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Guerra Fria
Data 1947 – 1991
Local todo o planeta
Desfecho
Intervenientes
Capitalistas: Socialistas:
Estados Unidos União Soviética
Europa Ocidental Europa Oriental
Japão China
Coréia do Sul Cuba
América Latina outros
outros
Uma parte dos historiadores defende que esta foi uma disputa entre o capitalismo,
representado pelos EUA e o socialismo, defendido pela União Soviética (URSS).
Entretanto, esta caracterização só pode ser considerada válida com uma série de
restrições e apenas para o período do imediato pós-Segunda Guerra Mundial, até a
década de 1950. Logo após, nos anos 1960, o bloco socialista se dividiu e durante as
décadas de 1970 e 1980, a China comunista se aliou aos Estados Unidos na disputa
contra a União Soviética. Além disso, muitas das disputas regionais e envolveram
Estados capitalistas, como os Estados Unidos contra diversas potências locais mais
nacionalistas.
É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as superpotências, dada a
inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear. A corrida pela construção de um
grande arsenal de armas nucleares foi central durante a primeira metade da Guerra Fria,
estabilizando-se nos anos 1960 para 1970 e sendo reativada nos anos 1980 com o
projeto do presidente estadunidense Ronald Reagan "Guerra nas Estrelas".
Esta polarização dos conflitos locais entre apenas dois grandes pólos de poder mundial,
é que justifica a caracterização da polaridade deste período como bipolar.
Principalmente porque, mesmo que tenham existido outras potências regionais entre
1945 e 1991, apenas EUA e URSS tinham capacidade nuclear de segundo ataque, ou
seja, capacidade de disuasão nuclear.
História
A Crise no Pós-Guerra
Com o final da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava arrasada e ocupada pelos
exércitos das duas grandes potências vencedoras, os EUA e a URSS. O desnível entre o
poder destas duas superpotências e o restante dos países do mundo era tão gritante, que
rapidamente se constitui um sistema global bipolar, ou seja, centrada em dois grandes
pólos.
Sob a influência das duas doutrinas, o mundo foi dividido em dois blocos liderados cada
um por uma das superpotências: a Europa Ocidental e a América Central e do Sul sob
influência cultural, ideológica e econômica estadunidense, e a maior parte do Leste
Asiático, Ásia central e Leste europeu, sob influência soviético. Assim, o mundo
dividido sob a influência das duas maiores potências econômicas e militares da época,
estava também polarizado em duas ideologias opostas: o Capitalismo e o Socialismo.
Entretanto era notória deste o início da Guerra Fria a superioridade americana. Em 1945
os EUA tinham metade do PIB mundial, 2/3 das reservas mundiais de ouro, 60% da
capacidade industrial ativa do mundo, 67% da capacidade produtora de petróleo, além
da maior Marinha e da maior Força Aérea que existia. Seus exércitos intactos ocupavam
metade ocidental da Europa e o Japão, algumas das zonas mais ricas e indstrializadas do
mundo antes da Guerra. Também ocupavam parte do sudeste asiático, especificamente
metade da Coréia e grande parte das ilhas do Pacífico. O território continental
americano nunca havia sido realmente ameaçado durante a II Guerra Mundial, sendo
que a batalha travada geograficamente mais próxima do continente foi a de Pearl
Harbor, no Havai.
Por sua vez a União Soviética ocupava apenas a metade oriental da Europa e na Ásia,
uma parte da Manchúria e da Coréia, regiões tradicionalmente agrícolas e pobres. O
próprio território soviético havia sido palco das maiores batalhas da II Guerra Mundial,
contra as mais importantes divisões alemãs. O resultado é que em 1945 os EUA
contabilizavam cerca de 500 mil mortos na guerra, contra cerca de 20 milhões de
soviéticos mortos. Centenas de cidades soviéticas estavam destruídas em 1945. A maior
parte das industrias, da capacidade produtiva agrícola e da infra-estrutura de transportes,
energia e comunicações estava destruída ou seriamente comprometida.
