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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI - SP

Daivison Campos Ferreira


Felipe Ribas de Oliveira
Francisco José Costa Nascimento
José Edson de Barros

MATERIAL COMPÓSITO METAL-CERÂMICO

São Paulo
2018
Introdução

A cerâmica (do grego κέραμος — "argila queimada” ou κεραμικὀς, translit.


keramikós: 'de argila') é a arte ou a técnica de produção de artefatos de objetos
tendo a argila como matéria-prima. Qualquer classe de material sólido inorgânico,
não-metálico (não confundir com termo ametal) que seja submetido a altas
temperaturas (aproximadamente 540 °C) na manufatura. Geralmente uma cerâmica
é um óxido metálico, boreto, carbeto, nitreto, ou uma mistura que pode incluir
aniões.
A cerâmica foi inventada no período neolítico (idade da pedra polida ) em
25,000 a.C. As peças de cerâmica mais antigas são conhecidas por arqueólogos
foram encontradas na Tchecoslováquia, datando de 24,500 a.C. Outras importante
peças cerâmicas foram encontradas no Japão, na área ocupada pela cultura Jomon
há cerca de oito mil anos, talvez mais. Peças assim também foram encontradas no
Brasil na região da Floresta Amazônica com a mesma idade. São objetos simples. A
capacidade da argila de ser moldada quando misturada em proporção correta de
água, e de endurecer após a queima, permitiu que ela fosse destinada ao
armazenamento de grãos ou líquidos, que evoluíram posteriormente para artigos
mais elaborados, com bocais e alças, imagens em relevo, ou com pinturas vivas que
possivelmente passaram a ser considerados objetos de decoração. Imagens em
cerâmica de figuras humanas ou humanóides, representando possivelmente deuses
daquele período também são frequentes. Parte dos artesãos também chegou a usar
a argila na construção de casas rudes.

Em outros lugares como na China e no Egito, a cerâmica tem cerca de 5000


anos. Tendo destaque especial o túmulo do imperador Qin Shihuang e seus
soldados de terracota.

No Egito, a arte de vidrar é datada em cerca de 3000 anos a.C.. Colares de


faianças vidradas aparecem entre as relíquias do 3o. milênio, juntamente com
estatuetas e amuletos. O mais velho fragmento de cerâmica vidrada foi feito em
policromia, trazendo o nome do rei Mens do Egito.

Outras manifestações importantes na história da cerâmica foram os


Babilônicos e os assírios que utilizavam cerâmica com ladrilhos esmaltados em azul,
cinza azulado e creme e ainda relevos decorados (século VI a.C.), bem como os
persas com sua fabricação de objetos em argila cozida em alto brilho, e das cores
obtidas misturando óxidos metálicos, método usado ainda nos nossos dias.

Durante o século XVIII na Europa, trabalhava-se em dois tipos básicos de


cerâmicas: a cerâmica dura ou a macia misturada com pasta artificial, a primeira é
usada em Meissen na Alemanha, Europa Central, Rússia e partes da Itália, a
segunda, na Espanha, França e Inglaterra.
Com o tempo, a cerâmica foi evoluindo e ganhando os nossos dias, mas não
sem contar com os esforços dos gregos, romanos, chineses, ingleses, italianos,
franceses, alemães e norte-americanos. A esmaltação industrial teve início por volta
de 1830, na Europa Central.

Por muitos anos, as placas cerâmicas foram conhecidas como sinônimo de


requinte e luxo. Após a segunda Guerra Mundial, houve um grande aumento da
produção de revestimento cerâmico, por consequência do desenvolvimento de
novas técnicas de produção. Isso fez com que os preços começassem a baixar,
possibilitando a uma faixa maior de classes sociais a condição de adquirir o produto
cerâmico. Nesta época, as placas cerâmicas eram utilizadas primordialmente em
banheiros e cozinhas.

