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Dimensionamento de Uma Pequena Barragem de Terra para Produc
Dimensionamento de Uma Pequena Barragem de Terra para Produc
ANÁPOLIS–GO
2012
FAUSTO RAFAEL LEÃO
ANÁPOLIS–GO
2012
FAUSTO RAFAEL LEÃO
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
Agradeço
Primeiramente a Deus por mais esta realização na minha vida.
Ao professor, amigo e orientador, Neander Berto Mendes, pela dedicação, incentivo
e ensinamentos.
Ao professor e avaliador Augusto Fleury, por sua contribuição.
A professora e supervisora de TCC Roberta Passini.
A UEG e a todos os professores que me ajudaram até aqui.
A meus pais, Vânio José Leão e Lívia Costa Faria Leão, e minha irmã, Lídia Vânia
Leão, por todo apoio e dedicação.
A meus avós Edésio da Costa Faria, e Edite Cotrim Faria (in memoriam), por todo o
apoio e cuidado.
A toda a minha família.
A Jéssica Menezes Honorato, pelo companheirismo, carinho e afeto.
A Ana Cláudia Oliveira Sérvulo, Victor Austiclínio, Filipe Lamim, Jorge Potenciano
e Rafael Araújo, pela amizade e camaradagem.
A todos os meus amigos.
ii
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................. x
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11
2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 13
6. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 98
vi
FIGURA 30- Painel de Controle. ......................................................................................... 48
FIGURA 31- Soleira afogada. .............................................................................................. 49
FIGURA 32- Centro de distribuição de circuitos. ................................................................. 50
FIGURA 33- Detalhe do aterramento do sistema elétrico. .................................................... 51
FIGURA 34- Irrigação por superfície. .................................................................................. 52
FIGURA 35- Irrigação sob pressão. ..................................................................................... 52
FIGURA 36 - Mapa de localização da Fazenda Rio dos Bois. .............................................. 54
FIGURA 37 - Micro bacia do Córrego Poções. .................................................................... 55
FIGURA 38 - Croqui da Planta da Fazenda Rio dos Bois. .................................................... 56
FIGURA 39 - Curva de Permanência. .................................................................................. 58
FIGURA 40 - Planta dos Centros de Consumo da Fazenda .................................................. 59
FIGURA 41 - Gráfico de Demanda da Propriedade .............................................................. 62
FIGURA 42 - Curvas de Nível da Bacia de Acumulação ...................................................... 64
FIGURA 43 - Relação Cota x Volume Acumulado. ............................................................. 67
FIGURA 44 - Escada Dissipadora. ....................................................................................... 74
FIGURA 45 - Seleção de turbinas hidráulicas ...................................................................... 81
FIGURA 46 – Seção Transversal da Barragem. .................................................................... 87
FIGURA 47 - Vista lateral da escada de dissipação. ............................................................. 88
FIGURA 48 - Vista Frontal da Escada de Dissipação. .......................................................... 89
FIGURA 49 - Detalhe do Desarenador da Barragem. ........................................................... 90
FIGURA 50 - Canal da Tomada d'água da Micro Usina. ...................................................... 91
FIGURA 51 - Câmara de Carga. .......................................................................................... 92
FIGURA 52 - Bloco de Apoio. ............................................................................................. 93
FIGURA 53 - Bloco de Ancoragem. .................................................................................... 94
FIGURA 54 - Esquema básico da turbina. ............................................................................ 95
FIGURA 55 - Conjunto turbina/gerador. .............................................................................. 96
vii
LISTA DE TABELAS
viii
LISTA DE ABREVIATURAS
ix
RESUMO
x
1. INTRODUÇÃO
12
2. OBJETIVOS
13
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A água é um recurso essencial para a vida, renovável, porém cada vez mais difícil de
ser encontrada em boas condições e em abundância, seu uso está presente em qualquer
produto acabado destinado ao consumidor, seja ele alimentício ou bem de consumo, sendo
incorporada ao produto ou utilizada no seu processo (MARZULLO et al., 2010).
Segundo Lorensi et al. (2010), o planeta possui cerca de dois terços de sua superfície
coberta por água, sendo esta composta por oceanos, mares, geleiras, neves, lagos e rios. Dessa
porção apenas 2,8% é água doce e destes apenas 0,02% de fácil acesso, composta por rios e
lagos.
O Brasil é um país de dimensões continentais com uma área de 8,5 milhões de km²,
com uma costa de cerca de 8.500 km de extensão, onde se concentra a maior parte da
população. O país possui uma diversidade biológica rica nos três seguintes aspectos: genético,
variedade de espécies e de ecossistemas – como consequência de uma grande variedade
climática e geomorfológica (LORENSI et al., 2010).
O país é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica, sendo que muitos de seus
rios destacam-se pela extensão, largura e profundidade. Em decorrência da natureza do relevo,
predominam os rios de planalto, que possuem um alto potencial para a geração de energia
elétrica. Dentre os grandes rios em território nacional, o Amazonas e o Paraguai são os
principais rios de planície enquanto que o São Francisco e o Paraná são os principais rios de
planalto (LORENSI et al., 2010).
De acordo com Barros (2008), aproximadamente 89% do volume de água total, no
Brasil, encontra-se nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde reside uma pequena porcentagem
da população do país. Já as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, onde reside cerca de 85% da
população do país, dispõem apenas de 11% do potencial hídrico brasileiro.
O grande potencial hídrico do Brasil, que corresponde a 8% das reservas hídricas do
mundo, faz com que 95% da energia elétrica gerada seja por meio de hidrelétricas. Tanto no
meio urbano como no rural, a energia é distribuída, até os pontos de consumo, de forma
convencional, pelas linhas de transmissão, a partir das concessionárias de energia elétrica
(TIAGO FILHO et al., 2010).
14
Com o rápido crescimento populacional, a demanda de água vem aumentando e, em
contrapartida, a sua disponibilidade tem diminuído velozmente (LORENSI et al., 2010).
(a)
15
(b)
(c)
(d)
FIGURA 1- Barragem de Gravidade (a); Barragem em Arco (b); Barragem de Contrafortes (c); Barragem de
Terra (d).
Fonte: BARRAGEM, 2011.
16
3.3. BARRAGEM DE TERRA
17
FIGURA 2- Representação esquemática dos elementos básicos de uma barragem de terra.
Fonte: CARVALHO, 2008.
19
(a)
(b)
FIGURA 3- Linha de Saturação: Terminando fora da barragem (a); Terminando dentro da barragem (b).
Fonte: LOPES e LIMA, 2008.
20
3.3.2.1. Barragem Simples
A barragem simples pode ser construída com material homogêneo (Figura 4) ou com
material heterogêneo (Figura 5).
21
FIGURA 6- Representação do Dreno de pé em uma Barragem.
Fonte: CARVALHO, 2008.
