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MESA 1 – 09.11.

2020 TURNO MANHÃ

O Debate Inter-Religioso no Livro do Gentio e dos Três Sábios (1274-1276) De Ramon


Llull
Doutoranda Natasha Nickolly Alhadef Sampaio Mateus (PPGHIS-UFMA/BRATHAIR)

O propósito desta comunicação é apresentar Ramon Llull (1232-1316) como um filósofo e


influenciador de seu tempo. Esse grande estudioso propôs-se a elaborar um projeto de conversão dos
não-cristãos e fortalecer a Cristandade como um servo de Jesus Cristo. Utilizaremos a obra o Livro
do Gentio e dos Três Sábios (1274-1276), na qual Llull apresenta um debate entre os três sábios
religiosos: judeu, cristão e mulçumano, em que havia também um gentio, que seria aquele sem
religião, estava perto da morte e buscava saber quem era o “Deus Verdadeiro”. Llull, no prólogo deste
livro, mostra a sua real intenção que era convencer o leitor de que o Cristianismo era a verdadeira
religião a ser seguida. Assim, diante do exposto, nosso objetivo é analisar o discurso do maiorquino,
que apresentou a possibilidade de um diálogo entre as três grandes religiões do seu tempo (Islamismo,
Judaísmo e Cristianismo), visando comprovar a verdade e existência de um único Deus.

Palavras-chave: Ramon Llull. Debate inter-religioso. Conversão.

As Traduções Bíblicas Catalãs Medievais: Descrição das Pesquisas, os Trabalhos e os


Resultados
Prof. Dr. Pere Poy Baena (Universidade de Barcelona/Instituto de Pesquisa em Culturas Medievais)

Em 1890, o acadêmico Samuel Berger se concentrou na questão das traduções bíblicas catalãs
medievais nas coordenadas de seu extenso projeto de pesquisa sobre a presença e a circulação da
Bíblia no Ocidente antigo e medieval. No entanto, a filologia românica, e especificamente a filologia
catalã, espera até 1997 para retomar o assunto e para estabelecer o enquadramento necessário para o
aprofundar. Desde então, e sob a cobertura do projeto de pesquisa Corpus Biblicum Catalanicum, da
Associação Bíblica da Catalunha, o conhecimento em relação a esta matéria tem sido gerado através
do estudo filológico–cultural dos documentos originais. Nessa perspectiva, então, são apresentados
as pesquisas, os trabalhos e os resultados sobre as traduções bíblicas catalãs medievais e, em suma, a
descrição geral sobre este tema tal como está hoje.

Palavras–chave: filologia bíblica românica, Bíblia hebraica, Bíblia latina, Bíblia românica,
traduções bíblicas catalãs medievais.
Ensaios Metafísicos: Da Teoria das Ideias em Platão à Trindade Criadora em São
Boaventura
Graduando Uellinton Valentim Corsi (PUCRS)
Me. João Raniery Elias da Silva (FAMAM)

Este estudo tem por finalidade formular ensaios acerca da Metafísica presente nos dois escritos
de São Boaventura, a saber: o Itinerário da Mente para Deus e o Brevilóquio. Para tanto, partirá de
uma aprimorada reflexão acerca da teoria das Ideias de Platão entendidas por ele como perfeito
modelo das cópias existentes no sensível das quais derivam, como que em escala, de seus originais;
objetivando, assim, compreender os pressupostos fundamentais que norteiam o sistema metafísico e
a teoria dos exemplares boaventurianos. Sobre essas bases, procurar-se-á, em seguida, refletir quanto
a relação existente, de acordo com o Doutor Seráfico, entre a fidei et ratio e a sua definição de pecado
original, que culminam nas vias de ascensão da alma humana ao primeiro Princípio, criador de todas
as coisas.

Palavras-chave: Ideias; Trindade; Metafísica; Vestígios; Razão.

“Aqui segue a vida e os atos do reverendo mestre Ramon Llull”: a Vida Coetânia (1311)
como Defesa da Fé Católica
Graduando Marcos Jorge dos Santos Pinheiro (UFMA)

Em 1311, já com cerca de 79 anos, Ramon Llull ditou à monges cartuxos, em Vauvert, o que
viria a ser a Vida Coetânia, documento curto, porém importantíssimo àqueles a quem interessam
saber das veredas trilhadas pelo maiorquino. Na comunicação, intenta-se entender este documento
como um artefato gerado não só “a si”, mas para a circulação, para a posteridade, pois é presente
nesta narrativa em retrospectiva que, ao mesmo tempo em que Ramon tenta justificar suas ações ao
longo da vida, enfatizando, após a conversão, que suas motivações todas foram para o bem de Deus
e da fé, procura angariar não só legitimação para sua trajetória, mas o incentivo, por meio de uma
glorificação ao próprio Deus, a que toda a Cristandade assim o faça: converta-se e sirva o Senhor. E
este caráter legitimador de si e Deus é o ponto nevrálgico a se compreender.

Palavras-chave: Ramon Llull; Vida Coetânia; Catolicismo; Martírio; Retórica.


Nicolau de Cusa: Uma Análise do Pensamento Humanista-Filosófico, Século XV
Me. Francisco Emanoel Lima Santos (Faculdades Batista do Paraná. Aluno especial do PPGH-UFG)

O período denominado de Baixa Idade Média foi um tempo de transformações. Tensões sociais,
políticas e econômicas, marcaram o fim do medievo. Nicolau de Cusa que nasceu no século XV, em
1401 e morreu 1464, foi um grande personagem do fim da Idade Média. Sua visibilidade se faz
perceber por sua grande produção literária, cerca de 30 obras. Entre elas, a mais conhecida é a De
Docta Ignorantia. Ele discorreu, em forma de uma clássica trilogia, os temas fundamentais da
Ontoteologia, Cosmologia e Cristologia do seu pensamento. Em Nicolau de Cusa, a percepção do
homem enquanto criação de Deus é projetada com um humanismo mais livre, especulativo e crítico.
Um homem capaz de interagir com o universo de forma independente e otimista, a partir da
humanidade de Jesus Cristo. Este trabalho visa analisar a influência do humanismo no pensamento
de Nicolau de Cusa, século XV.

Palavras-chave: Idade Média, Baixa Idade Média, Humanismo, Filosofia.

A Vita Prima e o Itinerário da Conformidade dos Estigmas de Francisco de Assis


Doutorando Alex Silva Costa (UFMA)

A Vita Prima (1C) de Tomás de Celano apresenta um itinerário de ações e práticas mnemônicas
que levaram Francisco de Assis a ser agraciado com os estigmas corporais do Cristo Crucificado em
1224. Debateremos essa construção hagiográfica para evidenciarmos os percursos hagiográficos
elaborados para descrever o milagre. A escrita teve por objetivo construir a memória de um novo
santo para a sociedade medieval portador de um milagre singular e até então inaudível como
fortalecimento da criação da Ordem dos Menores (O.F.M). Assim, “o passado longínquo pode então
se tornar promessa de futuro e, às vezes, desafio lançado à ordem estabelecida” (POLLAK, 1989,
p.11-12). Por isso o trabalho de construção de uma memória vive em constante crescimento para a
legitimação de interesses de grupos e instituições.

Palavras-chave: Memória. Representação. Estigmas.


MESA 2 – 09.11.2020 TURNO TARDE

Rei Arthur nos Quadrinhos: Uma visão futurista em Camelot 3000


Graduando Israel Rodrigues Moreira (UEMA/BIC-FAPEMA/BRATHAIR)

Arthur Pendragon, rei lendário que é um dos grandes componentes da chamada Matéria da
Bretanha, foi importante não somente em escritos históricos ou literários, mas fez parte também do
imaginário heroico, de composição das famosas Histórias em Quadrinhos ou HQs. Pensando nos
estudos em torno da medievalidade, é importante entender a composição e a própria estética da
produção publicada pela DC Comics, Camelot 3000 (1982-1985). A ideia de eterno retorno que pode
ser atribuída a uma concepção cristã messiânica é outro ponto de análise fundamental para entender
a obra. Pretendemos analisar as permanências e as dissonâncias presentes nesta HQ e sua relação com
o mito arturiano tradicional, assim como refletir sobre quais foram as influências que fizeram com
que a constituição desses Quadrinhos surgisse.

Palavras-chave: Arthur Pendragon, Histórias em Quadrinhos, Camelot 3000.

Modelo de Comportamento Ideal na Obra O Auto da Barca do Purgatório, de Gil Vicente

Graduanda Laura Milena Garcez Serra (PIBIC/FAPEMA/ UEMA/ BRATHAIR)

Orientadora: Profª Drª Adriana Zierer

Com o objetivo de analisar os modelos comportamentais na peça o Auto da Barca do


Purgatório, propomos identificar as virtudes dos personagens para entender as críticas que Gil
Vicente direciona aos indivíduos que compunham a sociedade portuguesa. A peça foi produzida em
1518 e representada à rainha D. Leonor no Hospital de Todos-os-Santos da cidade de Lisboa, nas
matinas do Natal. Uma obra de devoção, apresenta um cenário, o porto das almas. Em cena temos os
personagens: Anjo, (Arrais do Céu) Diabo (Arrais do Inferno), Companheiro do Diabo, Lavrador,
Marta Gil(regateira, Pastor, Moça Pastora, Menino, Taful, Três Anjos. Contudo na análise dos
modelos educativos de cristão ideal, o único modelo ideal foi o Menino, que possuía virtudes a serem
seguidas, que eram a ingenuidade e a pureza, devido sua pouca idade e pouco contato com os vícios
do mundo.

Palavras-chave: Modelos, Auto da Barca do Purgatório, Menino


“Fiquem em silêncio, pois o perigo está nas palavras”: O Medo discursivo em The
Tragicall History of D. Faustus (1604)
Graduando Kevenn Werney Keller (UFSM)

Os discursos sobre o medo estiveram presentes nas narrativas religiosas durante o século XVI.
As múltiplas reformas na Europa, e especificamente na Inglaterra, viram emergir movimentos de
ataques aos grupos sectários, difundindo o medo de corrupção social por conta de atitudes tirânicas
de certos súditos. A Trágica História de Doctor Fautus de Christopher Marlowe (1564-1593) age de
modo a demonstrar os perigos da corrupção humana, veiculando críticas a certos membros do corpus
social inglês. Essa obra literária, relacionada ao contexto que lhe deu origem, fornece uma concepção
do temor discursivo presente no período elisabetano. Assim, buscamos compreender como estes
discursos estiveram presentes no final da era elisabetana. Doctor Faustus, publicado postumamente
em 1604, dialoga com os conflitos desse período, nos oferecendo as bases pensar o medo como
categoria de análise histórica.

Palavras-chave: Medo; Elisabetano; Tragédia.

