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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UNIDADE DE DIVINÓPOLIS

JESSE JAMES PENIDO1

ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR ALEXANDRE SIMÕES RIBEIRO2

AS REDES SOCIAIS: 3

Percursos do gozo no discurso do capitalista

DIVINÓPOLIS – MG

2019

1
Discente do 10.º período do curso de psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
2
Professor Orientador do Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia, Doutor em Filosofia pela
Universidade Federal de Minas Gerais e professor do curso de psicologia da UEMG, Unidade Divinópolis,
MG.
3
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de psicologia da UEMG, Unidade Divinópolis,
MG.
Para meus pais, por tudo que aprendi, pelo amor incondicional

Para Álef
“Em vez de uma realidade constituída transcendentalmente, temos uma multiplicidade de
mundos, cada um delineado por sua matriz transcendental, uma multiplicidade que não
pode ser mediada/unificada em único enquadramento transcendental mais amplo: em vez
de uma lei moral, temos a fidelidade ao Verdade-Evento que é sempre específico com
respeito a uma situação particular de um Mundo.”

( Slavoj Zizek)
RESUMO

Este trabalho tem por objetivo um estudo, através de uma revisão de literatura, de como
podemos fazer uma leitura das redes sociais a partir de alguns conceitos psicanalíticos
recortados dos ensinamentos de Freud e mais especificamente, Lacan. Essa teorização
terá como eixos principais os conceitos de desejo, gozo, mais-de-gozar, pulsão, a teoria
do discurso do capitalista de Lacan. E também, usaremos os trabalhos dos chamados
teóricos da pós-modernidade como Lipovetsky, Baudrillard, Debord, Bauman e Chul-
Han, que nos darão um suporte teórico para que possamos situar as redes sociais em seu
contexto histórico e social.

Nesse trabalho procuramos refletir de uma maneira não extensa, mas específica e
recortada, sobre as redes sociais como um evento ou fenômeno típico da era
contemporânea, a qual nomeamos ora pós-modernidade ora capitalismo tardio, e algumas
vezes, “era digital”, à guisa de procuramos uma especificidade eficiente, e, dentro desse
contexto, fazermos uma ligação entre os conceitos psicanalíticos e os dos teóricos da pós-
modernidade.

PALAVRAS-CHAVE: rede social; gozo; discurso-do-capitalista; pós-modernidade


INTRODUÇÃO

As redes sociais como as conhecemos hoje, são um fenômeno recente, produto da


evolução tecnológica no contexto muito mais amplo, do que muitas vezes é chamado de
capitalismo tardio, modernidade líquida ou pós-modernidade, entre outros. E para
entender como se deram essas transformações, precisamos fazer um breve percurso pela
própria evolução do capitalismo e suas ramificações ideológicas e sociais, para termos a
oportunidade de ver como os conceitos psicanalíticos de gozo e desejo se manifestam nas
redes sociais, peças hoje indissociáveis desse capitalismo contemporâneo.
O iluminismo e seus “herdeiros” mais elementares e imediatos, a revolução
francesa e a revolução industrial, mudaram de maneira radical as relações de produção,
as relações sociais e estabeleceram também, o viés psicológico de uma visão de mundo
e de um viver no mundo. O biopoder visto no contexto mais amplo da biopolítica, é um
conceito elaborado por Foucault (2008) que nos permite entender como o eixo das
relações do homo economicus e do homo faber se transformaram ao longo do século XIX
para criar o que entendemos como modernidade
O que chamamos de modernidade foi uma ruptura (entre muitas) de um poder
centralizado para um poder descentralizado e poderíamos dizer, mais eficiente nessa
“disciplina dos corpos “como nos diz Foucault.
Uma técnica que é pois, disciplinar: é centrada no corpo, produz efeitos
individualizantes, manipula o corpo como força de forças que é preciso tornar
úteis e dóceis ao mesmo tempo. E, de outro lado, temos uma tecnologia que
agrupa os efeitos de massas próprios de uma população, que procura controlar
a série de eventos fortuitos que podem ocorrer em uma massa viva; uma
tecnologia que procura controlar (eventualmente modificar) a probabilidade
desses eventos, em todo caso que compensar seus efeitos (FOUCAULT, 1999,
p. 297).