22
O material utilizado para construção do núcleo é um composto de areia, cascalho e
argila, esta última em maior quantidade, que originará em um bloco que se assemelha ao
concreto. O concreto simples ou armado pode ser utilizado ao invés da argila.
O local onde a barragem vai ser construída, de acordo com Hradilek (2002), deve
possibilitar que: o vertedouro se localize fora do aterro, porém sem que esta localização gere
correntes de água com altas velocidades ao longo dos taludes; as fundações da barragem
sejam estáveis e confiáveis; a construção da barragem esteja no local mais estreito do curso
d’água; à montante da barragem não existam desmoronamentos e; haja a construção de diques
que se rompam em casos de cheias excepcionais preservando o aterro da barragem (diques
fusíveis).
Segundo FAO (2011), o local adequado é selecionado através de exercícios de
campo ou com auxílio de fotografias aéreas e mapas de grande escala para avaliação da
topografia local e condições hidrológicas. A finalidade da barragem também é um ponto
importante para a escolha do local. No caso de irrigação, por exemplo, quanto mais longe da
23
área a ser irrigada mais tubulação será necessária, bomba com maior potência e etc. tudo isso
encarece o sistema. Além disso, fatores como acessibilidade, disponibilidade de material,
questões ambientais, áreas inundadas entre outros precisam ser analisados para a escolha do
local.
Um local adequado para a construção da barragem seria em uma bacia hidrográfica
não muito grande para não encarecer o vertedouro, porém, nem muito pequena fazendo com
que o rendimento do reservatório fique baixo. O levantamento de dados deve ser detalhado e
preciso permitindo a melhor escolha da altura da barragem, e a comparação entre locais
alternativos.
3.3.4. Vertedouro
Para FAO (2011), a melhor opção seria a utilização de vertedouros naturais, como
córregos, quando este for possível, pois a escavação se torna mais fácil, atentando-se apenas
para a inclinação necessária de projeto.
O vertedouro deve ser projetado para passagem da cheia do projeto. O tamanho do
vertedouro leva em consideração o volume escoado pela bacia em picos de cheia
(HRADILEK, 2002).
24
3.4. BACIA HIDROGRÁFICA
25
O relevo é um componente de grande influência sobre os fatores meteorológicos e
hidrológicos da bacia, por conta da declividade do terreno que determina a velocidade de
escoamento superficial, enquanto que a temperatura, a precipitação e a evaporação sofrem
influência da altitude da bacia.
Segundo Carvalho (2008), é a quantidade de chuva que cai por unidade de tempo;
está relacionada ao tamanho da bacia e é fornecida por pluviógrafo que registra a altura de
precipitação em função do tempo. Pode ser determinada através de uma série histórica, a
partir de processos estatísticos, estimando-se sua ocorrência dentro de um tempo (frequência)
e com uma determinada duração.
Tempo de retorno é o período em anos que esta precipitação poderá recorrer ou ser
superada; este tempo é utilizado para o dimensionamento de obras hidráulicas. Para projetos
de obras hidráulicas são utilizados tempos de retorno de 5 a 10 anos. Para Galvíncio et al.
(s.d.), o tempo de retorno para pequenas barragens de terra é de 50 a 100 anos e para
extravasores de barragem de terra o tempo é de 1000 anos.
26
3.4.3. Produção Hídrica da Bacia
De acordo com ANA (2010), a vazão na bacia deve ser compatível com os usos
previstos para o projeto, para as infraestruturas e para a hidrologia (vazão que deve ser
mantida a jusante da obra), sendo que a água deve ter a qualidade adequada para o fim a que
se destina.
A produção hídrica de uma bacia pode ser obtida através de séries históricas das
vazões dos cursos d’água. Estes dados são mais facilmente encontrados para médias ou
grandes bacias. Em se tratando de pequenas bacias, os dados utilizados nos cálculos são da
grande bacia em que esta pequena bacia está inserida ou de bacias vizinhas, que apresentem
características semelhantes, para as quais existam as informações procuradas. É comum e
mais simples nestes casos, a translação de dados da bacia à qual pertence a área estudada
(CARVALHO, 2008).
27
demasiados prejuízos, o uso de cheias menores pode ser justificável, considerando os aspectos
econômicos.
Para CIGB (2008), ao longo dos tempos as barragens têm permitido que o homem
colete e armazene água nas épocas de abundância e a use nas épocas de estiagem, assim elas
têm sido essenciais para o sustento de cidades como na geração de energia hidrelétrica e para
o abastecimento de alimentos por meio da irrigação de plantações.
Tinham apenas um propósito: fornecimento de água ou irrigação, porém com o
desenvolvimento da humanidade novas necessidades foram aparecendo, como: controle de
enchentes, navegação, controle de qualidade da água, controle de sedimentos e energia, além
da recreação incluída para o lazer da população. Tendo como base o desenvolvimento e a
gestão dos recursos hídricos das bacias, os projetos de barragens de usos múltiplos são muito
importantes para países em desenvolvimento, pois assim a população ganha benefícios em
termos domésticos e econômicos em um único investimento (CIGB, 2008).
Cerca de 71,7% das barragens no mundo são de uso único, porém o número de
barragens de uso múltiplo vem crescendo nos últimos tempos. Atualmente a irrigação é a
função mais comum das barragens (48,6%), seguida da hidroeletricidade (17,4%), suprimento
de água (12,7%), controle de enchentes (10%), recreação (5,3%), navegação e piscicultura
(0,6%) e outras funções (5,4%) (CIGB, 2008).
Carvão/Turfa
Nuclear
Petróleo
Gás Natural
12.717 Mtpe
29
TABELA 1- Potencial Hidrelétrico Brasileiro por Bacia Hidrográfica – Dezembro 2011 (MW).
Atlântico Atlântico Atlântico Rio Rio Rio São Rio Rio Totais por
Estágio/Bacia
Leste Norte/Nordeste Sudeste Amazonas Paraná Francisco Tocantins Uruguai Estágio
Remanescente 767,4 525 983,06 17.584,46 3.665,90 694 1.779,60 11,7 26.011,12
Individualizado 678,4 181,7 1.090,00 19.017,33 2.706,22 866,98 128 404 25.072,63
Total Estimado 1.445,80 706,7 2.073,06 36.601,79 6.372,12 1.560,98 1.907,60 415,7 51.083,75
Inventário 5.619,97 1.047,65 1.579,78 34.518,41 8.787,90 7.439,31 7.421,86 4.017,68 70.432,56
Viabilidade 894,9 575 2.218,00 12.307,10 2.110,23 6.140,00 3.738,00 604,9 28.588,13
Projeto Básico 671,96 49,69 362,79 3.256,75 2.020,04 212,84 211,19 353,74 7.139,00
Construção 396,7 0 68,83 3.846,04 579,41 21 0 114,5 5.026,48
Operação 4.965,43 335,26 3.532,78 4.650,25 42.613,81 10.692,50 13.153,97 6.647,79 86.591,78
Total Geral 13.994,76 2.714,30 9.835,24 95.180,34 62.483,51 26.066,63 26.432,62 12.154,31 248.861,73
Fonte: Site Eletrobrás, 2012.
