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Gestão e Contabilidade Empresarial

2019/2020

Guia de Estudo

Capítulo 3
Capítulo 3 – Decisões de investimento e de
financiamento e as demonstrações
financeiras
Sumário:
 Decisões de investimentos não financeiros
 Decisões de financiamento

Decisões de investimentos não financeiros

Investimentos não financeiros: Conceito

São bens patrimoniais ativos, tangíveis ou intangíveis, que a empresa utiliza como meio
de realização dos seus objetivos

Representam valores cuja principal característica reside na possibilidade de


permanecerem na empresa por prazos mais ou menos longos.

Ativo fixo tangível:

NCRF 7

São itens tangíveis que sejam detidos para uso na produção ou fornecimento de bens ou
serviços, para arrendamento a outros, ou para fins administrativos; e que se espera que
sejam usados durante mais do que um período.

Ativo intangível:

NCRF 6

É um ativo não monetário identificável sem substância física. -

Ativos monetários: são dinheiros detidos e ativos a serem recebidos em quantias fixadas
ou determináveis de dinheiro.

Propriedade de investimento:

NCRF 11

É a propriedade (terreno ou um edifício — ou parte de um edifício — ou ambos) detida


para obter rendas ou para valorização do capital ou para ambas as finalidades, e não
para:

a) Uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para finalidades


administrativas; ou

b) Venda no curso ordinário do negócio.

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Mensuração de ativos fixos tangíveis

Mensuração/valorização inicial:

Pelo custo (custo de aquisição / custo de produção)

O custo de um item do ativo fixo tangível compreende:

a) O seu preço de compra, incluindo os direitos de importação e os impostos de


compra não reembolsáveis, após dedução dos descontos e abatimentos;

b) Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo na localização e


condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida;

c) A estimativa inicial dos custos de desmantelamento e remoção do item e de


restauração do local no qual este está localizado, em cuja obrigação uma entidade
incorre seja quando o item é adquirido seja como consequência de ter usado o
item durante um determinado período para finalidades diferentes da produção de
inventários durante esse período.

O custo de um ativo construído pela própria entidade determina-se usando os mesmos


princípios quanto a um ativo adquirido. Se uma entidade produzir ativos idênticos para
venda no decurso normal das operações empresariais, o custo do ativo é geralmente o
mesmo que o custo de construir um ativo para venda

Movimentação contabilística:

Compra de equipamentos industriais a pronto pagamento por 800.000 euros

Descrição Débito Crédito Valor

Compra de equipamento Ativos fixos tangíveis Depósitos à ordem 800.000

Compra de equipamentos industriais a crédito por 800.000 euros

Descrição Débito Crédito Valor

Compra de equipamento Ativos fixos tangíveis Outras contas a pagar 800.000

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Mensuração de ativos intangíveis

Mensuração/valorização inicial:

Pelo custo (custo de aquisição / custo de produção)

O custo de um ativo intangível adquirido separadamente compreende:

a) O seu preço de compra, incluindo os direitos de importação e os impostos sobre


as compras não reembolsáveis, após dedução dos descontos comerciais e
abatimentos; e

b) Qualquer custo diretamente atribuível de preparação do ativo para o seu uso


pretendido.

Movimentação contabilística:

Compra de uma licença de exploração a pronto pagamento por 200.000 euros

Descrição Débito Crédito Valor

Compra de uma licença Ativos intangíveis Depósitos à ordem 200.000

Compra de uma licença de exploração a crédito por 200.000 euros

Descrição Débito Crédito Valor

Compra de uma licença Ativos intangíveis Outras contas a pagar 200.000

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Duração de um investimento: Vida Útil:

Aos diferentes investimentos não financeiros é normalmente fixado um determinado


período de tempo, durante o qual se espera que possam ser utilizados em condições de
funcionamento económico. É a vida útil ou vida económica.

Para determinação da vida útil deve-se ter em consideração o seguinte:

 O intervalo de tempo em que o bem está em boas condições de funcionamento


(vida física);

 A perda de valor resultante de inovações tecnológicas ou obsolescência.

Depreciações e Amortizações: Conceito

Operação contabilística que visa simultaneamente a imputação do custo da utilização de


um bem de investimento pelos diversos exercícios e a atualização de valor desse mesmo
bem.

Depreciações: É a imputação sistemática da quantia depreciável de um ativo fixo


tangível durante a sua vida útil.