Foucault (1975/2014) enfatiza a questão do que ele chama de epistemes, ou seja,


o fato de que o poder está disseminado em uma rede de micropoderes que se estendem
por todas as instâncias do corpo social, formando uma rede densa que trabalhará para
manter essa sociedade disciplinar funcionando com uma intensidade eficiente, a serviço
do estado e dos poderes que o compõe. E, embora Foucault não o diga explicitamente, há
todo um componente psicológico dessa dominação no contexto dos sujeitos como massa.
Freud (1921/2017), nos diz, citando Le Bom, como os sujeitos tornados massa, pensam e
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agem de maneira diversa do que pensariam e agiriam individualmente, e esse será um


fator de grande importância para analisarmos a era digital.
Podemos afirmar certamente, que o progresso extraordinário das sociedades,
especialmente, das sociedades ocidentais, veio com custos das mais diferentes naturezas:
a perda de uma identidade grupal, a introdução de uma mais-valia (o produto se separa
materialmente de seu produtor), como teorizou Marx, o crescimento de um imaginário
paralelo ao crescimento dos meios de comunicação de massa, e um relativo declínio dos
laços familiares e sociais.
Zygmunt Bauman (2001), nos fala da modernidade e da transição para a pós-
modernidade (que ele vai chamar de modernidade líquida). Essa transição não se dá
somente em um nível social, econômico ou político. Ela se dá também no contexto do
imaginário, das percepções que as rápidas mudanças de muitas formas, como que se
inscrevem nos sujeitos. Ao trocar uma relativa segurança por uma possível felicidade, o
homem se achou “jogado” em uma precariedade social, mora e psíquica.
A passagem da modernidade para a pós - modernidade adquiriu um caráter mais
nítido, de mudanças de paradigmas em todas as áreas, a partir do final da segunda guerra
mundial. Em um período relativamente curto de cerca de 70 e poucos anos, tudo se
transformou muito rapidamente. A famosa expressão de Marx “tudo que era sólido se
desmanchou no ar” aplica-se muito bem aqui. Uma nova era chegava, onde nada era mais
rígido e certo, nada mais era fixo ou palpável. A era da modernidade líquida (Bauman),
do vazio (Lipovetsky), da queda do nome do pai (Lacan), do mal-estar generalizado como
parte estrutural e motor da sociedade estava inaugurada. Demarcaremos em seguida,
pontos capitais nesse cenário.

A PÓS-MODERNIDADE E SEUS DILEMAS


A época moderna dá sinais de esgotamento como modelo sócio- econômico com
o advento da guerra fria. É engendrado um novo tipo de sociedade, em que uma suposta
liberdade civil, de pessoas dotadas de direitos impensáveis na época do antigo regime,
surge como um modelo essencial para o consumo de massas: para consumir é necessário
um sujeito dotado de vontade própria, a quem uma liberdade mínima de escolha seja dada.
Christopher Lasch em sua hoje, clássica obra sobre o fim da modernidade, “A
Cultura do narcisismo “(1978/1983), ressalta que:
Viver para o momento é a paixão predominante- viver para si, não para os que
virão a seguir, ou para a posterioridade. Estamos rapidamente perdendo o
sentido de continuidade histórica, o senso de pertencermos a uma sucessão de
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gerações que se originaram no passado e se estenderão ao futuro (LASCH,


1979, p.25)

Lasch mostrou essa fratura entre a modernidade, em que o que chamamos de


processo histórico ainda era habitado por certezas e uma coesão mínima para um
equilíbrio social que para Foucault (2017), passa pelo o que ele chama de “submissão dos
corpos”, para uma sociedade de consumo plena em que a perspectiva histórica se
quebrava, se destituía como parâmetro, para investir, podemos assim dizer, toda pulsão
em energia de consumo, se possível.
Pois o controle disciplinar se transmuta, no advento do capitalismo tardio, em
relação ao que Foucault chama de biopoder: ele não desaparece, simplesmente se
transforma para ser mais eficiente e coerente com o princípio básico dessa modernidade
líquida que diz ao sujeito: goze. Macedo (2013, p. 32) afirma que o sujeito dividido do
capitalismo atual é um sujeito que procura um contato com o que a autora chama de
“Outro cultural”. Safatle (2005) nos diz como Lacan discerniu o supereu como um fator
preponderante na contemporaneidade e esse supereu já não como repressão ao gozar, mas
como “imperativo do gozo’, ou em outras palavras, o gozo como preceito, imposição,
exigência.
Lipovetsky, ao expressar essa mudança de esquema, de referência, nos fala que:
negativamente o processo de personalização remete à fratura da sociedade
disciplinar; positivamente, ele corresponde ao agenciamento de uma sociedade
flexível baseada na informação e no estímulo das necessidades, no sexo e na
consideração dos “fatores humanos”, do culto ao natural, da cordialidade e do
humor. Assim opera o processo de personalização, nova maneira de a
sociedade se organizar e se orientar, novo modelo de gerenciamento de
comportamentos, não mais pela tirania dos detalhes, mas com o mínimo de
constrangimento e o máximo possível de escolhas privadas, com o mínimo de
austeridade e o máximo possível de desejo, com o mínimo de coerção e o
máximo possível de compreensão. (LIPOVETSKY,2005, p. XVI)

