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Aborto ou interrupção da gravidez é a interrupção de uma gravidez 

resultante da
remoção de um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de sobreviver fora do
útero. Um aborto que ocorra de forma espontânea denomina-se aborto espontâneo ou
"interrupção involuntária da gravidez". Um aborto deliberado denomina-se "aborto
induzido" ou "interrupção voluntária da gravidez". O termo "aborto", de forma isolada,
geralmente refere-se a abortos induzidos. Nos casos em que o feto já é capaz de
sobreviver fora do útero, este procedimento denomina-se "interrupção tardia da
gravidez".[1]

Quando são permitidos por lei, os abortos em países desenvolvidos são um dos
procedimentos médicos mais seguros que existem.[2][3] Os métodos de aborto modernos
usam medicamentos ou cirurgia.[4] Durante o primeiro e segundo trimestres de gravidez,
o fármaco mifepristona em associação com prostaglandina aparenta ter a mesma
eficácia e segurança que a cirurgia.[4][5] Os contraceptivos, como a pílula ou dispositivos
intrauterinos, podem ser usados imediatamente após um aborto.[5] Quando realizado de
forma legal e em segurança, um aborto induzido não aumenta o risco de problemas
físicos ou mentais a longo prazo.[6] Por outro lado, os abortos inseguros e clandestinos
realizados por pessoas sem formação, com equipamento contaminado ou em instalações
precárias são a causa de 47 000 mortes maternas e 5 milhões de admissões hospitalares
por ano.[6][7]

Em todo o mundo são realizados 56 milhões de abortos por ano,[8] dos quais cerca de
45% são feitos de forma insegura.[9] Entre 2003 e 2008 a prevalência de abortos
manteve-se estável,[10] depois de nas duas décadas anteriores ter vindo a diminuir à
medida que mais famílias no mundo tinham acesso a planeamento familiar e
contracepção.[11] A Organização Mundial de Saúde recomenda que todas as mulheres
tenham acesso a abortos legais e seguros.[12] No entanto, em 2008 apenas cerca de 40%
das mulheres em todo o mundo tinham acesso a abortos legais.[13] Os países que
permitem o aborto têm diferentes limites no número máximo de semanas em que são
permitidos.[13]

Ao longo da história, foi comum a prática de abortos com ervas medicinais,


instrumentos aguçados, por via da força ou com outros métodos tradicionais.[14] A
legislação e as perspetivas culturais e religiosas sobre o aborto diferem conforme a
região do mundo. Em algumas regiões, o aborto só é legal em determinados casos,
como violação, doenças congénitas, pobreza, risco para a saúde da mãe ou incesto.[15]
Em muitos locais existe debate social sobre as questões morais, éticas e legais do
aborto.[16][17] Os grupos que se opõem ao aborto geralmente alegam que um embrião ou
feto é um ser humano com direito à vida e comparam o aborto a um homicídio.[18][19] Os
grupos que defendem a legalização do aborto geralmente alegam que a mulher tem o
direito de decidir sobre o seu próprio corpo.[20]

Índice
 1 Classificação
o 1.1 Aborto induzido
o 1.2 Aborto espontâneo
o 1.3 Outras classificações
 2 Métodos de indução
o 2.1 Aborto farmacológico
o 2.2 Aborto cirúrgico
 2.2.1 Aspiração uterina a vácuo
 2.2.2 Dilatação e curetagem uterina
 2.2.3 Dilatação e evacuação
 2.2.4 Eliminação ou expulsão fetal (indução do trabalho de parto)
 2.2.5 Aborto por esvaziamento craniano intrauterino
o 2.3 Outros métodos
 3 Segurança
o 3.1 Aborto inseguro
o 3.2 Câncer de mama
o 3.3 Dor do feto
o 3.4 Consequências a longo prazo para a criança não desejada
 4 Motivações
 5 História
o 5.1 Etimologia
 6 Sociedade e cultura
o 6.1 Debate sobre o aborto
o 6.2 Legislação
 7 Ver também
 8 Referências
 9 Bibliografia
 10 Ligações externas

Classificação
"Aborto" ou "interrupção da gravidez" é a interrupção de uma gravidez pela remoção de
um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de sobreviver fora do útero. Um
aborto que ocorra de forma espontânea denomina-se aborto espontâneo ou "interrupção
involuntária da gravidez". Um aborto deliberado denomina-se "aborto induzido" ou
"interrupção voluntária da gravidez". O termo "aborto", usado de forma isolada,
geralmente refere-se a abortos induzidos. Nos casos em que o feto já é capaz de
sobreviver fora do útero, este procedimento denomina-se "interrupção tardia da
gravidez".[1]