Traços de Medievalismo no Crime do Padre Amaro: Possibilidades de Estudos em Sala


de Aula a partir da Comparação entre um Texto Jurídico do Séc. XIII e um Discurso Fílmico
do Início do Séc. XXI
Mestrando Rodrigo de Carvalho Conceição (PPGEH-UFRJ; Colaborador do PEM-UFRJ)
Profª. Drª. Rosiane Graça Rigas Martins (PEM UFRJ-UERJ)

Este trabalho traz uma reflexão sobre as possibilidades de estudos em sala de aula, de
fenômenos históricos – caso do aborto, a partir da análise comparativa de um texto jurídico medieval
do século XIII e um discurso fílmico do início do século XXI. Selecionamos, para este estudo, o
Fuero Juzgo, obra jurídica elaborada sob o reinado de Fernando III (1217-1252), em Castela e o filme
“O crime do Padre Amaro” (El crime del Padre Amaro), de 2002. Interessa-nos, nesta pesquisa,
percebermos, a partir do discurso fílmico produzido e ambientado no século XXI, traços de
medievalismos à luz do contido no texto jurídico produzido no século XIII, a fim de identificarmos
continuidades, semelhanças, aproximações e convergências no caso específico do aborto. Nosso
objetivo é que analisando as fontes e discutindo o tema, os alunos percebam não se tratar de um debate
atual, mas que ocorre desde o Medievo.
Palavras-chave: 1. Medievalismo. 2. Ensino de História. 3. História Comparada. 4. Texto
jurídico e discurso fílmico. 5. História e Cinema.

Paralelos entre e Literatura e a Realidade Medieval: Galaaz como Modelo para Nuno
Álvares Pereira
Graduando Gabriel Crispim de Barros (UFMA/Brathair)

O presente trabalho tem como proposta demonstrar a existência de um modelo de cavaleiro


cristão ideal em Portugal no final da Idade Média estabelecido através da Literatura e que influenciou
a realidade medieval. Para isso é analisada a figura de Galaaz, protagonista da novela de cavalaria A
Demanda do Santo Graal, escrita no século XIII na França, e que pertence à Matéria da Bretanha. O
personagem possui virtudes ligadas à religião cristã, como castidade e pureza, e por isso é imbatível
em batalha. Segundo a documentação, como em A Crónica do Condestável de Portugal, do século
XV, o comandante militar lusitano Nuno Álvares Pereira almejava ser como Galaaz e possui
características semelhantes ao personagem literário. Portanto, é perceptível um personagem literário
influenciando a representação de uma figura histórica portuguesa.

Palavras-chave: Nuno Álvares Pereira, Galaaz, Matéria da Bretanha, A Demanda do Santo


Graal, A Crónica do Condestável.

Um Imaginário de Medievalidades em Curso: Mitos e Representações Medievais no


Quinhentismo Português
Doutorando Eriksen Amaral de Sousa (Universidade Nova de Lisboa/Universidade Aberta Portugal)

Cabe a esta proposta explanar uma análise das percepções iniciais a respeito da Novela de
Cavalaria Quinhentista, O Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda. Como objetivo
principal da pesquisa, visamos identificar como esta obra sofreu influência do contexto histórico-
cultural medieval numa perspectiva global, de forma a construir, através de uma abordagen
interdisciplinar, com uma visão crítica, as representações simbólicas dos mitos presentes neste único
Romance de Cavalaria de Jorge Ferreira de Vasconcelos que chegou até aos dias de hoje. Pesquisa
esta que até então se caracteriza como uma investigação tanto de cunho bibliográfica, quanto
arquivística e documental, com foco numa abordagem do imaginário medieval que ainda persiste
nesta obra mesmo respirando largamente os ares do “quinhentismo” português.

Palavras-chave: Novelas de Cavalaria; Longa Duração; História do Imaginário.


“O Tractatus de Amore”: Uma análise do Amor Cortês a partir da Obra de André
Capelão
Esp. Carlos Rafael Braga da Silva (UFF)

O Amor Cortês é uma nova forma de amar inaugurada pelos trovadores medievais do século
XII, e mais do que uma literatura ficcional, tratava-se de uma fonte incentivadora e propagadora de
normas comportamentais, que exercia um papel pedagógico e promovia o desenvolvimento de
modelos de civilidade. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é identificar aspectos fundamentais
do Amor Cortês conforme definido por André Capelão no “Tratado do Amor Cortês”, escrito por
volta do ano de 1200. O referido autor era um clérigo, um homem com estudos, que conhecia o que
se cantava de mais inovador nas cortes e nas ruas, e sua intenção com esta obra era moralizar o
comportamento dos homens, de forma mais específica, dos jovens muito cultos que prosseguiam sua
aprendizagem na casa real.

Palavras-chave: Amor Cortês, Literatura, Medievo.

Anjos náufragos: apontamentos sobre a ilha e a Inglaterra-anglo-saxônica em Oxford,


Bodleian Library, MS Junius 11
Dr. Gesner Las Casas Brito Filho (University of Leeds, Reino Unido)

Oxford, Bodleian Library, MS Junius 11 é um manuscrito produzido na Inglaterra anglo-


saxônica por volta do ano mil. O manuscrito contém paráfrases poéticas de alguns livros bíblicos em
inglês antigo. Em MS Junius 11 apresenta-se tanto em texto quanto em miniatura a concepção da
terra como um espaço intermediário, a chamada terra-média. Esta terra intermediária, esta ilha, é terra
prometida, locus amoenus, jardim fértil, paraíso terrestre. Paradoxalmente, em outros momentos esta
terra é periférica, isolada, terra de monstros, passagem para o outro mundo ou ainda, uma terra-média,
entre o céu e inferno. Nesta apresentação apresentaremos como estas visões da ilha habitada pelos
anglo-saxões apresentam-se em imagem e texto no MS Junius 11 e em outras fontes da Inglaterra
anglo-saxônica.

Palavras-chave: Inglaterra anglo-saxônica, miniatura medieval, Junius 11, manuscrito


medieval, inglês antigo.
MESA 3 – 10.11.2020 TURNO MANHÃ

Soberania Papal ou Imperial? A Política Dialógica e as Relações Político-Sociais no


Pontificado de Gregório IX (1227-1241)
Doutorando Gustavo da Silva Gonçalves (UFRGS)

A comunicação tem como objetivo analisar a validade do conceito de “política dialógica”


aplicado ao pontificado de Gregório IX (1227-1241). Construído a partir de reflexões de diferentes
áreas, defende-se que a proposta auxilia a compreender os posicionamentos da Cúria Papal frente ao
imperador Frederico II (1194-1250), que variou entre a colaboração e o conflito. Aponta-se que esta
noção é útil para verificar as mudanças em políticas adotadas ao longo de distintos momentos na
história da Igreja, criticando a existência de um suposto programa reformador de caráter unitário e
inflexível às contingências sociais. A conclusão, de caráter provisório, aponta que a política dialógica
é um instrumento analítico para identificar as tentativas de manutenção do dominium da Igreja, em
um momento de crescente questionamentos à autoridade eclesiástica.

Palavras-chave: Igreja; Papado; Sacro Império Romano-Germânico.

Entre Guerras e Afrescos: A Fama de Júlio II (1503-1513)


Mestranda Jordana Eccel Schio (PPGH/UFSM)

Entre os anos de 1503 e 1513, o papa Júlio II, se empenhou em ampliar os Estados Papais a
partir de ações militares, a frente de tropas pontifícias, ao mesmo tempo em que intensificou a prática
do mecenato, contratando para isso pintores de renome, como Michelangelo Buonarroti (1475-1564)
e Rafael Sanzio (1483-1520). Estes decoraram com afrescos diferentes espaços do Vaticano. Logo,
baseado na proposta metodológica de Erwin Panofsky, faremos a análise iconográfica e iconológica
de duas fontes pictóricas, produzidas durante o seu papado, a fim de compreender de que modo Júlio
II se utilizou dos murais e da fama dos dois artistas, análogo às incursões beligerantes pela Península
Itálica, para construir a imortalidade de seu nome.

Palavras-chave: Papado; Júlio II; Renascimento.


Difusão e Aceitação do Cristianismo em Oposição ao Paganismo na Península Ibérica -
(Séc. IV ao VIII)
Mestranda Clenilda Maria de Faria Santos (UNIFAL)

Os textos pesquisados são dos autores Professor Luís Fontes - Entre pagãos e cristãos: a
sacralização da paisagem bracarense na Antiguidade Tardia (séc. IV ao VII) e do Prof. Ruy de
Oliveira Andrade Filho, Uma Hispânia Convertida? (séc. IV ao VIII). Ambos os textos mencionam
a difusão e a aceitação do cristianismo fazendo oposição ao paganismo na Antiguidade Tardia. No
texto de Fontes (2017) foram abordadas questões referentes ao conceito de paisagem que refere-se ao
uso em que é feito de determinado espaço o que tem a ver com as vivências do contexto histórico de
cada época. E que com a aceitação e difusão do cristianismo houve uma dessacralização e sacralização
entre as expressões pagãs e cristãs. Para Andrade Filho (2012), o cristianismo foi adotado como
religião nessa época, mas questiona até que ponto ele foi verdadeiramente arraigado, como convicção
religiosa.

Palavras-chave: Antiguidade Tardia. Cristianismo. Paganismo. Séc. IV ao VIII.

A Igreja Celta: Panorama de uma História da Espiritualidade, na Antiguidade


Doutorando Juliano Bernardino de Godoy (UNIMEP)

Esse estudo pretende estabelecer através da metodologia de revisão bibliográfica, quais foram
as contribuições do povo celta (após sua conversão) para a propagação do cristianismo nas ilhas
britânicas. A Igreja de Roma configurou-se como uma instituição fortemente baseada em espaços
urbanos, sempre mantendo em regiões mais afastadas uma menor ação catequética, o que daria
margem para a sobrevivência de muitas crenças e práticas religiosas por parte de povos pouco
atingidos pela mensagem cristã. Da combinação das referências cristãs e celtas nasceriam algumas
ideias, bastante inovadoras em relação à tradição cristã dos primeiros séculos. Através de
historiadores como Cairns (2012), Beda (2002) e McGrath(2014) faremos uma análise da
contribuição da espiritualidade celta para o cristianismo inglês tanto antigo como medieval.

Palavras-chave: Antiguidade. Celtas. Cristianismo

Gregório Magno e a Regra Pastoral: Uma Leitura Política


Graduando Rodrigo Fernandes Vicente (Unifesp/LEME – LÆMEB)
Liber Regulae Pastoralis (ou Livro da Regra Pastoral), a principal fonte desta comunicação, foi
um tratado escrito por Gregório um ano após a sua consagração como bispo de Roma em 590. É
reconhecidamente uma das obras mais influentes do seu tempo, sendo um caso raro para de uma obra
latina que foi traduzida para o grego logo após a sua publicação. Tal como alguns eminentes líderes
espirituais que o precederam (neste caso cito Gregório Nazianzeno e Agostinho de Hipona, bispos e
grandes influências para Gregório), a Regra pastoral se distingue não só por ser um guia de como agir
no trabalho comunitário, mas sim por definir os tipos daqueles que não estavam aptos para a vida
pastoral – fazendo Gregório uma profunda análise de tipos de pastores e de fiéis. A questão que indaga
este presente comunicação é que a Regra não só se faz importante somente por sua ressonância
(inovadora para um texto latino da época) no oriente, mas sim porque serviu como um importante
instrumento para Gregório Magno projetar o poder de Roma entre os bispos cismáticos dos Três
Capítulos e fora das fronteiras da romanitas.

Palavras-chaves: Gregório Magno; Regra Pastoral; Poder Pastroal.

