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#075 | Como lidar com criança que bate 
 
Este é um resumo completo da aula sobre Como lidar com criança que bate. 
 
É  bem  provável  que  você  encontre  aqui  alguma  dica  ou  estratégia  que  vai  te 
ajudar  a  resolver  algum  problema  que  você  esteja  enfrentando  na  vida  com 
filhos! 

Para  buscar  por  alguma  palavra  chave  basta  pressionar  ctrl  +  F  e  digitar  a 
palavra desejada. 

Fica aqui um grande beijo e bons estudos! 


 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


​educadora​  ​parental,​  ​ especialista​  ​emocional,​  ​autora​  ​e ​ ​mãe​ ​de​ ​dois.​ ​A ​ ​venda​ 
​dessa​ ​cartilha​ ​é​ ​PROIBIDA.​
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#075 | Como lidar com criança que bate 
 
Vou  começar  contando  o  que  aconteceu  hoje  e  que,  como  em  toda  semana, 
coincidentemente  tem  tudo  a  ver  com  o  tema da aula. O Théo e o Gael estavam 
no  quarto,  fui  checar  o  que  estavam  fazendo,  vi  que  os  dois  estavam brincando 
juntos  e  tudo  estava  indo  super  bem.  Essa  é  uma  das  vantagens  de  ter  filhos 
com idades próximas.  

No  minuto  seguinte,  assim  que  eu  sentei no escritório, comecei a ouvir a gritaria 


vindo  do  quarto  e  eu  e  meu  marido  percebemos  que  tinha  acontecido  algum 
problema.  Vou  contar  tudo  exatamente  como  aconteceu porque apesar de todo 
o  trabalho  que  eu  desenvolvo  aqui,  muita  gente acha os meus filhos não brigam 
e que eu não perco a paciência. 

Todas  essas  coisas  acontecem  na  minha vida da mesma forma que acontece na 


vida  de  vocês.  A  diferença  é  que eu ensino maneiras de você analisar, entender 
e  não  levar  para  o lado pessoal. Você conseguir se questionar, olhar com outros 
olhos  e  principalmente ter conhecimento e ferramentas o suficiente para lidar de 
uma forma mais leve e que realmente resolva.  

Afinal, eles são criança e essa parte de agressividade faz parte da infância.  

A agressividade é uma forma de proteção 

Umas  das  coisas  que  precisamos  desmistificar  é  que  agredir  não  é 


necessariamente  coisa  de  gente  agressiva.  É  uma  resposta  do  nosso corpo aos 
perigos.  Quando  nosso  corpo  se  sente  ameaçado,  ele  reage  e  essa  reação 
serve  para  nos  proteger.  Ao  se  sentir  desprotegido,  com  medo,  insegurança  e 
em perigo, nosso corpo reage a isso sentindo raiva.  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


​educadora​  ​parental,​  ​ especialista​  ​emocional,​  ​autora​  ​e ​ ​mãe​ ​de​ ​dois.​ ​A ​ ​venda​ 
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#075 | Como lidar com criança que bate 
 

Isso  acontece  porque  a  resposta  prioritária  e  mais  orgânica  do  nosso  corpo  é o 
instinto de sobrevivência.  

Por  exemplo:  se  você  está  em  trabalho  de  parto,  perto  do  neném  sair  e  seu 
corpo  identifica  alguma ameaça, o corpo vai produzir adrenalina que vai suprimir 
a  produção  de  ocitocina.  O  trabalho  de  parto  vai  parar  e  o  corpo  da  mulher  vai 
prezar  proteger  tanto  ela  quanto  o  bebê  porque  o  corpo  considera  que  há 
perigo. 

Por  isso  é  muito  mais  difícil  todo  o  trabalho  de  parto  quando  estamos  em  um 
ambiente  hospitalar  que  nos  assusta  e  passamos  por  intervenções  que  nos 
deixam  desconfortáveis  e  receosas.  Essa  resposta  neuroquímica  nos  leva  a 
querer fugir ou lutar.  

Cérebro primitivo x cérebro mamífero 

Quando  sentimos  que  estamos  em  perigo, a parte do cérebro primitivo (que não 


raciocina,  só  reage)  toma  conta.  É  o  que  chamamos  aqui  de  “dinossauro”, 
porque  não  tem  raciocínio  lógico,  só  quer  saber  de  correr  ou  de  lutar,  bater, 
morder  e  brigar.  Não  entende  a  nossa  língua  e  nada  do  que  você  explica  para 
ele.  

