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Paradigma da

Complexidade

Jaime da Silva Brito


Ana Luiza Gomes de Oliveira
Rosa Eulália Vital da Silva
Orientadora: Profª. Drª. Elizabeth Santos
 A complexidade é ausente do cotidiano.
 Foi compreendida e descrita no século XIX
e XX nos romances de Dickens e Balzac,
onde a vida cotidiana dos personagens
eram apresentadas através de papéis
sociais, nas relações domésticas, trabalho,
interações sociais, analisando a
multiplicidade de identidades e
personalidade.
 Balzac teve a idéia, inédita na
história da literatura, de fazer
reaparecer seus personagens em
diferentes obras, em diferentes
estágios de suas vidas: aqui na
juventude, ali velhos e pobres, acolá
ministros ou banqueiros; aqui
coadjuvantes, ali figuras centrais;
felizes em um conto, infelizes em um
romance; por vezes ainda ingênuos
e cheios de sonhos, uns rematados
crápulas em outro momento etc.
 Os romances de Dickens eram, entre outros
aspectos, obras de crítica social. Nas suas
narrativas são tecidos comentários ferozes
a uma sociedade que permitia a pobreza
extrema, as más condições de vida e de
trabalho e a estratificação social abrupta da
era vitoriana, a par de uma empatia
solidária pelo homem comum e uma atitude
céptica em relação à alta sociedade.
 Em contrapartida, na Ciência Moderna no
mesmo século XX, os cientistas da época
de Descartes a Newton, buscavam
conceber um universo determinista,
perfeito.
 Convém elucidar o
conceito de
Paradigma que
compreende
princípios ou leis
que orientam na
compreensão dos
objetos.
O PARADIGMA DA SIMPLICIDADE

 O Paradigma da simplicidade adotada pela Ciência


quer separar o que esta ligado – disjunção- e unifica
o que está disperso- redução.
 Segundo Morin(1990) neste paradigma a ciência vê
o Uno e o Múltiplo, mas não vê que o Uno pode ser
Múltiplo.
Exemplo:
 O homem é um ser biológico e ao mesmo
tempo um ser cultural, meta biológico. O
paradigma da simplificação separa as duas
realidades reduzindo a mais complexa à
menos complexa (Morin,1990).
 Cada ciência estuda o homem em partes,
esquecendo que um é o outro,
simultaneamente.
ORDEM E DESORDEM NO
UNIVERSO
 No século XX, os cientistas se deparam
diante de um paradoxo referente ao
universo, onde percebia-se a entropia
geral, ou seja, desordem maximal e por
outro lado o universo em desenvolvimento,
organizado e complexo.
 Então, chegou-se ao entendimento,
através da Física, que a ordem e a
desordem cooperam na organização do
universo.
 A origem do universo, na visão dos
astrofísicos, surgiu de uma explosão, o
BIG-BANG
 Então a idéia de que o universo começou
fruto de uma desintegração e que a partir
daí se organizou.
 A agitação e o encontro com o acaso são
necessários para organização do universo
(Morin,1990).
 A complexidade de relação ordem-
desordem-organização surge quando se
verifica, empiricamente, que fenômenos
desordenadas são necessários em certos
casos e condições, para produção de
fenômenos organizados que vão contribuir
para o aumento da ordem.
A floresta é exemplo de
ordem ou desordem?
AUTO-ORGANIZAÇÃO
 Na visão tradicional da ciência tudo é
determinismo, não existe sujeito, consciência,
nem autonomia
 Porém numa perspectiva onde concebemos um
universo que se cria não apenas no acaso e na
desordem mas nos processo auto-
organizadores, onde cada sistema cria as suas
próprias determinações e as suas próprias
finalidades, o sujeito apresenta-se como um ser
autônomo, mesmo sendo dependente em alguns
aspectos.
M. C. Escher
AUTONOMIA
 Para discorrermos sobre a autonomia
precisaremos entender sua complexidade
pois ela depende de uma leitura das
condições culturais e sociais.
 A autonomia estabelece-se na relação de
dependência de estarmos vinculados a
uma cultura, a uma linguagem, uma
sociedade e aos nossos genes, uma vez
que somos produto de um programa
genético.
 Somos múltiplos.
Muitos rostos fazem
parte de mim.
Eu próprio sou uma
mistura de eus
formados por esses
tantos outros de mim.
Somos múltiplos
Tantos vocês se
compõem comigo
Tantos rostos estão
em mim
E tantos corações
Tantos que nem sei
quais!
Ou quase sei os tais!