Com o passar dos anos, a indústria cerâmica se desenvolveu com grande


rapidez. Novas tecnologias, matérias-primas, formatos e design foram
desenvolvidos, o que proporcionou a migração da cerâmica do banheiro e cozinha
para outras partes da casa, aliás, acabou migrando também para fora dos portões
das residências, indo para shoppings, aeroportos, hospitais, hotéis, entre outros
locais. No tocante da tecnologia atual, o uso da cerâmica não se restringe apenas
aos tijolos refratários, mas também em aplicações aeroespaciais e de tecnologia de
ponta, como na blindagem térmica de ônibus espaciais, na produção de nanofilmes,
sensores para detectar gases tóxicos, varistores de redes elétricas entre outros.

No Brasil colonial havia em cada engenho de açúcar um forno de tijolos para


a confecção de louças de barro. Famílias abastadas utilizavam porcelanas da Índia.

As principais matérias-primas são o Feldspato (particularmente os


potássicos), a sílica e a argila. Além destes três principais componentes, as
cerâmicas podem apresentar aditivos para o incremento de seu processamento ou
de suas propriedades finais. Após submetida a uma secagem lenta à sombra para
retirar a maior parte da água, a peça moldada é submetida a altas temperaturas que
lhe atribuem rigidez e resistência mediante a fusão de certos componentes da
massa, fixando os esmaltes das superfícies. A cerâmica pode ser uma actividade
artística, em que são produzidos artefactos com valor estético, ou uma actividade
industrial, através da qual são produzidos artefactos com valor utilitário. De acordo
com o material e técnicas utilizadas, classifica-se a cerâmica em :

 terracota - argila cozida no forno, sem ser vidrada, embora, às vezes,


pintada.
 cerâmica vidrada - o exemplo mais conhecido é o azulejo.
 grês - cerâmica vidrada, às vezes pintada, feita de pasta de quartzo,
feldspato, argila e areia.
 faiança - louça fina obtida de pasta porosa cozida a altas temperaturas,
envernizada ou revestida de esmalte sobre o qual pintam-se motivos
decorativo.

Cerâmica avançada

A cerâmica avançada tem sua origem da necessidade de materiais que oferecessem


ao mercado um desempenho superior, de acordo com as demandas dos avanços
tecnológicos. A partir dessa demanda, produtos desenvolvidos com base em
cerâmica acabaram por substituir os tradicionais, agregando qualidade e resistência
aos produtos finais.

Na cerâmica avançada, os materiais são produzidos a partir de matérias-primas de


extrema pureza, como carbetos, óxidos, boretos, nitretos, oxinitretos, etc. O
resultado final apresenta características superiores, como a alta capacidade de
resistir a temperaturas elevadas, capazes de fundir o aço, além da resistência a
grande parte dos corrosivos químicos.

Dentre os componentes básicos utilizados no desenvolvimento da cerâmica


avançada, as chamadas “terras raras” merecem destaque, dentre elas o lantânio,
cério, neodímio, praseodímio. Novos estudos sobre as terras raras levam a origem
das propriedades das cerâmicas avançadas, melhorando cada vez mais o
desempenho dos materiais cerâmicos em aplicações diversas.
São tão diversos os produtos cerâmicos hoje utilizados em aplicações
técnicas sofisticadas que fica difícil uma perfeita classificação deles. Geralmente
esses materiais são individualmente projetados para servir a uma aplicação
específica de modo a otimizar um conjunto particular de propriedades requeridas.
Muitas dessas cerâmicas técnicas modernas exibem propriedades que nunca antes
sonhadas pelos ceramistas do passado.

Em geral, a maioria desses produtos sofisticados são feitos a partir de matéria


prima de alta pureza (muitas delas sintéticas e por isso mesmo caras), geralmente
utilizando novas técnicas de conformação, tratamento especiais de sinterização e
freqüentemente requerem extensivos acabamentos e testes antes de serem
colocados em uso. Para distinguir essas cerâmicas técnicas de cerâmicas mais
tradicionais, o termo cerâmicas avançadas, e simplesmente novas cerâmicas têm
sido usados.