Quando  a  criança  está  agindo  com  agressividade  é  porque  ela  está  com  raiva, 
brava,  com  medo,  triste  ou  chateada.  Ela  estar  batendo,  por  exemplo,  é  o 
cérebro primitivo sendo acionado e reagindo a essa situação.  

Precisamos  fazer  com  que  o  cérebro  mamífero,  que  é  a  parte  racional  e  lógica, 
volte para a cena e coloque o “dinossauro” de volta na jaula.  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


​educadora​  ​parental,​  ​ especialista​  ​emocional,​  ​autora​  ​e ​ ​mãe​ ​de​ ​dois.​ ​A ​ ​venda​ 
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#075 | Como lidar com criança que bate 
 
Continuando  a  história  que  aconteceu  aqui  em  casa,  eu  entrei  no  quarto  e  os 
meus  dois  filhos  estavam  chorando  com  cara  de  que  tinham  trocado  bastante 
tapas  e  pelo  fato  de  não  estarmos  presentes,  não  sabemos  como/quem 
começou e terminou.  

Na  disciplina  positiva,  que  é  uma  das  teorias  que engloba a minha metodologia, 


a  Dra  Jane  Nelsen  sugere  que  não  interfira  na  relação  e  nas  brigas  de  irmãos, 
principalmente  porque  acabamos  criando  papéis  para  um  e  para  outro  que 
podem não ser a realidade e isso pode interferir no dia a dia. 

Falei  para  eles  que  iríamos  ver  o  que  aconteceu  e  como  iríamos  resolver  isso, 
porque  já  aconteceu inúmeras vezes deles me ajudarem a encontrar a solução e 
outras vezes deles não darem conta de fazer isso. Precisamos estar atentos para 
esperar  o  cérebro  mamífero voltar, porque se o dinossauro ainda estiver do lado 
de fora não vai adiantar nada.  

E  esse  foi  o  meu  erro!  Eu  já cheguei querendo solucionar e achando que estava 


tudo  certo  por  eu  ter  experiência  em  lidar  com  isso,  e  o  que  aconteceu  foi 
exatamente  o  contrário.  O  Gael  estava  chorando  muito  e  o  Théo  estava 
revoltado.  Nenhum  dos  dois  estavam  querendo  conversar  e  eu,  a  “super 
comunicação não violenta” querendo analisar as necessidades de cada um, toda 
orgulhosa de mim por estar calma sabendo que a minha calma os acalma.  

Eu  estava tão mergulhada nas minhas intenções e que aquilo ia dar certo que eu 
não  percebi  que  os  dinossauros  deles  ainda  estavam  para  fora.  E  como aqui eu 
sempre falo que não é lugar de julgamento, não julgue o que aconteceu.  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


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Enquanto  eu  falava  que  eles  precisavam  se  acalmar,  respirar  fundo  e  colocar  o 
dinossauro de volta pra jaula, o Théo olhou para mim e falou: ​“Cala a boca!”.​   

Na  mesma  hora  o  meu  dinossauro  saiu  de  uma  forma  tão  intensa  que  a  reação 
automática  do  meu  corpo  era  de  pegar  ele  pelos  braços,  bater  e  castigar. 
Aquela  raiva  que  te  desconecta  tanto  da  criança  que  você  esquece  que  é  só 
uma  criança  que  está  ali  e  age  como  se  fosse  outro  adulto  na  sua  frente,  não 
uma criança que não tem noção do peso das palavras que está falando.  

Mas  como  eu  tenho  exercitado  muito,  meu  cérebro  mamífero  imediatamente 
deu  sinais  e  eu  peguei  toda  esse  energia  que  estava  nos  meus braços, levantei 
ele  pelos  braços  (não  foi  respeitoso  e  não  teve  o  consentimento dele), coloquei 
ele em cima da cama dele e falei: 

“Você  sabia  que  a  vontade  que  estou  agora  é  de  te  bater,  gritar  e  fazer  tudo 
que  vocês  estavam  fazendo  um  com  o  outro  e  que  por mais que eu esteja com 
toda  essa  vontade  e  com  toda  a  raiva  que  estou  sentindo,  eu  não  vou  fazer 
porque  eu  amo  você  e  sei  que  você  não  merece  sentir a dor que eu iria causar 
em você se eu te machucasse?”  

Ele  não  estava  com  medo  porque  ele  tem  a  certeza  que  eu  não  vou  passar  de 
um  certo  ponto,  mas  eu  expliquei  que  eles  precisam  entender  que  a  gente  não 
pode  fazer  o  que  a  gente  está  com  vontade  quando  estamos  com  raiva. 
Levantei, falei que ia para o meu quarto e voltaria quando estivesse mais calma.  