Amortizações: É a imputação sistemática da quantia amortizável de um ativo intangível


durante a sua vida útil

Quantia depreciável: É o custo de um ativo ou outra quantia substituta do custo, menos


o seu valor residual.

Valor residual: É a quantia estimada que uma entidade obteria correntemente pela
alienação de um ativo, após dedução dos custos de alienação estimados, se o ativo já
tivesse a idade e as condições esperadas no final da sua vida útil.

Método da linha reta

Pressupõe que o desgaste é diretamente proporcional ao tempo.

A depreciação tem início no ano em que o bem está disponível para uso.

Não é depreciado no ano de abate.

Qt - Quota de depreciação no período t


VA - Valor de aquisição do ativo fixo tangível
R - Valor residual
A - Valor a depreciar (A = VA - R)
n - Número de anos de vida útil ou económica
Qt = VA - R = A
n n
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Q = Qt  Porque todas as quotas são constantes

Vantagem  Grande simplicidade

Exemplo:

Viatura ligeira

Valor de aquisição (VA): 5.500

Valor residual (R): 500

Valor a depreciar (A): 5.000

Vida útil (n): 4

Taxa de depreciação (t): 25.00% (100/4)

Quota anual de depreciação (Q)

=> 5.000 x 0,25 = 1.250

=> 5.000 / 4 = 1.250

Anos V A Q Depreciação Acumulada Valor Líquido


1 5.500 5.000 1.250 1.250 4.250
2 1.250 2.500 3.000
3 1.250 3.750 1.750
4 1.250 5.000 500

Movimentação contabilística:

Depreciação do exercício

Descrição Débito Crédito Valor


Gastos de depreciação e
Depreciação do exercício Ativos fixos tangíveis Q
amortização

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Impacto das depreciações nas DF’s:

BALANÇO DR

Ativo Passivo Capital Próprio Rendimentos Gastos RLP


AFT -Q RL -Q Depreciações Q -Q

Grandes reparações e beneficiações

Consideram-se grandes reparações e beneficiações, quando a vida útil do bem em causa


é aumentada em consequência dessa reparação ou beneficiação. Assim sendo, deve-se
considerar como parte integrante do ativo fixo tangível e, consequentemente, registado
na conta de investimento respetiva (Ativo).

Não confundir Grandes Reparações e Beneficiações com meros gastos de manutenção do


bem de investimento (estes são gasto do exercício em que ocorre).

A quota de depreciação para as Grandes Reparações e Beneficiações tem em conta a nova


vida útil esperada (alteração da estimativa inicial).

Alienação de investimentos em ativos fixos tangíveis ou ativos intangíveis

A quantia escriturada de um item do ativo fixo tangível deve ser desreconhecida:

(a) No momento da alienação; ou

(b) Quando não se espere futuros benefícios económicos do seu uso ou alienação.

 Alienação (venda)
 Sinistro
 Abate

Considerando:

V V = valor de venda

Q E = Quantia Escriturada = Valor Contabilístico do bem (VC)

a) se V V > Q E => Ganho (Mv = Mais-valia)

b) se V V < Q E => Perda (mv = menos-valia)

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Movimentação contabilística:

Alienação de ativos fixos tangíveis com mais valia

V V > Q E => Ganho (Mv = Mais-valia)

Descrição Débito Crédito Valor


Desreconhecimento da Outros rendimentos e Ativos fixos
quantia escriturada ganhos tangíveis QE

Depósitos à ordem/ Outros rendimentos


Valor de venda VV
Outras contas a receber e ganhos

Alienação de ativos fixos tangíveis com menos valia

V V < Q E => Perda (mv = menos-valia)

Descrição Débito Crédito Valor

Desreconhecimento da Ativos fixos


Outros gastos e perdas QE
quantia escriturada tangíveis

Depósitos à ordem/ Outros gastos e


Valor de venda VV
Outras contas a receber perdas

Exemplo prático

Alienação a crédito, no ano N, de uma máquina por 10.000 €

A máquina havia sido adquirida em N-5 por 40.000 €, ano em que se iniciou a sua
utilização, tendo-lhe sido atribuída uma vida útil de 8 anos, com um valor residual nulo,
e vinha a ser depreciada pelo método da linha reta.

Alienação de AFT

V V = 10.000
QE=?

