) intervir na prestação do serviço, nos casos bens vinculados à concessão;
e condições previstos em lei; 3) prestar contas da gestão do serviço ao
4) extinguir a concessão, nos casos previstos poder concedente e aos usuários, nos termos
na Lei nº 8.987/1995, e na forma prevista no definidos no contrato;
contrato; 4) cumprir e fazer cumprir as normas do
5) homologar reajustes e proceder à revisão serviço e as cláusulas contratuais da
das tarifas na forma da Lei nº 8.987/1995, das concessão;
normas pertinentes e do contrato; 5) permitir aos encarregados da fiscalização
6) cumprir e fazer cumprir as disposições livre acesso, em qualquer época, às obras,
regulamentares do serviço e as cláusulas aos equipamentos e às instalações
contratuais da concessão; integrantes do serviço, bem como a seus
7) zelar pela boa qualidade do serviço, registros contábeis;
receber, apurar e solucionar queixas e 6) promover as desapropriações e constituir
reclamações dos usuários, que serão servidões autorizadas pelo poder
cientificados, em até trinta dias, das concedente, conforme previsto no edital e no
providências tomadas; contrato;
8) declarar de utilidade pública os bens 7) zelar pela integridade dos bens vinculados
necessários à execução do serviço ou obra à prestação do serviço, bem como segurá-los
pública, promovendo as desapropriações, adequadamente; e
diretamente ou mediante outorga de poderes 8) captar, aplicar e gerir os recursos
à concessionária, caso em que será desta a financeiros necessários à prestação do
responsabilidade pelas indenizações serviço.
cabíveis;
9) declarar de necessidade ou utilidade
pública, para fins de instituição de servidão

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administrativa, os bens necessários à


execução de serviço ou obra pública,
promovendo-a diretamente ou mediante
outorga de poderes à concessionária, caso
em que será desta a responsabilidade pelas
indenizações cabíveis;
10) estimular o aumento da qualidade,
produtividade, preservação do meio ambiente
e conservação;
11) incentivar a competitividade; e
12) estimular a formação de associações de
usuários para defesa de interesses relativos
ao serviço.

INTERVENÇÃO NA CONCESSÃO

Decreto de Intervenção deve indicar o nome do interventor, o prazo da intervenção, apontando seus
objetivos e limites. O prazo máximo para iniciar o procedimento administrativo é de 30 (trinta) dias, o qual
possui prazo máximo de duração de 180 dias. Como resultado teremos a extinção da concessão ou a
devolução do serviço à concessionária.

EXTINÇÃO DA CONCESSÃO

Poderá ocorrer por a) advento do termo contratual; b) encampação; c) caducidade; d) rescisão; e)


anulação; e f) falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no
caso de empresa individual.

MODALIDADES DE CONCESSÃO ESPECIAL


(PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA)
Concessão Patrocinada Concessão Administrativa
A concessão patrocinada é a concessão de O contrato de prestação de serviços de que a
serviço público ou de serviço público Administração Pública seja a usuária direta
precedida da realização de obras públicas de ou indireta, ainda que envolva a execução de
que trata a Lei nº 8.987/1995 (concessões obra ou fornecimento e instalação de bens,
comuns), quando envolver, além da tarifa sendo o parceiro privado remunerado
cobrada dos usuários, contraprestação do basicamente pela contraprestação pecuniária
parceiro público ao parceiro privado. dada pelo parceiro público.

Concessões especiais Concessões comuns


(parcerias público-
privadas)
Lei nº 11.079/2004 e Lei nº Lei nº 8.987/1995 Normatização
8.987/1995
(subsidiariamente)
Sim Não Contrapartida pecuniária
do Poder Público
R$ 20.000.000,00 Não há Valor mínimo do contrato
previstos de 5 até 35 anos Não há Prazos mínimo e máximo
previstos na lei

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PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO CONCESSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS


Forma de delegação de serviço público; Forma de delegação de serviço público;
Depende da realização de licitação, mas a lei Depende da realização de licitação na
não predetermina a modalidade obrigatória da concorrência;
modalidade licitatória;
Possui natureza precária, mas há Não possui natureza precária;
controvérsias na doutrina;
Os permissionários podem ser pessoa física Os concessionários só podem ser pessoa
ou pessoa jurídica. jurídica ou consórcio de empresas.

