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Linguagens de Vasta

Escrita Enodiana

1. VISÃO GERAL
• Origem: A escrita Enodiana surgiu du- mentam a complexidade da escrita. A vari-
rante a Era das Trevas, no Império de Si- edade de formas de aglomeração de ca-
nod. Estima-se que sua data de criação seja racteres dota o sistema de escrita de uma
por volta do ano 950 da Era das Trevas dificuldade moderada.
(2580 DG). • Finalidade original: O objetivo original
• Criador: Segundo os manuscritos encon- da criação do sistema de escrita Enodiano
trados da antiga civilização sinoda e princi- foi o de escrever o idioma Enodiano. Entre-
palmente o Livro Negro, o criador de todo tanto, na civilização Sinoda, o domínio da
o sistema de escrita foi o próprio impera- escrita era um privilégio detido apenas pe-
dor Enod. Contudo, essa informação pode los escribas, bruxos e sacerdotes do Impé-
não ser correta, uma vez que Enod era rio. Os glifos Enodianos foram utilizados
adorado por seu povo como um deus vivo, predominantemente para registrar even-
e muitas vezes quaisquer conquistas ou tos históricos (pelos escribas), imortalizar
triunfos relacionados ao império eram atri- conhecimentos religiosos (pelos sacerdo-
buídos ao imperador. tes) e compor feitiços e símbolos mágicos
• Idioma vinculado: A escrita Enodiana foi (pelos bruxos e conjuradores).
desenvolvida especialmente para escrever • Finalidade atual: Muito embora a civili-
o idioma Enodiano. zação Sinodita tenha sido extinta ainda na
• Estética: Uma das grandes característi- Era das Trevas, não se pode dizer que o sis-
cas estéticas da escrita Enodiana é a deli- tema de escrita Enodiano esteja extinto ou
cadeza de seus traços, sempre reproduzi- seja uma escrita morta. Como o Império de
dos com fina caligrafia. Dotado principal- Sinod marcou o local e época de surgi-
mente de traços curvilíneos e fluidos, para mento da magia arcana, tradicionalmente
qualquer leitor transmite uma aparência o sistema de escrita Enodiano passou a ser
de austeridade e beleza. utilizado pelos magos e arcanistas em ge-
• Dificuldade: Os caracteres da escrita ral para anotação de magias em grimórios
Enodiana, embora individualmente sim- e composição de selos e símbolos mágicos
ples, aglomeram-se em grupos que au- diversos.

© Bruno Moraes Alves


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2. LEITURA
A escrita Enodiana é composta de 46 caracteres no total, sendo 33 caracteres que represen-
tam fonemas autônomos, 6 caracteres moduladores que modificam a pronúncia de alguns
dos fonemas e 7 caracteres de pontuação e dinamismo.

CARACTERES FONÉTICOS
 (ɶ) A E I O Ô (ɵ) U

B C D R T Y H

K TH (ð) S SS (ç) M P G

J Z V W Q TH (θ) X

LH (ʎ) L F NH (ɲ) N

CARACTERES MODULADORES
S (ao final) N (acima de N (abaixo de Acento Agudo Acento Grave Circunflexo
vogal) vogal)

CARACTERES DE PONTUAÇÃO E DINAMISMO


Vírgula Exclamação Ponto Interrogação Hífen Apóstrofo Sobrescrito/
Subscrito

Existem 7 vogais: â (ɶ), a, e, i, o, ô (ɵ), u. As vogais com sons menos comuns foram acompa-
nhadas da grafia recomendada pelo Alfabeto Fonético Internacional (IPA).
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A primeira vogal, â (ɶ), soa como o primeiro a na palavra câmara. A segunda vogal soa como
o a em casa. A terceira vogal pode soar tanto como e em elétrico quanto como em tempero.
A vogal i soa exatamente como em igreja. A vogal o, como em ótico. A vogal ô (ɵ) soa como
o em aeroporto. Por fim, a vogal u soa como em universidade.
Há também 26 consoantes: b, c, d, r, t, y, h, k, th (ð), s, ss (ç), m, p, g, j, z, v, w, q, th (θ), x, lh
(ʎ), l, f, nh (ɲ) e n. As consoantes com sons menos comuns foram acompanhadas da grafia
recomendada pelo Alfabeto Fonético Internacional (IPA). As consoantes sem o símbolo IPA
do lado têm a mesma sonoridade padrão do português ou do inglês. Aquelas com o símbolo,
contudo, merecem atenção especial.
A consoante th (ð) soa como th na palavra em inglês the. A consoante ss (ç) soa como o ch
na palavra em alemão ich. A consoante th (θ) soa como th na palavra em inglês thumb. A
consoante lh (ʎ) soa como lh na palavra em português galho. E a consoante nh (ɲ) soa como
nh na palavra em português manhã.