30
3.6.2. Aproveitamento Hidráulico
31
energia, o aproveitamento hidrelétrico proporciona outros usos, como: irrigação, navegação,
amortecimento de cheia, entre outros.
A principal desvantagem da usina hidrelétrica e o alagamento de grandes áreas para
armazenamento da água, desvantagem esta que não é significativa na Micro Usina pois esta,
no represamento da água, alaga pequenas porções de terra.
Para ANEEL (2002), o aproveitamento hidráulico é feito através de turbinas
hidráulicas acopladas à geradores de energia elétrica. Atualmente as turbinas hidráulicas são a
forma mais eficiente de conversão de energia primária (hidráulica) em secundária (elétrica).
Para Tiago Filho et al. (2010), as usinas hidrelétricas podem ser classificadas quanto
a sua potência. Estas classificações estão listadas na Tabela 2:
Para Viana e Viana (2005), uma hidrelétrica que apresente uma potência inferior a 10
kW é considerada uma Pico Central Hidrelétrica, e a Micro central é aquela que apresenta
potências de 10 a 100 kW.
Segundo Alves et al. (2009), nas regiões rurais as Micro Usinas são importantes
alternativas para o abastecimento de eletricidade às propriedades. São construídas
aproveitando-se pequenos cursos d’água e causam impactos ambientais mínimos. Em lugares
32
isolados a construção de linhas de transmissão pode ser mais cara do que a implantação de
uma Micro Usina.
De acordo com Tiago Filho et al. (2010), uma Micro Usina é composta pelas
seguintes partes básicas:
Sistema de captação de água;
Sistema de tomada d’água;
Sistema de adução de água;
Câmara de carga;
Casa de máquinas; e
Linha de transmissão da energia até os pontos de consumo.
A Figura 14 mostra alguns destes componentes.
33
3.6.4.1.1. Sistema de Captação de Água
De acordo com Tiago Filho et al. (2010), para que a água seja captada diretamente de
um rio, este rio precisa ser do tipo perene e não pode apresentar consideráveis variações
durante o dia. Além disso, a vazão na estação de seca precisa ser suficiente para movimentar a
turbina da Micro Usina.
34
sedimentos transportados pela água se depositam na parte convexa, na maior parte dos
escoamentos.
Segundo Manual de Micro Centrais Hidrelétricas (1985), a tomada d’água pode ser
ligada diretamente a tubulação forçada que leva a água até a turbina de geração de energia ou,
dependendo da topografia, pode levar a água até um canal aberto de adução ou uma tubulação
de baixa pressão, que descarregará a água em outra estrutura chamada câmara de carga.
A tomada d’água tem duas funções: controle da vazão, que permitirá o esvaziamento
do sistema de adução para manutenção e a retenção de sólidos através da grade.
3.6.4.1.2.1. Grades
Segundo Eletrobrás (2012) a manutenção das grades pode ser feita manualmente ou
através de máquina limpa-grade.
35
3.6.4.1.2.2. Comportas
36
3.6.4.1.2.3. Stop logs
3.6.4.1.2.4. Desarenador
O desarenador tem a função de reter areia e outras partículas que estão em suspensão
na água. É uma estrutura simples, consistindo em um alargamento do canal; o piso possui
uma declividade de 20% e um desnível de 10 cm entre a entrada e a saída do desarenador. No
seu extremo há uma comporta desarenador que é utilizada para a retirada das impurezas
retidas no fundo.
A Figura 18 mostra os detalhes do desarenador.
37
FIGURA 18- Detalhes do desarenador.
Fonte: TIAGO FILHO et al., 2010.
38
FIGURA 19- Sistema de adução d’água por tubulação forçada.
Fonte: TIAGO FILHO et al., 2010.
O canal de adução é recomendado para locais com topografia irregular. Deve ser
construído em curva de nível, podendo ser revestido ou não.
A Figura 20 mostra a representação da Micro central com sistema de adução d’água
por canal aberto.
40
FIGURA 22- Detalhes da câmara de carga.
Fonte: TIAGO FILHO et al., 2010.
41
A velocidade que passa pela tubulação deve ser analisada e controlada. Em Micro
Usinas, a velocidade máxima admissível para a tubulação de aço e ferro fundido é de 5,0 m/s,
e para o concreto é de 3,0 m/s.
No final da tubulação forçada, uma válvula de gaveta ou do tipo borboleta deve ser
instalada para que o fluxo de água seja interrompido em casos de manutenção da turbina ou
de outro componente da casa de máquinas.
O tipo de assentamento da tubulação depende do material a ser utilizado. Para
tubulação de concreto, uma vala deve ser escavada no solo; para tubulação de aço é
necessário a construção de blocos de apoio para que a tubulação fique suspensa. O
dimensionamento dos blocos é feito em função do diâmetro, espessura da parede, inclinação
do solo e tamanho do tubo. A distância mínima entre o fundo do tubo e a superfície do terreno
é de 30 cm.
Além dos blocos de apoio é preciso ser feita também a instalação de blocos de
ancoragem, com a finalidade de manter a estrutura estável com a absorção do peso da
tubulação e da água. Estes blocos devem ser construídos em pontos de mudança de direção da
tubulação, imediatamente depois da câmara de carga e imediatamente antes da casa de
máquinas e devem ter um espaçamento máximo de 80 metros em longos trechos retos da
tubulação. Também são utilizadas juntas de dilatação para minimizar os efeitos da dilatação.
Estes elementos podem ser vistos na Figura 24.
42
Quando a tubulação forçada for aérea há a necessidade de se manter o solo embaixo
e nos arredores da tubulação limpo garantindo maior vida útil do sistema.
3.6.4.1.6.2. Gerador
44
Para a escolha do gerador é preciso conhecer a rotação em que a turbina irá trabalhar.
Os geradores são padronizados em função da rotação e do número de polos.
Na Micro Usina podem ser utilizados tanto geradores monofásicos quanto trifásicos.
Os trifásicos cobrem uma maior faixa de potência e permitem a utilização de motores
trifásicos (o mais comum é o motor trifásico de indução com rotor de gaiola de esquilo), que
possuem um custo mais baixo, maior rendimento e menor índice de defeitos que os motores
monofásicos.
De acordo com Manual De Micro Centrais Hidrelétricas (1985), o neutro do gerador
e o quadro de comando devem ser aterrados com haste de cobre com cerca de 3 metros de
comprimento e 16 milímetros de diâmetro.
45
FIGURA 27- Regulador hidráulico.
