Você está na página 1de 12

RIO DE TRANSPORTES

XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do


Estado do Rio de Janeiro
MOBILIDADE SUSTENTÁVEL ALCANÇADA ATRAVÉS DA PRIORIZAÇÃO DA
ECONOMIA COMPARTILHADA

Eduardo da Silva Garcia


Engenheiro civil Graduado - Universidade Federal Juiz de Fora
Clarissa Dias de Sousa
Belayne Zanini Marchi
Universidade Federal de juiz de fora
Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído – PROAC/UFJF
José Alberto Barroso Castanõn (Orientador)
Universidade federal de juiz de fora
Professor - Departamento de Geotécnia e Transportes

RESUMO:

A mobilidade urbana é uma condução para produção de novos modelos de desenvolvimento, influenciando a qualidade
de vida da sociedade. Nesse contexto nas últimas décadas, tem-se registrado um intenso crescimento demográfico e
motorização nas cidades, ampliação da frota de veículos automotores o que resulta em uma crise que diariamente é
ilustrada pelos congestionamentos e disputa pelo uso das vias entre os vários meios de transporte, seja para a melhoria da
acessibilidade, distribuição de mercadorias ou prestação de serviços. No Brasil são quase imperceptíveis as questões
relacionadas a definição de mobilidade urbana e os técnicos e gestores detém um nível de conhecimento que várias vezes
contribui para a deficiência da gestão no setor. Considerando essas questões, buscou-se abordar nesse artigo o serviço de
compartilhamento de carros (Carsharing) com enfoque mais especificamente no carro elétrico, por estar inserido no
conceito de desenvolvimento sustentável. Sendo assim, efetuou-se pesquisas do sistema de carro elétrico compartilhado,
bem como análises das condutas na gestão dos transportes compartilhados, a fim de proporcionar acesso ao conhecimento
dos serviços de compartilhamento de carros de uma maneira eficaz, em prol da melhoria da qualidade de vida em geral
da sociedade atual sem causar prejuízos paras as gerações futuras.

PALAVRAS CHAVES:
Carsharing; Carro elétrico; gestão da mobilidade.

ABSTRACT:

Urban mobility is a driving force for the production of new models of development, having a great influence on the
quality of life of society. In this context in recent decades, there has been an intense population growth and motorization
in the cities, which translates into the expansion of the motor vehicle fleet resulting in a crisis that is daily illustrated by
traffic jam and dispute over the use of roads between the various means Transport to improve the accessibility of persons,
the distribution of goods or the provision of services. In Brazil are almost imperceptible as issues related to the definition
of urban mobility and technicians and managers holds a level of knowledge and several times contributions to a deficiency
of management without sector. (Carsharing) with a more specific focus on the electric car, as it is part of the concept of
sustainable development. Thus, shared telecommunications companies as well as conduct analysis in the management of
shared transport in order to provide access to car sharing services in an efficient manner, for the sake of improving the
life of life in general of the current society without Produce losses for future generations.

