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Strategies for sustainability: multicases a study on business in the State of operation Ceará
Resumo: o presente trabalho estuda a aplicação das Abstract: this paper aims to study the application of
estratégias empresariais para a sustentabilidade em business strategies for sustainability in Ceará on three
três organizações cearenses com reconhecida atuação organizations with recognized environmental perform-
socioambiental. Buscou identificar se as atividades ance. In this way the authors aim to identify if socio-
socioambientais desenvolvidas por elas constituem environmental activities undertaken by them are busi-
estratégias de negócio. Para tanto, parte-se do princí- ness strategies. To do so, the authors start from the
pio de que para serem sustentáveis, as empresas de- principle that to be sustainable, companies must de-
vem criar estratégias que contemplem suas responsabi- velop strategies that address their responsibilities eco-
lidades econômica, social e ambiental, utilizando-se nomic, social and environmental, using the concept
do conceito que “empresa sustentável é a que procura from Barbieri anda Cajazeira (2009, p.70) that
incorporar os conceitos e objetivos relacionados com o "sustainable company is one that seeks to incorporate
desenvolvimento sustentável em suas políticas e práti- the concepts and objectives related sustainable devel-
cas de modo consistente”. (BARBIERI; CAJAZEIRA, opment into their policies and practices consistently".
2009, p. 70). A revisão da literatura foca nas cinco The literature review focus on five strategic ap-
abordagens estratégicas para as empresas integrarem proaches for companies to integrate the principles of
os princípios da sustentabilidade aos seus negócios sustainability to their business (Reinhardt, 2007).
propostas pelo pesquisador Reinhardt (2007). A pes- Then, using secondary data, presented the environ-
quisa de campo utiliza dados secundários, apresentan- mental activity of the three companies. In comparison
do a atividade socioambiental das três empresas. Co- to theory, the authors identified: Group Ypióca de-
mo resultado tem-se análise frente à teoria, identifi- velop strategic approach of saving cost; C. Rolim En-
cando que: o Grupo Ypióca desenvolve a abordagem gineering, the approach of environmental product dif-
estratégica de economia de custos; a C. Rolim Enge- ferentiation, and Coelce's approach to risk manage-
nharia, a abordagem de diferenciação de produto am- ment. Also found that, regardless of the focus of the
biental; e a Coelce, a abordagem de gestão de risco. approach taken, all the studied companies can make
Verificou ainda que, independentemente do foco da use of their environmental performance to achieve
abordagem adotada, todas as empresas estudadas po- improvements in corporate image.
dem utilizar-se de sua atuação socioambiental para
Keywords: Business strategy. Sustainability. Sustai-
obter melhorias na imagem corporativa.
nable company. Socio-environmental.
Palavras-chave: Estratégia empresarial. Sustentabili-
dade. Empresa sustentável. Socioambiental.
Recebido em 28/2/2013. Rev. Econ. NE, Fortaleza, v. 45, n. 3, p. 135-157, jul-set., 2014
Aprovado em 23/7/2013.
Agesilaudo da Silva Souza, José Carlos Lázaro da Silva Filho e Mônica Cavalcanti Sá Abreu
136
2.2 Estratégia
Para os fins do presente trabalho monográfico, É o que Alves, Jacovine e Nardelli (2011, p.
será utilizado o conceito de estratégia como posição 89) chamam de estratégia de diferencial verde. Nela, a
(no entanto, buscando não esquecer a visão múltipla empresa “deve buscar atributos ambientais que a fa-
do termo). Neste sentido, destaca-se a obra de Michael çam diferente de suas concorrentes e que leve valor ao
Porter. consumidor, destacando responsabilidade com meio
ambiente e sociedade, mas sem esquecer atributos
relacionados com funcionalidade, desempenho e pre-
2.3 Estratégias para a sustentabilidade ço”.
Segundo Reinhardt (2007), para o sucesso com
a diferenciação de produto ambiental uma empresa
Como discutido anteriormente, o papel das
deve satisfazer três condições: identificar os clientes
empresas na promoção do desenvolvimento sustentá-
dispostos a pagar um preço mais alto por um produto
vel depende da aplicação de estratégias corporativas
ambientalmente correto; ser capaz de comunicar os
que contemplem de forma equilibrada as áreas econô-
benefícios ambientais de seu produto de forma credí-
mica, social e ambiental. Desta forma as empresas vel; e ser capaz de proteger-se da imitação por tempo
estariam contribuindo para o bem-estar das futuras suficiente para colher os resultados do seu investimen-
gerações e, ao mesmo tempo, trabalhando para torna-
to. De acordo com o autor, a quebra de qualquer uma
rem-se perenes. destas condições pode conduzir a estratégia ao fracas-
Em 1999, Reinhardt (2007) identificou cinco so.
abordagens para as empresas integrarem a dimensão
Além destes requisitos, alguns pontos devem
ambiental de forma estratégica em seus negócios, a ser ressaltados. O primeiro deles diz respeito aos cus-
saber: diferenciação de produtos, gerenciamento dos tos do diferencial verde. De acordo com Alves, Jacovi-
concorrentes, economia de custos, gestão de risco am-
ne e Nardelli (2011), a empresa incorre em custos para
biental e redefinição de mercados. Por meio delas,
criar e manter o diferencial verde. Reinhardt (2007)
uma empresa com a estrutura do setor, a posição com-
corrobora com esta idéia ao afirmar que a diferencia-
petitiva e as habilidades gerenciais corretas pode con- ção de produto ambiental pode elevar os custos do
ciliar sua necessidade de geração de valor para os a- negócio. Porém, segundo o autor, esta diferenciação
cionistas com as pressões para a proteção do meio
permite a empresa cobrar preços mais altos
ambiente. (conhecidos como preços-prêmio), conquistar partici-
Algumas dessas abordagens, a diferenciação de pação de mercado adicional, ou obter ambos os bene-
produtos e a economia de custos, podem ser vistas fícios.
