Você está na página 1de 7

INSTITUTO POLITÉCNICO DE TECNOLOGIA E EMPREENDEDORISMO

CURSO: Geologia e Mineração


DISCIPLINA: Instalação de Máquinas e Equipamentos de Mineração

Aula 1 – CAPITULO I: Mecânica de Rochas

1.1. Introdução a Mecânica de Rochas (Maciços)

Os terrenos foram já anteriormente definidos como sendo “os materiais naturais que
englobam os solos e as rochas ” . Importa pois fazer agora a distinção entre estes dois tipos
de materiais.

As “rochas são agregados naturais duros e compactos de partículas minerais com fortes
uniões coesivas permanentes que habitualmente se consideram um sistema contínuo.” A
proporção dos diferentes minerais, a estrutura granular, a textura e a origem da rocha,
características intrinsecamente geológicas, servem também para a sua classificação em
termos de engenharia.

Por sua vez “ solos são agregados naturais de grãos minerais unidos por forças de contacto
normais e tangenciais às superfícies das partículas adjacentes, separáveis por meios
mecânicos de pouca energia” (e que convencional e tradicionalmente se designa por
“agitação em água”).

Às formações constituídas por solos é atribuída a designação genérica de maciços terrosos,


enquanto as que são essencialmente constituídas por material rocha se designam por maciços
rochosos.

1.2. Maciço Rochoso

A Mecânica das Rochas, disciplina da Geotecnia, tem como finalidade conhecer e prever o
comportamento dos maciços rochosos face à actuação das solicitações (internas e externas)
que sobre eles se exercem.

Maciço Rochoso (Do ponto de vista do seu aproveitamento em Engenharia) é um conjunto de


blocos de Rocha justapostos e articulados.
Um maciço rochoso pode ser concebido como uma entidade constituída por duas parcelas:

 Um meio sólido – o “material-rocha ” ou, se se quiser, a “matriz rochosa”


 As descontinuidades que o compartimentam, ou superfícies que limitam os blocos.

Figura 1: Maciço Rochoso

Estas descontinuidades funcionam, portanto, como superfícies de fraqueza que separam


blocos de “rocha intacta” e controlam os processos de deformação e rotura dos maciços
rochosos a cotas superficiais, que são as que interessam a grande maioria das obras de
engenharia. São também elas que permitem a extracção dos materiais rochosos nas pedreiras
onde, naturalmente, se aproveitam as superfícies de fraqueza para obter o desmonte primário
das massas exploráveis.

1.3. Descrição e classificação de maciços rochosos

As características de qualidade de maciços rochosos são fundamentalmente


consequência do seu estado de alteração e de fracturação. A ocorrência de água
percolando nos maciços actua também, com frequência, na respectiva estabilidade.
Importa desde já referir os dois primeiros parâmetros considerados - estado de alteração e
grau de fracturação - e fazer considerações sobre os critérios de classificação de maciços
neles baseados.

O estado de alteração é vulgarmente indicado à custa da sua descrição baseada em


métodos expeditos de observação. Em solos, por exemplo, é de grande utilidade a indicação
da facilidade com que se desmonta o material com determinados tipos de ferramentas. Em
rochas é costume referir-se a maior ou menor facilidade com que se parte o material,
utilizando um martelo de mão, ou a sua coloração e brilho como consequência da
alteração de certos minerais como feldspatos e minerais ferromagnesianos.

O número de graus a considerar em relação ao estado de alteração de uma dada


formação varia necessariamente com o tipo de problema e, consequentemente, com a
necessidade de pormenorizar a informação respectiva. Na maioria dos casos parece
adequado considerarem-se cinco graus de alteração dos maciços rochosos conforme se
esquematiza na Tabela abaixo:

Símbolos Designações Características


W1 Sã A rocha não apresenta quaisquer sinais de alteração
W2 Pouco alterada Sinais de alteração apenas nos planos e bordos das
descontinuidades
W3 Medianamente alterada Alteração visível em todo o maciço rochoso
(mudança de cor) mas a rocha não é friável
W4 Muito alterada Alteração visível em todo o maciço e a rocha é
parcialmente friável
W5 Decomposta O maciço apresenta-se completamente friável
(comportamento de solo)