Fonte: TIAGO FILHO et al., 2010.
46
3.6.4.1.6.4. Volante de Inércia
Quando a transmissão da turbina para o gerador for feita diretamente, o volante será
acoplado ao eixo, e quando a transmissão for indireta, as polias devem ser dimensionadas para
servir também como volante de inércia.
48
FIGURA 31- Soleira afogada.
Fonte: MANUAL DE MICRO CENTRAIS HIDRELÉTRICAS, 1985.
De acordo com Tiago Filho et al. (2010), a linha de transmissão tem a função de
conduzir a energia elétrica gerada pela Micro Usina até os pontos onde será consumida.
Utilizam-se, normalmente, redes áreas, formadas por condutores elétricos de alumínio com
poste de concreto armado ou de madeira de lei ou tratada.
A energia elétrica gerada pode ser utilizada para atender a um único ponto de
consumo ou para atender vários pontos de consumo. Para o atendimento de mais de um ponto
de consumo é necessário a distribuição elétrica através de um centro de distribuição de
circuitos (Figura 32), que deverá ser instalado no centro de carga. Assim, a energia vai da
Micro Usina até o centro de distribuição de circuitos e só então, através de circuitos
individuais é conduzida até o ponto de consumo.
49
FIGURA 32- Centro de distribuição de circuitos.
Fonte: TIAGO FILHO et al., 2010.
3.7. IRRIGAÇÃO
Segundo Bernardo et al. (2006), a irrigação é uma técnica milenar que vem se
desenvolvendo cada vez mais nos últimos anos. Algumas civilizações antigas se
desenvolveram em regiões onde a produção só era possível através da irrigação, assim a
irrigação foi e é até hoje um símbolo de riqueza, prosperidade e segurança.
Grandes civilizações que se localizavam as margens de rios como o Nilo, Tigre e
Eufrates, eram civilizações que utilizavam seus recursos hídricos sem a necessidade de irrigar,
porém com a expansão das populações e exploração de outras áreas, a irrigação teve seu papel
fundamental no desenvolvimento destes povos.
Antigamente a irrigação era apenas uma técnica que visava basicamente a luta contra
a seca, hoje é uma estratégia para elevar a rentabilidade da propriedade agrícola por meio do
aumento da produção e produtividade, de forma sustentável. Assim o futuro da irrigação
envolve produtividade e rentabilidade com eficiência no uso da água, energia, insumos e
respeito ao meio ambiente.
De acordo com Gomes (1994), a irrigação é uma prática que fornece água para as
plantas para suprir suas necessidades hídricas, quando outra forma natural de suprimento de
água não é suficiente.
51
A irrigação pode ser divida em duas categorias: irrigação por superfície ou por
gravidade (Figura 34) e irrigação sob pressão ou pressurizada (Figura 35). Na irrigação por
superfície a água é levada até a planta através de sulcos, faixas e inundações. Na irrigação sob
pressão a água é levada até a planta através de condutos forçados, impulsionada na maioria
das vezes por uma estação de bombeamento e distribuída na área a ser irrigada através de
aspersores e gotejadores.
52
Em comparação com a irrigação sob pressão, a irrigação por superfície apresenta
economia de energia como vantagem, no entanto se limita a áreas que apresentem uma
topografia favorável. A irrigação sob pressão é mais eficiente, se adequa melhor as
características do local a ser irrigado, apresenta uma maior uniformidade de distribuição de
água no terreno e necessita de menos mão-de-obra.
53
4. MATERIAL E MÉTODOS
Silvânia
54
FIGURA 37 - Micro bacia do Córrego Poções.
Fonte: GOOGLE EARTH, adaptada pelo autor, 2012.
A fazenda tem uma área total de 1.580 hectares, onde: 60% é destinada para cultivo
de grãos, 20% é destinada para pastagens e 20% para demais atividades, instalações e reservas
(Figura 38). É composta por uma casa sede, uma casa de funcionários e um galpão de
máquinas.
A irrigação é do tipo aspersão convencional operada por um conjunto moto bomba
com potência de 30 cv, uma demanda de 30 m³/h de água e tempo de irrigação de 12 horas
diárias.
55
FIGURA 38 - Croqui da Planta da Fazenda Rio dos Bois.
Fonte: GOOGLE EARTH, adaptada pelo autor, 2012.
(1)
56
(2)
Em que:
QE = Vazão específica, L s-1 km²;
QBM = Vazão média da bacia maior, L s-1 ;
ABM = Área da bacia maior, km²;
QB = Vazão da bacia em estudo, L s-1;
AB = Área da bacia em estudo, km².
57
O comportamento hidrológico do Córrego Poções foi determinado através da curva
de permanência de vazão, elaborada a partir de séries históricas de vazões mínimas, médias e
máximas e da frequência das vazões. As curvas indicam a porcentagem de tempo em que um
determinado valor de vazão foi igualado ou superado durante o período de observação.
A curva de permanência pode ser visualizada na Figura 39.
Curva de Permanência
4,00
3,50
3,00
Vazões m³/s
2,50
0,50
0,00
1%
6%
11%
17%
22%
27%
32%
38%
43%
48%
53%
58%
64%
69%
74%
79%
84%
90%
95%
Frequência
58
Para o cálculo da Q7, 10 foram utilizadas as menores vazões, por se tratar da vazão
mínima com um tempo de recorrência de 10 anos, de cada ano da seguinte forma:
Casa Sede
Casa Funcionário
Galpão de Máquinas
Casa de Bomba
Irrigação
59
Para o cálculo da demanda dos equipamentos do Galpão de Máquinas e irrigação
foram utilizadas as potências elétricas de cada equipamento.
A Tabela 3 mostra o levantamento de cargas de cada setor da propriedade.
Com o conhecimento das cargas, foi realizada a distribuição horária dos usos das
cargas e assim resultou a demanda total, em cada horário. Com a demanda total por hora
obteve-se a demanda máxima da propriedade. Para a demanda das residências foi utilizada a
demanda provável para todas as horas.
A Tabela 4 mostra a demanda por hora da propriedade.
60
TABELA 4 - Demanda da propriedade por hora (kW).
Casa Galpão de
Horas Casa Sede Irrigação Total
Funcionário Máquinas
A demanda total por hora foi a soma das demandas de cada setor, e a demanda
máxima foi de 43,57 kW.
A Figura 41 mostra o gráfico de demanda da propriedade.
61
45,00
40,00
35,00
Demanda (kW)
30,00
25,00
20,00
15,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas do dia
A partir destes dados foi possível calcular o volume total de água mensal de entrada
no reservatório pela Equação 3:
(3)
62
Em que:
VTo = Volume de água de entrada, (m³);
QM = Vazão média mensal, (m³/h)
D = Número de dias do mês.