Aborto induzido

O aborto induzido, também denominado aborto provocado ou interrupção voluntária da


gravidez, é o aborto causado por uma ação humana deliberada. Ocorre pela ingestão de
medicamentos ou por métodos mecânicos. O aborto induzido possui as seguintes
subcategorias:

 Aborto terapêutico
o aborto provocado para salvar a vida da gestante[21]
o para preservar a saúde física ou mental da mulher[21]
o para dar fim à gestação que resultaria numa criança com problemas
congênitos que seriam fatais ou associados com enfermidades graves[21]
o para reduzir seletivamente o número de fetos para diminuir a
possibilidade de riscos associados a gravidez múltipla.[21]
 Aborto eletivo: aborto provocado por qualquer outra motivação.[21]

Aborto espontâneo

Ver artigo principal: Aborto espontâneo

Um aborto espontâneo, ou interrupção involuntária da gravidez, é a expulsão não


intencional de um embrião ou feto antes das 24 semanas de idade gestacional.[22] Uma
gravidez que termine antes das 37 semanas de gestação é denominada parto pré-termo
ou prematuro.[23] Quando o feto morre no útero após a data de viabilidade fetal ou
durante o parto, denomina-se morte fetal.[24] Os partos prematuros e as mortes fetais
geralmente não são considerados abortos espontâneos, embora os termos por vezes se
sobreponham.[25]

Apenas 30 a 50% das gravidezes avançam para além do primeiro trimestre.[26] A grande
maioria dos abortos espontâneos acontece antes da mulher se aperceber da gravidez[27] e
muitas gravidezes são perdidas antes de os médicos detetarem um embrião.[28] Entre as
gravidezes diagnosticadas, 15 a 30% terminam em aborto espontâneo, dependendo da
idade e estado de saúde da grávida.[29] Cerca de 80% dos abortos espontâneos acontecem
antes das primeiras doze semanas de gravidez.[30]

A causa mais comum de aborto espontâneo durante o primeiro trimestre de gravidez são
anomalias cromossómicas no embrião ou no feto.[27][31] Esta causa é responsável por cerca
de 50% dos abortos espontâneos.[32] Entre outras possíveis causas estão doenças
vasculares como o lúpus, a diabetes, outros problemas hormonais, infeções e anomalias
no útero.[31] O risco de aborto espontâneo aumenta em função da idade materna avançada
(> 35 anos) e antecedentes de outros abortos espontâneos.[32] Um aborto espontâneo pode
ainda ser causado por trauma acidental. No entanto, um trauma intencional ou indução
deliberada de stresse na grávida é considerado aborto induzido.[33]

Outras classificações

Quanto ao tempo de duração da gestação:

 Aborto subclínico: abortamento que acontece antes de quatro semanas de


gestação
 Aborto precoce: entre quatro e doze semanas
 Aborto tardio: após doze semanas

Métodos de indução
Aborto farmacológico

Ver artigo principal: Aborto farmacológico


Também conhecido como aborto médico, químico ou não-cirúrgico, é o aborto induzido
por administração de fármacos que provocam a interrupção da gravidez e a expulsão do
embrião. O aborto farmacológico é aplicável apenas no primeiro trimestre da gravidez.

Tornou-se um método alternativo de aborto induzido com o surgimento no mercado dos


análogos de prostaglandina no início dos anos 1970 e do antiprogestágeno mifepristona
(RU-486) nos anos 1980.[34][35][36]

Os regimes de aborto mais comuns para o primeiro trimestre utilizam mifepristona em


combinação com um análogo de prostaglandina (misoprostol) até 9 semanas de idade
gestacional, metotrexato em combinação com um análogo de prostaglandina até 7
semanas de gestação, ou um análogo de prostaglandina isolado.[34] Os regimes de
mifepristona–misoprostol funcionam mais rápido e são mais efetivos em idades
gestacionais mais avançadas do que os regimes combinados de metotrexato-
misoprostol, e os regimes combinados são mais efetivos que o uso do misoprostol
isolado.[35]