*****

14 - Questões comentadas na aula


Questão 01 (FCC, DPE-MT, Defensor Público, 2009)

Em relação ao sentido de serviço público que se pode extrair do regime


constitucional hoje vigente no Brasil, pode-se corretamente afirmar que é
um sentido
a) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele
prestado mediante concessão ou permissão.
b) unívoco, na medida em que a Constituição contém um rol expresso e
taxativo dos deveres do Estado, dizendo-os "serviços públicos".
c) mais restrito do que certas formulações doutrinárias, face à dicotomia
constitucional estabelecida entre serviços públicos e atividades econômicas
explora das pelo Estado.
d) amplo, posto que as atividades estatais em geral, como regra, comportam
execução por delegação, mediante concessão ou permissão.
e) restrito, vez que apenas pode ser considerado serviço público aquele
prestado diretamente pelo Estado.
Questão 02 (FCC, PGE-RR, Procurador do Estado, 2006)

A Constituição Federal estabelece que a saúde é direito de todos e dever do


Estado e considera de relevância pública as ações e serviços de saúde,
cabendo ao Poder Público dispor, na forma da lei, sobre sua regulamentação,
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou
através de terceiros. Diante das mencionadas previsões constitucionais, é
correto afirmar que os serviços de saúde, consoante entendimento
predominante,
a) constituem sempre serviço público, de titularidade do Estado, que pode
desempenhá-lo diretamente ou com o apoio dos particulares, mediante
concessão ou permissão.
b) não constituem serviço público, ainda quando prestados pelo Estado,
sendo passíveis de exploração econômica por particulares, sob a fiscalização
do poder público.

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c) são considerados serviço público, quando prestados diretamente pelo


Estado, e atividade econômica quando explorados por particulares.
d) não se caracterizam como serviço público nem atividade econômica, mas
sim como atividade de interesse público, objeto de regulamentação legal
específica.
e) constituem serviço público exclusivo, de natureza essencial, devendo ser
prestados diretamente pelo Estado, somente cabendo ao particular atuar em caráter
subsidiário.
Questão 03 (VUNESP, Prefeitura de Suzano -SP, Procurador Jurídico, 2015)

São exemplos de serviços públicos uti singuli:


a) iluminação pública, calçamento e fornecimento de gás.
b) energia elétrica, iluminação pública e saúde.
c) telefonia, energia elétrica e fornecimento de água.
d) educação, saúde e policiamento.
e) transporte coletivo, defesa civil e educação.
Questão 04 (CEBRASPE, DPE-AL, Defensor Público, 2009)

No que se refere aos serviços públicos, julgue o item abaixo.


( ) Os serviços públicos uti singuli são aqueles prestados à coletividade,
que têm por finalidade a satisfação indireta das necessidades dos cidadãos,
tais como os serviços de iluminação pública e de saneamento.
Questão 05 (FCC, PGE-RJ, 2009)

Os serviços públicos podem ser classificados como


a) concedidos, quando outorgados por lei a outrem, que deve executá-los
em nome do Estado que mantém a sua titularidade.
b) impróprios, quando o Estado os assume como seus e os executa
indiretamente.
c) outorgados, quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral,
unicamente a execução dos serviços.
d) delegados, quando o Estado os transfere por lei, criando uma entidade
para executá-los.
e) próprios, quando o Estado os assume como seus e os executa, direta ou
indiretamente.
Questão 06 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) A competência para legislar sobre a delegação de serviço público,
modalidade de contrato administrativo, é de todos os entes da Federação.
Questão 07 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 - Adaptada)

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Julgue o item que segue:


( ) os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm competência para
legislar sobre consórcios públicos.
Questão 08 (PGE-GO, Procurador do Estado, 2013 - Adaptada)
Julgue o item a seguir:
( ) A criação de autarquias é uma das formas de desconcentração
administrativa.
Questão 09 (FUNDEP, DPE-MG, Defensor Público, 2014)

Sobre a organização da Administração Pública, assinale a alternativa


INCORRETA.
a) As atividades administrativas podem ser exercidas pelo Estado, por ele
mesmo, ou por meio de outros sujeitos, hipótese na qual o Estado transfere
a titularidade da atividade para a Administração Indireta ou pessoas
particulares.
b) Na distribuição interna das competências decisórias (desconcentração),
todos os órgãos e agentes permanecem ligados pelo vínculo da hierarquia.
c) Os serviços notariais e de registro são atividades jurídicas que são
próprias do Estado, porém exercidas por particulares mediante delegação.
d) A Administração Pública Direta tem poder de controle ou de tutela com as
entidades da Administração Indireta dela decorrentes.
Questão 10 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado)

Analisando a Administração Pública, é INCORRETO afirmar que:


a) a constituição de uma autarquia é exemplo de desconcentração
administrativa.
b) na descentralização é viável a desconcentração administrativa.
c) uma empresa pública é hipótese de descentralização administrativa.
d) a desconcentração pode ser geográfica ou territorial.
Questão 11 (FCC, PGM – João Pessoa/PB, Procurador Municipal, 2012)

No tocante ao regime das concessões comuns de serviços públicos, a Lei


Federal no 8.987/95
a) assegura, em igualdade de condições, preferência à proposta apresentada
por empresa brasileira.
b) admite a interrupção dos serviços a cargo da concessionária, apenas em
caso de situação de emergência motivada por razões de ordem técnica ou
de segurança das instalações.
c) exige que, para concessão de um serviço tarifado, haja a existência de
serviço público alternativo e gratuito para o usuário.

