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Manual do Aluno
Educação Moral e Religiosa Católica
8.2 ano do Ensino Básico
Coordenação Geral
Cristina Sá Carvalho
Coordenação de Ciclo
Fernando Moita
Equipa de Autores
António Cordeiro
Fernando Moita
José Luís Dias
Margarida Portugal
Revisão Ortográfica
Gráfica Almondina
Imagens
Dreamstime
Wikipédia
Edição e Propriedade
Fundação Secretariado Nacional da Educação Cristã - Lisboa, 2015
Impressão
Gráfica Almondina - Torres Novas
Aprovação
Conferência Episcopal Portuguesa
É com grande alegria que vos entregamos os manuais de Educação Moral e Religiosa Católica, que foram preparados
para lecionar o novo Programa da disciplina, na sua edição de 2014. O que aqui encontrareis procura ajudar, cada um dos
alunos e das alunas que frequentam a disciplina, a «posicionar-se, pessoalmente, frente ao fenómeno religioso e agir com
responsabilidade e coerência», tal como a Conferência Episcopal Portuguesa definiu como grande finalidade da disciplina*.
Para tal, realizou-se um extenso trabalho que pretende, de forma pedagogicamente adequada e cientificamente significativa,
contribuir com seriedade para a educação integral das crianças e dos jovens do nosso País.
Esta tarefa, realizada sob a superior orientação da Conferência Episcopal Portuguesa, a responsabilidade da Comissão
Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé e a dedicação permanente do Secretariado Nacional da Educação Cristã,
envolveu uma extensa e motivada equipa de trabalho. Queremos, pois, agradecer aos autores dos textos e aos artistas que
elaboraram a montagem dos mesmos, pelo seu entusiasmo permanente e pela qualidade do resultado final. Também referimos,
com apreço e gratidão, os docentes que experimentaram e comentaram os manuais, ainda durante a sua execução, e o contributo
insubstituível dos Secretariados Diocesanos responsáveis pela disciplina na Igreja local. E a todos os docentes de Educação
Moral e Religiosa Católica, não só entregamos estes indispensáveis instrumentos pedagógicos como aproveitamos esta feliz
ocasião para sublinhar a relevância do seu fundamental papel, nas escolas e na formação das suas alunas e dos seus alunos, e
testemunhamos o nosso reconhecimento pelo seu extenso compromisso pastoral na sociedade portuguesa.
Do mesmo modo, estamos agradecidos às Famílias, porque desejam o melhor para os seus filhos e filhas e, nesse contexto,
escolhem a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica como um importante contributo para a formação e o
desenvolvimento pleno e feliz dos seus jovens. Os jovens conformam o nosso futuro comum e o empenho sério na sua
educação é sempre uma garantia de uma sociedade mais bondosa, mais bela e mais justa.
Finalmente, queridas crianças e queridos jovens, a Igreja quer ir ao vosso encontro, estar convosco, ajudar-vos a viver bem
e, nesse sentido, colaborar com o esforço de construção de um mundo melhor a que sois chamados, enraizados e firmes
(cf. Col 2, 7) na proposta de vida que Jesus Cristo tem para cada um de vós. É esse o horizonte de vida, de missão e de futuro,
a construir convosco, que nos propomos realizar com a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.
Em nome da Conferência Episcopal Portuguesa e no nosso próprio, saudamos todas as alunas e todos os alunos de Educação
Moral e Religiosa Católica de Portugal com alegria e esperança,
*Conferência Episcopal Portuguesa, (2006), Educação Moral e Religiosa Católica —Um valioso contributo para afirmação da personalidade, n. 6.
p•
Bem v a o ( a . ) o..o5",•2 okKof
Nesta Kovo,
o, sci.pU4.oL ae E4uco,5a1.o Morai e Rellgloso, ColaLco,
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Abro,5o o,m1go
Os o,ukores
Unidade letiva 1 - O A m o r
Amor e fecundidade humana 9
Paternidade e maternidade responsáveis 2 0
Mensagem bíblica sobre o amor e a fecundidade 25
A alegria do amor 2 8
O Amor
Unidade letiva 1
Amor e fecundidade humana
Paternidade e maternidade responsáveis
Mensagem bíblica sobre o amor e a fecundidade
A alegria do amor
8
olá.
Fomos cokividados para 1-e apreserar esl-a oilidade
leiva sobre o amor e é com 3rar)de prazer 9ue o
Cozemos.
&mosumcasalapaixonado.Anossavidaérnavcaolapeloamor:amoràvida,aos
aos pobres._ a Deus.
A Mewia Y)asceu erii Florehca, a o de 1221-1. Po, proressora, escril-ora
e apaixoklada pelas 3rarKles causas Preocupou-se sempre com os mais
r)ecessil-ados e r)a se3uhela 3uerra mu i a ! I-rabali,ou como edermeira
volor)i-ária da Cruz Vermellia
decisão de levar a 3ravidez al-é ao rim e ela nasceu Core e bela. Durar)[-e a
se3ulida 3uerra morglal acolliemos reCujiados na nossa casa; os nossos i l os
pa4icipavam nesacliklamica e cJelição aos mais liecessil-ados e, após a 3ueYra,
ajudaram também na recorisl-rução de casas rios bairros pobres de Roma. Apesar
das coyll-rariedades C00103 sempre unia raniília fnuÁ-0 Cel;z onde r)erdium problema
era resolvido sem diál03o e 9ue se pedisse a ajuda de Deus.
Não é fácil definir o amor. Mas também não é difícil exprimir o que é amar:
amar é entrar em sintonia; é estimar muito. Amar é, sobretudo, querer o bem
do outro e agir de acordo com esta vontade; no limite, amar é ser capaz de se
sacrificar pela felicidade da pessoa amada.
Muito mais do que simples sentimento, o amoré uma decisão: é uma deliberação
pessoal que envolve não só as emoções, mas também a razão e a vontade. Love, Robert Clark
(Artista plástico contemporâneo)
10
Doc_l J i t
Afetiv! '
A afetividade é uma riqueza extraordinária que nos permite emocionarmo-nos
com um espetáculo grandioso ou com o sofrimento de alguém, que nos faz
vibrar de prazer perante uma obra de arte ou com a alegria de um amigo. Mas
entregue às suas próprias iniciativas, a afetividade, só por si, pode reduzir o ser
humano a um estado selvagem.
Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, achamos que uma pessoa
tem razão só porque gostamos dela e que uma outra não tem razão porque
não a suportamos!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade,
estudamos bem com o professor X apenas porque ele é simpático!? Quantas
vezes, movidos unicamente pela afetividade, ficamos furiosos só porque uma
censura justa nos feriu ou porque achamos que ninguém repara nos nossos
esforços!? Quantas vezes, movidos unicamente pela afetividade, criamos
situações injustas, mal-entendidos absurdos e desfazemos laços de amizade!?
A afetividade é uma dimensão fundamental, mas a pessoa é também
1. Comenta a inteligência e vontade (autodeterminação); e para que a ação humana seja
afirmação: "Muito eticamente boa estas três dimensões devem caminhar juntas. Isoladas,
mais do que simples conduzem a pessoa a um beco sem saída. A afetividade, bem orientada pela
sentimento, o amor é inteligência, torna o ser humano capaz de amar e de ajudar os outros.
uma decisão". Adaptado de Sentido Único
Doci
t)o
Amor
Então Almitra disse: Fala-nos do Amor. E ele levantou a cabeça, olhou o povo e
disse com voz forte: Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus
caminhos sejam duros e escarpados.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada
escondida na sua plumagem vos possa ferir.
Equando vos falar, acreditai nele; apesar de a sua voz poder quebrar os vossos
sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins.
Pois o amor, coroando-vos, também vos crucificará. O amor só dá de si mesmo
e só recebe de si mesmo. O amor não possui nem quer ser possuído. Porque
o amor basta ao amor. Quando amardes, não digais: Deus está n o meu
coração, mas antes: Eu estou no coração de Deus.
Excertos de «Sobre o Amor)),
Khaiii Gibran (1883-1931), O Profeta
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12
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NIRO.
Amor platónico é uma expressão que designa um amor ideal, às vezes imaginário.
Em sentido popular pode significar um amor impossível de se realizar por ser
tão perfeito, puro e ideal. Refere-se ao pensador grego Platão (século V a.C.)
mas nada tem a ver com a sua filosofia. Para Platão o amor não se resume ao
plano das ideias; faz parte da realidade material.
13
Doc.14
• -"de -- -
Um jovem disse: Fala-nos da Amizade.
Eele respondeu, dizendo:
O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades.
Ele é vosso campo, que cultivais com amor e colheis com gratidão.
Eé a vossa mesa e a vossa lareira
pois ides até ele com fome e nele procurais a paz.
Quando o vosso amigo expõe a sua opinião,
não temais o "não" que está na vossa mente, nem segureis o "sim".
Equando ele está calado, o vosso coração não deixa de ouvir o coração dele,
pois na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as esperanças
nascem e são partilhadas sem palavras, com alegria.
Quando vos separais de um amigo não fiqueis aflitos,
pois aquilo que mais amais nele ficará mais claro com a sua ausência,
tal como a montanha, para quem a escala, é mais nítida vista da planície.
Excertos de «Sobre a Amizade», Khaiii Gibran (1883-1931), O Profeta
Como r ' e i s
Amar é um pouco como observar uma plantinha que cresce na primavera;
com efeito, o amor tem os seus ritmos, precisa de atenções, de cuidados,
de inteligência para descobrir o que se esconde no coração do outro. E,
precisamente como as plantinhas, também o amor, no princípio, é muitíssimo
delicado. O primeiro passo é compreender: perceber se o caminho pode ser
percorrido juntos e, sobretudo, se a pessoa que vos enche de curiosidade
mostra que sente por vós os mesmos sentimentos. E não pensem que seja
fácil investigar e descobrir se o amor é realmente Amor! Gestos, palavras e
pensamentos que o outro vos dirige habitualmente tornam-se o centro das
vossas preocupações: «Não me telefona, portanto não me ama»; «Já não me
dá presentes, por conseguinte ama-me pouco». Temem que o seu sentimento
seja superficial e não sabem como ficar realmente seguros? Não tenham
pressa, deixem que o tempo passe e as coisas amadureçam.
E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes
Do
do r
Qual será a idade certa? 13? 15? 20? Talvez fiquem desiludidos, mas não há
resposta para esta pergunta! Não existe a idade do primeiro beijo ou, melhor,
não pode estar contida num determinado ano, num mês ou numa data. Está
tudo escrito na idade do coração, aquela que está dentro de vocês. A idade do
primeiro beijo sente-se por dentro: com efeito, chega um dia em que o único
modo de demonstrar o afeto à pessoa de que se gosta é o beijo.
E. Giordano, T. Lasconi e G. Boscato, Adolescentes: as perguntas inquietantes
15
Doc.7
rende
Amar não é apoderar-se do outro para se completar, mas sim dar-se ao
outro para o completar. Estarás pronto a amar autenticamente quando a tua
necessidade e, sobretudo, a tua vontade de dar forem mais fortes que a tua
vontade e a tua necessidade de receber.
São necessários muitos anos de estudo para entrar na faculdade; porquê não
admitir que é necessário muito tempo para se preparar para amar?
As paixões do adolescente não são amor: são a agitação do rapaz que encontra
a feminilidade (e não determinada rapariga), a emoção da jovem que encontra
4••
a virilidade (e não determinado rapaz). Misterioso choque de todo o ser, que 'St
descobre o que lhe falta para se expandir. Aquele que, enganado por essa forte
emoção, constrói um lar, constrói-o sobre areia.
Aprender a amar, não é fazer muitas experiências; é respeitares-te e respeitares
todos os outros, para seres capaz de respeitar profundamente o corpo e a pessoa de
um outro; é conquistares-te para te poderes dar a um outro; é esqueceres-te para
não te apoderares de um outro, mas sim ofereceres-te; é abrires-te aos outros,
aceitares os outros, compreenderes os outros, permutares com os outros, para
poderes acolher um outro.
Michel Quoist (1921-1997), Construir
Doc.8
q Pop,
3 Caracteriza o
amor explicitando
as diferenças entre
amizade, namoro e
solidariedade.
Doação e fecundidade
A fecundidade — fruto do amor —além de ser um bem social por garantir a
sobrevivência da humanidade, promove também a realização pessoal.