3. ESCRITA
Os caracteres variam em dois tamanhos diferentes. As sete vogais ocupam apenas meia al-
tura, enquanto consoantes podem tanto apresentar tamanho de altura inteira quanto meia
altura. Dessa forma, os caracteres que ocupam meia altura podem ser empilhados em dupla,
enquanto os caracteres que ocupam altura inteira precisam de um espaço exclusivo para
eles.

3.1. A orientação do texto


O Enodiano se escreve da esquerda para a direita e de cima para baixo. O que é incomum,
contudo, é que os caracteres de tamanho menor permitem que duas linhas verticais sejam
escritas antes do próximo caractere de tamanho maior.

3.2. Ordenando caracteres maiores e menores


O primeiro ponto deve ser na organização dos caracteres menores e maiores. Observe a
grafia da palavra magia.
Os caracteres utilizados são, respectivamente, os seguintes:

M (1 altura), A (½ altura), G (1 altura), I (½ altura) e A (½ altura)


Como resultado, temos a seguinte organização

, ou seja,
É importante perceber que o primeiro A, por não ter nenhum caractere de meia altura em
seguida, fica sozinho antes do G. É isso que deve acontecer – o caractere não deve ficar em-
baixo sozinho, e sim em cima.

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3.3. Acentuação
Vogais podem ser acentuadas. Embora normalmente no Enodiano esses caracteres diacríti-
cos não existam, a utilização do sistema de escrita Enodiano para escrever outras línguas
pode demandar isso da escrita – e por esse motivo, esses diacríticos foram desenvolvidos.
As vogais podem receber acento agudo (´), grave (`), circunflexo (^), e podem também re-
ceber uma nasalização especial, parecida com aquela realizada pelo til (~), além de uma atí-
pica situação de “pluralização” ou utilização de s após vogal.
Acontece que, como as vogais são caracteres de meia altura, sua posição no texto pode mu-
dar (podem estar em cima ou embaixo). Da mesma forma, o diacrítico terá de mudar sua
posição.

Acento agudo (´)


Observe as palavras água e gráfico:

Pode-se perceber que ambas as palavras foram acentuadas com acento agudo (´) na vogal
a. Acontece que no primeiro caso, em água, devido ao fato de a vogal estar na linha superior,
o acento é posicionado acima da vogal.

(Diacrítico acima da vogal)


No segundo caso, em gráfico, como a vogal está na linha inferior, o acento é posicionado
abaixo da vogal. A mesma regra serve para as demais vogais. Consoantes, naturalmente, não
são acentuadas.

(Diacrítico abaixo da vogal)

Acento grave (`)


O mesmo vale para os casos de utilização do acento grave.
Observe a grafia das palavras Àquela e Après (depois, em francês):

(diacrítico acima) (diacrítico abaixo)

Circunflexo (^)
Algumas situações especiais podem ocorrer no emprego do circunflexo (^). Como existem
duas vogais que representam uma vogal mais fechada – no caso, o â (ɶ) e o ô (ɵ) – é possível
que se escreva com a utilização do diacrítico ou não quando se estiver escrevendo palavras
que contenham essas vogais com o circunflexo.

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A palavra purê , por ter o diacrítico circunflexo (^) na letra e, que está na linha de
baixo da palavra, deve posicionar o sinal diacrítico também na linha de baixo, por baixo da
vogal – exatamente como acontece com o acento agudo e o acento grave.

A palavra alô tanto pode ser escrita assim quanto assim , já que a vogal o
pode ter o diacrítico circunflexo (^) adicionado para fechar o seu som “ô”, mas também
existe a vogal ɵ que já representa o “o” fechado.
A palavra câmara partilha de circunstância similar, uma vez que o a fechado pode ser escrito
tanto como â quanto como ɶ.

Ou seja, câmara pode tanto ser escrito assim quanto assim .

