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Nome: Júlia Filomeno Macedo

RA: 120545
Curso: RI Noturno

“Do Pós-Guerra ao Pós-COVID: a relevância contemporânea das instituições e regimes


de Bretton Woods”

Com o colapso do padrão-ouro e o fim da 2ª Guerra, que impactou severamente na


economia mundial, os países viram a necessidade de uma nova e eficiente organização do
sistema econômico, que viria a ser discutida na Conferência de Bretton Woods de 1944. A
partir dela, tomou forma o novo Sistema Financeiro Internacional que, segundo Romminger,
consiste em instrumentos, costumes e organizações que regulamentam as relações entre
moedas, Estado e mercado. Os atores do SFI, como a iniciativa privada, os Estados, bancos e
as Instituições Financeiras Internacionais têm a função de realizar estratégias de investimento
e financiamento, no intuito de ajudar os países em suas mais adversas condições.

Os acordos firmados em Bretton Woods consistiram em definir um sistema de


paridade monetária, que seria ouro-dólar, e a partir desse padrão os países poderiam planejar
a valorização de suas moedas. Esse processo impulsionou a criação do Fundo Monetário
Internacional, visando auxiliar financeiramente os países com déficit na balança, e
supervisionar as regras estabelecidas pelo SFI.

O FMI também provia empréstimos de curto prazo para recuperar os déficits dos
Estados, mas tendo em vista a grave situação em que alguns países se encontravam no
pós-Guerra, viu-se a necessidade de criação do Banco Internacional para Reconstrução e
desenvolvimento, que viria a financiar o desenvolvimento econômico e fornecer empréstimos
de longo prazo para financiar projetos com esse fim.

O BIRD, ao longo das décadas, dividiu suas funções entre novas agências, e hoje é
conhecido como Grupo Banco Mundial, o qual vamos abordar mais especificamente. O
Banco Mundial pode ser definido como um banco de fomento, cujo objetivo, de acordo com
Romminger, é o de mediar entre mercados de capital e necessidade de financiamento dos
projetos promotores do combate à pobreza, sustentabilidade e gestão de recursos, bem como
assessoria e assistência técnica para que possam se planejar devidamente. Como falamos,
também oferece empréstimos, porém de longo prazo e com juros mais baixos para países em
desenvolvimento, e é considerado uma agência especializada da ONU.

Considerando que o Grupo Banco Mundial assume, atualmente, um papel de


promoção ao desenvolvimento dos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, seus
financiamentos para as áreas da educação, saúde, infraestrutura e etc. podem ser considerados
de alto impacto, no que diz respeito aos efeitos da pandemia nesses Estados, uma vez que o
seu trabalho também é realizado através de estudos que permitem delinear novas estratégias
para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável desses atores.

Sob essa ótica, podemos considerar o relatório “COVID-19 no Brasil: Impactos e


respostas de Políticas Públicas" lançado em Junho pelo Banco Mundial, como uma tentativa
de apoio que vai além de recursos financeiros, visto que esse material traz uma avaliação e
perspectiva do BIRD sobre as medidas adotadas pelo governo federal durante a pandemia,
que podem ajudar ou ter efeito contrário na economia do país e na qualidade de vida da
população. O relatório traz também uma análise macroeconômica, com índices gerados em
equipamentos de alta tecnologia do Banco, e outras análises feitas por consultores e
economistas, visando contribuir para o diálogo sobre as políticas públicas criadas durante a
crise, e ajudar os formuladores de políticas a se prepararem para o futuro, como diz o próprio
relatório.

Outros relatórios elaborados pelo Banco servem também para verificar o andamento
dos projetos e trabalhos realizados, além de consolidar estatísticas para a melhoria da
distribuição de recursos emitidos pelo Grupo.

A respeito do funcionamento das instituições de Bretton Woods na


contemporaneidade, Villardi (2020) afirma que a crise da pandemia representa uma mudança
na estrutura do SFI, que seria agora composto por mecanismos mais flexíveis de cooperação,
como contratos, que possibilitam e asseguram o fornecimento de dólares em empréstimos, em
uma rede hierárquica, mas que servem para facilitar a intervenção dos bancos centrais no
mercado cambial, na busca de regular o valor das moedas, e evitar uma piora na crise
mundialmente.
Essa flexibilidade representa a ampliação no número de financiamentos estratégicos,
que atualmente se mostram importantes para muitos países, como o Brasil. O relatório de
Políticas Públicas evidencia o fato de nosso país ter um grande desafio estrutural, que não
pode ser solucionado a curto prazo, como a má qualidade das moradias urbanas, limite de
acesso aos serviços essenciais como água e energia, ou mesmo a crise sanitária que
enfrentamos. É como vimos na entrevista de Guterres, secretário-geral da ONU, que a
pandemia causada pela COVID-19 expõe as fragilidades sistêmicas de nossa sociedade, e
influencia fortemente no sistema econômico global.

Ao serem desenvolvidas as Instituições de Bretton Woods, vimos que a ideia original


consistia na independência financeira dos Estados a longo prazo, sendo bons condutores de
suas políticas macroeconômicas, e fortalecimento de suas moedas nacionais, mantendo a
paridade na taxa de câmbio internacional, como afirma Villardi (2020). Contudo, na prática
vemos os países dependentes do padrão ouro-dólar até os dias atuais, quando, em tempos de
crise, o dólar segue sendo fundamental para o funcionamento do SFI.

Levando em conta, portanto, todo o contexto da crise que vivemos atualmente, vemos
que as organizações internacionais como o FMI e o Banco Mundial seguem ajudando os
países em desenvolvimento na superação de seus problemas econômicos e sociais, não só
financeiramente, mas com suas análises e perspectivas, que mesmo não sendo vinculantes,
favorecem uma análise de cenário por parte dos agentes nacionais, para que possam elaborar
planos e estratégias de melhoria em áreas de maior necessidade.

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