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Covid-19: tabela ajuda a


avaliar risco de infecção
cada vez que você vai a
um evento social
Camilla Costa (@_camillacosta)
Da BBC News Brasil em Londres

12 outubro 2020

Será que vai ser possível reunir a família — ou ao


menos parte dela — nas festas de fim de ano?
Quando exatamente é seguro participar de um
evento em meio à pandemia de covid-19?

Com os números de casos e mortes ainda


crescendo em todo o mundo e a dificuldade de
manter a população em isolamento social, um novo
estudo tenta ajudar as pessoas avaliar o risco de
cada situação.

O gráfico que classifica atividades pelo risco


de contágio por covid-19

Cinco modelos de 'escritório do futuro'


antecipados pela pandemia

Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino


Unido, e do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos
Estados Unidos, criaram uma tabela que considera
fatores como o uso de máscaras, o tempo de
contato com outras pessoas, a ventilação do local,
a quantidade de pessoas e até o que elas estão
fazendo — falar, cantar, gritar ou permanecer em
silêncio.

O artigo original foi publicado no periódico de


saúde The BMJ.

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"O risco de infecção é determinado por muitos


fatores, e todos eles estão conectados", disse à BBC
News Brasil Lydia Bourouiba, diretora do
Laboratório de dinâmica de fluidos na transmissão
de doenças do MIT e uma das autoras do estudo.

"Ainda não há nenhum estudo que determine o


risco absoluto de cada atividade, mas, com essa
tabela, queremos que as pessoas saibam avaliar o
risco relativo de cada situação. Assim elas podem
se adaptar."

Por exemplo, se o evento ao qual você foi


convidado é um karaokê, em uma sala fechada
onde as pessoas estarão gritando e cantando, o
melhor a fazer é certificar-se de que poucas
pessoas estarão presentes, e ficar o mínimo de
tempo possível. Sem esquecer de usar a máscara.

Ou simplesmente sugerir uma reunião com os


mesmos amigos em um local aberto, onde seja
possível manter uma distância maior e sem música
alta — para que não seja necessário gritar.

Covid-19 persistente: os pacientes que


continuam com sintomas mesmo após meses

"Isso é importante porque, se você dá às pessoas


uma só regra rigorosa, o que acaba acontecendo na
maioria das vezes é que algumas não aplicam a
regra, ou aplicam só durante algum tempo. É difícil
pedir à população que fique em alerta máximo por
meses", opina a pesquisadora.

Confira a tabela:

Distância, ventilação e tempo

No artigo, os pesquisadores argumentam que o


distanciamento entre um e dois metros entre
pessoas como forma de prevenir a infecção pelo
Sars-Cov-2 é uma orientação simplista, porque se
se baseia em estudos do século 19 sobre como
vírus e bactérias se propagariam no ar a partir da
fala, da tosse e dos espirros.

Mas isso não quer dizer que essa regra, usada na


maioria dos espaços públicos e privados
atualmente, deva ser ignorada. É justamente o
contrário.

Pesquisas mais recentes mostram que vírus podem


se espalhar em gotículas no ar por até seis a oito
metros a depender da situação. Por isso, dois
metros deve, em alguns casos, ser a distância
mínima, não a máxima, a se manter de alguém.

"A regra dos dois metros não considerava o quadro


total da exalação de partículas suspensas no ar e de
como elas se movem. Hoje sabemos que não é só
porque você mantém esses dois metros de
distância que está seguro", diz Bourouiba.

Aí entram os outros fatores considerados na tabela,


como o tempo que dura o evento — ou o tempo
que você permanece nele, em contato com outras
pessoas.

Mas o que exatamente seria um tempo curto ou


longo? De acordo com a pesquisadora, ainda é
difícil responder.

"Alguns órgãos de saúde têm considerado que de


10 a 15 minutos é um tempo curto e, acima disso,
um tempo longo. Mas não há justificativa científica
para embasar esses números. Por isso, decidimos
não incluí-los na tabela", explica.

"O que sabemos até agora é que, em um caso de


estudo, onde houve infecção em um restaurante
mal ventilado, as pessoas infectadas, que estavam
sem máscaras, permaneceram lá ao mesmo tempo
por cerca de 45 minutos. Mas precisamos de mais
evidências para dar peso a esse número."

