Você está na página 1de 8

O PAPEL DO SIMBOLO NO RITO FRANCÊS

No âmbito do debate Maçónico, quando se conjugam Simbolismo e Rito Francês emergem


frequentemente alguns lugares comuns, que não são mais do que o reflexo de ideias que se foram
cristalizando ao longo do tempo, tendo vindo a alimentar várias vulgatas e preconceitos, sobre o caráter
mais ou menos simbólico deste Rito.

Entre Irmãos praticantes de Ritos com expressão litúrgica mais extensa (tais como o REAA ou o RAPMM)
predomina a opinião de que o Rito Francês é simbolicamente mais pobre, fundando-se a mesma
sobretudo no aspeto mais “despojado” dos seus Rituais de Loja Azul.

Pelo contrário, muitos Irmãos obreiros de Lojas Francesas defendem que o mesmo se trata de uma
forma mais ligeira e pragmática de fazer Maçonaria, na qual se perde menos tempo com aspetos
simbólicos e rituais extensos, que já não são importantes para o aqui e agora.

O que há de verdade nestas suposições e, em que medida na prática atual, se deve contextualizar o
papel do Símbolo no Rito Francês ?

Para se tentar encontrar respostas para estas questões, teremos de as enquadrar num ambito mais
vasto, que passa naturalmente por uma reflexão relativa à função do Simbolismo na Maçonaria, em geral.

Tal como o pensamento maçónico, que se tem vindo a alterar em função dos sucessivos contextos
sociologico-politico-culturais que lhe são contemporâneos, também as opiniões dos Maçons no que
concerne ao papel do Símbolo têm vindo a variar, e a diversificar-se ao longo do tempo.

Durante os primeiros 150 anos de Maçonaria Especulativa sobressaiu sempre a ideia de que os Simbolos
Maçónicos eram uma chave de acesso a um conhecimento de Ordem Superior, inacessivel aos profanos.

Esta suposição, epistologicamente, baseia-se no pressuposto de que o ser humano possui dois meios
para procurar a Verdade – a Razão e a Intuição, e de que existiriam dois patamares de conhecimentos,
sendo um deles acessivel à inteligência racional do homem comum e, o outro apenas alcançável pela
Intuição, guiada pelo método simbólico.

Nesta linha de ideias, que teve uma grande revigoração na primeira metade do século XX com as
perspetivas Wirthiana e Guenoniana, muito embora as diferentes posições sejam coincidentes no
pressuposto de base de que o Simbolismo Maçónico é o meio de acesso priveligiado a verdades
transcendentes, não são todavia nada consensuais no que concerne à natureza destas verdades.

1
Não existe, assim, na filosofia Maçónica que sustenta estas correntes de pensamento, uma definição
única para a Verdade, para o Conhecimento, ou para a Transcendência, mas sim várias, em muitos
casos inclusivamente incompativeis entre si.

Uma conceção corrente, entre os que defendem estas teses, entende o Absoluto como sendo uma
divindade revelada ou uma entidade simbólica (o Supremo Arquiteto do Universo), acedendo-lhe o
Maçon através dos Símbolos, Mitos, e Alegorias, que dão corpo aos Ritos. Ainda hoje, este é o axioma
de base que sustenta a Maçonaria Anglo-Saxónica, e os Ritos Continentais mais espiritualistas (RER e
RAPMM).

Outra visão, também frequente, identifica este Absoluto como sendo algo de caráter misterioso, que foi
perdido, e que só poderá ser reencontrado pela via iniciática, através da hermenêutica dos Símbolos.

Trata-se de uma perspetiva que se sustenta numa base de pensamento gnóstico, e que tem como
exemplo mais marcante o ponto de vista de René Guenon, segundo o qual os Símbolos e os ritos
iniciáticos consubstanciam a Tradição, permitindo a sua exégese a redescoberta de uma Tradição
Primordial, que ultrapassa o que releva estritamente do humano.