Eu  acredito,  do  fundo  do  meu  coração,  que  eu  ensinei  mais  para  os  meninos 
quando  eu  descrevi  todos  os  sentimentos  que  estavam  tomando  conta  de  mim 
do que batendo, brigando ou castigando eles.  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


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#075 | Como lidar com criança que bate 
 
Foi  muito  diferente  porque  eles  puderam  experienciar  aquela  situação.  Essa  é 
uma  parte  muito  importante,  onde  a  criança  aprende  através  do  ensinamento 
dos  pais.  O  mais  importante  é  o  que  a  gente  fala  e  faz  e  tudo  que  explicamos 
para o criança sobre aquilo que fizemos.  

A  quarentena  também  faz  uma  diferença  muito  grande  com  relação  a  tudo  que 
explicamos.  Quando  a  gente está em uma situação de constante estresse, como 
agora  na  quarentena  que  estamos  todos  trancado  em  casa  sem  poder sair para 
ver  os  amiguinhos,  para  correr,  brincar,  tomar  sol,  beijar  os  avós,  tudo  isso  tem 
consequências.  

O  estresse  causa  o  acúmulo  de  cortisol  e  que,  por  consequência,  atrapalha  o 


sono  e  faz  a  criança  ficar  mais  sensível.  É  normal  que  ela  fique  mais  agressiva, 
mais responsiva e que o dinossauro saia da jaula com mais facilidade.  

Por  isso  é  muito  importante  entender  sobre  agressividade.  Se  a  criança  tem 
mostrado  sinais  de  agressividade,  isso  é  um  sintoma  de  algum  problema  maior. 
Não  pode  tratar  a  agressividade  como  se  fosse  a  doença,  não  é  uma  coisa que 
você vai curar, é algo que você vai analisar para descobrir a causa.  

Os quatro tipos de agressividade 

Agressividade  positiva:  quando  a  criança  não  agride  com  raiva  ou 


propositalmente.  É  quando  ela  não  tem  noção  de  intensidade,  acha  que  está 
apertando  pouco  mas  na  verdade  está  apertando  muito.  Está  tão  empolgada 
com  aquilo  que quer beijar, mas acaba mordendo. Não sabe medir. Normal fazer 
isso com bichinhos de estimação. 

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#075 | Como lidar com criança que bate 
 

Agressividade  negativa:  a  que  vem  do  medo,  se  transforma  em  raiva  e passa a 
ser  luta  ou  fuga.  Geralmente  é  fuga,  a  criança  cheia  de  energia  nos braços e na 
perna  e  isso  se  reverte  em  soquinhos,  chutinhos  ou  a  correr  derrubando  tudo 
que está pela frente.  

A agressividade negativa está subdividida em:  

Agressividade  negativa  primária:  a  que  faz  parte  da  infância.  Se  a  criança  está 
mais  agressiva,  vamos  analisar  qual  o  contexto  está  levando  a  essa 
agressividade. Vou explicar melhor depois de falar sobre a secundária. 

Agressividade  negativa  secundária:  é  a  agressividade  transtornada  que 


começa  a  atrapalhar  a  vida  da  criança.  É  quase  uma  doença  e  apesar  de 
falarmos  que  agressividade  é  um  sintoma  de  alguma  causa,  cresceu  tanto  que 
se  tornou  a  única  forma  de  comunicação  que  ela  conhece  e  por  consequência 
disso precisa de acompanhamento terapêutico/psicológico. 

Isola  a  criança  do  mundo,  ninguém  mais  consegue  lidar  com  ela.  Alguma  coisa 
levou  a  isso  e  por  estar  atrapalhando  na  vida  da  família e de todos ao redor, ela 
precisa  de  ajuda.  Então  se for nesse nível de intensidade, sugiro fortemente que 
você  considere  procurar  um  psicólogo  muito  bom,  atualizado,  que  não  vai  ficar 
usando premiação e nem punição ou que vá dizer que isso é normal e faz parte.  

Voltando  a  falar  da  agressividade  negativa  primária,  essa  é  a  agressividade 


natural mas que pode ser alimentada por todo um contexto.  

Temos então dois tipos de gatilho para a agressividade:  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


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Gatilho  do  momento:  quando  a  criança  fica chateada porque é hora de desligar 
a televisão ou se mostra agressiva por algo que aconteceu e a deixou frustrada. 

