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EQUIPAMENTO PARA EXTRAÇAO


DE SEMENTES DE TOMATE
Francisco Eduardo de Castro Rocha.' uma semente básica de boa qualidade em tratos culturais, pulverizações e controle
João Eustáquio Cabral de Miranda 2 termos de pureza varietal, sanidade e vi- de doenças. O esquema de plantio em fi-
Homem Bittencourt S.V. Pessoa 3 gor fisiol6gico. O local escolhido para o leira dupla 1,40 x 0,60cm com 4 plan-
plantio não deve ter sido cultivado ante- tas/metro linear pode ser empregado para
riormente com tomate, outras solanáceas diferentes cultivares, sem estaqueamento.
A extração de sementes de hortaliças
(batata, pimentão, berinjela,jil6, fumo) ou Se se optar pelo estaqueamento (maior
de frutos carnosos, como tomate, pepino,
leguminosas (soja, ervilha, feijão etc). A custo, porém melhor controle sanitário), o
melancia, melão e outras espécies, é mais
umidade relativa do ar deverá ser baixa, espaçamento a ser utilizado é o de 1,Om
eficiente mecânica que manualmente,
se possível, menor que 50%, e a tempe- entre fileiras simples e 0,6m entre plantas.
quando a quantidade a ser processada é
ratura, amena (20 a 25°C). Temperaturas No caso de cultivares de porte determina-
superior a 50 frutos (Rocha et al., 1990).
muito elevadas ou baixas podem prejudi- do, o sistema de fileira dupla 1,30 x
No mercado brasileiro, entretanto, exis-
car a polinização, diminuindo a produção 0,5Om com cinco plantas/metro linear de-
tem apenas extratores grandes, que são
de sementes. Em geral, rendimentos de ve ser adotado. A irrigação por sulco é
usados por empresas produtoras de se-
0,25 a 0,40% de sementes em relação ao melhor, porque facilita o controle de
mentes. Aqueles menores, que poderiam
peso do fruto são considerados bons (2,5 doenças foliares e aumenta a qualidade do
ser empregados em trabalhos de pesquisa
a 4,Okg de sementes por tonelada de fru- fruto (Manzan, 1980).
e em pequenas áreas, ainda não se encon-
tos). Devem-se tomar todos os cuidados
tram disponíveis no mercado nacional. O O sistema de plantio de tomate pode para preservar a sanidade das plantas,
presente trabalho visa a apresentar um ser o convencional, através de mudas evitando-se a ocorrência de doenças fün-
modelo de pequeno porte e descrever to- produzidas em bandejas de isopor ou co- gicas, bacterianas, vir6ticas (Maffia et al.,
das as etapas de produção de semente de pinhos de papel; ou mesmo a semeadura 1980) e também a ocorrência de pragas,
tomate, uma vez que o equipamento foi direta. A produção de mudas pode ser principalmente insetos vetores de viroses,
testado com esse produto. feita em estufa, telado ou sementeira con- como pulgões e tripes. Além disso, de-
vencional, o mais isolado possível de la- vem-se fazer inspeções freqüentes e "ro-
PRODUÇÃO DE vouras de tomate e de outras solanáceas, guing" (para eliminação de plantas doen-
SEMENTES DE TOMATE bem como de cebola, alho, amendoim e tes, fracas e fora do tipo ou padrão da
A produção comercial de sementes hortas em geral, o que auxilia na preven- cultivar), a fim de assegurar a pureza va-
de hortaliças é uma atividade especializa- ção de doenças, principalmente vírus-do- rietal.
da, que requer a assistência de profissio- vira-cabeça (Maffia et al., 1980). Em Os frutos são colhidos, quando estão
nais experientes e que conheçam profun- qualquer sistema de produção de mudas, completamente maduros e, logo a seguir,
damente não s6 as técnicas culturais, bem devem-se pulverizar as plantas na véspera são levados para a máquina extratora de
como o processo de colheita e beneficia- do transplantio com inseticida sistêmico sementes. Estas, ainda com um pouco de
mento de sementes (Anuário ... 1989). indicado para o controle de trips na cul- suco, são recolhidas em tanques de ma-
As técnicas culturais para a produção tura do tomateiro. deira, caixas de amianto ou baldes plásti-
de sementes de tomate são semelhantes Em locais e/ou em épocas de menor cos e deixadas para fermentar por 24 ho-
àquelas usadas na produção de frutos de umidade relativa do ar, o estaqueamento ras, na época quente (verão), ou até 48
tomate para consumo in natura (Silva; das plantas é dispensado, o que diminui o horas, na época fria (inverno). A tempe-
Casali, 1980). custo de produção. Recomenda-se adotar ratura 6tima para a fermentação é de 21 a
O processo inicia-se com o plantio de espaçamentos mais largos para facilitar os 25°C. Temperaturas mais elevadas podem