E ainda, podemos destacar, toda uma era de narrativas, sejam elas subjetivas, de
massa ou artísticas, vai lentamente, se desvanecer nesse impositivo de um prazer do aqui
agora, pois “ viver livre e sem pressões, escolher seu modo de existência são os pontos
de mais significativos no social e no cultural do nosso tempo[...] (LIPOVETSKY,
1993/2005, p. XVIII). Dessa forma, os laços sociais criados na era moderna para uma
consolidação mais eficaz do capitalismo, se esgarçam em nome de nome de uma liberdade
do sujeito.
Dufour (2003) vê a pós-modernidade como “declínio do grande Sujeito”. Para
Dufour, o declínio da imago paterna do modo como Lacan a teorizou como conceito da
lei, não mais se aplica na modernidade tardia:
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Em suma, na pós-modernidade, não há mais Outro no sentido do outro


simbólico: um conjunto incompleto no qual o sujeito possa verdadeiramente
enganchar uma demanda, formular uma pergunta ou apresentar uma objeção.
Nesse sentido, é idêntico dizer que a pós-modernidade é um regime sem
Outros, ou que a pós-modernidade é repleta de semblantes de Outros, que
imediatamente mostram o que são: tão cheios de presunção quanto as tripas.
(DUFOUR, 2003, p. 59)

Podemos destacar pontos sensíveis desse pós-modernismo da era digital: o


individualismo, o narcisismo, o consumo como objetivo em si mesmo, a questão do corpo,
as chamadas “novas formas de subjetivação “erigidas em teorias identitárias e
supostamente libertárias, a volatilidade, a instabilidade como marca intrínseca do sistema
do digitalismo, e, pensamos, a mais curiosa característica desse digitalismo: a
precariedade de tudo: dos laços sociais, do trabalho, da vida psíquica, da fantasia, enfim.

DESENVOLVIMENTO

A ERA DIGITAL: CONCEITUALIZAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

O surgimento da rede mundial de computadores ou internet, resultou não só de


anos de inovação tecnológica, mas de um reflexo bastante evidente de que a chamada
globalização caminhava para um novo recorte, um novo momento de reorganização das
forças do chamado capitalismo tardio.
Martin e Schumann, ao falar da globalização (1996), usam a expressão “tudo em
toda parte”. De fato, é possível afirmar que o mundo global, do qual a internet é a mais
evidente característica, é um mundo de não-território, um território sem centro, ou
melhor, um território de todos os lugares, atemporal, sem fronteiras, acrítico e amorfo. E
nesse mundo, as representações sociais, a própria construção social da realidade, passam
por reelaborações inéditas, pois precisamos levar em consideração, nesse ponto, a
ascensão do neoliberalismo como ator preponderante da pós- modernidade
Ao reproduzir esses valores “espontaneamente”, fica evidenciado que:
O neoliberalismo é um sistema muito eficiente – diria até inteligente – na
exploração da liberdade: tudo aquilo que pertence às práticas e às formas de
expressão da liberdade (como a emoção, o jogo e a comunicação) é explorado.
Explorar alguém contra sua própria vontade não é eficiente, na medida em que
torna o rendimento muito baixo. É a exploração da liberdade que produz o
maior lucro (CHUL-HAN, 2018, p. 11)

Lipovetsky (1993/2005), nos chama a atenção para o modus operandi dessa nova
era:
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No reinado da mídia, dos objetos e do sexo, cada qual se observa, avalia-se,


volta-se mais para si mesmo à espreita de sua verdade e do seu bem-estar , cada
qual se torna responsável pela própria vida e deve administrar da melhor
maneira o seu capital estético, afetivo, psíquico, erótico, etc. Aqui a
socialização e a dessocialização se identificam, no auge do deserto social se
ergue o indivíduo soberano, informado, livre, o prudente administrador da
própria vida. (p. 7)