Assim, quando se inicia a Guerra Fria, em 1945, os EUA não enfrentavam nenhuma
ameaça concreta à sua soberania, e a segunda maior potência do mundo, a URSS estava
devastada e levaria anos para se reerguer. Tanto que foi muito difícil para o governo
americano conseguir recriar a imagem de uma União Soviética ameaçadora logo em
1945, algo que levou alguns anos para acontecer.
Após a derrota alemã na Segunda Guerra, os países vencedores lhe impuseram pesadas
sanções. Dentre as quais a divisão da Alemanha em 4 áreas administrativas, cada uma
chefiada por um dos vencedores: Estados Unidos, França, Reino Unido e União
Soviética e duas zonas de influência: Capitalista e Socialista. Berlim, a capital da
Alemanha, também foi dividida, ainda que sob território de influência soviética. A
comunicação entre o lado ocidental da cidade fragmentada e as outras zonas era feita
por pontes aéreas e terrestres.
Para não abandonar as zonas ocidentais de Berlim e dar vitória à União Soviética, os
países ocidentais prontificaram-se a criar uma grande ponte aérea, em que bombardeiros
estadunidenses saíam da "trizona" levando mantimentos aos mais de dois milhões de
berlinenses que viviam no ocidente da cidade. Stalin reconheceu a derrota dos seus
planos em 12 de Maio de 1949. Pouco depois, as zonas estadunidense, francesa e
britânica se unificaram, originando a Bundesrepublik Deutschland (República
Federativa da Alemanha, ou Alemanha Ocidental), cuja capital era Bonn. Da zona
soviética surgiu a Deutsche Demokratische Republik (República Democrática Alemã,
ou Alemanha Oriental), com capital Berlim, a porção oriental.
A fragilização das nações européias, após uma guerra violenta, permitiu que os Estados
Unidos estendessem uma série de apoios econômicos à Europa aliada, para que estes
países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo. Assim, o Secretário
de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, propõe a criação de um amplo plano
econômico, que veio a ser conhecido como Plano Marshall. Tratava-se da concessão de
uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da
crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população
descontente. Durante os primeiros anos da Guerra Fria, principalmente, os Estados
Unidos fizeram substanciais investimentos nos países aliados, com notável destaque
para o Reino Unido, a França e a Alemanha Ocidental.
Corrida armamentista
A União Soviética iniciou então seu programa de pesquisas para também produzir tais
bombas, o que conseguiu em 1949. Mas logo a seguir, os EUA testavam a primeira
bomba de hidrogênio, centena de vezes mais poderosa. A União soviética levaria até
1953 para desenvolver a sua versão desta arma, dando início a uma nova geração de
ogivas nucleares menores, mais leves e mais poderosas.
Essa corrida armamentista era movida pelo receio recíproco de que o inimigo passasse a
frente na produção de armas, provocando um desequilíbrio no cenário internacional. Se
um deles tivesse mais armas, seria capaz de destruir o outro.
A corrida atingiu proporções tais que, já na década de 1960, os EUA e a URSS tinham
armas suficiente para vencer e destruir qualquer outro país do mundo. Uma quantidade
tal de armas nucleares foi construída, que permitiria a qualquer uma das duas
superpotências, sobreviver a um ataque nuclear massivo do adversário, e a seguir,
utilizando apenas uma fração do que restasse do seu arsenal, pudesse destruir o mundo.
Esta capacidade de sobreviver a um primeiro ataque nuclear, para a seguir retaliar o
inimigo com um segundo ataque nuclear devastador, produziu medo suficiente nos
líderes destes dois países para impedir uma Guerra Nuclear, sintetizado em conceitos
como Destruição Mútua Assegurada ou "Equilíbrio do terror".
Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o Pacto de Varsóvia
(1955) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças militares estavam
em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia
ocasionar uma guerra nunca vista antes.
A tensão sentida pelas pessoas com relação às duas superpotências acentuou-se com o
início da corrida armamentista, cujo “vencedor” seria a potência que produzisse mais
armas e mais tecnologia bélica. Em contraponto, a corrida espacial trouxe grandes
inovações tecnológicas e proporcionou um grande avanço nas telecomunicações e na
informática.