Quanto ao estado de fracturação de um maciço há vários critérios razoavelmente semelhantes


entre si que caracterizam em regra, o espaçamento entre diaclases. No geral contêm
igualmente 5 classes correspondendo cada uma às designações de muito próximas,
próximas, medianamente afastadas, afastadas e muito afastadas. Apresenta-se na Tabela
abaixo:

Símbolos Intervalo entre fracturas (cm) Designação


F1 > 200 muito afastadas
F2 60 - 200 afastadas
F3 20 - 60 medianamente afastadas
F4 6 - 20 próximas
F5 <6 muito próximas

A avaliação do grau de fracturação de um maciço pode ser igualmente feita através da


contagem do número de diaclases por metro. É evidente que embora exista uma
relação entre este índice e os valores anteriores, a extrapolação dos resultados só será
aceitável se o afastamento entre descontinuidades for idêntico.

Relacionado com os estados de alteração e fracturação, Deere (1967) desenvolveu um


sistema de classificação baseado num índice que designou por RQD (“Rock Quality
Designation”), indicativo da qualidade de maciços rochosos, definido a partir dos
testemunhos de sondagens realizadas com recuperação contínua de amostra.

Este índice, que tem vindo a ser muito utilizado internacionalmente, é definido como
a percentagem determinada pelo quociente entre o somatório dos troços de amostra com
comprimento superior a 10 cm e o comprimento total furado em cada manobra. Em
função dos valores do RQD, são apresentadas na Tabela abaixo as designações
propostas por Deere para classificar a qualidade dos maciços rochosos.

RQD Qualidade do Maciço Rochoso


0 - 25% muito fraco
25 - 50% fraco
50 - 75% razoável
75 - 90% bom
90 - 100% excelente

Expressão analítica do Parâmetro RQD

RQD(%)=
∑ li (¿ 10 cm) ∗100
L

1.4. Exemplo

Foi feita uma sondagem em um Maciço Rochoso e contatou-se as seguintes dimensoes:


Determine a qualidade do Maciço Rochoso segundo o Parametro
RQD(Rock Quality Designation), assumindo que o comprimento total é de
200cm.

I. Resolução

R QD(%)=
∑ li (¿ 10 cm)∗100
L

38+35+17+20
RQD(%)= ∗100
200

110
RQD(%)= ∗100
200

RQD(%)=55

Resposta: A qualidade do Maciço é Razoável.

1.5. Noções gerais de Taludes

Talude pode ser definido como uma superfície inclinada que delimita um maciço terroso ou
rochoso.

Pode-se dizer que é composto de:


1.5.1. Estabilidade dos Taludes

Segundo a legislação Mocambicana no Decreto nº61 /2006, de 26 de Dezembro no seu artigo


94 referente a Estabilidade dos Taludes

1. Os taludes devem obedecer aos seguintes ângulos, consoante a estabilidade da


rocha:

As técnicas de análise de estabilidade podem ser divididas em dois grandes grupos:

 Análise Probabilística
 Análises Determinísticas

1.5.2. Mecanismos que levam à ruptura

São aqueles que levam a um aumento dos es forços atuantes ou a uma diminuição da
resistência do material que compõe o talude ou do maciço como um todo.

O material que compõe um talude tem a tendência natural de escorregar sob a influência da
força da gravidade, entre outras que são suportadas pela resist ência ao cisalhamento do
próprio material.
Algumas das causas do aumento de τA ou da diminuição de τR podem ser:

 Causas externas:
I. Mudança da geometria do talude (inclinação e/ou altura), devido a cortes ou aterros,
no talude ou em terrenos adjacentes;
II. Aumento da carga atua nte (por sobrecargas na superfície, por exemplo);
III. Atividades sísmicas, e outras...

 Causas internas:
I. Variação do nível de água (N.A.), que pode gerar:
a) Aumento do peso específico do material;
b) Diminuição da pressão efetiva;
c) A saturação em areias faz desaparecer a coesão fictícia;
d) Rebaixamento rápido do NA.

II. Diminuição da resistência do solo (ou rocha), ou do maciço como um todo, com o tempo
(por lixiviação, por mudanças nos minerais secundários, nas descontinuidades, etc.);

1.6. EXERCÍCIOS DE CONSOLIDAÇÃO

O Docente: Domingos de Almeida Manharage

Você também pode gostar