O sujeito neoliberal é o empresário de si mesmo como afirma Chul-Han (2018) e


ser “bem-sucedido”, é a finalidade única a ser buscada. Desse modo, podemos afirmar,
que em todos os aspectos da vida, a frustração ou qualquer coisa próxima de um desenlace
mal sucedido devem ser mantidos à distância. A aparência ilusória das coisas toma aqui
a forma de necessidade, de fim em si mesmo, tendo o ideal de uma felicidade fantasmática
como motor primário: “[...] o mito da felicidade é aquele que recolhe e encarna, nas
sociedades modernas, o mito da Igualdade.” (Baudrillard, 1970, p. 47, grifos do autor).
Em sua teorização da modernidade tardia como “sociedade do espetáculo”,
Debord ( 1967/2003), nos mostra como o mundo social, o mundo das coisas, se torna essa
sociedade do espetáculo, a economia nos molda e nos define de múltiplas formas de mais-
valia e até além da mais-valia: “o espetáculo submete para si os homens vivos, na medida
em que a economia já os submeteu totalmente. [...] é o reflexo fiel da produção das coisas,
e a objetivação infiel dos produtores. (p. 18).
Para Chul-Han (2018), “a liberdade do capital se realiza por meio da liberdade
individual” (p. 13, grifos do autor). Uma estabilidade do sistema precisa ser sempre
procurada e sempre reproduzida em um looping infinito, o looping do algoritmo. A
repetição é uma característica dessa era digital que é condição sine qua non para sua
existência. Ainda Chul-Han (op.cit.), cria o conceito de panóptico digital, ecoando o
panóptico de Jeremy Bentham. No panóptico digital de Chul-Han, seus habitantes (os
habitantes do mundo digital), se comunicam entre si livremente. A coação é a coação da
liberdade de expor-se, da autorrevelação constante e onipresente e, principalmente,
voluntária. “Na verdade, ela [a transparência], não é nada mais do que um dispositivo
neoliberal. Ela vira tudo violentamente para fora, para que possa produzir informação”
(CHUL-HAN, ibidem, p.19, grifos do autor.)
Os dilemas da pós-modernidade e do capitalismo tardio, estão, portanto,
interligados, e urge analisarmos como o produto mais visível dessa nova reconfiguração,
as redes sociais, define essa nossa época do narcisismo, do imperativo do gozo e da
chamada “pós-verdade” e como elas se configuram e redefinem ao infinito, o desejo dos
sujeitos em seus meandros.
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AS REDES SOCIAIS E AS NOVAS FORMAS DE SUBJETIVAÇÃO:


CARTOGRAFIAS DIGITAIS

As redes sociais, que se consolidaram nos anos 2000, com o advento do Facebook
(2004) e do Twitter (2006) como modelos de comunicação “online”, ou seja, em tempo
real, se projetam como o corolário de um novo tipo de meio de comunicação de massa,
um evento que ultrapassa o mero “noticiário” que caracterizava os meios tradicionais
como jornais, rádio ou televisão da era pré-digital.
Instagram ou aplicativos instantâneos como Snapchat levaram a um outro patamar
questões tão prementes nas redes sociais como o corpo e a mediação que envolve o ver e
o ser visto e as relações simbólicas que se estabelecem em torno especificamente da
pulsão escópica. Bichara nos diz:
O olhar é objeto da pulsão, ao mesmo tempo em que que ele resulta em uma
ação: o olhar agarra, ele domi- na e é constituinte do desejo. [...] Para Lacan
(1964), [...] a pulsão escópica é a própria sexualidade. A sexu- alidade, por sua
natureza, está associada ao desejo do Outro e difere, portanto, das pulsões orais
e das anais, que estão no estágio do pedido ao Outro. ( BICHARA, 2006, p.
92)

O imperativo do gozo aparece como característica marcante e definidora dessas


redes sociais que fazem das chamadas novas formas de subjetivação um impulsionador
de um consumo que sempre exige mais gozo à custa de um laço social, poderia- se dizer,
cada vez mais distendido e amorfo.
O que se convencionou chamar de exposição nas redes sociais, se revela uma
faceta inerente a essas novas formas subjetivas de expressão, que passam por uma
demanda constante do Outro:
Ao se projetar nas redes socias, o sujeito nada mais demanda que o amor do
Outro, ser fonte de desejo desse Outro, e é por meio de “curtidas”,
“comentários”, que vai se sentir desejado e amado, o que seria chamado de
gozo exibicionista, onde a fonte de satisfação olhar [...] Ao se voltar a esse
Outro ele quer algo , algo para preencher aquilo que lhe falta. Um grande
engano, pois todos os sujeitos são constituídos pela falta, ou seja, nada poderá
tamponar esse vazio da humanidade. ( ROCHA E SOUZA, 2017, p. 5)

Anda-se como que em círculos nesse mundo, onde o Outro está em toda parte, e
paradoxalmente, em lugar nenhum: falamos desse mundo como de uma cartografia sem
centro, sem demarcações, pois os sentimentos e afinidades se diluem e “tudo se
desmancha no ar”.
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Os novos modos de subjetivação do capitalismo tardio e suas ramificações no


consumo de produtos e porque não, no consumo de si mesmo e de imagens, formam o
que Baudrillard e Lipovetsky chamam de “hipermodernidade”
As redes socias são as duas faces de uma mesma moeda: um gozo que em seu
imperativo, traz o mal-estar. Pois se os modos de representação dessa hipermodernidade
demandam uma exposição incessante de afetos, esses mesmos afetos se entrechocam em
seu semblante que é negativo e ao mesmo tempo positivo, expondo a nu a contradição
entre o desejo e seu corolário de impossibilidade que pertence a todos nós, sujeitos
divididos, sempre em busca da “coisa original”, que viverá para sempre na dimensão do
impossível, por assim dizer.
Quinet (2002, p. 284) nos diz do “sou visto, logo existo”, o que nos remete à
dimensão escópica vigente nessas redes, que aliada à linguagem em si mesma, instituem
essa dimensão de vida à parte, de “império do efêmero”. A relevância da pulsão escópica
não pode deixar de ser levada em consideração em qualquer análise das redes sociais pela
ótica da psicanálise. As imagens e a linguagem nesse universo agem não só como
mediação simbólica, mas como substrato mesmo do tecido social e imaginário da internet
como um todo.
Freud (1905/1996) já nos dizia:
Por “pulsão” podemos entender, a princípio, apenas o representante psíquico
de uma fonte endossomática de estimulação que flui continuamente, para
diferenciá-la do “estímulo”, que é produzido por excitações isoladas vindas de
fora. Pulsão, portanto, é um dos conceitos de delimitação entre o anímico e o
físico. (p. 159)