(4)
Em que:
VDo = Volume de água de saída, (m³);
QEC = Vazão ecológica, (m³/h);
D = Número de dias do mês;
QI = Vazão de irrigação, (m³/h);
TI = Tempo de irrigação diário, (h);
QMC = Vazão de acionamento da turbina hidráulica, (m³/h).
(5)
O balanço hídrico indica quais os meses sofrem déficit ou superávit, ou seja, quais os
meses que para a demanda de água a vazão do curso d’água consegue suprir as necessidades
hídricas e quais aqueles que não conseguem suprir tais necessidades.
A partir daí foi possível calcular qual o volume mínimo de água que o reservatório
precisa garantir. Este volume é o maior déficit acumulado que o balanço hídrico apresentar.
63
4.5. DIMENSIONAMENTO DA BARRAGEM
De acordo com a área entre as curvas de nível foi possível encontrar o volume de
água acumulado entre elas e definir em qual cota este volume se igualaria ou superaria o
volume mínimo do reservatório.
A altura normal da barragem foi determinada pela diferença da cota do nível da água
(917) e a cota de fundo da barragem (907).
As cotas, áreas e volumes podem ser observadas na Tabela 5.
64
TABELA 5 - Cotas, Áreas e Volumes do Reservatório.
VOLUME VOLUME
COTA (m) ÁREA (m²) VOLUME (m³)
ACUMULADO (m³) ÚTIL (m³)
907 25.875 0 0 0
908 34.977 30.426 30.426 0
909 73.304 54.141 84.567 54.141
910 87.588 80.446 165.013 134.587
911 130.588 109.088 274.101 243.675
912 176.858 153.723 427.824 397.398
913 228.958 202.908 630.732 600.306
914 254.676 241.817 872.549 842.123
915 286.406 270.541 1.143.090 1.112.664
916 350.764 318.585 1.461.675 1.431.249
917 386.758 368.761 1.830.436 1.800.010
918 402.093 394.426 2.224.861 2.194.435
919 476.231 439.342 2.664.023 2.633.597
920 522.452 499.342 3.163.365 3.132.939
921 584.926 553.689 3.717.054 3.686.628
922 632.159 608.543 4.325.596 4.295.170
Fonte: Elaborado pelo autor, 2012.
A cota da tomada d’água para a irrigação fica em 908 m, desta forma o volume útil
do reservatório é volume disponível entre a cota de nível normal da barragem e a cota da
tomada d’água. Para este trabalho o volume útil foi de 1.800.010 m³ de água.
A tomada d’água da Micro Usina por ser um canal aberto fica na cota 916,53 m,
porém para o cálculo do volume útil a vazão da Micro Usina também foi considerada; desta
forma o volume de 1.800.010 m³ supre a demanda da irrigação e da Micro Usina.
De acordo com as Tabelas 6 e 7 foram consideradas uma folga de 1,0 metro e altura
do extravasor de 1,0 metros.
65
TABELA 7 - Sugestões de altura do extravasor em função da altura da barragem (m).
Altura da barragem (m) Altura do extravasor (m)
Até 5 de 0,7 a 0,8
Entre 5 e 10 de 0,8 a 1,5
Fonte: LOPES e LIMA, 2008.
TABELA 8 - Inclinação dos taludes em função do tipo de material usado e da altura do aterro.
Altura do aterros
Até 5 metros De 5,1 a 10 metros
Material do aterro Montante Jusante Montante Jusante
Solo argiloso 2 1,75 2,75 2,25
Solo arenoso 2,25 2 3 2,25
Areias e cascalhos 2,75 2,25 3 2,5
Pedras de mão 1,35 1,3 1,5 1,4
Fonte: CARVALHO, 2008.
A largura da seção transversal da barragem, na cota mais baixa foi obtida pela
Equação 6:
(6)
Em que:
B = Largura da base, (m);
c = Largura da crista da barragem (m);
Z1 = Inclinação do talude de montante;
Z2 = Inclinação do talude de jusante;
H = Altura total da barragem, (m).
4.500.000
4.000.000
3.500.000
Volume Acumulado (m³)
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
907 908 909 910 911 912 913 914 915 916 917 918 919 920 921 922
Cota (m)
( ) (7)
√
67
Em que:
tc = Tempo de concentração, (min);
L = Comprimento do talvegue (curso d’água principal), (km);
So = Declividade média do talvegue, (m.m-1).
(8)
Em que:
i = Intensidade de precipitação, (mm.h-1);
T = Tempo de retorno, (anos);
t = Tempo de duração da precipitação, (min);
k, a, b, c = Parâmetros da equação.
k = 985,145;
a = 0,1165;
b = 12;
c = 0,7601.
(9)
68
Em que:
Q = Vazão máxima de escoamento superficial, (m³.s-1);
C = Coeficiente de escoamento superficial;
i = Intensidade de precipitação, (mm.h-1);
A = Área da bacia de contribuição, (ha).
69
TABELA 9 - Valores do coeficiente de escoamento superficial (C).
Classes de Topografia e declividade
Suavemente Fortemente
Cobertura Plana 0 - Ondulada 5 - Amorrada 20 Montanhosa
Tipo de solo ondulada 2,5 - Ondulada 10 -
do solo 2,5% 10% - 40% 40 - 100%
5% 20%
Massapé 0,5 0,6 0,68 0,76 0,85 0,95
Culturas
Arenoso 0,44 0,52 0,59 0,66 0,73 0,81
anuais
Roxo 0,4 0,48 0,54 0,61 0,67 0,75
Massapé 0,4 0,48 0,54 0,61 0,67 0,75
Cultura
Arenoso 0,34 0,41 0,46 0,52 0,56 0,64
permanente
Roxo 0,31 0,38 0,43 0,48 0,53 0,59
Massapé 0,31 0,38 0,43 0,48 0,53 0,59
Pastagens
Arenoso 0,27 0,32 0,37 0,41 0,45 0,5
limpas
Roxo 0,25 0,3 0,34 0,38 0,42 0,46
Massapé 0,22 0,26 0,29 0,33 0,37 0,41
Capoeiras Arenoso 0,19 0,23 0,25 0,28 0,32 0,35
Roxo 0,17 0,21 0,23 0,26 0,29 0,32
Massapé 0,15 0,18 0,2 0,22 0,25 0,28
Matas Arenoso 0,13 0,15 0,18 0,2 0,22 0,24
Roxo 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2 0,22
Fonte: CARVALHO, 2008.
70
Sendo a cobertura do solo da bacia composta de cerrado (40%), pastagens (40%) e
culturas anuais (20%), o tipo de solo areno argiloso e a declividade fortemente ondulada
(13%), o coeficiente C encontrado para pastagens foi de 0,41, para culturas anuais de 0,66 e
cerrado de 0,28.