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d) impõe o reajuste da tarifa, sempre que houver alteração unilateral do


contrato que onere o concessionário.
e) estabelece como critérios mutuamente excludentes para julgamento da
licitação o menor valor da tarifa e a maior oferta pela outorga da concessão.
Questão 12 (PUC-PR, PGE-PR, Procurador do Estado, 2015)

Sobre as parcerias público-privadas (Lei nº 11.079/2004 – Lei de PPP), é


CORRETO afirmar que:
a) São contratos de parcerias público-privadas as concessões patrocinadas,
as concessões administrativas e as concessões comuns.
b) A elaboração do projeto executivo pode ser delegada ao parceiro privado,
mas não a do projeto básico, que deve integrar o instrumento convocatório
da licitação.
c) O aporte de recursos do parceiro público para o parceiro privado exige a
prévia execução das obras, a respectiva medição e o início da prestação do
serviço.
d) A concessão administrativa é o contrato de concessão de serviços públicos
ou de obras públicas quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos
usuários, a contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado.
e) A obrigação de constituir sociedade de propósito específico para implantar
e gerir o objeto da parceria público-privada tem como fonte a Lei de PPP.
Questão 13 (FCC, PGE-AM, Procurador do Estado, 2010)

O modelo das parcerias público-privadas estabelecido pela Lei Federal no


11.079/2004 criou várias regras especiais para licitação e contratação das
PPPs, criando situações inovadoras em comparação com as leis já existentes
sobre licitações, contratos e concessões de serviço público. Porém, dentre
as disposições dessa lei, NÃO pode ser considerada novidade a possibilidade
de
a) emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em relação
às obrigações pecuniárias da Administração Pública.
b) inversão de fases no processo licitatório.
c) estipulação de cláusula arbitral para dirimir os conflitos contratuais.
d) aplicação de penalidade à Administração, pelo inadimplemento contratual.
e) instituição de pessoa jurídica de direito privado, cujo patrimônio serve
como garantia para as obrigações contratuais da Administração.
Questão 14 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2015)

Sobre as parcerias público-privadas, assinale a alternativa INCORRETA.


a) A concessão patrocinada é uma concessão de serviços públicos e/ou obras
públicas em que, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, há uma
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

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b) As concessões administrativas regem-se pela Lei nº 11.079/04,


aplicando-se-lhes, adicionalmente, todas as disposições da Lei nº 8.987/95.
c) Os contratos de parceria público-privada têm como uma de suas
características a repartição objetiva dos riscos entre as partes.
d) Os contratos de parceria público-privada têm prazo de vigência não
inferior a 5 (cinco) anos e não superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo
eventual prorrogação.
e) O Fundo Garantidor das Parcerias Público- Privadas tem natureza privada,
sendo penhoráveis os bens de seu patrimônio.
Questão 15 (INSTITUTO CIDADES, DPE-AM, Defensor Público, 2011)

A autorização de serviços públicos em seu sentido constitucional, segundo a


doutrina majoritária:
a) É uma das espécies de descentralização negocial dos serviços públicos,
em caráter permanente.
b) Comporta licitação na maioria de seus casos.
c) É um ato administrativo bilateral, com características contratuais e
permanentes.
d) Implica em tratamento desigual dos administrados na situação de
emergência, como ocorre na sua outorga por via de licitação prévia.
e) É ato administrativo para outorga de prestação de serviços públicos nos
casos de serviço transitório ou emergencial, ou seja, nunca para sanar
necessidade permanente, sob pena de ofensa ao dever de licitar.
Questão 16 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2003)

A permissão de serviço público, nos termos da legislação federal, deverá ser


formalizada mediante:
a) termo de permissão
b) contrato administrativo
c) contrato de permissão
d) contrato de adesão
e) termo de compromisso
Questão 17 (TRF – 2ª Região, Juiz Federal Substituto, 2017)

A Lei n.“ 13.334, de 13.09.16, cria o Programa de Parceria de Investimentos,


visando a ampliar e fortalecer a interação entre o Estado e a iniciativa
privada, com medidas de desestatização. Analise as proposições e, depois,
marque a opção correta:
I - O Programa de Parceria de Investimentos se limita às concessões
patrocinada e administrativa;
II - O Programa de Parceria de Investimentos cria dever para os órgãos,
entidades e autoridades estatais envolvidas no empreendimento de atuar