Desse modo, a pulsão escópica nos leva, ainda segundo Quinet, a uma sociedade
escópica. Nesse padrão social do mundo digital os sujeitos assumem-se ao mesmo tempo
como objeto de desejo e sujeito que observa (Santos, 2016). “Nas redes sociais o sujeito
se dá a ver e assistir e, nesse palco querem ser protagonistas, coloca-se em tela um gozo
em que todos gozam e se tornam objetos de gozo.” (Santos, 2016, p. 10). Ainda Quinet
afirma que “nessa separação entre o olho e o olhar encontra-se a esquize do sujeito em
relação ao campo escópico no qual se manifesta a pulsão.” (QUINET, 2002, p. 41)
Sternik (2010, p. 31) nos lembra que:
Lacan, leitor de Freud, não busca a equivalência do corpo investigado no
modelo freudiano como pulsional, erógeno e nem tampouco orgânico – embora
nenhum desses seja desses seja desconsiderado por ele - mas o corpo vinculado
ao gozo, advindo da consequência do significante fornecido pelo Outro e
incorporado pelo sujeito, cabendo ao sujeito nomeá-lo através da linguagem.
(p. 31)
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.Pizzimenti, Silva e Estevão (2019), afirmam que o narcisismo, tal qual elaborado
na trajetória do ensino de Freud, tem como ideia básica a noção de que “o eu é portanto,
dominado pela preocupação com sua integridade enquanto imagem , e tem como missão,
a conservação de si” ( p. 91)
O corpo e suas representações nos dizem que juntamente com a linguagem,
formam, nas redes sociais, uma narrativa que é perpassada pelo imaginário, em uma
dinâmica essencialmente caracterizada pela performance. Se no senso comum,
performance é como uma tarefa destinada a um conduzir a um determinado resultado, a
performance segundo o dicionário Aulete online, também é “o desempenho de uma
exibição”.
Assim, nessa performance do sujeito das redes sociais, podemos ver uma dinâmica
de repetição que nos remete a um “sujeito das redes ”, imerso em um discurso em que o
desejo e o gozo formam um campo de discurso imprescindível para a compreensão desse
mesmo sujeito.

DESEJO E GOZO NAS REDES SOCIAIS: PERSPECTIVAS TEÓRICAS

Nas redes sociais, o desejo flutua, está sempre à espreita, está sempre à procura
de um objeto. E nesse âmbito, a libido é uma parte inerente à narrativa que se tece. De
acordo com Freud (1914 apud VALAS, 2001, p. 14), “o Eu é o grande reservatório da
libido”, e “partir do Eu, a libido se transfere para os objetos, mas fundamentalmente o
investimento do Eu pela libido permanece.” (VALAS, op. cit., p.14)
Se pensarmos as redes sociais como um “campo libidinal”, podemos levar em
consideração que a libido pode também se fixar, se concentrar em objetos, ou então,
deixá-los, substituindo um objeto por outro, como apontam Laplanche e Pontalis (1991).
Valas nos diz que “a libido para Freud conjuga o que será encontrado mais tarde em
Lacan, e conjuga-se na sua conceituação do desejo e do gozo, e mais especialmente, no
nível do gozo fálico. (VALAS, ibidem, p.15)
Para Valas (2001), desde o texto “A instância da letra no inconsciente”, de 1958,
Lacan modifica sua teoria do desejo (e do sujeito) em direção a um sujeito dividido pelo
significante e do desejo do Outro do significante. “Daí resulta que, quanto mais o sujeito
avança no caminho de realização de seu desejo, mais ele sofre os efeitos de sua destituição
subjetiva”. (VALAS, 2001, p. 16). Há essa “fragmentação” do sujeito e de seu desejo.
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Em redes sociais como o Twitter, Facebook e principalmente no Instagram,