Aspectos da Romanidade Bizantina a partir da Cronografia de Miguel Pselo (século XI)


Mestrando Guilherme Welte Bernardo (PPGH/Unifesp/LEME – LÆMEB)

A Cronografia de Miguel Pselo, uma das principais e mais famosas obras historiográficas
bizantinas, é considerada uma evidência do reavivamento do conhecimento clássico em Bizâncio no
período intermediário. Como sinal da erudição de seu autor, podemos encontrar nela diferentes
referências clássicas, tanto helênicas quanto romanas. Pselo é considerado a principal face dessa
efervescência intelectual ocorrida em Constantinopla, sendo um dos principais indivíduos por trás da
elevação da Filosofia à uma posição privilegiada em seu tempo. Eleito “Cônsul dos Filósofos” por
Constantino IX Monômaco, atuou como conselheiro de diversos governantes, e sua proximidade ao
centro do poder faz com que a Cronografia reflita bastante da visão de mundo deu um cortesão
bizantino do século XI. Analisada muitas vezes pelas suas manifestações de um helenismo medieval
pelo qual seu autor é mais conhecido, a Cronografia também reflete uma visão de mundo e uma visão
histórica romanas. Para Miguel Pselo, o que nós chamamos de “Império Bizantino” era nada mais do
que o próprio Império Romano em seu tempo, agora governado a partir de Constantinopla, a Nova
Roma no Bósforo. O objetivo dessa comunicação, portanto, é apresentar uma análise dos diferentes
aspectos de como essa romanidade oriental medieval era percebida por Miguel Pselo e como o autor
se posicionava em relação a ela.

Palavras-chaves: Historiografia Bizantina; Império Bizantino; Romanitas; Miguel Pselo.


“O reino dos cristãos, deixaram-no ir por água abaixo”: Da Passividade à Reação dos
Francos Frente às Invasões Normandas
Mestrando Pedro Vieira Fellet (UFJF)

As invasões normandas colocaram em contato violento as populações escandinavas e o reino


dos francos. Frente a essas invasões, os francos reagem em dois momentos: um inicial, de mais
passividade, de pouca reação defensiva e um segundo, mais bem organizado na tentativa de conter os
invasores e os efeitos nocivos das incursões escandinavas. O trabalho busca analisar essas duas fases,
na intenção de compreender as razões (em especial as mentais) para a inação desses francos frente as
invasões ao seu reino, bem como aquilo que leva a uma mudança de posicionamento dessa sociedade
frente as ofensivas nórdicas, em direção a uma organização mais eficaz de defesa. Pesquisa de
mestrado em estágio inicial.

Palavras-Chave: História Medieval, Alta Idade Média, Normandos, Francos.

A Construção de um Projeto de Poder na Obra de Richard da Santíssima Trindade: O


Protagonismo de Membros da Igreja na Crônica Itinerarium Peregrinorum et Gesta Regis
Ricardi
Mestrando Gabriel Toneli Rodrigues (UFPR)

Resumo: Nossa apresentação tem como objetivo abordar a construção do protagonismo da


Igreja na crônica Itinerarium Peregrinorum et Gesta Regis Ricardi, redigida por Richard de Templo,
cônego da igreja da Santíssima Trindade em Londres. A obra, que foi redigida entre 1216 e 1220,
narra a participação de Ricardo I (1189-1199) na Terceira Cruzada (1189-1192). No entanto,
sugerimos que a crônica também contém o intuito de propor uma atuação ativa da Igreja, tendo em
consideração período na qual foi escrita, isto é, após o conturbado reinado de João I (1199-1216).
Com isso, o destaque de eclesiásticos atravessa diversas modalidades, sendo apresentados como
líderes militares, guardiões da justiça, conselheiros, pacificadores e guias espirituais, contribuindo na
construção de um projeto de sociedade na qual a Igreja contenha um papel privilegiado.

Palavras-chave: Crônica – Representação – Igreja.


MESA 4 – 10.11.2020 TURNO TARDE

A Figura Feminina no Medievo


Lic. Marcela Sampaio Rodrigues de Lima (UFOP)

A presente pesquisa tem como objetivo mostrar a imagem da figura feminina no medievo, que
variava entre santa e bruxa, tendo como objetivo a dominação dos corpos femininos. Em uma
sociedade patriarcal a figura da mulher se torna uma visão do outro, ou seja, definida pela visão dos
homens, mulheres que se comportavam de acordo sendo consideradas santas e mulheres que não
seguiam tais padrões sendo consideradas bruxas. O livro Malleus Maleficarum (O Martelo das
Feiticeiras) nos mostra a base histórica do controle sobre os corpos femininos. Nesse livro aponta a
existência de mulheres que seriam boas e por isso seriam uma fonte de paz para os homens de sua
vida, mas também aponta que a mulher é por natureza má e que precisa ser controlada para que não
cause nenhum mal.

Palavras-chave: Mulher; poder; religião; bruxas.

E as Mulheres Cantavam na Galiza Medieval… Redimencionando a Historiografia da


Literatura Sobre as Cantigas de Amigo e sobre a Posição da Mulher Ibérica Medieval
Dr. Rafael Hofmeister de Aguiar (IFECT-RS /Universidade de Vigo)

Desde a tese de Ria Lemaire (1987), é notória a composição feminina das cantigas de amigo
galego-portuguesas. No entanto, os materiais didáticos continuam ensinando que essas cantigas foram
composições de homens que “fingiram” o sentimento feminino. Desde esse paradoxo, estabeleceu-
se, ainda no século XIX, o paradigma dos trovadores que eram capazes de encarnar o sentimento
feminino. Todavia, esquece-se de que essas composições revelam elementos íntimos do feminino,
como a sua latente sexualidade, o que seria impossível um homem tão bem exprimir. Nisso, há a
necessidade de repensar o ensino da história da literatura como conteúdo da disciplina de Literatura,
recompondo o papel da mulher na Idade Média. Como principais aportes teóricos do trabalho, situam-
se os trabalhos de Freixedo (2017) e Lemaire (1987, 2017).

Palavras-chave: Idade Média. Cantigas de amigo. Gênero. Historiografia da literatura.


O Lugar da Mulher Herege no Medievo: As cátaras e beguinas (Séc. XII – XIII)
Profª. Esp. Tatiane Leal Barbosa (Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro)

Nesta pesquisa, propomos uma análise do lugar da mulher herege no medievo, a partir do século
XII ao XIII, especificamente examinando o papel desenvolvido pelas cátaras e beguinas,
demonstrando aspectos cotidianos, moradia, trabalhos realizados por elas. Além disso, utilizando
esses elementos para realizar comparações entre esses grupos de mulheres. A historiografia vem
evidenciando uma atuação progressiva da figura feminina no medievo, sobretudo no que envolve a
espiritualidade, mas também em outras áreas da sociedade. Os relatos históricos evidenciam feitos de
mulheres que foram consideradas importantes, tais como rainhas, religiosas que até foram
consideradas santas pela Igreja Católica. Todavia, a intenção é apresentar o cotidiano das mulheres
marginalizadas pelo poder vigente no medievo, essas que também possuem função relevante no
processo histórico.

Palavras-Chave: Mulheres, Espiritualidades, Heresia, Cátaras, Beguinas.

A Condenação dos Pecados da Carne em “A Demanda Do Santo Graal”


Graduanda Gabriele Dias Damasceno (UEMA/Brathair)

A Demanda do Santo Graal é uma novela de cavalaria do século XIII, pertencente ao ciclo da
Post-Vulgata da Matéria da Bretanha, um vasto complexo de textos em verso e em prosa centrados
na figura do Rei Artur e de seus cavaleiros da távola redonda. A narrativa se desenvolve durante a
busca dos cavaleiros pelo Santo Graal, o Vaso Sagrado que continha o sangue derramado por Jesus
Cristo durante a crucificação e que abençoava o Reino de Logres. Entretanto, o Graal se retira do
reino devido aos pecados relacionados à carne por parte do rei e de sua corte. Este trabalho tem como
objetivo destacar como o clero encarava esse pecado, as formas de condenação divina inseridas na
narrativa e como o comportamento de cavaleiros e damas retratavam a sociedade da Idade Média
Central, período marcado por diversas mudanças na Europa feudal.

Palavras-chave: Pecado. Graal. Condenação.

Solteiras e Casadas na Dramaturgia Vicentina: A Educação Feminina em Portugal dos


Quinhentos
Mestranda Renata de Jesus Aragão Mendes (PPGHIST-UEMA/BRATHAIR)
Este trabalho tem como objetivo analisar a representação da imagem feminina e sua educação
em autos vicentinos. Numa época na qual a problemática da educação feminina estava em seu auge,
Gil Vicente trazia em cena espaços e situações cotidianas nas quais as mulheres estavam envolvidas:
a casa era tomada enquanto espaço de formação da moralidade. Dentro desse espaço, moças e esposas
veem limitadas as suas funções e ações. Nesse caso, é perceptível a defesa de modelos de conduta
pautados em virtudes, como a discrição, a prudência e a castidade. Em contrapartida, nem todas
aceitavam tais padrões, constituindo-se enquanto contramodelos educativos. Os principais vícios
identificados foram: a insatisfação social, o ócio, o culto às aparências. Serviam como táticas de
resistência à educação doméstica e aos papéis impostos ao feminino dentro do espaço privado.

Palavras- chave: Mulheres. Educação. Portugal. Gil Vicente.

A Representação da Imagem da Bruxa na Arte: Uma Análise Iconográfica nas Gravuras


de Hans Baldung Grien (Séc. XVI)
Graduanda Leticia Asami Makino (UNIPAMPA)

Entre o final do medievo e início do período moderno criou-se um retrato pejorativo e maléfico
do feminino, relacionado aos domínios das trevas e das tentações carnais. Nos séculos XV e XVI os
artistas reproduziam em imagens a mulher demonizada, a bruxa, um estereótipo criado pela Igreja
católica e fortemente arraigado no imaginário popular. Para o desenvolvimento desta pesquisa
realiza-se a consulta da produção historiográfica contemporânea, tendo como base as obras: “Sexo,
Desvio e Danação” (RICHARDS, 1993), “O surgimento da imagem da bruxa nas artes visuais:
bruxaria e sexualidade nas obras de Albrecht Dürer e Hans Baldung Grien” (RODRIGUES, 2018),
“O nascimento da bruxaria: da identificação do inimigo à diabolização de seus agentes”
(NOGUEIRA, 1995), dentre outros. Nesse sentido, enfatizam-se as gravuras do artista renascentista
alemão Hans Baldung Grien, que representam o erotismo dos corpos femininos, a realização de sabás
e o preparo de malefícios. A pesquisa propõe o estudo da representação pejorativa do gênero feminino
e a construção da imagem da bruxa no final da Idade Média, bem como o impacto que esta produção
artística teve para reforçar estereótipos, auxiliando na perseguição de mulheres acusadas de bruxaria.

Palavras-chave: Demonização da Mulher; Bruxas; Representações; Hans Baldung Grien.


