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Como os partidos políticos saíram da eleição em Mato Grosso

Após o término da eleição municipal e suplementar para senador é hora


fazer as contas. Os partidos por todo o Brasil estão analisando os resultados
para fundamentar suas próximas decisões. Para 2022 será imprescindível
avaliar se permanecem separados ou se fundem com outros, já que acabará a
coligação na eleição para deputado estadual/federal e a cláusula de barreira
será ampliada.
Em Mato Grosso não é diferente. Comecemos pelos resultados nas
prefeituras. O grande vitorioso foi o MDB, com 23 prefeitos eleitos que
representam 38% do eleitorado do Estado. Houve um salto importante em
relação a 2016. Este resultado foi puxado por Cuiabá e Várzea Grande, os dois
maiores colégios eleitorais do Estado e que elegeram Emanuel Pinheiro e Kalil
Baracat, pela ordem.
Mas é preciso problematizar esses números. Emanuel está muito distante
do MDB e este teve pouca participação na sua vitória. Especula-se em relação a
uma troca de partido, para o PTB, PP ou mesmo até o Democratas. Portanto,
esse resultado não deve ser atribuído com tanta força para o partido, já que a
máquina da Prefeitura de Cuiabá estará direcionada em 2022 para reeleger o
deputado federal Emanuelzinho ou até o próprio Emanuel. Os candidatos a
deputado estadual a serem apoiados serão aqueles alinhados com este projeto,
não necessariamente do MDB.
O caso de Várzea Grande também se encaixa em perfil semelhante. É
uma vitória a ser partilhada com o Democratas da prefeita Lucimar Campos e
do Senador Jayme Campos. O MDB terá seu espaço na administração e receberá
apoio aos seus candidatos em 2022, mas será sempre o sócio minoritário desta
empreitada. A vitória de Baracat derivou do peso da máquina e do capital
político da família Campos no município, transferido para ele. Estes dois
municípios somam cerca de 30% do eleitorado mato-grossense. Sem eles o
eleitorado conquistado pelo MDB se aproxima dos demais. Não larga em
grande vantagem.
O Democratas, por sua vez, também teve uma evolução importante. Em
Mato Grosso, como em todo o país o Dem soube capitalizar o controle da
presidência das duas casas do Congresso Nacional e também de vários
Governos estaduais e Assembleias Legislativas, de modo a ampliar o número
de prefeituras. Triplicaram de tamanho, saindo de 8 para 24. Mas, quando o
assunto é eleitorado os números são menos animadores. Ficaram com 9%
apenas. Isto se explica pelo fato de terem ganho prefeituras de municípios
pequenos. É mais uma prova da tradição dos municípios menores se alinharem
com o partido do Governador.
Este é um outro ponto importante. Especula-se também sobre uma
eventual saída do Governador Mauro Mendes do Democratas. Suas relações
com a família Campos sempre foram tensas. A eleição suplementar para
Senador e algumas municipais explicitaram isto. Mauro se engajou na
campanha de Carlos Fávaro (PSD), enquanto seu partido apoiou Nilson Leitão,
com Júlio Campos na 1ª suplência. No segundo turno em Cuiabá Mauro
orientou voto em Abílio Brunini, enquanto Jayme Campos e Eduardo Botelho
ficaram neutros. O destino de Mauro também é uma incógnita. Fala-se no
Podemos, Patriotas, PP, PSD ou até mesmo o MDB. O convite foi feito pelo
deputado Carlos Bezerra em evento público na semana passada. Quer dizer,
Mauro e Emanuel podem até trocar de partido entre si. Cogita-se que Mauro e a
família Campos podem estar em palanques opostos na próxima eleição.
De resto houve uma grande pulverização partidária. Destaque para o
PSB, presidido pelo deputado estadual Max Russi, que chegou a 13 prefeituras.
É uma boa base para projetos futuros. Acompanhemos.

Vinicius de Carvalho é gestor governamental, analista político e professor


universitário.

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