KEYWORDS:
Electric car, sharing, sustainable mobility

1
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro

1. INTRODUÇÃO
A mobilidade consiste na realização de transporte de pessoas e cargas na área urbana de uma cidade,
aglomeração urbana e/ou metrópole (Pazzini, 2013) influenciando no cotidiano das cidades e na
qualidade de vida dos seus habitantes. Neste contexto a gestão da mobilidade urbana representa um
potencial para produzir ações e reflexos em direção a novos modelos baseado nas novas concepções,
destacando-se a concepção do desenvolvimento sustentável de acordo com as três dimensões: social,
econômica e ambiental (GÜELL, 2006).
Nesse contexto nas últimas décadas, segundo o IBGE 2014, no Brasil tem-se registrado um intenso
crescimento demográfico nas cidades em vias de desenvolvimento. A elevação da motorização da
população resulta em uma crise ilustrada pelos congestionamentos e na disputa pelo uso de vias
públicas entre os vários meios de transporte.(DEMOGRÁFICO, 2014)
No Brasil são quase imperceptíveis as questões relacionadas a mobilidade urbana e os profissionais
envolvidos detém um nível de conhecimento que frequentemente contribui para a precariedade da
gestão da mobilidade urbana (SEABRA et al, 2013). Sendo assim, o sistema Carsharing destaca-se
como uma proposta viável e sustentável para um país com características tão divergentes
nacionalmente, pois nos países onde há incentivos a esse sistema percebe-se uma considerável
contribuição na melhoria do planejamento urbano, da qualidade de vida das pessoas e da
sustentabilidade em centros com perímetro urbano.
O sistema do Carsharing segue uma tendência sustentável e visa atender uma nova geração de
consumidores, principalmente quando se emprega carros elétricos. Deve-se considerar, inclusive que
a evolução da tecnologia vai permitir, num futuro próximo uma maior qualidade aos motoristas. O
pano de fundo desta revolução tecnológica é uma mudança no comportamento das novas gerações de
consumidores, que tem levado as empresas a buscarem novos modelos de negócios para se adaptar
ao fim do veículo como um objeto de consumo e a clientes ultra conectados. (ORNELLAS, 2013).
Esse artigo objetiva pesquisar o sistema de carro compartilhado, com enfoque nos carros elétricos
por tenderem a ser mais sustentáveis, considerando sua inserção no contexto de mobilidade
sustentável buscamos fazer reflexões entre as relações socioeconômicas na área urbana, apresentando
políticas de incentivos implantadas em países onde esse sistema está presente como França e Holanda
e com resultados promissores e passíveis de emprego no território brasileiro. A relevância desse
trabalho se dá através das análises de atuações na gestão dos transportes compartilhados a fim de
promover conhecimento dos serviços de compartilhamento de carros de maneira eficaz.
Dessa forma, efetuou-se uma revisão bibliográfica acerca do tema, com base na economia
compartilhada e no desenvolvimento sustentável que possibilitaram apresentar os aspectos,
perspectivas e oportunidades de consolidação do uso do carro elétrico como forma de energia limpa

2
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
para, finalmente, nortear as propostas de diretrizes nas políticas de incentivo do Carsharing em
território brasileiro.

2. DESCRIÇÃO DA MOBILIDADE URBANA SUSTENTAVÉL


2.1 Mobilidade no Brasil
A grande mudança na mobilidade nas cidades brasileiras iniciou na década de 1960, quando o
processo intenso de urbanização se associou ao aumento do uso de veículos motorizados, tanto os
automóveis, quanto os ônibus, conforme exemplificado na Figura 1.

Figura 01 – Mobilidade na cidade do Rio de Janeiro (1950 -2005)


Fontes: Estudos de Integração da Política de Transportes (Geipot, 1985) e Associação Nacional de Transporte Pública
(ANTP, 2005).

Com o passar dos anos duas mudanças cruciais ocorreram na mobilidade, o desaparecimento do
bonde e o aumento do uso de ônibus como transportes públicos e, na área de transporte individual
temos uma abrangência da utilização do automóvel. As cidades deixam uma mobilidade basicamente
pública para uma mobilidade mista entre pública e privada e vinculada aos combustíveis fosseis.
Após a década de 1980 ocorrem grandes mudanças nas metrópoles brasileiras, observou-se uma
queda considerável do transporte público e crescimento exacerbado da utilização do automóvel, essas
mudanças estruturais tiveram enormes consequências nos gastos dos usuários, no consumo de energia
e na geração de impactos negativos, como a poluição, o congestionamento e os acidentes nas vias.
(VASCONCELLOS et al,2011).
Nesse contexto de crescimento, surgiram várias conceitos e concepções acerca do termo mobilidade,
segundo Bradshaw (2005), a mobilidade é uma condição relacionada aos indivíduos e seus
deslocamentos, realizados nas atividades diárias como estudo, trabalho, lazer e outras. Segundo uma
pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria e divulgado em setembro de 2015, dos

3
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
brasileiros que moram em municípios com até 20 mil habitantes, apenas 16% gastam mais de uma
hora em seu deslocamento diário. Esse percentual chega a 39% entre aqueles que vivem em cidades
com mais de 100 mil habitantes – desses, 12% gastam de duas e três horas, e 4% ficam mais de três
horas no trânsito por dia. Abaixo segue divisão modal levantada pela ANTP (Agencia Nacional de
Transporte Público).