Com os valores encontrados para cada tipo de cobertura, o coeficiente de escoamento
superficial da bacia foi obtido através da soma dos coeficientes de cada tipo de cobertura
multiplicado pela porcentagem que cada tipo de cobertura representa na área da bacia; assim o
resultado encontrado para C foi de 0,41.
O sistema extravasor foi um canal retangular revestido por concreto tendo seu
escoamento desaguando em uma bacia de dissipação de energia do tipo escada de dissipação.
O canal foi dimensionado em função da vazão máxima escoada pelo extravasor. A
vazão máxima foi calculada pela Equação 10:
(10)
Em que:
QmaxS = Vazão máxima escoada pelo extravasor, (m³.s -1);
VES = Volume escoado, (m³);
tc = tempo de concentração da bacia, (h).
(11)
Em que:
VES = Volume escoado, (m³);
VE = Volume total que entra no reservatório, (m³);
VA = Volume de amortecimento, (m³);
O volume total que entra no reservatório foi encontrado através da Equação 12:
71
(12)
Em que:
VE = Volume total que entra no reservatório, (m³);
QmaxE = Vazão máxima que entra no reservatório, (m³.s -1);
tbE = tempo de base de escoamento, (h).
(13)
Em que:
b = base do canal, (m);
A = Área de seção do canal, (m²);
y = Altura da água no canal, (m);
72
{ } (14)
√
Em que:
i = Declividade do canal, (m/m);
QmaxS = Vazão máxima escoada pelo extravasor, (m³.s -1);
n = Coeficiente de rugosidade de Manning;
A = Área de seção do canal, (m²);
Rh = Raio hidráulico, (m).
(15)
Em que:
P = Perímetro molhado do canal, (m);
b = base do canal, (m);
y = Altura da água no canal, (m);
73
FIGURA 44 - Escada Dissipadora.
Fonte: CARVALHO, 2008.
4.5.4. Desarenador
( ) (16)
Em que:
D = Diâmetro da tubulação, (m);
Q = Vazão escoada pelo desarenador, (m³.s-1);
C = Coeficiente de rugosidade de Hazen-Williams;
J = Perda de Carga Unitária, (m.m-1).
A vazão escoada pelo desarenador, 22,44 m³.s-1, foi encontrada pela Equação 17:
(17)
Em que:
Q = Vazão escoada pelo desarenador, (m³.s-1);
VAC = Volume de água armazenado na represa, (m³);
T = Tempo de esvaziamento da represa, (seg.);
Qn = Vazão média, (m³.s-1).
(18)
75
Em que:
J = Perda de Carga Unitária, (m.m-1);
HN = Altura nominal da barragem, (m);
B = Comprimento da tubulação do desarenador, (m).
A tomada d’água foi projetada como um canal retangular revestido por concreto
cortando o corpo da barragem, composto por grade, extravasor e stop logs de pranchões de 4
cm de espessura.
Para que o canal comportasse a vazão de acionamento da turbina hidráulica a altura
da lâmina d’água que passa por ele foi calculada pela Equação 19:
(19)
Em que:
L = Altura da lâmina d’água, (m);
QMC = Vazão de acionamento da turbina hidráulica, (m³.s-1);
v = Velocidade da água no canal, (m.s -1);
l = Largura do canal, (m).
A velocidade da água no canal foi de 0,6 m.s -1 , devido o canal ser revestido. A
largura do canal foi de 0,8 m, sendo o mínimo recomendado de 0,6 m.
A inclinação do canal indicada é de 1 m.km-1.
76
Para a altura das paredes do canal recomenda-se um acréscimo de 15% sobre a altura
da lâmina d’água.
A grade do canal foi dimensionada pela Equação 20:
(20)
Em que:
Lg = Comprimento da grade, (m);
L = Altura do canal, (m);
θ° = Ângulo de inclinação.
(21)
Em que:
B = Comprimento do extravasor, (m);
QMC = Vazão de acionamento da turbina hidráulica, (m³.s-1);
A água que passa pelo canal antes de entrar na tubulação que a leva para a turbina,
passa pela estrutura de transição chamada câmara de carga.
A câmara de carga é composta por desarenador, grade, comporta desarenadora e de
operação da tubulação forçada.
As dimensões do desarenador foram, de acordo com a Tabela 12, para largura, 1,3 m,
comprimento, 1,6 m e altura, 0,3 m.
77
TABELA 12 - Recomendações para o comprimento, largura e altura do desarenador em função da
vazão.
Dimensões mínimas (m)
Vazão (l/s)
Largura Comprimento Altura
Menor que 50 0,60 0,80 0,30
Entre 50 e 100 0,80 1,00 0,30
Entre 100 e 300 1,30 1,60 0,30
Entre 300 e 600 1,60 2,00 0,40
Entre 600 e 800 2,00 2,50 0,50
Entre 800 e 1000 2,30 2,80 0,60
Fonte: TIAGO FILHO et al, 2010.
(22)
Em que:
Lg = Comprimento da grade, (m);
P = Profundidade do desarenador, (m);
θ° = Ângulo de inclinação.
(23)
78
Em que:
D = Diâmetro interno da tubulação, (cm);
k = Coeficiente que depende do tipo de material da tubulação;
QMC = Vazão de acionamento da turbina hidráulica, (m³.s -1);
L = Comprimento da tubulação, (m);
H = Altura bruta da queda d’água, (m).
(24)
Em que:
v = velocidade de escoamento, (m.s -1);
QMC = Vazão de acionamento da turbina hidráulica, (m³.s -1);
D = Diâmetro interno da tubulação, (m).
(25)
Em que:
e = Espessura da parede, (mm);
H’ = Altura bruta da queda d’água, acrescida de 30%, (m).
D = Diâmetro interno da tubulação, (mm);
es = Espessura de corrosão, (mm).
79
A espessura de corrosão é definida em 1 mm.
Também foi preciso verificar a espessura mínima da tubulação, considerando a
resistência a tração do aço que é igual a 1400 kgf.cm-2 (Manual de Micro Centrais
Hidrelétricas, 1985).
Sendo a espessura calculada pela Equação 25 menor que 4,76 mm a espessura
mínima da tubulação foi a maior entre 4,76 mm e a espessura encontrada pela Equação 26:
(26)
Em que:
emin = Espessura mínima da tubulação, (mm);
D = Diâmetro interno da tubulação, (cm);
(27)
(28)
Em que:
A = Altura do bloco, (m);
B = Largura do bloco, (m);
D = Diâmetro externo do tubo, (m).
(29)
80
(30)
Em que:
A = Altura do bloco, (m);
B = Largura do bloco, (m);
D = Diâmetro externo do tubo, (m).
A turbina hidráulica foi selecionada através do gráfico da Figura 45, que relaciona a
vazão de acionamento da turbina e o desnível entre o início e o fim da tubulação forçada.
81
A turbina tipo Michel Banki possui tecnologia de construção simples, manutenção
fácil e de baixo custo, por isso são largamente utilizadas em Micro Usinas.
