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Porque não há inteligência que valha se não houver estudo!

A cidade de Santiago de Compostela é um dos muitos locais de peregrinação apropriados pela


religião cristã. Escavações arqueológicas revelaram a existência de uma vila romana sob a cidade, e de
um cemitério pré-cristão e um mausoléu pagão sob a catedral de Santiago. A prática de apropriação de
locais sagrados e a importação de lendas cristianizantes eram muito comuns. O catolicismo aprendeu
cedo que é mais difícil acabar com um foco de peregrinação, ou com um local de devoção do que criar
uma lenda que o integre no catolicismo.
Mais tarde, com os focos de peregrinação ligados a relíquias que começam a surgir na Idade
Média, as práticas que lhes estão associadas assemelham-se bastante às práticas dos cultos pagãos e
surge então a necessidade de uma nova apropriação destes locais de peregrinação através da imposição
de práticas sacramentais na peregrinação. […]
Não há dúvida nenhuma que o Caminho se desenvolveu e se transformou na “autoestrada da
Europa” por causa do catolicismo e das instituições ligadas à Igreja Católica, mas o passado mais
distante, comprovado pelas escavações arqueológicas, está bem vivo para os peregrinos New Age ou
místicos. É para o antigo templo pagão que eles caminham, seguindo a rota dos antigos druidas que iam
ver o Sol apagar-se no mar em Finisterra (Charpentier, 1973).
O argumento de que a Igreja se apropriou de locais de culto anteriores ao cristianismo é usado como
estandarte pelo movimento New Age, que assim justifica a sua presença no seio de uma peregrinação
tradicionalmente católica; a herança de uma peregrinação druídica, ou mesmo celta, transformam o
caminho num percurso iniciático, místico e esotérico. Ao aproveitar alguns argumentos sobre a
sacralidade e simbolismo do caminho, veiculados pela própria Igreja, e rejeitar outros, manipula um
mecanismo socialmente reconhecido em favor dos seus interesses. […]
Ana Catarina Mendes. Peregrinos a Santiago de Compostela: uma Etnografia do Caminho Português. 2009.
1.1. A conjunção “ou” empregada na frase “ou com um local de devoção” (l. 5) tem um valor de
        (A) adição.
        (B) explicação.
        (C) alternância.
        (D) oposição.
1.2. Os fenómenos fonológicos que estiveram na base da evolução de sacratu>sagrado são
        (A) palatalização.
        (B) sonorização e síncope.
        (C) síncope.
        (D) sonorização.
1.3. A frase “que começam a surgir na Idade Média” (l. 7) é uma oração
        (A) subordinada adjetiva relativa explicativa.
        (B) subordinada substantiva completiva.
        (C) subordinada adjetiva relativa restrita.
        (D) subordinada adverbial consecutiva.
1.4. O constituinte “comprovado pelas escavações arqueológicas” da frase “mas o passado
mais distante, comprovado pelas escavações arqueológicas, está bem vivo para os peregrinos
New Age ou místicos.” (ll. 12-13) desempenha a função sintática de
        (A) modificador do nome apositivo.
        (B) modificador do grupo verbal.
        (C) complemento oblíquo.
        (D) modificador do nome restritivo.
2. Responde aos itens apresentados.
2.1. Retira do texto cinco palavras ou expressões do campo lexical de “peregrinação”.
2.2. Identifica a função sintática do segmento sublinhado em "A prática de apropriação de
locais sagrados e a importação de lendas cristianizantes eram muito comuns". (ll.3-4).

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