podemos perceber como o desejo faz esse movimento que poderíamos chamar de circular
e recorrente. A linguagem e as imagens agem como a superfície de um campo onde
circula o Outro, “tão longe e tão perto”, envelopado em um imaginário em que o sujeito
dividido deseja sem cessar, e sem cessar esbarra nessa impossibilidade de não termos
acesso ao todo.
A conceituação do gozo (passando pela relação de objeto, pulsão, repetição,
narcisismo) no ensino de Lacan se dá por etapas distintas. No seminário 7, “A ética da
psicanálise”, (1959-60), “ [Lacan] afirma logo de saída sua hipótese da captura do gozo
pelo significante” (Valas, 2001, p. 28), assim, “ o seminário 7 se organiza em torno da
definição da Coisa, correlata ao real do gozo e da sua função na economia subjetiva; [...]
Lacan introduz o gozo de modo conceitual no seu ensino. (ibidem, p. 30). Danziato afirma
que
A ideia central de Lacan é que no momento em que o sujeito entra no mundo
simbólico – campo da linguagem – algo de uma perda originária se dá, já que
o simbólico não é completo, pois fundado numa falta. Toda problemática da
falta e da perda do sujeito está referida, portanto, a uma relação estrutural do
sujeito com o campo da linguagem, ou, como sugere, em sua relação com “o
significante e a lei do discurso. (DANZIATO, 2012, p. 153)

No seminário 7, Lacan trabalha extensivamente o conceito da chamada “coisa


freudiana” (Das Ding). Para Fink (1998), a “coisa” originária de Freud, que a princípio,
é explicada em termos neuronais em “Projeto para uma psicologia científica” de 1895
(como algo imutável nas percepções “que a criança tem do seio’ (p. 121), é “traduzida”
por Lacan para significantes e suas ligações em uma cadeia de significantes. Aí,
“encontramos alguma coisa [...], que permanece isolada ou sem contato com o resto da
cadeia significante, embora a cadeia necessariamente circule ao redor dela: a Coisa,
apelidada objeto a. ( Fink, ibidem, p. 121).
No seminário 16, Lacan, no contexto amplo da discussão do gozo, equipara os
conceitos de objeto a e mais-valia de Marx. Ele nos diz:
Assim como o trabalho não era novo na produção de mercadoria, a renúncia
ao gozo, cuja relação com o trabalho já não tenho que definir aqui, também
não é nova. (...) O que há de novo é existir um discurso que articula essa
renúncia, e que faz evidenciar-se nela o que chamarei de função do mais-de-
gozar. É essa a essência do discurso analítico. ( LACAN, 1968/2008, p. 17)

Será no seminário 17, “O avesso da psicanálise”(1969-1970), que Jacques Lacan


irá inserir a noção de gozo em um “campo de gozo”. Ao conceituar os “quatro discursos”,
Lacan irá explicar como o sujeito faz sua amarração no laço social, tendo como objetivo
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“propor uma nova forma de entender o estabelecimento do laço social entre os sujeitos,
no qual há uma articulação inovadora entre o campo da linguagem e o campo do gozo”
(Coelho, 2006, p. 108).

DISCURSO E CAPITAL: A MAESTRIA E AS REDES SOCIAIS

Quinet (2009) faz sucintamente um resumo da trajetória do ensino de Lacan: o


dos anos 50 (linguagem, o significante), os anos 60 (o conceito de objeto a partindo de
Das Ding) e o ensino dos anos 70, o do gozo, da topologia e dos matemas. Nos diz
Quinet:
Nesses três períodos, Lacan parte de Freud, prolongando-o;
esquematicamente, no primeiro ele parte do conceito de inconsciente e de suas
leis da fala e da linguagem; no segundo, dos conceitos de angústia e de pulsão;
e no terceiro período, dos conceitos da repetição, pulsão de morte e seus
sucedâneos ( o supereu, o mal-estar, o masoquismo). (QUINET, 2009, p. 24)

Podemos afirmar que para Lacan, “a psicanálise é uma operação no campo da


linguagem, [...] definida como uma operação no campo do gozo, ao qual Lacan batizou
com o qualificativo de seu nome: o campo lacaniano” (Quinet, ibidem, p. 25). Discurso é
“o que faz laço” (Coelho, 2006, p. 108), e esse laço percorre o sujeito não só na sua
dimensão social, mas diz do sujeito como falasser ( parlêtre).
Os diferentes discursos de Lacan: o da histérica, o do universitário, o do analista
e o do mestre, e o quinto discurso, o do capitalista, são “(...) modalidades do laço social
que representam uma estrutura necessária, as quais ultrapassam em muito a palavra.”
(MONTEIRO, 2019, p. 165). Se no seminário 11 (1964), Lacan ainda insistia no
significante como representação do sujeito para um outro significante, a partir do
seminário 16 (1968/1969), haverá uma mudança de eixo, pois Lacan irá inserir o gozo
nessa estrutura (Monteiro, ibidem). E esse mesmo autor vai nos dizer:
O que demarca o real da estrutura discursiva é o objeto a mais-de-gozar. Este
objeto sinaliza o gozo, aquilo que o sujeito tem de irrepresentável e, portanto,
sempre fracassa ao tentar representa-lo na linguagem. Trata-se de um excesso
que não cessa de não se realizar. Quanto mais falamos e produzimos palavras,
mais deixamos para trás um resto, um mais-de-gozar. (MONTEIRO, op.cit.,
p.166)