Uma listagem parcial das cerâmicas avançadas poderia incluir as cerâmicas


estruturais de alta temperatura, as ferramentas de corte cerâmicas, os materiais
para implantes de biocerâmicas, os revestimentos para o ônibus espacial ( e outros
materiais que funcionam como barreiras térmicas aeroespaciais), blindagem
cerâmica, materiais para janelas aeroespaciais, fibras óticas, dielétricos com alta
permissividade para capacitores , materiais para selagem, substratos multicamadas,
materiais eletro-óticos, cerâmicas supercondutores, combustíveis nucleares
cerâmicos, uma ampla variedade de recobrimentos cerâmicos, eletrólitos sólidos
para bateriais de alta temperatura, células à combustível, materiais magnéticos,
materiais termistores, varistores, e assim por diante.

Os compósitos de matriz cerâmica (também chamados de CMCs) têm se


tornado mais comuns nos últimos tempos. Os materiais compósitos com matriz
cerâmica reforçados com fibras, whiskers ou plaquetas representam uma área
bastante promissora. Um relatório recente do Centro de Análise de Informação em
Cerâmica do Departamento de Defesa Americano previu que o mercado americano
para compósitos de matriz cerâmica vai crescer a uma taxa anual de quase15% e
atingir os U$ 500 milhões por volta de ano 2000.

Enquanto que as cerâmicas tradicionais são usualmente desenvolvidas em


laboratórios de pesquisa e desenvolvimento
industriais, uma grande variedade de cerâmicas avançadas resultaram de trabalho
fundamental feito em laboratórios de universidades e governamentais. Esses
desenvolvimentos ocorreram mundialmente, com o Japão na liderança por
váriasinstâncias.

Uma medida da importância das cerâmicas avançadas para a moderna


tecnologia é indicada pela existência de organizações tais como Associação de
Cerâmicas Avançadas dos Estados Unidos ( United States Advanced Ceramic
Association), e "Electronics, Nuclear Engineering Ceramics", e "Glass and Optical
Materials Division of the American Ceramic Society". O mercado mundial para
cerâmicas utilizadas em eletrônicas, automóveis, dispositivos óticos integrados,
sistemas avançados de energia, biocerâmicas, e indústrias aeroespaciais está
previsto ser de cerca de U$18.8 bilhões por volta do ano 2000. Além dos amplos
espectros de propriedades úteis , existem motivos chaves para o sucesso da
aplicação de cerâmicas avançadas.

Um desses motivos é o desenvolvimento de novos níveis de compreensão da


ciência do processamento e fabricação de tais materiais que permitem fazer
produtos com requisitos para tolerância de tamanho bastante extremos e com alto
grau de reprodutibilidade de suas características. Um segundo motivo chave é o
reconhecimento que diferentes critérios, daqueles usados para materiais dúcteis,
são necessários quando se projeta o uso de materiais duros, frágeis como
oscerâmicos.

Tem sido crucial desenvolver métodos de testes que produzam valores


“verdadeiros” para propriedades que possam ser usadas em cálculos críticos de
projeto. Outros testes mais comuns são apropriados somente para julgamentos
envolvendo controle de qualidade. Uma das razões para a formação da Associação
Americana de Cerâmicas Avançadas foi a necessidade dos fabricantes trabalhar
com novos procedimentos de testes adequados para cerâmicas avançadas.

Para dar uma visão dentro do espectro de características especiais e aplicações


sofisticadas das cerâmicas avançadas,três tipos importantes – cerâmicas
estruturais, eletrônicas e óticas – serão discutidas aqui em algum detalhe.
Cerâmicas Estruturais

O termo cerâmicas estruturais é aplicado a materiais que possuem


geralmente pequenos tamanhos de grãos, são virtualmente isentos de poros e
possuem resistência à fratura muito alta, alta tenacidade à fratura e grande dureza.
Esses materiais encontram aplicações como componentes em motores e outras
máquinas, anteriormente feitos de ligas metálicas. Muitas vezes têm formas
intrincadas, são leves porém resistentes.