Nasalização (~)
A escrita Enodiana também possui um diacrítico para a nasalização, como o diacrítico til (~)
utilizado em alguns idiomas. Entretanto, como será explicado mais adiante, a utilização
desse diacrítico pode servir para fazer uma transliteração fonética fiel – e não apenas para
reproduzir palavras graficamente idênticas a como se escrevem em seu idioma nativo.
De qualquer forma, o posicionamento do diacrítico nasal segue a mesma lógica dos anterio-
res: quando a vogal estiver na linha de cima, o diacrítico é posicionado acima da vogal.
Quando a vogal estiver na linha de baixo, o diacrítico é posicionado abaixo da vogal.

A palavra amanhã , com o diacrítico acima da última vogal a

A palavra cristã , com o diacrítico abaixo da última vogal a

Pluralização (S ao final)
Outro sinal que pode ser adicionado à escrita Enodiana consiste no acréscimo de um s ao
final das palavras, como uma forma de simplificação dos plurais. No caso, a adição do carac-

tere ao final de uma palavra indica que ela termina em s.


Observe o acréscimo na palavra relâmpago:

(relâmpago) (relâmpagos)
Nesse caso, percebe-se que o acréscimo da pluralização é feita em uma vogal na linha supe-
rior da palavra. O mesmo pode acontecer na linha inferior:

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(culturas) (destaque da pluralização em culturas)


E a premissa é válida para qualquer vogal:

(abutres) (encontros) (crus) (mais)


É interessante notar que na pluralização da vogal i há, inclusive, uma sutil modificação no
símbolo diacrítico do s.d

3.4. Pontuação
Não há dificuldades ou complicações na utilização de pontuação no sistema de escrita Eno-
diano. Talvez o único ponto que mereça alguma atenção seja a “altura” do posicionamento
da pontuação na linha do texto.

“Ao longe, Enod avistou a ave.”


Destaque para a vírgula (,), em vermelho, e para o ponto final (.), em azul. Perceba que o
alinhamento da pontuação é feito na altura média das palavras – nem no topo nem embaixo.
Isso ajuda sobremaneira a leitura a fim de evitar a pontuação com vogais ou consoantes me-
nores.

“Escuta-me, E’henod!”
Na frase acima, é interessante destacar o hífen (-), em verde, o apóstrofo (‘), em azul, e a
exclamação (!), em vermelho.

Apóstrofo
Assim como os sinais diacríticos moduladores de fonemas, o apóstrofo é posicionado acima
ou abaixo, a depender de que letra esteja acompanhando:

(Jennifer’s)
Observe que o apóstrofo nessa palavra aparece embaixo, justamente para acompanhar a
consoante pequena r, que está na linha de baixo da palavra.

Traço sobrescrito e subscrito


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O sistema de escrita Enodiano também possui um sinal gráfico que representa a repetição
de letras, normalmente o que ocorre no caso de dígrafos. O sinal é , que pode ser loca-
lizado acima de uma letra repetida (em caso de uma vogal que esteja na linha de cima, consoante
pequena que esteja na linha de cima ou mesmo consoante grande) ou abaixo de uma letra que se
repete (em caso de uma vogal na linha de baixo ou uma consoante pequena na linha de baixo).
Veja os exemplos a seguir:

(torre): O traço acima da letra r indica que há uma repetição de letras, ou seja,
um rr no lugar.

(pássaro) (carro)
Entretanto, esse tipo de recurso só é utilizado quando se pretende executar uma grafia lite-
ral das palavras. É possível – e, até certo ponto, recomendável, para uma leitura mais rápida
e fluida, independentemente de qual idioma o Enodiano for utilizado para escrever – execu-
tar uma grafia fonética das palavras.

3.5. Escrita fonética, e não literal – A grafia simplificada


Ao se propor a escrever de modo fonético, e não literal, é possível se aproximar ao máximo
de uma escrita com caráter mais inclusiva. É certo que, para fins de preciosismo gramatical,
a grafia polida e correta das palavras é importante – entretanto, quando o objetivo é mera-
mente que haja uma leitura mais fiel possível às entonações e pronúncias das palavras, é
mais recomendado escrever de modo fonético, e não literal.
Conjuradores, em especial, fazem isso quando anotam feitiços e magias em seus grimórios,
pois, como se pode imaginar, existem palavras mágicas em muitos idiomas diferentes – e é
muito possível que o conjurador não conheça todos eles. Apesar disso, preferirá não correr
o risco de falhar na conjuração simplesmente porque não soube pronunciar corretamente
as palavras mágicas.
Para ilustrar melhor a conveniência do uso de escrita fonética, imagine um indivíduo cujo
idioma natal seja o português tentando ler uma longa frase em inglês. Ele terá grande difi-
culdade para fazê-lo caso não conheça o idioma inglês – e quase certamente errará a pro-
núncia de inúmeras palavras. Contudo, caso seja feita uma escrita fonética, as chances de
realizar uma leitura mais fiel à pronúncia correta são bem maiores.