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em conjunto e em caráter prioritário para promover todos os atos e


processos administrativos necessários à sua estruturação, liberação e
execução;
III - O Programa de Parceria de Investimentos não pode ser aplicado aos
empreendimentos empresariais privados;
IV - O Programa de Parceria de Investimentos obriga que as licitações para
escolha dos futuros parceiros sejam internacionais, com o fim de atrair novos
operadores econômicos para o setor de infraestrutura brasileiro;
V - O Programa de Parceria de Investimentos tem, dentre outros objetivos,
assegurar a estabilidade e a segurança jurídica, com a garantia da mínima
intervenção nos negócios e investimentos;
a) Estão corretas apenas as assertivas II c III.
b) Estão corretas apenas as assertivas I e IV.
c) Estão corretas apenas as assertivas III e V.
d) Estão corretas apenas as assertivas II e V.
e) Estão corretas apenas as assertivas I e 11.
Questão 18 (FCC, PGE-RR, Procurador do Estado, 2006)

O Estado de Roraima pretende ampliar a prestação de serviços públicos de


transporte ferroviário metropolitano, mediante a construção de novas linhas.
Não dispondo de recursos suficientes para realizar os investimentos
necessários, a alternativa mais adequada juridicamente consiste na
celebração de contrato de
a) concessão de serviço público, podendo destinar recursos para cobertura
de déficits decorrentes da prestação do serviço pela concessionária, caso a
receita tarifária não remunere integralmente os investimentos realizados.
b) parceria público-privado, na modalidade concessão patrocinada, prevendo
contraprestação pecuniária na hipótese de a tarifa cobrada do usuário
mostrar-se insuficiente para a remuneração do parceiro privado pela
exploração do serviço.
c) parceria público-privada, na modalidade concessão administrativa,
prevendo a remuneração do parceiro privado diretamente pelo usuário.
d) empreitada integral, condicionando-se o pagamento do contratado à
disponibilização da infra-estrutura para exploração direta pela
Administração, mediante a cobrança de tarifa do usuário.
e) parceria público-privada, em qualquer modalidade, remunerando-se o
parceiro privado, integralmente, pela tarifa cobrada do usuário e outras
receitas acessórias decorrentes da exploração de serviços associados.
Questão 19 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada)

Julgue o item que segue:

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( ) Em matéria de concessões, considera-se adequado o serviço público


que satisfaça as condições de regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, generalidade, prestação do serviço com cortesia e
modicidade das tarifas.
Questão 20 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) No que tange aos direitos e responsabilidades das partes nos contratos
administrativos, é imprescindível a inclusão de cláusula contratual que
estabeleça a faculdade de modificação unilateral do contrato por parte da
administração pública.
Questão 21 (CEBRASPE, DPE-SE, Defensor Público, 2012 - adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) Por meio do contrato de concessão de uso de bem público, a
administração trespassa ao contratado o uso do bem público sempre de
forma remunerada, podendo rescindi-lo, por motivos de interesse público,
antes do prazo estipulado e sem necessidade de indenizar o contratado.
Questão 22 (CEBRASPE, DPE-RO, Defensor Público, 2012 - adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) Segundo a jurisprudência, se a concessionária do serviço público cobrar
do usuário tarifa de água e esgoto quando não prestado o serviço, os valores
indevidamente cobrados do usuário devem ser restituídos em dobro, por não
restar configurado erro justificável da concessionária.
Questão 23 (CEBRASPE, DPE-RO, Defensor Público, 2012 - adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) Considere que determinada concessionária de serviço de fornecimento
de energia elétrica, tendo apurado unilateralmente débito de usuário
decorrente de irregularidade no medidor de energia, tenha procedido à
interrupção do serviço. Nessa situação hipotética, dada a natureza da
irregularidade apurada, a jurisprudência considera legítimo o ato de
interrupção.
Questão 24 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 - Adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes
federados podem autorizar a gestão associada de serviços públicos.
Questão 25 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 - Adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) os consórcios públicos e os convênios de cooperação podem autorizar
a transferência total de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos.

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Questão 26 (FMP Concursos, PGE-AC, Procurador do Estado, 2012 - Adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) os consórcios públicos e os convênios de cooperação podem autorizar
a transferência parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
continuidade dos serviços transferidos.
Questão 27 (FCC, PGE-AM, 2010, Procurador do Estado, 2010)