O único grande confronto militar que envolveu batalhas em que de um lado haviam
forças militares americanas e do outro forças soviéticas, foi a Guerra da Coréia. A
península da Coréia foi dividida, em 1945, pelo paralelo 38, em duas zonas de
influência: uma ao norte, ocupada pela União Soviética, e a partir de 1949 pela
República Popular da China, comunista; era a República Popular Democrática da
Coréia. A outra porção, ao sul do paralelo 38 N, foi ocupada pelas tropas americanas e
permaneceu capitalista com apoio das nações ocidentais passou a ser conhecida como
República da Coréia.
Após muitas batalhas, com avanços e recuos de ambos os lados, um primeiro acordo de
paz é negociado, mas demora dois anos para ser ratificado. O General americano
McArthur chegou a solicitar o uso de armas nucleares contra a Coréia do Norte e a
China, mas foi afastado do comando das forças americanas.
Apenas quando a União Soviética já havia testado sua primeira bomba de hidrogênio,
em 1953, é que um armistício foi assinado em Panmunjon, em 27 de Julho de 1953. O
acordo manteve a península da Coréia dividida em dois Estados soberanos, praticamente
como antes do início da guerra, com mudanças mínimas na linha de fronteira. Essa
divisão da Coréia em dois países se mantém até hoje. Em Junho de 2000, os governos
das duas Coréias anunciaram planos de reaproximação dos dois países. Isso significou o
início da desmilitarização da região, a diminuição do isolamento internacional da Coréia
do Norte e, para milhares de coreanos, a possibilidade de reencontrar parentes separados
há meio século pelo conflito. Pela tentativa, o então presidente da Coréia do Sul, Kim
Dae Jung, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2000.
Corrida Espacial
Astronauta Buzz Aldrin fotografado por Neil Armstrong durante a missão Apollo 11,
em 20 de Julho de 1969.
Um dos campos que mais se beneficiaram com a Guerra Fria foi o da tecnologia. Na
urgência de se mostrarem superiores aos rivais, Estados Unidos e União Soviética
procuraram melhorar os seus arsenais militares. Como conseqüência, algumas
tecnologias conhecidas hoje (como alguns tecidos sintéticos) foram frutos dessa corrida.
A partir daí, a rivalidade aumentou a ponto de o presidente dos Estados Unidos, John F.
Kennedy, prometer enviar americanos à Lua e trazê-los de volta até o fim da década. Os
soviéticos apressaram-se para vencer os estadounidenses na chegada ao satélite. As
missões Zond deveriam levar os primeiros humanos a orbitarem a Lua, mas devido a
falhas, só foi possível aos soviéticos o envio de missões não-tripuladas, Zond 5 e Zond
6, em 1968. Os Estados Unidos, por outro lado, conseguiram enviar a missão tripulada
Apollo 8 no Natal de 1968 a uma órbita lunar.
O encontro das naves Apollo e Soyuz em 17 de julho de 1975 marcou o fim da corrida
espacial. Ao fundo a bandeira dos Estados Unidos (esquerda) e da União Soviética
(direita).
A corrida espacial se tornou secundária com a distensão dos anos 1960-1970, mas volta
a ter relevância nos anos 1980, no que pode ser considerado o último capítulo daquela
disputa. O presidente dos EUA anuncia investimentos bilionários na construção de um
sistema espacial de defesa antimísseis balísticos, que poderia defender o território
americano dos mísseis russos e acabar com a lógica da Destruição Mútua Assegurada.
Arpanet
Outro campo em que ocorreu grande desenvolvimento durante a Guerra Fria foi o das
comunicações. Temendo um possível bombardeio soviético, durante a década de 1960,
o Pentágono financiou o desenvolvimento de um sistema de comunicação entre os
computadores, que envolveu centros de pesquisa militares e civis, como algumas das
principais universidades americanas. A rede de comunicações criada pela agência Arpa
ficaria conhecida como Arpanet. A lógica do sistema era a seguinte: caso fosse feito um
bombardeio soviético, a central de informações não estaria em um só lugar, mas sim em
vários pontos conectados em uma rede, ou seja, cada nó da rede funcionaria como uma
central, todas conectadas entre si. A infra-estrutura da rede foi construída com fibra
ótica para não sofrer interferência dos pulsos eletromagnéticos das explosões nucleares.