Em abortos muito precoces, com até 7 semanas de gestação, o regime combinado de


mifepristona-misoprostol é considerado mais efetivo do que o aborto cirúrgico
(aspiração à vácuo).[37] Os regimes de aborto médico precoce que utilizam 200 mg de
mifepristona, seguido por 800 mcg de misoprostol vaginal ou oral 24-48 horas após
apresentam efetividade de 98% até as 9 semanas de idade gestacional.[38] Nos casos de
falha do aborto farmacológico, é necessária a complementação do procedimento com o
aborto cirúrgico.[39]

Os abortos farmacológicos precoces são responsáveis pela maioria dos abortos com
menos de 9 semanas de gestação na Grã-Bretanha,[40][41] França,[42] Suíça,[43] e nos países
nórdicos.[44] Nos Estados Unidos, o percentual de abortos farmacológicos precoces é
menor.[45][46]

Regimes de aborto farmacológico usando mifepristona em combinação com um análogo


de prostaglandina são os métodos mais comumente usados para abortos de segundo
trimestre no Canada, maior parte da Europa, China e Índia,[36] ao contrário dos Estados
Unidos, onde 96% dos abortos de segundo trimestre são realizados cirúrgicamente com
dilatação e esvaziamento uterino.[47]

Aborto cirúrgico

Os procedimentos no primeiro trimestre podem geralmente ser realizados usando


anestesia local, enquanto os realizados no segundo trimestre podem necessitar de
sedação ou anestesia geral.[45]

Aspiração uterina a vácuo


Um aborto realizado por aspiração a vácuo com equipamento elétrico em uma gestação
de oito semanas (seis semanas após a fertilização).1: Bolsa amniótica2: Embrião3:
Endométrio4: Espéculo5: Cureta de aspiração6: Saída para a bomba à vácuo

No procedimento de aspiração uterina a vácuo o médico realiza vácuo no útero da


gestante para remover o feto. São utilizados equipamentos manuais ou elétricos para a
realização do vácuo. Geralmente são realizados em gestações de até doze semanas
(primeiro trimestre).

A aspiração manual intrauterina (AMIU) consiste em uma aspiração cujo vácuo é criado
manualmente utilizando-se uma cânula flexível acoplada a uma seringa. Foi
desenvolvida para ser realizada ambulatorialmente sem anestesia geral, não
necessitando ser realizada em bloco cirúrgico. Não é necessária a dilatação cervical.

O procedimento também pode ser utilizando um aparelho de vácuo eléctrico. Neste tipo
de aspiração o conteúdo do útero é sugado pelo equipamento.

Ambos os procedimentos são considerados não-cirúrgicos e são realizados em cerca de


dez minutos. São eficazes e seguros, pois apresentam um baixo risco para a mulher
(0,5% de casos de infecção).

Dilatação e curetagem uterina

Figura mostrando como é empregada a técnica da curetagem

Em gestações mais avançadas, nas quais o material a ser removido do útero é muito
volumoso, recorre-se à curetagem. Ao contrário da aspiração uterina à vácuo, que pode
ser realizada em consultórios ou clínicas, a dilatação e curetagem é um procedimento
cirúrgico, devendo ser realizado em um hospital com bloco cirúrgico. Inicialmente o
médico alarga o colo do útero da paciente com dilatadores, para permitir a passagem da
cureta a seguir. A cureta é um instrumento cirúrgico cortante, em forma de colher, que é
introduzida no útero para realizar a raspagem. Servindo-se da cureta, o médico retira
todo o conteúdo uterino, incluindo o endométrio.

Uma das principais complicações da curetagem é a perfuração uterina causada pela


cureta.

Evita-se a realização da curetagem uterina em gestações com mais de 12-16 semanas


sem antes realizar a expulsão fetal.

Dilatação e evacuação

O procedimento de curetagem é aplicável ainda no começo do segundo trimestre, mas


se não for possível terá de recorrer-se a métodos como a dilatação e evacuação. Neste
procedimento o médico promove primeiro a dilatação cervical (um dia antes).

Na intervenção que é feita sob anestesia é inserido um aparelho cirúrgico na vagina para
cortar o material intra-uterino em pedaços, e retirá-los de dentro do útero. No final é
feita a aspiração. O feto é remontado no exterior para garantir que não há nenhum
pedaço no interior do útero que poderia levar a infecção séria. Em raríssimas situações
(0,17% das IVGs realizadas nos Estados Unidos em 2000) o feto é removido intacto.

