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CONTRACEPTIVOS ORAIS

Anatomia e fisiologia do sistema reprodutor feminino – revisão

Estrogênios naturais

 Estradiol
 Estrona
 Estriol

Estrogênios sintéticos

 Alterações químicas nos estrogênios naturais – aumento da eficácia oral

Estrogênio e contracepção

 1960 – EUA
 10mcg progesterona (noretiodrel) + 150mcg de estrogênio ( mestranol)
 Retirado do mercado após 3 anos devido a alta incidência de tromboembolismo
 Etinilestradiol: concentração < 50mcg
 Surgiu também o contraceptivo somente a base de progesterona

Farmacocinética dos Estrogênios

 Na circulação sanguínea, o estradiol liga-se à alfa 2 – globulina


 Fração livre e fisiologicamente ativa
 Convertido em estrona e estriol pelo fígado
 Metabólitos conjugados ( hidrofílicos) – excretados na bile
 Esses conjugados podem ser hidroxilados no intestino a compostos ativos e reabsorvíveis

Circulação é entero-hepatica

 Maior tempo de efeito x efeitos hepáticos (adversos)


 Aumento dos fatores de coagulação
 Aumento do substrato renina plasmática
 Efeitos minimizados quando administrados por outras vias, que não a VO , intramuscular e
transdermica

Efeitos dos estrogênios

 Maturação sexual da mulher: vagina, útero e tubas uterinas; caracteres sexuais secundários
 Fechamento das epífises de ossos longos
 Alteração na distribuição de gordura corporal
 Pigmentação da pele
 Desenvolvimento do revestimento endometrial uterino ( hiperplasia)
 Diminuição da reabsorção óssea
 Manutenção da estrutura e funções normais da pele e vasos sanguíneos
 Alteração da composição lipídica plasmática: aumento do HDL, ligeira redução do LDL, redução do
colesterol
 Aumentam a coagulação sanguínea – aumento dos fatores de coagulação e diminuição da
antitrombina III
 Edema

USOS CLÍNICOS DO ESTROGENIO

 Hipogonadismo primário
 Teriapia de reposição hormonal pós menopausa
 Contracepção ( uso combinado com progesteronas)

PROGESTERONAS (PROGESTINAS)

PROGESTERONAS SINTÉTICAS

 1 geração: noretindrona, norgestrenona


 2 geração: nogestrel, levonorgestrel
 3 geração: desogestrel, gestodeno, norgestimato ( menor efeito androgênico)
 17- hidroxiprogesterona : medroxiprogesterona; megestrol, ciproterona, ( maior efeito
antiandrogenico)

Quanto mais androgênica for a progesterona, maior o efeito sinérgico com o estrogênio em relação a
ocorrência de tromboembolismo

As progesteronas isoladas afetam menos o sistema de coagulação e, por isso , são indicadas para pacientes
em situações especiais

Farmacocinética da progesterona

 Meia vida = 5 minutos


 Quase totalmente metabolizada pelo efeito de 1ª passagem no fígado
 Por isso é ineficaz na dose habitual pela via oral
 Formulações: progesterona micronizada

Efeitos da progesterona

 Favorece a deposição de gordura


 Aumenta os níveis basais de insulina e a resposta a glicose
 Promove armazenamento de glicogênio
 Aumenta temperatura corporal
 Efeitos depressores e hipnóticos sobre o cérebro
 Induz a maturação e as alterações secretoras do endométrio, observadas após a ovulação
 Compete com a aldosterona – diminui reabsorção de sódio e agua

Usos clínicos da progesterona

 Contracepção hormonal
 Terapia de reposição hormonal
 Promoção de retardo menstrual

CONTRACEPÇÃO HORMONAL VIA ORAL

Tipos de preparações

1 – Associação: estrogênio + progesterona

 Contraceptivos combinados

Monofásicos - Os monofásicos são quando há em todos os comprimidos a mesma dose de estrógeno e


progestágeno, como o caso de MICROVLAR, que tem 150ug de levonorgestrel 330ug de etinilestradiol

Bifásicos - duas doses de comprimidos durante o uso em 21 dias, como o Gracial.

