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JURISPRUDÊNCIA

1. A jurisprudência brasileira vem decidindo no sentido de que se caracteriza como


namoro, precipuamente, o relacionamento amoroso que não visa à constituição de uma
família, a exemplo do esposado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
na Apelação Cível nº 1.0362.10.000178-7/001, em acórdão relatado pelo
Desembargador Oliveira Firmo.

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL.


REQUISITOS. CONSTITUIÇÃO DE FAMÍLIA. [...].

1. A união estável demanda a existência de união contínua, pública e


duradoura, com intenção de constituir família.

2. Caracteriza-se como namoro o relacionamento amoroso não


orientado à constituição de um núcleo familiar estável nem à
realização de um projeto de vida em comum. [...].

Com isso, não se pode confundir o namoro com a união estável.

2. Recentemente, o Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia apreciou a Apelação Cível nº


0009925-65.2013.8.22.0102, decorrente de ação declaratória de reconhecimento e dissolução
de união estável post mortem, e assim se manifestou:

Apelação cível. Ação declaratória. União estável. Post mortem. Lapso. Prova. Ausência. Recurso
desprovido.

Para reconhecimento da união estável não há requisito mínimo de tempo para a caracterização da união
estável, nem a comprovação de que as partes convivam sob o mesmo teto (Súmula 382/STF), contudo o
lapso temporal da união estável deve ser comprovado em sua integralidade, sob pena de ser
reconhecida apenas parte dele.

Com a publicação da Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996, novos requisitos comprovavam a união
estável, estabelecendo o artigo 1º, in verbis: “É reconhecida como entidade familiar a convivência
duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição
de família”.

3. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, na Apelação Cível nº 70006235287,


relatada pelo Desembargador Luiz Felipe Brasil Santos, em 2004, já presumia o cuidado a ser
tomado na distinção entre namoro e união estável:
[...]. Para que fique caracterizada a entidade familiar denominada união estável deve restar
configurada uma comunhão plena de vida, nos moldes de um casamento. O Estado-Juiz deve
ter um certo pejo para intervir na vida privada das pessoas e dizer que, embora não tenham
casado, obtiveram os efeitos plenos de um casamento. Antes e acima de tudo, deve ser
respeitada a opção das pessoas, a liberdade individual de cada um constituir a forma de
relacionamento que melhor lhe aprouver, indagando, com muita cautela, as razões pelas quais
essas pessoas teriam optado por não casar, podendo fazê-lo, mas não o fazendo. E, por isso, só
reconhecendo a união estável em situações em que ela esteja palpitante na prova dos autos,
nunca em situações dúbias, contraditórias, em que a prova se mostre dividida, porque assim
estar-se-á casando de ofício quem não o fez motu proprio. [...].

A diligência do julgador nesse sentido, aliás, está em sintonia com o Direito de Família mínimo,
que à semelhança da teoria do Direito Penal mínimo propõe, nas relações privadas, “[...] a
menor intervenção estatal possível, conferindo maior autonomia aos indivíduos”. (XAVIER,
2020, p. 65).
Luciano L. Figueiredo (2020, p. 76) corrobora a crítica às decisões que, de forma precipitada,
atropelam a vontade das partes e estabelecem a união estável:
A linha da quase presunção de uma união estável funda-se, inicialmente, em uma equivocada
visão do paradigma constitucional do Direito Civil, o qual conduz a uma publicização extrema,
falando-se na incidência de normas cogentes em temas eminentemente privados, a exemplo
das escolhas afetivas, formas de relacionamentos interpessoais e questões familiares. A
publicização, inadvertidamente, adentra a privacidade, tema tão íntimo que fora elevado a
cláusula pétrea dos direitos e garantias fundamentais, bem como a um direito de
personalidade.
O Direito de Família mínimo, portanto, manifesta-se no sentido contrário ao excesso de regras
cogentes, à judicialização exagerada das demandas familiares e à intervenção estatal que
ultrapassa a autonomia privada, não raro travestida de proteção estatal, com fulcro no artigo
226, caput, da Constituição Federal.

4. À guisa de exemplo, destaca-se recentíssimo e emblemático caso de reconhecimento de união


estável post mortem, analisado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, com decisão
proferida em 09 de outubro de 2020.
Trata-se da Apelação Cível nº 5535567-38.2018.8.09.0051, em que o Juízo ad quem,
fundamentado em farta jurisprudência e falta de prova concreta, confirmou a decisão de
primeira instância de inexistência da união estável, ainda que a autora tenha alegado um
relacionamento com o de cujus por cerca de 40 anos.