A Sexualidade Feminina como Ameaça: Magia Erótica no Corrector Sive Medicus (Século
XI)
Mestranda Larissa de Freitas Lyth (UFPR)

Essa apresentação tem como tema a penitência sobre o pecado da fornicatio durante o século
XI. O presente estudo foca nas relações entre as penitências prescritas sobre as práticas sexuais e de
que maneira a preocupação em regular essas práticas se relaciona ao contexto da Reforma Papal. Para
tanto, estudamos o Corrector sive medicus, um manual penitencial produzido entre o ano 1000 e o
ano 1025 por Burcardo, bispo de Worms. Esta pesquisa se centra principalmente durante o Império
Otoniano e, portanto, procura contextualizar seus mecanismos de governança, bem como a sua
relação com Burcardo. Por meio da análise do contexto político e também religioso – na figura da
penitência – visamos compreender o pensamento de Burcardo acerca das práticas consideradas como
“magia erótica” presentes em seu questionário. Deste modo, procuramos responder à pergunta: o que
são as práticas de “magia erótica” e de que maneira elas eram vistas pela a Igreja durante a primeira
metade do século XI? Assim, essa pesquisa se insere na área de História da Igreja e durante a Idade
Média.

A Iconografia de Santa Cecília: Da Violência à Delicadeza


Mestranda Gabriela Carvalho da Luz (UFRGS)

Uma imagem de vestir de Santa Cecília, encontrada no acervo da Catedral Nossa Senhora
Madre de Deus de Porto Alegre, foi o disparador de um questionamento: como e por que a
representação de uma santa mártir com uma morte tão violenta ganha contornos tão suaves como sua
ligação com a música? Nesta comunicação busca-se refletir sobre essa questão através da leitura e
pesquisa histórica da imagem em questão, tendo como pontos de partida a narrativa hagiográfica de
Santa Cecília escrita por Jacopo de Varazze, em Legenda Áurea (1260), atravessada pelo conjunto
pictórico que narra a vida da santa, que se encontra na Galleria degli Uffizi, em Florença, realizado
entre 1300 e 1310 pelo artista denominado até o momento apenas como "Maestro della Santa Cecilia".

Palavras-chave: Santa Cecília. Hagiografia. Escultura devocional. Imagem de vestir.


iconografia.
A Mulher e Mundo Urbano Medieval: As Artesãs dos Mesteres nos Séculos XIV e XV em
Portugal
Doutoranda Josena Nascimento Lima Ribeiro (PPGH-UFF/ Scriptorium)

O objetivo desta comunicação é apresentar a categoria das “mulheres de ofício” nos séculos
XIV e XV na cidade de Lisboa. Tal segmento, tão importante para as linhas de aprovisionamento
urbano, foi pouco explorado por parte da historiografia. Logo este trabalho compreende
primeiramente a oportunidade de fornecer um contributo à análise das mulheres presentes no
artesanato e no pequeno comércio urbano. Deste modo, utilizaremos fontes de origem narrativa e
normativa para a caracterização de tal segmento, compreendendo as relações de gênero engendradas
com os demais mesteirais e com os homens da administração municipal. A ascensão da Dinastia de
Avis em 1385 e a decorrente expansão marítima portuguesa aumentaram as possibilidades de ação
feminina na cidade, seja agindo de maneira autônoma ou sob a tutela masculina. As mulheres,
portanto, compartilharam práticas e saberes oriundos do ambiente doméstico para as ruas e praças da
cidade medieval.

Palavras-chave: Mulheres. Portugal. Artesanato.

Uma análise do Casamento na Idade Média


Bacharel em Direito Eliezer dos Santos (UEM)

O casamento medieval, segundo Georges Duby (2011), foi objeto de disputas que
atravessaram quase todo medievo ocidental, por um lado era requerido pela Igreja e, por outro, era
reclamado pelo Estado, possuía ao mesmo tempo uma natureza profana e religiosa, sendo objeto de
controvérsia entre os poderes secular e clerical, que buscavam estabelecer o controle sobre a
instituição, o primeiro no direito e o segundo no cerimonial. A instituição matrimonial para a Igreja,
conforme assevera Ronaldo Vainfaz (1992), era entendido como “medicação” para homem,
compreendendo que o mesmo deveria possuir como finalidade a procriação e o controle do prazer.
Entretanto, na visão laica, o casamento não era apenas compreendido como a união carnal, mas sim,
visto, essencialmente, como uma harmonia entre famílias, visando alianças políticas, conforme
pontua Márcia Maria de Medeiros (2011).

Palavras-chave: Casamento; Idade Média; Igreja; Estado.


MESA 5 – 11.11.2020 TURNO MANHÃ

O Conceito de Imaginário Coletivo para Jacques Le Goff


Graduando Winicius Rosa Martins Graduando - História (Universidade Estadual de Goiás)

O presente trabalho tem como objetivo analisar o conceito de “Imaginário coletivo” do ocidente
medieval na concepção de Jacques Le Goff. O autor não definiu de maneira clara o conceito de
imaginário coletivo, porém o estudo exegético possibilita a compreensão como sendo parte da
capacidade de representação do social, eventos ou fenômenos por símbolos, ritos e conceitos, mas
também é as sensibilidades que estes símbolos e práticas ritualizadas pelo social provocam nos
indivíduos. Neste sentido o imaginário coletivo está condicionado aos automatismos do cotidiano
inconscientemente. Para Le Goff o imaginário coletivo é a especificidade social de cada grupo de
indivíduos. Sob este prisma, entende-se o medievo além da dualidade maniqueísta entre o bem e o
mal, o profano e o sagrado, contrastando com o tempo-espaço, lugares de contato direto ou
indiretamente com o maravilho. Por fim, a estrada, floresta, o mar, igrejas ou mosteiros são cenários
de acontecimentos miraculosos, ou de contato com seres mitológicos.

Palavras-chave: Imaginário coletivo, sensibilidade, automatismo, representação,


inconsciente, maravilhoso.

A Guerra Pare a Crônica: Violência e Escrita da História no Sul da Itália Alto-Medieval


(Século IX)
Dr. Felipe Augusto Ribeiro (UFMG)

Esta comunicação se propõe a discutir as relações entre a violência e a historiografia. Ela discute
a Historia Langobardorum Beneventanorum, escrita no sul da Itália, durante o século IX, pelo monge
beneditino Erchemperto. Nessa obra o papel da guerra e da violência salta aos olhos: segundo o autor,
elas é que o motivaram a escrever a sua história, porque explicavam a derrocada do reino lombardo.
Coloca-se ao texto, então, três problemas: como Erchempeto representou a violência? Que definições
ou conceitos de “violência” podemos depurar dessas representações? Tal violência pode ter
determinado a própria maneira como ele escolheu escrever a história? O objetivo do trabalho é
interpretar os relatos de violência contidos no documento e, para tanto, ele seguirá um método
analítico, destacando algumas passagens do texto e lançando sobre elas uma abordagem
hermenêutica.

Palavras-chave: História. Crônica. Violência. Guerra. Itália.

Fernando III e a Conquista de Sevilha (1248): Expansionismo Territorial e Estratégias


de Guerra
Graduando Lucas Vieira dos Santos (UEM/DHI-LEM)

Nesta comunicação temos como objetivo discutir acerca do processo de Reconquista Ibérica
durante o reinado de Fernando III, rei de Castela e Leão (1230-1252). Destacaremos as ações do
monarca para atingir seus objetivos expansionistas elencando a conquista de Sevilha como base para
o debate. A partir do estudo da Crónica Latina de los Reyes de Castilla (1999) e da Primera Crónica
General de España (1955), propomos uma discussão sobre as estratégias de anexação territorial por
meio da guerra, evidenciando a questão da logística militar utilizada por Fernando III. Aplicaremos
argumentações de autores como Francisco García Fítz (1998) e Alejandro García Sanjuán (2017)
para, a partir das estratégias empregadas no cerco de Sevilha, analisarmos o papel das hostes
empregadas nesta campanha militar.

Palavras-chave: Fernando III; Conquista; Sevilha.

A Falcoaria Através dos Séculos


Mestranda Laura Andréa Lindenmeyer-Sousa (IPVDF)

A Idade Média é um período histórico compreendido entre o final da Antiguidade e o início da


época moderna. Esse espaço temporal de cerca de dez séculos é considerado a era de ouro de muitas
artes e ciências, incluindo a falcoaria. A falcoaria constitui uma prática antiga baseada no treinamento
e condicionamento físico e mental de aves de rapina (urubus, águias, gaviões, falcões e corujas) para
fins de caça. Segundo alguns autores, a chegada dessa arte à Península Ibérica tem dois focos de
disseminação: um, setentrional, a partir da Europa Central, atribuído aos visigodos e, outro a sul, com
os povos berberes e árabes. As primeiras referências a esse tema datam de 506, quando a prática foi
proibida ao clero pelas autoridades eclesiásticas. O objetivo da apresentação é apresentar a prática da
falcoaria, contextualizando os hábitos do medievo e as práticas culturais atuais.
Palavras-chave: rapinantes, história medieval, cultura.

Iniciação à Pesquisa em História Medieval: A Temática Urbana na Baixa Idade Média


Portuguesa (Séculos XIV-XV)
Graduando Paulo Henrique Ennes de Miranda Eto (UFF)

No presente trabalho, proponho refletir sobre a trajetória de um graduando nos seus esforços
iniciais de elaboração de um projeto de pesquisa na área de História Medieval. Trata-se de um
"depoimento" ou exemplum que mobilize para uma empreitada fundamental à nossa formação.
Abordarei a (difícil) decisão de “investir” num campo específico de estudos, avançando de um
interesse geral até circunscrevê-lo em um objeto de estudos. Nesse percurso, certos temas se tornaram
mais candentes, ligados ao mundo urbano em suas múltiplas articulações e escalas no contexto da
Baixa Idade Média portuguesa. Delimitando uma base documental e suas muitas potencialidades,
apresento os passos da elaboração de uma pesquisa que possa servir de estímulo à iniciação científica
dos graduandos em História.

Palavras-chave: História Medieval; Iniciação à Pesquisa; Portugal Medieval; Baixa Idade


Média; Cidades.

Comentários sobre a Formação de Professores a partir de Abordagens Interdisciplinares


na Disciplina de História Medieval 1
Prof. Dr. Luciano José Vianna (UPE-PPGFPPI/Petrolina)

A perspectiva interdisciplinar começou a ser debatida no contexto brasileiro a partir anos 70 do


século XX, com os trabalhos de Hilton Japiassú e Ivani Fazenda, e até hoje continua sendo discutida
como um parâmetro importante a ser considerado na pesquisa e no ensino de História. Nesta
comunicação, apresentamos algumas reflexões sobre a nossa práxis de sala de aula na disciplina
História Medieval I a partir da abordagem interdisciplinar. Em um primeiro momento, resgatamos os
principais teóricos voltados para a perspectiva interdisciplinar. Posteriormente, apresentamos
brevemente as perspectivas interdisciplinares que abordamos em nosso fazer didático, como, por
exemplo, a literatura medieval, as fontes visuais, o âmbito arquitetônico e os aspectos arqueológicos.
Por fim, ressaltamos a importância da abordagem interdisciplinar na formação de professores a partir
do ensino do período medieval.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade, História Medieval, Formação de professores.