Caducidade, na concessão de serviços públicos, é a:


a) sanção aplicada ao concessionário, consistente na perda da garantia
contratual e obrigatoriedade de prestação de garantia de valor equivalente.
b) transferência dos bens do concessionário para o poder concedente, ao
final do contrato de concessão.
c) medida acautelatória adotada pela Administração Pública, assumindo o
objeto do contrato de concessão, com o fim de assegurar a adequação na
prestação do serviço.
d) retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da
concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa
específica e após prévio pagamento da indenização.
e) rescisão unilateral do contrato de concessão de serviço público, em razão
do inadimplemento do concessionário.
Questão 28 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014 - adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) Se a prefeitura de Teresina – PI, por meio de uma política pública de
urbanização, vier a pavimentar uma avenida de determinado bairro, tal
serviço será classificado como serviço público singular, tendo em vista a
unicidade do empreendimento.
Questão 29 (CEBRASPE, PGE-PI, Procurador do Estado Substituto, 2014 - adaptada)

Julgue o item que segue:


( ) Ao contrário das permissões de serviços públicos, que possuem caráter
precário e não demandam prévio procedimento licitatório, nas concessões
para a prestação de serviços públicos, a licitação é a regra.
Questão 30 (FCC, DPE-SP, Defensor Público, 2009)

Em relação aos Serviços Públicos, é INCORRETO afirmar:


a) A concessão de serviço público exige autorização legislativa, licitação
exclusivamente pela modalidade concorrência, formalização de contrato e
prazo determinado, abrangendo somente pessoas jurídicas ou consórcio de
empresas.
b) O contrato de concessão pela chamada parceria público-privada deve ser
precedido de licitação, na modalidade concorrência, sendo imprescindível

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consulta pública e autorização legislativa quando se tratar da hipótese de


concessão patrocinada, por prazo superior a 35 anos.
c) A conservação de praças, jardins e canteiros de avenidas, em troca de
publicidade local da pessoa jurídica prestadora dos respectivos serviços,
enquadra- se na chamada autorização de serviços públicos, dispensada
licitação e autorização legislativa.
d) A permissão tem caráter precário, mediante contra to de adesão tanto
com pessoas jurídicas quanto físicas, admitindo qualquer modalidade de
licitação.
e) A instituição de um órgão gestor e a criação de um fundo Garantidor de
Parcerias Público-Privadas são essenciais para as parcerias público-privadas
em que a União figurar como parceira.
Questão 31 (CEBRASPE, DPE-AC, Defensor Público, 2012)

Assinale a opção correta acerca da concessão de serviços públicos.


a) Se houver interesse público superveniente à concessão, poderá o poder
público, por intermédio da encampação, retomar a prestação do serviço.
b) A outorga consiste na transferência para o particular da incumbência de
prestação, mediante remuneração, de determinado serviço público.
c) Admitem-se concessões de serviços públicos por prazo indeterminado.
d) É proibida a subconcessão de serviços públicos.
e) A intervenção do poder concedente no serviço resulta na extinção da
concessão.
Questão 32 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2011)

De acordo com a Lei no 11.107/2007, o consórcio público


a) é constituído por contrato de programa, que deverá ser precedido da
subscrição de contrato de rateio.
b) depende, para sua eficácia, de ratificação pela União, quando envolver
entes de outras unidades federativas.
c) envolve sempre entes de mais de uma esfera da Federação, para a gestão
associada de serviços públicos de competência da União.
d) poderá aplicar os recursos provenientes do contrato de rateio nas
atividades de gestão associada a ele cometidos, inclusive transferências e
operações de crédito.
e) constituirá associação pública, integrando a Administração indireta dos
entes da federação consorciados, ou pessoa jurídica de direito privado.
Questão 33 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2010)

Sobre os consórcios públicos, de acordo com a Lei Federal n° 11.107/2005,


pode-se afirmar que:

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a) São sempre pessoas jurídicas de direito público constituídas unicamente


por entes da federação para a realização de objetivos de interesses comuns.
b) São diferenciados dos convênios de cooperação porque esses, ainda que
possam ser celebrados pelos entes da federação para execução de interesses
comuns, são destituídos de personalidade jurídica e sem os poderes
atribuídos aos consórcios.
c) A União pode participar de mais de um consórcio público desde que o
objetivo seja assemelhado.
d) O contrato de programa que disciplina as obrigações que um ente da
federação constitui com outro ente da federação ou para com o consórcio
público no âmbito da gestão associada pode atribuir ao contratado o
exercício de poderes de planejamento, regulação e fiscalização dos serviços
por ele próprio prestados.
e) Os Estados Membros não podem ser autorizados a legislar sobre questões
específicas acerca da matéria no seu âmbito.
Questão 34 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2009)

Relativamente aos consórcios públicos, julgue o item seguinte.


