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O início do rádio e do disco no

Brasil

GMU038, HISTÓRIA E APRECIAÇÃO DA


MÚSICA BRASILEIRA POPULAR
1º SEMESTRE DE 2014

Prof. Adelcio Camilo Machado


adelcio.camilo@gmail.com
Karl Marx (1818-1883)
Marx e Engels sobre a burguesia

 “A burguesia não pode existir sem revolucionar


incessantemente os instrumentos de produção, por
conseguinte, as relações de produção e, com isso,
todas as relações sociais. A conservação inalterada
do antigo modo de produção era, pelo contrário, a
primeira condição de existência de todas as classes
industriais anteriores.
Marx e Engels sobre a burguesia

 “Essa subversão contínua da produção, esse abalo


constante de todo o sistema social, essa agitação
permanente e essa falta de segurança distinguem a
época burguesa de todas as precedentes. Dissolvem-
se todas as relações sociais antigas e cristalizadas,
com seu cortejo de concepções e de ideias
secularmente veneradas; as relações que as
substituem tornam-se antiquadas antes de se
consolidarem.
Marx e Engels sobre a burguesia

 “Tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar,


tudo o que era sagrado é profanado e os homens são
obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua
posição social e as suas relações com outros
homens.”
 (MARX, ENGELS, 2010, p. 43)
 Escrito originalmente em 1848
Primórdios da radiofonia no Brasil

 Fase amadora do rádio


 Radioclubes
 1912: Estação de Amaralina capta sons de navio
ancorado em Salvador
 Rádio Clube de Pernambuco (em Recife)
 6 de abril de 1919: inauguração
 17 de outubro de 1922: instalação do primeiro transmissor
1ª transmissão radiofônica no Brasil

 7 de setembro de 1922
 Exposição Internacional do Brasil em comemoração ao
Centenário da Independência
 Estação instalada no morro do Corcovado

 Discurso do presidente Epitácio Pessoa (1865-1942)


Radiofonia “educadora”

 Edgar Roquette-Pinto  Henrique Charles Morize


(1884-1954) (1860-1930)
Radiofonia “educadora”

 Irradiações de
 Óperas

 Conferências sobre higiene

 Comentários sobre as notícias dos jornais impressos

 Leitura e análise de poesias

 Entrevista com intelectuais e cientistas de passagem pelo


Brasil, dentre eles Einstein e Marinetti)
“Curiosidades musicais”

 Apresentado por Henrique Foréis Domingues, o


Almirante (1908-1980), veiculando pelo rádio suas
pesquisas de música folclórica e popular.

Programa de 31/04/1941
Primeiras emissoras

 Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (PRA-2)


 20 de abril de 1923

 Rádio Clube do Brasil (PRA-3)


 01 de junho de 1924

 Transmissões em horários alternados


 Receita financeira: associados pagantes
Rádio de galena
Rádio de válvula
Fonógrafo(s) e cilindros

 Thomas Alva Edison


(1847-1931)
 Fonógrafo apresentado
em 1878
 Segundo modelo
apresentado em 1889
Fonógrafo(s) e cilindros

 Fonógrafo (1877)
 Grafofone (1888)
 Novo fonógrafo (1889)
 Cilindros
Fonógrafo(s) e cilindros
Casa Edison
Casa Edison

 Loja inaugurada em 1897


 Contratou cantores
populares Bahiano
(1888-1944) e Cadete
(1874-1960)
Casa Edison
Casa Edison
Casa Edison
Bandas

 Presença marcante nas primeiras gravações


instrumentais
 Anteriormente, foram as principais divulgadoras dos
gêneros instrumentais
 (Cf. também TINHORÃO, 1998, p.187-202)
Anacleto de Medeiros (1866-1907)
“Cabeça de porco”

 Polca
 Compositor: Anacleto de Medeiros
 Intérprete: Banda do Corpo de Bombeiros
 Gravado entre 1904-1907
“Não vou nisso”

 Maxixe
 Intérprete: Banda da Casa Edison
 Gravado em 1900
“O talento e a formosura” (trecho)

 Composição: Catulo da  Interpretação: Mário


Paixão Cearense (1863- Pinheiro (c.1880-1923)
1946)
“O talento e a formosura”

 Tu podes bem guardar os dons da formosura


Que o tempo, um dia, há de implacável trucidar
Tu podes bem viver ufana da ventura
Que a natureza, cegamente, quis te dar

 Prossegue embora em flóreas sendas sempre ovante


De cara cheia és teu sólio triunfante
Que antes que a morte vibre em ti funéreo golpe teu
A natureza irá roubando o que te deu
“O talento e a formosura”

 E quanto a mim, irei cantando o meu ideal de amor


Que é sempre novo no viçor da primavera
Na lira austera em que o Senhor me fez tão destro
Será meu estro só do que for imortal
“O talento e a formosura”