Diligere Sive Amare – Duas Formas de Amor na Lírica Latina Medieval


Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ)

A lírica de expressão latina na Idade Média apresentou contornos específicos durante a longa
duração deste período histórico. Na área de confluência entre os discursos histórico e literário, os
poemas configuram-se como fontes de pesquisa indicadoras de tensões sociais, em que a arte da
palavra testemunha e documenta, a partir da observação e pertencimento do eu lírico, o mundo ao seu
redor. Destarte, centramos nosso trabalho no confronto entre duas maneiras de demonstração poética
do amor, a primeira associada a uma visão cristã baseada na relação Homem-Deus, presente a partir
dos séculos V-VI e sedimentada com a lírica mariana dos séculos X-XII, e uma segunda perspectiva,
que se coaduna com a incipiente literatura trovadoresca nos vernáculos europeus, encontrada em
textos poéticos em língua latina a partir do século XII e, em nosso estudo de caso, mais ligado aos
prazeres da carne. Nesse sentido serão apresentados, contextualizados e sumariamente discutidos
poemas curtos dedicados a bispos, uma pequena amostra literária da lírica mariana atribuída a
Hildegard von Bingen (1098-1179), além da desconstrução desse modelo a partir de um carmen
buranum.

Palavras-chave: Literatura latina; Idade Média; Espaço germanófono.


MESA 6 – 11.11.2020 TURNO TARDE

Reflexões sobre as Traduções Monásticas da Visão de Túndalo (Séculos XIV-XV)


Mª. Bianca Trindade Messias (PPGHIST/UEMA/ BRATHAIR)
Em Portugal, o Mosteiro de Alcobaça foi um grande centro de referência de polo cultural no período
da Dinastia de Avis e responsável pelas traduções de diversos manuscritos. A Visão de Túndalo,
narrativa de viagem imaginária ao Além Medieval que descreve os espaços do Inferno, Purgatório e
Paraíso, foi escrita no século XII em latim de autoria atribuída a Frei Marcos. O manuscrito foi
traduzido para o português pelos monges cistercienses do Mosteiro de Alcobaça entre final do século
XIV e início do século XV, existindo dois códices, o 244 e 266, atualmente localizados na Biblioteca
Nacional de Lisboa. Pretende-se refletir sobre as traduções portuguesas da Visão de Túndalo para
identificar as semelhanças e diferenças entre elas, e entender a ênfase dirigida ao espaço do Inferno,
com o propósito educacional de converter a sociedade para o Cristianismo.

Palavras- chaves: Manuscrito. Mosteiro de Alcobaça. Visão de Túndalo. Inferno.

As Visões e Manifestações Divinas e Diabólicas na Canção de Rolando e em Fierabrás


Doutoranda Elisângela Coelho Morais (PPGHIS-UFMA-CAPES/BRATHAIR)

Os textos do chamado ciclo do Rei, um conjunto de obras que falam da trajetória do rei franco
Carlos Magno e seus pares, trazem uma perspectiva de visão da cavalaria e da perfeição de seus
membros, entre esses textos estão a Chanson de Roland e Fierabrás, narrativas inspiradas pelo
ambiente Cruzado, que valorizam a manutenção da fé cristã e “o lado direito”, aqui representado
pelos que seguiam o imperador franco, e obtinham bençãos e diversas manifestações da preferência
dos céus. Já o chamado “lado do erro”, onde estão representados os não-cristãos: pagãos, sarracenos
e mulçumanos, tem como características o físico inumano, práticas idólatras e o contato com
demônios que mentem e atraiçoam. Em ambos os textos, há a intenção de mostrar ao público as penas
de se permanecer no pecado, e as recompensas alcançadas pela obediência ao rei e à Igreja.

Palavras-chave: Literatura, Cavalaria, Pagão, Divino, Demoníaco.


A Representação do Inferno na Visão de Tundalo
Graduando Filipe Nunes Chaves Campos (UEMA/BRATHAIR)

Este trabalho tem como objetivo analisar o espaço do Inferno na Visão de Túndalo, que é uma
viagem imaginária, onde um cavaleiro nobre chamado Túndalo é conduzido por um anjo da guarda e
durante três dias passa pelos espaços do Além-Túmulo: Inferno, Purgatório e Paraíso. Esta narrativa
foi produzida no ano de 1149 e foi escrita por um monge Marcos, de quem se sabe, de quem se sabe
muito pouco. Como é notório na própria fonte primária, existe a busca através do exemplo da
mudança de vida do cavaleiro Túndalo (de mau para bom cristão), para que este fosse usado como
meio de doutrinação a todos aqueles que tivessem contato com este manuscrito, com o fim de
transmitir os ideiais da Igreja Católica Romana. Portanto, para esta problematização decidimos
relacionar elementos como o imaginário, o Além cristão, o Inferno.

Palavras-chave: Visão de Túndalo, Inferno, Viagem Imaginária, Doutrinação

Considerações Iniciais Acerca da Crença em Lobisomens do Século V ao XVII


Graduanda Gabriela Pereira da Silva (UFSM)

A seguinte comunicação busca apresentar um balanço historiográfico acerca da transformação


em lobisomem. Para isso, utilizarei as noções de crença e consciente coletivo de A. J. Gurevich e as
teorizações de Roger Chartier em torno das representações, práticas e discursos. Para tratar do
cotidiano e das heresias, utilizarei autores como Jacques Le Goff, Jean Delumeau, Bronislaw
Geremek, André Vauchez, Marc Bloch, Michel Foucault e Jean-Claude Schmith. Analisando
especificamente o tema da licantropia, apresentarei algumas obras de Carlo Ginzburg, Sabine Baring-
Gould, Claude Lecouteux e alguns artigos. Essas considerações fazem parte de um projeto de
pesquisa intitulado “Licantropia: uma análise cultural acerca da crença em lobisomens no tratado De
la lycanthropie, transformation et extase des sociers (1615)”, que se encontra em fase inicial.

Palavras-chave: Licantropia, crença, Idade Média, representações, Idade Moderna.

A Representação do Diabo no Além Dantesco


Graduando Ricardo Marques de Jesus (UEMA/BIC-CNPq/BRATHAIR)
O presente trabalho tem o intuito de analisar a representação que o poeta florentino, Dante
Alighieri (1265-1321), criou do Diabo, em sua obra popularmente conhecida como Divina Comédia
(XIV). Para tal discussão, decidimos elencar elementos como o Além cristão, imaginário medieval e
cultura literária. Dante escreveu a referente obra durante o seu exilio político; desse modo, é
interessante relacionar esse aspecto da vida pessoal do poeta com a criação da figura diabólica em
sua escrita. O Diabo na Divina Comédia se encontra no ultimo círculo do Inferno, chamado de lago
Cocito, possuindo três rostos e enterrado no gelo até a cintura. Para a nossa análise nos restringiremos
aos últimos cantos do Inferno de Dante, sendo eles os cantos XXXI ao XXXIV.

Palavras-chave: Divina Comédia, Inferno, Diabo.

A Ambivalência da Figura Demoníaca no Medievo em Les Très Riches Heures Du Duc


De Berry (Livro De Horas Do Duque De Berry)
Prof. Dra. Adriana Maria de Souza Zierer (UEMA-UFMA/Brathair)

O objetivo deste trabalho é mostrar que a representação do Diabo no Medievo é multifacetada


e que o mesmo não pode ser tomado unicamente numa acepção negativa. Neste sentido, encontramos
em uma obra do século XV, o Livro de Horas do Duque de Berry, duas representações da figura
demoníaca. A primeira é a do fólio 64v, intitulada “A Queda dos Anjos Rebeldes”, onde Lúcifer, cujo
nome significa “portador da luz”, conserva a sua beleza, uma das características angélicas. Porém, na
mesma obra, existe outra representação desse ser, intitulada “Inferno”, no fólio 104r, com
características opostas, que revelam os seus traços negativos, após a sua queda. Para embasar o nosso
estudo sobre a ambivalência da figura demoníaca, utilizaremos autores como Russel, Le Goff,
Baschet, entre outros.

Palavras-Chave: Diabo, Ambivalência, Iconografia Medieval

Modelos Educativos de Comportamento: Bons e Maus, Pecados e Virtudes na Prosa


Avisina
Mestrando Antonio Marcos Lemos Santos (PPGHIST-UEMA/BRATHAIR)

Em 1383, o reino de Portugal correu o risco de perder sua independência, no entanto, em 1385,
sai vitorioso dos desdobramentos dos eventos que ficaram conhecidos como “Revolução de Avis” a
facção que apoiava D. João I. Após sua entronização, foi empreendida uma política que buscava sua
legitimação no campo simbólico, essa propaganda visava fortalecer sua imagem e garantir a
legitimidade de seus sucessores. Como solução da problemática, empreendeu-se a criação de uma
narrativa de cunho doutrinário, amparada na teologia cristã, esta prosa caracterizou-se por segmentar
a sociedade portuguesa em dois lados antagônicos, bons versus maus, virtuosos versus pecadores. A
Crónica de D. João I e o Leal Conselheiro são exemplos da Prosa Avisina que iremos discutir neste
trabalho.

Palavras-chave: Modelos Educativos. Bons e Maus. Pecados e Virtudes. Prosa Avisina.

Diabo e Demônios no Além Medieval


Prof.ª. Drª. Solange Pereira Oliveira (IFMA/BRATHAIR)

No imaginário cristão medieval, o Diabo e os demônios são seres que desempenham um


importante papel nas narrativas de viagens imaginárias ao Além Medieval. Nestes relatos são os
agentes executores dos castigos das almas pecadoras no Inferno e Purgatório. Eis que aparecem
dotados de arsenais com os quais atormentam os danados, ratificando, de certa forma, as suas ameaças
no mundo do pós-morte, conforme os discursos cristãos. Para além desses elementos, nessas obras de
viagem ao mundo do Além, são evidenciados os mistos de formas visíveis desses seres, que se
apresentam com características repulsivas e ameaçadoras, tão evidentes nas crenças medievais.
Portanto, o objetivo dessa comunicação é analisar como as figuras do Diabo e dos demônios ensinam,
revelam e demonstram as ações desferidas sobre as almas pecadoras no mundo do post-mortem,
segundo os ensinamentos da Igreja Medieval.

Palavras-chave: Diabo. Demônios. Além Medieval


MESA 7 – 12.11.2020 TURNO MANHÃ

Autocriação e Condição Humana em Sófocles

Doutorando Matheus Barros da Silva (UFRGS)

Na presente comunicação pretendemos refletir sobre a representação da condição humana na


tragédia de Sófocles. Partiremos da hipótese de que no conjunto da obra do poeta elencado, há um
posicionamento da condição humana que percebe a si mesma como autocriação. A construção de
nossa perspectiva será feita a partir da análise de momentos de dramas trágicos como Antígone, Édipo
Tirano e Filoctetes, procurando costurá-las ao contexto de produção respectivo.

Palavras-chave: autocriação, tragédia, pólis, Sófocles.