A sexualidade — dinamismo biológico, psicológico e espiritual — é uma
componente fundamental da personalidade; é um modo de ser, de sentir
e de comunicar com os outros; é a nossa maneira de sermos homens
ou mulheres. Permite-nos estabelecer laços, dar e receber afetos e
manifesta-se em todas as relações: na camaradagem, na amizade, no
namoro, no matrimónio, no celibato. As relações interpessoais não
são necessariamente sexuais, mas são, inevitavelmente, sexuadas.
Sexualidade e genitalidade não são, pois, sinónimos; a genitalidade
é apenas um dos muitos aspetos da sexualidade: a sua dimensão
física.
A sexualidade é espaço aberto para o amor e nele encontra o seu
sentido; pressupõe a vivência da beleza e da exigência de uma relação
onde cada um é dom para o outro e ambos são dom para a realização
de um projeto aberto à vida. Enquanto força dinâmica, a sexualidade
humana orienta-se para a maturidade e para a construção do eu; abre-
-se à pessoa e ao mundo do tu numa relação interpessoal que culmina
num projeto de vida e alarga-se ao nós dentro de um clima de relações
interpessoais de aceitação e de doação.
17-
Doc.1 Doc.I0
911W
A sexualidade é u m a energia
A sexualidade afeta todos o s que nos motiva a procurar amor,
aspetos d a pessoa humana,
contacto, t e r n u r a , intimidade.
na unidade d o seu corpo e
Manifesta-se no modo como nos
da s u a a l m a . D i z respeito
sentimos, movemos, tocamos e
particularmente à afetividade,
somos tocados; é ser-se sensual
à capacidade d e a m a r e d e e ao mesmo tempo sexual. Ela
procriar e à aptidão d e criar influencia os nossos sentimentos,
laços de comunhão com outrem. ações e interações e contribui
Catecismo da Igreja Católica, 2332 para a nossa saúde física e mental.
Organização Mundial de Saúde
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Coaskrusa'o Aberktvro, A 1 o , r 9 o , m e K 1 0
ao co o,o TI) & o NÓS
18
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Doe
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Afecundidade é um bem, um dom, um fim do matrimónio. Dando a vida a novos
seres, os esposos participam da paternidade de Deus. A regulação dos nascimentos
representa um dos aspetos da paternidade e da maternidade responsáveis.
Catecismo da Igreja Católica, 2398-2399
21
Doc.I2
Prote i d a m r - ; d a d e e patern' •
1. A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes.
2. A mãe e o pai têm direito à proteção da sociedade e do Estado na realização
da sua insubstituível ação em relação aos filhos, nomeadamente quanto à
sua educação.
Artigo 68.9 da Constituição Portuguesa e Art. 9 33.9- da Lei n.9 7/2009
Planeamento familiar
A paternidade responsável engloba o planeamento da família —
o diálogo do casal sobre como viver o amor recíproco que os une
Ginecologia significa
e sobre as decisões a tomar a respeito do número de filhos que
literalmente "ciência
da mulher", mas pode ter e como vai espaçar o seu nascimento o que implica
na medicina é escolher um método de regulação da natalidade.
a especialidade
O casal deve gerir a sua fertilidade com generosidade, mas
que trata do
sistema reprodutor também deve ter em conta o equilíbrio e a sustentabilidade da
feminino. vida familiar.
Os hospitais
e centros de Antes de tomar uma decisão sobre o método de planeamento
saúde dispõem familiar a adotar, o casal deve procurar informação cientificamente
de consultas de correta sobre o funcionamento, as vantagens e desvantagens, o
ginecologia a
efeito sobre a saúde, a eficácia dos métodos existentes e as suas
que as mulheres,
implicações éticas.
adolescentes
incluídas, podem
recorrer.
Doc_13
Educação Sexu
A imagem que se pretende comunicar através da maioria das campanhas
de «educação sexual» é absolutamente falsa. Os jovens que aí aparecem
respiram saúde e alegria. No entanto, esta não é de todo a verdade daqueles
que enveredam por semelhante opção. Vida não é andar por aí com um
preservativo em cada mão, para aproveitar as oportunidades que surjam na
próxima esquina. Uma análise e investigação real e autêntica nestes domínios
mostrariam muita frustração, dor, recalcamento, complexos, vazio e ilusão. O
sexo não é apenas uma relação física, não existe preservativo que torne alguém
imune às consequências emocionais e afetivas de uma vida sexual com vários
parceiros e precocemente iniciada. O sexo não pode ser encarado apenas pela
vertente do prazer, sem ter em conta o que representa de responsabilidade
e compromisso, que só se pode realizar plenamente no casamento. É preciso
coragem para assumir o que não está na moda, mas que melhor defende as
expetativas de um futuro maravilhoso. O verdadeiro sexo seguro é aquele que
é vivido no contexto da família, na harmonia de um relacionamento de amor
autêntico e genuíno que se conjuga com fidelidade e responsabilidade.
Adaptado de Samuel Pinheiro, http://www.portalevangelico.pli
7. Em que é
que consiste o
planeamento familiar? PÇPEM.) que para viver uma paternidade/maternidade responsável o
8. O que entendes por f planeamento familiar é necessário e deverá ser sempre aberto à vida e à
"educação sexual"? realização do casal.
Os homens e as mulheres amam-se desde sempre. A Bíblia interpreta esse
amor à luz de um modelo divino: exalta o dom mútuo e completo de um ao outro.
O amor vivido na relação matrimonial é usado como comparação e metáfora do
amor de Deus para com a humanidade e da resposta desta ao Deus que é amor.
A Bíblia apresenta Deus como criador e pai da humanidade, mas apresenta-o,
também, como marido que ama incondicionalmente a comunidade humana
como uma esposa.
O nascimento d o s f i l h o s
confirma que Deus está presente
na v i d a familiar, abençoando
e gerando novas vidas. Neste
sentido, o salmo fala dos filhos
Primeiros rassos, Van Gogh (1853-1890) [Museu Metropolitano de Kinv2 [orou&
como « f l e c h a s » , q u e r e n d o
significar a enorme importância que os filhos têm para os pais (tal como as
flechas são importantes nas mãos dos guerreiros). O pai, cercado pelos filhos, é
comparado a um combatente artilhado, pronto para enfrentar as adversidades
da vida.
As 6ênçãosfamdictres
'A tua esposa será como videira fecunda
na intimidade do teu lar;
os teus filhos serão como rebentos de oliveira
ao redor da tua mesa.
SI 128(127),3.
família de Jesus
"Nisto chegam sua mãe e seus irmãos que, ficando d o lado de
fora, o mandam chamar. ",A multidão estava sentada em volta dele,
quando lhe disseram: «Estão lá fora a tua mãe e os teus 1jrmãos que te
procuram.» "Ele respondeu: «Quem são minha mãe e meus irmãos?»
"E, percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta dele,
disse: «Aí estão minha Mãe e meus irmãos. "Aquele que fizer a vontade
de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.»
Mc 3,31-35
SOUP-ESPONSEI,
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IRNM-HO
•;•'•
,„ •
Viver a fidelidade numa relação com outra pessoa é ter a coragem de ser um
para o outro e de ser um no outro. É dizer não à mentira e aos jogos de enganos.
A fidelidade exige verdade e um grande apreço pelo outro.
Of-idelidadeé ogDKidoamore ae-elicídodeé asuaobra-prima
30
\1NEMOSFlbEMfkl)E
SO\/IOSPtMI,KS
HrCAERENC)IN CAMI),RIMOSPS NSERIO NO 11R-MMOS,
ER-MNEC)EMOS ENTREOS\IPLORES *RIAC,)0ESNSSUMIUNS EKJOLHEMOSOSOUTROS
EANSTP\NTESN E•IC5)NO EMGUEPÇC)REITWOS EPÇSPROMESSNS MEU) GI,UK)0ELES
ENNSINC)EI4g)E. ENGUILOGkUE FEM ERRAM
REPLIZAMOS
Doc_111
p,
-; A m o r
Creio que Deus é amor. Creio que Deus é bondade infinita, porque é amor
infinito. Creio que a criação é fruto do amor, porque o amor quer-nos fazer
participar na sua bondade. Creio que todo o homem, mesmo antes de o ser, foi
174P5cc4
amado, pessoalmente e infinitamente, por Deus, e sê-lo-á sempre, quaisquer
que sejam o seu rosto e os caminhos da sua vida. Creio mesmo que o homem
foi pensado pelo amor de Deus e que a «imagem» de Deus nele pode ser
10. Reflete sobre as
desfigurada, mas não destruída. Creio que o homem, feito por amor, foi criado
tuas formas de amar e
para o amor, e, portanto, livre, e convidado à felicidade infinita do amor. Creio
elabora ou escreve um
compromisso pessoal
que, com Jesus Cristo, viver é amar sob o sopro do Espírito. E creio que o amor
para cresceres mais no não pode morrer, porque vem de Deus e volta para Deus.
amor. Adaptado de Michel Quoist (1921-1997), Falai-me de amor
CristiankSMO
em caminho
Unidade letiva 2
Cristianismo: uma fé ao serviço dos povos
Cristianismo: uma fé, vários caminhos
A identidade das igrejas cristãs
A Bíblia, fonte de comunhão
O Ecumenismo
Desafios para uma vivência ecuménica
32
Olá!
Clianio-me Roer Klasci via 3ofça
ma3 eoi J71-r0, cluraril-e a 3ejur4a
Guerra Moridial Cui viver para Frariça.
Desde sempre 3ehl-; o desejo d e
rle ioril-ar a ouras pessoas para
coricre[•izarmos uol 3raricle desario,
viver [.oclos os dias a recoriciliação
0 3 CY1.31-Õo3.
o r, i d a d e l e t i v a p r o c u r a e k 4 e i l d e k - 0 3 r a Z , S e i l i 3 t - ó Y; C a 3 , c u l l - u r a i s
Doc.I5
p 4.. 4 , 4 , 4 4 . _ 4 4 4 o4,,,n.
Renascimento
O final do século XIV e o século XV é um período
de grandes transformações culturais. Após a peste
negra, que assolou a Europa na década de 40 do
século XIV, surgiram novas condições económicas
e visões da vida que conduziram ao aparecimento
,
da burguesia, ao incremento da vida urbana e
Pormenor da Fuga para o Egito,
a um maior apreço pelo pensamento racional e Giotto di Bondone (1266-1337)
pela arte. A imitação dos modelos da Antiguidade
Clássica, grega e latina (Renascimento), vem
colocar o ser humano no centro da vida e do
pensamento (Humanismo). Esta nova perspetiva
sonha com uma época de esplendor e luz que se
irá concretizar com a exaltação do ser humano
através da literatura, das artes, da história, da
religião, das ciências naturais.
Partindo d a s grandes cidades italianas
(Florença, Veneza, Roma, Siena), este movimento
NtlintrÈ!
difundiu-se p o r t o d a a Europa, assumindo ^ _
Cúpula da Catedral de Florença,
particularidades e estilos específicos. Filippa Brunelleschi (1377-1446)
-13,» •
•
Anunciação, Snriciro Botticelli (1445-15111)
O Cisma do Ocidente
A partir do século XII foram surgindo, na Europa medieval, vários movimentos
religiosos que apelavam a uma vida cristã mais autêntica, menos opulenta, mais
centrada na Bíblia e menos ritualista.
—
Palácio dos papas, Avinhão
A Reforma Protestante
O movimento humanista e o e s p í r i t o renascentista, a l i a d o s a o
descontentamento das pessoas devido aos abusos da Igreja, fazem emergir
a necessidade de um retorno à mensagem original de Jesus Cristo.
- Poder temporal
Lutero, o reformador
Martinho !Altero (14834546), p a d r e católico,
monge agostiniano e professor, preocupado em corrigir
alguns comportamentos e ritos da Igreja, refletiu sobre
a salvação do ser humano e condenou a "venda" das
indulgências.
A prática das indulgências era habitual desde há
vários séculos e significava o perdão das penas (castigos)
relacionadas com os pecados. Para a Igreja, o perdão dos
pecados era oferecido ao crente através da celebração
do sacramento da reconciliação (confissão). Este perdão
era condição para a salvação da pessoa. No entanto,
segundo se acreditava, se a pessoa morresse reconciliada
com Deus, mas não tivesse expiado os seus pecados mediante a penitência
adequada (jejum, gestos de caridade, etc.), teria de passar transitoriamente
pelo purgatório antes de ingressar no céu. As indulgências eram uma maneira
de obter a remissão dessas penas. Nunca a Igreja afirmou que a indulgência
correspondia a o perdão dos pecados, mas apenas a o perdão da pena
correspondente ao pecado.