como aplicações diretas das estratégias genéricas de Outro ponto importante é que os atributos am-
Porter (2004) voltadas à dimensão ambiental. Outras bientais e sociais explorados pela estratégia de dife-
tratam de questões que muitas vezes são cruciais para
rencial verde precisam ser valorizados pelos consumi-
o sucesso de uma empresa, como a gestão de riscos, a
dores. Uma característica única do produto não resul-
regulamentação ambiental e a inovação. A seguir, ca-
tará em diferenciação se não for percebida como uma
da uma das abordagens propostas por Reinhardt
característica de valor pelos consumidores. (ALVES et
(2007) é aprofundada.
al., 2011).
Vale ressaltar ainda que o diferencial verde
2.3.1 Diferenciação de produto ambiental pode ser obtido de diversas formas. Para Orsato
(2002), por exemplo, a diferenciação pode ser desen-
volvida com base nos processos utilizados ou nos pro-
Reinhardt (2007) denomina diferenciação de dutos ofertados por uma organização.
produto ambiental a abordagem na qual uma empresa No primeiro caso apresentado por Orsato
busca criar produtos ou empregar processos que ofere- (2002), ao qual chama de estratégia além da conformi-
çam maiores benefícios ambientais ou imponham me- dade legal, a empresa cria uma vantagem competitiva
nores custos ambientais que os dos seus concorrentes. ao adotar práticas que vão além da conformidade à
Sob a óptica de Porter (2004), esta abordagem legislação ambiental, por exemplo, ao se comprometer
pode ser vista como a estratégia que desenvolve a van- com a melhoria contínua de seu desempenho ambien-
tagem competitiva diferenciação com base em quesi- tal certificando seu sistema de gestão ambiental con-
tos ambientais. Esta vantagem pode ser aplicada a um forme a ISO 14001. No segundo caso, estratégia de
escopo amplo ou a um mercado específico, visando produtos eco-orientados, a empresa obtém vantagem
obter um desempenho superior ao de seus concorren- competitiva ao fornecer bens ou serviços com atribu-
tes. tos ecológicos, por exemplo, ao desenvolver uma mar-
ca ecológica que diferencie toda uma linha de produ- Já entre as certificações de gestão ambiental
tos ecologicamente orientados. destaca-se, entre outras, a série de normas ISO 14.000.
A mesma tem foco nos processos para o alcance dos
Estes mesmos exemplos, marca verde e certifi-
resultados de desempenho ambiental e sua melhoria
cações e selos ambientais, são apontados por Alves,
contínua. A série ISO 14.000 oferece diretrizes aplicá-
como exemplos de estratégias para obtenção do dife-
veis a organizações de qualquer porte ou setor para o
rencial verde.
desenvolvimento e a implementação de Sistemas de
Segundo Alves et al. (2011), as marcas verdes Gestão Ambiental (SGA), bem como sua coordenação
têm o potencial de assegurar diferenciação a uma em- com outros sistemas gerenciais. Um dos motivos para
presa e conferir ao consumidor “certas garantias” uma empresa buscar a certificação de seu SGA é que
quanto à procedência social e ambiental do produto. tal certificação pode constituir um meio de alcançar
novos mercados: certos nichos do mercado internacio-
Para as empresas, de acordo com os autores, a
nal demandam certificação ambiental e podem ser um
marca deve representar um diferencial. Para tanto,
novo negócio para a empresa (ALVES et al., 2011).
deve ser administrada de forma estratégica, visando
seu reconhecimento e identificação pelo consumidor
como algo de valor. Segundo Dias (2007 apud AL-
2.3.2 Gerenciamento dos concorrentes
VES et al, 2011, p. 158), é possível desenvolver dois
tipos de estratégia de posicionamento com as marcas
verdes. Uma delas é o posicionamento ecológico com
A segunda abordagem apontada por Reinhardt
reflexos racionais, na qual “deve-se influenciar a per-
(2007) diz respeito à regulamentação ambiental. De
cepção da marca levando informações técnicas ao con-
acordo com o autor, uma empresa pode ser capaz de
sumidor, bem como o menor impacto negativo ao mei-
“administrar os seus concorrentes” ajudando a criar ou
o ambiente do produto verde durante todo o seu ciclo
mesmo moldando a regulamentação ambiental a seu
de vida”. A outra é o posicionamento ecológico com
favor.
reflexos emocionais, na qual “deve-se transformar a
marca em um meio de associar a experiência sensorial Uma empresa pode juntar-se com outras em
de contato com o meio ambiente”. posição semelhante na indústria e, em conjunto, defi-
nir normas privadas de regulamentação. Exemplo his-
Para os consumidores, a marca tem a finalidade
tórico dessa situação é o Responsible Care. Criado em
de sinalizar aspectos que são importantes para eles,
1988 pela Chemical Manufacturers Association, o
tais como qualidade, procedência ambiental, status,
programa definia um conjunto de regras acerca de
entre outros. Além disso, a marca facilita a escolha
áreas como prevenção da poluição, segurança de pro-
dos consumidores, distinguindo uma empresa da outra
cessos e resposta de emergência, que deveriam ser
ou fazendo com que um produto seja percebido como
seguidos pelas empresas norte-americanas que faziam
de maior valor em relação a outro (ALVES et al.,
parte da associação. Como resultado, as empresas as-
2011).
sociadas no geral reduziram significativamente suas
As certificações e selos ambientais funcionam emissões de resíduos tóxicos, o que impactou positiva-
como uma garantia para os consumidores de que os mente em sua imagem. Entretanto, especificamente as
produtos fornecidos ou processos executados pela empresas organizadoras do Responsible Care melho-
empresa estão em conformidade com determinados raram suas posições competitivas, uma vez que passa-
padrões ou práticas ambientais. Desta forma, os clien- ram a arcar com custos ambientais menores que seus
tes podem dar preferência às empresas que possuem concorrentes que também participam da associação.
tais certificações ou selos. (ALVES et al., 2011). (REINHARDT, 2007).