Figura 02– Divisão modal – Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da ANTP – julho/2016

Os brasileiros que utilizam o ônibus como meio transporte são os que mais perdem tempo em seus
deslocamentos diários. Metade dos que dependem desse meio de transporte gastam mais de uma hora
no trânsito, enquanto que nos transportes fretados, o percentual cai para 42%; bem como 24%
utilizam carro próprio, 19% bicicleta, 18% moto e 14% optam pela caminhada. Essa realidade traduz,
que nosso transporte público é avaliado como entre ruim a péssimo segundo estudo realizado pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse perfil fortalece o crescimento da indústria
automobilística para carros particulares e de pequeno porte que veem se adequando à necessidade de
novas tecnologias (redução da poluição ambiental, p. ex.) a um custo acessível.

2.2 Mobilidade urbana como meio sustentável


No Brasil, a sustentabilidade ambiental, econômica e social tem sido recentemente incorporada no
processo de planejamento urbano, especialmente no que se refere ao planejamento da mobilidade
(DA SILVA et al, 2007) sendo conceituada como um grupo de políticas de transporte e circulação
com intuito de promover acesso pleno e democrático ao espaço urbano, dando preferência aos modos
não-motorizados e coletivos de transporte, de forma efetiva, que não gere segregações espaciais,
socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável (BRASIL, 2004).
Neste contexto a mobilidade sustentável no conjunto socioeconômico do espaço urbano consiste em
reflexões acerca do uso e ocupação do solo e como a gestão de transportes proporcionaria acesso aos
bens e serviços de maneira eficaz para a população, mantendo ou melhorando assim a qualidade de
vida das pessoas. Assim, quando abordado o ponto de vista ambiental, as tecnologias de transporte

4
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
pode ser um elemento que contribui para mitigar o impacto ao meio ambiente associado a fatores
como o consumo de energia, qualidade do ar e a poluição sonora. (CAMPOS, 2006).

2.3 Carsharing: compartilhamento automotivo


O conceito de carro compartilhado carsharing é inserido como uma abordagem inovadora para as
questões de transporte crescente das principais áreas urbanas nas metrópoles em todo o mundo. Além
disso, destacando o meio ambiente, o compartilhamento se torna fator importante, pois apesar das
comodidades proporcionadas pelo carro particular, o veículo possui taxa de poluição elevada devido
aos altos índices de emissão de poluentes (NORONHA et al ,1996).
O sistema de compartilhamento é uma alternativa ao uso do veículo pessoal privado, que concede
aos condutores acesso a uma variedade de veículos que poderão ser utilizados conforme sua
necessidade, seja alugado por horas ou dias. São oferecidos aos usuários que aderirem a esse sistema,
vários modelos de negócios, usufruindo de uma mobilidade sem os aborrecimentos de um
proprietário de veículo convencional ou a necessidade de alugar um automóvel com frequência em
uma agência. (SHAHEEN et al ,2012; PRIETO et al,2017).
Sendo assim, o sistema de compartilhamento possibilita aos usuários se tornarem multimodais
contribuindo então para a redução de veículos em ruas e avenidas. Muitas pessoas desistem da compra
de um carro particular após vivenciarem um sistema disponível e mais acessível que atendam suas
necessidades, sem abrir mão de conforto e agilidade, o que reduz parte da frota circulante de veículos
nas ruas. Pesquisas americanas mostram que o sistema de compartilhamento de carro retira de 9 a 12
carros privados das ruas ( SHAHHEN et al,2010), o que proporciona uma considerável redução dos
índices de congestionamento e também emissão de CO2.(NORONHA; BRANDAO, 1996)
O sistema consiste, resumidamente em: os veículos ficam disponíveis em estacionamentos próprios
distribuídos ao longo da cidade, e sua utilização depende de cadastro, em algumas empresas
pagamento de taxas de anuidade, e o valor que é cobrado por hora para utilização do veículo. Para
devolução, basta estacionar nos estacionamentos disponibilizados pela empresa responsável pela
operação do sistema. Além disso, os custos fixos de um carro privado são transformados em custos
variáveis, possibilitando uma reflexão do motorista que usa com frequência seu automóvel. Segundo
o Transportation Research Board, essa lógica possibilitou, nos EUA, redução de 40% na
quilometragem média percorrida pelos usuários (MANUAL,2000)

