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22/01/2021 Como a vacina para COVID-19 nos ensina sobre o método Agile - Mundo do Marketing

Como a vacina para COVID-19 nos ensina sobre o


método Agile
Imunizantes normalmente levam 15 anos para serem desenvolvidos, mas laboratórios criaram
vacina nessa pandemia em 10 meses. Estrutura de trabalho é semelhante a praticada no Marketing

Por Priscilla Oliveira - 12/01/2021

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O mundo não fala de outra coisa a não ser a chegada


das vacinas para COVID-19. A ansiedade tem
explicação: além das milhares de mortes, a pandemia
mudou drasticamente a economia e fez com que as
formas de relacionamento e consumo mudassem. A
novidade de um imunizante em curto espaço de tempo
acendeu um alerta em muitas pessoas que desconfiaram
da eficácia de algo feito tão rápido. Afinal, vacinas normalmente demoram uns 15 anos para
serem desenvolvidas. Como que laboratórios, como a Oxford, conseguiram criar algo em 10
meses?

Uma breve explicação de Ricardo Parolin Schnekenberg, médico e doutorando na


Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou como o processo de elaboração da vacina
funcionou de maneira semelhante ao método Agile. Veja abaixo em três etapas como os
negócios e a elaboração da vacina funcionam de maneira semelhante:

A dor

De acordo com o especialista em seu blog, o trabalho começou 10 anos atrás, muito antes da
COVID-19 surgir. O grupo de Oxford pesquisava vírus de chimpanzés que poderiam ser
“hackeados” para expressarem uma proteína de outro agente infeccioso e assim induzirem
imunidade em humanos. No Twitter ele também explica que esse sistema (chamado
ChAdOx1) é que permitiria o desenvolvimento rápido de vacinas para diferentes doenças,
apenas trocando-se a proteína do agente infeccioso. Estudos prévios já haviam mostrado
tolerabilidade e segurança no uso desse vetor.

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Ao longo dos anos, essa plataforma ChAdOx1 (Chimpanzee Adenoviral Oxford 1) foi
utilizada no desenvolvimento de diversas vacinas (Ebola, Zika, Chickungunya, HPV, Hepatite
B, Tuberculose, HIV) – por essa razão, ele afirma que há grande experiência e confiança em
sua segurança. O surgimento em 2012 da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), a
segunda doença grave em humanos causada por coronavírus, assustou o mundo assim como o
COVID-19. Antes que ela se tornasse uma pandemia, o mundo conseguiu controlar a MERS,
mas mesmo assim cerca de 800 pessoas morreram e casos foram identificados em 27 países
diferentes.

O médico ainda lembra que pouco tempo depois, em 2014, a África teve o pior surto de Ebola
da história, com mais de 11 mil mortos. Um vírus conhecido e negligenciado por muitas
décadas voltou a assustar o mundo. E, um ano depois, veio a Zika. Para Ricardo, ficou claro
que a humanidade escapou raspando de várias epidemias que poderiam ter sido muito mais
graves e disseminadas. Além disso, no texto do médico ele afirma que a capacidade de
resposta era lenta, fragmentada e ineficiente. Por isso eram necessários novos métodos e
preparação prévia para a próxima pandemia.

Neste ponto podemos ver como uma série de desafios foram impostos e diversos problemas
foram surgindo, pedindo uma reação rápida. Assim como nos laboratórios, diversas empresas
passam por momentos difíceis e tomam decisões apenas quando algum dano aparece. A
solução encontrada pode resolver algo pontual, mas deixar sequelas (reputação arranhada, ou
déficit de orçamento, por exemplo). Ou seja, a falta de antecipação e resposta rápida a um
problema traz custos e perdas.

Leia também: Como o método Agile pode diminuir a pressão sobre os profissionais de
Marketing

Como o Marketing Ágil mudará a forma de trabalhar a partir de agora

Ação

Foi então que a OMS começou a se preparar antecipadamente para o que poderia ser a próxima
pandemia. O médico e doutorando lembra que em 2018, além de focar nos “usual suspects”,
elencaram a “Doença X”- causada por um agente infeccioso novo ou imprevisto, algo sem
preparo ou conhecimento prévio. Dessa forma a OMS colocava em curso mecanismos de
resposta acelerada à próxima pandemia, independente do que a causasse.

“Na época, um representante da OMS disse que o objetivo era acelerar a pesquisa e
desenvolvimento de plataformas “plug and play”, que permitiram rápida produção de vacinas
contra um patógeno previamente desconhecido: exatamente o que Oxford estava fazendo. Mas
o trabalho laboratorial realizado por cientistas é apenas uma parte de todo o processo de

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desenvolvimento de uma vacina. Grande parte do tempo é gasta com burocracias


intermináveis: escrever projetos de pesquisa, conseguir financiamento, passar por agências
regulatórias...”, escreveu Ricardo Parolim.