 Tu podes bem sorrir das minhas desventuras


Pertenço à dor e gosto até de assim penar
Eu tenho n'alma um grande cofre de amarguras
Que é o meu tesouro e que ninguém pode roubar

 Pois quando a dor me vem pedir alguma esmola


Eu lhe descerro as portas d'alma que a consola
E dou-lhe as lágrimas que vão lhe mitigar o ardor
Que a inspiração dos versos meus só devo à dor
“Isto é bom”

 Composição: Xisto Bahia  Interpretação: Bahiano


(1841-1894) (1888-1944)
“Isto é bom”

 A renda de tua saia


 Vale bem cinco mil réis,
 Arrasta mulata a saia
 Que eu te dou cinco e são dez
 Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói.

 falado: oh, São Bento, buraco véio tem cobra dentro
“Isto é bom”

 Levanta a saia mulata,


 Não deixa a renda arrastar
 Que a renda custa dinheiro,
 Dinheiro custa a ganhar
 Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói.

 falado: vá saindo seu coió sem sorte
“Isto é bom”

 Iaiá você quer morrer,


 Se morrer morramos juntos
 Eu quero ver como cabe
 Numa cova dois defunto
 Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói.

 falado: comigo é nove do baralho velho
“Isto é bom”

 O inverno é rigoroso
 Bem dizia minha vó
 Quem dorme junto tem frio,
 Que fará quem dorme só
 Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói
“Isto é bom”

 Os padres gostam de moça


 E os doutores também
 E eu como rapaz solteiro
 Gosto mais do que ninguém
 Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói.

 falado: aguenta firme na cumbuca seu Juca!
“Isto é bom”

 Seu eu brigar com meus amores


 Não se intrometa ninguém
 Que acabados os arrufos
 Ou eu vou, ou ela vem
 Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói.
“Isto é bom”

 Me prendam a sete chaves


 Que assim mesmo hei de sair
 Não posso ficar em casa,
 Não posso em casa dormir
 Isto é bom, isto é bom, isto é bom que dói.

 falado: isso é melhor do que arroz com casca, fique
sabendo seu arara!
Gramofone e discos

 Emile Berliner (1851-1929)


Gramofone e discos
Gramofone e discos

 Chegam ao Brasil em 1904


 Abril de 1913: inauguração da fábrica Discos Odeon,
ligada à Casa Edison
Gramofone e discos

 Gramofone aperfeiçoado pelo mecânico Elridge


Johson, que o registrou na Victor Talking Machine
Company.
Sistema elétrico

 1924: desenvolve-se o sistema nos Estados Unidos


 1926: exibição no Brasil
 1929: início das gravações pelo sistema elétrico no
Brasil
 Permite uma nova maneira de cantar
 Fim das fábricas e gravadoras nacionais
 Estabelecimento da Odeon (europeia) em
concorrência com Victor e Columbia (norte-
americanas)
“Jura”

 Composição: Sinhô  Gravado por Aracy


(1888-1930) Cortes (1904-1985)em
1929
“Jura”
“Jura”
“Jura”
“Jura”
“Jura”
“Cansei”

 Composição: Sinhô  Gravado por Mário Reis


(1888-1930) (1907-1981) em 1929
“Cansei”

 Cansei, cansei
 Cansei de te querer
 Pois fui de plaga em plaga
 O além do além
 Numa esperança vaga
 E eu pude compreender
“Cansei”

 Por que cansei


 Cansei de padecer
 Pois lá ouvi de Deus
 A Sua voz dizer
 Que eu não vim ao mundo
 Somente com o fito eterno de sofrer
“Cansei”

 Quis assim a sorte evitar a dor


 Deste que te quis como todo o seu calor
 Numa verdadeira fonte de valor
 Que jamais se inspira nesse amor
Radiofonia comercial

 Decreto de Getúlio Vargas em 1º de março de 1932


 Programa Ademar Casé
Radiofonia comercial

 Aquários
 Auditórios
 Programas de calouros
 Programas de auditório
 Ex: Noite de Estrelas

 Gente que brilha


Referências

 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista.


1.ed revista. São Paulo: Boitempo, 2010.
 TINHORÃO, José Ramos. História social da música
popular brasileira. São Paulo: Ed. 34, 1998.
 ______. Música popular: do gramofone ao rádio e TV.
São Paulo: Ática, 1981 (Ensaios 69).
 ZAN, José Roberto. Do fundo de quintal à vanguarda:
contribuição para uma história social da música popular
brasileira. 1997. Tese (Doutorado em Sociologia) –
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 1997.
O início do rádio e do disco no
Brasil

GMU038, HISTÓRIA E APRECIAÇÃO DA


MÚSICA BRASILEIRA POPULAR
1º SEMESTRE DE 2014

Prof. Adelcio Camilo Machado


adelcio.camilo@gmail.com

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