( ) No caso de constituir associação pública, o consórcio público adquirirá
personalidade jurídica de direito público, mediante a vigência das leis de
ratificação do protocolo de intenções. Nesse caso, a associação pública
integrará a administração indireta de todos os entes da Federação
consorciados. A União somente participará de consórcios públicos de que
também façam parte todos os estados em cujos territórios estejam situados
os municípios consorciados.
Questão 35 (FUNDATEC, PGE-RS, Procurador do Estado, 2011 - Adaptada)

Julgue o item a seguir:


( ) Consórcios públicos, na forma da Lei n° 11.107/05, nada obstante
tenham seu protocolo de intenções ratificado por lei formal de cada uma das
entidades consorciadas, constituem, segundo a jurisprudência mais recente
do Supremo Tribunal Federal, acordos públicos de caráter precário,
caracterizados por instabilidade institucional.
Questão 36 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2016 - Adaptada)

Julgue o item a seguir:


( ) é denominado contrato de rateio o ajuste celebrado, em cada exercício
financeiro, entre entes participantes de consórcio público, para fins de
alocação de recursos necessários ao desempenho das atividades do
consórcio.
Questão 37 (FCC, SEGEP_MA, Procurador do Estado, 2016 - adaptada)

Uma empresa pública e uma sociedade de economia mista, ambas dedicadas


à atividade bancária e controladas pelo mesmo ente político, decidem, por
seus órgãos deliberativos competentes, promover conjuntamente a criação

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de uma outra entidade, voltada a prestar serviços de tecnologia da


informação necessários à automação de suas respectivas atividades-fim. A
previsão é de que tal entidade contará com a participação de capital privado
em sua composição acionária. Em vista de tais características, é certo tratar-
se de
( ) consórcio público, na modalidade de direito privado, sendo que será
constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de
protocolo de intenções pelas entidades partícipes.
Questão 38 (VUNESP, Prefeitura de Porto Ferreira – SP, Procurador, 2017)

Suponha-se que Porto Ferreira, em conjunto com Municípios da Região,


tenha iniciado tratativas com a União com vistas a firmar um consórcio para
a gestão comum de um serviço público. Após consulta à Procuradoria do
Município, o Prefeito de Porto Ferreira foi informado que a participação do
Estado é condição necessária para a legitimidade do consórcio. Considerando
o cenário descrito, e com base na Lei n° 11.107/2005, assinale a alternativa
correta.
a) O consórcio deve ser constituído como pessoa jurídica de direito público,
situação em que integrará a Administração Indireta dos entes federados
participantes.
b) A participação do Estado é obrigatória, uma vez que a legislação proíbe a
assinatura de consórcios diretamente entre a União e Municípios.
c) Na situação descrita, o eventual consórcio será fiscalizado exclusivamente
pelo Tribunal de Contas da União.
d) Com base no princípio da autonomia dos entes federados, o consórcio
poderá ser firmado diretamente entre os Municípios e a União, não sendo
obrigatória a participação do Estado.
e) O consórcio será criado mediante contrato assinado pelos Chefes dos
Poderes Executivos, sendo facultativa a intervenção do Poder Legislativo no
processo de constituição.
Questão 39 (FCC, PGE-MT, Procurador do Estado, 2016 - Adaptada)

A Administração Pública adota várias modalidades de ajustes administrativos


para poder executar suas tarefas. Nesse sentido, segundo a legislação
vigente julgue o item a seguir:
( ) é denominado contrato de rateio o ajuste celebrado, em cada exercício
financeiro, entre entes participantes de consórcio público, para fins de
alocação de recursos necessários ao desempenho das atividades do
consórcio.
Questão 40 (PUC-PR, PGE-PR, Procurador do Estado, 2015 - Adaptada)

A propósito dos órgãos e entidades da Administração Pública brasileira,


julgue o item a seguir:

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( ) Os consórcios públicos são pessoas jurídicas de direito privado,


autorizadas por lei federal e instituídas pelo Poder Executivo, formadas a
partir da conjugação de duas ou mais pessoas políticas para a gestão
associada de atividades estatais.
Questão 41 (VUNESPE, Prefeitura de Porto Ferreira – SP, 2017)

Sobre as concessões de serviço público e as parcerias público-privadas,


assinale a alternativa correta.
a) A concessão de serviço público será precedida de licitação modalidade
concorrência ou técnica e preço.
b) É permitia a celebração de parceria público-privada cujo período da
prestação do serviço seja de 3 (três) anos.
c) De acordo com a Lei n° 8.987/1995, a permissão de serviço público será
precedida de licitação, podendo a delegação do serviço ocorrer para pessoa
física ou jurídica.
d) A concessão de serviço público não pode ser precedida da execução de
obra pública, devendo a contratação da obra ser objeto de contrato
empreitada específico.
e) É possível constituir parceria público-privada a concessão comum que não
envolva contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
Questão 42 (FCC, PGE-SP, Procurador do Estado, 2012)