Médico de Harvard explica como bares,


aniversários e até corais podem ser
superpropagadores de covid-19

Da mesma forma, definir se um evento tem


ocupação alta ou baixa não depende apenas de
quantas pessoas há no local, segundo Bourouiba.

Também é importante saber se elas têm ar fresco


suficiente para respirar e estão fora das zonas de
respiração uma da outra — ou seja, estão a mais de
25 centímetros de distância da boca e do nariz de
alguém que está respirando normalmente.

"Cada pessoa deve ter ao menos 10 a 15 litros de ar


fresco por segundo. Nós não temos como calcular
isso no dia a dia, mas é uma medida importante
para os responsáveis pelos espaços de eventos,
restaurantes, escritórios, etc. Eles precisam saber
se seus espaços precisarão ser ampliados ou
reformados", alerta.

O mais importante, segundo a pesquisadora, é


garantir a circulação de ar limpo, de preferência
que venha de fora: "Não é suficiente apenas mover
o ar, como um ventilador ou um ar-condicionado
fazem. É preciso trocá-lo, para diluir as partículas
que nós exalamos no ar novo".

Por essa razão é preferível estar em espaços


abertos ou com janelas que permitam a circulação
do ar. E, mesmo assim, ainda é preciso prestar
atenção em como ele circula.

"Se você abre uma janela em um restaurante, por


exemplo, mas há uma mesa com clientes ali, o ar
novo estará sempre passando por aquelas pessoas
e levando possíveis patógenos a outras. Você tem
que usar a ventilação natural tendo consciência do
fluxo do ar", afirma a pesquisadora do MIT.

Como se comportar em cada


situação?

Considerar tantos fatores para fazer qualquer


atividade, mesmo com a ajuda de uma tabela, é
complexo, mas tem se mostrado necessário.

De acordo com os dados mais recentes da Pesquisa


Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Covid-
19), do IBGE, o número de pessoas rigorosamente
isoladas por causa da pandemia no Brasil caiu em
cerca de 2 milhões entre a primeira e a segunda
semanas de setembro.

Já os que afirmaram ter reduzido o contato, mas


continuaram saindo ou recebendo visitas aumentou
em 2,5 milhões. Atualmente, 83,2 milhões de
brasileiros têm um comportamento flexível quanto
ao distanciamento social.

O Brasil tem mais de 147 mil mortes e quase 5


milhões de casos registrados de covid-19. De
acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os
casos tiveram tendência de estabilidade em
patamares altos durante o mês de setembro na
média móvel de sete dias — foram registradas mais
de 26,4 mil novas infecções por dia.

Segundo Lydia Bourouiba, é preciso ter alguns


cuidados básicos em cada situação da tabela:

Risco baixo - Tente manter ao menos dois


metros de distância de outras pessoas e usar
máscara. "Não é porque você está a dois
metros que pode tirar a máscara e não é
porque está de máscara que pode chegar mais
perto. Mas, se tiver que se aproximar
rapidamente de alguém, não precisa entrar
em pânico, não é o fim do mundo", diz.

Risco médio - Seja mais rígido com a regra


dos dois metros de distância. Se possível,
fique um pouco mais distante, a depender dos
outros fatores na situação.

Risco alto - Dois metros deve ser a distância


mínima a ser mantida de alguém, mas o ideal
é ficar ainda mais afastado do que isso, e
usando uma máscara de qualidade.

"Sabemos que é complicado, mas tentamos


organizar isso de uma forma que possa ser
compreendida por todos, desde a família que quer
organizar um churrasco até o gerente de um
escritório. Porque todos vamos ter que administrar
essas situações", afirma a pesquisadora.

COMO SE PROTEGER: O que realmente


funciona

COMO LAVAR AS MÃOS: Vídeo com o passo a


passo

TRATAMENTOS: Os 4 avanços que reduzem


risco de morte por covid-19

SINTOMAS E RISCOS: Características da


doença

27 PERGUNTAS E RESPOSTAS: Tudo que


importa sobre o vírus

MAPA DA DOENÇA: O alcance global do novo


coronavírus

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Última atualização: 8 agosto 2020

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