No Seminário 17, “O avesso da psicanálise” (1969/1970), Lacan trabalha


extensivamente, junto aos discursos, o conceito de mais-de-gozar. Quinet afirma que
nessa estrutura dos discursos e do campo do gozo,
Lacan estabelecerá a identificação principal do sujeito com um traço unário
vindo do Outro, o S1, o significante-mestre, matriz da identificação simbólica,
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e o S2, o significante binário, como um outro significante para o qual o sujeito


está representado. O sujeito está entre dois significantes. (QUINET, 2009, p.
25)

Se nos lembrarmos que as redes sociais são regidas não só pelo imaginário mas
também por um vazio faltoso, faz sentido que “uma vez imersos no discurso, produz-se
uma perda, uma entropia de gozo. O mais-de-gozar, nessa perspectiva, inaugura na teoria
lacaniana o campo do gozo, [...] (MONTEIRO, 2019, p. 166). Nas redes sociais, no
mundo da internet o discurso do Outro, aparece como um catalizador das trocas
simbólicas mediadas pelo mais-de-gozar. Fazendo a analogia com a mais-valia de Marx,
Lacan reitera que “o mais-de-gozar é uma função de renúncia ao gozo sob o efeito do
discurso. É isso que que dá lugar ao objeto a.” (LACAN, 1968/2008, p. 19)
Se não há uma consistência no Outro (uma consistência lógica), segundo Lacan,
o próprio mais-de-gozar é quem mostrará essa incongruência, pois quando o sujeito se
estabelece no campo do Outro, uma perda sempre acontecerá, e a repetição tentará ad
infinitum recuperá-la (Monteiro, 2019). E precisamos nos lembrar que o Outro das redes
sociais também pode ser descrito dessa forma como “[...] aquilo que diante do qual vocês
se fazem reconhecer. Mas vocês só podem se fazer reconhecer por ele porque ele é em
primeiro lugar reconhecido”. (LACAN, 1954/1985, p. 6)
Monteiro (ibidem, 2019, p. 168), ressalta que “ Marx falou de mais-valia e Lacan
(1968-1969/2008) falou de mais-gozar para apontar o índice do mal-estar da civilização”
Sustentamos que o que é chamado de rede social, visto como Chul-Han (2018) e outros
como “um sintoma da era do vazio” (Lipovetsky, 2005), é um dispositivo em que a
conclamação neoliberal do goze (e consuma/consuma-se), se faz em um universo
entrópico , em que a “desordem” do sistema é essencial para que esse funcione. Mas o
mais-de-gozar também é uma marca inerente a esse dispositivo, pois se há um imperativo
do gozo, há também a impossibilidade desse gozo de efetivar, pois “o corpo é algo que
se goza, e esse gozo (...) é, por assim dizer, produto da articulação significante, que
depende da existência do Outro.“ (Arenas, 2010, p. 237, tradução nossa)
O discurso do capitalista, que acreditamos, rege a esfera do capitalismo tardio
neoliberal da contemporaneidade, desenvolveu-se a partir do conceito do discurso do
mestre, no ensino de Lacan. Quinet (2009) afirma que todo discurso é discurso de
dominação e que “os discursos de dominação se utilizam da propriedade do poder de
comando do significante em seu caráter impositivo e até mesmo ditatorial, seja sob a
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forma de poder (S1) ou de saber (S2). (ibidem, p. 36). Assim sendo, afirma, esses
discursos de dominação têm como ápice o discurso do capitalista.
A internet e as redes sociais se validam em um espaço sem centro, e sua mais-
valia é o mais-de-gozar, pois elas vivem de um imperecível autoconsumir-se que nos
mostra que a incompletude do desejo é, nelas, valor máximo de consumo. Lacan já nos
advertia: “a falta já está aí quando falo do desejo do sujeito humano no que se refere à
sua imagem, quando falo desta relação imaginária extremamente geral que se chama
narcisismo. “(1954-1955/1985, p. 402-403). O narcisismo vai de encontro a esse sujeito
que deseja e quer gozar, mas por ser castrado e dividido, fica com um resto. O “lacrar”,
“a lacração”, no jargão das redes sociais nos remete a esse narcisismo e a essa pretensão
da realização dos desejos. Mas estes como que se dissolvem: “não há circulação do mais-
de-gozar, [...] não há somente a dimensão da entropia no que se passa pelo lado do mais-
de-gozar”. (LACAN, 1969-1970/1992, p.77)
Quinet (2009) acrescenta que o discurso do capitalista “é o laço social dominante
em nossa sociedade”. (ibidem, p. 38), sendo características desse discurso, o sujeito só
relacionar-se com os objetos-mercadoria, os quais são dominados pelo significante mestre
S1, que já não é simplesmente e meramente o senhor, mas o capital ele mesmo. “O sujeito
é reduzido a um consumidor ($) de objetos. [...] suas relações sociais não estão centradas
nos laços com outros homens, diz Baudrillard, e sim na recepção e manipulação de bens
e mensagens”. (QUINET, ibidem, p. 39)
O sujeito da rede social, porta-se com se ele mesmo fosse um “gadget”, uma
mercadoria de carne e osso, perseguindo o desejo e o gozo impossíveis: esse sujeito é o
sujeito do discurso do capitalista. As imagens que circulam nas redes sociais não são
somente imaginário e suas narrativas subjetivas implícitas, mas lembranças permanentes
das chamadas novas formas de subjetivação e seus avatares, típicos da pós-modernidade
e da era digital. O lugar social de muitas vezes “vale tudo” das relações nas redes, nos
remete ao que Quinet (2009, ibidem) chama de discurso da impessoalidade ou “discurso
do excluído”. Nas redes, o discurso social do mestre se fragmenta no discurso brutal do
capitalista que faz vínculo somente ao apelar para uma mais-valia atrelada a um mais-de-
gozar que circula como em um espelho multifacetado, que reflete a incompletude, a falta
e a repetição infinita.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A internet e as redes sociais estão indelevelmente presentes como uma espécie de