2.4 Carro elétrico.

Os países pioneiros no desenvolvimento do carro elétrico foram França e Grã-Bretanha, seguido por
EUA. Em 1901, Thomas Edison, interessado no potencial dos veículos elétricos, desenvolveu a
bateria níquel-ferro, com capacidade de armazenamento 40% maior que a bateria de chumbo, porém

5
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
com custos de produção muito mais elevados. (BARAN et al,2011). Devido a esses custos elevados
do processo, e principalmente a infraestrutura de abastecimento o desenvolvimento de veículos
elétricos não se fortaleceu na época. Somente quando a questão do meio ambiente passou a se tornar
questão de debate, entre as décadas de 1960 e 1970 e devido a não existência de políticas
regulamentadoras de controle das emissões dos automóveis, foi que fortaleceu o desenvolvimento
e/ou aprimoramento de alternativas tecnológicas renováveis de produção de energia, o
desenvolvimento do carro elétrico renasceu. (BARAN, 2012) .
Ainda nessa época, com objetivo de solucionar os problemas enfrentados pelos veículos elétricos em
relação a autonomia das baterias, que eram pesadas e de baixa capacidade de armazenamento, os
EUA incentivaram o desenvolvimento de veículos elétricos híbridos. (BARAN et al,2011. Sendo
assim o veículo elétrico se mostra como uma saída para os diversos problemas de poluição produzidos
pelos veículos à combustão e uma solução para substituição do uso de um recurso finito não renovável
como os combustíveis fosseis.
O carro elétrico de um modo geral possui um sistema muito simples com pouquíssimos componentes,
como ilustrado na figura 03, sendo basicamente constituído por: bateria (geralmente íon-lítio
chegando a pesar 200Kg), módulo de controle (peça que recebe a informação do acelerador para
gerenciar a eletricidade que flui da bateria para o motor, regulando a velocidade do carro), motor
elétrico (transforma a energia elétrica em movimento), transmissão, freio regenerativo, cabos de alta
tensão e plugue para recarga.

Como o carro elétrico só contém duas marchas, a que avança e a que recua, sua força de movimento
é diretamente proporcional à energia fornecida pelo motor, as engrenagens dos carros combustíveis
não são utilizados, a embreagem não existe. O freio regenerativo funciona como forma de
recuperação de energia. O calor gerado pelo atrito de uma frenagem é transformado em carga elétrica
para as baterias. Esse mecanismo diminui a necessidade de recarga. O plugue para recarga é a “tampa
de entrada de combustível” do veículo, por meio de um cabo é ligada a rede elétrica, e passada
corrente para as baterias por meio de cabos de alta tensão localizados no assoalho do veículo (KNOB,
2014).

Figura 03 – Modelo de veículo elétrico


Fonte: O Autor (apud Galileu, 2012.).

6
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro

3. POLITICAS DE INCENTIVO
Ainda com enfoque no compartilhamento do veículo elétrico, Paris foi a pioneira nesse novo
segmento, introduzindo o carro elétrico no já utilizado sistema de Carsharing. O Autolib, é um
serviço de aluguel de carros elétricos existente desde 2011 implantado com o objetivo de fazer que
as pessoas deixem de utilizar o carro particular ao disponibilizar uma alternativa mais ecológica e
acessível para se deslocar pela cidade. Os carros disponíveis possuem 4 lugares, uma autonomia de
250 Km, velocidade máxima de 130 Km/h, GPS disponível nas línguas francesa e inglesa e com
baterias recarregáveis de LMP (lítio-metal-polímero).
Outra empresa bem difundida que oferece o serviço de compartilhamento de carros elétricos desde
2009 é a Alemã Car2go, pertencente ao grupo Daimler AG presente em cidades como Amsterdã,
Austin, Madri e Stuttgart. Para veículos elétricos, a empresa dispõe de um único modelo, o compacto
Smart fortwo elétrico. O sistema da empresa funciona através de um cadastro, e para utiliza-lo o
usuário pagará por minuto, hora ou diária, dependendo de sua necessidade. A empresa envia ao
usuário um QR code através do próprio aplicativo, bastando apenas a validação em qualquer loja da
empresa disponível. Com o código liberado basta aproxima-lo do sensor encostado ao vidro do Smart
e o veículo é destrancado (FIRKORN et al,2011).
As iniciativas de carros compartilhados no Brasil ainda são recentes, iniciou em março de 2014 o
funcionamento do sistema teste em Pernambuco com carros elétricos chineses o PORTO LEVE, em
setembro de 2015 o sistema passou a operar comercialmente sendo cinco estações, onde os veículos
podem ser pegos e devolvidos: no bairro do Recife, as estações ficam na rua cais do apolo, próximo
ao edifício do Porto Digital e na rua bione, em frente ao Cesar. Em Santo Amaro, há uma estação na
rua capitão Lima. No bairro de São José, o ponto de compartilhamento é na Casa da Cultura. O
automóvel pode ainda ser pego e devolvido na estação da Praça do Derby.