[...] RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL POST MORTEM. REQUISITOS DO ART. 1.723 DO CC


C/C ART. 373 DO CPC NÃO EVIDENCIADOS. [...].
II – Para o reconhecimento da união estável àquele que a propõe, incumbe a prova de que a
relação havida entre o casal é ou foi pública, contínua, duradoura e destinada à constituição de
um núcleo familiar, nos moldes do art. 1.723, Código Civil, e art. 373, Código de Processo Civil.
Assim, cabe ao requerente instruir os autos com provas contundentes capazes de indicar a
ocorrência da relação alegada, e que tal relacionamento evoluiu no tempo com as
características de publicidade, continuidade, durabilidade e objetivo de constituir família.
Precedentes.
III – O só relacionamento íntimo entre as partes não demonstra a affectio maritalis necessária
ao reconhecimento da união estável e partilha de bens, ônus que competia à autora, a teor do
citado art. 373, I da Lei de ritos. [...]
VII – Apelo conhecido e desprovido. Recurso adesivo parcialmente provido.
VIII – Honorários recursais majorados, na forma do artigo 85, § 11, CPC.
Em seu voto, o relator Desembargador Eudélcio Machado Fagundes aduziu que não foram
apresentadas provas cabais da união estável, “[...] contas bancárias, telefônicas, ou sequer um
endereço ao qual o casal se referisse como sendo ‘lar’”. Também não houve documento de
imposto de renda ou plano de saúde a atestar a condição de dependente da autora e,
alertando o Magistrado:

[...] atestados de acompanhamento médico, fotos em datas festivas, documentos de viagens –


são inaptas a demonstrar o sentido more uxorio do relacionamento, ou seja, o objetivo de
constituir família, que exige para tanto, elemento probatório mais denso, aprofundado, sob
pena de se reconhecer a todo namoro de longa duração a condição de união estável.
5. Ao votar a Apelação Cível nº 1.0362.10.000178-7/001, já citada, o Relator Desembargador
Oliveira Firmo traz um relatório bastante minucioso, perscrutando detalhes das distinções que
importam ao namoro e à união estável:
A união estável é situação de fato que dá ‘aparência de casamento’, independentemente de haver prole
comum, da coabitação e até mesmo da dependência econômica, embora sejam todos elementos que,
presentes, reforçam favoravelmente a tese de união estável e, ausentes, desafiam redobrado esforço de
explicar-lhes a ausência. [...].

E prossegue, explicitando que, na união estável, o casal apresenta vida em comum e, diferentemente,
no namoro não se pode vislumbrar esse mesmo horizonte, haja vista que o namoro efetivamente não se
rege pelo intuito familiae.

6. Assim também se posiciona a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, pelo voto do


Ministro Luis Felipe Salomão ao Recurso Especial nº 1.761.887/MS: “[...] em qualquer cenário,
sempre e sempre, penso que deverá haver a constatação deste elemento finalístico, interno,
moral, que é o objetivo de constituir família, pois essa é a chave hermenêutica para o
reconhecimento ou não da entidade familiar”.

Aqui se separam, definitivamente, de um lado a união estável, de outro, o concubinato e o namoro.


Outros elementos, como a coabitação ou a existência de prole, podem tornar robusta a prova da união
estável, mas se tratam estas de provas adicionais ou indícios que não teriam o condão de, per si, atestar
a união estável.

7. No tocante à coabitação, o eminente Ministro Marco Aurélio Bellizze já deixou registrado, em


acórdão da sua lavra, proferido no julgamento do Recurso Especial nº 1.454.643/RJ, em 2015:

[...] 2.2. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável (ainda que possa
vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício), especialmente se considerada a particularidade
dos autos, em que as partes, por contingências e interesses particulares (ele, a trabalho; ela, pelo
estudo) foram, em momentos distintos, para o exterior, e, como namorados que eram, não hesitaram
em residir conjuntamente. Este comportamento, é certo, revela-se absolutamente usual nos tempos
atuais, impondo-se ao Direito, longe das críticas e dos estigmas, adequar-se à realidade social. [...]

8. 489, CPC

Nada obstante, os namoros já demandaram inúmeras argumentações e, em várias ocasiões,