Q = 40.000 / 8
D A = 5.000 * 5
D A = 25.000

Q E = 40.000 – 25.000
Q E = 15.000
V V < Q E  menos valia

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Descrição Débito Crédito Valor
Desreconhecimento da
Outros gastos e perdas Ativos fixos tangíveis 15.000
quantia escriturada

Valor de venda Outras contas a receber Outros gastos e perdas 10.000

Exemplo prático

Alienação a crédito, no ano N, de uma máquina por 20.000 €

A máquina havia sido adquirida em N-5 por 40.000 €, ano em que se iniciou a sua
utilização, tendo-lhe sido atribuída uma vida útil de 8 anos, com um valor residual nulo,
e vinha a ser depreciada pelo método da linha reta.

Alienação de AFT

V V = 20.000
QE=?

Q = 40.000 / 8
D A = 5.000 * 5
D A = 25.000

Q E = 40.000 – 25.000
Q E = 15.000
V V > Q E  Mais valia

Descrição Débito Crédito Valor


Desreconhecimento da Outros rendimentos e
Ativos fixos tangíveis 15.000
quantia escriturada ganhos

Outros rendimentos e
Valor de venda Outras contas a receber 20.000
ganhos

Decisões de financiamento

Formas de financiamento:

 Capitais alheios (passivo)

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 Capitais próprios (capital próprio)

Relevação contabilística do gasto de financiamento:

 Capitais alheios (passivo) Gastos de financiamento


 Capitais próprios (capital próprio)  Dividendos

Financiamento por capitais alheios: Financiamentos

Consideram-se empréstimos ou financiamentos a todos os meios líquidos obtidos


temporariamente pela empresa, com vista a suprir deficiências de tesouraria ou a
financiar projetos de desenvolvimento e expansão.

Movimentação contabilística:

Obtenção de um empréstimo bancário no valor de 500.000 euros a reembolsar em 5


prestação anuais

Descrição Débito Crédito Valor

Empréstimo bancário Depósitos à ordem Financiamentos obtidos 500.000

Impacto dos empréstimos bancários nas DF’s:

BALANÇO DR

Capital Rend. Gastos RLP


Ativo Passivo
Próprio
Ativo corrente Passivo não corrente
CX. e Dep. banc. + 500.000 Financ.obtidos +400.000
Passivo corrente
Financ.obtidos + 100.000

Movimentação contabilística:

Reembolso ou amortização de um empréstimo bancário no valor de 200.000 euros

Descrição Débito Crédito Valor

Reembolso Financiamentos obtidos Depósitos à ordem 200.000

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Impacto do reembolso dos empréstimos bancários nas DF’s:

BALANÇO DR

Capital Rend. Gastos RLP


Ativo Passivo
Próprio
Ativo corrente Passivo corrente
Cx e Dep. Banc. -200.000 Financ. obtidos - 200.000

Movimentação contabilística:

Pagamento dos juros do empréstimo bancário no valor de 1.000 euros

Descrição Débito Crédito Valor

Pagamento de juros Gastos e perdas de financiamento Depósitos à ordem 1.000

Impacto dos juros dos empréstimos bancários nas DF’s

BALANÇO DR
Capital
Ativo Passivo Rend. Gastos RLP
Próprio
Ativo corrente
CX e Dep. banc. - 1.000 RLP -1.000 Juros e gastos similares 1.000 -1.000

Financiamento por capitais próprios: Aumentos de capital

Movimentação contabilística:

Aumento do capital social subscrito em partes iguais pelo Sr. X e pelo Sr. Y, no valor total
de 100.000 euros. O capital subscrito foi integralmente realizado em dinheiro.

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Descrição Débito Crédito Valor

Subscrição do aumento de CS Acionistas Capital 100.000

Realização Sr. X Depósitos à ordem Acionistas 50.000

Realização Sr. Y Depósitos à ordem Acionistas 50.000

Impacto dos aumentos de capital nas DF’s

BALANÇO DR
Ativo Passivo Capital Próprio Rend. Gastos RLP
Cx e Dep. banc. +100.000 Capital subscrito +100.000

Movimentação contabilística:

Pagamento de dividendos 1.000 euros

Descrição Débito Crédito Valor

Pagamento de dividendos Resultados transitados Depósitos à ordem 1.000

Impacto da distribuição de dividendos nas DF’s

BALANÇO DR

Ativo Passivo Capital Próprio Rendimentos Gastos RLP


Ativo corrente RT - 1.000
Cx e Dep. Bancários - 1.000

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