Eliminação ou expulsão fetal (indução do trabalho de parto)

A eliminação ou expulsão fetal geralmente é reservada para gestações com mais de doze
semanas. Consiste em forçar prematuramente o trabalho de parto com o uso do análogo
de prostaglandina misoprostol. Pode-se associar o uso de ocitocina ou injeção no líquido
amniótico de soluções hipertônicas com solução salina ou ureia.

Após a expulsão fetal, pode ser necessária a realização de curetagem.

Aborto por esvaziamento craniano intrauterino

O aborto por esvaziamento craniano intrauterino (ECI), também conhecido como aborto
com "nascimento parcial", é uma técnica utilizada para provocar o aborto quando a
gravidez está em estágio avançado, entre 20 e 26 semanas (cinco meses a seis meses e
meio).[48] Guiado por ultrassom, o médico segura a perna do feto com um fórceps, puxa-
o para o canal vaginal, e então retira o feto do útero, com exceção da cabeça.

Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um cateter para sugar o cérebro do feto
e então o retira por inteiro do corpo da mãe. Em alguns países, essa prática é proibida
em todos os casos, sendo considerada homicídio e punida severamente.[49][50] Esta técnica
tem sido alvo de intensas polêmicas nos Estados Unidos.

Em 2003, sua prática foi proibida em todo o país, gerando revoltas de movimentos pró-
aborto.[51]

Outros métodos
No passado, diversas ervas já foram consideradas portadoras de propriedades abortivas
e foram usadas na medicina popular.[52] No entanto, o uso de ervas com a intenção
abortiva pode causar diversos efeitos adversos graves e até mesmo letais, tanto para a
mãe quanto para o feto, e não é recomendado pelos médicos.[53]

O aborto, às vezes, é tentado através de trauma no abdômen. O grau da força, se intensa,


pode causar diversas lesões internas graves sem necessariamente induzir com sucesso a
perda fetal.[54] No Sudeste da Ásia, há uma tradição antiga de se tentar o aborto através
de forte massagem abdominal.[55]

Métodos utilizados em abortos autoinduzidos não seguros incluem o uso incorreto de


misoprostol e a inserção de materiais não cirúrgicos como agulhas e prendedores de
roupas no útero. A utilização destes métodos não seguros raramente é observada em
países desenvolvidos, onde o aborto cirúrgico é legal e disponível.[56]

Segurança
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Os riscos para a saúde envolvidos no aborto induzido dependem de o procedimento ser


realizado com ou sem segurança.

Os abortos legais realizados nos países desenvolvidos estão entre os procedimentos


mais seguros na medicina.[2][57] Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade materna em
abortos entre 1998 e 2005 foi de 0,6 morte por 100.000 procedimentos abortivos,
tornando o aborto cerca de 14 vezes mais seguro do que o parto, cuja taxa de
mortalidade é de 8,8 mortes por 100.000 nascidos vivos.[58][59]

O risco de mortalidade relacionada com o aborto aumenta com a idade gestacional, mas
permanece menor do que o do parto até pelo menos 21 semanas de gestação.[60][61] Isso
contrasta com algumas leis presentes em alguns países que exigem que os médicos
informem os pacientes que o aborto é um procedimento de alto risco.[62]

A aspiração uterina a vácuo no primeiro trimestre é o método de aborto não-


farmacológico mais seguro, e pode ser realizado em uma clínica de atenção primária em
saúde, clínica de aborto ou hospital. As complicações são raras e podem incluir
perfuração uterina, infecção pélvica e retenção dos produtos da concepção necessitando
de um segundo procedimento para evacuá-los.[63]

Geralmente são administrados antibióticos profiláticos (preventivos) (como a


doxiciclina ou metronidazol) antes do aborto eletivo,[64] pois acredita-se que eles
diminuem substancialmente o risco de infecção uterina pós-operatória.[45][65]

Existe pouca diferença em termos de segurança e eficácia entre o aborto farmacológicos


usando regime combinado de mifepristona e misoprostol e o aborto não-farmacológico
(aspiração a vácuo) quando são realizados no início do primeiro trimestre (até 9
semanas de idade gestacional).[37] O aborto farmacológico com o uso do análogo de
prostaglandina misoprostol isolado é menos efetivo e mais doloroso do que o aborto
usando o regime combinado de mifepristona e misoprostol ou do que o aborto cirúrgico.
[66][67]