Em termos populares, as indulgências eram entendidas como «um bilhete
para o céu». Para recolher benefícios, alguns na Igreja não contrariavam
convenientemente esta explicação. No início do século XVI, esta prática envolvia
vastas somas de dinheiro que eram uma fonte de rendimentos, nomeadamente
para a construção da nova basílica de
S. Pedro, em Roma.
Lutero revolta-se contra esta prática
da Igreja, põe em causa a função e o
poder d o papa, apresenta a Bíblia
como única autoridade em matéria de
fé e afirma que a salvação se alcança
pela fé e não pelas obras.
Em 1517, c o m o objetivo d e
promover um debate entre professores
e estudantes que contribuísse para a
renovação da Igreja, Lutero afixa 95 5. Faz uma biografia
Teses na porta da igreja de Wittenberg, de Martinho Lutero.
na Alemanha.
Porta da igreja de Wittenberg
40
4L)
Por razões políticas, Lutero defendia que cada príncipe deveria escolher e
impor a religião no seu Estado. Em 1529, no encontro de Spira (Alemanha),
6. Caracteriza a L u t e r o e os seus seguidores protestaram contra a negação da liberdade de
doutrina de Marfinho o s príncipes escolherem a religião a adoptar nos seus domínios. Daí advém o
Lutero. n o m e de protestantes.
41
Doc17
ge ros I V : "O
Lutero afirma: «Não admito que a minha doutrina possa ser julgada pelos
homens, ou mesmo pelos anjos. Aquele que não aceita a minha doutrina não
pode obter a salvação». Tendo recebido a revelação de que é Deus-Pai quem
julga, condena e salva segundo a sua própria decisão, Lutero não pode tolerar
mais nenhuma outra interpretação.
Afirmava: «Se a vontade não é livre, o pecado não pode ser imputado aos
homens, já que ele só existe se for voluntário. Além disso, se o homem não
fosse livre para escolher, Deus seria responsável tanto pelas más como pelas
boas ações».
Mircea Ellacle, História das Ideias e Crenças Religiosas
O Protestantismo
O movimento religioso de Lutero e de Calvino fez um forte apelo de regresso 7. Enumera as razões
que originaram
à simplicidade original d o Cristianismo. Apresentou a Bíblia como único o movimento
fundamento da fé e da autoridade religiosa. Na liturgia, fazia uso das línguas do religioso a que se
chamou "Reforma
país e não do latim. Preocupou-se muito com a santificação dos cristãos e com
Protestante".
a transformação da sociedade.
Os únicos sacramentos aceites são o batismo e a ceia, como recordação da
morte e ressurreição de Cristo. Recusam imagens, vestes e músicas sagradas.
O facto de Lutero (e demais reformadores) ter apresentado a Bíblia—livremente
interpretada por qualquer pessoa — como única autoridade de fé deu origem à
criação de uma multiplicidade de Igrejas protestantes: luterana, presbiteriana,
metodista, pentecostal, evangélica, congregacionista, batista e muitas outras.
42
O Anglicanismo
Contemporaneamente à r e f o r m a l u t e r a n a e calvinista,
aconteceu outra separação no Cristianismo: o Anglicanismo. Em
1509, Henrique Tudor torna-se, aos 18 anos, rei de Inglaterra com
o nome de Henrique VIII. Grande devoto e defensor da fé católica,
mandou queimar, e m 1521, os escritos de Lutero e escreveu
contra ele um tratado denominado «Sete Sacramentos». Por esta
atitude, o papa atribuiu-lhe o título de «defensor da fé».
oc_19• l & t k
lho que d o
No final d o século XVI, o mapa religioso da Europa parecia u m espelho
quebrado, deformando a imagem da Igreja. N o norte, o protestantismo
dominava: o luteranismo conquistou dois terços da Alemanha; o Imperador
Carlos V reconheceu, pelo tratado de Augsburgo, em 1555, a existência oficial
de Igrejas e Estados protestantes no império onde os súbditos deveriam acatar
a religião dos seus príncipes. O Catolicismo manteve fortes posições no sul
e no oeste da Alemanha. Os países bálticos e a Escandinávia romperam com
Roma. A Holanda e a Escócia tornaram-se calvinistas. Na França, a par do
catolicismo, uma forte comunidade protestante adoptou o calvinismo. O reino
de Inglaterra identificou-se com a Igreja anglicana. A Irlanda — à excepção do
norte — permaneceu fiel a Roma, assim como a Polónia, a Itália, a Espanha e
Portugal.
Facto relevante para o catolicismo: a Espanha e Portugal — países d e
navegadores f o r a m pioneiros dos descobrimentos e fundadores de impérios,
nos quais os soberanos católicos se comprometiam a converter ao Catolicismo
os povos das terras descobertas.
Adaptado de Pierre Pierrard, História da Igreja
Lef!„N 1 !- ! _! : e l U g ~ víreglIMII
O nome deriva do protesto em
'Católico' significa 'universal'. 'Ortodoxo' significa 'reta doutrina'.
Spira.
Surge com Martinho Lutero,
Comunidade de crentes que tem Éo conjunto das Igrejas cristãs do
no século XVI, e desenvolve-
a sua origem em Jesus Cristo e oriente separadas de Roma desde
-se com Calvin() e outros
nos apóstolos. 1054.
reformadores.
A Bíblia é a única fonte de
Valoriza a Bíblia e a Tradição. Valoriza a Bíblia e a Tradição.
acesso à revelação.
A salvação provém da fé e das obras. A salvação provém da fé e das obras. A salvação provém apenas da fé.
Não há nenhuma autoridade
O papa, sucessor de S. Pedro, Não reconhece o papa como
máxima; cada Igreja é
é o pastor universal e preside pastor universal. O patriarca de
autónoma.
à unidade e à comunhão das Constantinopla é "primeiro entre
Não reconhece o papa como
comunidades. iguais".
pastor universal.
Os padres ou presbíteros e Os pastores não são
O clero é mediador entre Deus e
os bispos são servidores e mediadores entre Deus e as
as pessoas. Apenas os bispos e os
mediadores dos crentes. São pessoas. Todos os cristãos são
monges não podem casar.
celibatários. 'sacerdotes'.
Venera os santos como Venera os santos como Jesus é o único mediador
mediadores entre Deus e as mediadores entre Deus e as entre Deus e as pessoas. Não
pessoas, dando particular pessoas, dando particular veneram os santos nem a
importância à Virgem Maria. importância à Virgem Maria. Virgem Maria.
O centro do culto é a eucaristia.
O centro da vida liturgica é a No culto, sublinha o valor do
Na liturgia há variedade de ritos e
missa (eucaristia) e a celebração anúncio e a escuta da palavra
é particularmente característico o
dos demais sacramentos. de Deus.
uso de ícones (imagens sagradas).
Reconhece sete sacramentos como
sinais visíveis da graça divina:
Reconhece dois sacramentos:
batismo, eucaristia, confirmação, Reconhece os sete sacramentos.
o batismo e a ceia.
reconciliação, ordem, matrimónio
e unção dos enfermos.
45
8. Identifica 3
características
identitárias dos
gR_EN1)1 que o Cristianismo, uma comunidade de crentes em Cristo, é
católicos, ortodoxos
uma fé com vários caminhos: catolicismo, ortodoxia e protestantismo.
e protestantes.
A Bíblia é a fonte e a norma da fé de todos os cristãos: católicos, ortodoxos
e protestantes. É o testemunho escrito da palavra de Deus a todos os discípulos
de Jesus Cristo.
Xovo
Antigo crestamento
Testamento
27("furos,
46 Livros, escritosdepois da
escritos antes do morteeressureição Jesus.
nascimentodeJesus.
Contémamensagem, ,
Contéma história asaçõeseo destino deJesus
doencontro e da afiança 6entcomoa nova aliança,
de(Deus com como novo povo dDeus.
e
opovode Israel;
47
(U
), PÇTROE\INNEL-HOS,01,UENNP-P-NM \ I % E NMENSNQEMbEJESUS()P-KTO)
1,-NRObOSNTOSbOSNPOSIOLOS,aUENNP-RNONNSCAMENTOE N \IffiN N P O S N
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HUMNNIbNik.
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2, 8 <,?,
de
ow6
' 111°
Revelação e inspiração
Os cristãos acreditam que Deus se deu a conhecer na história do povo de
Israel e, de forma definitiva, na pessoa de Jesus de Nazaré. A este processo de
manifestação de Deus à humanidade chama-se 'revelação'. A Bíblia também
faz parte deste processo, pois é nela que encontramos escrita a história da
relação de Deus com a humanidade, através da história do povo de Israel e dos
acontecimentos da vida de Jesus e da sua mensagem salvffica.
Cânone( I r k ,k7er
O cânone é a lista de livros considerados sagrados pelas comunidades dos crentes.
No tempo de Jesus, havia dois cânones para a Bíblia judaica (correspondente ao Os textos
deuterocanánicos
Antigo Testamento): o da Palestina, que só aceitava como sagrados textos escritos em
são os seguintes:
hebraico; e o de Alexandria, que incluía também livros escritos em grego. Tobite, Judite, Ester,
Os cristãos aceitaram o cânone alexandrino. P o r isso, hoje, o Antigo Sabedoria, Ben Sira,
Baruc, 12 Livro dos
Testamento usado pela Igreja católica não coincide exatamente com a Bíblia
Macabeus e 22 Livro
hebraica. Os protestantes adotaram o cânone palestino. Um pequeno conjunto dos Macabeus.
de livros, os deuterocanónicos, está integrado nas edições católicas da Bíblia,
mas não nas edições das igrejas da reforma.
Antes de celebrar a última ceia teve um gesto que marca a ousadia, a beleza e
o desafio de ser pessoa e ser cristão: o lava-pés. A este sinal de serviço acrescenta
o seu apelo de amor: «Amai-vos uns aos outros».
mancfamento novo
'Enquanto celebravam a ceia, Jesus, sabendo perfeitamente que o Pai
tudo lhe pusera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava,
levantou-se da mesa, tirou o manto, tomou uma toalha e atou-a
à cintura. 'Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos
discípulos e a enxugá-los com a toalha que atara à cintura.
"Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que
vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. 'Por isto é que todos
conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros.»
Jo 13,3-5; 34-35
'Pois, quem é Apoio? Quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio
abraçastes a fé, e cada um atuou segundo a medida que o Senhor lhe
concedeu. 'Eu plantei, Apoio regou, mas foi Deus quem deu acrescimento.
'Assim, nem o que planta nem .o que rega é alguma coisa, mas só Deus,
que faz crescer.
Apoio era um "Pois ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo.
cristão sábio e
intelectual de 'Portanto, ninguém se glorie nos homens, pois tudo é vosso: "Paulo,
Corinto. Apoio, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente ou o futuro. Tudo é
Cefas é o nome vosso. ' M a s vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.
de São Pedro em
aramaico. 1Cor 1,10-13;3,5-7.11.21-23
53
Depois de, na cidade de Corinto, ter anunciado Cristo e de se ter dirigido para
outros locais, Paulo manteve-se em contacto com a comunidade acompanhando
a sua vida. Os cristãos corínfios eram fervorosos, mas debatiam-se com todos os
problemas resultantes da inserção da mensagem cristã numa cultura diferente
daquela em que tinha sido anunciada originalmente.
Este texto, da carta aos Efésios — que Paulo terá escrito na prisão, em
Roma, por volta do ano 62 —, é um apelo aos crentes para que vivam o seu
compromisso com Cristo, promovendo a unidade com os outros membros da
comunidade.
- o a m o r c o m o suporte d a s relações
humanas.
Paulo na prisão, Rembrandt (1606-1669)
UNME UM DOM'DED
' EUS, !\)g
CAN1111-0 E ESFOKA t CA1DfkM .