Essas cerâmicas geralmente trabalham sob condições de carregamento


dinâmico, envolvendo tensões de tração e de impacto, e freqüentemente devem
funcionar a altas temperaturas e em ambientes corrosivos. Elas não devem ser
confundidas com os produtos estruturais de argila que, apesar de usados como
materiais de construção com importantes implicações como suporte de carga, são
de estrutura grosseira, bem porosos e utilizados na sustentação de cargas
compressivas estáticas em estruturas relativamente estacionárias e em ambientes
não nocivos. Da mesma forma, as cerâmicas estruturais não devem ser confundidas
com refratários pesados usados primariamente em aplicações de suporte de cargas
compressivas em temperaturas elevadas, embora exista uma tendência crescente
para se fazer usos de cerâmicas estruturais em lugares antes ocupados por
refratários mais convencionais, ou seja certas zonas mais requisitadas de fornos e
vasos de processamentos. Os materiais de maior interesse como cerâmicas
estruturais são carbetos de silício (SiC), nitreto de silício (Si3N4), certos óxidos como
a zircônia (ZrO2) especialmente processados e uma variedade de compósitos de
matriz cerâmica. No caso de carbeto de silício e nitreto de silício, os materiais puros
não se sinterizam sob condições ordinárias, de modo que eles freqüentemente são
prensados à quente (hot pressed ou hot-isostatic pressed), geralmente com aditivos
que forneçam um pequena quantidade de fase líquida para assistir na obtenção de
uma matriz com tamanho de grão refinado. Várias técnicas têm sido desenvolvidas
para a conformação desses materiais sem quase nenhum encolhimento durante a
sinterização ou quase nenhuma necessidade de usinagens depois da fabricação.
Esse processamento é conhecido como near- net-shape-forming. Carbeto de silício
(SiC): O chamado carbeto de silício ligado por reação (reaction bonded) é feito
misturando-se pó de carbeto de silício com uma quantidade relativamente pequena
de pó de carbono muito fino, compactando-se essa mistura para a forma desejada e
em seguida aquecendo-se o compactado enquanto se infiltra nele silício fundido.

O silício fundido reage com o carbono finamente granulado no interior do


compactado para formar um carbeto de silício adicional, que serve para ligar os
grãos de carbeto de silício originais.

Após o resfriamento, o silício não reagido permanece como uma segunda


fase que preenche poros na estrutura. Um material como esse, é na realidade um
compósito de carbeto de silício e silício, e constitui um bom material cerâmico para
uso abaixo da temperatura de fusão do silício. Nitreto de silício (Si3N4): Pode-se
também fabricar peças de nitreto de silício pelo método de ligação através de
reação. Uma mistura de pós de nitreto de silício com pós de silício muito fino é
prensado ou de outro modo conformado até formar um compactado poroso que é
em seguida aquecido (abaixo da temperatura de fusão do silício) em atmosfera rica
em nitrogêncio. O nitrogênio penetra dentro dos poros, onde reage com as partículas
finas de silício e formam nitreto de silício adicional que age para ligar o resto de pó
presente na peça compactada. O produto final tem uma porosidade residual, porém
é bastante adequada para muitas aplicações estruturais. Exemplo de microestrutura
de cerâmicas de nitreto de silício. A forma alongada de alguns grãos faz aumentar a
tenacidade dessas cerâmicas.
Aumento da Tenacidade da Zircônia: O uso de processos para aumentar a
tenacidade da zircônia - ou seja, torná-la mais resistente à propagação de pequenas
trincas, e portanto mais capaz de reter sua integridade estrutural sob condições de
carregamento quando de outra forma poderia sofrer uma fratura frágil catastrófica -
tem resultado na adoção desse material para muitas aplicações de cerâmica
estrutural. O aumento da tenacidade é dado por meio de uma distribuição uniforme
de inclusões muito finas de zircônia na forma tetragonal (instável) dentro da matriz
de zircônia estabilizada na forma cúbica (essa cerâmica é conhecida como zircônia
parcialmente estabilizada). Quando uma trinca encontra uma dessas inclusões,
parte da energia de propagação de trinca é absorvida na transformação da inclusão
para a sua forma estável (monoclínica). Dessa forma a trinca é freada ou mesmo
parada no seu movimento de propagação. O mecanismo de reforço por meio de
uma dispersão de finas inclusões de zircônia instável pode ser aplicado também a
outros materiais tais como as cerâmicas de alumina. Essas cerâmicas resistentes e
tenazes podem ser usadas em aplicações que sofrem alto desgaste tais como
ferramentas de corte, matrizes de trefilação de fios e até mesmo com lâminas de
corte em facas e tesouras que permanecem amoladas quase que indefinidamente.
Nessas aplicações de alto desgaste também podem ser usadas cerâmicas de
carbeto de boro (B4C), compósitos de matriz cerâmica e até mesmo diamante.