O sistema foi inaugurado com sucesso em 1969, na Universidade da Califórnia
(UCLA), com o envio de uma mensagem de caracteres para outro servidor.
Durante toda a década de 1970 e 1980 o uso dessa tecnologia se manteve restrito a fins
militares e acadêmicos. Somente em Convenção realizada no ano de 1987 a rede seria
liberada para uso comercial. A partir de então a Arpanet passou a se chamar Internet.
Em 1990, o físico inglês Tim Berners-Lee criaria o HTML (Linguagem de Marcação de
Hipertexto). Na década de 1990 a Internet passaria por um processo de expansão
gigantesco, tornando-se um grande meio de comunicação da atualidade.
Nikita Khrushchov
Em 1956, os húngaros tentaram se sobresaltar contra Moscou, numa rebelião que durou
12 dias (23 de Outubro a 4 de Novembro). Buscavam a independência política da
Hungria, mas foram reprimidos violentamente pelos soviéticos e pela própria polícia de
estado húngara. O resultado, ao contrário, foi a instauração de um governo pró-soviético
ainda mais opressor e ditatorial.
O rei do Egito, pró-europeu, foi derrubado por Gamal Abdel Nasser em 1953, que
procurou instalar uma política nacionalista e pan-arabista. Sua primeira manobra
política de efeito foi a guerra que declarou contra o recém-criado estado de Israel,
porque eles teriam humilhado os árabes na Guerra de Independência Israelita. Com os
clamores de outros países árabes para uma nova investida contra os judeus, Nasser
aliou-se à Jordânia e à Síria.
A guerra no Egito perturbou a paz que vinha sendo mantida entre Washington D.C. e
Moscou. Dwight D. Eisenhower, então presidente americano, criticava a repressão em
Budapeste, na Hungria, e teve que provar que era contra a invasão a Israel. Os Estados
Unidos tentaram várias vezes fazer os europeus mudarem de idéia e retirar os ocupantes
do Egito, ao mesmo tempo que Khrushchev demandava respostas. Os Estados Unidos,
inclusive, tentaram, a 30 de Outubro de 1956, levar ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas a petição de retirada das tropas do Egito, mas França e Reino Unido
vetaram a petição. A União Soviética seguia a mesma linha de raciocínio do Estados
Unidos, sendo assim favorável à desocupação das terras egípcias porque queria estreitar
laços com os árabes, e se aliou rapidamente à Síria e ao Egito.
Cuba, a maior das ilhas caribenhas, sofreu uma revolução em 1959, que retirou o
ditador pró-estadunidense Fulgêncio Batista do poder, e instaurou a ditadura de Fidel
Castro a partir de 1961. A instauração de um regime socialista preocupou a Casa Branca
que ainda em 1959 tentou depor o novo governo, apoiando membros ligados ao antigo
regime e iniciando um embargo econômico à ilha. Com o bloqueio do comércio de
petróleo e grãos, Cuba passa a adquirir esses produtos da URSS. O governo de Fidel
Castro, inicialmente composto por uma frente de grupos nacionalistas, populistas e de
esquerda, que variava de social-democratas aos de inspiração marxista-lenista,
rapidamente se tornaria polarizaria em torno dos líderes mais pró-URSS. Em 1961, a
CIA chegou a organizar o desembarque de grupos de oposição armados que deporiam
Fidel Castro na operação conhecida como o Desembarque na Baía de Porcos, que foi
um fracasso completo. Diante desta situação o novo regime cubano se aproxima
rapidamente da URSS, que oferece proteção militar.
O período da distensão (Détente) seguiu-se à Crise dos Mísseis, por ela quase ter levado
as duas superpotências a um embate nuclear. Os EUA e a URSS decidiram, então,
realizar acordos para evitar uma catástrofe mundial. Nesta época, vários tratados foram
assinados entre os dois lados.