No Brasil, iniciativas assim estão iniciando, fortaleza lançou em julho de 2016 por meio de parceria
entre a prefeitura e as empresas Enel, Hapvida e Serttel o sistema VAMO (Veículos Alternativos para
Mobilidade), uma iniciativa que une preservação ambiental e inovação. São vinte carros elétricos e
doze estações de recarga estrategicamente espalhadas pela cidade. O interesse nessa área avança
muito rápido, atualmente o VAMO (Veículos Alternativos para Mobilidade) utiliza veículos
chineses: O Zhi Dou, do Xindayang Group e o crossover E6, produzido pela BYD. Esse panorama
tende a mudar devido a estudos feitos pela Serttel, com o apoio do instituto Senai de Inovação no
Recife (ISI).

Segundo a ABVE (associação brasileira de veículos elétricos), anunciaram no evento de "Energias


Renováveis e Inovações Interconectadas” o primeiro protótipo do carro elétrico produzido com
tecnologia 100% brasileira, segundo a empresa Serttel, o veículo foi desenvolvido para o segmento
carro compartilhado da VAMO (Veículos Alternativos para Mobilidade) e terá velocidade limitada

7
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
de 60 km/h, já que será utilizado em área urbana, a duração da carga será de duas a três horas. Com
a vantagem de ser 100% sustentável, o carro ainda vem com recursos de internet (IoT-Internet of
Things), e conectado a nuvens.

Em Curitiba (PR), no ano de 2014 por exemplo, após cinco meses do início dos carros elétricos do
programa Ecoelétrico onde implantaram frotas de veículos públicos puramente elétrico, houve uma
redução de três toneladas na emissão de poluentes na atmosfera, segundo dados do Governo do
Estado do Paraná. Atualmente o programa inicia a terceira fase que prevê 50 carros elétricos em suas
ruas, livres para serem compartilhados até o fim de 2017 e para o ano de 2020, uma integração dos
elétricos aos diversos serviços de transporte público.

Se torna perceptível a necessidade da implantação de novas políticas públicas voltadas para a


mobilidade urbana, em todo o mundo as grandes metrópoles já não comportam mais a quantidade de
veículos as quais são submetidos. Além mais o meio ambiente é diretamente influenciado pelas frotas
que são formadas quase que unicamente por veículos a combustão.
As políticas públicas em Paris por exemplo, possuem ações que incentivam a ampliação e criação de
serviços de infraestrutura que atendem aos interesses da sociedade, como uma extensa rede de metrô,
implantação de Veículos Leves Sobre Trilhos (VLTs), melhorias na circulação de ônibus, incentivo
ao uso de sistemas de compartilhamento como carsharing, serviços gratuitos de empréstimos de
bicicletas (Vélib), que atualmente está em transformação para o Vélib elétrico. No mesmo segmento
de veículo elétrico, também existe um sistema de aluguel de motocicletas self-service, composto por
scooters totalmente elétricas, geolocalizáveis, que funcionam sem apoio de estações de serviço, com
bateria recarregada nas estações Autolib ou em parkings que possuem acordos de cooperação.
(ANDRÈ, 2015).

