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Gusmão e Joia, 2019

INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES SUBMETIDOS A


ARTROPLASTIA TOTAL DE JOELHO

PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION IN PATIENTS SUBJECTED TO KNEE


ARTHROPLASTY

Rogério Portela Gusmão 1


Centro Universitário Francisco de Barreiras
Luciane Cristina Jóia2
Centro Universitário São Francisco de Barreiras

1.Estudante do Curso de Especialização em Ortopedia e Traumatologia em


Fisioterapia

2.Docente do Centro Universitário São Francisco de Barreiras

Endereço para Correspondência

2- Centro Universitário Faculdade São Francisco de Barreiras (UNIFASB),


Barreiras/BA. Avenida São Desiderio, 2440, Bairro Ribeirão, CEP: 47.808-180,
Barreiras-BA. E-mail : luciane@fasb.edu.br

RESUMO

O presente artigo intitulado Intervenção fisioterapêutica em pacientes submetidos a


artroplastia de joelho propõe uma discussão sobre os protocolos terapêuticos em
Fisioterapia que podem ser utilizados no processo de reabilitação de pacientes que
perpassaram pelo procedimento cirúrgico para tratamento de artrose do joelho. A
indagação que deu origem ao estudo foram quais propostas terapêuticas em
fisioterapia podem ser utilizadas no processo de reabilitação de pacientes que foram
submetidos Assim, os objetivos envolveram identificar a principais propostas de
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tratamentos aplicadas na reabilitação pós-artroplastia de joelho, comparar a eficácia


dos protocolos fisioterapêuticos e destacar a atuação do fisioterapeuta no suporte ao
paciente, com isso, traçar um paralelo sobre os aspectos do conhecimento necessário
ao profissional. Os principais teóricos que fundamentaram este estudo foram Ioshitake
et al. (2016), Oliveira et al (2013), Leão et al. (2014), Dias, Passos e Matos (2014). O
estudo foi bibliográfico e trouxe como contribuição informar os benefícios da
fisioterapia na reabilitação do paciente submetido a artroplastia de joelho.

Palavras-chave: Artroplastia Total de Joelho. Fisioterapia. Reabilitação.

ABSTRACT

The present article entitled Physiotherapeutic intervention in patients submitted to knee


arthroplasty proposes a discussion about the therapeutic protocols in Physiotherapy
that can be used in the rehabilitation process of patients who underwent the surgical
procedure to treat total knee arthrosis. The question that led to the study was which
therapeutic proposals in physiotherapy can be used in the rehabilitation process of
patients who underwent knee arthroplasty? Thus, the objectives involved identifying
the main proposals for treatments applied in the rehabilitation after knee arthroplasty,
comparing the effectiveness of physiotherapeutic protocols and highlighting the role of
the physiotherapist in patient support, thus drawing a parallel on the aspects of
knowledge necessary to the patient. professional. The main theorists that supported
this study were Ioshitake et al. (2016), Oliveira et al (2013), Leão et al. (2014), Dias,
Passos e Matos (2014). The study was bibliographic and contributed to inform the
benefits of physical therapy in the rehabilitation of patients submitted to knee
arthroplasty.

Keywords: Total Knee Arthroplasty. Physiotherapy. Rehabilitation.

1 INTRODUÇÃO

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A osteoartrose é uma condição degenerativa da cartilagem articular que causa


alterações no osso subcodral e na medula óssea, reação inflamatória da membrana
sinovial e danos na estrutura intra-articular. Está entre as doenças reumáticas mais
prevalentes na população adulta em todo o mundo (15%) e no Brasil ocupa o terceiro
lugar entre as patologias responsáveis por morbidades funcionais e indicações de
auxílio-doença e aposentadorias junto a Previdência Social, sendo superada apenas
pelas doenças mentais e cardiovasculares1.2.
Quadros crônicos da doença são associados principalmente a problemas no
joelho e tem como sintomas principais dor, rigidez, fraqueza muscular e diminuição da
amplitude do movimento, levando efetivamente seus portadores a perda da
independência funcional1
Os idosos são a população mais atingida por essa patologia, representando
cerca de xx dos paciente que procuram por tratamentos para alivio da dor e das
limitações causadas pela osteoartrose 2,3.