Entre as certificações e selos que identificam A outra opção apresentada por Reinhardt
produtos ambientalmente responsáveis pode-se citar a (2007) para o gerenciamento dos concorrentes de uma
certificação orgânica e a rotulagem de produtos agrí- empresa é convencer o governo a criar regras que fa-
colas, que garantem que determinados princípios e voreçam o seu produto. O autor cita o exemplo, ocor-
diretrizes da produção orgânica foram seguidos ao rido na Califórnia durante as décadas de 1970 e 1980,
longo do processo produtivo. Para o produtor, a certi- em que os refinadores de gasolina ajudaram a criar
ficação orgânica confere um diferencial de mercado, novas regras estaduais que determinavam a utilização
oferecendo produtos que podem ser mais valorizados e de gasolina reformulada para reduzir a poluição do ar.
estabelecendo uma relação de confiança com o consu- Desta forma, eles conseguiram evitar a corrosão de
midor. O consumidor, por sua vez, tem a garantia de seu mercado por meio das ameaças de entrada de pro-
aceso a produtos mais saudáveis e cuja produção res- dutores de outros combustíveis, como o metanol e o
peita o meio ambiente. etanol, e de eliminação total dos carros movidos a
gasolina.
Reguladores capazes de definir padrões de de- materiais de alto custo por materiais mais baratos ou
sempenho mensuráveis, com acesso a informações ao utilizar os mesmos materiais em menor quantidade.
para verificar o seu cumprimento e em posição para
Orsato (2002, p. 10) ressalta que “o uso de
impor regras são pré-requisitos tanto para os progra-
pressupostos ecológicos no desenho dos sistemas de
mas privados como os programas governamentais de
produção tem a capacidade de desvendar não somente
regulação. No entanto, no caso dos programas priva-
incríveis ganhos de produtividade, mas até mesmo
dos, deve-se atentar ainda que estes necessitam de
gerar novas oportunidades de negócio a partir do que
pelo menos aprovação tácita do governo e devem a-
antes era considerado ‘lixo’ ou perdas”.
branger todos os concorrentes relevantes.
(REINHARDT, 2007). Na área industrial, há diferentes abordagens
práticas para a economia de custos baseada em ques-
tões ambientais. Entre elas, a ecoeficiência e a produ-
2.3.3 Economia de custos ção mais limpa. Segundo Barbieri (2004), a ecoefici-
ência é um modelo de gestão ambiental empresarial
introduzido em 1992 pelo World Business Council for
A terceira abordagem identificada por Rei- Sustainable Development (WBCSD). De acordo com
nhardt (2007) diz respeito à redução de custos inter- o autor, o modelo “baseia-se na ideia de que a redução
nos. De acordo com o autor, algumas empresas são de materiais e energia por unidade de produto ou ser-
capazes de reduzir custos ao mesmo tempo em que viço aumenta a competitividade da empresa, ao mes-
melhoram o seu desempenho ambiental. mo tempo que reduz as pressões sobre o meio ambien-
te, seja como fonte de recurso, seja como deposito de
Alves et al. (2011) chamam de estratégia de resíduos” (BARBIERI, 2004, p. 123). Desta forma,
custo no mercado verde aquela em que uma empresa uma empresa se tornaria ecoeficiente ao adotar práti-
corta custos de produção e comercialização ao tornar
cas voltadas à minimização de materiais e de energia
seus produtos mais eficientes. Os autores destacam
em seus produtos e serviços; à minimização da disper-
que existem duas possibilidades estratégicas: “a em-
são de materiais tóxicos pela empresa; ao aumento da
presa pode tornar-se líder em custo de um mercado ou reciclabilidade de seus materiais; à maximização do
então estabelecer estratégias voltadas para a redução uso sustentável dos recursos renováveis; entre outras.
de seus custos”. (ALVES et al., 2011, p. 116). Estas
O modelo conhecido como produção mais limpa
mesmas possibilidades são assumidas por Orsato
(P+L) pode ser definido como a “aplicação contínua
(2002) ao separar a obtenção da vantagem de custo
de uma estratégia ambiental preventiva e integrada nos
baseada em produtos da baseada em processos. processos produtivos, nos produtos e nos serviços para
O primeiro caso trata-se do desenvolvimento da reduzir os riscos relevantes aos seres humanos e ao
estratégia liderança de custos, apontada por Porter ambiente natural”. (UNEP/UNIDO, 1995 apud NAS-
(2004), com base em pressupostos ambientais. Nova- CIMENTO et al., 2008, p. 191).
mente, a vantagem competitiva pode ser obtida visan-
Como pode ser observado na figura 3, a P+L
do ao mercado ou a um escopo estreito dentro do mer-
trabalha com uma hierarquia que busca num primeiro
cado. Desta forma, Orsato (2002) chama esta possibi-
nível não gerar/minimizar resíduos e emissões; quando
lidade estratégica de liderança de custo ambiental. isto não for possível, reintegrar os resíduos e emissões
Nela a empresa oferece um produto que apresenta ao processo produtivo da empresa (segundo nível); e,
tanto um baixo impacto ambiental quanto o preço mais
em ultimo caso, recorrer à reciclagem fora da empresa
baixo em seu mercado, sendo assim duplamente difícil
(terceiro nível).
desenvolver tal estratégia.