Em correntes Maçónicas mais congruentes com visões ocultistas, este Absoluto é inclusivamente
considerado de ordem mágica, tendo os Simbolos e os ritos o poder de conjurar forças superiores
existentes no Cosmos, e de as utilizar para aceder ao Conhecimento, projetando-o na vida diária de uma
forma positiva. Foram defensores desta tendência Maçons como Martinès de Pasqually, Cagliostro, ou
Mesmer.

Por último, e como consequência de toda esta confusão de entendimentos, encontramos ainda no
discurso Maçónico dos defensores do Símbolo - via de acesso ao Absoluto, quem identifique esta
Transcendência com o Símbolo em si, caindo na mais perfeita simbolatria, numa floresta de
redundancias, e de conceitos vagos.

Em qualquer destes casos, o método de acesso a Conhecimento, seja ele qual for, é sempre o mesmo,
e enquadra-se no conceito de misticismo, tal como o define André Lalande no seu “Vocabulário Técnico
e Critico da Filosofia”, segundo o qual este consiste na “crença na possibilidade de uma união direta e
intima do espirito humano ao princípio fundamental do Ser, união que constitui simultaneamente um
modo de existência e um modo de conhecimento estrangeiros e superiores à existência normal”.

Na segunda metade do século XIX, muito por força da emergência de correntes filosóficas racionalistas,
tais como o positivismo, e de preocupações no âmbito da laicisação e da secularização da sociedade, o

2
Simbolismo passou a ser encarado de forma diametralmente oposta, sendo visto como um método de
trabalho ultrapassado, associado a remeniscências religiosas ou supersticiosas, que deveria pura e
simplesmente ser abolido da Maçonaria.

Como consequência destas ideias, amputaram-se rituais, simplificaram-se as decorações dos Templos,
reduziram-se os paramentos, informalizou-se o vestuário a usar nas Sessões, relaxou-se a prática, mas
não se acabou, em absoluto, com as formas tradicionais de trabalho Maçónico.

Mais recentemente, no pós-segunda guerra mundial, surgiu uma nova visão do papel do Símbolo na
vivência Maçónica, que tem sido responsável pelo recrudescimento do interesse pelo Simbolismo, entre
os Maçons contemporâneos.

Esta atribui ao Símbolo um papel de ferramenta introspetiva, na exploração das profundezas do Ser,
desempenhando assim uma função nuclear, no acesso ao Conhecimento pelo saber-Ser.

Encontramo-nos, pois, no domínio da procura de respostas a questões de ordem ontológica,


relacionadas, no tempo e no espaço, com as envolvências do ser humano consigo próprio, com os outros
e, com o Cosmos, numa demanda do Conhecimento e da Verdade, que lhe podrá ajudar a resolver
conflitos existenciais, e a encontrar a Felicidade, através da construção de uma Espiritualidade própria.

Esta perspetiva, que filosóficamente não regeita nem a possibilidade de acesso a um conhecimento de
ordem superior, nem o racionalismo, mas que, pelo contrário, pretende ultrapassar estas vias através de
uma demanda globalizante, encontra-se bem ilustrada por Michel Barat, quando refere que “Neste
sentido, eu sou platoniciano, porque para mim também o simbolismo persegue o percurso racional para
a verdade, e não contradiz em nada o esforço de racionalidade. Se se quiser reter bem as revoluções
epistemológicas do século XX, um dos traços fundamentais da modernidade é precisamente a
descoberta que o não-racional não é a negação da racionalidade, mas a abertura de um campo maior”.

Face a todo este amplo panorama, como contextualizamos o papel atual do Símbolo no Rito Francês,
tendo em conta as suas idiossincrasias, fruto da sua base filosófica e, do seu percurso histórico ?

Ao longo da história do Rito estiveram presentes várias destas visões do Simbolismo, encontrando-se
as mesmas plasmadas nas sucessivas revisões dos Rituais dos seus Graus Simbólicos.