55
A Igreja, querida por Jesus, é uma comunidade de pessoas muito diferentes +7',Rivc4
em termos de etnias, de cultura, de língua, de condição social e económica,
de maneiras d e ser. Estas diferenças n ã o podem s e r interpretadas como
algo negativo, promotor de conflito e divisão. São, pelo contrário, fonte de 15. O que é que
São Paulo pede
enriquecimento para a vida comunitária. A diversidade é um valor que não
à comunidade
anula a unidade e o amor nas relações interpessoais e nas relações entre as de Éteso?
várias igrejas cristãs.
ÉUR-,ENT:
C)00PERREMPROJETOSEMFPNOR',IOSOTROS
ELMNWJULOS,PRI-MIPAS E MES 1-\OSflS
‘ REC)01\11-ECJEROSERROSWSTORICAS
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Taizé P r i m a v e r a da Comunhão
O papa João XXIII, em 1960, acolheu o irmão Roger com estas palavras: «Oh,
Taizé, essa Primavera». Estas palavras dirigidas pelo líder dos cristãos católicos
a u m pastor protestante significavam a esperança na renovação da vontade
ecuménica.
Doc.2'
Compro -
— Queres, por amor a Cristo, consagrar-te a ele com todo o teu ser?
Quero.
— Queres realizar, de ora em diante, o serviço de Deus na nossa comunidade,
•
em comunhão com os teus irmãos?
— Quero.
— Queres renunciar a toda a propriedade e
viver com os teus irmãos, não só na partilha
dos bens materiais, m a s também n a
partilha dos bens espirituais, esforçando-
-te por viver a abertura do coração?
— Quero. (...)
— Queres, reconhecendo sempre Cristo
nos teus irmãos, zelar por eles nos bons
e nos maus dias, n a abundância e na
pobreza, no sofrimento e na alegria?
— Quero.
Irmão Roger, Regra de Taizé
O Concílio Vaticano
Em resposta a um desejo antigo de muitos cristãos católicos, o papa João XXIII
convocou o Concílio Vaticano II com o objetivo de responder às mudanças e exigências
dos tempos modernos e de renovar a Igreja católica nas suas várias dimensões. O
concílio Vaticano II (1962-65), chamado 'ecuménico' por causa da sua dimensão
universal, refletiu sobre a seguinte questão de alcance ecuménico: qual o contributo
dado por cada Igreja para a divisão dos cristãos e o que poderá cada uma fazer em
ordem à reconciliação e unidade? Esta foi uma das tarefas do Concílio: identificar
os obstáculos ao diálogo e à unidade e encontrar caminhos para a reconstrução da
comunhão entre os cristãos.
0 A r
. 1 , 'hW • ,
de cot
Devemos promover a formação ecuménica sobre aquilo que nos une e o que ainda nos
divide. A ignorância e a indiferença da própria fé e da fé do próximo são impedimentos
para um verdadeiro ecumenismo.
O ecumenismo progride graças ao intercâmbio d e dons, que não consiste n u m
empobrecimento, mas que constitui um enriquecimento.
Cardeal Walter Kasper (teólogo católico)
kt,
rdoF ) e ç a m 3 e r e
Reconhecer os desvios do passado serve para despertar as nossas consciências diante
dos compromissos do presente, abrindo a cada um o caminho da conversão. Perdoemos
e peçamos perdão! Enquanto louvamos a Deus, não podemos deixar de reconhecer
as infidelidades ao Evangelho. Pedimos perdão pelas divisões que surgiram entre os
cristãos, pelo uso da violência que alguns deles fizeram no serviço à verdade e pelas
atitudes de desconfiança e de hostilidade às vezes assumidas em relação aos seguidores
de outras religiões.
Ao mesmo tempo, enquanto confessamos as nossas culpas, perdoamos as culpas cometidas
pelos outros em relação a nós. No decurso da história, inúmeras vezes os cristãos sofreram
maus-tratos, prepotências, perseguições por causa da sua fé. Assim como as vítimas dessas
injustiças perdoaram, de igual modo perdoamos também nós.
Homilia do «Dia do Perdão» do papa João Paulo 11, 12 de março de 2000
62
Doc.25 )111
Cristãos rezam há mais
de cem anos ' unidade
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos tem já um século de
caminho e gerou u m movimento ecuménico notável. A colaboração
entre anglicanos, protestantes, ortodoxos e católicos na preparação e na
celebração desta Semana de Oração tornou-se familiar e apresenta-se
como fruto de uma longa caminhada.
A primeira Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos foi promovida
em 1908, de 18 a 25 de janeiro, pelo americano Paul Wattson, então
sacerdote episcopaliano (anglicano).
"(AMO 1Y)\)\ Ésignificativo que João Paulo Iltenha convidado, repetidas vezes, à purificação
1\\1\À OS\gAkS -940N\N' da memória. Só se contribui para a unidade da Igreja, quando se transmite o
lSLVb,k)
amor de Deus aos outros.
Adaptado de Revista Fátima Missionária, janeiro de 2009
() Ecumenismo j, nem
rnet-hin dr,
Para melhor se perceber esta questão temos de distinguir três dimensões
essenciais no ecumenismo: em primeiro lugar a d o amor, a fraternidade
reencontrada entre os cristãos das várias confissões; em seguida, a dimensão da
verdade, que diz mais respeito ao diálogo teológico; por último, o ecumenismo
da vida, que consiste em aproximar as Igrejas e comunidades eclesiais na sua
vida, percebendo que é mais forte o que nos une do que o que nos divide.
Quanto mais nos aproximarmos de Jesus Cristo e da vida no seu Espírito, mais
nos aproximamos entre nós.
Éimportante estar unidos em causas concretas como a paz ou o acolhimento
do imigrante, o estudo comum da Bíblia, a entreajuda no campo da paz, da
conservação do ambiente, da justiça.
Não nos podemos fechar às surpresas de Deus, que manda homens e mulheres
que destroem os muros...
Adaptado de http://www.ecciesia.pt/
que possas realizar I l l f g R - E - N N que o movimento da unidade dos cristãos e de todos os seres
no dia a dia e que humanos também depende de mim: conhecer a minha identidade religiosa
contribuam para uma e respeitar a dos outros.
vivência ecuménica A escuta, o diálogo, o perdão e a oração são atitudes fundamentais para
de solidariedade. a vivência do ecumenismo.
"GU
\i E_1-1210 SE,ffi V "
io
A idade
Unidade letiva 3
A Liberdade: desejo humano
Liberdade e opção pelo bem
Jogo(s) de influências
Condicionamentos à liberdade
Páscoa: Itinerário de libertação
Amor de Deus e liberdade humana
Dignidade humana e livre escolha
64
-117er 4'
l\tesl-a or)iciacle leiva vais rerlel-ir sobre a liberdade,
O padre 001I-ema essericial a I-oclo o ser humano. 1--,?)r amor da
Maximiliano ficou
l i b e r d a d e , muil-os m o r r e r a m , muil-03 a o e r a m . u serJ-es,
duas semanas
naquela cela
com ceri-eza, o seu apelo, ,ser)l-es riecessiciacie de al9uma
húmida. No dia 14 aul-oriomia e rião ace4as viver complel-amer)l-e depericlekli-e
de agosto de 1941, d o s adoll-os.
quando abriram o -Também para mim a liberdade roi um apelo coril-frwo.
bunker para retirar Ah! Chamo-me Maxithiliano Kolbe. Ntasci emI2'71-1, r)a 12,lór);a. Aos l ano3,
os cadáveres,
rascinado pela Ci9ora de 3. Francisco de A33i3, C r a c l e Crar,ciscar)o.
Maximillano
ainda estava vivo.
Fui esl-uclay paral%ma e, em Icll'Z,del-ermir)aclo a Sek-Vir 03 oul-Yos, rui ordenado
Para o matar, padre.Empe e;-me napublicaçãode livros e jornais e pari-, para o Japão,
administraram-lhe como missionário. O meu o4e[-ivo e r a a j u d a r as pessoas a d e s c o b r i r a ale r i a
uma injeção letal. de viver em prol dos oul-ros.
Em 1987, o papa Re nesses à Polónia, mas a ~lha arilada pária I-iriha sido invadida pelas
João Paulo I-ropas nazis de Hil-leY Deikiu>nciel as ameaças, os crimes e as ir)jus[iças e,
também ele polaco,
por isso, Cui preso e depois levado para o terrível campo de concentração
declarou ao mundo
que o padre de Auschwil-z. e s e 'arilpo da more não éramos I-ral-ados como pessoas: a
Maximiliano era um ronle, o Crio, os -rabalilos Cor çados, as doenças... eram a nossa companhia
santo. Na cerimónia
de canonização mjulho de J71-11,um prisioneiro colise3u;u escapar.. E-si-a ruja siriricava
participou Francisco a m o r t e p a r a d e z p r i s i o n e i r o s . - To d o s s a b í a m o s . p o r c a d a e v a s ã o , d e z
Gajowniczek, pessoas seriam condenadas a morrer de Come e de sede - uma morire
aquele por quem o
e insuportável!
padre Kolbe havia
dado a vida. O comaridar)l-e do campo mandou reormr os prisioneiros e escolheu dez. Um
dos escolhidos r-j•ou: 'Minha pobre mulher e meus ri/1,03,90e os não [-orno a ver.t
!Vagueie momen[-o, senti em mim uma vor4-acie, uni fnipd-o interior cie me
dar de me eril-rear.. e avancei. O comandante 3ril-ou,
- Para! Que 9ueres, porco polaco?
- Quero morrer em ',TI, de uni clesl-es - respondi.
- 12,r9uê? - 1)errou o comavidard-e.
- J á sou velho e não p r e s o p a r a nada. A minha vida não s e r v i r á p a r a
tsI 3rande coisa... 9uero morrer por a9uele 9ue em mulher e riltios.
Vis;velmer)l-e cor)Cuso, o comarKlar)l-e 3ril-oU com Voz rouca:
1. Qual foi o maior - Quem és [-o, porco polaco?
gesto de liberdade de - U01 padre calrólico - respondi.
Maximillano Kolbe? rez-se silencio... por C,M,o comar,ciaril-e ordenou:
2. Identifica os - seja. Vai com eles.
sentimentos que este Caminhámos em direção ao "Bloco da Mo4e. Cu era o úl[-imo."Avay)cei e r,o
gesto de suprema
doação desencadeia
meu coração levava a cerl-eza de t-er dado a vida e a alegria a uma pessoa...
emti. roi para ;330 9ue eu nasci!
A liberdade é condição e característica primeira do ser humano, seja a nível
individual, seja a nível social. Sem liberdade, perdida ou nunca alcançada, o ser
humano não se realiza inteiramente como pessoa.
•,
•••,• \
•
66
Saber Alia
Livre-arbítrio é a faculdade que a pessoa tem de se determinar sem obedecer
a outra regra que não seja a própria vontade. O livre-arbítrio permite escolher
entre o bem e o mal.
O Determinismo é uma teoria acerca do modo como se processa a relação
entre as causas e os efeitos dos fenómenos que observamos na natureza: todo
o acontecimento (B) tem como causa um acontecimento anterior (A), ou seja,
B é consequência inevitável de A. O ser humano, enquanto ser livre, escapa a
esta relação de causa-efeito. Ele é capaz de tomar opções sem que nenhuma
causa, independente da sua vontade, o obrigue a tomá-las.
O bem maior
Na vida social, o conflito entre liberdades é inevitável. Daí a necessidade de
tomar opções a partir de critérios éticos (a escolha do bem). Por isso, a liberdade
responsável é a tomada de decisão em ordem à realização do bem. Decidir-se pelo
bem implica assumir as deliberações tomadas, bem como as suas consequências.
Para os crentes em Deus, a liberdade é uma dádiva divina que deve ser usada
para a dignificação do próprio e dos outros que com ele interagem. Todas as
nossas escolhas devem ter o "carimbo" do Bem.
O "bem maior" é, contudo, a liberdade interior, que não pode ser aprisionada
por nada nem por ninguém, nem por bens materiais, nem por qualquer
VIVA f o r ç a exterior. O "bem maior" é um bem imaterial e invisível que reside
A n a profundidade do nosso coração e que devemos preservar.
19E12°410E/ Sempre que somos capazes de reconhecer aquilo que não nos
deixa ser livres, encontramo-nos no caminho do "bem maior".
C)oydic,lohonmtos libexdode,
Neste processo de construção da própria vida, surgem condicionamentos,
influências (nem sempre negativas), mas também dificuldades, impedimentos,
obstáculos.
o 011E WER?