Há pontos de aproximação entre as duas modalidades de parcerias público-


privadas, os quais as distinguem da chamada concessão comum. Dentre eles
destaca-se
a) o estabelecimento de contraprestação economicamente valorável para o
parceiro privado por parte do parceiro público, não se admitindo a cobrança
de tarifa diretamente do usuário.
b) a possibilidade do poder público também oferecer garantias para a
execução de suas obrigações pecuniárias, sem prejuízo daquelas ofertadas
pelo parceiro privado e do financiamento do projeto.
c) a repartição dos riscos entre o parceiro privado e o poder público,
afastando-se, portanto, o direito do parceiro privado de pleitear a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, inclusive nos
casos de fato da Administração.
d) a possibilidade do poder público oferecer garantias da execução de suas
obrigações ao financiador do projeto, vedada a apresentação de garantia ao
parceiro privado, enquanto nas concessões comuns as garantias do poder
público são prestadas somente ao concessionário privado, que é o único
responsável diante de eventual financiador.
e) o estabelecimento de tarifa, cobrada diretamente do usuário do serviço,
adicionalmente à contraprestação pecuniária devida pelo poder público ao
parceiro privado, o que não ocorre na concessão comum, na qual a

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integralidade da remuneração do concessionário vem diretamente de


cobrança imposta ao usuário.
Questão 43 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)

No que se refere à figura da intervenção prevista no âmbito das concessões


e permissões de serviços públicos, assinale a opção correta.
a) A intervenção tem duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias.
b) Tal instituto é espécie de extinção da concessão ou permissão de serviço
público.
c) Como medida excepcionalíssima, a intervenção far-se-á por lei do poder
concedente.
d) A intervenção não demanda a prévia observância aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.
e) A intervenção demanda a prévia indenização pela assunção dos bens
reversíveis, pelo Poder Público.
Questão 44 (CEBRASPE, DPE-DF, Procurador, 2006)

A discricionariedade ínsita aos atos de autorização de serviços públicos


permite ao poder público avaliar a conveniência de eventual revogação do
ato autorizado, não havendo, portanto, por parte do particular, qualquer
direito subjetivo à continuidade da autorização.
Questão 45 (CEBRASPE, AGU, Advogado da União, 2004)

No que se refere aos serviços públicos e aos recursos minerais e potenciais


de energia elétrica, julgue o item subsequente:
( ) As concessões de serviço público têm natureza de contrato
administrativo, sendo a remuneração pela execução do serviço feita por meio
de tarifa, que, paga pelo usuário, tem natureza de preço público e é fixada
pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de
revisão previstas na lei que disciplina o regime de concessão de prestação
de serviços públicos, no edital e no contrato.
Questão 46 (MPE-PR, Promotor Substituto, 2017)

Sobre concessão de serviço público, assinale a alternativa incorreta:


a) As concessões patrocinadas de que cuida a Lei nº 11.079/04 (Lei das
Parcerias Público-Privadas), em que mais de 70% (setenta por cento) da
remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública,
dependerão de autorização legislativa.
b) Para as concessões especiais, previstas na Lei nº 11.079/04 (Lei das
Parcerias Público-Privadas), o contrato de parceria público-privada não pode
ter valor inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), bem como o
seu tempo de duração não pode ser inferior a 5 (cinco) anos nem superior a
35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação.

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c) Conforme Lei nº 8.987/95 (Lei das Concessões e Permissões), a


concessionária atua por sua conta e risco, cabendo-lhe responder por todos
os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem
que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou mesmo atenue
essa responsabilidade.
d) Consoante a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários do serviço
público, entendimento que não pode ser estendido aos não usuários.
e) Segundo a Lei nº 8.987/95 (Lei das Concessões e Permissões), considera-
se serviço adequado aquele que atende condições de continuidade,
eficiência, regularidade, segurança, atualidade, generalidade, modicidade
das tarifas e cortesia na sua prestação.
Questão 47 (COPS-UEL, PGE-PR, Procurador do Estado, 2011)

Assinale a alternativa correta:


a) as concessões de serviço público brasileiras não podem ter caráter de
exclusividade;
b) nas concessões de serviço público brasileiras a única fonte de recursos do
concessionário é a receita tarifária, sendo vedada a possibilidade de fontes
alternativas de receita;
c) desde que consignado no contrato de concessão, é válida a previsão de
mecanismos privados para a resolução de disputas relacionadas ao contrato,
inclusive a arbitragem;
d) a concessão comum de serviço público tem como modos de extinção: (i)
o termo contratual, (ii) a encampação, (iii) a caducidade, (iv) a rescisão por
iniciativa do concedente, v) a anulação bilateral e (vi) a falência ou extinção
da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso
de empresa individual;
e) todas as alternativas são incorretas.
Questão 48 (COPS-UEL, PGE-PR, Procurador do Estado, 2011)

Sobre concessões e permissões de serviços públicos, bem como parcerias


público-privadas, analise as proposições a seguir:
I – Segundo a lei nº 9.074/95, que estabelece normas para outorga e
prorrogação de concessões de serviços públicos, a concessão é forma de
gestão de serviço público por meio da qual a Administração Pública transfere
contratualmente para o particular a incumbência de prestá-lo. Só é possível
a União, Estados, Distrito Federal e Municípios instituírem o regime de
concessão à vista de lei específica que os autorize a tanto, excetuados os
casos de saneamento básico, limpeza urbana e demais hipóteses previstas
nas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas. É o que se depreende da dicção
da lei nº 8.987/95.