De Rito deísta, tal como configuram os seus rituais do final do século XVIII e da primeira metade do
século XIX, a Rito profundamente marcado pelo positivismo, com acentuadas preocupações de
laicidade, como emerge das revisões Amiable (1880 e 1887), Blatin (1907), e Gérard (1922), passando

3
pelas perspetivas atuais nas quais, desde as revisões Groussier (1938 e subsequentes) e o
aparecimento das variantes ditas “Tradicionais”, se assiste a uma recuperação do seu Simbolismo
original, o Rito Francês esteve sempre muito consonante com as ideias dominantes dos sucessivos
periodos que atravessou.

Não admira, pois, que o seu debate e reflexão filosófica tenham sempre estado muito focalizados para
o aqui e agora, e para a ação na construção do Templo Exterior, tendo este aspeto sido muito refletido
na visão que os seus praticantes têm vindo a assumir, no que concerne ao Simbolismo Maçónico.

Contudo, quem comparar os Quadros de Loja relativos aos primeiros três Graus do Rito Francês com os
de outros Ritos tidos por mais simbólicos, poderá facilmente constatar que os símbolos envolvidos são,
praticamente, os mesmos.

É certo que no discurso Maçónico neste Rito não se recorrem a analogias de origem alquimica,
cabalistica, ou templária, na medida em que a sua Maçonaria Azul se sustenta exclusivamente nos mitos
da dualidade entre a Luz e as Trevas, na Construção do Templo de Salomão e, de Hiram.

Constitui também um facto que a base filosófica do Rito Francês, exclusivamente racionalista, pode
limitar o campo de interpretação dos símbolos, na abordagem de questões filosóficas de foro mais
ontológico, que não sejam acessiveis à razão.

Igualmente se constata que os rituais relativos aos seus Graus Simbólicos, em algumas das suas
variantes, apresentam um corpo litúrgico mais despojado do que outras formas de prática Maçónica.

No entanto, em minha opinião, nenhum destes aspetos torna o Rito Francês mais pobre simbolicamente
do que outros.

Um símbolo é sempre algo inteligível que se associa a uma ideia, um significante que pretende
representar um significado.

Será no significante, ou no significado, que se encontra a verdadeira riqueza do Símbolo ?

O que é que deve ser mais valorizada, a hermenêutica do Símbolo Maçónico em si, nas suas múltiplas
possiveis interpretações, ou a reflexão sobre os Valores que o mesmo suscita ?

4
Em minha opinião o Símbolo Maçónico é, fundamentalmente, uma ferramenta de reflexão filosófica, pelo
que a valorização não deve estar centrada no mesmo “de per si”, mas sim na mensagem que transmite,
uma vez que este constitui apenas um canal de comunicação.

Daí que, pessoalmente, entendo que não faz sentido comparar os Ritos Maçónicos em termos de riqueza
ou pobreza simbólica, na medida em que são vias distintas, mas que na sua essência perseguem os
mesmos objetivos de Libertação, Construção e, de Ligação pela Fraternidade.

Poder-se-á discutir se um sistema que permite um campo de interpretação dos seus símbolos mais
estrito ou mais amplo será mais ou menos eficaz na focalização das suas exégeses para os aspetos
mais esssenciais a transmitir, mas esta é uma reflexão que deixo para cada um a fazer.

Em minha opinião considero que as diferentes formas de trabalho Maçónico são mais complementares
do que antagónicas, possibilitando a sua coexistência que cada um encontre o Canteiro mais adequado
às asperezas especificas da sua Pedra Bruta.

Tendo pois em conta que o Rito Francês, para além das suas dimensões filosófica e societária, não deixa
de ter uma vertente simbólica, subsiste a questão relativa ao papel que nele hoje assume esta
componente.

Atendendo a que não sustento que a Maçonaria, na sua conceção adogmática, seja uma religião
substituída, ou uma anti-religião, mas sim uma não religião, sem prejuízo de não deixar de ser uma forma
de Espiritualidade Laica, não me parece que continuem a fazer sentido, neste âmbito, visões misticas do
Simbolismo.