Outra medida adotada foi a transformação de algumas vias em pistas de ciclismo, além deles terem a
permissão de trafegar nos dois sentidos das vias. Todas as medidas tiveram o propósito de estimular
os outros modais em deslocamentos urbanos diários em paralelo com melhorias nas condições de
circulação disponíveis. Dessa forma, os resultados obtidos foram bem positivos, entre 2002 e 2007
houve uma queda de 17% no total dos fluxos viários gerados pelo transporte privado, enquanto
aumentou em 16% os usuários da rede ferroviária regional (Réseau Express Régional -RER), em 8%
os do metrô e em 2% os dos ônibus urbanos (BRINCO, 2016).

A Holanda também é um país que investe no uso de veículos de baixa emissão ou totalmente
ecológicos e durante a última década, ouve um aumento significativo de carros híbridos e elétricos.
Mesmo assim, o governo Holandês está reconhecendo problemas com a mobilidade no uso de
veículos comuns, como altas taxas de emissões de CO2, que prejudicam a qualidade do ar, e também
com o futuro esgotamento do petróleo (VAN DORP, 2011). As políticas de incentivo a mobilidade
na Holanda tendem a campanhas com intuito de reduzir ao máximo a emissão de CO2, e extinguir a
circulação de veículos com motores movidos a gasolina e a diesel até 2025. Para isso o governo

8
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
incentiva as montadoras de carros, a investirem nos carros elétricos, tornando-os mais baratos e
práticos. Assim como a Holanda, também existe um projeto de lei na Noruega para proibir carros
movidos a gasolina até 2025. Esse conceito de interrupção de veículos movidos a combustão, faz
parte do projeto Governance of discontinuation of Socio-Technical Systems (DisGo) e tem sido muito
disseminado pela União Europeia (SWARTS, 2016).

No Brasil as políticas de incentivo ainda são mínimas e quase não fazem efeito no número da frota
de veículos local. Segundo números da a Associação Brasileira do Veículo Elétrico, o país conta com
cerca de 3 mil veículos elétricos e híbridos. A frota total do país, era de 89,7 milhões de veículos em
setembro 2016, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (2016) recentemente o governo
federal lançou uma política de incentivo zerando o imposto de importação dos carros elétricos e
hidrogênio, anteriormente os carros considerado verdes pagavam uma alíquota de 35% de imposto e
os a combustão 7% de imposto.

Na cidade de São Paulo, os veículos elétricos e híbridos têm desconto de 50% no Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e estão isentos do rodízio municipal, que proíbe a
circulação no centro expandido em determinados horários por 1 dia da semana. Em setembro, os
modelos "verdes" somavam 387 na capital e 723 no estado. Outros 7 estados dão isenção de IPVA a
modelos elétricos: Piauí, Maranhão, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e
Pernambuco. Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul que também dão desconto de 50%
no imposto para esses veículos.(CRISTO, 2011).O movimento do governo para isenção de impostos
existe, mas ainda não é suficiente, nem está clara para os próximos anos. É preciso uma nova política, que
crie um ambiente adequadamente para chegada efetiva do carro elétrico no mercado brasileiro.

4. CONCLUSÃO
No Brasil, ainda existem muitos obstáculos institucionais e políticos que dificultam a consolidação
do carro elétrico no mercado. Porém, sua implantação, se faz extremamente necessária pelas questões
ambientais atuais, finitude dos recursos fósseis e mobilidade ainda muito precária, como abordadas
nesse artigo. Ademais, a experiência com os sistemas de compartilhamento de carros elétricos já em
funcionamento em outros países, mostram que a tendência futura é a extinção dos veículos movidos
a combustão. No sentindo de acompanhar a tendência mundial e melhorar o desenvolvimento da
mobilidade, é possível que o Brasil adote o carro elétrico como alternativa ao carro comum, se forem
implantadas políticas de incentivo a sua utilização, o que acarretaria vários benefícios efetivos a longo
e curto prazo.
Além de que, percebe-se que o transporte individual não é uma forma tão eficaz de locomoção quanto
o transporte coletivo. Destaca-se, no entanto, que o compartilhamento de carros não é uma solução a
ser aplicada isoladamente, sem uma política de mobilidade mista, onde haja integralidade entre o
compartilhamento e planejamento urbano, fortalecendo outros modais de transporte e assim
mitigando seus impactos negativos.