O segundo caso é conhecido como produtivida-
de de recursos. Porter e Linde (1995) abordam a ques-
tão da regulamentação ambiental (sob um ângulo dife-
rente do apresentado na abordagem anterior) como
impulsionadora da competitividade das empresas. Se-
gundo os autores, a poluição é uma forma de ineficiên-
cia na gestão de recursos e as inovações para ajuste à
regulamentação ambiental podem levar as empresas a
economizar tempo e dinheiro. Assim, as empresas
devem deixar de lutar contra essas regulamentações e
“aprender a enxergar o beneficio ambiental em termos
de produtividade de recursos”. (PORTER; LINDE,
1995, p. 73). De acordo com os autores, uma empresa
aumenta sua produtividade de recursos ao substituir
De acordo com a Ypióca (2012b), a sustentabi- A Ypióca possui uma cachaça voltada ao mer-
lidade está presente em todo o processo de produção cado de orgânicos. Trata-se da Ypióca Orgânica: uma
da aguardente, desde o manejo e corte (sem utilização aguardente premium produzida com cana cultivada
de queimada) até a reutilização de 100% do bagaço com adubo orgânico, colhida sem queima de palha e
produzido. fermentada com leveduras naturais (YPIÓCA, 2012e).
De acordo com o diretor de planejamento, Paulo Tel-
Toda a cana utilizada na fabricação dos produ-
les, “Até o adubo natural é rastreado, pois a ração do
tos Ypióca e Sapupara é submetida à seleção de se-
animal que gera esse adubo não pode conter alimentos
mentes e à tecnologia de fertirrigação, que consiste na
cultivados com agrotóxicos. O controle de pragas é
aplicação simultânea de fertilizantes e água. O proces-
biológico, feito por meio de vespas que se alimentam
so envolve ainda colheitadeiras mecânicas e sistemas
das pragas.” Além disso, a fim de garantir a qualidade
de irrigação com alto índice de aproveitamento
do produto, a sua produção é realizada em épocas dis-
(YPIÓCA, 2012b).
tintas das demais linhas (SAVANACHI, 2009).
A Ypióca produz cerca de 450.000 toneladas de
O produto é certificado pelo Instituto Biodinâ-
bagaço de cana por safra, período de abril a dezembro.
mico (IBD/IFOAM), certificador internacional para os
Este bagaço, proveniente da produção da cachaça, é
mercados europeu e americano. O Certificado Interna-
totalmente reaproveitado de diversas maneiras. Parte
cional de Produção, Processamento e Comercializa-
do bagaço é utilizada para alimentar as caldeiras, ge-
ção, renovado em 2007, avalia a política ambiental da
rando vapor que produz energia elétrica e mecânica
empresa, como a regularização junto aos órgãos do
para o funcionamento das fábricas. Outra parte é trans-
meio ambiente e a obediência às normas ambientais
formada em papel e papelão, usados no encaixotamen-
(YPIÓCA, 2012e).
to dos produtos da empresa. Uma terceira parte é pro-
cessada em hidrolisadores que aumentam em até 86%
sua digestibilidade e, após o beneficiamento com sais
3.1.2.3 Programa Ambiental
e vitaminas, permite sua utilização como ração para o
gado. Com esse processo, gera-se uma economia de
25% no valor da ração. Por fim, o excedente do baga-
Em junho de 2008, foi lançado oficialmente o
ço é comercializado ou utilizado como adubo na ferti-
Programa Ambiental Ypióca. Com o objetivo de pro-
lização do solo (CARVALHO, 2011; YPIÓCA,
mover a preservação e a educação ambiental por meio
2012b, 2012d).
do lazer e de pesquisas cientificas, o programa protege
O vinhoto, subproduto do processo de destila- e mantém duas áreas que abrigam espécies raras da
ção da cana-de-açúcar e rico em potássio, é diluído em fauna e flora cearense: a Lagoa da Encantada e a Flo-
água e utilizado na fertirrigação dos canaviais. A leve- resta do Curió (YPIÓCA, 2012d).
dura excedente, microorganismo responsável pela
Localizada em Aquiraz (CE), a Reserva Ecoló-
transformação do açúcar em álcool, é desidratada e
gica Particular (REP) da Lagoa da Encantada apresen-
adicionada à ração animal, contendo 32% de proteína.
Assim, gera-se mais uma economia de 5% no custo da ta, em seus cerca de 40 hectares, espécies raras do
ecossistema de tabuleiro pré-litorâneo. São 143 espé-
ração (CARVALHO, 2011; YPIÓCA, 2012b).
cies de animais, além de espécies arbóreas únicas co-
As embalagens empalhadas da Ypióca, que se mo o gonçalo-alves, componente da flora brasileira
tornaram marcas registradas da empresa, têm sua pro- ameaçada de extinção. Na REP, que é dotada de tri-
dução totalmente artesanal. O grupo Ypióca distribui a lhas e placas de sinalização, a Pecém Agroindustrial
palha e as garrafas (já esterilizadas, cheias e lacradas) promove diversas atividades: divulgação da Reserva
para artesãs de cidades do norte do Ceará. Em seguida, Ecológica da Lagoa da Encantada; visitação progra-
as garrafas são entregues a outras “feiteiras”, morado- mada à área industrial e às trilhas ecológicas; e a reali-
ras de outras regiões do Estado, responsáveis pelo zação de atividades de educação ambiental para fun-
acabamento final do gargalo da garrafa. Assim, nesses cionários e visitantes (YPIÓCA, 2012d).
dois processos são envolvidas cerca de quatro mil mu-
Com 57 hectares na Região Metropolitana de
lheres (YPIÓCA, 2012d).