 César Ricardo
Koefender
 Quantos de nós frequentemente temos a
impressão de ser livres,sem ser livres.
 Mas ao mesmo capazes de ter liberdade,
examinar hipóteses de condutas, de fazer
escolhas, tomar decisões.
M.C. Escher
COMPLEXIDADE E
COMPLETUDE
 O que é complexo apresenta aspectos do
mundo empírico,que está na incerteza,na
incapacidade de estar seguro de tudo e
formular leis, de conceber uma ordem
absoluta
 Em contrapartida, apresenta, também,
algo de lógico, da incapacidade de evitar
as contradições.
 Numa visão clássica, quando nos deparamos
com uma contradição num raciocínio, é sinal
que erramos então é necessário retomar o
percurso do raciocínio, para corrigirmos o erro.
 Contudo, na visão complexa a contradição não
é vista como um erro e sim como o “...atingir
de uma camada profunda da realidade que,
justamente porque é profunda, não pode ser
traduzida para nossa lógica”
 Convém colocarmos que a Complexidade e
diferente de Completude, uma vez que no
sentido de complexidade está implícito o
sentido de solidariedade e o sentido do caráter
multidimensional de qualquer realidade, que
nos conduz a idéia de que a visão
unidimensional, visão especializada é pobre.
 E o fato da necessidade de estar ligado a
outras dimensões , leva-nos a identificar a
complexidade com a completude.
 Contudo, a consciência da complexidade
faz-nos compreender que não poderemos
nunca escapar à incerteza e que não
poderemos nunca ter um saber total. A
totalidade é a não verdade (Morin,1990)
 O autor enfatiza, também, a necessidade
de não confundirmos a complexidade
com complicação, uma vez que esta é um
dos aspectos da complexidade
RAZÃO, RACIONALIDADE,
RACIONALIZAÇÃO
 RAZÃO - corresponde a um vontade de ter
uma visão coerente dos fenômenos, das
coisas e do universo. Apresenta um caráter
incontestavelmente lógico.
 RACIONALIDADE - compreende o diálogo
incessante entre o nosso espírito, que cria
estruturas lógicas e as aplica sobre o
mundo através do diálogo com o mundo
real.
 RACIONALIZAÇÃO - consiste em
pretender encerrar a realidade num
sistema coerente, e quando algo
contradiz este sistema coerente, é
ignorado, posto de lado por se tratar
de ilusão ou aparência.
Quantos
rostos você
percebe?
MACROCONCEITOS
 Para ajudar a pensar a complexidade do
real o autor discorre sobre a necessidade
de utilizarmos os macro conceitos, no
intuito de não definirmos as coisas
importantes por fronteiras, pois fronteiras
são sempre vagas
TRÊS PRINCÍPIOS
 PRINCÍPIO DIÁLOGICO – oportuniza
manter a dualidade no seio da unidade,
associando dois termos ao mesmo tempo
complementares e antagônicos.
 RECURSÃO ORGANIZACIONAL - num
processo recursivo os produtos e os
efeitos são ao mesmo tempo causa e
produtores daquilo que os produziu
 PRINCÍPIO HOLOGRAMÁTICO - neste
princípio não apenas a parte está na todo,
como o todo está no parte. Para
exemplificar temos o mundo sociológico e
o biológico
 Pascal afirmou que “Não posso conceber
o todo sem conceber as partes e não
posso conceber as partes sem conceber o
todo”
O TODO ESTÁ NA PARTE QUE
ESTÁ NO TODO
 A relação antropossocial é complexa,
porque o todo está na parte, que está no
todo.
 Desde o nosso nascimento estamos
impregnados do caráter social, coletivo
mesmo dentro de nossa individualidade.
O TODO ESTÁ NA PARTE QUE
ESTÁ NO TODO
 O cientista social, enquanto indivíduo
integrante desta sociedade, tende a ter uma
idéia deformada sendo necessário confrontar
seu ponto de vista com outros indivíduos,
conhecer sociedades diferentes
 Portanto do ponto de vista da complexidade, é
preciso ter meta-pontos de vista, onde o
observador-conceptor se integra na observação e
na concepção
 O sociólogo Boaventura de Sousa Santos (2002),
em seu livro “Um Discurso sobre as Ciências”
aponta para um novo paradigma emergente, no
qual as ciências naturais, especialmente a Física
e a Biologia em seus avanços recentes têm
introduzido, em suas teorias, os conceitos de
historicidade e de processo, de liberdade e
autodeterminação e mesmo o conceito de
consciência, todos eles antes reservados para o
ser humano
PARA A COMPLEXIDADE
 A partir do paradigma formulado por
Descartes, a civilização ocidental vivenciou o
princípio da disjunção e da redução. Separou-
se a Ciência da Filosofia,separou a cultura
que se entende por humanista, a literatura, as
artes, a poesia da cultura científica
 O paradigma da simplificação ainda domina
nossa cultura atualmente, mas em sua própria
dinâmica, está passando por questionamentos
O paradigma da complexidade surgirá do conjunto de
novas concepções, de novas visões, de novas
descobertas, novas reflexões
REFERÊNCIAS

MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento


Complexo. Lisboa:Instituto Piaget, 1990.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Um
discurso sobre as Ciências. São Paulo:
Cortez, 2002.

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