Um certo número de partes de um motor de combustão interna estão sendo


feitas de cerâmicas estruturais. Essas partes incluem rotores e estatores para
turbinas a gás ou "superchargers", enxertos em cabeçotes de pistão, cabeçotes e
acentos de válvulas. Em aplicações onde ainda não se faz adequado o uso de peças
monolíticas inteiramente cerâmicas, se usa recobrir peças metálicas com barreiras
térmicas cerâmicas para proteger o metal contra o calor e a corrosão. Além do poder
de manter a resistência em temperaturas muito altas, as cerâmicas estruturais são
também menos densas que os metais, de modo que a grande redução em peso e
inércia podem ser considerados como benefícios adicionais para a utilização de
partes cerâmicas nos motores.

Motores todo cerâmico poderiam operar sem resfriamento (os chamados


motores adiabáticos), o que poderia aumentar a eficiência térmica; muito trabalho de
desenvolvimento na direção desse objetivo está sendo conduzido. Uma aplicação
especialmente importante das cerâmicas estruturais envolve seus usos como
blindagens de uso militar, protegendo veículos ou pessoas. Nesse campo de
aplicação a chave é a capacidade de absorver energia cinética de uma bala ou
qualquer partícula penetrante pela formação de um reticulado de microtrincas
propagantes. Compósitos de matriz cerâmica reforçadas com fibras apresentam-se
bastante promissores para substituir monólitos de cerâmicas estruturais nas
aplicações de blindagens. Além de suas qualificações como absorvedores de
choque e de frenagem de projéteis , as blindagens cerâmicas possuem um benefício
adicional de serem leves quando comparadas com as metálicas de igual potência.
Certos materiais cerâmicos podem ser usados em aplicações estruturais no corpo
humano, essencialmente como substituições para o osso. Cerâmicas de alumina,
especialmente preparadas, carbono vítreo, apatita sintética (fosfato de cálcio) e
mosmo certos vidros são biocompatíveis; o corpo humano não vai somente tolerá-lo
como implantes mas tamb;em incorporá-los pelo inter-crescimento de tecido para
dentro dos poros.

A necessidade de ganhar a aprovação da US Food and Drug Administration e


a complexidade e demora nos testes clínicos associados com o processo de
licenciamento desses materiais têm retardado a implementação de implantes
biocerâmicos, porém os resultados de testes em animais são bastante promissores.
Cermet

“Cermet” é um nome genérico para uma grande gama de compósitos diferentes, que
consiste em um material formado pela fase cerâmica (CER) e metálica (MET). As
vezes a cerâmica é o ingrediente em maior quantidade e age como matriz (a base
ou o encapsulamento) a qual as partículas de metal estão envoltas. Cermets usadas
em aplicações elétricas geralmente são feitas dessa forma, sendo exemplos de
compósitos de matriz cerâmica. Mas o componente metálico também pode ser
matriz, sendo chamado compósito de matriz metálica.