fizeram necessário trazer a Mens Legis aos Tribunais, buscando a melhor interpretação do
Direito para a tomada de decisões que podem ser consideradas memoráveis na distinção entre
namoro e união estável.
Por isso, é dado ao julgador a possibilidade de se socorrer da ponderação para avaliar
o caso concreto, termos do Enunciado nº 17 do Instituto Brasileiro de Direito de Família
(2015): “A técnica de ponderação, adotada expressamente pelo art. 489, § 2º, do Novo
CPC, é meio adequado para a solução de problemas práticos atinentes ao Direito das
Famílias e das Sucessões”.
A impossibilidade de a relação de namoro, compulsoriamente, ultrapassar a fronteira
do casual e constituir animus familiae persiste; e com razão. Afigura-se indesejável que
um simples namoro resulte em união estável, com todos os seus efeitos jurídicos, se
essa não é a vontade das partes envolvidas.
9. O Ministro Marco Aurélio Bellizze, no Recurso Especial nº 1.454.643/RJ, vê o simples
namoro como “[...] circunstância absolutamente comum nos tempos atuais que, por si
só, não tem o condão de configurar uma entidade familiar”. E afirma:
[...] 2.1 O propósito de constituir família, alçado pela lei de regência como requisito
essencial à constituição da união estável – a distinguir, inclusive, esta entidade familiar
do denominado ‘namoro qualificado’ –, não consubstancia mera proclamação, para o
futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Esta deve se afigurar
presente durante toda a convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas,
com irrestrito apoio moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de
fato, restar constituída. [...]
O Recurso em tela deu publicidade ao termo “namoro qualificado”, designado como o
namoro com algumas características de união estável, mormente a convivência
pública, contínua e duradoura, em oposição ao simples namoro, carente destes
pressupostos. No seu voto, o Ministro Relator cita a doutrina e aduz:
A doutrina divide o namoro simples e qualificado. O namoro simples é facilmente
diferenciado da união estável, pois não possui sequer um de seus requisito básicos.
[...] Já o namoro qualificado apresenta a maioria dos requisitos também presentes na
união estável. Trata-se, na prática, da relação amorosa e sexual madura, entre
pessoas maiores e capazes, que, apesar de apreciarem a companhia uma da outra, e
por vezes até pernoitarem com seus namorados, não têm o objetivo de constituir
família. (MALUF; MALUF, 2013 apud BRASIL, 2015).
Namoro qualificado, é expressão cunhada por Maria Rúbia Cattoni Poffo e se refere
exatamente aos namoros que apresentam convivência pública, contínua e duradoura.
Nesses casos, “O relacionamento, então, deixa de ser frágil e passa a refletir para a
sociedade ares de família”. (XAVIER, 2020, p. 94).
10. Na Apelação Cível nº 70042757880, levada ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, muito embora a apelante tenha alegado que manteve relacionamento
com o apelado por longo tempo, não logrou comprovar cabalmente a publicidade e o
ânimo de constituir família, pelo que teve o recurso desprovido.

APELAÇÃO CÍVEL. FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. REQUISITOS DE RELACIONAMENTO


PÚBLICO MORE UXORIO e com animus familiae não demonstrados. Relacionamento que,
embora longo, não passou de um namoro. Ausente demonstração de que as partes
mantiveram um relacionamento caracterizado como união estável, pois não restaram
consubstanciados os requisitos da publicidade e do ânimo de constituir família [...].
Apelação desprovida.

11. De toda a sorte de questões patrimoniais possivelmente decorrentes de um namoro,


sem retirar-lhe a qualidade de relacionamento descompromissado, talvez a mais trivial
se refira mesmo a gastos e investimentos realizados no curso do namoro e à
consequente pretensão de reaver o montante ao término da relação.
Nesse sentido, em 2010, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo apreciou a
Apelação Cível nº 0121833-44.2007.8.26.0000, decidiu sobre a restituição de valores
comprovadamente pagos, sem, no entanto, deferir danos morais, haja vista que não
foram comprovados seus requisitos em Juízo:
INDENIZAÇÃO. Pedido de restituição de quantias pagas ao ex-namorado para reforma
de imóvel de propriedade dele. Hipótese de necessidade de acerto de contas após a
ruptura do relacionamento. Ausência de danos morais. Recursos desprovidos.
Também se verá comumente chegar ao Judiciário contendas versando sobre
rompimento de namoro e pedido de indenização em função de expectativa de
casamento ou de ato que a parte entende que lhe causou dano material ou moral,
como o estelionato sentimental. Ao analisar a conduta, o dano arguido e o nexo causal,
o julgador determinará se houve o dano indenizável e seu quantum.
12. Nessa linha, o mero rompimento do namoro, ainda que cause dissabores, não faz
prosperar o pleito indenizatório, por mais prolongado que tenha sido o relacionamento.
Exatamente essa a tônica do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, na Apelação Cível nº 1.0024.12.108798-5/001:

APELAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. EXPECTATIVA DE CASAMENTO.


AUSÊNCIA DE PROVA DO ATO ILÍCITO E DO DANO. RECURSO NÃO PROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA.