1 Engº Agric., M.Sc. - Pesq.lEMBRAPAlCNPMS - Caixa Postal 151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG.
2 Engº Agrº, Ph.D. - Pesq.lEMBRAPAlCNPMS - Caixa Postal 151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG.
3 Engº Agrº, M.Sc. - Pesq.lEMBRAPAlCNPH - Caixa Postal 07.0218 - CEP 70359 Brasflia, DF.

Inf. Agropec., Belo Horizonte, v.l5, n.169, p.57-60, 1991 57


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4 L----4I---++-"".

1- Compartimento de recepção 8- Mancal


2- Apoio da caixa com produto 9 - Motor
3- Rolo esmagador 10 - Sistema de transmissão de velocidade
4- Rampa de escoamento
11 - Polia acionadora da peneira
5- Peneira cilíndrica
6- Rolete de apoio da peneira 12 - Rodas dentadas acionadoras dos rolos esmagadores
7- Bandeja coletora de sementes 13 - Esticadores

Fig.1 - Esquema da extratora de sementes de frutos carnosos.

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provocar o início do processo de germi-
nação, enquanto o excessivo tempo de
fermentação pode causar a redução do vi-
gor fisiol6gico e o escurecimento das se-
mentes, o que significa perda de valor
comercial Menor tempo de fermentação
restringe a eficiência no controle do can-
cro bacteriano, Clavibacter michiganense
sub,' sp. michiganense (Smith) Davis et alo
(Silva; Casali, 1980).
Ap6s a fermentação, as sementes são
lavadas em água corrente, para retirada
da mucilagem, restos de placenta e de
polpa fermentadas. Deve-se, ainda, adi-
cionar uma solução de HCI (ácido clorí-
drico) a 2%, por uma hora, com a fínali-
dade auxiliar no controle do cancro bac-
teriano e na retirada de restos de polpa e
mucilagem. A seguir, as sementes são no-
vamente lavadas em água corrente por 15
minutos. Após a lavagem, elas são trata- Fiy. 2 - Extratora de sementes de tomate em operação.
das com fosfato trisõdico
(Na3P04.12H20) a 10%, por 30 a 60 pêlos (desaristamento), visando a facilitar clinação suave de 5% em relação à hori-
minutos, para prevenir transmissão de a semeadura mecanizada. zontal e gira apoiada sobre quatro roletes
viroses (Tm V). Por último, as sementes de alumínio de 75mm de diâmetro. O sis-
são lavadas novamente em água corrente DESCRiÇÃO DO EQUIPAMENTO tema de transmissão de velocidade é
por 15 minutos, lavagem que se repete O equipamento (Figs. 1 e 2) foi constituído por uma polia de 70mm de
por mais 15 minutos. construído com base em um modelo pro- diâmetro conectada ao eixo do motor, que
Para reduzir a umidade das sementes jetado pela Universidade Estadual da aciona outra de 260mm de diâmetro fixa-
pode-se utilizar a centrifugação. Para is- Carolina do Norte, Estados Unidos da no eixo intermediário. Esse eixo, por
so, as sementes são colocadas em sacos de (Wehner et al., 1983). Os elementos es- sua vez, também contém uma polia de
pano e levadas para centrífugas ou mesmo senciais desse modelo, são: uma moega 100mm de diâmetro, que aciona outra de
máquinas de lavar roupa, o que permite alimentadora, constituída por um par de 260mm de diâmetro presa a um dos eixos
reduzir sua umidade para cerca de 30%. rolos esmagadores que giram em sentido que movimenta a peneira cilíndrica, o qual