Ousa arriscar, vence a apatia, sai da rotina que te aprisiona. És liberdade, és
capaz de ser mais, de voar mais alto. És tu e os teus princípios.., não sejas "mais
um"!
A :;);-1,!-Ilaiz.•--> ai
Era uma vez um camponês que foi à floresta apanhar um pássaro para mantê-
l o cativo em sua casa. Conseguiu capturar uma águia recém-nascida e, em-
bora fosse a rainha de todos os pássaros, pô-la no galinheiro a comer
milho e ração de galinhas.
Passados cinco anos, este homem recebeu a visita de um natu-
ralista que, ao passar junto do galinheiro, exclamou:
—Aquele pássaro não é uma galinha! É uma águia!
—De facto — disse o camponês. É uma águia. Mas eu
criei-a como galinha. Por isso, apesar das asas de quase
três metros, já não é uma águia. Transformou-se em ga-
linha como as outras.
—Não — retorquiu o naturalista. Ela é e será sempre uma
águia. Tem um coração de águia que a fará voar às alturas.
—Não, não — insistiu o camponês. Ela transformou-se em galinha e nunca
voará.
-Então
Tu ésouma
naturalista pegou
águia, já na águia, ergueu-a
que pertences bemàalto
ao céu e não e desafiando-a
terra, disse:
abre as asas e voa!
Mn
i guemé maisescrauo do queaquele
quese julga liuresemo ser.
JohcnnGoethe
Níveis de liberdade
A liberdade é vivida em níveis diferenciados.
Os reclusos são muito pouco livres no primeiro nível, mas podem sê-lo no
segundo (embora de forma bastante limitada e controlada) e no terceiro níveis.
Alguém que viva sob uma ditadura verá a sua liberdade muito restringida do
ponto de vista da intervenção social, mas poderá ser livre no terceiro nível.
Na verdade, o terceiro nível é aquele que não nos pode ser retirado por
nenhuma entidade externa. É o último reduto da liberdade humana. É aí,
no interior sagrado da consciência e do sermos pessoas, que reside a nossa
essência humana e a nossa força contra todos os contratempos e contra todas
as opressões e manipulações.
70
heftexoorAio e,owl-ov\omion\oro
A autonomia e a heteronomia são dois conceitos muito
importantes relacionados com a consciência moral.
De acordo com o significado etimológico (auto+nomia = «a
própria lei»), a autonomia refere-se às «normas» que estão inscritas
na consciência da pessoa e que são assumidas pela mesma para
orientar a sua vida. Por sua vez, a heteronomia (hetero+nomia
= «a outra lei») diz respeito às normas que são exteriores à
pessoa e que influenciam as suas ações (o código da estrada,
por exemplo).
72
oc 2
utonomos, r * e s e 1..o s
«Devo salvaguardar os meus valores ou deixar correr e comportar-me como
todos os outros?» Esta é uma pergunta essencial, porque da resposta depende
depois a coragem de escolher certos valores, mesmo que uma pessoa acabe
por se sentir, em parte, isolada ou ridicularizada. Então, compreende-se que a
autonomia é sinónimo de verdadeira liberdade, mas também aparentada com
a atitude de todos aqueles que renunciam a fazer como todos fazem.
Luciano Cian, Nascidos para Voar
O João não toma decisões importantes na sua vida sem consultar o horóscopo. V
Ele acredita que a posição dos astros no céu determina o futuro das pessoas.
Para agir bem, precisa de saber quais as opções que os astros favorecem
naquele momento, para não correr o risco de agir contra-corrente, o que
poderia trazer consequências imprevisíveis.
Ultimamente, foi consultar o horóscopo para saber se deve ou não namorar
com a Catarina. Ele gosta mesmo dela e sente que ela também gosta dele.
Nota-se pela maneira como olham um para o outro. Um certo brilho nos
olhos manifesta a afeição mútua. Quando falam, entendem-se muito bem.
Não têm sempre as mesmas opiniões, mas gostam de ouvir o parecer do
outro e isso fá-los pensar. A sua simples presença transforma o ambiente
perfumando de felicidade cada gesto.
Mas poderia o João tomar uma decisão tão importante sem recorrer ao
horóscopo?
O seu amigo António disse-lhe que ele era tonto. Como é que era possível
dar mais importância a uma criatura que, a troco de dinheiro, lhe iria dar
informações provenientes dos astros, em vez de ouvir a voz do coração?
— Escuta o teu íntimo. Ouve a voz da tua consciência. Não há melhor
conselheiro — disse-lhe o António.
73
IG-NORAMCIR:conduz à tomado de
decisõesmuitasuezeserrados, porquese _ I
desconhecea realidadeque está implicado.
.111rT
,
AMUEMO: recuso de todo a regra, comose o indiu(cluoposse
umailha isoladoquenãonecessito de respeitar a liberdade alheio,
11 . 11 . . 1 . 1111 W — r m " - - -
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13CAtt kDADE. A9Z•1,0
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Volores
-••••111
Oque é a monipuloç'õo?
A manipulação consiste em privar alguém da sua liberdade, usando
estratégias que escondem a verdade, a fim de conduzir a pessoa a assumir uma
opinião ou a adotar um comportamento desejado pelo manipulador. Manipular
é construir no outro uma imagem não verdadeira do real, com aparência de
autenticidade.
A manipulação é u m a f o r m a d e
desumanização, pois afeta a dignidade da
pessoa, manobrada como u m objeto nas
mãos do manipulador. Este pode ser uma
pessoa, u m a música, u m a publicidade,
uma organização ou uma corrente política.
Uma característica do ato manipulador é a
intenção de criar, nas pessoas manipuladas,
a falsa convicção de que tomaram decisões
livres, racionais e conscientes.
Publicidadee propagando
A publicidade e a propaganda n ã o u s a m necessariamente técnicas
manipulatórias. Tanto uma como outra pretendem influenciar o comportamento
e as escolhas alheias. Mas para haver manipulação é necessário que se falte à
verdade. Se forem usadas como instrumentos de manipulação, podem provocar
efeitos extremamente negativos nas consciências e n o comportamento das
pessoas. Neste caso são, com certeza, dois obstáculos à liberdade.
A propaganda, e n q u a n t o técnica
manipulatória, serve-se d e diversificadas
formas d e pressão para impedir o juízo
crítico d o s recetores e convencê-los a
aderir a determinadas visões do mundo.
Um d o s recursos m a i s utilizados e
conhecidos encontra-se s o b r e t u d o n a
política, através da organização de grandes
concentrações de massas; as marchas, as
músicas, as coreografias e as luzes apelam ao sentimento colefivo de pertença
e obscurecem o uso da inteligência individual.
Doc.-m)
'«,,"%r• d r % r 1 - 3Iw
Consoante a sua área de atuação e respetiva intenção, poderemos falar de
diferentes tipos de manipulação:
— E m r a z ã o d o s u j e i t o manipulador: manipulação individual o u
institucionalizada, conforme se trate de um indivíduo ou de uma instituição
(sociedade, cultura, grupo social, nação, partido, associação) que procura
manipular a liberdade dos demais;
— Em razão do sujeito manipulado: manipulação pessoal, social ou ambiental,
conforme se procure controlar a liberdade da pessoa, do grupo social, ou do
meio ambiente em que se vive;
— Em razão do modo como se realiza: manipulação mediata ou imediata,
consciente ou inconsciente, vulgar ou científica (manipulação genética, por
5 Indica alguns dos
exemplo);
tipos de manipulação,
— Em razão dos meios empregues para a manipulação: manipulação somática,
tendo em conta:
psicológica, social ou cultural, conforme os condicionamentos que podem ter a) o sujeito
influência sobre a liberdade a partir do corpo (medicamentos, operações, manipulador;
transplantes, drogas, etc.), a partir do espírito (métodos psicológicos) ou do to) o sujeito
meio sociocultural (educação, meios de comunicação social, grupo, família, manipulado;
ideologia, utopias, etc.). c) os meios
Adaptado de http://eumatil.vilabotuol.com.br/manipulacao.htm empregados.
78
Libertar-se da manipulação
A pessoa n ã o pode ser usada c o m o u m objeto. Pode manipular-se o
telemóvel, a bola ou a esferográfica, mas não se pode usar as pessoas. Tratar
as pessoas como objetos para atingir determinados fins, através de técnicas
manipulatórias, significa diminuí-las na sua dignidade.
Sem t o m a r consciência d i s s o ,
a liberdade individual p o d e s e r
manipulada, s e a pessoa n ã o s e
precaver. O a n t í d o t o p a r a e s t e
mal é o olhar crítico às mensagens
veiculadas. Duvidar da veracidade do
que é transmitido pela publicidade
só pode ser um sinal de inteligência!
Doc_31
Quando as fotos
contam u ) 0 v e r d a d e »
Desde que existem imagens, elas são manipuladas.
6. Atividade de Atualmente esse trabalho é facilitado com o surgimento de software especial.
grupo. Escolhe um As máquinas fotográficas também se desenvolveram e hoje oferecem recursos
anúncio publicitário nunca imaginados antes.
e faz a sua análise Uma favela dos subúrbios de S. Paulo (Brasil) pode ser facilmente ocultada.
crítica. Menciona A foto manipulada mostra apenas os bairros da cidade onde não se revelam
os mecanismos os sinais de pobreza extrema. O enquadramento da imagem pode modificar
usados para exercer
radicalmente a mensagem. Só a imagem completa, não manipulada, se
influência sobre a
aproxima da verdade, pondo em evidência os contrastes sociais.
vontade com vista à
Adaptado de Christian Raeflaub, in http://wwwswissinfach/por
aquisição do produto.
79
Dor -;7
Obst ' -s
MO, " I , " M I , 1 1 1 . • •
31g,:v
Todos estamos sujeitos a um duplo condicionamento: externo (proveniente
do ambiente e do grupo, que impõe determinadas condições e coações, regras
e possibilidades) e interno (proveniente das opções livres que cada um faz,
das relações com as pessoas de quem se depende de algum modo, do próprio
carácter, etc.).
Os condicionamentos externos são devidos a muitos fatores:
1. De tipo económico — para satisfazer certas necessidades são necessários
recursos: podem-se ter poucos ou muitos;
2. De tipo material — toda a pessoa tem necessidade de coisas concretas para
viver: uma casa, um emprego, assistência social...;
3. De tipo social — nasce-se e cresce-se num contexto que tem as suas regras,
hábitos, tradições, que podem ser limitativos da liberdade de escolha, de ação,
de educação;
4. De tipo publicitário — muitas maneiras de viver são influenciadas pelos
mass media, pela informação, pela publicidade massificante.
Os condicionamentos internos estão ligados, pelo contrário, à hereditariedade,
ao tipo de evolução psicológica, afetiva, espiritual e física de cada um; e ao
grau de liberdade de decisão alcançado nas diversas fases da idade [...].
Adaptado de Luciano Cian, Nascidos para Voar
MNSSERNESNNNUI-NTK)N1,,E•R'DNI)E
PELN0,\ÂNL,\INLEN'ENNLV1-NP-?
Seremos tanto mais livres quanto mais nos libertarmos de
tudo o que nos impede de sermos autenticamente humanos.
Isto implica uma aprendizagem contínua e progressiva.
81
Dependências
que escravizam a pessoa
Doc.33,4
r [ W S 7as
1. O tabaco
Um em cada dois fumadores, que inicie o consumo na adolescência e fume ao
longo da vida, morre devido a uma doença provocada pelo tabaco.
A exposição ao fumo ambiental do tabaco está associada a um aumento do
risco de cancro do pulmão, de doenças cardiovasculares e respiratórias nos
não fumadores expostos.
O consumo de tabaco na infância e na adolescência tem consequências
imediatas. É lesivo para a maturação e função pulmonares e diminui o
rendimento físico.
2. O álcool Fumar
O álcool aumenta, de forma diretamente proporcional, o risco de acidentes e mata
de problemas sociais.
O álcool perturba a aptidão do condutor
pelas alterações que causa a nível de
atitudes, comportamentos, reflexos,
atenção, raciocínio, capacidade d e
recolha de informação e velocidade no
tratamento da mesma. Estas alterações
t traduzem-se muitas vezes em atitudes
erradas e perigosas, n a euforia d a
velocidade, nas manobras perigosas
de que são exemplo as ultrapassagens
mal calculadas.