Trifásicos ( muda concentração de progesterona) - ao longo de 21 dias, temos 3 diferentes doses nos
comprimidos. **os trifásicos não são mais modernos que os monofásicos.

 Supondo que a mulher nunca fez isso – iniciados começo de cada ciclo (até o 5º dia)

2- Terapia contínua com progesterona

 Minipílulas

FARMACOCINÉTICA

As preparações de uso pela via oral são adequadamente absorvidos

INTERAÇÕES

 A flora intestinal normal aumenta o ciclo entero- hepático e a biodisponibilidade dos estrogênios
 Pode haver menor eficácia dos contraceptivos orais quando em associação com terapia
antimicrobiana
 Antibióticos interferem na absorção de ACO - o ATB supostamente aumentaria a metabolização
hepática do anticoncepcional, tornando-o menos disponível. Ou tbm pode ser devido a uma alteração
na flora intestinal, haja vista que os Anticoncepcionais após metabolizados pelo figado são
excretados na bile depois reabsorvidos no intestino. Então se a flora não estiver adequada pode sofrer
alterações em seu metabolismo.

Mecanismo de ação dos contraceptivos combinados

Estrogênio + Progesterona

Inibição seletiva da função hipofisária ( LH e FSH)

 1 – Inibição da ovulação
 2- alteração no muco cervical
 3 – alteração no endométrio uterino
 4 – alteração da motilidade e secreção das tubas uterinas
Isso leva a menor probabilidade de concepção e menor probabilidade de implantaçao

EFEITOS CONTRACEPTIVOS COMBINADOS

Ovários

 Deprime a função ovariana: mínimo desenvolvimento folicular


 Ovários menores
 2% das pacientes permanecem amenorreicas até vários anos após a interrupção

Útero

 Hipertrofia de colo uterino

Mamas

 Aumento no tamanho das mamas


 Supressão da lactação
 Quantidade insignificante passa para o leite

Sangue

 Aumento dos fatores de coagulação


 Redução da antitrombina III
 Aumento do nível sérico de ferro e na capacidade de ligação de ferro

Fígado

 Aumento de alfa2- globulina e fibrinogênio


 O nível de estrogênio na gravidez ou no uso de contraceptivos: reduz o fluxo de bile e altera sua
composição – aumento na colelitiase
 Aumento de colesterol e triglicerídeos
 Aumento de HDL
 Redução de LDL

Sistema cardiovascular

 Aumento no debito cardíaco, aumento da PA sistólica e diatólica e aumento da FC

Pele

 Aumento da pigmentação da pele ( cloasma)


 Diminuição da Acne

USOS CLÍNICOS

CONTRACEPÇÃO ORAL

Taxa de gravidez 1 em cada 100 mulheres/ano

Falha:

 Omissão de doses
 Uso de fenitoina , ATB

Endometriose

 Alívio da dismenorreia grave ; piora pelo uso prolongado


 Impede a eliminação periódica do tecido endometrial

Sindrome do ovário policístico

 Causa desconhecida ( hiperinsulinemia). Metformina e contraceptivos


 Ocorre excesso de hormônios androgênicos – hirsutismo, acne, alopecia, pele oleosa

Cólicas

Sangramento intenso

Anemia

EFEITOS ADVERSOS DISCRETOS

 Náusea
 Sangramento inesperado
 Edema
 Opções -- > redução na dose de estrogênio; escolha de progesterona menos androgênica

EFEITOS ADVEROSOS MODERADOS

Podem exigir a interrupção do uso dos contraceptivos orais

 Sangramento inesperado  principalmente decorrente do uso de progestrinas isoladas;


contraceptivos orais bifásicos e trifásicos diminuem o sangramento inesperado ( aumento da
progesterona, somente)
 Ganho de peso e hirsutismo – progestrinas androgênicas
 Aumento da pigmentação cutânea
 Acne
 Infecções vaginais
 Amenorreia

