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ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂ NSITO

DE MINAS GERAIS
Eu, (nome), brasileiro, RG (n.) , CPF (n.) , CNH (n.) (doc. 1 – CNH), telefone (n.),
residente e domiciliado na Rua (nome) n. 98 – Centro, CEP (n.), na cidade de
(município) – MG, tendo sido autuado através do presente, em conformidade com
os arts. 280, 281 e 285 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro – CTB, Resoluçõ es 299/08
e 404/12 do CONTRAN, da Lei Federal n. 9.784/99, e CF/88, para interpor a
presente DEFESA PRÉ VIA, contra referida autuaçã o, com o objetivo de exercitar
legítimo direito de ampla defesa e do exercício pleno do contraditó rio.
DO VEÍCULO
Marca NISSAN, modelo FRONTIER SE 4X4 TT, ano 2012, cor PRATA placa ,
renavam (n.), consoante có pia do CRLV (doc. 2).
DA INFRAÇÃ O
Art. 175 do CTB. Auto de infraçã o: (n.). Data: 28/01/2018. Hora: 21:20. Local: Rua
do Comércio, n. 102, Centro, no Município de /MG.
DA TEMPESTIVIDADE
A defesa encaminhada está dentro do prazo e amparada em informaçã o trazida no
pró prio DETRAN/MG, que estabeleceu prazo final de 05/04/2018[1], conforme
có pia da pá gina em anexo, senã o vejamos:
Quinta-feira, 05 de Abril de 2018 - 10 horas e 14 minutos
AUTUACAO 2
Placa:
Situaçã o: NOTIFICACAO DA AUTUACAO EMITIDA
Marca/Cor: NISSAN FRONTIER -
Có digo: 527-41
Data: 28/01/2018
Hora: 21:20
Descriçã o: UTILIZAR VEICULO PARA DEMONSTRAR OU EXIBIR MANOBRA
PERIGOSA MEDIANTE ARRANCADA BRUSCA
Local: RUA DO COMERCIO102
Município:
Incluída em: 23/02/2018
Data Limite Defesa/FICI: 05/04/2018
Nú mero AIT:
Nú mero Processamento:
Assim, a defesa dever ser aceita pelos nobres julgadores.
DOS FATOS E FUNDAMENTOS LEGAIS
No dia 28/01/2018, por volta das 21:20 horas, o recorrente foi autuado como
incurso no artigo 175 do CTB:
Art. 175. Utilizar-se de veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa,
mediante arrancada brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou
arrastamento de pneus:
Infraçã o - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes), suspensã o do direito de dirigir e apreensã o do
veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitaçã o e remoçã o do
veículo.
Ela é comumente chamada de “direçã o perigosa” e ocorre quando o condutor quer
utilizar o veículo para se exibir na via pú blica; o que se pune é a exibiçã o da
manobra perigosa nã o constituindo infraçã o, portanto, a falta de intençã o.
Pela letra da Lei, sã o causas da infraçã o o condutor exibir manobra perigosa,
mediante arrancada brusca, derrapagem ou frenagem com deslizamento ou
arrastamento de pneus.
Em aná lise mais profunda e técnica do artigo, podemos concluir que o legislador,
de forma ampla, tentou delimitar o que configuraria a infraçã o. Previu como objeto
da infraçã o a açã o de exibir manobra perigosa.
Quando se referiu à arrancada brusca, já tivemos inú meras infraçõ es registradas
por um simples excesso de aceleraçã o, que faz com que pneus escapem, mas isto
sem nenhum propó sito de se exibir.
Entã o, nos casos de arrastamento de pneus, uma freada com pista molhada, na
manobra do desvio de buracos, na frenagem para evitar choques mais bruscos
entre o veículo e o buraco na pista, o que muitas vezes é suficiente para que isto
ocorra, porém, nã o teve o condutor a intenção de exibir manobra perigosa.
Em ainda mais, em situaçõ es escrachadas, como a manobra conhecida como cavalo
de pau ou arrancadas onde haja derrapagem de pneus por um longo trecho, nã o há
como o Autuador saber o que pretende um condutor com a manobra; se exibir ou
apenas teve um descuido.
Contudo, o simples fato de cometer uma das açõ es que descrevi nã o significa que
tenha o motorista cometido à infraçã o do artigo 175 do CTB, primeiramente a
intenção de “exibir” deve ser clara, e identificada pelo agente autuante, ou seja,
deve o agente descrever como chegou a sua conclusã o.
Além da intençã o de exibir, é importante definir que deve a manobra gerar alguma
forma de perigo aos demais condutores, ou seja, gerar risco à segurança do
trâ nsito.
Certo é que deve ser punido à quele que comete grandes imprudências no trâ nsito,
mas deve ser atentado para detalhes que definam a intençã o do condutor com cada
manobra, e isso deve ser anotado de forma clara, de modo que o condutor nã o
tenha seu direito de defesa prejudicado e a administraçã o pú blica se mostre mais
eficiente, de modo à evitar arbitrariedades.
Nã o se pode gerar um risco aos motoristas de que, por um simples descuido, caso
seu veículo tenha um sutil arrastamento de pneus por uma frenagem ou quando
passar por uma lombada ou desviar de buracos, isso possa gerar uma infraçã o.
Evidentemente o procedimento realizado pelos agentes que fizeram a autuaçã o
macula totalmente a imposiçã o de penalidade aplicada, pois, caso tivessem certeza
do procedimento adotado teriam retido a carteira de motorista do condutor,
medida administrativa que se impõ e nesse dispositivo de norma.
O Cetran/PR, em parecer sobre os desdobramentos do artigo 175 do Có digo de
Trâ nsito Brasileiro, entendeu que a penalidade prevista pelo artigo é bastante
prejudicial ao infrator, devendo, portanto, ser corretamente discriminada pelo