A Artroplastia Total do Joelho (ATJ) é o tratamento mais eficaz nos casos de


osteoartrose avançados, sendo indicada para redução da dor e correção de
deformidades e melhora da estabilidade do movimento do joelho, promovendo melhor
qualidade de vida a esses pacientes1.
O acompanhamento fisioterapêutico é indicado no pós-operatório desses
pacientes, visando-se sobretudo contribuir para restauração dos movimentos, treino
de marcha e transferência., principalmente através de exercícios passivos, passivos
assistidos, ativos, ativos resistidos são indispensáveis para uma melhor adaptação a
prótese3.
Neste cenário insere-se a discussão sobre intervenção fisioterapêutica junto a
pacientes submetidos a artroplastia do joelho.
O motivo que mobilizou o desenvolvimento dessa investigação foi construído
considerando duas dimensões: uma dimensão geral com destaque aos elementos que
possam contribuir para o entendimento do papel da fisioterapia no pós-operatório da
ATJ, em busca de exemplo de práticas utilizadas e evidenciação de seus benefícios
no processo de reabilitação desses pacientes, outro olhar foi a possibilidade de
ampliar o conhecimento sobre a temática visando-se contribuir com as instituições
acadêmicas, em busca de uma reflexão para atuação e prática do fisioterapeuta junto
a esses pacientes.

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A problemática que deu início a este estudo foram quais propostas terapêuticas
em fisioterapia podem ser utilizadas no processo de reabilitação de pacientes que
foram submetidos a artroplastia total de joelho?
Neste sentido, o objetivo geral foi identificar a principais propostas de
tratamentos aplicadas na reabilitação pós-artroplastia total de joelho, comparar a
eficácia dos protocolos fisioterapêuticos e destacar a atuação do fisioterapeuta no
suporte ao paciente, com isso, traçar um paralelo sobre os aspectos do conhecimento
necessário ao profissional.
O presente estudo foi delineado por uma pesquisa bibliográfica, tendo como
principais teóricos Oliveira et al (2013), Leão et al. (2014), Dias, Passos e Matos
(2014), Ioshitake et al. (2016). O presente artigo está estruturado considerando o texto
introdutório, que anuncia o tema justificando-o, na sequência o referencial teórico que
apresenta o tema discutindo a osteoartrose e suas implicações e a artroplastia total
de joelho. Apresenta ainda o percurso metodológico, as discussões propiciadas pelo
estudo e por fim, as considerações finais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Osteoartrose e suas implicações

A osteoartrose (OA), também conhecida por oestoeartrite ou artrose, é a


causa mais frequente em países desenvolvidos de incapacidade entre as doenças
músculo-esqueléticas, com considerável diminuição da qualidade de vida dos
indivíduos afetados. Estima-se que 4% da população brasileira sofram de AO1,4.
Clinicamente, a osteoartrose caracteriza-se por dor, rigidez matinal,
crepitação óssea, atrofia muscular e quanto aos aspectos radiológicos é observado
estreitamento do espaço intra-articular, formações de osteófitos, esclerose do osso
subcondral e formações císticas. É uma afecção bastante comum e se apresenta
entre 44% e 70% dos indivíduos acima de 50 anos de idade; na faixa etária acima de
75 anos, esse número eleva-se a 85%4.
Os fatores que desencadeiam a patogênese desta afecção são estresses
biomecânicos capazes de atingir a cartilagem articular e o osso subcondral, alterações
bioquímicas na cartilagem e membrana sinovial, além de fatores genéticos5.

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Basicamente, existem dois tipos de osteoartrose; considerando a etiologia,