Aborto inseguro

A Organização Mundial de Saúde define como abortos inseguros aqueles que são
realizados por indivíduos sem formação, equipamentos perigosos ou em instalações sem
condições de higiene e segurança.[68] Em muitos casos, e principalmente quando existem
limitações no acesso a abortos legais e seguros, as mulheres que procuram terminar a
gravidez vêm-se forçadas a recorrer a métodos de aborto inseguros. Nestes casos,
podem tentar realizar um aborto autoinduzido ou confiar noutra pessoa sem formação
médica adequada ou sem acesso a instalações seguras. A prática de abortos sem
condições de segurança pode resultar em complicações graves para a mulher, entre as
quais um aborto incompleto, sepse, hemorragias, infertilidade e lesões nos órgãos
internos.[69]

Os abortos inseguros são uma das principais causas de morte e incapacidade entre as
mulheres em todo o mundo. Embora os dados sejam imprecisos, estima-se que todos os
anos sejam praticados cerca de 20 milhões de abortos inseguros, 97% dos quais em
países em vias de desenvolvimento.[2] Os abortos inseguros resultam em 5 milhões de
casos de incapacidade por ano.[2][7][70] Cerca de 24 milhões de mulheres são inférteis como
resultado de um aborto inseguro.[71] A estimativa do número de mortes causada por
abortos inseguros varia conforme a metodologia usada. A ONU estima que 70 000
mulheres perdem a vida anualmente em consequência de abortos realizados em
condições inseguras.[2][7][72][73] o que corresponde a 13% de todas as mortes maternas.[74][75]
A OMS estima que a mortalidade tenha diminuído desde a década de 1990.[76] No
entanto, entre 1995 e 2008 a proporção de abortos inseguros aumentou de 44% para
49%.[10] A incidência dos abortos inseguros pode ser difícil de quantificar com precisão,
uma vez que muitos casos são reportados como aborto espontâneo, "regulação
menstrual", "mini-aborto" ou "regulação de menstruação suspensa" ou "adiada".[77][78]

O principal fator que determina se o aborto é feito de forma segura ou insegura é a se é


ou não legal. Os países com leis proibitivas apresentam maior frequência de abortos
inseguros e maior frequência de abortos em geral, quando comparados com aqueles
onde o aborto é permitido e de fácil acesso.[7][10][71][79][80][81][82] A falta de acesso a
contraceção também contribui para o número de abortos inseguros. Estima-se que a
incidência de abortos inseguros pudesse ser reduzida 75%, de 20 para 5 milhões anuais,
se em todo o mundo estivessem disponíveis serviços modernos de saúde materna e
planeamento familiar.[83]

Apenas 40% das mulheres em todo o mundo têm acesso a abortos terapêuticos e
eletivos dentro de determinados limites gestacionais.[13] Cerca de 35% têm acesso a
abortos legais quando cumprem determinados critérios físicos, mentais ou
socioeconómicos.[15] Entre as medidas para diminuir o número de abortos inseguros, a
generalidade das organizações de saúde pública defende a legalização do aborto, a
formação do pessoal médico, a garantia do acesso a serviços de planeamento familiar e
contracetivos e educação sexual.[79][84] Nos países onde o aborto tem vindo a ser
legalizado, tem-se observado uma diminuição acentuada da mortalidade materna.[85][86][87]

Câncer de mama

Esta hipótese não é aceita pelo consenso científico das entidades ligadas ao câncer.[88][89]
[90]
Bind é um pesquisador com uma agenda enviesada e pseudocientífica para a
promoção de suas crenças religiosas através do do "Breast Cancer Prevention Institute".
[91][92]

Dor do feto

Ver artigo principal: Dor fetal

As estruturas anatómicas envolvidas no processo de sensação da dor ainda não estão


presentes nesta fase do desenvolvimento. As ligações entre o tálamo e o córtex cerebral
formam-se por volta da 23ª semana.[93] Existe também a possibilidade de que o feto não
disponha da capacidade de sentir dor, ligada ao desenvolvimento mental que só ocorre
após o nascimento.[94]

Consequências a longo prazo para a criança não desejada

Muitos membros de grupos pró-escolha[95] consideram haver um risco maior de crianças


não desejadas (crianças que nasceram apenas porque a interrupção voluntária da
gravidez não era uma opção, quer por questões legais, quer por pressão social) terem um
nível de felicidade inferior às outras crianças incluindo problemas que se mantêm
mesmo quando adultas, entre estes problemas incluem-se:

 doença e morte prematura[96]


 pobreza
 problemas de desenvolvimento[96]
 abandono escolar[97]
 delinquência juvenil[98]
 abuso de menores
 instabilidade familiar e divórcio[99]
 necessidade de apoio psiquiátrico[99]
 falta de autoestima[100]