agente de trâ nsito. Segundo a Portaria 59 do DENATRAN, em seu anexo IV, o artigo
175 do CTB possui três desdobramentos:
1) Utilizar-se do veículo para demonstrar ou exibir manobra perigosa;
2) Utilizar-se do veículo para demonstrar ou exibir arrancada brusca;
3) Utilizar-se do veículo para demonstrar ou exibir derrapagem ou frenagem.
Contudo, atualmente muitos autos de infraçã o constam apenas a denominaçã o
comum do art. 175 do CTB, nã o apontando qual foi o desdobramento cometido.
Descreveu, ainda, o seguinte:
Destarte, para nã o mais ocorrer desconsideraçã o de tantos autos de infraçã o,
torna-se necessá rio um preenchimento mais qualificado que aquele determinado
pela Portaria 59 do DENATRAN; nã o sendo suficiente apenas a informaçã o sobre a
tipificaçã o da infraçã o, mas também devendo estar presente no campo de
observaçõ es o conteú do de qual das atitudes previstas no supramencionado artigo
foi cometida pelo infrator.
Pelo exposto, fica determinado pelo Conselho Estadual de Trâ nsito do Paraná que
seja orientado aos Agentes da Autoridade de Trâ nsito do Detran para
corretamente preencherem os autos de infraçã o nos casos do art. 175, do CTB,
havendo preenchimento tanto do campo de tipificaçã o da infraçã o como do campo
de observaçõ es, indicando em qual dos desdobramentos do artigo o infrator
incorre.
Todavia, a Imposiçã o de Penalidade nã o pode prosperar. O Có digo Civil Brasileiro
ensina no art. 166, inciso IV, que é nulo o negócio jurídico quando não revestir
a forma prescrita em lei. Assim, no caso das autuaçõ es de trâ nsito, podemos
dizer que se trata de um “negó cio jurídico” entre o Estado e o cidadã o. Desta
maneira, deve ser preenchido todos os requisitos prescritos em Lei, sob pena de
nulidade do ato administrativo.
Assim sendo, ao autuar o cidadã o, o Departamento de Trâ nsito deve preencher
corretamente o auto de infração, conforme prevê o art. 280 do Có digo de
Trâ nsito Brasileiro, in verbis:
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á
auto de infração, do qual constará:
I - tipificação da infração;
II - local, data e hora do cometimento da infraçã o;
III - caracteres da placa de identificaçã o do veículo, sua marca e espécie, e outros
elementos julgados necessá rios à sua identificaçã o;
IV - o prontuá rio do condutor, sempre que possível;
V - identificaçã o do ó rgã o ou entidade e da autoridade ou agente autuador ou
equipamento que comprovar a infraçã o;
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como notificaçã o do
cometimento da infraçã o.
Neste sentido, vale destacar o posicionamento do Supremo Tribunal Federal,
esposado nas Sú mulas 346 e 473: "A Administraçã o pú blica pode declarar a
nulidade dos seus pró prios atos" e "A Administraçã o pode anular seus pró prios
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles nã o se originam
direitos; ou revogá -los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciaçã o judicial".
É latente que o AUTO em aná lise ficou vago, impreciso sobre o fato ocorrido, sem
informaçõ es que deixam claramente a manobra realizada para imputaçã o da
penalidade, o que nã o pode se aceitar, uma vez que as medidas do art. 175 do CTB
sã o de gravidade extrema para o condutor, pois se aplica uma penalidade de
grande rigor, com multa altíssima, suspensã o de carteira, recolhimento de
documento e apreensã o do veículo, causando grande impacto na vida do condutor.
Por estes motivos, pautado o agente pú blico na estrita legalidade, deve este Ó rgã o
julgador de trâ nsito, anular a NOTIFICAÇÃ O DA AUTUAÇÃ O DE INFRAÇÃ O DE
TRÂ NSITO em comento, pois eivada de vícios que a torna ilegal, dela nã o se origina
direitos.
DOS PEDIDOS
Nobres julgadores, diante de todo o exposto, venho requerer:
1. Que seja recebida a presente Defesa, em decorrência de sua tempestividade e,
pois, preenche todos os requisitos de sua admissibilidade, com có pia de
documentos citados nos autos;
2. Requer, igualmente, a nulidade da citaçã o direcionada para outro endereço, que
nã o o prefaciado pelo recorrente.
3. Que seja DEFERIDA a presente Defesa, e por via de consequência o cancelamento
da multa imposta, conforme preceitua o art. 281, inciso I do CTB;
4. De acordo com o Artigo 37 da Constituiçã o Federal e Lei 9.784/00, a
administraçã o direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uniã o dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios devem obedecer aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, motivaçã o e eficiência, sendo que, caso
nã o seja acatado o pedido, solicito um parecer por escrito do responsá vel com
decisã o motivada e fundamentada sob pena de nulidade de todo este processo
administrativo;
5. Requer-se, finalmente, o efeito suspensivo propugnado no artigo 285, pará grafo
3º do CTB (Lei n. 9.503/97), caso o presente recurso nã o seja julgado em 30 dias, e
da Lei Federal n. 9.784/99, que regulamenta o Processo Administrativo, no
pará grafo ú nico do art. 61.

Nestes termos,
Pede deferimento.
_____________________________________
(nome)

[1] https://www.detran.mg.gov.br/veiculos/situacao-do-
veiculo/consultaasituacao-do-veiculo/-/exibe_aut...

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