Fortaleza, a Área de Relevante Interesse Ecológico
(ARIE) do Sitio Curió é a primeira do Ceará. Abriga
vegetação nativa da Mata Atlântica, conferindo um
clima bastante agradável à região. Nela também está
presente uma grande diversidade de espécies animais
(92 espécies, entre mamíferos, aves, répteis e anfí-
bios). O local é aberto à visitação pública e possui escola de ensino fundamental com cerca de 60 alunos
uma sala ao ar livre, dedicada a cursos, palestras e (YPIÓCA, 2012d).
aulas práticas, realizadas por meio de convênios com
Outro projeto do grupo é o Mudando de Cara.
escolas e universidades locais (YPIÓCA, 2012d).
Criado em 2008, o projeto objetiva proporcionar ações
educativas para uma melhor qualidade de vida das
famílias da Vila São Joaquim, no Parque São Miguel
3.1.2.4 Programas sociais
(Curió). Como resultado, a comunidade local tem rea-
lizado uma série de mudanças, como a melhoria das
casas, a limpeza de quintais e a retirada de parte da
O grupo Ypióca promove uma série de ativida- mata e lixo da rua. Além disso, estas famílias contam
des voltadas para o bem-estar dos seus funcionários e
com emprego e renda gerados pela cobertura de palha
da comunidade no entorno de suas fábricas. A seguir
das garrafas Ypióca (YPIÓCA, 2012d).
elas são listadas.
O grupo ainda apoia, desde 2004, o projeto
Em 2005, o grupo Ypióca criou o projeto Esco-
Fonte da Vida por meio da doação de parte da renda
la de Líderes. Sua finalidade é desenvolver funcioná- da bilheteria do complexo turístico Y-park e do em-
rios de alto potencial para que se tornem lideranças préstimo de espaço para a realização de atividades
internas. Com duração de um ano, o programa promo-
socioculturais. Através deste projeto, crianças, jovens
ve sessões de leitura e de filmes relacionados ao tema
e adultos da comunidade do São Miguel participam de
liderança, palestras e visitas técnicas a empresas, bem
aulas de capoeira, hip hop, caratê, teatro, coral reforço
como subsídios para cursos de graduação e pós-
escolar entre outras atividades (YPIÓCA, 2012d).
graduação. O programa permite, ainda, a interação e a
troca de experiências entre os profissionais da empresa
(YPIÓCA, 2012d).
3.2 C. Rolim Engenharia
A fim de incentivar o hábito da leitura entre
3.2.1 Apresentação da empresa
seus funcionários, a Ypióca instalou em sua sede a
Biblioteca Eugênia Menescal Campos. Seu acervo,
construído em parceria com o Serviço Social da Indús-
A C. Rolim Engenharia faz parte do grupo C.
tria (SESI), é composto de mais de três mil obras, in-
Rolim, que, além da construtora, conta com empresas
cluindo clássicos da literatura brasileira, livros, jornais
de varejo em calçados (Casa Pio), varejo em moda (C.
e revistas. Como incentivo ao interesse pela escrita,
Rolim), venda de automóveis (Mito, Nissei, Sol, Cra-
também são promovidos concursos literários
sa, Crasa Caminhões, Crasa Motos, Consórcio Crasa),
(YPIÓCA, 2012d).
imobiliárias (Albatroz, CPC, C. Rolim) e shopping
Também em parceria com o SESI, em 2009 o center (Del Paseo) (C. ROLIM ENGENHARIA,
Grupo Ypióca lançou a Escola para Adultos, que fica 2012a).
em Pindoretama (CE). Os mais de 50 participantes do
Fundada em 1977 por Clovis Rolim e Pio Ro-
projeto têm aulas diárias sobre ética, política e cidada-
drigues Neto, a C. Rolim Engenharia Ltda. atende a
nia. Com duração de dois anos, a finalidade do curso é
demanda de construção industrial e residencial. A
capacitar e qualificar os funcionários criando oportuni-
construtora é responsável por mais de 200.000 metros
dades reais de crescimento interno (YPIÓCA, 2012d).
quadrados de plantas industriais de empresas nacionais
A Ypióca é mantenedora da creche Cana-de- e multinacionais, como Dakota, Vulcabraz, Nestlé e
Açúcar, localizada em Fortaleza. A instituição, que Grendene. Na área de incorporações residenciais, são
atende em período integral a 20 filhos de funcionários, mais de 185.000 metros quadrados de área construída
de dois a seis anos, conta com infraestrutura adaptada pela C. Rolim, com empreendimentos como os edifí-
às necessidades das crianças e profissionais habilita- cios Cascais (Meireles), Lucca (Aldeota), Casa Rosa
dos (YPIÓCA, 2012d). (Aldeota) e Paço do Bem, todos em Fortaleza, Ceará
(C. ROLIM ENGENHARIA, 2012b; 2012c).