esta pode ser classificada como primária, quando não existe uma causa conhecida,
ou como secundária, quando é desencadeada por fatores conhecidos e determinados.
Na osteoartrose, primária ou secundária, a cartilagem é o tecido com maiores
alterações. Entre as alterações morfológicas, a cartilagem articular perde sua natureza
homogênea e é rompida e fragmentada, com fibrilação, fissuras e ulcerações. Às
vezes, com o avanço da patologia, não resta nenhuma cartilagem e áreas de osso
subcondral ficam expostas4.
O joelho é uma das áreas mais afetadas pela osteoartrose, o quadro clínico
apresentado nessa região, tem como características principais : dor localizada no sítio
anatômico que aparece ou piora com o início dos movimentos, mínimos sinais
inflamatórios locais que com o tempo tornam-se intensos, rigidez articular matinal de
curta duração, crepitação, hipotrofia muscular, podendo ocorrer subluxação articular
e, na maioria dos casos, deformidade em varo6.
A radiografia convencional (RC) é um método de imagem comumente
utilizado para avaliação da osteoartrose de joelho, principalmente por ser um método
simples, de rápido resultado e baixo custo. A RC permite. A visualização direta das
alterações ósseas, incluindo osteófitos marginais, esclerose subcondral e cistos
subcondrais7.
A partir de estudos realizados por de Ahlbäck na década de 1980, chegou-se
a uma classificação inicial da osteoartrose , descrita da seguinte forma: osteoartrose
de grau 1: quando ocorre destruição moderada da cartilagem; osteoartrose de grau
2: quando há destruição total da cartilagem; osteoartrose de grau 3: quando além da
destruição da cartilagem, o paciente apresenta desgaste ósseo menor que 5mm;
osteoartrose de grau 4: quando há destruição da cartilagem e desgaste ósseo entre
5-15mm; e osteoartrose de grau 5: quando ocorre destruição total da cartilagem
acompanhada de desgaste ósseo maior que 15mm. Posteriormente Keyes et al
modificaram a classificação de Ahlbäck, acrescentando a incidência lateral do joelho
em 20º de flexão na avaliação radiográfica 7.
A dor é o sintoma mais prevalente junto a portadores de AO e esta vai se
tornando mais intensa à medida que o quadro evolui, comprometendo de forma
significativa a amplitude do movimento. Tarefas simples como caminhadas, subir e
descer escadas, vão se tornando difíceis e complicadas, fato que acaba por modificar

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as rotinas diárias desses pacientes, hábitos tais como higiene, cuidado pessoal,
marcha, tarefas domésticas, desempenho sexual e profissional, passam a a ser
afetados, o que prejudica sua qualidade de vida e saúde 8..
O tratamento da OA de joelho além do alívio da sintomatologia deve ser
direcionado a melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida. Dentre as
alternativas terapêuticas pode-se mencionar as não-medicamentosas, as
medicamentosas e a cirúrgica. Como primeira escolha, o tratamento não-
medicamentoso inclui educação do paciente, perda de peso, fisioterapia, programas
de condicionamento físico e uso de órteses, associadas ou não ao uso de drogas
analgésicas anti-inflamatórias. Quando há insucesso do tratamento conservador os
pacientes com OA grave são então encaminhados para a cirurgia de Artroplastia Total
de Joelho 9.

2.2 Artroplastia Total do Joelho

A artroplastia total de joelho é uma técnica cirúrgica que tem como objetivo a
substituição dos componentes anatômicos do joelho que estão comprometidos por
uma prótese3. O conceito de substituição da superfície articular do joelho, para o
tratamento de patologias graves dessa articulação, tem recebido atenção desde o
século dezenove. Em 1860, Verneuil sugeriu a interposição de partes moles para a
reconstrução articular do joelho. Nas décadas de 40 e 50 do século passado a
Artroplastia Total de Joelho (ATJ) teve grande evolução, devido ao desenvolvimento
de materiais inorgânicos adequados para a interposição articular e ao aprimoramento
da técnica cirúrgica, alavancado principalmente por Campbell, MacIntosh e
McKeever5.
A artroplastia total de joelho substitui os côndilos do fêmur e tíbia junto com a
patela por implantes protéticos, sendo um componente femoral metálico, um
componente tibial com base metálica que sustenta o polietileno. A fixação pode ser
de cimento, sem cimento, ou híbrida, com componentes materiais de liga de cobalto-
cromo, liga de titânio e polietileno de alta densidade. Nas fixações com cimento,
estudos mostram que existe um maior índice de proteção ao estresse mecânico e
desalinhamento da haste10..
A artroplastia total do joelho (ATJ) está consagrada como um dos
procedimentos ortopédicos de maior sucesso e melhor custo/benefício no campo da
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ortopedia, com melhoria significativa da qualidade de vida e mais de 95% de sobrevida