Uma opinião contrária, entretanto, apresentada por grupos pró-vida, seria que, mesmo
que sejam encontradas correlações estatísticas entre gravidez indesejáveis e situações
consideradas psicologicamente ruins para as crianças nascidas, esta situação não pode
ser comparada com a de crianças abortadas, visto que estas não estão vivas. Uma
"situação de vida" não seria passível de comparação com uma "situação de morte", visto
a inverificabilidade desta enquanto situação possivelmente existente (a chamada "vida
após a morte") pelos métodos científicos disponíveis. Como não se pode estipular se
uma situação ruim de vida, por pior que fosse, seria pior que a morte, o aborto, no caso,
não poderia ser apresentado como solução, visto que não dá a capacidade de escolha ao
envolvido, enquanto ainda é um feto.[101][102][103]
Motivações
As razões que levam a mulher a optar por um aborto são diversas e diferentes em todo o
mundo.[104][105] Uma das razões mais comuns é o adiamento da gravidez para um momento
mais conveniente ou de forma a permitir focar energias e recursos nos filhos já
nascidos. Entre outras razões pessoais estão a incapacidade em sustentar a criança, quer
em termos de custos diretos, quer em termos de custos indiretos derivados da perda de
rendimentos ao ter que tomar conta da criança, a falta de apoio do pai, a vontade em
proporcionar educação de qualidade aos filhos já nascidos, problemas de
relacionamento com o parceiro, a perceção de ser muito nova para tomar conta de uma
criança, desemprego, e não estar disposta a educar uma criança que tenha sido
concebida como resultado de uma violação, incesto ou outras causas.[105][106]

Alguns abortos são praticados como resultado de pressões sociais. Entre estas pressões
estão a preferência por crianças de determinado sexo ou raça,[107] a reprovação social de
mães solteiras ou de gravidez na adolescência, o estigma social em relação a pessoas
com deficiências, falta de apoios económicos às famílias, falta de acesso ou rejeição de
métodos contracetivos ou resultado de controlo populacional. Estes fatores podem por
vezes resultar em aborto compulsivo ou aborto seletivo.[108]

Em alguns países, em mais de um terço dos casos a principal razão apontada é o risco
para a saúde da mãe ou do bebé.[104][105] Em muitos casos, a motivação é a presença de um
cancro e o aborto é feito para proteger o feto durante o tratamento com quimioterapia ou
radioterapia.[109]

Um estudo norte-americano de 2002 observou que cerca de metade das mulheres que
realizaram abortos tinham usado um método contracetivo no momento da concepção.
No entanto, observou-se inconsistência de uso em cerca de metade das que tinham
usado preservativo e em três quartos das que tinham usado pílula contracetiva. Cerca de
42% das que tinham usado preservativos reportaram que a falha se tinha devido ao
deslizamento ou rutura.[110]

História
Ver artigo principal: História do aborto

A história do aborto, segundo a Antropologia, remonta à Antiguidade.

Há evidências que sugerem que, historicamente, dava-se fim à gestação, ou seja,


provocava-se o aborto, utilizando diversos métodos, como ervas abortivas, o uso de
objetos cortantes, a aplicação de pressão abdominal entre outras técnicas.

Etimologia

A palavra aborto tem sua origem etimológica no latim abortacus, derivado de aboriri
("perecer"), composto de ab ("distanciamento", "a partir de") e oriri ("nascer").

Sociedade e cultura
Debate sobre o aborto

Ver artigo principal: Debate sobre o aborto

O aborto induzido tem sido matéria de debate considerável. As questões éticas, morais,
filosóficas, biológicas, religiosas e legais do aborto são influenciadas pelos sistemas de
valores dos intervenientes. As opiniões sobre o aborto podem envolver os direitos da
mulher, direitos fetais ou legitimidade do governo. Tanto no debate público como
privado, os argumentos a favor ou contra o livre acesso aborto focam-se ou na
legitimidade moral de um aborto induzido ou na legitimidade de leis que permitam ou
restrinjam o acesso ao aborto.[111]