As repercussões familiares e sociais são
altamente importantes: conflituosidade
familiar; perturbações laborais
(baixas frequentes, faltas, conflitos, diminuição de rendimento,
sinistralidade...); complicações sociais e problemas c o m a
justiça.
A família d o doente alcoólico é u m a família doente,
emocional e afetivamente. A rutura na comunicação surge
rapidamente. São também muito frequentes os divórcios e
a violência doméstica.
Em geral, os efeitos do álcool são extremamente negativos:
mudanças bruscas d e comportamento (irritabilidade,
explosividade, desinteresse, etc.); menor aptidão para o
desempenho da atividade profissional; desmotivação para o
trabalho; fadiga mais frequente; negligência na higiene pessoal e
no vestuário; esperança devida diminuída com uma morte prematura.
Adaptado de Daniel Sampaio et ai, Consumo de Substâncias Psicootivas e Prevenção em Meio Escolar
82
YUF£I\IDÉNCIAS
POR-NEfkD
' ER-MOSROSCO
i MPOTPÇMENTO SE)C)?
PELA'WESSk ,WUPOS?
PEIA1)F\C/Un'D'E E\)\P-ENUNCig P \ i R ?
PEIA-gAS'ENCA1)E WOJETO \ n P r ?
Pellsei e, eni
côrhsciêylcia, decidi
O agir segundo valores fundamentados h ã o d a Y ;n1p0441y)cia a
e,s3e36oal-o3.
A palavra «consciência» é empregue n u m a
relação direta com o sujeito implicado, reforçando -Ter)3cor)3ciêr)cia
a ideia de que este decide e atua segundo um 9ue est-á3
aCazeY?
determinado grau de conhecimento.
86
O caminho que trilhamos não nos diz respeito apenas a nós; tem repercussão
sobre a felicidade dos outros que connosco convivem. Somos responsáveis por nós
próprios, mas também pelos outros. Esta consciência deve ser motivo de reflexão
quando decidimos atuar de determinada maneira. Há pessoas que encontram na
fé e na religião um sentido para a vida e pautam a sua existência pela prática do
bem. A religião tem a virtude de levar as pessoas a pautar as suas opções de vida
por princípios e valores em favor dos outros. A vivência desses valores espelha-se
no olhar, atenção e ação que cada uma dessas pessoas exerce no relacionamento
diário com os outros. Olhando com atenção, verificamos a felicidade que sentem
e a paz que transmitem aos outros. São testemunhos de vidas com sentido.
•
Moisés e a libertação do Egito,
a Páscoa judaica
, 4 " 3 a e rrl
o s sue, por volta cio a o J•2_Wa.C.,
•
liereus cor)seuirani sa,Y do E3,1-0. Quer
coar-ar-r)03 coricrei-aniel,91-e o sue ,se passou2}
e . . é sue perceLe
gueDeu3iJieconCiou
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i\faoCo;nadaCacil...eu nunca1-iv-Jia
ouvido a voz deDeu3 econCe33o
c r i e a r l d e ; 0513 ' e n , i p o s
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se esl-ava a passar Mas pouco a
pouco rui inl-erprear)clo 03 C0i303 sue ,
acorJ-eci.ani e, a cerl-a
-se aL.,solul-anierli-e claro 9ue Deus
corava comi3o para li.er[ar Israel.
,
Conl-e-nos enl-ão como aconteceu 89
esse processo de 1,1-,ertação.
Últimos dias de um
condenado - Jesus
C omo todos os anos, também neste Jesus
celebrou a Páscoa da libertação com os
seus discípulos. Durante a ceia pascal, pegou Calvário, Joseta de Obidos (1630-1684)
no pão, abençoou-o, partiu-o e deu-o a comer [Santa Casa da Misericórdia, Peniche]
aos presentes, dizendo que aquele pão era o Depois de ter sido flagelado, Jesus f o i
seu corpo que ia ser entregue à morte; depois, crucificado — a p i o r das condenações à
pegou no cálice e abençoou-o, dizendo que morte — numa colina em frente da cidade de
aquele vinho era o seu sangue que havia de ser Jerusalém. O seu corpo foi depositado num
Última Ceia,
Jaume Huguet (1412-1492) derramado para libertação da humanidade. túmulo escavado numa rocha. Era sexta-feira.
Depois da refeição, dirigiu-se para o Jardim Passado o sábado — dia de descanso
das Oliveiras onde foi preso por indicação de rigoroso para os judeus , no domingo logo
Judas, um dos doze. Perante o tribunal judaico, de manhãzinha, alguns discipulos foram ao
procuraram incriminá-lo, acusando-o de coisas sepulcro e encontraram-no vazio. Ficaram
inimagináveis. Acabaram por condená-lo sob surpreendidos. Mas, segundo os seus relatos,
a acusação de ele se ter feito passar por filho Jesus apareceu-lhes inesperadamente. Afinal,
de Deus. N a manhã seguinte levaram-no à Jesus tinha vencido a morte e estava vivo.
A comunidade cristã.
D e p o i s de urna certa acalmia, quando parecia que o movimento
religioso iniciado por Jesus tinha morrido, eis que, durante
a festa do Pentecostes, assistimos à pregação de alguns apóstolos
do grupo dos doze, sobretudo de Pedro. Estes homens, que haviam
abandonado Jesus, e, cheios de medo, se tinham refugiado em lugar
desconhecido, estavam agora a anunciar desassombradamente a
sua ressurreição, desafiando a morte! Muitos homens e mulheres
aderiram à sua fé e aceitaram ser batizados. Da sua mensagem,
salientamos dois aspetos:
- Jesus está presente na comunidade dos crentes, que forma um povo sem
fronteiras, ao qual chamam Igreja.
A Ressurreição de Cristo, Peter Paul Rubens (1577-1640)
[Catedral de Antuérpia, Bélgica]
"Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos. "O mais»novo disse ao pai: 'Pai,
dá-me a parte dos bens que me corresponde.' E o pai repartiu os bens entre os
dois. "Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra
longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. "Depois
de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações.
'5Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o
mantk)u para os seus campos guardar porcos. "Bem desejava ele encher o estômago
com as alfarrobas que os p'õrcos comiam, mas ninguém lhas dava. "E, caindo em si,
disse: 'Quantos jornaleiros de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer
de fome! '8Levantar-me-el, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o
Céu e contra ti; "já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos
teus jornaleiros.' "E, levantando-se, foi ter com o pai.Quando ainda estava longe, o
pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o
de beijos.
"O filho disse-lhe: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser
chamado teu filho.'
"Mas o pai disse aos seus servos: 'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha;
dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés.
"Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos,
24porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.' E
a festa principiou.
Lc 15,11-24
93
Rom 6,20-23
A dependência e liberdade
na relação com os bens materiais
"((Por isso vos digo: Não vos inquieteis quanto à vossa vida,
com o que haveis de comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo,
com o que haveis de vestir. Porventura não é a vida mais do que o
alimento, e o corpo mais do que o vestido? "Olhai as aves do céu:
não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; e o vosso Pai
ceste alimenta-as. Não valeis vós mais do que elas? "Porque vos
preocupais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo:
não trabalham nem fiam! "Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda
a sua magnificência, se vestiu como qualquer deles. 300ra, se Deus
veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será•lançada
ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
"Não vos preocupeis, dizendo: 'Que comeremos, que beberemos,
ou que vestiremos?' " O 'vosso Pai celeste bem sabe que tendes
necessidade de tudo isso. "Procurai primeiro. o Reino de Deus e
a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. "Não vos
preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já
terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.»
Mt 6,25-26.28-34
1 Cor 10,23-24
..-,,,,,,•••••••••••memr-
98
de S. Paulo: «Tudo te
é permitido, mas nem
i 'rP\-PRENI), q u e a mensagem cristã desafia o ser humano a pôr em
primeiro lugar o que é realmente importante: cada pessoa e o seu bem-
tudo te convém». -estar e felicidade.
Ésó na liberdade que o homem se pode converter ao bem. Os homens de hoje
apreciam grandemente e procuram com ardor esta liberdade; e com toda a
razão. Muitas vezes, porém, fomentam-na dum modo condenável, como se
ela consistisse na licença de fazer seja o que for, mesmo o mal, contanto
que agrade. A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem
divina no homem. Exige, portanto, a dignidade do homem, que ele proceda
segundo a própria consciência e por livre adesão, ou seja movido e induzido
pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por
mera coação externa. O homem atinge esta dignidade quando, libertando-
-se da escravidão das paixões, tende para o fim pela livre escolha do bem e
procura a sério e com diligente iniciativa os meios convenientes. E cada um
deve dar conta da própria vida segundo o bem ou o mal que tiver praticado.
Cf. Concílio Vaticano II Gaudium et Spes, 17
100
d i a , LM' ) 1
•
Um dia, u m prisioneiro foi posto em liberdade. Querendo p o l o à prova,
conduziram-no ao coração de um imenso deserto cheio de vales profundos
e montanhas inacessíveis. Apenas algumas fontes, dificilmente visíveis,
ofereciam água refrescante. Nos limites daquela paisagem inóspita, existia
uma cidade onde dava alegria viver.
Os guardas disseram, então, ao prisioneiro:
—És livre. Podes fazer o que quiseres — e ali o deixaram entregue a si mesmo.
Algumas horas depois, um velho sábio nómada, que tinha atravessado muitas
vezes aquele deserto, encontrou o prisioneiro e disse-lhe:
— Sabes que, se quiseres saborear a tua liberdade, deves atravessar este deserto?
Para lá do seu termo, hás de encontrar os teus irmãos. — E ofereceu-lhe uma
bússola e um mapa onde estavam indicadas as fontes onde poderia beber e os
obstáculos que teria de ultrapassar.
— Na base da montanha vermelha poderás juntar-te a um grupo de pessoas
que também viajam para a cidade onde se pode ser feliz. Boa viagem! —
declarou o velho sábio, retirando-se.
Mas o prisioneiro pensou: "Agora sou livre. Acabou o tempo da opressão. Este
nómada quer impor-me um caminho, mas eu não aceito ordens de ninguém!"
E atirou fora a bússola e o mapa. Deambulando sem rumo pelas dunas do
deserto, acabou por se perder sem nunca ter podido alcançar a cidade da
alegria.
Um ano depois, os guardas fizeram o mesmo com outro prisioneiro. Este
encontrou o mesmo nómada e, grato pelo conselho, pela bússola e pelo mapa
que lhe havia de orientar o itinerário, seguiu as indicações. Depois de ter
percorrido alguns dias de viagem, juntou-se ao grupo de pessoas que perseguia
o mesmo fim. E com eles prosseguiu.
A jornada foi longa e difícil, mas experimentou, no meio do calor sufocante,
o conforto das fontes de água fresca. E, sobretudo, sentiu quão mais fácil é o
caminho quando é feito na companhia dos que partilham o mesmo destino.
Finalmente, numa manhã de sol, temperada por uma brisa refrescante, a cidade
desenhou-se no horizonte. Depois de um último dia de viagem, chegaram à
cidade da alegria, onde puderam descansar do longo percurso e por fim fruir
da felicidade que o encontro com os outros possibilita.
Adaptado de Pedrosa Ferreira, Razões de viver
101
Nem sempre é fácil acolher os conselhos dos outros, sobretudo dos adultos.
Vale a pena construirmos as nossas opiniões e tomarmos as nossas decisões,
mas ouvir outros ajuda-nos a decidir melhor. Nem todos os conselhos que vêm
dos outros devem ser rejeitados. E outras vezes és tu que tens de ajudar e
aconselhar outros...
Dot
ic -5 liberdade sem - e r '
Éfácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um
dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que
tolere, sem protestar, um mestre. Mas é muito diferente fazê-lo reinar sobre
si próprio. Mas o que é libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que
não sente nada, que significa a sua liberdade? Não há liberdade a não ser a
de «alguém» que vai para algum sítio. Libertar este homem seria mostrar-lhe
que tem sede e traçar o caminho para um poço. Só então se lhe ofereceriam
possibilidades que teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se não
existir gravidade. Porque a pedra, depois de liberta, não iria a parte nenhuma.
Antoine de Saint-Exupéry, Piloto de Guerra
••••••
I r g ) P - E N I ) \ que ser livre não é fazer o que me apetece porque nem tudo
o que eu quero é bom para mim.