dos implantes após 15 anos., sendo considerado confiável na redução da dor e
incapacidade associada a diversas condições patológicos do joelho, principalmente a
osteoartrose 1, 11.
Uma das técnicas utilizadas na ATJ é a implantação das próteses de joelho
assistida por computador, que corresponde a um procedimento menos invasivo que a
cirurgia convencional, essa tecnologia traz a expectativa de aumentar a longevidade
dos implantes ao aumentar a precisão do seu alinhamento e do balanceamento
ligamentar, além de contribuir para encurtar a curva de aprendizado dos cirurgiões e
tornar os seus resultados mais homogêneos e menos dependentes das habilidades
individuais de cada um5.
Dias, Passos e Matos (2014) destacam a fisioterapia como ferramenta
fundamental para o sucesso da ATJ e estimulo a reabilitação precoce do paciente,
com consequente restauração da funcionalidade articular. Enumeram três fases
principais, a saber11:
a) Fase 1 ou Hospitalar: o principal objetivo é evitar complicações como
trombose, infecções e embolia pulmonar e introduzir técnicas que possam
melhorar o estado inicial do paciente, favorecendo o alívio da dor e o
fortalecimento inicial das articulações do joelho. Esse processo de reabilitação
se inicia no primeiro dia após a cirurgia, e deve incluir atividades tais como :
exercícios de flexão ativa do joelho até 90º,deambulação com uso de
dispositivos auxiliares, mobilização passiva contínua, crioterapia com aplicação
de gelo associada à compressão e elevação, o TENS, exercícios de contração
isométrica de quadríceps e flexão e extensão ativa do joelho.
b) Fase 2 ou Ambulatorial: os objetivos principais dessa fase são analgesia,
controle do edema, promoção de independência para mobilidade , manutenção
da amplitude do movimento já conquistada e melhora da deambulação para
realização das atividades de vida diária. As atividades que podem ser inseridas
nessa fase, além dos exercícios convencionais de flexão ativa do joelho,
abrangem: MPC, estimulação nervosa transcutânea, crioterapia, corrente
russa, uso de bicicleta ergométrica para condicionamento aeróbico do paciente,
entre outros.

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c) Fase 3 ou Tardia: os objetivos dessa fase são o retorno as atividades


funcionais, a marcha independente e prolongada, além do ganho de
condicionamento físico global. São indicados exercícios de mobilização,
alongamentos, exercícios com aumento de carga progressiva, treinamentos
neuromuscular como subir e descer escadas, uso da prancha desequilíbrio,
caminhadas de 10 minutos podendo chegar posteriormente a 60 minutos. Para
auxiliar neste processo, pode-se usar também a crochetagem mio-
aponeurotica, que trata processos álgicos e promove a remoção de aderências.
A técnica é realizada com a ajuda de ganchos e sua finalidade é a fibrólise de
aderências.
Nota-se que a intervenção fisioterápica constitui um instrumento que deve ser
introduzido imediatamente após a cirurgia e seguir-se acompanhamento as fases de
evolução do quadro clínico do paciente, até que este, prontamente tenha
reestabelecido suas funções de locomoção da melhor forma possível.
Assim, percebe-se a ATJ é uma cirurgia reconhecidamente bem sucedida no
tratamento das alterações degenerativas do joelho e tem sido amplamente utilizada
em todo o mundo, e com demanda crescente devido ao envelhecimento populacional
e à necessidade de preservar qualidade de vida dos indivíduos11.

3 MÉTODO

O estudo em questão caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica e de


caráter exploratório. A pesquisa bibliográfica é aquela realizada a partir de fontes
secundárias, ou seja, material já elaborado como livros, artigos e teses. Trata-se de
um levantamento que traz consigo as considerações sobre aquilo que é compartilhado
pela comunidade cientifica sobre um determinado assunto ou objeto de estudo. O
estudo exploratório, por sua vez, é aquele que se preocupa em aprofundar um
determinado conhecimento, buscando uma maior familiaridade sobre o mesmo, sendo
ainda considerado como primeiro passo de qualquer pesquisa cientifica 12.
Foi utilizado como método de pesquisa a revisão bibliográfica. Entre julho e
agosto de 2019 foram realizadas as buscas das publicações, bem como textos e
artigos sobre o tema proposto, indexadas nas seguintes bases de dados: biblioteca
eletrônica Scientific Electronic Library Online (SCIELO), na Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual de Saúde
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(BVS), portal periódico CAPES e Google Acadêmico, no recorte temporal