espinha dorsal do neoliberalismo vigente. Suas características intrínsecas de hiper-
realidade, circularidade e impessoalidade nos chamam a atenção tanto para sua
“arquitetura “de grande rede que conecta a tudo e a todos, mas também de, porque não,
um triunfo da técnica e do gênio humanos. Esse dispositivo panóptico ou máquina virtual
de narrativas sem fim, nos leva a várias constatações, muitas delas óbvias: as redes socias
ao mesmo tempo conectam e afastam os sujeitos devido, principalmente ao fato de que
não há contato direto, real com o outro. (Chul-Han, 2018).
Como rede mundial de computadores, operando “online”, 24 horas por dia, a
internet e seu produto mais bem acabado, as redes sociais, vai modificando para o bem e
para o mal as relações entre os sujeitos. E se ao as analisar como gadget impessoal,
dispositivo máximo de consumo, lugar do gozo onde reina o discurso do capitalista e seus
imperativos, poderíamos também pensar em como “Freud afirma o caráter contingente e
material da gênese de um desejo. As experiências fundamentais de constituição subjetiva
– prazer e dor-- dependem das circunstâncias” [...] ( FREUD, 1895, apud IANNINI, 2013,
p. 29). Dessa forma, o modo operante tanto das redes sociais como a utilização dessas
redes por esse “sujeito do discurso do capitalista”, poderão quiçá em um futuro qualquer,
em um evento da mudança do arcabouço do capitalismo, convergir para um ponto onde
o dispositivo novamente se transforme. E se Foucault (1975/2017) nos lembra sempre
que o poder é cambiante e submetido às mudanças do imaginário e das convenções
sociais, é preciso que vejamos a rede social (agora no singular, como um dispositivo ou
evento), com o olhar, quem sabe do atravessamento da fantasia.
As redes sociais cumprem seu papel de aproximar, mas em seu binarismo
constitutivo, também mergulham no engano do gozo impossível e do automatismo de
uma repetição que é seu próprio mecanismo de sobrevivência e de reinvenção constante.
Chul-Han (2018, op. cit.,) afirma que o poder da era digital se chama psicopoder, e fala
mesmo de um inconsciente digital (grifos do autor). Se a eficiência do dispositivo das
redes sociais se evidencia em sua multi-presença e sua efetividade em criar desejos e
gozos das mais variadas formas, caberia a nós perguntar: se adoecemos dessa presença, o
que faremos com ela? Se a repetição e a circularidade se dão como sintomas muito
públicos, como e porque vivemos assim? Iremos continuar a tentar capturar esse gozo
que não passa de um efeito do corpo, do significante?
Todas essas perguntas são pertinentes. Se as redes sociais são o lugar do mais-de-
gozar são também o do saber. Para onde iremos daqui?
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ABSTRACT

This paper aims to sudy, through a literature revision, on how the social networks can be
analysed using some psychoanalytical concepts taken from the teachings of Freud and
more specifically, Lacan. This theorization will have as main axes, the concepts of desire,
jouissance, drive and the lacanian concept of the capitalista speech. We will use, as well,
the writings of post-modernism theoreticians such as Lipovetsky, Baudrillard, Debord,
Bauman and Chul-Han, who give us the necessary support to establish the social networks
in their historical and social context.

So, therefore, we seek to outline, in a non- extensive manner but a specific one, the social
networks as an event or typical phenomenon of contemporaneity, which we will call
either post-modernity or late capitalism and sometimes “digital era”, to try to find an
efficient specificity and, inside this context, make a connection between the
psychoanalytical concepts and those of the post-modernism theoreticians.

KEY WORDS: social network; jouissance; discourse of the capitalist;post-


modernity

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