9
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
Outro ponto fundamental é a também redução do imposto de importação para os componentes do
sistema. Essa medida tornaria os veículos elétricos economicamente competitivos dentro do contexto
econômico para os usuários, nesse caso, o governo junto com uma política de imposto zero para os
carros, deveria fazer essa redução também para os componentes ou expandir os programas de
desenvolvimento de tecnologia para criação de modelos puramente brasileiros, sem a necessidade de
exportação e a criação de novos empregos.
Toda essa discussão em torno do carro elétrico possui um hiato, não temos ponto de recarga, o
mercado não se expande, e sem a expansão do mercado, não há necessidade de colocação dos pontos.
Então será necessária uma política de incentivo para expansão desse serviço junto aos distribuidores
de energia elétrica, que também devem possuir um programa de expansão próprio. Para cobrir essa
demanda, as concessionárias precisam ser adequadamente remuneradas por esse serviço para que os
investimentos e a operação dessas unidades de infraestrutura não se tornem um ônus adicional para
a distribuidora. No programa do governo de incentivo das distribuidoras elétricas, poderia ser inserido
a utilização de fontes renovais para geração dessa energia, pois o Brasil é um pais muito rico em fonte
de energia limpa.
Contudo depois de tudo o que foi apresentado, notamos que o pais segue um sistema de políticas de
incentivo talvez não muito promissor, ao invés de criar incentivos voltados para as indústrias
expandirem um ambiente de utilização do carro elétrico para os usuários, assim como feito nos outros
países, o Brasil cria políticas de incentivo para o usuário comprar o carro elétrico para uso num
ambiente sem condições de uso básico, o que gera um lento avanço do mercado, que se mostra muito
promissor em outros países e que seguem a lógica de avanço em relação ao consumo de bens,
economia e sustentabilidade. Agora, o Brasil terá que tomar a decisão se quer participar do avanço
do mundo ou não. Por enquanto, o pais se mostra com essas políticas de incentivo aplicadas num
movimento totalmente contrário. A política atual implantada em países da Europa só foi possível
após a efetiva instalação de condições para utilização do carro elétrico.

5. REFERÊNCIAS:
ABVE, Protótipo do 1° carro elétrico produzido com tecnologia 100% brasileira, Disponível
em: http://www.abve.org.br/noticias/prototipo-do-1-carro-eletrico-produzido-com-tecnologia-100-
brasileira-sera-apresentado-nesta-terca-feira. Acesso em: 29 maio 2017.

ANDRÉ, R. Paris va proposer aussi des scooters électriques en libre-service. Le Figaro, [S.l.],
15 mai 2015. Disponível
em:<http://www.lefigaro.fr/conso/2015/05/12/0500720150512ARTFIG00003-paris-va-proposer
aussi-des-scooters-electriques-en-libre-service.php>. Acesso em: 28 maio 2017.
ANTP, BNDES. Ministério das Cidades (2005). Sistema de Informações de Transporte e.

10
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
BARAN, R. A introdução de veículos elétricos no Brasil: Avaliação do impacto no consumo de
gasolina e eletricidade. 2012. Universidade Federal do Rio de Janeiro Acesso em: 27 maio 2017

BARAN, R.; LEGEY, L. F. L. Veículos elétricos: história e perspectivas no Brasil. BNDES Setorial,
Rio de Janeiro, n. 33, p. 207-224, mar. 2011., 2011. Acesso em: 27 maio 2017

BRADSHAW, C. Caderno Mcidades–Mobilidade Urbana. Política nacional de mobilidade urbana


sustentável. Brasília, Ministério de Estado das Cidades, 2005. Acesso em: 27 maio 2017

BRASIL, M. Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável. Princípios e diretrizes


aprovadas, 2004. Acesso em: 27 maio 2017

BRINCO, R. Políticas de estacionamento e efeitos na mobilidade urbana. Indicadores Econômicos


FEE, v. 44, n. 2, p. 109-124, 2016. Acesso em: 27 maio 2017

CAMPOS, V. B. G. Uma visão da mobilidade urbana sustentável. Revista dos Transportes