Com a turbina selecionada foram realizadas consultas a fabricantes para a
determinação das características do conjunto turbina gerador.
82
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1. BARRAGEM
83
TABELA 13 – Balanço Hídrico (Continuação).
84
TABELA 13 – Balanço Hídrico (Continuação).
85
TABELA 13 – Balanço Hídrico (Continuação).
O canal extravasor foi retangular, com fundo e taludes revestidos por concreto, uma
área de 2,1 m², uma largura de 2,1 m e um perímetro molhado de 4,1 m. A declividade do
canal foi de 0,029 m.m-1, e a altura da lâmina d’água de 1 m.
A escada de dissipação foi constituída por degraus de 0,5 m de altura por 1,0 m de
comprimento cada, seguindo a topografia do terreno até atingir o leito do córrego, a largura da
87
escada foi igual a largura do canal extravasor, os muros de alvenaria em suas laterais teve uma
altura de 1,50 m (Figura 47).
Para uma maior eficiência de dissipação, ao final de cada degrau, foi levantado um
muro de contenção com altura de 0,2 m dotado de 2 drenos com diâmetro de 100 mm, com a
finalidade de represar a água momentaneamente (Figura 48).
88
FIGURA 48 - Vista Frontal da Escada de Dissipação.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
5.1.2. Desarenador
Para escoar uma vazão de 22,44 m³/s o desarenador ou tubulação de fundo foi de
concreto com um diâmetro de 1,5 m e declividade de 0,074 m.m-1.
Os tubos foram interligados e rejuntados, internamente e externamente com
argamassa. Na intersecção entre um tubo e outro foram feitos anéis de concreto para evitar
escoamentos entre a tubulação.
O desarenador foi dimensionado para o controle do nível de água e a manutenção da
vazão ecológica, além do esvaziamento da represa.
O tempo de esvaziamento da represa escolhido foi de 24 horas.
A Figura 49 mostra o detalhe do tubo desarenador.
89
FIGURA 49 - Detalhe do Desarenador da Barragem.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
O canal da tomada d’água foi construído para o escoamento de 0,23 m³/s, com uma
largura de 0,8 m e altura do nível de água igual a 0,47 m. Dimensões que reproduzem uma
área capaz de escoar esta vazão.
A altura das paredes do canal foi de 0,54 m, correspondendo a um acréscimo de 15%
em relação ao nível de água no canal.
A cota de construção do canal foi de 916,53 m, a inclinação do canal foi de 0,001
m.m-1.
O extravasor foi construído próximo à entrada da câmara de carga, com comprimento
de 0,75 m e altura de soleira de 0,47 m.
A grade foi construída com hastes metálicas com espaçamento entre as barras de 2,0
cm, um ângulo com o fundo do canal de 70°, comprimento de 0,58 m e largura de 0,8 m,
largura esta igual a largura do canal. A grade foi instalada de forma que possa ser removida
para facilitar a limpeza.
A comporta utilizada foi do tipo stop logs, com pranchões de madeira de 4 cm de
espessura.
O canal da tomada d’água pode ser visto na Figura 50.
90
Sentido do fluxo de água.
Grade
Stop logs
91
Extravasor do canal
Tubulação
Forçada
Grade
Comporta
desarenadora
FIGURA 51 - Câmara de Carga.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
92
Bloco de
Apoio
Tubulação
Forçada
Superfície do
Solo
93
Bloco de
Ancoragem
Tubulação
Forçada
Superfície do
Solo
94
FIGURA 54 - Esquema básico da turbina.
Fonte: BETTA Hidroturbinas, 2012.
95
FIGURA 55 - Conjunto turbina/gerador.
Fonte: BETTA Hidroturbinas, 2012.
A potência gerada (27,6 kW) não foi suficiente para suprir a demanda da
propriedade, contribuindo apenas com 60% da potência necessária, desta forma o déficit de
energia será suprido pela rede concessionária, que no caso deste trabalho será a CELG.
A energia gerada pela Micro Usina será responsável pela demanda da casa sede e do
galpão de máquinas e a casa de funcionário e o sistema de irrigação serão abastecidos pela
concessionária de energia.
A distribuição da energia será feita por dois transformadores, um para a Micro Usina
e outro para a rede concessionária.
A rede concessionária será responsável pelo abastecimento de toda a propriedade
quando a Micro Usina não conseguir gerar energia, como por exemplo, em alguma época em
que houver um déficit hídrico na micro bacia, maior do que o já registrado.
96
5.3. O USO MÚLTIPLO DO RESERVATÓRIO
97
6. CONCLUSÕES
As barragens têm permitido ao homem o armazenamento de água para que possa ser
usada em épocas de estiagem; assim têm sido muito importantes para a geração de energia
hidrelétrica e irrigação por exemplo.
Tendo como base o desenvolvimento e a gestão dos recursos hídricos das bacias, os
projetos de barragens de usos múltiplos são muito importantes para países em
desenvolvimento, pois assim a população ganha benefícios em termos domésticos e
econômicos em um único investimento.
A barragem deste trabalho teve uma altura normal de 10 m, e uma altura total de 12
m. A inclinação do talude de montante foi de 3:1 (H:V) e a inclinação do talude de jusante foi
de 2,25:1 (H:V). A largura da crista foi de 6 m e a largura da base foi de 68 m.
O extravasor da barragem foi um canal retangular revestido por concreto com largura
de 2,1 m e altura de água de 1 m.
O desarenador da barragem foi uma tubulação de concreto com diâmetro de 1,5 m.
Nas regiões rurais as Micro Usinas são importantes alternativas para o abastecimento
de eletricidade às propriedades. Elas são construídas, aproveitando-se pequenos cursos d’água
e causam o mínimo de impacto ambiental. Assim, havendo na propriedade uma fonte hídrica
considerável, torna-se possível implantar uma Micro Usina hidrelétrica.
Para este trabalho a Micro Usina foi composta por um canal da tomada d’água com
dimensões de 0,8 m de largura por 0,54 m de altura, grade, comporta tipo stop logs e
extravasor próximo a câmara de carga; uma câmara de carga com desarenador de 1,3 m de
largura por 1,6 m de comprimento, grade, comporta desarenadora e comporta de operação da
tubulação forçada; tubulação de aço com diâmetro de 0,55 m apoiada e sustentada por blocos
de apoio e ancoragem; turbina hidráulica tipo Michel Banki e gerador elétrico com escovas,
trifásico de 220 V, gerando 27,6 kW de potência.
Como sugestão para trabalhos futuros tem-se: a análise da estabilidade da barragem,
desta forma a barragem poderá ter uma altura maior do que 10 m e acumular um volume
maior de água dispondo de uma vazão capaz de suprir toda a demanda elétrica da
propriedade.