[ Helvetica (11110, p 3 9 f i I n i r i r l i , • • •
To brasil@mail.com
cc Todos os alunos de EMRC do 82ano
Bcc.
Queridos brasileiros,
"É para a liberdade que Cristo nos libertou" (Gal SM. Com a sua Paixão,
Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras
da morte e do pecado. Procuremos conscientizar-nos mais e mais da
misericórdia infinita que Deus usou para connosco e logo nos pediu para
fazê-la transbordar para os outros, sobretudo aqueles que mais sofrem:
"Estás livre! Vai e ajuda os teus irmãos a serem livres!".
Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos
tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção
de órgãos, e m mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, e m
trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano!
"A este nível, há necessidade de um profundo exame de consciência: de
facto, quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado
como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer
desejos imorais? A pessoa humana não se deveria vender e comprar como
uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo indiretamente, torna-
-se cúmplice desta prepotência" (Discurso aos novos Embaixadores, 12/
XII/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa,
quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos
que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamamento para
o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa
e se deita fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Sim,
há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode
anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade
aqui na terra é negada?
Queridos brasileiros, tenhamos a certeza: eu só ofendo a dignidade
humana d o outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De
poder, de fama, de bens materiais... E isso p a s m e m ! — a troco da minha
dignidade de filho e filha de Deus. A dignidade humana é igual em todo
o ser humano: quando a piso no outro, estou pisando a minha. Foi para
a liberdade que Cristo nos libertou! Faço votos de que os cristãos e as
pessoas de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum
homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano!
Vaticano, 25 de fevereiro de 2014.
Papa Francisco, mensagem para a Campanha da Fraternidade de 2014 (Brasil)
Sóéd(gnodo líberdade,como t i
aquelequeseemp d o (do,
emconquísá-lo.
Johomn&oethe
n.
re a n
,ria r
r do
104
Olá!
Chamo-me Bacien-Powell. Com cerl-eza já ouve Calar
demim, al-ravés dos jovens escul-eiros 9ue conheces.
4 i\lasci em Londres em IW?.
Durante a minha permanência na escola diarterliouse
não levava os estudos tão a sério como devia, mas era rvioito sociável e hom
companheiro. Participava nos jo9os e al-ividades escolares com a ale yf-ia nal-ural
da juveni-ode e procurava diverlir-me com os meus cole9as. Jogava Coteol e era
_o_3uarcia-redes da e9uipa da escola. Gostava muito de d'esenliar e de represenl-ay.-
\Tniiauma vocação inata para a música.
Quando compleei J7anos e terminei Osestudos Cui para a índia cumprir o serviço
miiiar Dedicluei-me, de alma e coração, à carreira militar por9ue amava o conl-ac1-0
permanente com a natureza e com outros países e culturas. Como não meCalhava
coYarm, aprendi a ideni-iCicar e sey)ir pistas com o oLjetivo de explorar novas
sil-uaçães.
Quando r9ressei a lncjlaerra. dei-me conta de clue um livro meu, escrito para
militares (Actieas a Eploração sA,liar - AID3-TO3cou1Iive), estava a ser usado
nas escolas masculinas. Compreendi 9ue esl-a podia ser uma oportunidade única
para ajudar a juver4ude a crescer e então aL.racei esse clesaCio. Esi-udei os
métodos usados empodas as épo.cas na educação de jovens e dei início ao projeto
do escutismo.
tqo Verão de 1M convidei cerca de ZO rapazes para realizar umacampamento 9ue
I-eveumêxj.o enorme. Foi eni-ão 9oe comecei a escrever pevenos rascícolos scJ,re
oescul-ismo. A partir desl-a3 iknicial-;va3, o pe9oeno movimento alargou-se ao mundo
inteiro. EmJ7J2_C;zuma viagem à volta do mundo contactando com os escJeiros de
oul-ros países, para Cozer cio escul-ismo uma Cral-erniciade mundial.
Caros "'jos, 9oero repetir a3ora a mensarm clue I-ransmil-i, vezes sem corJ-a, aos
jovens escul-eiros do meu1-empo:
O esi-odo da hal-oreza mosl-rar-vos-d um mundo
cheio de coisas ',elas e maravilhosas., que
Deus çez para as pessoas serem çelizes. —
Amelhor maneira de sermos felizes é
proporcior)armos Celicidade às oul-ras pessoas.
Procurem deixar este mu)ndoumpoucomelhor
do que estava cluarIclo o enconl-raram.
A humanidade é parte integrante de um imenso universo em evolução. O
planeta onde vivemos é apenas um pequeno ponto neste grandioso cosmos;
porém, é, segundo parece, o único sítio habitável.
1Jrn r n l o r i d 2
A beleza e diversidade naturais da terra surpreendem e prendem muitos
olhares, cativam muitos ouvidos e desafiam pincéis e esferográficas a registar
momentos e lugares. A natureza ensinou o ser humano a reconhecer, admirar
e respeitar a beleza da vida na sua diversidade. Como resposta nascem artistas
capazes de comunicar a natureza na sua pureza e simplicidade, seja pela música,
literatura, pintura, fotografia...
Doc.q3
Doc.MLI
A Salada
No meu prato que mistura de Natureza!
As minhas irmãs as plantas,
As companheiras das fontes, as santas
A quem ninguém reza...
Ecortam-nas e vêm à nossa mesa
Enos hotéis os hóspedes ruidosos,
Que chegam com correias tendo mantas
Pedem «Salada», descuidosos...,
Sem pensar que exigem à Terra-Mãe
A sua frescura e os seus filhos primeiros,
As primeiras verdes palavras que ela tem,
As primeiras coisas vivas e irisantes
Que Noé viu
Quando as águas desceram e o cimo dos montes
Verde e alagado surgiu
Eno ar por onde a pomba apareceu
O arco-íris se esbateu...
Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa, 1988-1935), O Guardador de Rebanhos
Doc.q5 411,4
O E
O Grito, pintado em 1893, é uma das obras mais importantes do movimento
expressionista.
Retrata uma figura humana contorcida e sem cabelo, manifestando um estado
de profunda angústia, sofrimento e desespero existencial. O pano de fundo é
a doca de Oslofiord (em Oslo) ao pôr do sol.
O g r i t o d a personagem c e n t r a l
introduz perturbação n a paisagem
de fundo q u e partilha c o m e l a a
mesma desconfiguração. A paisagem
comunga da angústia da personagem;
toda a natureza sensível fica abalada
e desfigurada com o grito. Apenas a
1. Faz uma pesquisa
ponte e as duas personagens do canto
de obras de arte
esquerdo estão representadas e m
sobre a natureza e
linhas direitas. regista os resultados
Alguns críticos sustentam que Munch segundo os seguintes
pôs neste quadro o desespero das tópicos: nome
pessoas d e u m a i l h a o n d e t e r i a da obra; autor;
ocorrido um tsunami (representado data da execução;
pelo rio) e uma erupção vulcânica elemento(s)
(representada p e l o c é u c o r d e naturais presentes;
(1863-1944) laranja). observações pessoais.
108
De acordo c o m a narrativa d o
Génesis, tudo o que foi criado por Deus
é necessariamente bom. Assim, o ser
humano não deve exercer violência
sobre a terra, como se fosse o seu
senhor absoluto. Na verdade, todo o
ambiente natural pertence a Deus;
desrespeita-lo é manifestar u m a
imensa ingratidão para com o criador.
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bpy .110
ES,GO
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ÇEEAKOSNik1WNS
CATIA-Sf\-C)!1)A-S
POLUO()
A ecologia estuda
,t, •AGUECAMENTO,&LOM_
EXTN* -\NM-Pr'M E '161
as relações entre
os seres vivos em
consequência
dos processos
de nutrição,
reprodução e outras Doc.q./
funções biológicas
de cada espécie. !frlp
Estuda ainda as
O nosso planeta é indivisível.
influências que
Na América do Norte respiramos oxigénio produzido na floresta tropical do
sobre eles exercem
Brasil. As chuvas ácidas provenientes das indústrias poluentes do centro-oeste
as mudanças de
americano destroem florestas no Canadá. A radioatividade de um acidente
temperatura, luz,
nuclear na Ucrânia compromete a economia e a cultura da Lapónia. A queima
salinidade e outros
de carvão na China aquece a Argentina. Os clorofluorcarbonetos que um
fatores ambientais.
aparelho de ar condicionado liberta, na Europa, contribuem para a ocorrência
Estuda também a
de cancro de pele na Nova Zelândia.
influência dos seres
Quer queiramos, quer não, nós, humanos, estamos presos aos nossos semelhantes
vivos sobre o meio
e às plantas e animais do mundo inteiro. As nossas vidas estão interligadas.
ambiente.
cari Sagan (1934-1996), Biliões e Biliões
113
Aquecimento global
A terra sofre alterações climáticas periódicas devido a fatores naturais
previsíveis, como variações na inclinação do eixo terrestre, na curvatura da sua
órbita em torno do sol e alterações na radiação solar. Estas alterações ocorrem
em intervalos d e tempo longos. O aumento da temperatura média global
registada nos dois últimos séculos, com destaque para as últimas décadas, não
tem como causas principais estes fatores naturais, mas sim a atividade humana
nas áreas da indústria e consumo.
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Pop_cwEST TER; N NosuEC)E?
Atualmente já
O aquecimento global tem como principal causa a libertação e acumulação
há muitos sprays
na atmosfera de gases com efeito de estufa: dióxido de carbono, óxido nitros°, e sistemas de
metano e halocarbonos (CFC— clorofluorcarbonetos, por exemplo). O dióxido de refrigeração de
carbono é um desses gases, libertado em grandes quantidades pelas chaminés eletrodomésticos
considerados
das indústrias, pelos escapes dos automóveis e pelos fogos florestais. O efeito
amigos do
de estufa é um fenómeno natural regulador da temperatura da terra, mas encontra- ambiente por não
-se desregulado como consequência da acumulação principalmente de dióxido conterem CFC.
de carbono.
A atmosfera terrestre, graças à camada de ozono, absorve parte dos raios
ultravioletas, prejudiciais ao desenvolvimento da vida, e impede que a energia
solar chegada à superfície terrestre não se desperdice para o espaço, evitando
bruscos arrefecimentos noturnos. A destruição crescente do ozono pelos gases
poluentes abrem como que um "buraco" na camada superior da atmosfera, o
que possibilita a incidência na superfície terrestre de uma maior quantidade de
raios ultravioletas. O efeito de estufa natural gravemente ampliado e o "buraco"
na camada de ozono tornaram-se problemas com múltiplas consequências:
EsP a , Irais
É,sem dúvida, cada vez mais necessário analisar os problemas ecológicos a partir
de uma perspetiva ético-morai, ou seja, a partir de questões como as seguintes:
PSg\-MES ME TOMOSTEMCOMO
HI\IPt.AN'DEOS1NTEESSES TnOS
PENPSOSNTERESSESt\IUN1TDUMS?
CANSEMINCAS1OS
C/OMPORENTOS-\UMPNIOS
SOETKAMENTE
ESPONSMAfkiEPELOS
OUW-OSEPELOPN13,1EN--EES
1SE H U M P M ?
As FLOP-ESIA,Ç, c o m t o d a a s u a biodiversidade, s ã o grandes
consumidoras de dióxido de carbono. Fomentar e preservar a florestação
poderia ser parte da solução para o problema do aquecimento global. Porém,
parece não ter sido essa a opção das grandes indústrias. Porque prevaleceram
o desenvolvimento económico e o poder que lhe está associado, procedeu-
-se à destiorestação em larga escala, empobrecendo os solos e eliminando
a possibilidade de diminuir os níveis de dióxido de carbono presentes na
atmosfera. Relacionadas com a desflorestação temos a degradação e a
erosão do solo, bem como o descontrolo do ciclo hidrológico e da qualidade
" •"
II
da água. ••• • I
1 • • • • , .
M i ~ s - 21,5
i . -- --- -----
i'v,\,)!,f\. é C r i s t i n a Cruz, cidadania e Formação Cívica
A água tem sido utilizada não só para o consumo doméstico crescente (em
que se verifica grande desperdício), mas principalmente para a agricultura e
indústria, setores em que são gastas avultadas quantidades de água. A construção
de barragens e canais tem, por sua vez, afetado uma parte dos maiores rios do
mundo.
