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Burnot: Um Desafio À Saúde Do Trabalhador: Flávia Pietá Paulo Da Silva
Burnot: Um Desafio À Saúde Do Trabalhador: Flávia Pietá Paulo Da Silva
trabalhar. O trabalho pode colocar-se como castigo. Existe, no entanto, uma conotação
encontrando dificuldade em dar sentido à vida se não for pelo trabalho. Nesse sentido,
trabalho significa necessidade e razão de vida.
organização, pode-se perceber que o ajuste nem sempre é adequado, e quando assim
está, o indivíduo tende a perceber que não dispõe de recursos suficientes para ajustar-se,
podem ter conseqüências graves e, muitas vezes, irreparáveis tanto para a saúde e bem
estar físico quanto psicológico e social.
Cabe salientar que o Burnout é formado por diversos estados sucessivos que
Assim, Burnout e estresse são fenômenos que expressam sua relevância na saúde do
indivíduo e da organização.
tratamento para que esses estados não afetem a organização de maneira a impedir a
alcoolismo;
uso de drogas.
II – Stress
pesquisadores, uma vez que evidencia-se sua relação com a saúde. (Santed-B, Sandín-P,
Chorot, 1996).
aparece como fator relevante de risco. O que justifica o progressivo interesse na sua
Foi Hans Selye em 1926 que utilizou este termo pela primeira vez, e que
taquipnéia, para que haja maior captação de oxigênio, que vai ser mais rapidamente
transportado pelo sistema circulatório, também devidamente preparado pela adrenalina.
adrenalina e tudo volta ao normal. No mundo de hoje, percebe-se que as situações não
são tão simples assim, e o perigo e a agressão estão sempre à volta. É diante disso que a
circunstâncias as quais está submetida, que é avaliada como uma ameaça ou algo que
exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu
bem estar. Cabe salientar, no entanto, que o estresse por si só não é suficiente para
vida da pessoa. Para que isso ocorra é necessário que outras condições sejam satisfeitas,
como aquelas situações em que o indivíduo percebe seu ambiente de trabalho como
saúde física ou mental, prejudicam a interação desta com o trabalho e este ambiente
tenha demandas excessivas a ela, ou que ela não contenha recursos adequados para
enfrentar tais situações.
familiar). No entanto, Silva e Marchi (1997) salientam que a mais importante fonte de
tensão é a condição interior.
insatisfação, desinteresse, apatia e irritação. Dejours (1994) afirmava que não existe
trabalho sem sofrimento.
Engenharia de Segurança, afirmando que é uma visão hegemônica, que reduz o conceito
prejuízo à saúde não são objetos da atuação dessa área, há uma rejeição dos conceitos de
saúde, tais como o social e psicológico.
uma das causas do esgotamento, que pode levar ao Burnout (França e Rodrigues 1997).
Para Codo, Sampaio e Hitomi (1993), saúde e doença não são fenômenos
isolados que possam ser definidos em si mesmos, mas estão vinculados ao contexto
intermediário entre saúde e doença, um estado durante o qual o corpo luta contra o
fase de resistência. Lipp (1990) acrescenta que às vezes as sensações não se identificam
como de estresse, é por isso que muitos não se dão conta de que estão neste estado.
A fase de Resistência é uma fase que pode durar anos. É a maneira pela qual
aceitação). Para Lipp (1990), isto ocorre quando a pessoa tenta se adaptar à nova
situação, restabelecendo o equilíbrio interno.
O conceito de Burnout surgiu nos Estados Unidos em meados dos anos 70,
para dar explicação ao processo de deterioração nos cuidados e atenção profissional nos
estabelecido como uma resposta ao estresse laboral crônico integrado, por atitudes e
sentimentos negativos.
Não existe uma definição unânime sobre esta síndrome, existe um consenso
em considerar que aparece no indivíduo como uma resposta ao estresse laboral. Trata-se
de uma experiência subjetiva interna que agrupa sentimentos e atitudes e que tem um
semblante negativo para o indivíduo, dado que implica alterações, problemas e
decepção e perda de interesse pela atividade de trabalho que surge nas profissões que
desse contato diário no seu trabalho. Amorim et. al. (1998) acrescentam ainda, que
impotência e inutilidade, falta de entusiasmo pelo trabalho, pela vida em geral e baixa
ser entendido pela situação que os trabalhadores sentem quando já não podem dar mais
contato diário mantido com pessoas que hão de atender como objeto de trabalho. A
negativos e cinismo para as pessoas destinatárias do trabalho. Estas pessoas são vistas
profissionais de saúde, que perdiam então, o interesse, empatia e o próprio respeito por
seus pacientes.