Filoctetes na Era Reagan? Mito, Masculinidade e Política em First Blood


Dr. Mateus Dagios (UFRGS)

O objetivo é apresentar como os dois primeiros filmes da série First Blood (1982 e 1985),
conhecidos nacionalmente como Rambo (I e II), readaptaram elementos do mito grego de Filoctetes,
o arqueiro doente que não deseja voltar à batalha, para construir a imagem de um herói americano
que não deseja a guerra, mas pela tragicidade da situação acaba envolvido em conflitos. A Era Reagan
(1981–1989) construiu um forte aparato ideológico para a manutenção dos autodeclarados valores
americanos: patriotismo, liberdade e livre-iniciativa. Parte do cinema americano produzido na Era
Reagan, principalmente no âmbito do blockbuster, representa no cinema estandartes do militarismo
americano com heróis civilizadores que por meio de conflito aplacavam guerras, buscavam a justiça
e reestruturavam a ordem. Os filmes atuam como exemplos da Reagan Doctrine. O trabalho está
inserido no âmbito dos usos políticos do mito no cinema. Visamos demonstrar como a figura de
Rambo é corporificação de uma ideologia construída a partir de uma referência mitológica grega
adaptada para as ambições da política externa americana dos anos 1980. Rambo rompe a estética dos
heróis de ação, inaugurando a estética do homem musculoso como referência para filmes posteriores
e criando um típico ideal de masculinidade. Do ponto de vista teórico, exploramos a leitura de Steve
Johnston em American Dionysia e, sobre o corpo no cinema americano da década de 1980, as
contribuições de Susan Jeffords e Yvonne Taske que problematizam as relações entre corpo e
masculinidade.
Antirretórica como Antidemocracia: Entre a História da Guerra do Peloponeso e o
Górgias
Mestrando Jaffi Carvalho da Silva Neto (UFMA)

O presente ensaio tem origem na leitura e discussão suscitada pelo historiador italiano Carlo
Ginzburg, especificamente no livro Relações de Força: História, Retórica e Prova (2002).
Analisando passagens da História da Guerra do Peloponeso, de Tucídides, e do Górgias, de Platão,
o historiador italiano demonstrara, de maneira indiciária, uma recusa pela Retórica, que era associada
ao falseamento, à deturpação da Justiça e à adulação, tal como a sofística. Concomitante a esta visão
anti-referencial da Retórica, procurar-se-á entender o que, em um primeiro momento, observa-se
como uma contraposição entre o Direito Natural e o Direito costumeiro, ou nomos, que representa o
direito acordado em plebiscito.

Palavras – chave: Direito Natural; Teoria da Justiça; Retórica; Nomos; Platão

Gregos em Guerra: Gamificação e Aprendizagem de História Antiga


Doutorando José Pacheco dos Santos Júnior (USP)

Como parte do conteúdo programático de História Antiga, aos alunos do 1º ano do Ensino
Médio da Escola SESI Anísio Teixeira (Vitória da Conquista - BA), em 2018, foi apresentada a
proposta de construção de games que versassem sobre três guerras do Mundo Antigo (Guerra de
Troia, Guerras Médicas e Guerra do Peloponeso). Visando identificar as percepções dos discentes
acerca da Idade Antiga e a racionalidade por eles desenvolvida, a prática foi pautada pela metodologia
ativa da gamificação. Em feedback, e através da análise dos jogos construídos pelas equipes, foi
constatada a eficácia dos novos métodos de ensino, em detrimento da educação tradicional e da
passividade do estudante. A comunicação almeja, assim, discutir a gamificação no ensino de História
Antiga, enquanto ferramenta para a aprendizagem investigativa, cooperativa e lúdica.

Palavras-chave: História Antiga; Guerras da Antiguidade; Gamificação; Ensino de História.

Pelas Musas Comecemos a Cantar: Invocações às Musas na Literatura Grega Antiga


Mestranda Ívina Silva Guimarães (UFMG)
Deusas das artes e da memória, presentes em obras canônicas da literatura antiga, as Musas
fazem parte da sociedade grega desde os primórdios do que hoje entendemos como História.
Invocadas por célebres poetas e fonte de inspiração nas mais diversas esferas artísticas, as Musas
foram apropriadas e modificadas incontáveis vezes em diferentes momentos da história ocidental.
Dentre outros encargos, deve-se às divindades o resgate da memória de grandes feitos e grandes
homens, de um passado longínquo repleto de glórias e riquezas. O presente trabalho propõe analisar
as invocações feitas às Musas nas obras literárias do período Arcaico e Clássico da Grécia Antiga, a
fim de compreender as apropriações das deusas e as mudanças nas suas funções e imagem, de acordo
com cada época e vertente de pensamento.

Palavras-chave: História Antiga; Musas, literatura grega; mitologia grega

Usos da Mitologia em Poesias de Sylvia Plath


Doutoranda Sarah Silva Tolfo (UFRGS)

A presente comunicação terá como objetivo expor os usos da mitologia grega na obra da
poeta Sylvia Plath. À luz do caldo de cultura do final da década de 1950 e início de 1960, ideais de
emancipação feminina culminaram na apropriação de figuras mitológicas gregas por parte de poetas
mulheres que escreviam sobre suas experiências como mulheres desviantes devido à sua condição
de mulher e poeta. Este trabalho pretende, tratar a autora como sujeito histórico, cujo pensamento e
desdobramentos da obra fizeram parte de um contexto específico, a saber, o período pós-segunda
guerra mundial e início da Segunda Onda do feminismo nos EUA.

Palavras-chave: mitologia grega; Sylvia Plath; usos.

A Cidadania Feminina e os Rituais Cívico-Religiosos: A Fronteira entre o Público e o


Privado na Atenas Clássica
Mestranda Anne Caroline Santos Nunes (UFRJ)

Em contraste com a subordinação que possuíam no oikos, na religião pública as mulheres


tinham uma função muito importante como agentes, assim como participantes. O valor das mulheres
se situava nas duas esferas, a da utilidade de seu trabalho no oikos e a do fato de que os homens não
podiam substituí-las em certas magistraturas religiosas. A pólis dependia das mulheres para
realizarem os rituais, como as Thesmophórias – ritual em honra às deusas Démeter e Perséfone –
responsáveis por trazer fertilidade e, portanto, a manutenção das colheitas. Partindo pela perspectiva
apontada por Christiane Sourvinou-Inwood, a pólis era organizada via religião e esta era definidora
de sua identidade e de seu funcionamento enquanto instituição. Desse modo, escrutinaremos, por
meio da análise das fontes materiais e literárias, os espaços de atuação feminina na organização de
festas religiosas e a interlocução com a pólis.

Palavras-chave: Rituais cívico-religiosos; Atuação pública feminina; Grécia Antiga; Atenas


clássica.

CORAÇÃO DE LEÃO – O RETORNO DO REI: Sobre o Ressurgimento de Ricardo I na


Cultura Britânica Oitocentista (1784 -1850)

Doutorando Mauricio da Cunha Albuquerque (UFPel)

Entre o fim do século XVIII e a primeira metade do século XIX, um curioso fenômeno
de fixação pela figura de Ricardo I se desenvolveu no território britânico. Nas artes plásticas,
na literatura, na estatuária e também na historiografia, o rei-cavaleiro inglês (mais conhecido
pelo apelido de Ricardo Coração de Leão) foi alvo de inúmeras revisitações, muitas delas
enaltecendo suas qualidades militares, outras criticando suas falhas como governante. À luz das
noções de mito-político, mito-social e da mitocrítica, buscamos avaliar os momentos que
marcam esse renascimento do personagem na cultura insular, atentando para sua transformação
em herói romântico e para os autores e obras que ajudaram a impulsionar sua popularidade.

Palavras-chave: RICARDO CORAÇÃO DE LEÃO; MITO; INGLATERRA.


MESA 8 – 12.11.2020 TURNO TARDE

A Autoridade Religiosa entre Tradições: As Ilhas Maldivas através de Ibn Battuta (743-
745 H./1342-1344 d.C)
Graduando Patrik Madruga Gonçalves (UFSM)

Em sua extensa jornada, que teria coberto do norte da África ao Mar da China, o viajante Ibn
Battuta (1304-1368 d.C) acabou se ocupando por cerca de dois anos nas Ilhas Maldivas, situadas ao
sul do subcontinente indiano. Neste, que seria um dos mais antigos relatos sobre os seus habitantes
locais, somos deparados com uma série de descrições que se relacionam a fé islâmica – professada
tanto pelo viajante, quanto pelos retratados. Eleito qāḍī (juiz) nas Ilhas, Ibn Battuta se torna uma
autoridade religiosa em uma região de intensa troca cultural entre as tradições islâmicas e os costumes
locais. Dessa forma, analisaremos o relato enquanto uma representação que busca conciliar o
testemunho de práticas plurais com a religiosidade comum entre o viajante e seus representados.

Palavras-Chave: Islã; Relato de Viagem; Ilhas Maldivas; Ibn Battuta, História Cultural.

Fenomenologia na Espacialidade da Mesquita de Córdoba


Doutoranda Nilza Cristina Taborda de Jesus Colombo (UFRGS)

O espaço religioso da Mesquita de Córdoba na Espanha é investigado nessa pesquisa do ponto


de vista fenomenológico. Pensar a arquitetura como local da experiência no Medieval é um meio de
entendimento das relações sociais estabelecidas. Os espaços investigados apresentam elementos
geradores de sensações que conectam sagrado e profano. Os objetivos são estabelecer relações
sociais, espaciais e corpóreas relacionadas à fenomenologia. A hipótese recai no fato de que haja
relações fenomenológicas entre os espaços da Mesquita e que estas estejam relacionadas aos sentidos.
Neste processo, houve fundamentação conceitual e os procedimentos de observação ocorreram in
loco. A importância dessa investigação está no fato de que o entendimento da fenomenologia no
Medievo contribui para o conhecimento da sociedade e seus desdobramentos históricos.

Palavras-chave: Mesquita de Córdoba; Espacialidade; Fenomenologia.


O Legado Eulógio de Córdoba na Formação do Mito do Homo Islamicus
Mestrando Augusto Machado Rocha (UFSM)

Analisamos o legado de Eulógio de Córdoba no que se refere à representação da religião


muçulmana, a partir de sua narrativa da vida e morte dos mártires da Córdoba do século IX, o autor
é uma das bases para o que no futuro condicionaria um mito da fé muçulmana, como sinônimo de
violência e de agressão. Entende-se que Eulógio - parcialmente - cumpriu com seu objetivo de
destacar o inimigo islâmico, uma vez que ainda que não tenha inflado um movimento contra o
domínio muçulmano no século IX, oportunizou o legado de uma representação do cristianismo
cordobês enquanto combativo, frente a dominação do Outro – bem como a necessidade de continuar-
se com esse ímpeto de agressão ao Islã. Em tal sentido, procuramos analisar a forma como Eulógio
de Córdoba colaborou para a formação de um mito político do Islã.
Palavras-chave: Homo islamicus; São Eulógio e o Século IX; O Islã em Al-Andalus

Orientalismo no Ensino: As Representações do Islã Medieval em Livros Didáticos (1997-


2017)
Graduando Lucas Mizael Lopes Pacheco (Universidade Estadual de Montes Claros/Medieval
Unimontes)

Com bilhões de seguidores espalhados pelo mundo e em constante crescimento, o Islamismo é


uma das maiores religiões do mundo. Trata-se da religião predominante no Oriente Médio, África do
Norte e na Ásia Central. No entanto, suas origens estão fortemente ancoradas no medievo. Assim se
torna um fator importante conhecer e compreender a História dos seguidores de Allah, para entender
alguns dos desdobramentos históricos e políticos da nossa atualidade. Neste sentido, empregaremos
como fontes para o nosso estudo, livros didáticos e paradidáticos publicados no Brasil entre 1997 e
2017 que foram aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Para
isso utilizaremos os conceitos de Orientalismo (Edward Said) e Medievalismo (José Rivair Macedo).
Com isso, pretendemos analisar a forma como o Islã no período medieval vem sendo abordado nas
salas de aula e nos suportes didáticos.