Públicos, v. 2, p. 99-106, 2006. Acesso em: 27 maio 2017

CRISTO, F. Departamento de trânsito (DETRAN). Dicionário histórico de instituições da


psicologia no Brasil, p. 177-179, 2011. Acesso em: 27 maio 2017

DA SILVA, A. N. R.; DA SILVA COSTA, M.; MACEDO, M. H. Multiple Views of Sustainable


Urban Mobility in a Developing Country–The Case of Brazil. 2007. Acesso em: 27 maio 2017

DEMOGRÁFICO, I. C. Disponível em:<http://www. ibge. gov.


br/home/estatistica/populacao/censo2010/default. shtm>. Acesso em, v. 30, 2014.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO (DENATRAN). Frota de veículos. 2016.

FIRNKORN, J.; MÜLLER, M. What will be the environmental effects of new free-floating car-
sharing systems? The case of car2go in Ulm. Ecological Economics, v. 70, n. 8, p. 1519-1528, 2011.
Acesso em: 27 maio 2017

GÜELL, J. M. F. Planificación estratégica de ciudades: nuevos instrumentos y procesos.


Reverté, 2006. ISBN 8429121102. Acesso em: 27 maio 2017

KNOB, D. K. Proposta de veículo elétrico sustentável para uso urbano. 2014. Acesso em: 27 maio
2017

MANUAL, Highway Capacity et al. Transportation research board. National Research Council, Washington,
DC, v. 113, p. 10, 2000.

11
RIO DE TRANSPORTES
XVI Congresso de Ensino e Pesquisa de Engenharia de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro
NORONHA, C. H. L. D.; BRANDAO, R. D. Manual rodoviario de conservacao, monitoramento e
controle ambientais. In: (Ed.). Manual rodoviario de conservacao, monitoramento e controle
ambientais: DNER, 1996.

ORNELLAS, R. Impactos do consumo colaborativo de veículos elétricos na cidade de São Paulo.


Future Studies Research Journal, v. 5, n. 1, p. 33, 2013. Acesso em: 27 maio 2017

PAZZINI, I. N. O gestor público e a relevância ambiental da implantação de biodigestores na zona


rural dos municípios: o caso de Piquete/SP. 2013. Acesso em: 27 maio 2017

PESQUISA, C.-I. Retratos da sociedade brasileira: locomoção urbana. Relatório técnico,


Confederaçao Nacional da Indústria, 2011. Acesso em: 27 maio 2017

PRIETO, M.; BALTAS, G.; STAN, V. Car sharing adoption intention in urban areas: What are the
key sociodemographic drivers? Transportation Research Part A: Policy and Practice, v. 101, p.
218-227, 2017. Acesso em: 27 maio 2017

SEABRA, L. O.; TACO, P. W. G.; DOMINGUEZ, E. M. Sustentabilidade em transportes: do


conceito às políticas públicas de mobilidade urbana. Revista dos Transportes Públicos-ANTP-
Ano, v. 35, p. 2º, 2013. Acesso em: 27 maio 2017

SHAHEEN, S.; COHEN, A.; MARTIN, E. Carsharing parking policy: Review of north american
practices and san francisco, california, bay area case study. Transportation Research Record:
Journal of the Transportation Research Board, n. 2187, p. 146-156, 2010. Acesso em: 27 maio
2017

SHAHEEN, S. A.; MALLERY, M. A.; KINGSLEY, K. J. Personal vehicle sharing services in North
America. Research in Transportation Business & Management, v. 3, p. 71-81, 2012. Acesso
em: 28 maio 2017

SWARTS, E. ICE transport discontinuation in the Netherlands: what is the Dutch government
doing about it? 2016. University of Twente Acesso em: 28 maio 2017

VAN DORP, R. De regeling van de'Auto van de zaak'. Erasmus University, 2011. Acesso em: 28
maio 2017

VASCONCELLOS, E. A. D.; CARVALHO, C. H. R. D.; PEREIRA, R. H. M. Transporte e


mobilidade urbana. 2011. Acesso em: 27 maio 2017

12

Você também pode gostar