EFEITOS ADVERSOS GRAVES

 Doença tromboembólica venosa


o Relacionada do estrogênio
o Fatores predisponentes: estase sanguínea, fatores genéticos
o Ocorrência pregressa e histórico familiar – identificação de paciente com risco
 IAM
 AVE
 Distúrbios gastrointestinais - adenoma hepático; doença intestinal isquêmica
 Icterícia colestática
 Depressão
 Câncer  mama : risco aumentado em mulheres jovens; reduzem o risco de ca ovariano e
endometrial
EFEITOS COLATERAIS DE CURTO PRAZO:

- Irritação da mucosa gástrica (E)

- Inibição da lactação (E)

- Enxaqueca (E)

- Sedação (P)

EFEITOS COLATERAIS DE MÉDIO E LONGO PRAZO:

**as moléculas de estradiol e progesterona são muito semelhantes as moléculas de cortisol e aldosterona e
testosterona, logo em altas doses há um efeito mineralocorticoide e glicocorticoide dos estrógenos e
progestágenos.

- Aumento da pressão arterial (estrógeno ativa o sistema SRA e progestágeno favorece retenção de
líquidos)

- Redução da tolerância à glicose

- Maior risco de câncer de mama (E)

- Tromboembolismo (E)

- Hiperlipidemia (E) (logo, temos um aumento do risco de doenças cardiovasculares).

Contraindicações gerais:

- Trombose ou antecedentes, doença hepática atual ou antecedentes, presença ou antecedentes de tumores


hepáticos, diagnóstico ou suspeita de neoplasias genitais ou mamas, sangramento vaginal não
diagnosticado e gravidez ou suspeita.

Contraindicações após 35 anos: história de angina, tabagismo, obesidade, diabetes, dislipidemia.

**Os contraceptivos que apresentam maior dose são os que apresentam maior eficácia. Contudo, os que
apresentam menores doses são aqueles que apresentam menores chances de efeitos colaterais.

Preparações parenterais

 Adesivos de liberação transdermico


 Injetáveis combinados

CONTRAINDICAÇÕES E PRECAUÇÕES

 Adolescentes ( fechamento incompleto das epífises)

CONTRACEPÇÃO APENAS COM PROGESTERONA

 Útil em pacientes com doença hepática, hipertensão, psicose ou retardo mental , tromboembolia
anterior
 Efeitos colaterais -- Cefaleia, tontura, distensão e ganho de peso, redução ( reversível ) da
intolerância a glicose
 Mulheres que não toleram estrogênios ou que estejam amamentando

USO CLÍNICO

 Contracepção hormonal
 Isoladamente, em alta dose, via parenteral
 Medroxiprogesterona 150mg, IM, a cada 90 dias (efeito máximo de 14 semanas)
 Tratamento de dismenorreia, endometriose

USO CORRETO DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL

Deve-se iniciar o uso da pílula no 1º dia da menstruação.A maioria dos contraceptivos orais apresenta 21
comprimidos e segue-se uma pausa de 7 dias. As pílulas de muito baixa dosagem devem ser tomadas por 24
dias, com pausa de 4 dias. Pode –se também fazer uso contínuo dos contraceptivos orais combinados. No
caso de esquecimento de 1 comprimido em menos de 24 hora, deve-se ingeri-lo imediatamente e os
subsequentes no horário habitual. Após 24 horas, ingerem-se 2 drágeas no horário habitual. Caso sejam
esquecidos mais de 2 comprimidos, não se devem tomar 3 de uma vez. Nesse caso, dependendo da situação,
pode-se suspender o uso e iniciar nova cartela de menstruação. Em qualquer caso de esquecimento, podem
ocorrer spotting (sangramento) ou o escape ovulatório. Sendo assim, orienta-se o uso concomitante de
métodos de barreira

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