98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em < http://www.bettahidroturbinas.com.br> Acesso em: 25 out. 2012.
99
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LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 1985. p. 386 - 481.
FAO. Manual sobre pequenas barragens de terra: guia para a localização, projecto e
construção. Roma: Organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura, 2011.
120p. (Publicação da FAO sobre Rega e Drenagem, 64).
100
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Precipitação no Estado da Paraíba. [S.n.t.].
LIMA, H. M.; VARGAS, H.; CARVALHO, J.; GONÇALVES, M.; CAETANO, H.;
MARQUES, A.; RAMINHOS, C. Comportamento hidrológico de bacias hidrográficas:
integração de métodos e aplicação a um estudo de caso. REM: R. Esc. Minas., Ouro Preto,
v.60, n.3, p. 525 – 536, 2007.
LOPES, J. D.; LIMA, F. Z. de. Construção de Pequenas Barragens de Terra. Viçosa, CPT,
2008. 274p.
101
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tratada: necessidade de água para a obtenção de água. In: CONGRESSO BRASILEIRO EM
GESTÃO DO CICLO DE VIDA EM PRODUTOS E SERVIÇOS, 2, 2010, Florianópolis.
PINTO, J. M.; COSTA, N. D.; RESENDE, G. M. de. Cultivo da Cebola no Nordeste. 2007.
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TIAGO FILHO, G. L.; VIANA, A. N. C.; LOPES, J. D. S. Como montar e operar uma
micro usina hidrelétrica na fazenda. Viçosa: CPT, 2010. 330p.
102
APÊNDICE A
103
Tabela 3: Vazões máximas mensais da Micro Bacia do Córrego Poções, (m³/s).
Ano
Mês
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Janeiro * 1,639 0,815 1,653 1,611 3,791 1,767 1,515 1,211
Fevereiro * 1,025 0,716 1,055 0,895 2,316 1,639 2,571 3,097
Março * 1,117 1,167 1,123 0,849 2,506 1,753 2,038 1,096
Abril * 0,849 0,771 0,642 0,653 1,957 1,269 2,893 2,017
Maio * 0,423 0,469 0,446 0,391 0,793 0,561 1,256 0,553
Junho * 0,310 0,302 0,310 0,290 0,507 0,383 0,556 0,400
Julho * 0,262 0,213 0,254 0,235 0,409 0,318 0,460 0,322
Agosto * 0,274 0,185 0,202 0,192 0,318 0,262 0,369 0,274
Setembro * 0,596 0,250 0,391 0,250 0,235 0,266 * 0,220
Outubro * 0,361 1,001 0,356 0,274 0,576 0,290 * 0,184
Novembro 0,282 1,141 1,803 0,460 0,771 0,642 1,353 * 0,606
Dezembro 0,684 0,895 1,173 0,738 0,760 0,596 2,292 1,556 0,974
* Não houve medições.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
104
APÊNDICE B
Tabela 1: Vazões específicas mínimas mensais da Micro Bacia do Córrego Poções, (l/s.km²).
Ano
Mês
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Janeiro * 18,5 16,6 23,3 15,0 18,9 18,9 21,1 33,8
Fevereiro * 16,8 14,8 23,8 1,2 41,4 23,6 24,3 43,0
Março * 22,4 15,4 19,3 17,2 35,1 24,3 34,9 29,3
Abril * 20,4 15,2 18,3 17,6 28,3 23,8 37,8 26,2
Maio * 15,0 13,4 12,8 13,0 21,3 18,3 26,9 18,9
Junho * 12,3 10,5 11,4 11,0 19,1 15,2 21,3 16,0
Julho * 11,2 8,1 9,9 9,3 15,6 12,5 16,2 14,0
Agosto * 8,7 6,8 7,9 7,6 11,7 9,6 12,8 10,3
Setembro * 9,1 6,1 7,3 6,8 9,1 7,9 * 7,3
Outubro * 6,8 8,1 5,5 6,1 8,9 6,4 * 6,5
Novembro 8,6 9,9 8,6 7,3 9,6 11,9 8,7 * 8,6
Dezembro 8,6 19,6 20,2 5,3 11,4 12,7 24,3 24,7 12,5
* Não houve medições.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
Tabela 2: Vazões específicas médias mensais da Micro Bacia do Córrego Poções, (l/s.km²).
Ano
Mês
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Janeiro * 27,2 22,9 36,2 29,2 47,1 35,6 33,9 42,3
Fevereiro * 27,9 19,5 31,8 21,8 57,9 33,2 40,9 60,8
Março * 35,1 25,3 29,4 26,3 53,1 42,1 48,6 36,8
Abril * 26,4 20,9 23,4 23,5 44,5 29,7 55,7 33,3
Maio * 16,9 15,2 16,8 15,9 25,3 21,1 34,7 21,9
Junho * 13,6 11,7 13,6 12,2 21,6 16,8 23,6 18,3
Julho * 11,9 9,3 11,2 10,4 17,3 14,2 18,7 14,9
Agosto * 10,0 7,7 8,8 8,6 13,2 11,0 14,5 11,8
Setembro * 13,7 7,8 9,5 8,0 10,3 9,6 * 8,7
Outubro * 8,9 13,5 7,3 7,8 13,5 8,2 * 7,7
Novembro 10,4 21,8 25,9 10,3 16,8 19,4 17,0 * 14,2
Dezembro 17,7 26,9 29,2 12,9 19,5 19,5 50,6 37,0 23,5
* Não houve medições.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
105
Tabela 3: Vazões específicas máximas mensais da Micro Bacia do Córrego Poções, (l/s.km²).
Ano
Mês
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Janeiro * 79,2 39,4 79,9 77,8 183,1 85,4 73,2 58,5
Fevereiro * 49,5 34,6 51,0 43,2 111,9 79,2 124,2 149,6
Março * 53,9 56,4 54,2 41,0 121,1 84,7 98,5 52,9
Abril * 41,0 37,2 31,0 31,5 94,5 61,3 139,8 97,5
Maio * 20,4 22,7 21,5 18,9 38,3 27,1 60,7 26,7
Junho * 15,0 14,6 15,0 14,0 24,5 18,5 26,9 19,3
Julho * 12,7 10,3 12,3 11,4 19,8 15,4 22,2 15,6
Agosto * 13,2 8,9 9,8 9,3 15,4 12,7 17,8 13,2
Setembro * 28,8 12,1 18,9 12,1 11,4 12,8 * 10,6
Outubro * 17,4 48,3 17,2 13,2 27,8 14,0 * 8,9
Novembro 13,6 55,1 87,1 22,2 37,2 31,0 65,4 * 29,3
Dezembro 33,1 43,2 56,7 35,6 36,7 28,8 110,7 75,2 47,1
* Não houve medições.
Fonte: Elaborada pelo autor, 2012.
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ANEXO 1
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