Composta por 50 casas brancas, a Vila Eugê-
nia, localizada na entrada do Museu da Cachaça, em Um dos grandes destaques da empresa é a utili-
Fortaleza, abriga cerca 42 famílias de funcionários da zação, desde 2004, do modelo Lean Construction
Ypióca, totalizando aproximadamente 165 pessoas. O (Construção Enxuta). O modelo é uma aplicação ao
projeto foi lançado em 1941, como incentivo para o gerenciamento dos processos na construção civil dos
trabalhador que, antes só permanecia até a colheita, conceitos do Sistema Toyota de Produção, que busca
fixar residência no local. Na Vila os moradores rece- “aumentar a eficiência da produção pela eliminação
bem gratuitamente água e energia elétrica. Há, ainda, à consistente e completa de desperdícios” (NOVAES;
disposição, posto de saúde, creche-escola, pré-escola e VALENTE, 2010). Segundo a empresa, no intervalo
de cinco anos, a C. Rolim Engenharia reduziu seus
Serão distribuídos cestos de coleta e promovi- Desde 2003, a empresa realiza em parceria com
dos treinamentos com os operários do empreendimen- o Serviço Social da Indústria (SESI) os Programas de
to para a coleta seletiva de resíduos recicláveis. Estes Alfabetização e Educação Continuada, que contem-
resíduos deverão ser recolhidos por empresas legaliza- plam os ensinos fundamental e médio. Neles, são leva-
das que processarão a reciclagem de cada tipo. Será das salas de aula para os canteiros de obras a fim de
elaborado, ainda, um plano de gerenciamento de resí- proporcionar educação aos seus colaboradores. Mais
duos sólidos, contemplando coleta, separação e arma- de 250 funcionários já participaram do programa (C.
zenamento dos resíduos gerados durante a obra (C. ROLIM ENGENHARIA, 2011).
ROLIM ENGENHARIA, 2012d).
Nos canteiros de obras, são promovidos tam-
Como atendimento ao critério “inovação e tec- bém cursos (oficinas de português e matemática, infor-
nologia”, além do design diferenciado da fachada do mática, biblioteca itinerante etc.) e palestras
prédio, que favorecerá a ventilação dos pavimentos, a (alcoolismo, tabagismo, doenças sexualmente trans-
C. Rolim Engenharia desenvolveu o Compromisso missíveis, primeiro socorros etc.) (C. ROLIM ENGE-
Verde, apresentado a seguir (C. ROLIM ENGENHA- NHARIA, 2010b).
RIA, 2012d).
A empresa destaca, ainda, as ações de cresci-
mento profissional e acadêmico, como os programas
Menor Aprendiz e Treinee. Em sua revista semestral,
3.2.2.2 Compromisso Verde
C. Rolim relata o caso do colaborador que iniciou sua
carreira como estagiário, teve 50% de sua especializa-
ção em Engenharia de Produção custeada pela empre-
Em 2009, a C. Rolim Engenharia lançou o sa e hoje é Gerente de Obras (C. ROLIM ENGENHA-
Compromisso Verde: o compromisso de plantar uma
RIA, 2010b, 2010c).
árvore para cada metro quadrado de terreno construído
pela empresa. A iniciativa tem como objetivo compen- Na área de saúde, a C. Rolim Engenharia de-
sar a emissão de gases poluentes e aumentar a cobertu- senvolve ações como: a contratação de uma unidade
ra vegetal de Fortaleza (C. ROLIM ENGENHARIA, móvel odontológica, responsável pelo atendimento de
2012e; SANTANA, 2011). mais de 200 funcionários das obras do Paço Verde e
do Paço da Águas, durante 45 dias; e a ginástica labo-
Assim, em 2010, o dia 22 de abril, Dia da Ter-
ral, realizada semanalmente no inicio do expediente a
ra, marcou o plantio de 7.000 árvores nobres em For-
fim de combater doenças do trabalho, estresse e ansie-
taleza. Após pesquisa sobre a localização e a escolha
dade (C. ROLIM ENGENHARIA, 2011).
das espécies mais apropriadas e autorização da Supe-
rintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará Neste campo, merece destaque o Programa de
(Semace), a Lagoa do Papicu e o Parque dos Guarara- Massoterapia. Iniciado em abril de 2010, o programa
pes foram contemplados com Jacarandás, Cedros, Pai- disponibiliza massagens terapêuticas aos funcionários
neiras, Oitis, Paus-Brasil, Ipês, Flamboyants e outras dos canteiros de obras e do escritório central, visando
plantas ornamentais. A ação corresponde aos 7.000 recuperá-los de um possível desgaste físico ou mental
metros quadrados de terreno dos empreendimentos ocasionado no ambiente de trabalho (C. ROLIM EN-
lançados pela C. Rolim no ano de 2009, Paço das Á- GENHARIA, 2010d).
guas e Paço Verde (C. ROLIM ENGENHARIA,
Já o Programa Sobremesa com Arte visa à inte-
2012e; SANTANA, 2011).
gração e ao lazer dos funcionários durante o intervalo
Até agosto de 2011, 11.000 mudas de árvores de almoço. São disponibilizadas espreguiçadeiras para
já haviam sido plantadas e cultivadas pela empresa em descanso e jogos (dominó, baralho, dama) para uso
Fortaleza (SANTANA, 2011). neste período (C. ROLIM ENGENHARIA, 2010b).