A Cor Azul como Símbolo de Poder


Mestranda Valdriana Corrêa (UFRGS)
A cor azul por muitas vezes foi utilizada para demonstrar poder e valorização. Desde o portal
de Ishta na Babilônia com seus tijolos azuis que impressionavam os visitantes, tendo em vista que a
cor azul era muito rara no mundo da Mesopotâmia, até as Mesquitas onde a cor e a escrita eram
responsáveis por desempenhar o papel das figurações, que não eram aceitas na religião
islâmica. Aqui busco apresentar o quanto a cor, em especial a cor azul, tinha esse papel de representar
uma proximidade com o mundo superior, com o divino e o eterno. Trago como exemplos a Mesquita
Azul de Istambul e a Mesquita Azul do Afeganistão.

Palavras-Chave: Azul; Mesquitas; Cor; Representação; Simbologia

Os Reflexos Culturais e Tecnológicos Islâmicos em Medinat al-Zahra, Século X


Mestranda Natasha Vechi Kraüss (UNIFAL-MG)

Fundamentado no islã e tendo, desde 756 a 929, o poder expresso pelo emir descendente dos
Omíadas de Damasco, Al Andalus foi, independente dos problemas internos, uma unidade religiosa,
política e administrativa existente na Península Ibérica. Unidade que foi fortalecida em 929 mediante
a autoproclamação como califa feita por Abd al-Rahman III. Nesta comunicação temos por finalidade
demonstrar como aspectos culturais e tecnológicos mantidos e desenvolvidos
pela comunidade islâmica peninsular foram expressos no decorrer do califado. De maneira
específica analisamos a construção da cidade palaciana de Medinat al-Zahra, a sede do califado. Em
tal construção foi possível observar, através da bibliografia, a forma como os materiais utilizados
foram reaproveitados dos legados romanos e godos e também como a estrutura foi construída de
modo que remetesse ao Paraíso, descrito pelo Alcorão.

Palavras-Chave: Al-Andalus; Abd al-Rahman III. Medinat al-Zahra.

Embaixada a Tamerlão (1406) e as Viagens na Baixa Idade Média


Graduanda Sofia Alves Cândido da Silva (UEM)

Os homens do medievo deslocavam-se com bastante frequência, com isso, lhes é atribuído o
caráter de homo viator, conforme José Ángel García de Cortázar (1994). As viagens eram
componentes do cotidiano medieval e algumas dessas empreitadas foram registradas, sendo possível
organizar tais escritos em um gênero literário, denominado Literatura de Viagens. O objetivo desta
comunicação será explorar alguns dos elementos característicos das viagens no período medieval, em
específico, os deslocamentos ocorridos na Baixa Idade Média, a partir da análise do livro Embaixada
a Tamerlão (1406). Esta obra descreve o itinerário traçado por uma embaixada, que partiu da cidade
de Cádiz, situada no reino de Castela em direção à cidade de Samarcanda, capital do Império
Timúrida.

Palavras-chave: Embaixada; Deslocamento; Literatura de Viagens.

A Escola de tradutores de Toledo e a consolidação da monarquia castelhana


Profª. Drª. Marta de Carvalho Silveira (UERJ)

A Escola de tradutores de Toledo é considerada pela tradição historiográfica como um dos


espaços culturais e intelectuais mais significativos na Península Ibérica. Com as traduções ali
realizadas o restante do Ocidente medieval teve contato com uma série de obras originárias da
tradição clássica greco-romana e da tradução oriental, disponibilizadas pela ação dos tradutores
muçulmanos. Através da ação dos tradutores toledanos houve um estímulo considerável à produção
de conhecimentos referentes às sete artes liberais Esse trabalho se propõe a explorar as relações
existentes entre a influência cultural dessa escola e o projeto de centralidade de poder desenvolvido
por Afonso X, utilizando como fonte de pesquisa a bibliografia produzida em torno do tema.

Palavras chaves: Monarquia castelhana; Afonso X; Escola de tradutores de Toledo; Artes


liberais

A Mesquita-Catedral de Córdoba: Uma história secular de reapropriação do espaço


sagrado
Graduanda Elizabeth Silva Orestin (UNIPAMPA)

Esta comunicação objetiva pensar a trajetória de ressignificação da Mesquita-Catedral de


Córdoba/Espanha. Interessa compreender porque os espaços sacralizados são apropriados e
repensados sob nova expressão do sagrado, quando da substituição da cultura dominante. Qual o
legado que esta construção ocupada por várias religiões, ao longo de séculos, tem para a atualidade?
Muitos povos deixaram suas marcas em terras hispânicas e estas podem ser identificadas na Mesquita-
Catedral. Seu espaço foi utilizado como templo pagão, templo cristão ariano, templo dividido entre
muçulmanos e cristão, mesquita e, por fim, catedral cristã católica. As várias mudanças no cenário
político ibérico, que se refletiram na alteração da cultura e religiosidade se materializaram nas
paredes, colunas e torre dessa estrutura, cujas reapropriações podem ser identificadas desde o século
IV até os dias de hoje.

Palavras chave: Mesquita-Catedral de Córdoba; Ressignificação; Sagrado.

Memes E O Imaginário Medieval: Algumas Considerações Sobre Os Usos E Abusos Da


Idade Média No Brasil
Doutor Rodolpho Alexandre Santos Melo Bastos (UFSC)
Esta comunicação pretende refletir sobre a relação entre os memes e alguns imaginários sobre
Idade Média no Brasil. Alguns episódios no Brasil envolvem questões educacionais, religiosas e
morais, como a liminar em 2017 que torna legalmente que psicólogos ofereçam terapias conhecidas
como “cura gay”, criam-se inúmeros memes alegando que vivemos na Idade Média. Na contramão
desse imaginário, historiadores propõe pensar uma Idade Média com considerável desenvolvimento
erudito, artístico, técnico, infraestrutural, constante trocas culturais entre os povos, etc. Partindo dos
memes enquanto fonte e do período medieval como objeto de estudo, esse trabalho busca perceber
como no Brasil ainda é vigente essa ideia distorcida e preconceituosa sobre a Idade Média e a
importância de se estudar o medievo no País.
Palavras-chave: Idade Média; Memes; Imaginário Medieval; Brasil.
MESA 9 – 13.11.2020 MANHÃ

Uma Relação Intertextual entre as Poéticas de Cícero e Lucrécio


Doutorando Alessandro Carvalho da Silva Oliveira (UFES)

Propomos uma reflexão acerca dos efeitos intertextuais (segundo Alessandro Barchiesi) entre
o De Rerum Natura de Lucrécio e o Phaenomena Aratea de Cícero a fim de mostrar como os dois
autores usufruem da mesma cosmogonia para elaborar discursos com efeitos distintos. Ambos
poemas tratam de fenômenos astronômicos e possuem uma característica que Emma Gee chama de
Enianism, que é explicado pela autora como uma série de loci similes com as obras de Ênio. Além
dessa semelhança, Cícero, em carta ao irmão, afirma ter entrado em contato com a obra de Lucrécio
e ter encontrado grande engenho nela. Acreditamos que esse engenho poético seja a forma de
trabalhar o movimento de corpos celestes a fim de elaborar um discurso filosófico.

Palavras-chave: República Romana. Intertextualidade. Lucrécio. Cícero.

A Edificação de um Héracles Domiciânico entre as Silvas Estacianas e a Estatuária


Supérstite
Doutorando Natan Henrique Taveira Baptista (UFES)

Esta comunicação explora a relação entre Domiciano, imperador romano entre os anos de 81-
96, e Héracles, personagem mitológica semidivina, na literatura de ocasião de Estácio e na cultura
material sobrevivente. Enquanto escopo estatuário, selecionam-se dois exemplares que justapõem a
representação do princeps com a imagética do herói: um Héracles Albertini/Pitti, descoberto nas
escavações do palácio domiciânico, no Palatino, atualmente abrigado no Museo Archeologico
Nazionale, em Parma; e uma cabeça fragmentária de Domiciano, idealizada como Héracles Genzano,
de origem desconhecida, exposta no Museum of Fine Arts, em Boston. Cotejam-se os elementos
supostos à elaboração da estatuária com o constructo literário do último flaviano, fartamente
aproximado com o mais célebre filho de Jove, em trechos das Siluae 3.1, 4.2 e 4.6. Por fim, infere-se
sobre os usos retórico-políticos da associação entre as duas personagens.

Palavras-chave: Interpretação de imagens; Domiciano; Héracles; Estácio; estátuas.


Influências do Panegírico, de Plínio, nas Gratiarum Aactiones Tardo-Antigas: Estudo
Preliminar do Elogio Retórico nos Discursos de Agradecimento a Juliano e a Constantino
Ma. Kátia Regina Giesen (UFES)

Em busca de demonstrar que o diálogo entre a gratiarum actio de Plínio, o Jovem, a Trajano
(100 d.C.) e alguns dos XII Panegyrici Latini (séc. III-IV) ajuda a compreender o primeiro como
principal registro de uma concepção latina de elogio imperial que influencia produções posteriores,
esta comunicação propõe mapear se e de que maneira os textos de dois panegiristas tardoantigos que
escreveram o mesmo gênero de agradecimento apropriam estruturas próprias do elogio retórico
pliniano. Para isso, são elencados como elementos principais de uma teoria pliniana do epidítico: i. a
necessidade de definir ou redefinir, metadiscursivamente, o que é o discurso e qual sua finalidade; ii.
a projeção da recepção pelos ouvintes/leitores, sobretudo com a preocupação em construir a ideia de
sinceridade; e iii. o destaque para o recurso da comparação ou síncrise, acompanhado do vitupério do
tirano.

Palavras-chave: Epidítico; Panegyrici Latini; Plínio, o Jovem.

Tradição Retórica na Carta VII, 9 de Plínio, o Jovem


Dr. Renato Cardoso Corgosinho (PUC-MG)

A retórica, genericamente entendida – com base nos modeles gregos – como a arte de persuadir,
foi, em Roma, durante certo período, alvo de desconfiança devido ao espírito prático e pragmático
característico de seu povo. Cristalizou-se e reafirmou-se no entanto (em conciliação com a filosofia),
com Cícero (Brutus, De oratore, Orator), no século I a.C., e com Quintiliano (Institutio Oratoria),
no século seguinte. Figura representativa dessa tradição retórica, embora não tenha produzido obras
exclusivas sobre o tema, Plínio, o Jovem, discípulo de Quintiliano, em várias de suas cartas e no
chamado Panegírico de Trajano, deixa explícita tal filiação e influência. Nesse sentido,
identificaremos e analisaremos alguns dos manifestos aspectos retóricos constantes na carta VII, 9 de
Plínio, considerada como uma síntese dos preceitos preconizados por seu mestre na Instituição
Oratória.

Palavras-chave: Retórica antiga. Roma. Plínio, o Jovem.