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II – Segundo a lei federal nº 11.079/04 que instituiu as parcerias público-


privadas (PPP), é possível o contrato de PPP dispor livremente sobre a forma
de distribuição de riscos mais eficiente à consecução da parceria, inclusive
aqueles decorrentes de fato do príncipe, caso fortuito e força maior e álea
econômica extraordinária, até então, de forma geral e tradicionalmente na
seara contratual imputados como ônus ao contratante público. É a chamada
repartição solidária dos riscos, inovação da lei das parcerias público-
privadas.
III – A lei federal nº 11.079/04 que instituiu as parcerias público-privadas
(PPP) veda à Administração Pública ser titular da maioria do capital votante
das Sociedades de Propósito Específico - SPE, exceto no caso em que a citada
SPE esteja inadimplente com as metas de implantação e gerência do objeto
da parceria. Nesse caso, a lei admite a aquisição de maioria do capital
votante da SPE por instituição financeira controlada pelo Poder Público.
IV – Segundo a lei federal nº 8.987/95, que dispõe sobre o regime de
concessões e permissões de serviço público, no contrato de concessão
firmado com consórcio de empresas há a indicação de uma empresa líder,
responsável pelo cumprimento do contrato perante o concedente, o que não
afasta a responsabilidade subsidiária das demais consorciadas.
De acordo com as proposições apresentadas, assinale a alternativa
CORRETA:
a) apenas III e IV estão incorretas
b) apenas II e III estão incorretas
c) apenas I e IV estão incorretas
d) todas estão incorretas
e) todas estão corretas
Questão 49 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)

No que se refere à figura da intervenção prevista no âmbito das concessões


e permissões de serviços públicos, assinale a opção correta.
a) A intervenção tem duração máxima de 180 (cento e oitenta) dias.
b) Tal instituto é espécie de extinção da concessão ou permissão de serviço
público.
c) Como medida excepcionalíssima, a intervenção far-se-á por lei do poder
concedente.
d) A intervenção não demanda a prévia observância aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.
e) A intervenção demanda a prévia indenização pela assunção dos bens
reversíveis, pelo Poder Público.
Questão 50 (ESAF, PGFN, Procurador da Fazenda Nacional, 2012)

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Relativamente às parcerias público-privadas a que se refere a Lei n. 11.079,


de 2004, assinale a opção correta.
a) Sempre devem ser precedidas de licitação, na modalidade concorrência
ou pregão.
b) Admite-se que os valores mobiliários atinentes à sociedade de propósito
específico possam ser negociados no mercado.
c) Como regra, a sociedade de propósito específico deverá, direta ou
indiretamente, ser controlada pela Administração Pública, que deterá a
maioria do capital social com direito a voto.
d) Antes da celebração do contrato de parceria, poderá ser constituída
sociedade de propósito específico, que ficará responsável pela gestão das
atividades pactuadas.
e) Consoante a legislação pátria, admite-se um único órgão gestor das
parcerias público-privadas, que contará com a participação obrigatória de
representantes de todos os estados, ao lado de representantes da União.

15 - Gabarito
2) A 3) C 4) E 5) A
1) C
7) E 8) E 9) E 10) C
6) C
12) A 13) D 14) D 15) B
11) C
17) B 18) D 19) C 20) B
16) C
22) A 23) E 24) E 25) B
21) D
27) C 28) E 29) C 30) B
26) E
32) D 33) D 34) C 35) E
31) E
37) E 38) E 39) E 40) E
36) C
42) E 43) C 44) C 45) A
41) E
47) A 48) C 49) A 50) C
46) E

16 - Referências bibliográficas
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São
Paulo: Método, 2014.
ARAGÃO, Alexandre Santos. Direito dos serviços públicos. 2.ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2008.

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Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo:


Malheiros, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.
CRETELLA JÚNIOR, José. Tratado de Direito Administrativo. Volume IV/ José
Cretella Junior – 1ª ed. Rio de Janeiro. : Forense, 1967.
De Lima, Ruy Cirne. Princípios gerais do Direito Administrativo. 7ª ed. São
Paulo:: Malheiros, 2007.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas,
2014.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014.
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 12ª ed. São Paulo: Saraiva,
2018.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015.

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