O projeto Ser do Bem, desenvolvido em con-
junto pela C. Rolim Engenharia e a César Rêgo Imó-
3.2.2.3 Responsabilidade social veis, estende as ações de responsabilidade social da
empresa aos familiares dos colaboradores, clientes e
comunidade em geral. O projeto realiza passeios ci-
A C. Rolim Engenharia desenvolve sua respon- clísticos e atividades como distribuição de mudas,
sabilidade social por meio de diversas ações voltadas avaliação física, aulas de ginástica, avaliação nutricio-
os seus funcionários em áreas como educação, saúde e nal e medição de glicemia e pressão arterial em locais
lazer. A empresa também promove o Projeto Ser do públicos de Fortaleza. O objetivo é promover temas
Bem. A seguir, essas ações e o projeto são apresenta- como a preservação do meio ambiente, a valorização
dos. da saúde, do conhecimento e da cidade (CÉSAR RÊ-
GO IMÓVEIS, 2011; C. ROLIM ENGENHARIA, mento nos territórios e países em que opera
2012f). (COELCE, 2010).
De acordo com seu relatório de sustentabilida- Como iniciativas para o enraizamento no Cea-
de 2010, as principais comunidades com as quais a rá, podem-se citar as ações de Responsabilidade Social
empresa se relaciona são de baixo desenvolvimento Corporativa (RSC) desenvolvidas pela Coelce. De
socioeconômico, sendo que a maioria, 73% dos clien- acordo com o perfil socioeconômico da população
tes residenciais, é enquadrada como de baixa renda e, atendida, a empresa definiu como foco das atividades
por isso, recebem descontos na conta de energia por de RSC a educação para o uso consciente e seguro da
meio de subsídios federais (COELCE, 2010). energia elétrica e a geração de renda (COELCE,
2010).
3.3.2 Estratégia
3.3.3 Atividades socioambientais
Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia ca, custeados de 50 a 90% pela empresa; e previdência
Elétrica (ABRADEE); quarto ano consecutivo como complementar (COELCE, 2010).
uma das 100 Melhores Empresas para Trabalhar no
Entre os programas para desenvolvimento de
Brasil, promovido pela Revista Época em parceria
funcionários promovidos pela Coelce podem ser cita-
com o Instituto Great Place to Work (GPTW); Selo
dos: o programa Boas-Vindas, direcionado aos recém
Empresa Amiga da Criança; Selo Ibase (Instituto Bra-
chegados; o Crescer Juntos, que busca a inter-relação
sileiro de Análises Sociais e Econômicas) pela quali-
das diversas áreas da Companhia; o Gestão de Poten-
dade das informações do balanço social, desde 2004;
cial, para o desenvolvimento de gestores e especialis-
Prêmio Época Empresa Verde na categoria Serviço;
tas; o Programa Internacional de Desenvolvimento de
Ecoelce foi um dos dez ganhadores do prêmio World
Liderança, para executivos; e os Programas Acadêmi-
Business and Development Awards (WBDA) promo-
cos, nos quais a companhia cobre 75% do custo de
vido pela ONU; Ecoelce considerada pela revista Exa-
graduações, pós-graduações e MBAs (COELCE,
me uma das 25 maiores inovações brasileiras da últi-
2010).
ma década. (COELCE, 2012b, 2012c).
Na área de qualidade de vida, é realizado o
programa Bem-Viver, com atividades nas áreas de
3.3.3.1 Sistema de Gestão Ambiental e ISO 14.001 saúde, esporte, família, cultura e cidadania. São exem-
plos de atividades realizadas por meio do programa:
ginástica laboral, vacinação conta gripe, campanhas
A Coelce mantém um Sistema de Gestão Am- contra doenças sexualmente transmissíveis, academia,
biental (SGA) certificado pela NBR ISO 14.001:2004. salão de beleza, entre outras (COELCE, 2010).
(COELCE, 2012d). De acordo com o relatório de sus-
Além disso, a Coelce possui um Sistema de
tentabilidade da empresa 2010, o escopo do sistema
Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho certificado
compreende construção, operação, manutenção do
pela norma OHSAS 18.001 (Occupational Health and
sistema de transmissão e distribuição de energia elétri-
Safety Assessment Series) desde 2006. O Sistema
ca, abrangendo 80% das instalações da companhia e
constitui um conjunto de procedimentos e controles
74% da capacidade instalada (COELCE, 2010).
para promover e preservar a segurança dos colabora-
Os princípios da política ambiental adotada dores da Companhia em suas atividades de trabalho.
são: ética ambiental, educação ambiental, compromis- “No final de 2010, o escopo da certificação compreen-
so com a legalidade e gestão de resíduos. As responsa- dia 62,5% das unidades administrativas e 10,1% das
bilidades do SGA da Companhia são compartilhadas subestações, com 77,9% dos colaboradores inseridos
com as empresas que trabalham para a Coelce ou em no sistema de gestão.” (COELCE, 2010, p.25).
seu nome (COELCE, 2012d).
O SGA recebe auditorias quatro vezes por ano,
3.3.3.3 Participação no ISE
sendo duas auditorias internas e duas externas. As
auditorias internas são realizadas semestralmente por
colaboradores da empresa que receberam curso de
A Coelce é uma das 38 empresas que integram
formação para atuar como auditores. As externas são
a carteira 2012 do Índice de Sustentabilidade Empre-
realizadas pelo órgão certificador Bureau Veritas
sarial (ISE) da BM&FBovespa. O Índice reflete o re-
(COELCE, 2012d).
torno de uma carteira composta por ações de empresas
com os melhores desempenhos em todas as dimensões
que medem sustentabilidade empresarial.