compreendido entre os anos 2000 a 2018.
Os critérios de inclusão desse artigo foram às pesquisas que abordassem a
temática, e cujos estudos estivem publicado em língua portuguesa em formato de
artigos, bem como teses, dissertações e livros e ainda como critérios de exclusão os
trabalhos que não apresentassem a versão completa nas bases de dados e na
biblioteca pesquisadas, bem como publicações em línguas estrangeiras e ainda
artigos que apesar de pesquisados com as mesmas palavras-chave, não abordavam
a temática em questão ou que não atendessem ao recorte temporal estabelecido.
Os artigos foram avaliados, e as produções que atenderam aos critérios de
inclusão, foram selecionadas para este estudo, e lidas na íntegra, com a finalidade de
refinar a amostra por meio dos critérios de inclusão e exclusão, buscando a relação
direta com o objeto de estudo, estando coerente à questão norteadora do estudo e
aos objetivos do mesmo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do levantamento realizado foi possível constatar que a temática


proposta ainda é escassa na literatura, havendo poucos estudos publicados em
português que tratam especificamente da fisioterapia em pacientes submetidos a
artroplastia total de joelho e que em geral, são de revisão ou apresentam estudos
clínicos sobre propostas fisioterapêuticas utilizadas no acompanhamento do quadro
de evolução do paciente no período pós-cirúrgico.. Tal fato reforça a relevância da
iniciativa proposta pelo presente estudo.
Em relação a fisioterapia e a atuação do fisioterapeuta, sabe-se que seu papel
é de fundamental importância para a reabilitação do pós-cirúrgico da ATJ,
principalmente por meio de exercícios passivos, ativos assistidos e ativos. De
imediato, faz-se necessário prevenir eventos trombóticos nos membros inferiores,
com exercícios de bombeamento de tornozelo, ganhar extensão da articulação do
joelho, minimizar o quanto antes o edema, com a crioterapia e a eletroterapia,
recuperar a amplitude de movimento completa em todas as movimentações do joelho
e retornar a força e o trofismo muscular do membro13.

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Salmela et al.2 destacam o emprego da movimentação passiva contínua (MPC)


como protocolo de intervenção fisioterapêutica junto a pacientes submetidos a ATI.
Destacam que o uso desta técnica ocorreu no inicio da década de 80 e tem como
vantagens o aumento da ADM muscular, redução do tempo de permanência hospitalar
e do edema articular, da redução da frequência e dosagem de analgésico, entre
outros. No entanto, ressaltam que a literatura tem confirmado que esta abordagem
demonstra-se mais eficaz no pós-operatório imediato nas primeiras 48 horas, podendo
ser um meio inicial de preparação do paciente para outros protocolos de tratamento
pós-cirúrgico, já que contribui para um ganho precoce de flexão do joelho a curto
prazo.
Estudo semelhante foi realizado por Daltro et al. 14 que fez uma revisão de
literatura onde foi investigado a eficiência da MPC associada ou não a fisioterapia
convencional, no pós-operatório de ATJ, sendo relatados seus benefícios quanto ao
estado funcional e a mobilidade do paciente. Os resultados dos estudos analisados
confirmaram que a MPC é uma opção satisfatória no processo de reabilitação do
paciente submetido a ATJ, obtendo melhores resultados em relação a amplitude do
movimento (ADM) quando associado a fisioterapia convencional, fato que denota a
necessidade de tal prática ser acompanhada pelo fisioterapeuta.
Convem ressaltar que a visão dos estudos quanto a MPC retratam esta como
uma técnica coadjuvante que posse auxiliar na reabilitação do paciente, por estimular
a deambulação, dentro do processo de limitação inicial do paciente, que utiliza
aparelhos para induzir ao movimento das articulações 14.
No estudo realizado por Oliveira et al.9, um total de 25 pacientes submetidos a
artroplastia foram avaliados quanto a funcionalidade, após passarem por um protocolo
fisioterapia imediato de 20 sessões, cujo programa incluiu exercícios de alongamento,
fortalecimento, mobilização articular, analgesia, treino de marcha e propriocepção. Os
resultados demonstraram que a introdução da intervenção fisioterapêutica imediata
foi eficaz, resultando em menor dor, rigidez, maior função e consequentemente uma
melhor qualidade de vida para esses pacientes.
Barbosa, Faria e Almeida Neto3 analisaram vários protocolos de reabilitação
existentes e fizeram entrevistas com ortopedistas e fisioterapeutas, elaborando,
assim, um protocolo de reabilitação único para pós-operatório de ATJ, em que