A Declaração sobre Aborto Terapêutico da Associação Médica Mundial afirma que o


debate sobre o aborto resulta do conflito do interesse da mãe com o interesse do filho
por nascer, que dá origem a um dilema moral sobre se a gravidez deve ou não ser
deliberadamente interrompida.[112] Os debates sobre o aborto, em particular aqueles que
incidem sobre a legislação, são muitas vezes encabeçados por grupos que advogam uma
destas posições. Os grupos antiaborto intitulam-se "pró-vida" e advogam maiores
restrições legais ao aborto, em alguns casos a sua proibição total. Os grupos a favor do
aborto intitulam-se "pró-escolha e advogam a liberdade da mulher em tomar decisões
sobre o seu próprio corpo.[113]

A maioria dos movimentos antiaborto alega que qualquer feto humano é uma pessoa
com direito à vida, comparando em termos morais o aborto ao homicídio. A maioria dos
movimentos a favor do aborto alega que a mulher tem direitos reprodutivos e a
liberdade de decidir sobre o seu próprio corpo, especialmente se quer ou não levar uma
gravidez a termo, e que os abortos clandestinos representam um perigo de saúde
pública. Nos países em desenvolvimento em que o aborto é criminalizado, as taxas são
centenas de vezes mais altas atingindo 330 mortes por cada 100 mil procedimentos.[114]

Legislação

Situação jurídica do aborto ao redor do mundo:


  Legalizado em todos os casos
  Legalizado em casos de estupro, risco de vida, problemas de saúde, má-formação do
feto, ou fatores socioeconômicos
  Legalizado em casos de estupro, risco de vida, ou problemas de saúde
  Legalizado em casos de estupro, risco de vida, problemas de saúde, ou má-formação
do feto
  Legalizado em casos de risco de vida, problemas de saúde, ou má-formação do feto
  Legalizado em casos de risco de vida ou problemas de saúde
  Legalizado em casos de risco de vida
  Ilegal em todos os casos
  Não há informações
Ver artigo principal: Legislação sobre o aborto

Nas jurisdições em que o aborto a pedido é permitido por lei, geralmente é necessário
cumprir determinados critérios para se poder aceder a um aborto seguro e legal. Estes
critérios geralmente incidem sobre a idade do feto. Em algumas jurisdições é
determinado um número máximo de semanas, geralmente por volta do fim do primeiro
trimestre, enquanto em outras se exige a avaliação da viabilidade fetal por parte de um
médico. Algumas jurisdições exigem um período de reflexão entre o pedido e a
realização do aborto, obrigam à distribuição de informação relativa ao desenvolvimento
pré-natal ou exigem que os pais sejam contactados se uma filha menor requerer um
aborto.[115] Outras jurisdições podem ainda exigir que a mulher obtenha a aprovação do
pai do feto. Algumas jurisdições exigem ainda que a mulher seja informada dos riscos
do procedimento, incluindo alegados riscos que não são apoiados por evidências
científicas, e também que as autoridades de saúde certifiquem que o aborto é
medicamente ou socialmente necessário. No entanto, muitas destas restrições são
levantadas em situações de emergência.[116]

Noutras jurisdições o aborto a pedido é geralmente proibido. No entanto, muitas destas


jurisdições permitem abortos legais em circunstâncias excecionais. Embora as
circunstâncias variem entre jurisdições, geralmente incidem sobre se a gravidez é ou
não ou resultado de uma violação ou incesto, se existe comprometimento do
desenvolvimento fetal, se a saúde física ou mental da mulher está em risco ou se as
condições socioeconómicas colocam o desenvolvimento da criança em risco.[15]

Em regiões onde o aborto é ilegal e está associado a forte estigma social, as grávidas
podem recorrer a turismo médico, viajando para países onde seja a interrupção da
gravidez seja legal.[117] As mulheres sem meios para viajar recorrem em muitos casos a
abortos ilegais e inseguros ou tentam realizar um aborto por elas mesmas.[118] Em alguns
países em que o aborto é totalmente proibido, algumas clínicas realizam abortos sob
eufemismos como "higiene menstrual" ou "menstruação atrasada".[119][120] Em países onde
o aborto é completamente proibido, como na Nicarágua, as autoridades médicas têm
registado aumentos na morte materna direta e indiretamente relacionados com a
gravidez, assim como mortes causadas pelo receio dos médicos em serem perseguidos
caso tratem outras emergências ginecológicas.[121][122]

Ver também

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