organização, sendo que esta afeta diretamente a qualidade de vida do indivíduo. Por
para sua coordenação uma padronização das habilidades de seus membros. Contrata
controle considerável sobre seu próprio trabalho. Além disso, estes profissionais
trabalham com certa independência com respeito aos seus colegas e estreitamente
vinculados a seus clientes.
profissionais, que são os que devem resolver os problemas concretos das pessoas que
atendem. Isto faz com que possam controlar uma grande parte das decisões relacionadas
com seu próprio trabalho.
ambiente em que esta imersa a organização deve ser estável, para permitir que as
habilidades e procedimentos possam ser padronizados.
poder, de forma que o próprio profissional exerça o controle sobre seu trabalho e as
decisões que o afetam.
sugere que esta é o processo por meio do qual o novo membro aprende a escala de
idealismo acentuados pela forma em que uma parte importante destes profissionais
pessoal para solução dos problemas. O próprio indivíduo tolera que se sinta culpado das
falhas, tanto próprias como alheias, o qual resultará em baixos sentimentos de realização
pessoal no trabalho.
qualquer tipo de atividade. No entanto, deve ser entendida como uma resposta ao
que o sujeito pode empregar e se comporta como variável mediadora entre o estresse
(1997), como sendo o “ conjunto de esforços que uma pessoa desenvolve para manejar
ou lidar com as solicitações externas ou internas, que são avaliadas por ela como
permanece durante um longo tempo, o estresse laboral terá conseqüências nocivas para
sinais de fadiga, tensão, irritabilidade e até mesmo, ansiedade. Assim, essa etapa, exige
uma adaptação psicológica do sujeito, a qual reflete no seu trabalho, reduzindo o seu
momentos não se estabelecem de forma clara e distinta entre uma etapa ou outra, ou de
um momento ao outro. Até mesmo Delgado et al. (1993) citam alguns autores, como
Belcastro, Gold e Hays (1983), para os quais não é possível determinar, com exatidão,
prevenir o excesso de horas extras; c) dar melhor suporte social às pessoas; d) melhorar
que podem ser agrupadas em três categorias: estratégias individuais, estratégias grupais
e estratégicas organizacionais.
àqueles abordados por Garcés De Los Fayos, López-Soler e Garcia Montalvo (1994):
Staff Burnout Scale; Indicadores del Burnout; Emener-Luck Burnout Scale; Tedium
Burnout Scale; Energy Depletion Index; Mattews Burnout Scale for Employess; Efectos
a origem de todas as atenções, buscando ,então, a qualidade de vida no trabalho que tem
trabalhador. Um exemplo disso é quando Arquimedes, em 887 a.C., com a Lei das
entanto, foi a partir dos séculos XVII e XIII, com a sistematização dos métodos de
ainda não há uma definição consensual para Q.V.T. – Qualidade de Vida no Trabalho,
cada autor o conceitua conforme os elementos que julga mais importantes para que
exista efetivamente.
constituíram um verdadeiro arsenal tecnológico. O progresso foi a tal ponto que o termo
Q.V.T. adquiriu uma abrangência grande demais, tanto que qualquer iniciativa isolada
significava praticamente tudo o que era feito na área de recursos humanos, por um
raciocínio lógico muito simples: o que abrange tudo, acaba não abrangendo nada.
Infelizmente, um tema que começou como uma importante variável dependente
transformou-se em movimento e, a partir de um dado momento, descreveu uma
trajetória fulminante para o quase nada.
com o efeito do trabalho nas pessoas, com a eficácia da organização e com a idéia da
participação dos trabalhadores na solução de problemas e tomada de decisões.
Vida parece óbvia, o próprio senso comum nos diz que ter saúde é a primeira e essencial
condição para que alguém possa considerar sua vida como de boa qualidade. Mas o que
parece óbvio e claro nem sempre o é, na realidade. Tanto a concepção de saúde, como a
de qualidade de vida comportam discussões e interpretações diversas.
Conclusão
confirma através de uma pesquisa a relação existente entre saúde mental, psicopatologia
e Burnout.
pois é no trabalho que passa-se a maior parte do tempo. A qualidade de vida está
Notas
* - Psicóloga Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho. Doutoranda em Psicologia pela
Universidade Complutense de Madrid. End: Calle Galileo, 66 – 3º C, Izq – 28004 – Madri – Espanha.
Email: fpps@hotmail.com
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