3.3.3.2 Relações com colaboradores e OHSAS 18.001
São convidadas a participar da carteira do ISE
as companhias que detêm as ações mais líquidas da
A Coelce oferece aos seus colaboradores diver- Bolsa. Na seleção, são avaliadas as dimensões ambi-
sos benefícios, alem de programas de desenvolvimen- entais, sociais e econômico-financeiras (Triple Bottom
to e qualidade de vida. Entre os benefícios, que são Line) e mais quatro outras dimensões: governança
oferecidos independentemente do tipo de contrato de corporativa, características gerais, natureza do produto
trabalho e nível hierárquico, pode-se destacar: a parti- e, a partir de 2011, mudanças climáticas.
cipação nos resultados; creche ou escola para profis-
De acordo com a BM&FBovespa (2011), todas
sionais com filhos de 3 meses a 7 anos; incentivo à
as companhias da carteira 2012 possuem compromisso
educação no valor de R$ 750 para cada filho de em-
com o desenvolvimento sustentável formalmente inse-
pregado do ensino fundamental e com bom desempe-
rido em suas estratégias. E, segundo a Coelce (2012c),
nho escolar; plano de assistência médica e odontológi-
é a sexta vez consecutiva que a empresa integra a car-
teira do ISE.
Em relação às empresas pesquisadas, esta di- necessidade de ir além do que é feito atualmente e
versidade de abordagens também foi constatada. To- desenvolver melhorias em sua atuação socioambiental
das elas, Ypióca, C. Rolim Engenharia e Coelce, de- que possam destacar a Ypióca das demais empresas
senvolvem abordagens estratégicas para a sustentabili- que fabricam aguardente no Brasil.
dade, porém com níveis de desenvolvimento e focos
A abordagem utilizada pela C. Rolim Engenha-
distintos.
ria é a diferenciação de produto ambiental. A constru-
Entre as estratégias das empresas pesquisadas, tora atua no segmento de Green Buildings, ou Cons-
destacou-se a da Coelce/Endesa por ser a mais desen- truções Verdes, desenvolvendo empreendimentos com
volvida e a que, expressamente, tem por objetivo final características que visam minimizar o impacto ambi-
a perenidade da Companhia, ideia que traduz o concei- ental tanto de sua construção como de seu funciona-
to de sustentabilidade empresarial. No trabalho, tornou mento. Desta forma, o reduzido impacto ao meio am-
-se evidente a importância para a empresa do desen- biente é o meio utilizado pela C. Rolim para oferecer
volvimento socioambiental como instrumento de ges- um produto diferenciado dos seus concorrentes.
tão de risco, contribuindo para a formação da imagem
No caso do Edifício Paço das Águas, a diferen-
de empresa sólida.
ciação ambiental é reforçada pela pré-certificação LE-
Ainda sobre a Coelce, observa-se que os pro- ED. A certificação atesta aos consumidores o compro-
gramas e projetos desenvolvidos pela empresa, entre metimento ambiental da empresa na construção do
os quais merece destaque o Ecoelce, estão em confor- condomínio, por meio do atendimento a uma série de
midade com um dos principais públicos que a empresa critérios, estabelecidos pelo United States Green Buil-
se relaciona: famílias de baixa renda. Por meio destes ding Council.
programas, a empresa busca formar uma consciência
Apesar de as abordagens adotadas pelas três
ambiental, ao mesmo tempo em que reduz os níveis de
empresas terem diferentes focos – gestão de risco na
inadimplência dos consumidores.
Coelce, economia de custos na Ypióca e diferenciação
Além da preocupação estratégica, foram obser- de produto na C. Rolim – observou-se que todas elas
vados outros dois fatores que contribuem para o de- procuram utilizar a sustentabilidade como forma de se
senvolvimento de ações socioambientais pela Coelce. diferenciar das empresas concorrentes. Tal comporta-
Um deles é a Política de Sustentabilidade, a nível glo- mento pode ser entendido ao atentar-se para a força do
bal, de sua controladora, a Endesa S.A. Outro é obri- movimento da sustentabilidade na sociedade atual. Por
gatoriedade, por lei, de investimento em programas de constituir uma causa que mobiliza milhões de pessoas,
eficiência energética. Estes fatores podem ser vistos as empresas não podem perder (e não perdem) a opor-
como redutores do caráter voluntário das ações desen- tunidade de mostrar-se preocupadas com o futuro do
volvidas pela empresa. planeta e obter uma forte identificação com os consu-
midores.
Já o Grupo Ypióca desenvolve como principal
abordagem a economia de custos, O aproveitamento O trabalho realizado utilizou basicamente infor-
de subprodutos da fabricação de aguardente, principal mações disponibilizadas pelas próprias empresas. Em
atividade do grupo, reduz custos de produção, como os vista disso, como sugestões para futuras pesquisas,
de energia elétrica, ao mesmo tempo em que protege o indicam-se estudos de caso sobre a estratégia de sus-
ambiente natural. Tal abordagem acaba por gerar ain- tentabilidade de cada uma das empresas que utilizem
da uma sinergia entre as diversas unidades de negócio fontes que possam aprofundar, confirmar ou contrapor
do grupo. as informações apresentadas por estas empresas, tais
como observações e entrevistas. A ideia apresentada
Os subprodutos servem de insumo para outras
no parágrafo anterior, a utilização do desempenho
unidades de negócio do grupo e podem constituir ou-
socioambiental como fator de diferenciação indepen-
tras fontes de receita para a Ypióca. A produção de
dente do foco estratégico da empresa, também pode
papelão, por exemplo, usa como matéria-prima o ba-
constituir um tema a ser pesquisado.
gaço da cana-de-açúcar. A criação de gado, outro área
de negócio do grupo, utiliza a levedura excedente,
outro subproduto da aguardente que jogado sem trata-
Referências
mento no meio ambiente seria prejudicial, para com-
por a ração animal.
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