Estratégias de Guerra: Lusitanos versus Romanos na Antiga Península Ibérica


Mestrando Ricardo Luiz de Souza (UNIFAL)
Desde a antiguidade, a Península Ibérica sempre foi uma área muito almejada, pois contava
com grandes recursos minerais e um grande potencial para a agricultura e pecuária. Desta forma,
muitos povos buscaram o seu controle ao longo da História Todavia, desde os primeiros relatos sobre
a região, o espírito belicoso de algumas povoações da região foi amplamente relatado nas antigas
fontes clássicas. Nesse ínterim, esta pesquisa pretende estabelecer um estudo sobre a atividade
guerreira para os lusitanos da Antiga Península Ibérica, já que durante as chamadas “Guerras
Lusitanas”, este povo ofereceu uma tenaz resistência frente ao invasor romano, utilizando-se do
ataque em guerrilhas, de ataques rápidos e fugas premeditadas, o que, frente a um inimigo mais
armado, numeroso e preparado, tornaram-se bem táticas bemsucedidas do ponto de vista estratégico-
militar.

Palavras-Chave: Guerra. Lusitanos. Península Ibérica. Romano.

Constantino nas Fontes. Política e Religião no século IV d.C


Lic. Thiago Moreira Freitas (UEG)

Esta pesquisa tem como propósito analisar a construção da imagem do Imperador Constantino
(288 – 337 d.C) a partir das fontes: Sobre lá muerte de los perseguidores, do autor Lactâncio (250 –
325 d.C), e a História Eclesiástica, de Eusebio de Cesaréia (265 – 339 d.C). O estudo tem como
objetivo compreender e analisar o conceito de “herói do Cristianismo”, que passou a ser associado ao
Imperador. Assim, ao analisarmos a imagem de Constantino nas fontes, passamos a compreender as
relações de poder que envolvem política e religião. Dessa forma, os objetivos norteadores desse
estudo são: analisar a imagem de Constantino nas fontes, compreender a construção da imagem de
herói do Cristianismo e a relação entre Política e Religião. Diante das discussões propostas, a ideia é
analisar como Constantino e o Cristianismo se mesclaram.

Palavras-chave: Constantino. Cristianismo. Religião. Política.


MESA 10 – 13.11.2020 TARDE

A Descoberta de Naq Hamadi: Cristianismos e Interações Culturais no Egito dos Séculos


II e III
Prof. Dr. Adilson José Francisco (UFR)

A descoberta dos textos de Naq Hamadi no atual Egito, colocaram em cena mais uma vez, a
necessidade de se problematizar a questão das múltiplas identidades cristãs questionando o conceito
de cristianismo primitivo por sua pretensa constituição singular e homogênea. Os textos encontrados,
escritos nos primeiros séculos do cristianismo, evidenciam a pluralidade de identidades cristãs.
Dentre estes, sobressaem um conjunto de textos, que foram denominados de gnósticos e suas
divergências com uma modalidade cristã que será posteriormente chamada de ortodoxia. Mais que
querelas teológicas e doutrinárias, os textos de Naq Hamadi, possibilitam identificar o amplo processo
das interações culturais entre povos da bacia mediterrânea que incidiram na formação dos diversos
cristianismos originários.

Palavras-chave: Gnosticismo – cristianismos – interações culturais

As Fases do Deus Aton: Manifestações e Construções de sua Identidade Religiosa


Graduanda Inara Kézia Gama Araújo (UFAM)

O período Amarniano ocorreu em torno de 1352-1336 a.C na 18º dinastia, contexto do novo
império, pelo faraó Amenhotep IV (posteriormente chamado Akhenaton). Em seu reinado, o faraó
estabeleceu uma reformulação religiosa e modificou o panteão egípcio, nomeando o deus Aton- o
disco solar- como o único deus. A comunicação tem como objetivo apresentar o trabalho
desenvolvido no PIBIC 2019/2020. Nesse projeto, explicou-se como o deus do disco solar foi
desenvolvido na transação entre Amenhotep III e Amenhotep IV (Akhenaton). O projeto centralizou-
se na problematização de como o deus Aton desenvolveu-se entre os deuses predominantes Amon e
Rá. As fontes trabalhadas para problematizar as fases do deus Aton foram a Estela de Suti e Hor e o
Grande Hino a Aton.

Palavras-chaves: Egito Faraônico, Período Amarniano, deus Aton.


Ecos da Morte, Ecos da Vida: Fontes Biográficas no Egito do Reino Antigo Tardio
Doutorando Wellington Rafael Balém (UFRGS)

As chamadas autobiografias funerárias egípcias do Reino Antigo são formas discursivas de


destacada importância. Ao passo que configuram o cenário para o surgimento de uma literatura
ficcional, são também fontes para temas-chave do período. Assim, o objetivo deste trabalho é
estabelecer uma reflexão teórico-metodológica que permita a análise do referido tipo documental
como fonte histórica. Com isso, buscamos superar as abordagens puramente textuais de seu conteúdo,
bem como as análises estritamente funerárias. Partimos do pressuposto de que as autobiografias
funerárias são parte de um processo maior, a expressão de si e, como tal, fazem parte do contexto
social e político do período. Dessa forma, também são essenciais para compreender de forma
relacional o tempo que as produziu, e que também foi produzido por elas, bem como a singularidade
da experiência de determinados sujeitos.

Palavras-chave: Estudos Biográficos; Cultura Material; Egito Antigo.

Deméter e Core nos Territórios Gregos da Sicília Antiga (Séculos VIII – V a.C)
Mestrando Felipe Leonardo Ferreira (MAE/USP)

Deméter é uma das deusas responsáveis pela fertilidade do solo e a agricultura, atividade
vital nas comunidades do Período Arcaico grego. Contudo, na Ilíada e Odisseia, dada a natureza
de cada obra, ela é pouco mencionada, sendo Atena e Zeus priorizados. Já os Hinos Homéricos
lhe reservam a terceira maior composição. Na Sicília, Deméter e Core possuem mais santuários do
que os outros deuses. Quais as possíveis razões dessa dinâmica? Seria pela reconhecida fertilidade da
ilha? Algum mito da tradição grega? O processo histórico das comunidades? A investigação dos
espaços sagrados das Duas Deusas, em conjunto com as fontes escritas, pode contribuir para o
entendimento das relações sociais desenvolvidas na Sicília Arcaica e nos sugerir hipóteses para
essas questões.

Palavras chave: Sicília, expansão grega, espaços sagrados, tirania, Deméter e Core.

Mito de Laios: Uma Representatividade Homoerótica na Grécia Antiga, entre Sexo e


Isonomia
Bac. Vitor Naoki Miki Gomes (FURG)
Neste artigo destaca-se a utilização do mito de Laios como ponto de acesso à cultura
homoerótica correlacionando com o contexto sócio-político da sociedade ateniense do século V a.C.,
nos possibilitando o limiar analítico no âmbito de uma História Cultural e História Política, utilizando
um elemento cultural para entender as construções políticas das constituição da realidade comunitária
específica. Logo, tivemos como o objetivo principal o desvendar das inter-relações entre os
fenômenos de formação do quadro político ateniense; de performatividade erótica e da formação
identitária dos indivíduos. Ao fim, conseguimos expor a relação entre o sistema político e a
reprodução expressiva dos comportamentos homoeróticos, uma vez que os percebemos intensamente
entrelaçados na formação da identidade grega antiga.

Palavras-chave: Cultura política, homoerotismo, identidade.

O Homoerotismo Feminino na Grécia Antiga: Uma Análise Contextual de Safo


Graduanda Isabelle Brancão Chaves (UFPEL)

O presente trabalho é realizado no âmbito do Projeto de Ensino “Amor e Erotismo no Mundo


antigo”, tendo como foco o homoerotismo feminino na Grécia antiga e seu contexto histórico.
Primeiramente é necessário explicar o contexto do estudo principal: Safo, a poetisa mais reconhecida
do mundo antigo. Safo era uma espécie de tutora em uma instituição só para mulheres, a “Casa das
Musas”, onde jovens estudavam arte, música e cultura no geral, e eram preparadas para a vida após
seu casamento. Nessa instituição, muitas mulheres mantinham relações íntimas com Safo, da qual a
mesma expressava esse contato em seus poemas deixados para posteridade, e é através de seus
fragmentos que realizo esse estudo. A partir, também, de autores clássicos e atuais sobre o assunto,
com centro na obra de Sandra Boehringer, divisor de águas sobre o homoerotismo feminino na
antiguidade.

Palavras-chave: antiguidade; homoerotismo; Safo; poesia grega.

A Escrita de Maldições em Mogontiacum no Século II


Graduada Jessica Brustolim (FFLCH/USP)

Defixionum tabellae, ou, em português, tabuletas de maldição, referem-se a pequenos textos,


normalmente inscritos em chumbo, que buscam obter o favor divino ou de outros seres sobrenaturais
em uma situação de conflito. Ao contrário das maldições feitas por profissionais, onde é possível
encontrar palavras mágicas, símbolos (charaktêres) e invocações complexas, as chamadas maldições
vernáculas são escritas de diversas maneiras e demonstram diversos níveis de competência em latim.
A partir do corpus de Mainz, antiga Mogontiacum, explorarei, nesta comunicação, a forma como as
maldições são elaboradas e as estratégias empregadas para obter o favor divino. Meu objetivo é
demonstrar que, embora não exista uma fórmula fixa para essas maldições, há uma coesão dentro do
corpus em termos de construção identitária e no modo como a maldição é escrita.

Palavras-chave: defixionum tabellae; magia; Mainz; cultura escrita;

Medeia e as Mulheres de Corinto


Ma. Darcylene Pereira Domingues (UFRGS)

A presente apresentação tem por intenção debruçar-se sobre a uma fonte histórica produzida no
século V a.C, especificamente na cidade de Atenas, uma obra teatral escrita e encenada pelo trágico
Eurípides no ano de 431, a tragédia Medeia. Nesse sentido, a nossa interpretação foi fundamentada
paulatinamente a partir de uma problemática que utiliza a categoria de gênero para realização de uma
leitura especifica de Medeia. Além disso, decidimos utilizar esse conceito pois a sociedade clássica
apresenta uma organização social e política que evidencia o masculino e atitudes referentes ao seu
espaço, ou seja, o comum. E especificamente nesse caso por apresentar um coro composto por
mulheres moradoras da cidade de Corinto observamos uma observamos uma aproximação entre esses
femininos na tragédia, algo aqui analisado.

Palavras-chaves: tragédia, Medeia, feminino, androcentrismo, teatro grego.

A Representação de Helena de Tróia nas Heróides de Públio Ovídio Naso


Letícia Schneider Ferreira (IFRS)

Helena de Troia é uma personagem recorrente na literatura não apenas produzida na Hélade,
mas também está presente nas obras de destacados autores da Roma imperial, como Virgílio e Ovídio.
O olhar dos escritores da Antiguidade Clássica sobre Helena modifica-se conforme o autor e o
contexto de produção da obra, mas é possível constatar que esta é uma figura complexa e que permite
a reflexão sobre as representações do feminino nas sociedades estudadas, por meio do filtro que se
impõe pelo olhar do autor, ou seja, um olhar masculino. As Heroides consistem em epístolas nas quais
figuras de destaque da mitologia grega escrevem para seus objetos de afeto, sendo as remetentes, em
sua maioria, personagens femininas. Assim, o estudo se dedica em analisar a forma como Helena é
apresentada nas cartas a ela relacionadas.
Palavras-chave: Helena de Troia, Ovídio, Heróides, Antiguidade Clássica

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