Nos termos do art. 333, I do Código de Processo Civil, incumbe ao autor a prova
quanto ao fato constitutivo de seu direito. Os danos morais indenizáveis dependem da
prova de ato ilícito, sem a qual o pedido não merece ser julgado procedente. Alegação
genérica de danos morais suportados em decorrência de frustração da expectativa de
contrair casamento, sem qualquer prova da evidência de prejuízos à honra e imagem,
impede a procedência do pedido de indenização.
13. Aqui, vale relembrar trecho de acórdão de 2008 que se tornou referência. Na Apelação
Cível nº 9074691-27.2003.8.26.0000, interposta no Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo, o Relator Desembargador Teixeira Leite asseverou que:
Responsabilidade civil. Rompimento de namoro. O desfecho unilateral de
relacionamento de sete anos, dois meses anos da data que seria a do casamento, por
desamor, não constitui ato ilícito ou de ofensa ao princípio da dignidade humana,
quando, como na hipótese, representou a formalização do fim de caso pelo
descontentamento de uma das partes. Ocorrência usual na sociedade, criando
expectativas, frustrações, alegrias e tristezas que são típicas da dinâmica da vida
sentimental. Indenização impossível de ser concedida. Recurso improvido.

14. Também merece menção trecho de recente decisão proferida pelo Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios, nos autos do Recurso Inominado Cível nº
0719373-56.2018.8.07.0007, que trata de dano gerado por estelionato sentimental:
[...]. 5. O assim denominado estelionato sentimental ou afetivo é uma prática
caracterizada pela fraude encetada por um parceiro amoroso contra o outro, valendo-
se o fraudador da confiança ou da posição de dependência afetiva ou emocional da
vítima, motivada, esta dependência, pelos sentimentos de afeto que nutre em relação
ao autor da fraude. Embora não receba tratamento legal específico, no campo do
direito civil ou penal, a prática se insere no conceito de ilícito e, como tal, autoriza a
indenização, tanto material quanto moral.
15. Afastando-se o debate da seara patrimonial, releva mencionar que nos namoros
contemporâneos, vivenciados com toda plenitude e liberdade sexual, é natural a
geração de filhos comuns. Com isso, têm lugar a presunção de paternidade e a oferta
de alimentos, inclusive provisionais, com fulcro no melhor interesse do menor,
independentemente de haver uma família constituída ou não.
No Recurso Especial nº 317119/CE, o Superior Tribunal de Justiça, na voz do Relator
Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, se manifestou sobre a presunção de paternidade no
namoro ante a recusa do réu em realizar exame de DNA:

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. PROVA. DNA.


[...].
II - Comprovado pela prova testemunhal que a mãe do autor manteve com
exclusividade um namoro, ainda que breve, com o investigado, na mesma época da
concepção e não afastada pelo único exame médico realizado a possibilidade de
paternidade, é de se determinar o exame de DNA, que, por sua confiabilidade,
permitirá ao julgador um juízo de fortíssima probabilidade, senão certeza, da efetiva
paternidade. Não realizado, devem os autos retornar à origem para que o requerido
exame seja feito, esclarecendo-se que a recusa do réu, quanto à sua efetivação,
implicará presunção da sua paternidade. III - Recurso especial conhecido e provido.

16. Apesar do contrato, um parceiro (suposto namorado) pode voltar-se contra o outro, alegando
que de fato constituíram união estável, não se podendo aplicar o princípio derivado da boa-fé
de proibição de venire contra factum proprium. Em virtude do princípio constitucional de
proteção da família, o fato do qual ela promana tem primazia sobre a vontade dos
contratantes.
Nesse cenário, o cotejo de princípios constitucionais e civilistas é medida que se impõe. A
proibição do venire contra factum proprium, aqui conjugado ao princípio da boa-fé contratual,
“[...] visa proteger a parte contra aquele que deseja exercer um status jurídico em contradição
com um comportamento assumido anteriormente”, assim explicitado pelo Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios, no julgamento da Apelação Cível nº 20140111993895.
Dessa forma, o princípio constitucional de proteção à família se sobrepõe ao princípio
contratual e, por consequência, à vontade dos contratantes, permitindo o reconhecimento da
união estável, ainda que os namorados tenham pactuado um namoro sem implicações jurídicas
ou intuito de formar família.
APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. SÚMULA 469
STJ. PLANO COLETIVO CONTRATO CELEBRADO COM INOBSERVÂNCIA AO NÚMERO MÍNIMO DE
TITULARES. RESCISÃO. IMPOSSIBILIDADE. PROIBIÇÃO DO VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM.
DESLIGAMENTO DE TITULARES. MANUTENÇÃO DO PLANO. RESCISÃO APÓS LONGO PERÍODO.
IMPOSSIBILIDADE. SUPRESSIO. BOA-FÉ OBJETIVA. SEGURANÇA JURÍDICA. CONTRATO
MANTIDO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

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