No Rito Francês, em particular, sempre houve aliás uma preocupação de não se perderem de vista as
questões da realidade concreta, como atesta a referência do “Régulateur du Maçon” segundo a qual o
recipiendário, logo à entrada na Câmara de Reflexões, era confrontado com um esqueleto, ou um crânio,
que “recordarão ao neófito as coisas humanas”.

No que concerne ao papel introspetivo do Símbolo, confesso a minha ignorância de Psicologia das
“profundezas” para poder ter uma opinião cientificamente fundamentada, pelo que deixo aos Irmãos mais
versados neste domínio a possibilidade de acrescentarem uma Pedra mais trabalhada do que a minha.

Parece-me, todavia, indiscutível, da minha vivência pessoal, que a perceção do Símbolo, sendo
especificamente própria, não decorre de um processo estritamente consciente e racional, envolvendo
componentes sensoriais, cinestésicas e, emocionais resultantes da prática de ritos iniciáticos, que se

5
enquadram na estrutura ternária dos Ritos de Passagem, tal como foi tipificada pelos antropologos Van
Gennep e Victor Turner.

A Irmã Céline Bryon-Portet, investigadora no dominio das Ciências da Comunicação, realizou um


interessante trabalho sobre o método Maçónico, no qual concluíu que “o ritual Maçonico assenta sobre
a intuição que o Homem consiste numa vasta estrutura de relações externas e internas, cujo
aperfeiçoamento depende de uma alquimia comunicacional a vários níveis. Propondo um modelo de
interação global, fundado não apenas no “dizer”, mas também no “ver”, no “fazer” e no “sentir”, ele utiliza
o princípio de triangulação da utilização da palavra, da gestualidade assim como da gestão espacio-
temporal, que visa a produzir uma dialética visivel-invisivel, transcendência-imanência, teoria-prática. In
fine, este deve engendrar uma triangulação do agente ele próprio (…) quer dizer uma transmutação do
individuo pela reconciliação dos contrários que opera o modelo ternário, preludio à unificação final do
Ser.”

Como ela, acredito que os ritos Maçónicos, na sua essência de Simbolismo em movimento, podem
realmente propiciar uma alteração ontológica de quem os pratica, fundamentando esta suposição apenas
no facto de as minhas opiniões se terem alterado substancialmente, no decurso do meu percurso
iniciático, relativamente a várias questões, anteriormente tidas por indiscutiveis.

O Símbolo não tem só pois, por missão, transmitir um conceito mas, acima de tudo, de colocar aqueles
a quem se apresenta num estado de recetividade, de intuição e, de reflexão filosófica, permitindo-lhes a
realização de um trabalho sobre si próprios, que os levará, progressivamente, a construir a sua Ética
pessoal, e a interiorizar Valores, que lhe permitirão alterar a sua ação, e a sua relação com os outros.

Por isso concordo triplamente com a Irmã Céline Bryon-Portet, quando ela refere que “O ritual Maçónico
não pode assim ser benéfico desde que não seja rigoroso e que o seu sentido seja perfeitamente
compreendido”.

A prática inconsciente dos ritos Maçónicos apenas pode dar origem a condicionamentos do tipo
Pavloviano, à semelhança do que sucede em determinados rituais militares, bloqueando todo o processo
de Transmissão. A execução relaxada dos mesmos implicará sempre deficiencias nesta Transmissão.

Não é dificil de constatar que mesmo nas suas formas mais despojadas, continuamos a encontrar no
Rito Francês as caraterísticas especificas do método Maçónico, referidas pela Irmã Céline Bryon-Portet,
que o tornam num modelo de comunicação singular, que propicia operar-se um processo de mediação-
transformação, no âmbito do próprio participante.

6
Como tal, podemos considerar-lhe aplicáveis as considerações atrás tecidas, no que concerne ao papel
do Simbolismo nos Ritos Maçónicos.

Outro aspeto importante é que decorre da Simbólica um imaginário comum, partilhado por todos os
Maçons, ao qual vão buscar uma linguagem específica, baseada na Construção, na Geometria, nos
Numeros, que os une e identifica, reforçando a sua coesão de grupo, e facilitando a aproximação e o
dialogo entre Irmãos.