Vou  dar  um  exemplo  que  também  aconteceu  hoje  logo  antes  de  colocar  as 
crianças para dormir para vocês entenderem os dois gatilhos.  

Tive  a  ideia  de  começar  a  brincar  de massinha com eles às 18h. Às 18h30, que é 


o  horário  que  geralmente  já  estamos  começando  o  nosso  ritual  do sono onde a 
casa já está com a luz mais baixa e estamos preparando os meninos para dormir, 
ainda  estava  tudo  aceso  por  causa  da  massinha,  então  tudo  que  eles  faziam na 
massinha era motivo para eles quererem atacar a massinha longe.  

Brincar  de  massinha  tentando  reproduzir  o  formato  de  bichinhos  é  uma  coisa 
que precisa de delicadeza senão estraga tudo.  

Quando  eu  comecei  a  perceber  que  eu  tinha  feito  besteira  por  ter  começado  a 
brincadeira  tão  tarde  e  que a atividade estava difícil e sofrida para eles, falei que 
teríamos que parar de brincar e deixar para o dia seguinte.  

Não  tive  tempo  de  dar  todos  os  avisos,  como  sempre  ensino aqui que tudo que 
precisa  ser  feito  tem  que  ser  avisado  com  antecedência  várias  vezes  para  a 
criança se preparar. 

Então  essa  agressividade  do  Gael  de  ficar  revoltado  e querer atacar a massinha 


longe  teve  o  ​gatilho  do  momento​,  que  foi  um  olho  bem  pequenininho  e 
redondinho  do  bichinho  que  ele  não  estava  conseguindo  encaixar  da  forma 
certa.  Ele  não  conseguia  controlar  a  força  da  bolinha  e  não  tinha  coordenação 
motora fina para colocar a bolinha sem amassar. 

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


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Gatilho  do  contexto:  é  porque  aquele  horário  eles  não  deveriam  estar  fazendo 
aquilo, por isso não reagiram bem.  

Na  rotina  deles, naquele momento eles tinham que estar com as luzes apagadas 


e  não  estavam.  E  os  dois,  além  de  estarem  mais  cansados  e  mais  estressados 
por  causa  da  quarentena,  também  tinham  tido  um  dia  muito  estressante  por 
terem brigado muito.  

O  que  eu  quero  que  você  entenda  é  que  no  momento  que  o  Gael  ficou 
agressivo,  tanto  durante  a  brincadeira  da  massinha  quanto  na  briga  dos  dois, 
não era só aquilo que tinha acontecido, existia todo um contexto.  

Dias  antes  eu  estava  com  muita  cólica,  chorando  de  dor.  Por  perceber  que 
precisaria  me  dar  apoio  porque eu estava muito mal, com muita dor de cabeça e 
os  meninos  muito  agitados,  meu  marido  deixou  eles  assistindo  televisão  por 
muitas horas.   

Hoje  sentimos  a  repercussão  disso  porque  os  meninos  estavam  muito  mais 
estressados  do  que  o  normal.  Esse  contexto  de  me  verem  chorando  de  dor, 
ficarem  preocupados,  se  sentindo  ameaçados  e  em  perigo  por  não  saberem  o 
que  está  acontecendo,  deixou  eles  assustados.  Isso  tudo  é  o  segundo  tipo  de 
gatilho, que é o do contexto.  

Analise muito bem todo o contexto 

O  contexto  e  a  atmosfera  da  casa  são  muito  importante  para  promover  a 


agressividade.  As  pessoas  acham  que  o  que  vai  trazer  agressividade  para o dia 
a dia são pais agressivos, mas pais negligentes também fazem os filhos serem  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


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#075 | Como lidar com criança que bate 
 

agressivos.  Pais  que  não  batem  mas  estão  sempre  ameaçando,  sempre 
desconsiderando  as  emoções,  desrespeitando  e  querendo  controlar a criança o 
tempo  todo.  Esse  tipo  de  ameaça  a  autonomia  da  criança  também  traz 
agressividade para a rotina. 

Portanto  a  agressividade  é  uma  resposta  ao  que  a  criança  está  vivendo, 


sentindo  e  percebendo  ao  redor  dela.  Se  você  está  sentindo  sua  criança  mais 
agressiva,  precisa  analisar  o  que  essa  agressividade  quer  dizer.  Quais 
momentos  ela  surge,  o  que  tem  acontecido  na  vida,  quais  os  aspectos  do 
contexto e da rotina agravam esse comportamento.  