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indicaram a importância do gelo imediato após a cirurgia para diminuição de edema e


dor e viu-se que é considerada excelente a flexão até 90º de joelho.
Carvalho Júnior et al.15 tiveram como objetivo do trabalho avaliar a amplitude
de movimentos (ADM) do joelho após seis meses de pós-operatório de artroplastia
total, comparando-a com o seu valor pré-operatório. Foi analisada a amplitude de
movimento de 80 artroplastias, com acompanhamento pós-operatório médio de 21,9
meses. Na análise da amplitude de movimento após ATJ, a flexão pré-operatória
influenciou de forma significativa a flexão pós-operatória
Para Moreira 16 a fisioterapia é um instrumento importante no processo de
reabilitação do paciente submetido à artroplastia, e deve se desenvolver pelo
acompanhamento continuo do seu processo de evolução do quadro clinico a partir do
primeiro dia após o procedimento cirúrgico. As intervenções realizadas devem ser
direcionadas as fases de recuperabilidade dos tecidos e de melhora funcional do
paciente, sendo indicadas a realização de atividades tais como: marcha passiva
contínua, cinesioterapia, deambulação, como também praticas de exercícios de
flexão e alongamento do joelho, atividades voltadas ao condicionamento aeróbico,
aplicação da Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM), estimulação nervosa
elétrica transcutânea (TENS), exercícios de mobilização, contrair-relaxar, exercícios
com carga progressivamente, fortalecimento para membros inferiores e músculos
centrais, entre outros.
Machado e Gomes17 destacam a importância dos protocolos de reabilitação
pós-operatórios como recursos que podem ser utilizados para guiar a conduta
fisioterapêutica pós-operatória quando se quer trabalhar sobre os déficits funcionais
como a amplitude de movimento (ADM), força muscular (FM) e marcha. Nesse âmbito,
a introdução progressiva de exercícios tais como exercícios para a ADM passivos,
ativo-assistidos e ativos, a MPC (mobilização passiva contínua), de reforço muscular
e de treino de marcha são estratégias que contribuem para a reabilitação do paciente,
favorecendo a sua inserção a sua rotina diária gradualmente.
O pós-operatório da ATJ se caracteriza como um período inicial doloroso,
sendo importante a adoção de técnicas que possam favorecer o alívio da dor e
melhorar a qualidade de vida do paciente nessa fase, a mobilização precoce e o uso
da cinesioterapia, são alguns procedimentos indicados. O primeiro, por evitar a

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restrição de músculos, ligamentos e cápsulas e o segundo por favorecer a


analgesia.2,18

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da literatura analisada constatou-se que a osteoartrose constitui uma


das principais patologias degenerativas que acometem adultos em todo o mundo,
sendo responsável pelo desencadeamento de diversas condições crônicas
relacionadas ao movimento, estando a articulações dos joelhos, como as áreas de
principal alcance.
Pacientes portadores de osteoartrose do joelho em estágios avançados, podem
perder a cartilagem e tecido ósseo, sentem dor e normalmente tem grandes
dificuldade de locomoção, sendo indicada a artroplastia como procedimento
necessário na promoção de sua qualidade de vida e saúde.
Por ser uma cirurgia complexa, a ATJ exige um acompanhamento
especializado junto ao paciente, que deve ser submetido a fisioterapia de reabilitação
o mais breve possível ao procedimento cirúrgico.
Em relação ao protocolo de cuidados, não verificou-se a existência de um
padrão especifico para atendimento ao paciente que foi submetido a ATJ, mas sim a
existência em comum de diversas intervenções que em conjunto são utilizadas no
processo de reabilitação e que são inseridas de acordo com o estágio de recuperação
e o retorno clinico de cada um, haja vista que fatores como idade avançada, ou mesmo
outras patologias podem desencadear um estagio de recuperação mais lenta para
alguns indivíduos.
De modo geral, percebeu-se que as intervenções realizadas pela fisioterapia,
abrangem o a introdução da MPC, exercícios de alongamento, flexão, cinesioterapia,
TENS, estimulo a deambulação, atividades aeróbicas, treinos de marcha, entre outros.
Pelos resultados encontrados, percebeu-se que o estudo em questão atendeu
aos seus objetivos, bem como respondeu ao problema de pesquisa. Contudo não rem
ele um fim em si mesmo, e diante da escassez de pesquisas sobre a temática, sugere
que sejam realizadas novas pesquisas que acompanhando os resultados aqui
encontrados, possam trazer dados empíricos sobre populações submetidas a ATJ e

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os seus respectivos protocolos de fisioterapia estabelecidos desde a fase pós-


operatória inicial até o final do processo de reabilitação funcional.

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