Os dois países tinham seus motivos particulares para buscar acordos militares e
políticos. A URSS estava com problemas nos relacionamentos com a China, e viu este
país se desalinhar do socialismo monopolista de Moscou. Isso criou a prática da
diplomacia triangular, entre Washington, Moscou e Pequim. Também estavam com
dificuldades agrícolas e econômicas. E os Estados Unidos haviam entrado numa guerra
contra o Vietnã, e na década de 1970 entrariam em uma grave crise econômica.
Infelizmente para o Vietname do Sul, o líder do Norte, Ho Chi Minh, era muito
benquisto entre a população, por ser defensor popular e herói de guerra. O governo do
Vietname do Sul decidiu proibir o plebiscito de ocorrer em seu território, pois queria
manter o alinhamento com os estadunidenses. Como o Vietname do Norte queria a
reunificação, lançaram-se em uma guerra contra o Sul.
Até 1965, a guerra estava favorável ao Vietname do Norte, mas quando os Estados
Unidos se lançaram ao ataque contra o Vietnames do Norte, tudo parecia indicar que
seria um grande massacre dos vietnamitas, e uma fácil vitória ocidental. Mas os
vietnamitas do norte viram nessa guerra uma extensão da guerra de independência que
haviam acabado de vencer contra a França, e lutaram incessantemente. Contando com o
conhecimento do território, os vietnamitas do norte conseguiram vencer os Estados
Unidos, o que é visto como uma das mais vergonhosas derrotas militares dos Estados
Unidos. Em 1975, os Estados Unidos e o Vietname do Norte assinaram os Acordos de
Paz de Paris, onde os EUA reconheceram a unificação do Vietnã sob o regime
comunista de Ho Chi Minh.
A Distensão na Europa
A Europa, continente que mais sofreu com a divisão mundial, também sofreu os efeitos
da distensão política. Os países começaram a questionar as ideologias a que foram
impostos, e optaram cada vez mais pelo abrandamento, no lado ocidental, e pela revolta
popular seguida de forte repressão, no lado oriental.
O Reconhecimento Chinês
Desde a década de 1950 a República Popular da China tinha problemas com a União
Soviética, por causa de hierarquia de poderes. Moscou queria que o socialismo no
mundo fosse unificado, sob a tutela do Kremlin, enquanto Pequim achava que a China
não deveria se submeter aos soviéticos. A disputa foi um grande problema para os
soviéticos, que perdiam um aliado forte.
Durante década de 1970, a situação ficou ainda pior para a URSS, pois Mao Tse-tung,
presidente da China socialista, estava realizando manobras para se aproximar dos EUA.
A amizade com a superpotência ocidental rendeu à China uma regalia que não havia
conseguido enquanto era aliada da União Soviética: o reconhecimento. Desde a
Revolução Chinesa de 1949, o mundo ocidental viu o governo de Mao Tsé-tung como
ilegal, e consideravam como a verdadeira China o governo refugiado em Taiwan. Com
a aproximação entre Pequim e Washington, os Estados Unidos passaram a ver Mao Tse-
tung como o legítimo regente chinês, e a República Popular da China como a China de
fato. Assim, outros países ocidentais tomaram a mesma decisão, e a China pôde entrar
para ONU, como participante e como membro permanente do Conselho de Segurança
da ONU.
A "Segunda" Guerra Fria (1979-1985)
Após o ano de 1979, seguiu-se uma leve crise nas relações amistosas entre os Estados
Unidos e a União Soviética. Isso deveu-se a alguns acontecimentos importantes, a saber:
Perestroika e Glasnost
Os gastos militares estavam tornando-se muito altos para uma economia como a
soviética, planificada, estremamente burocratizada e com cerca de metade do PIB dos
EUA. A economia de mercado dos EUA era muito mais competitiva e permitia o
repasse acelerado de tecnologias militares e aeroespaciais de ponta para o setor civil. Na
URSS tudo que seria produzido era previamente planejado nos Planos Quinquenais. A
burocracia dificultava qualquer transferência de tecnologia sensível para o setor
produtivo civil e toda a produção agrícola era milimetricamente planejada. Quando
ocorre o acidente nuclear de Chernobil 1986, toda a produção agrícola daquele ano foi
perdida, os gastos inesperados foram enormes e o Estado que havia planejado exportar
uma safra recorde de grãos, teve que importar comida. Rapidamente começava a faltar
até mesmo pão no país que havia sido o maior produtor mundial de trigo. Somando-se
aos custos do envolvimento de meio milhão de homens no Afeganistão durante os anos
1980, mais os gastos militares da nova corrida armamentista, conhecida como segunda
Guerra Fria, aquela enorme economia engessada colapsou.