Então  a  criança  ter  o  costume  de  bater  mesmo  não  tendo  nada  disso  em  casa 
pode  ser  só  uma  reação  natural  do  corpo,  mas  quando  a  criança tem um adulto 
violento  em  casa,  vai  alimentar isso e a criança vai passar a acreditar que aquela 
é a única forma.  

Por isso é tão importante se educar emocionalmente, para que a gente possa ter 
uma  criança  que  faz  tudo  conforme  nós  fazemos.  Vai  refletir  nela  tudo  que  ela 
nos  vê  fazendo  já  que  ela se espelha no comportamento que está a sua volta. O 
que  você  faz  significa  muito  mais do que o que você fala porque as crianças são 
seres não verbais. 

É  muito  importante  ensinar  o  seu  filho  a  lidar  com  a  raiva  e  a  se  acalmar,  mas 
isso não é tudo. Você precisa exercitar isso na frente dele.  

Analisar,  ter  rotina,  consegui  perceber  porque  estão  mais  agressivos,  qual  é  a 
necessidade,  como  você  pode  suprir  isso. A rotina vai ajudar muito a entender o 
foco, quando ela surge e quais os gatilhos.  

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#075 | Como lidar com criança que bate 
 
Toda  essas  análise  vai  te  dar  condição  de  ajudar  a  criança  a  diminuir  a 
agressividade  dela.  A  criança  que  se  sente  ignorada  é  uma  criança  que  pode 
responder agressivamente também.  

Tem  uma  agressividade  primária  que  faz  parte  da  primeira  infância.  Que 
recursos  uma  criança  que  ainda  não  fala  pode  ter  no  momento  da  raiva?  Qual 
controle  de  impulso  a  criança  tem  pra  sentir  raiva  e  mesmo  assim  conseguir  se 
controlar?  

Vejo  muitos  pais  e  mães  que  dizem  que  perdem  o  controle  quando  o  filho grita 
e/ou  bate.  Diz  que  não  responde  por  si quando o filho manda calar a boca. Esse 
raciocínio  mostra  que  quando  o  filho  não  consegue  se  controlar  em  toda  sua 
imaturidade, os pais se sentem no direito de não conseguir se controlar também. 

A  educação  tradicional  ensinou  que  temos  que  pegar  o dinossauro da criança a 


força,  calar  a  boca  desse  dinossauro  porque  sentir  raiva  é  uma  coisa  ruim  e 
controlar  esse  sentimento.  Acontece  que  o  controle  é  uma  ilusão.  Quando 
queremos  controlar esse momento de raiva, só pioramos. É muito difícil, você vai 
acabar alimentando essa raiva ao tentar controlar ela.  

Precisamos  aprender  a  nos  controlar  porque  não  conseguiremos  controlar  a 


criança  para  depois  ensinar  o  autocontrole  para  ela.  Através  do  seu  auto 
controle  você  ensina  seu  filho  a  se  controlar.  Ter  essa  mentalidade  de  querer 
ensinar  ele  a  se  controlar  vai  ajudar  a  criança  aprender  a  lidar  com  a 
agressividade. 

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#075 | Como lidar com criança que bate 

O livro Dino Davissauro 

O  meu livro “Dino Davissauro” tem como intenção ajudar no processo da criança 
aprender  a  lidar  com  a  raiva.  A  ideia  do  livro  é  mostrar  que  o  Davi  vira  um 
dinossauro  sempre  que  fica  com  raiva  e  por  ele  brigar  com  as  pessoas,  as 
pessoas  ficam  com  medo  e  se  afastam  dele.  A  mesma  coisa  acontece  várias 
vezes, na escola e no parquinho.  

Ele  chega  em  casa  e  fala  para  a  mãe  que  não  quer  mais  ser  assim.  A  mãe 
explica  que  também  vira  dinossauro  algumas  vezes  mas  ela  ensina  como  ela 
não  deixa  isso  tomar  conta  dela.  Ela  canta  uma  música,  cheira  uma flor e soprar 
uma vela (respira fundo). 

Na  primeira  tentativa ele não consegue controlar e deixa a amiguinha assustada. 


Ele  fica  chateado,  tenta  respirar  fundo  e  o  dinossauro  começa  a  sair  pouco  a 
pouco  do  corpo  dele  começando  pela  cabeça.  Na  segunda  vez,  quando  o 
dinossauro  começou  a  tomar  conta  da  cabeça  dele  ele  saiu  correndo  e  foi para 
um canto respirar.  