Assim como outros compósitos, cermets são materiais com uma microestrutura com
características em comum com cada um dos constituintes. Por exemplo, o
ingrediente metálico permite que elétrons fluam pelo material, permitindo que o
material conduza eletricidade. De outra forma, a cerâmica seria um isolante elétrico.

Sob certas condições, cermets se comportam como se tivessem uma camada


dinâmica, com partículas de metal que se separam e se unem. Isso efetivamente
forma uma camada suave, dura e resistente a desgaste, aproximando o
comportamento com a cerâmica.

O cermet é um composto cerâmico metálico e foi desenvolvido para ter as melhores


propriedades da cerâmica, como resistência a altas temperaturas e dureza, e as
melhores propriedades do metal, como a deformação plástica. O metal é usado
como um revestimento para óxido, boreto ou carboneto. Geralmente o elemento
metálico usado é níquel, molibdênio e cobalto. Dependendo da estrutura física do
material, cermets podem ser compósitos de matriz metálica, porém geralmente a
fase metálica corresponde a menos de 20% em volume.

O Cermet mais comum é o carboneto cementado, que é composto por partículas


muito duras de uma cerâmica refratária como carboneto de tungstênio (WC) ou
carboneto de titânio (TiC), envolto em uma matriz metálica como cobalto ou níquel.
Esses compósitos são utilizados como ferramenta de corte para aços endurecidos.
As partículas duras de cabonetos proporcionam a superfície de corte, porém, sendo
extremamente quebradiças, não são totalmente capazes de suportarem o estresse
do corte. A resistência é aumentada pela inclusão de uma matriz de metal dúctil, que
isola as partículas de carbetos umas das outras, evitando a propagação de trincas.

Ambas matriz e partículas são materiais refratários, que resistem as altas


temperaturas geradas pelo corte em materiais extremamente duros. Nenhum
material sozinho poderia prover essa combinação de propriedades.

Grande parte do material pode consistir de partículas cerâmicas, chegando até 90%
em volume.

VANTAGENS

• Baixa tendência à formação de gume postiço;

• Boa resistência à corrosão;

• Resistência à temperatura elevada;

• Alta estabilidade química;

• Superior resistência ao desgaste e à formação de crateras, é capaz de usinar a


altas velocidades;

• Baixa afinidade com a peça usinada, capaz de obter acabamento espelhado.


UTILIZAÇÃO

Talvez a utilização mais conhecida do cermet seja o uso em ferramentas de corte,


como em pastilhas, em dentes de serra e brocas, com ótima resistência e
acabamento no corte.

Além disso, na indústria automotiva e aeroespacial, cermet são usadas na produção


de diversos componentes, como camisas de motor e bielas, aumentado a
resistência, diminuindo atrito e melhorando o consumo, com benefícios semelhantes
ao uso de lubrificantes.

No uso militar, também é usado em coletes de proteção e camadas de proteção


para diminuir o atrito em submarinos.

Cermets também são usadas em junções entre metal e cerâmica. Construções de


tubo de vácuo foram um dos primeiros usos críticos, com a aplicação e
desenvolvimento de selo pela indústria eletrônica. Cientistas alemães verificaram
que poderiam produzir tubos de vácuo com melhor performance e confiabilidade
substituindo vidro por cerâmica. Além disso, os tubos cerâmicos são mecanicamente
mais fortes e menos sensíveis a choque térmicos do que tubos de vidro. Hoje, tubos
de vácuo provaram ser a chave para aquecimento solar de água.

Cermets também são usados na fabricação de resistores (especialmente


potenciômetros), capacitores e outros componentes eletrônicos que devem suportar
alta temperatura.

Grosseiramente, podemos pensar em resistores de cermet como uma mistura de


um isolante (a matriz cerâmica) e o condutor (partículas de metal), sendo o tipo do
material e a proporção determinantes para a resistência final.