É essa mesma burocracia e lentidão organizacional que prejudica a tomada de decisões ágeis.
Nos negócios, as planilhas possuem um peso maior de decisão e cabe ao gestor entender onde
flexibilizar a fim de atender tanto o que um CEO quer, quanto a prática mais eficiente para
atender a demanda. No caso, a preparação da OMS e do grupo de Oxford para a “Doença X”
incluía antecipar quais seriam esses passos burocráticos lentos e de certa forma deixar tudo
engatilhado. O mais importante entre eles era: como conseguir muito dinheiro rapidamente?
Analisando sob a ótica empresarial, é aí que entra a importância de equipes híbridas, que
envolvam até mesmo quem cuida da parte contábil na execução das ações.

Voltando à elaboração da vacina, enquanto o grupo de Oxford estava trabalhando no


desenvolvimento de uma vacina para MERS, usando a plataforma “plug and play” ChAdOx1
(sem uma emergência mundial, as pesquisas caminhavam no ritmo habitual), eis que na virada
de 2019 para 2020 o mundo acordou com a notícia de uma nova síndrome respiratória viral na
China. “Assim que um coronavírus foi anunciado como causa, entendeu-se que a “Doença X”
havia chegado”, pontuou Ricardo Parolim. O grupo de Oxford ativou os planos previamente
traçados para a “Doença X” e combinou a expertise em MERS com a plataforma ChAdOx1.
Dessa forma conseguiram “pular” vários anos de pesquisa básica e tinham confiança na
segurança da vacina para MERS em humanos.

“Com dinheiro praticamente infinito, puderam também correr riscos financeiros previamente
considerados inviáveis. Enquanto em outras épocas as fases de pesquisa clínica seriam feitas
sequencialmente (e separadas por meses ou anos entre elas), dessa vez as fases foram
combinadas ou realizadas em rápida sucessão. As agências regulatórias já acompanhavam o
processo no decorrer do estudo e estavam prontas para permitir o início da próxima fase ao
momento que a anterior terminasse. Dessa forma o grande desperdício de tempo entre as fases
foi eliminado, sem prejuízo algum aos participantes do estudo ou aos resultados. Os exatos
mesmos critérios de qualidade e segurança de outras vacinas foram implementados no
processo de desenvolvimento da vacina COVID19”, afirmou o médico e doutorando de
Oxford.

Esse é um claro exemplo de quando a empresa considera riscos e abre a possibilidade de falha,
permitindo que alguma perda financeira aconteça em prol de algo maior que vá dá certo, a
equipe pode tentar inovações que antes não seriam consideradas. E dentro delas é que pode
estar algo totalmente único ao negócio. A experiência nas falhas também traz um poder maior
de decisão rápida quando preciso. Além disso, as equipes integradas em um propósito fazem
com que o resultado saia rapidamente.

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O depois

Na questão da vacina, ainda era preciso considerar o tempo de produção caso os estudos
funcionassem. “Aí que entram contratos de governos, investimento de grandes agências
financiadoras e investimento de companhias farmacêuticas. Foram centenas de milhões de
libras investidos na produção de dezenas de milhões de doses da vacina, mesmo antes dos
estudos mostrarem quaisquer resultados. Lembrando que vacinas promissoras frequentemente
falham em testes clínicos. Era grande o risco de que milhares de doses seriam produzidas a
enorme custo, apenas para serem descartadas caso os testes clínicos falhassem. Seria uma
catástrofe imensa. Felizmente isso não aconteceu. O mundo criou vacinas efetivas e seguras
em tempo recorde graças ao trabalho de cientistas, agências financiadoras, governos e da
Organização Mundial da Saúde”, concluiu Ricardo na explicação.

Ele ainda salientou algo que é o que move as ações nas empresas: o desenvolvimento
extremamente rápido só foi possível com muito dinheiro, um enorme esforço coordenado e um
pouco de sorte.

Em um mundo em constante transformação, tomar uma decisão rapidamente é imprescindível


para manter os negócios sempre relevantes aos clientes. No mundo moderno do Marketing,
especificamente, ser capaz de se adaptar rapidamente é crucial para não ficar atrasado diante
de uma novidade ou imprevisto. Com a pandemia, o Marketing Ágil entrou de vez nas salas de
reuniões, mostrando que a tecnologia veio para ficar e que arriscar pode trazer inúmeros
benefícios.

Se o método Agile funciona e vem sendo adotado por diversas empresas em franco
crescimento e não é contestado, porque traz resultados positivos, não deveria ser diferente
quando a ciência testa e atesta que em curto prazo é possível sim combater um vírus. O
planejamento antecipado, conhecimento e trabalho em equipe seguem funcionando.

Saiba mais no estudo: Agile Marketing: a importância dele para o sucesso dos negócio

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