O caso do “S” e do “C”


Nos casos em que a letra c for pronunciado como s, uma escrita fonética pode ignorar a
grafia correta e simplesmente considerar que se trata de um s no lugar.
Por exemplo, a palavra censura, que é escrita com c, pode ser escrita com s. Isso possibilitaria
mesmo a indivíduos nativos em outros idiomas tivessem mais facilidade em compreender
que aquele caractere tem som de s.

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(se o objetivo for facilitar a leitura de qualquer indivíduo – falante de qualquer idioma – por que
não trocar a grafia de censura para sẽsura? Além de facilitar a leitura, facilita também a escrita.)

O caso do “H” mudo e “H” com som de “R”


Se você pretender realizar uma grafia fonética, em vez de literal, o h quase sempre será des-
necessário.

(A longa e complexa grafia de hambúrguer pode ser substituída pela grafia simplificada de
hãbúrger, inclusive adotando o som de g como independente do u para produzir seu fonema
original)

O caso do “X” com som de “Z”

(execução) (ezecusão)
(A palavra execução poderia facilmente ser escrita como ezecusão, permitindo ao leitor leigo
na linguagem realizar uma leitura com muito mais precisão. Afinal, com a grafia original, pode-
se erroneamente induzir à pronúncia echecucão ou similar).

O caso do “CH” e do “X”


O dígrafo ch pode ser substituído por um x, reduzindo um caractere da palavra e facilitando
a leitura.

(cachorro) (caxôru)
É evidente que não existem “regras” gramaticais quando o objetivo é simplesmente propor
uma leitura mais aproximada possível da pronúncia real.

O caso do “TH” dígrafo e do “ð” e “θ”


Em línguas como o inglês, o dígrafo “th” pode possuir sons diferentes. É o caso do th como
na palavra the, em que o th possui um som vozeado, e thumb, em que o th possui um som
não vozeado.

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Como há um símbolo único para cada um desses dois fonemas, é mais prudente escrever
essas palavras de forma simplificada: ðe e θumb.

A necessidade/desnecessidade de diacríticos
As regras até aqui descritas traduzem ideias de facilitação da leitura por meio de uma escrita
simplificada. Pode ser oportuno pensar que o uso de diacríticos, em muitos casos, pode ser
desnecessário – principalmente quando se forem consideradas as vogais que possuem sons
mais abertos e mais fechados.

Não há necessidade de escrever â em Enodiano dessa forma , se é possível escrever desta:

A utilização de sinais diacríticos pode reduzir a fluidez e a velocidade de leitura, pois pode
atrasar o raciocínio do leitor no sentido de diferir o som padrão do som modulado. Quando
se internaliza essa noção, passa-se a ver a utilização de sinais diacríticos em uma grafia sim-
plificada como necessária somente quando a leitura exigir a definição de uma sílaba tônica
(importante para a cadência de leitura) ou mesmo quando aquele som não puder ser repro-
duzido de uma forma diferente com um símbolo único.

A necessidade/desnecessidade de dígrafos
Se a utilização de diacríticos pode ser desnecessária, ainda mais desnecessária pode ser a
utilização de dígrafos numa escrita simplificada. Se é + m pode ser reproduzido como ẽ na
palavra também, é muito mais simples escrever desta forma (ẽ), já que é mais rápido e fácil
de ler e escrever.
O mesmo vale para o dígrafo sc em discípulo, xc em exceção, qu em queda, gu em guerra, e
muitos outros.
Quando estiver escrevendo de forma simplificada, use a prudência para guiar sua forma de
escrita, sempre pensando em facilitar a pronúncia do leitor cosmopolita.

4. EXEMPLO DE TEXTO
Para se ter uma melhor noção da funcionalidade do sistema de escrita Enodiano, segue um
texto abaixo. Por meio dele, pode-se verificar o quão orgânica é a escrita simplificada e tam-
bém ter uma noção melhor da estética do alfabeto de maneira panorâmica:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais


em dignidade e direitos. São dotados de razão
e consciência e devem agir em relação uns aos
outros com espírito de fraternidade.

© Bruno Moraes Alves

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