Cermets também podem ser usados por dentistas para preenchimento e próteses,
como alternativas a ligas metálicas.
O preenchimento comum (amalgama) é constituído de 50% de mercúrio, prata,
estanho e cobre, é relativamente barato e durável, porém tem uma aparência cinza
desagradável, além da toxicidade do mercúrio poder afetar o paciente e a água
utilizada no processamento do produto. Os preenchimentos compósitos poliméricos
não tem nenhum desses problemas, porém a durabilidade é de 5 a 10 anos, metade
da amalgama, e difíceis de fixar. O preenchimento de cermet, por outro lado,
combina as vantagens da amalgama e do polímero, sendo muito mais fortes que os
compósitos poliméricos e fáceis de manusear e fixar como a amalgama.

A biocerâmica tem um grande papel nos materiais biomecânica. O desenvolvimento


desses materiais e a variedade de processos de produção ampliou as aplicações
para o uso no corpo humano, seja na forma de camadas ou de implantes, em
compostos poliméricos ou rede porosa.

Esses materiais trabalham bem com o corpo humano por algumas razoes, por
exemplo, são inertes e podem ficar no corpo humano sem alterações.

Um importante uso da biocerâmica é a cirurgia de substituição de quadril. O material


usado para as juntas do quadril era geralmente metal como titânio, com o encaixe do
quadril revestido por plástico. A esfera multiaxial era de metal mas está sendo
substituída por uma esfera de cerâmica. Essa peça tem menor coeficiente de atrito
entre o metal em comparação com o polímetro, além de aumentar a durabilidade do
implante.

Alguns tipos de cermets estão sendo estudados para uso em escudos em naves
espaciais, por resistirem impactos de micrometeoritos em alta velocidade e lixo
espacial, de forma muito mais eficiente que materiais espaciais tradicionais como
alumínio e outros metais.
FABRICAÇÃO

Os MMCs são fabricados a partir do processo de sinterização, que é um tratamento


térmico para ligar as partículas umas às outras em uma coerente e sólida estrutura,
via eventos de transporte de massa, que em sua maioria ocorre nos níveis atômicos.
A força motriz do sistema para ocorrer a sinterização é a diminuição da energia livre
do sistema, diminuindo a área de superfície, por formar ligações entre partículas.

O pó cerâmico e o metálico são misturados prensados e sinterizados. A prensagem


pode ser uniaxial ou isostática. Quando a sinterização ocorre junto com a
prensagem isostática, o processo é chamado de Hot Isostatic Pressing (HIP).

Antes da sinterização, as pastilhas prensadas podem possuir até o dobro do


tamanho de seu respectivo tamanho final. As pastilhas contraem 50% em volume e
20% em peso no processo de sinterização. As pastilhas prensadas são medidas em
peso e altura. As trincas superficiais também são verificadas

O processo de sinterização leva por volta de 12 horas com uma temperatura de


aproximadamente 1500ºC.

Também a prensagem isostática pode ser feita a frio e na sinterização pode ser
prensado uniaxialmente. Outros exemplos de processos no estado sólido são
sinterização à plasma e com microondas.
BIBLIOGRAFIA:

[http://nptel.ac.in/courses/Webcourse-contents/IISc-BANG/Composite
%20Materials/pdf/Lecture_Notes/LNm1.pdf]

[https://www.ceramicindustry.com/articles/94337-materials-innovation-manufacturing-
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[https://en.wikipedia.org/wiki/Brittleness]

[https://www.explainthatstuff.com/cermets.html]

[http://www.virginia.edu/ms/research/wadley/Thesis/JKeeneMS.pdf]

[https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/4817-cermet#.WypTeFVKgcA]

[http://engenheirodemateriais.com.br/2016/04/22/compositos-com-matriz-metalica-
mmc/]

[http://global-sei.com/technology/tr/bn82/pdf/82-03.pdf]

[https://www.ceramtec.com/mmc-metal-ceramic-composite-materials/]

[https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/4815-como-fabricar-pastilhas-de-
metal-duro]

http://www.artdentallab.com.br/pdf/produtos_ceramicos-parte02.pdf

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