Posteriormente, elas são postas para secar contrário; uma rampa de escoamento; trabalha a uma rotação de aproximada-
ao sol, em local ventilado. O importante é uma peneira de forma cilíndrica, que se- mente 46rpm.
reduzir rapidamente o teor de umidade para as sementes da polpa, e uma bandeja Encontra-se também fixada no eixo
das sementes até atingir 6% (padrão in- coletora das sementes com a mucilagem. intermediário uma roda dentada de 24
ternacional), mas evitando-se o binômio Esses elementos são acionados através do dentes que aciona outra, de 52 dentes.
umidade e temperatura alta. O processo sistema de transmissão de velocidade, Essa, por sua vez, é conectada ao mesmo
mais recomendado para a secagem é atra- composto de correntes de roletes, rodas eixo do rolo esmagador, trabalhando jun-
vés de secadores com ventilação forçada, dentadas, correias e polias, todos monta- tamente com uma roda dentada de 22
utilizando-se temperatura de 30°C no iní- dos sobre uma estrutura de metalon, per- dentes, que aciona, em sentido contrário,
cio e, à medida que o teor de umidade for fil quadrado de 10 x 50mm. o outro rolo esmagador por meio de uma
se reduzindo, elevando-o até 42-45°C. O equipamento é acionado por um roda dentada de 22 dentes. Assim, os ro-
O processo de fermentação natural motor elétrico trifásico (380v) de 3HP, los esmagadores trabalham a uma rotação
descrito anteriormente é o mais usual para que funciona a 1.750rpm. de aproximadamente 90rpm.
a extração de sementes de tomate. Po- Os rolos esmagadores possuem São utilizados ainda, na construção
de-se também utilizar ácido clorídrico 152mm de diâmetro e 381mm de com- do equipamento, 10 mancais n!? 5, para
(HCI) para a eliminação da mucilagem, primento e são montados em tubo de adaptar os componentes que trabalham
restos de placenta e de polpa depois da ferro galvanizado. Soldam-se seis barras em movimento circular. Quatro mancais
moagem do material, sem necessidade de de perfil quadrado 13 x 13mm ao longo são para fixar os eixos dos quatro roletes
fermentação. de cada rolo esmagador. de apoio da peneira cilíndrica; dois, para
Após a completa secagem das se- A peneira cilíndrica é construída de conectar o eixo intermediário e os outros
mentes, devem-se fazer testes de germi- chapa de ferro n!?16 com crivos oblongos quatro, para prender os eixos dos dois
nação, vigor e pureza. Antes da embala- de 5 x 25mm. Possui 460mm de diâmetro rolos esmagadores.
gem, providencia-se limpeza delas em e 610mm de comprimento, sendo aberta A rampa de escoamento é confeccio-
máquinas apropriadas e a retirada de seus em ambos os lados. É montada numa in- nada em chapa de alumínio n!? 18 e mon-
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tada logo abaixo dos rolos esmagadores, fruto. Foi testado também com pepino e n.66, p.42-60,jun.1980.
num ângulo de'45°. Ela serve para condu- conseguiu-se beneficiar, em média, 200 MANZAN, R.J. Irrigação do tomateiro. Infor-
zir gravitacionalmente o material esmaga- caixas de 22kg de frutos por dia, para os me Agropecuário, Belo Horizonte, v.6,
do ao interior da peneira cilíndrica. bem maduros. Para os menos maduros, o n.66, p.20-21,jun. 1980.

