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Sérgio Luís Boeira (2014)

POSITIVISMO CONSTRUTIVISMO Resumo didático e adaptação de


E capítulo do livro Formar em
administración, de Rodrigo M.
Grisales
POSITIVISMO CONSTRUTIVISMO

Princípio ontológico Princípio de representabilidade da


experiência da realidade
“O conhecimento elaborado
progressivamente pela ciência é o “O homem, com seu conhecimento, não
conhecimento da realidade; uma realidade acessa, não pode acessar à essência ou
que se postula como independente do substância das coisas. Ele acessa sua
observador que a descreve: o Universo, a experiência frente às coisas, a partir da
Natureza, a Vida, tudo o que podemos qual se constroem representações delas e
conhecer, o que são potencialmente da experiência. Seu conhecimento não
conhecimentos cumulativos, que dizem ou refletirá uma realidade ontológica objetiva
descrevem a essência, a substância e a
mas uma representabilidade das coisas.
permanência das coisas, para além da
diversidade acidental de suas aparências e
Poder-se-á falar, então, de adequação dos
de seu comportamento” (Le Moigne, modelos à realidade, mas não de verdade
1995b). em termos absolutos (Le Moigne, 1995a).
POSITIVISMO CONSTRUTIVISMO

Princípio do universo em cadeia Princípio do universo construído


A realidade está determinada por leis
que a regem e o objetivo da ciência é É chamado também por Le Moigne
descobrir as cadeias de causalidades postulado teleológico da representação;
decompondo a realidade em tantas Isto quer dizer que à tradicional e
partes quanto possível. determinista causa-efeito do positivismo
se opõe o comportamento-teleologia,
Pois o homem atua em função de
finalidades que elaboram “mundos
possíveis” que se constroem e dentro
dos quais adquire sentido seu fazer e seu
saber.
POSITIVISMO CONSTRUTIVISMO

Princípio de objetividade Princípio da interação sujeito-objeto


“A observação do objeto real por um Ao ilusório dualismo cartesiano sujeito-
observador não modifica nem o objeto objeto, o construtivismo opõe a
nem o observador. Se o observador é indissolubilidade de ambos no processo de
modificado, isto não concerne à ciência conhecimento. Não se poderia falar de
sujeito e de objeto senão de sujeito e da
(o espírito humano não faz parte dos
imagem (ou representação) do objeto. Le
objetos reais sobre os quais ele mesmo Moigne propõe, com base em Bachelard,
pode conhecer)”. (David et al, 2000). que as disciplinas construtivistas não se
definam por seu objeto mas por seu projeto
cognitivo em torno da uma realidade
dentro de outra realidade, a humana, na
qual tal projeto adquire um sentido e uma
pertinência.
POSITIVISMO CONSTRUTIVISMO

Princípio de naturalidade da lógica Princípio de argumentação geral (ou de nova


retórica)
“Não só a lógica disjuntiva permite
descobrir as leis da natureza mas ela mesma Não existe uma só maneira de exercer a razão,
é lei da natureza” (Le Moigne, citado por e seria mais propriamente a argumentação ou
David et al, 2000). O uso da lógica humana nova retórica que mostraria a grande
valida por si mesma o conhecimento e, por multiplicidade de raciocínios inteligíveis que
contraposição, tudo o que é não é não se acomodam à lógica disjuntiva, mas
conhecível logicamente não é científico. podem produzir experiências, conhecimentos e
Este princípio está intimamente ligado ao soluções razoáveis. H. Simon chama este tipo
de argumentos de “raciocínios procedentes”,
princípio da razão suficiente de Leibniz
no sentido de possíveis, plausíveis ou
(tudo tem uma causa que o explica
convenientes para a produção de sentido –
suficientemente), pois o caráter de caso contrário se valida a priori o silogismo
“suficiente” lhe confere de fato um status de como a única lógica aceitável pela ciência.
natural à razão humana.
POSITIVISMO
CONSTRUTIVISMO
Princípio da mínima ação (ou do ótimo Princípio da ação inteligente
único)
“Entre duas teorias, a mais simples será Formulado por H. Simon Y Newell, este
considerada mais científica” (Le princípio “descreve a invenção ou
Moigne, 1995a). Parte da ideia de que a elaboração, por todo tipo de raciocínio
natureza busca a maneira mais eficiente (descritível a posteriori), de uma ação que
de produzir-se. propõe uma correspondência `adequada´
ou `conveniente´ entre uma situação
percebida e um projeto concebido” (Le
Moigne, 1995a, p. 123). Neste caso a
“mínima ação” (a otimização) não seria
mais que “um” entre múltiplos projetos de
conhecimento possíveis.
REFERÊNCIAS

DAVID, A., HATCHUEL, A., LAUFER, R. (coords.). Le nouvelles fondations des


sciences de gestion. Élements d´épistemologie de la recherche en management.
Paris: FNEGE, 2000.
GRISALES, R. M. Formar en administración. Medellín: Siglo de Hombres
Editores, 2011.
LE MOIGNE, J.L. Le constructivisme. Tomo 2: Des épistemologies. Paris: ESF
Éditeur, 1995a .
LE MOIGNE, J.L. Les épistemologies constructivistes. Paris: Presses Universitaires
de France, 199b.

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