Ele  ficou  tão  feliz  por  ter  conseguido  fazer  isso,  mesmo  que  ele ainda estivesse 
com  o  rabo  do  dinossauro  já  que  mesmo  quando  a  gente  se  acalma,  ainda 
sentimos  raiva.  Só  não  podemos  deixar  tomar  conta  da  nossa  cabeça.  E  ele 
explica para os amigos como aprendeu a se acalmar. 

A  proposta  é  ensinar  que  temos  essa  reação  do  nosso  corpo  quando  sentimos 
raiva,  o  nosso  cérebro  mamífero  sai  de  cena  e  o  nosso  dinossauro  aparece.  É 
uma  forma  lúdica  de  explicar  que  o  nosso  cérebro  primitivo  toma  conta  e  que 
precisamos colocar o dinossauro de volta na jaula até o cérebro mamífero voltar. 

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


​educadora​  ​parental,​  ​ especialista​  ​emocional,​  ​autora​  ​e ​ ​mãe​ ​de​ ​dois.​ ​A ​ ​venda​ 
​dessa​ ​cartilha​ ​é​ ​PROIBIDA.​
Clube PsiMama 

#075 | Como lidar com criança que bate 
 
Esse e todos os links da minha coleção estão nesse ​LINK​.  

Resumo da aula 

Sobre  toda  a  questão  da  agressividade,  precisamos  entender  que  isso  é  uma 
resposta, um sintoma que a criança está apresentando de alguma causa.  

Durante  a  quarentena,  o  cérebro  primitivo  está  sendo  acionado  cada  vez  mais 
rápido  porque  a  criança  está  trancada  em  casa,  não  gasta  energia,  está  com 
saudade, medos, ansiedades.  

Não  tente  controlar  a  criança.  Foque  em  desenvolver  o  autocontrole  e  ensinar 


sua criança a se controlar. Só quem pode controlar a criança é ela mesmo. 

O  controle  de  impulsos  que  vai  fazer  a  criança  querer  bater,  morder  e  não 
conseguir  se  controlar  leva  muitos  anos  para  ser  aprendido.  Precisa  ter  todo  o 
sistema  cognitivo  maduro,  coordenação  motora  e  controle  do  próprio  corpo, 
então é uma coisa que a criança vai errar bastante antes de aprender.  

Quero  que  você  que  está  lendo  lembre  como  é difícil para você se controlar em 


alguns  momentos  também.  Se  estamos  com  raiva  e  não  gritar  e  não  bater  é 
difícil  para  nós  que  somos  adultos,  vamos  parar  de  exigir  que  as  crianças 
tenham mais autocontrole que nós. 

Vamos  colocar  nossas  orelhas  de  girafa,  vamos  ouvir  o  que  a  criança  está 
dizendo, analisar o contexto e os gatilhos dela.  

Se  você  for  analisar  um  criança  pequena  que  ainda  não  fala  tão  bem,  não  se 
expressa tão bem, quais recursos que essa criança tem que não seja bater,  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


​educadora​  ​parental,​  ​ especialista​  ​emocional,​  ​autora​  ​e ​ ​mãe​ ​de​ ​dois.​ ​A ​ ​venda​ 
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#075 | Como lidar com criança que bate 
 

morder,  chutar,  chorar  e  se  jogar  no  chão?  O  que  esperamos  que  essa  criança 
com  raiva  e  com  medo  faça?  Ela  tem  braços,  pernas  e  boca  e  não  sabe  se 
expressar  bem  e  está  com  raiva,  o  que  sobra  para  ela  se  não pode bater, jogar, 
chutar?  Não  poder  bater  o  pezinho  no  chão  é  um  absurdo.  Isso  só significa que 
a  criança  se  regulando.  Minha  ideia  é  mostrar  como  a  criança  fica  sem  recurso 
não podendo fazer nada disso.  

Sempre  que  você  disse  que  alguma  coisa  não  pode  para  uma  criança,  na 
mesma  hora  tem  que  dizer  o  que  pode.  Se  você  começar  a  dizer que não pode 
e  perceber  que  nem  você  sabe  que  alternativa  ela  tem,  você  começa  a  se  dar 
conta que ela está usando o único recurso que ela tem. 

Espero que tenha aproveitado!  

Com carinho, 

Nanda Perim 

nandaperim@psimama.com.br  

Jan​  ​2020.​  ​Autoria​  ​e ​ ​direitos​  ​reservados​  ​@Nanda​  ​Perim,​  ​psicóloga,​ 


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