A Simbólica constitui, pois, um património partilhado, de caráter Universal, com efeitos não
menosprezáveis como elemento de ligação entre os Irmãos que, a coberto, se unem debaixo da mesma
Abóbada Celeste para trabalharem do Meio Dia à Meia Noite, e para unirem as mãos na mesma Cadeia
de União, na qual assumem um compromisso coletivo de irradiarem fora do Templo as verdades ali
adquiridas, em prol do Progresso da Humanidade, e da aproximação de todos os seres humanos pela
Fraternidade.

Por último, é importante não esquecer que a natureza polisémica intrinseca do Símbolo favorece o
aparecimento de interpretações diferentes, as quais quando confrontadas, lhe conferem um valor
pedagógico elevado na interiorização da Tolerância.

Na hermenêutica simbólica todas as opiniões estão certas, desde que respeitem os valores Maçónicos,
e o contexto do Grau no qual se trabalha, pelo que cada Irmão, quando intervem, não contradiz, apenas
acrescenta. A liberdade que possui, para formular a sua interpretação, serve também para
ilustrar/reforçar o caráter adogmático da Maçonaria.

São pois estes os aspetos que, em minha opinião, definem o papel atual do Simbolismo no Rito Francês,
em cuja prática deve ser racionalmente compreendido, e corretamente vivenciado, de modo a poder ser
interiorizado de uma forma util.

Concordo pois, por três vezes três, com o comentário do Irmão Jean-Charles Nehr (um dos refundadores
do Grande Capitulo Geral do Rito Francês do GOdF), que refere “No meu sentido, este regresso do
Símbolo pode também ser considerado como o simples restabelecimento de uma verdade de evidencia:
o que faz o Maçon deve ser bem feito, ou então ele não merece usar o titulo de Maçon do qual se honra.
Isto é válido também para o Simbolismo e o Ritual (…) é necessário praticá-los com a maior dignidade.
É o mais elementar dos sinais de respeito do Maçon por si próprio, pelos outros Maçons, e pelos profanos
que pedem para ser recebidos como Maçons”.

7
O Simbolismo está, assim, na essência do método Maçónico, pelo que negligenciá-lo, no meu
entendimento, não é fazer Maçonaria, é tão somente perder tempo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- Barat Michel ”La conversion du regard”, Editions Albin Michel, Paris, 1992;

- Bouchard Maurice e Michel Philippe ”Rit français d’origine 1785: dit Rit Primordial de France”, Dervy
éditions, Paris, 2014;

- Boucher Jules ”A Simbólica Maçónica”, Editora Pensamento, São Paulo, 1979;

- Bryon-Portet Céline ”Le principe de triangulation dans les rites maçonniques: un modele de comunication
originel et ses effets”, Communication, Vol 27/1, 2009;

- Lalande André ”Vocabulaire technique et critique de la philosophie”, PUF, Paris, 2010;

- Lévy Jean-Bernard ”Mites et rites: à quoi ça sert”, Dervy éditions, Paris, 2013;

- Mainguy Iréne ”La Symbolique maçonnique du troisième millénaire”, Éditions Dervy, Paris, 2006;

- Marcos Ludvic ”Histoire Illustrée du Rite Français”, Éditions Dervy, Paris, 2012;

- Mazet Edmond ”Note Historique sur le Rite Français”, Paris, 2007;

- Nehr Jean-Charles e Porset Charles ”Symbolisme et Franc-Maçonnerie”, À l’Orient, Paris, 2008;

- Ritual ”Régulateur du Maçon”, 1801;

- Thomas Philippe ”Le parcours initiatique au Rite Français ”, 2006;

- Trébuchet Louis ”La spiritualité: à quoi ça sert ”, Dervy éditions, Paris, 2013;

- Vincent Frédéric ”Les Symboles Maçonniques: à quoi ça sert ”, Dervy éditions, Paris, 2013;

- Wirth Oswald ”La Franc-Maçonnerie rendue intelligible à ses adeptes”, Éditions Dervy, Paris, 2007.

Você também pode gostar