Constr6i-se a bandeja coletora de rendimento médio foi de 80 a 120 caixas ROCHA, F.E. de C.; FOLLE, S.M.; MA-
sementes em chapa galvanizada n!? 20, por dia, o que exigiu a divisão prévia dos ROUELL!, W.A. Protótipos de equipa-
com dimensões de 530 x 660 x 51mm. Ela frutos ao meio. mentos para produção de hortaliças.
Brasflia: EMBRAPA-CNPH, 1990. 30p.
possui lateralmente uma extremidade afu-
(EMBRAPA-CNPH. Documentos, 6).
nilada, para direcionar o fluxo de mucila-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, R.F. da; CASAL!, V.W.D. Produção
gem com semente a outro recipiente co-
de sementes do tomateiro. Informe Agrope-
letor, de fácil manuseio. ANUÁRIO ESTATfSTICO DO BRASIL. Rio cuário, Belo Horizonte, v.6, n.66, p.35-36,
O equipamento foi testado com to- de Janeiro: lBOE, v.49, p.327, 1989. jun.1980.
mate, conseguindo-se beneficiar, em mé-
WEHNER, T.C.; TOLLA, O.E.; HUM-
dia, 250 caixas de 27kg de frutos por dia, MAFFIA, L.A.; MARTINS, M.C. dei P.; PHRIES, E.O. A plot scaIe extractor for eu-
variando a taxa de trabalho de acordo MATSUOKA, K. Doenças do tomateíro.In- cumber seeds. Hortiscience, v.18, n.2,
com o estádio de amadurecimento do forme Agropecuário, Belo Horizonte, v.6, p.246-247,1983.

DESARISTADORA DE SEMENTES
DE CENOURA
Francisco Eduardo de Castro Rocha 1 portada. Ap6s a criação de cultivares na- uma vez que eles não dispõem de alterna-
Jairo Vidal Vieira 2 cionais de cenoura, adaptadas às nossas tiva mais eficiente.
Neville Viana Barbosa dos Reis 3 condições edafoclimáticas de cultivo A necessidade de beneficiamento das
(Vieira; Casali, 1984), uma expressiva sementes de cenoura é decorrente da
quantidade desses materiais tornou-se presença de aristas (prolongamentos rígi-
As atividades voltadas para colheita, produto brasileiro, sob o sistema de con- dos distribuídos sobre toda a superfície da
beneficiamento, classificação, acondicio- trato de produção (Viggiano, 1984). semente) que, quando não eliminadas,
namento e comercialização de hortaliças Assim, parte das sementes de ce- provocam o aglutinamento das sementes,
estão entre as que mais exigem mão-de- noura utilizadas no país, passou a ser ge- dificultando sobremaneira a distribuição
obra, Isso se deve em especial à falta de rada no Distrito Federal, mediante a prá- delas ao longo do sulco de plantio, por
equipamentos para manuseio dos dife- tica do método de produção "semente- ocasião do semeio.
rentes tipos de hortaliças, que geralmente raiz-semente", sendo a colheita executada Paralelamente, o Centro Nacional
são bastante suscetíveis a danos mecâni- parceladamente, à medida que ocorre o de Pesquisa de Hortaliças CNPH/
cos (Rocha et al., 1990). amadurecimento das umbelas. O benefi- EMBRAP A tem produzido, em pequenas
A cenoura (Daucus carotaL.) é uma ciamento destas é efetuado pelas compa- quantidades, sementes tanto de diversas
das hortaliças mais consumidas no país, e nhias que contratam a produção junto aos cultivares e/ou populações de cenoura,
ocupa, em média, o quinto lugar em vo- pequenos produtores da região. Entre- como de algumas centenas de linhagens
lume comercializado pelo sistema de cen- tanto, alguns desses olericultores reser- que são utilizadas no programa de me-
trais de abastecimento. Até o início da dé- vam ou produzem, para consumo pr6prio, lhoramento dessa olerícola. Tais sementes
cada de 80, a totalidade das sementes uti- pequenas quantidades de sementes que, também são beneficiadas manualmente.
lizadas para o plantio, no Brasil, era im- em geral, são beneficiadas manualmente, Em face disso, foi desenvolvido um

1 Engº Agric., M.Sc. - Pesq./EMBRAPNCNPMS - Caixa Postal 151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG.
2 Engº Agr'2,Ph.D. - Pesq.lEMBRAPNCNPH - Caixa Postal 07.0218-CEP 70359 Brasflia, DF.
3 Engº Agr'2,M.Sc. - Pesq./EMBRAPNCNPH - Caixa Postal 07.0218 - CEP 70359 Brasflia, DF.

60 Inf. Agropec., Belo Horizonte, v.15, n.l69, p.57-60, 1991

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