Estas intervenções humanas deixam marcas no ciclo hidrológico. De facto, a
água arrasta consigo testemunhos de destruição humana, sob a forma de esgotos
domésticos, poluição industrial e resíduos de fertilizantes e pesticidas. E quanto
maior for o caudal de água poluída, menor é a quantidade de água disponível
para consumo. Outras consequências da poluição da água são, por exemplo, o
aparecimento de doenças várias e a extinção de muitas espécies fluviais.
5. Dos vários
Adaptado de Ricardo Garcia, Sobre a Terra
problemas ambientais
e ecológicos, quais
os que mais te AbESEP-Tkn(igsif\-0 é a consequência mais drástica que resulta, não só do abate
preocupam? massivo e continuado de árvores e dos incêndios, mas também da agricultura
6. Quais os que mais e pecuária intensivas, da crescente urbanização e da poluição provocada pelo
afetam as pessoas e o
ser humano. A desertificação arrasta consigo a destruição de ecossistemas, a
meio em que vives?
diminuição e extinção de espécies, o empobrecimento das populações... e o
7. 0 que poderá ser
melhorado em favor agravamento das condições propícias ao aquecimento global do planeta.
da saúde do planeta?
JÉ
i N-
O dia 17 de junho foi escolhido para comemorar o Dia Mundial de Combate à-}
Desertificação e à Seca. Crê-se que o fenómeno da desertificação afeta cerca
de 1/3 da superfície terrestre e mais de mil milhões de pessoas.
119
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Põe
Para além de ser uma ciência, a ecologia humana propõe uma reflexão sobre
os grandes caminhos que conduzem à felicidade da pessoa.
Oot_ç' J i t
Hino à deusa terra
A verdade, a grandeza, a ordem universal, a força, a consagração, o fervor
criador, a exaltação espiritual, o sacrifício, sustentam a terra.
A vasta terra, que os deuses insones guardam sempre atentamente, nos dará
mel precioso.
011v As tuas montanhas nevadas e as tuas florestas, ó terra, serão bondosas para
çaber nós! Na terra castanha, negra, vermelha, multicor, na terra firme, me estabeleci
e não suprimi, nem matei, nem feri.
No teu seio, aceita-nos, ó terra, e em teu umbigo, na força nutriente que
O Atharva-Veda cresceu de teu corpo, purifica-te para nós! A terra é a mãe e eu, o filho da terra.
— «conhecimento Os mortais nascidos de fi vivem em ti; tu sustentas tanto os bípedes quanto os
dos sacerdotes quadrúpedes. Tuas, ó terra, são as cinco raças de homens.
atharvan» — é Aquilo, ó terra, que cavo e firo de ti, rapidamente crescerá de novo. Que eu
um texto sagrado não possa, ó tu que és pura, perfurar o teu ponto vital, nem o teu coração.
do Hinduísmo. Foi À terra, sobre a qual há alimento e arroz e cevada, sobre a qual vivem estas
escrito em sânscrito, cinco raças de homens, à terra que engorda com a chuva, reverência!
por volta do ano
Excerto de At/larva-Veda, 8
1500 a.C..
Alá e a terra
ÉAlá quem faz cair, para vós, a água da chuva. Dela tirais a vossa bebida e,
devido a ela, brotam as plantas em que pastais o vosso gado.
Com ela germinam os cereais, a oliveira, a tamareira, as uvas e toda a classe de
frutos. Sem dúvida nisso está um sinal para que o povo reflita.
Deus pôs ao vosso serviço a noite e o dia. O sol, a lua e as estrelas estão
submetidos à sua ordem. Sem dúvida, isso são sinais para um povo que faça
uso da razão.
EEle pôs ao vosso serviço as coisas que para vós criou na terra. Sem dúvida,
isso é um sinal para um povo que tenha cautela.
Alcorão 16, 10-15
Contributo do Cris: m o
nn cuidado da nature
O Cristianismo, além dos ensinamentos bíblicos, foi
pródigo, ao longo da história, em homens e mulheres
que souberam amar a na-
tureza e, através dela, o seu
Criador. No século XII, a freira
alemã Hildegarda de Bingen
(mística, filósofa, composi-
tora e escritora) deixou-nos
este testemunho: « O es-
pírito de Deus é vida que concede vida. Raiz do mundo
das árvores e vento nos seus galhos. É vida reluzente
atraindo todos os louvores. Toda desperta. Toda em
ressurreição.»
-
Hildegarda num manuscrito medieval
Cântico dos três jovens
Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor:
- a Ele a glória e o louvor eternamente!
58Céus,
'Anjos do Senhor,
"Sol e lua,
"Estrelas dos céus,
"Chuva e orvalho,
"Todos os ventos,
66Fogo e chama,
"Frio e calor,
"Orvalho e geada,
"Frio e gelo,
"Gelos e neves,
-"Noites e dias,
"Luz e trevas,
"Relâmpagos e nuvens,
"Que a terra bendiga o Senhor:
"Montes e colinas,
"Tudo o que germina na terra,
"Mares e rios,
'Fontes,
"tudo o que se move nas águas,
"Todas as aves do céu,
81Todos os animais, selvagens e domésticos,
"Vós, seres humanos, bendizei o Senho:
- a Ele a glória e o louvor eternamente!
cf. Dn 3,57-82
Bendizelo Senhor:
- o Ele a glário e o louuor
eernornentel
Este hino de louvor, que convida repetidamente o crente a bendizer a Deus,
é um apelo a toda a criação para o glorificar; um cântico de agradecimento que
os judeus e os cristãos elevam a Deus por todas as maravilhas do universo.
FRANCASE)0SOU I P - HP1-R-MONC)15S\J\Kii'LPRPrI1C)OUbEMODO
UTOW1)N U N N E R S
Tinha uma relação fraterna com todos os
seres da criação. O amor e o respeito de Francisco
pela natureza não correspondiam a atitudes
abstratas, convencionais ou impessoais. Tratava
cada ser com delicada cortesia, respeitando
sempre a sua própria individualidade e o seu
lugar no cosmos. A partir da sua fé, razão de ser
de toda esta visão, celebrava a grande presença
de Deus na criação.
1,1
Cor -mr-1-1ção do Criador nas criat1,1----,
Francisco louvava o Criador em todas as suas obras. Nas coisas belas reconhecia
a suprema Beleza, pois a todas ele ouvia proclamar: «Quem nos criou é
infinitamente bom». Abraçava todas as coisas com um amor e um entusiasmo
jamais vistos e falava com elas acerca de Deus, convidando-as a louvá-lo.
Aos irmãos q u e cortavam l e n h a proibia-lhes arrancarem a s árvores
completamente, impedindo-as de voltarem a rebentar. Ao hortelão mandava
que, ao redor da cerca, deixasse uma faixa por cultivar, a fim de que, a seu
tempo, o verdor das ervas e a beleza das flores anunciassem a beleza do Pai de
todas as coisas. Mandou reservar um canteiro na horta para o cultivo de flores
e plantas aromáticas, a fim de evocarem, em quantos as vissem, o perfume da
vida eterna.
Afastava do caminho os vermes para não serem pisados. Chamava irmãos a
todos os animais, embora tivesse preferência pelos mais mansos.
Tomás Celan° (1200-1260), Vida Segunda
130
Doe_SS
Declaração de S. Francisco
cornr nadroeiro da
Entre os santos que respeitaram a natureza como maravilhosa dádiva de Deus
ao género humano, figura merecidamente São Francisco de Assis. Pois, com
sensibilidade singular, ele apreciava todas as obras do Criador e, como que
divinamente inspirado, criou o admirável «Cânfico das Criaturas», as quais, o
irmão sol sobretudo, a irmã lua e as estrelas do céu, lhe davam ensejo de dar
devidamente louvor, glória, honra e toda a bênção ao altíssima omnipotente
e bom Senhor.
Por isso proclamamos São Francisco de Assis padroeiro celestial de todos os
cultores da ecologia.
João Paulo II, 29 de novembro de 1979
k211, q p „ ,
)L'q
./
l i r P g - E N t ) \ que a natureza é local de encontro com Deus e motivo de
gratidão e louvor, como testemunha São Francisco de Assis.
Problemas como a criação e o transporte de animais, o abate indiscriminado
e massivo de árvores.., precisam de ser equacionados à luz de uma visão ética!
O amor, na perspetiva cristã, evita a avidez, a ostentação, a exploração das
pessoas e dos recursos naturais. Como administrador dos bens ambientais,
o ser humano deve centrar-se naquilo que é realmente importante e não na
simples vontade de poder indiscriminado que tudo arrasa à sua passagem.
Doc.SL
Números para refletir
• 1,2 mil milhões de habitantes do planeta, dos quase 6 mil milhões, sobrevivem
em condições de extrema pobreza.
• 6,3 milhões de crianças morrem de fome por ano e há 842 milhões de pessoas
subnutridas no mundo.
• Cerca de 115 milhões de crianças não vão à escola e há 876 milhões de
Iletrados.
• 13 milhões de crianças morrem antes dos 5 anos de idade devido a causas
que poderiam ser evitadas.
• 2 mil milhões de pessoas no mundo não têm acesso a fontes de energia e mil
milhões não têm acesso fácil a água potável.
• Apesar de só 15% da população mundial viver nos países ricos, é responsável
por 50% das emissões de dióxido de carbono no mundo.
• 20% da população mundial consome 80% dos recursos do nosso planeta.
• Muitos países pobres gastam mais em juros da dívida externa do que na
resolução dos seus problemas sociais.
Adaptado de Pax Christi (Semana da Paz 2007)
A Sociedade Ponto Verde, S.A. é uma
entidade privada, sem fins lucrativos, com sociedade
amissão de promover a recolha seletiva,
a retoma e a reciclagem de resíduos de
embalagens a nível nacional.
Ponto verde
Presta apoio às autarquias com programas de recolha seletiva e triagem de
embalagens não reutilizáveis; assegura a retoma, valorização e reciclagem dos
resíduos separados (papel ou cartão, vidro, plástico, madeira, aço e alumínio);
assume a gestão e o destino final das embalagens não reutilizáveis; promove a
sensibilização e educação ambiental junto dos consumidores e apoia programas
de investigação que fomentem o desenvolvimento do mercado de produtos e
materiais reciclados.
Saber 4- 9
Alguns desaf s
Face aos graves problemas ambientais q u e ameaçam a vida n a terra,
é urgente assumir atitudes capazes d e garantir a sobrevivência d o nosso
planeta. Podemos esperar e exigir do Estado e dos organismos competentes
uma política adequada, mas não podemos querer que os outros façam a nossa
parte. É fundamental que cada pessoa reveja o seu dia a dia e adote atitudes
verdadeiramente ecológicas.
CaraTerra,
Começopor lhe agradecer a sua preocupação sobre os problemas que agetam o nosso
contrato. Esperoquese encontreumpoucomelhor.Seique jáP-uilongedemais,quenãocuidei do
meioambiente e quepoluí para lá de tudo o queseria sensato,masisso está a mudar.
Tenhovindo a tomaralgumasprovidências para que o nosso contrato de arrendamento seja
mesmorenovado.Eis o que, para já,meé possívelgozer:
- Reduzir o usode recursos e o desperc.cio:poupandoágua,desligandolâmpadaseequipamentos
semprequenãoestiverem a ser utilizados,valorizandoenergiasrenováveis,usando o rosto e o
versodecada olha depapel,guardandoosdocumentosnocomputadoremvezdeosimprimir.
- Utilizar prioritariamente produtos biodegradáveis, recicláveis ou quepossam ser reutilizáveis,
evitando todos os descartáveis.
Prevenir toda a espécie de riscos ambientais,avisando a proteção civil sempreque observar
fogueiras, lixosacumuladosouquaisquer outros perigos.
Contribuir concreta e eç-etivamente para a melhoria da vida na nossa casa, participando
emações de voluntariado ambiental,ajudando a limpar as praias, a cuidar das árvores e a
resgataranimaisabandonados.
Comprometo-mea cumprir integralmente as açõesacimaenunciadas e a convenceros outros
inquilinos a P-ozer omesmo,
Esperoque desta -gormo o nosso contrato nãosejacancelado e quevoltemos a viver felizes
nestacasaqueamamos.
Comosmelhorescumprimentos,
sua(seu) inquilino(o)