Você está na página 1de 36

Música popular na passagem do

século XIX para o século XX

GMU038, HISTÓRIA E APRECIAÇÃO DA


MÚSICA BRASILEIRA POPULAR
1º SEMESTRE DE 2014

Prof. Adelcio Camilo Machado


adelcio.camilo@gmail.com
“Revolução” da música popular

 Século XIX: estilos populares começam a afirmar sua


independência e seus valores distintos.
 Crescimento do mercado musical, profissionalização
do meio e surgimento de grande variedade de
gêneros populares.
 Londres: music hall
 Nova Iorque: menestréis
 Paris: cabarés
 Viena: músicas para dança aos pares
 (SCOTT, 2008)
Brasil, século XIX

 07/09/1822: Independência do Brasil


 Problema da identidade nacional

 15/11/1889: Proclamação da República no Brasil


 Definição do Brasil como uma nação moderna

 c.1880-c.1914: Belle Époque brasileira


 Ideais de “civilização” e “urbanização” inspirados nos moldes
parisienses
 Rio de Janeiro como uma cidade cosmopolita (MAGALDI,
2013)
Belle Époque

Haussmann (Paris, 1852- Pereira Passos (Rio de


1870) Janeiro, 1902-1906)
Vida musical no Rio de Janeiro na passagem
para o século XX
 Ampliação do comércio de pianos a partir de 1850
(MACHADO, 2010, p. 124-5)
 Entretenimento musical noturno carioca (segundo
MAGALDI, 2013, p. 53 e ss.)
 Chopes berrantes
 Casas de chope
 Salas de cinema
 Cabarés e music halls (Maison Moderne, Moulin Rouge e High Life –
rebatizado posteriormente para Folies Bergère)
 Repertório: valsas, polcas, mazurkas e schottisches, bem
como canções em francês, inglês, italiano e português ,
de autores nacionais ou estrangeiros (MAGALDI, 2013,
p. 55)
Polcas

 Gênero de música de dança com compasso binário e


andamento vivo, originado na Boêmia no início do
século XIX (MACHADO, 2010, p. 123)
 Chegou ao Brasil entre 1844 a 1846, tornando-se
uma “febre” nacional (MACHADO, 2010, p. 124)
 Assim como a valsa, é uma dança de par enlaçado,
diferenciando-se do lundu (dança popular) e das
danças cortesãs, que eram de par separado
(SANDRONI, 2012, p. 66-7)
Lundu
Lundu e polca

LUNDU POLCA
Participantes dispostos em roda Participantes dispersos
Todos acompanham com cantos e Música instrumental e “externa”
palmas
Dança de par separado Dança de par enlaçado
Dança rural, colonial Dança moderna, urbana e
internacional
Lundu e maxixe

“Requebrar”
LUNDU POLCA
Lundu e maxixe

“Requebrar”
LUNDU MAXIXE
Maxixe
Polcas

 Ampla presença de partitura de polcas no mercado


editorial do século XIX (SANDRONI, 2012 p. 72 e ss.)
 Títulos das polcas se “respondiam” (SANDRONI, 2012, p.
72-3) :
 “Que é da chave?”, “Que é da tranca?”, “Não sei da chave”, “Achou-se
a chave”
 “Capenga não forma”, “Gago não faz discurso”, “Vesgo não namora”,
“Dentuça não fecha a boca”, “Barrigudo não dança”, “Careca não vai
à missa”, “Corcunda não perfila”, “Lamúrias do capenga e do careca”
 “Sai cinza!”, “Sai poeira!”
 “Como se morre”, “Como se vive”, “Como se pula”
 “Moro longe”, “Mude-se para perto”
“Um homem célebre”

 Conto de Machado de Assis, publicado pela primeira


vez em 1888
 Personagem central: músico Pestana
 Compositor de “polcas buliçosas”, bastante popular na vida
musical carioca
 Ambicioso de compor uma peça de música de concerto
 Sua sala dos fundos, onde havia o piano, tinha os retratos de
Cimarosa, Mozart, Beethoven, Gluck, Bach, Schumann...
 Relação com o editor de suas partituras: não era Pestana quem
definia os títulos de suas composições
 Conto termina informando que Pestana faleceu “bem com os
homens e mal consigo mesmo”
Ernesto Nazareth (1863-1934)
Ernesto Nazareth (1863-1934)

 Nascido no Morro do Nheco, região da Cidade Nova


 Educação musical informal
 Trabalhou desde cedo como pianista demonstrador
em casas de venda de partituras
 Tocava também em salas de espera de cinemas
 Ambição de se aperfeiçoar na Europa (como havia
acontecido com Henrique Alves de Mesquita)
 “Misto de orgulho e vergonha” para a elite da
Primeira República (MACHADO, 2010, p. 129)
 três episódios: Instituto Nacional de Música, Arthur
Rubinstein e Guiomar Novaes (MACHADO, 2010, p. 129-30)
“Síncope característica”
“Síncope característica”

 Para Mário de Andrade (MACHADO, 2010, p. 137 e


ss.):
 A “síncope característica” é decorrente de uma prosódia dos
ameríndios e africanos, que diferia do mensuralismo
tradicional europeu
 Assim, a “síncope característica” seria resultante da mistura de
dois processos: o da adição dos tempos com o da divisão dos
tempos
 Perspectiva próxima àquela apontada por etnomusicólogos
mais modernos, como Mieczyslaw Kolinsky e Simha Aron
(trabalhando com o conceito de “cometricidade” e
“contrametricidade”).
“Síncope característica”

 Para Cristina Magaldi (2013, p. 72 e ss.):


 “Síncope característica” era um elemento “exótico” da música
popular negra nas Américas como um todo
 Foi incorporada como símbolo de “nacionalidade”,
especialmente, durante a ditadura de Getúlio Vargas nos anos
1930.
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
“Batuque” (Ernesto Nazareth)
Referências

 ASSIS, Machado de. Um homem célebre. In: ASSIS, Machado de. Várias
histórias. 1896. Disponível em:
<http://machado.mec.gov.br/images/stories/pdf/contos/macn005.pdf>.
Acesso: 28 abr. 2014.
 MACHADO, Cacá. Batuque: mediadores culturais do final do século XIX.
In: MORAES, José Geraldo Vinci de; SALIBA, Elias Thomé (orgs.) História
e música no Brasil. São Paulo: Alameda, 2010, p.119-60.
 MAGALDI, Cristina. Cosmopolitismo e world music no Rio de Janeiro na
passagem para o século XX. Música Popular em Revista, Campinas, ano 1,
vol. 2, p. 42-85, jan.-jun. 2013.
 SANDRONI, Carlos. O maxixe e suas fontes. In: SANDRONI, Carlos.
Feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933).
2.ed. ampl. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p.64-85.
 SCOTT, Derek B. Sounds of the metropolis: the nineteenth-century popular
music revolution in London, New York, Paris and Vienna. New York:
Oxford University Press, 2008.
Música popular na passagem do
século XIX para o século XX

GMU038, HISTÓRIA E APRECIAÇÃO DA


MÚSICA BRASILEIRA POPULAR
1º SEMESTRE DE 2014

Prof. Adelcio Camilo Machado


adelcio.camilo@gmail.com

Você também pode gostar