Frente a estes problemas, Mikhail Gorbachev aplicou dois planos de reforma na URSS:
a perestroika e a glasnost.
O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários
candidatos e com a mídia livre para discutir. Ainda que muitos partidos comunistas
tivessem tentado impedir as mudanças, a perestroika e a glasnost de Gorbachev tiveram
grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país,
começaram a cair. A Polônia e a Hungria negociaram eleições livres (com destaque para
a vitória do partido Solidariedade na Polônia), e a Tchecoslováquia, a Bulgária, a
Romênia e a Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa, que pediam o fim do
regime socialista. O ponto culminante foi a queda do Muro de Berlim em 9 de
Novembro de 1989, que pôs fim à Cortina de Ferro e, para alguns historiadores, à
Guerra Fria em si.
Finalmente, a sublevação dos países orientais causou comoção entre os povos bálticos.
Os três países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) haviam sido invadidos e anexados
pela URSS, e seus cidadãos agora pediam a independência. Seguinte a eles, outras
repúblicas da União Soviética pediam eleições livres, com mais partidos políticos.
Esta situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética, liderados pelo
General Guenédi Ianaiev e Boris Pugo, a tentar um golpe de estado contra Gorbachev
em Agosto de 1991. O golpe, todavia, foi frustrado por Boris Iéltsin. Mesmo assim, a
liderança de Gorbachev estava em decadência e, em Setembro, os países bálticos
conseguiram a independência. Em Dezembro, a Ucrânia também se tornou
independente. Finalmente, no dia 31 de Dezembro de 1991, Gorbachev anunciava o fim
da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, renunciando ao cargo que ocupava e ao
seu sonho de ver um mundo socialista.
Em 2009, Moscou anuncia que irá rearmar suas forças militares e ampliar seu arsenal
nuclear em resposta ao fortalecimento da Otan (Organização do Tratado do Atlântico
Norte), criada para combater o avanço do socialismo na era bipolar. O reingresso da
França e de outros países do Leste Europeu tem provocado tensões na região, porém, a
Rússia quer impedir a entrada da Geórgia na Otan, e por isso lançou uma violenta
operação contra o país no ano passado, através das forças militares.[4][5]
Em Agosto de 2008, a Ossétia do Sul (apoiada pela Rússia), e a Geórgia (apoiada pelos
EUA), entraram em conflito armado, tropas da Geórgia ocuparam militarmente a capital
da Ossétia do Sul, região separatista da república georgiana. Em resposta ao ocorrido,
tropas russas atacaram militarmente a Geórgia e reconheceu as regiões separatistas da
Ossétia do Sul e Abecásia, o que causou forte desgaste diplomático entre Washington e
Moscow.[6][7]
Cronologia
Ano Acontecimento
O presidente dos EUA, Ronald Reagan, anuncia sua decisão de custear um sistema
1983
defensivo aeroespacial chamado de "Guerra nas Estrelas".
Referências
1. ↑ A nova Guerra Fria - O Globo
2. ↑ Rússia deve evitar nova Guerra Fria, diz Reino Unido - Estadão
3. ↑ Rússia instalará mísseis em Kaliningrado em resposta ao escudo dos EUA - Globo
4. ↑ Rússia anuncia plano perante ameaça dos EUA e da NATO - RTP Notícias
5. ↑ Rússia anuncia que irá rearmar exército - Avanço da Otan no Leste Europeu é uma
ameaça - Zero Hora
6. ↑ Rússia reconhece Ossétia do Sul e Abkházia - Estadão
7. ↑ Conflito na Ossétia pode afetar relações EUA-Rússia, dizem norte-americanos - TSF
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