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ACEITAMOS A VIDA NO SEU MISTÉRIO

Afadigamo-nos para encontrar para cada uma das nossas


perguntas uma resposta e assim nos nos esquecemos do
essencial. Isto é: que Deus conhece as nossas perguntas
escondidas, mesmo aquelas para as quais nem palavras
temos; que na vida mais do que encontrar soluções e
saídas nós precisamos de acolher as oportunidades para
aprofundá-la, bebendo o cálice até ao fim; e que, de tantas
formas, em mil línguas diferentes, o que Deus nos está a
dizer agora é que aceitemos a vida no seu mistério, que
abracemos esta vida que é maior do que nós, colaborando
na sua gestação precisamente como Maria o fez.

Afadigamo-nos a moldar o quotidiano como um exercício


de contabilidade e assim nos afastamos do essencial. Isto
é: que Deus nos chama a ser gratuitos e transbordantes, a
nós que tantas vezes parece que só sabemos amar a conta
gotas; que Deus nos desafia a anteciparmo-nos no dom, a
nós retardamos continuamente a hora da entrega; e que
Deus, mais do que administradores de celeiros inúteis,
quer que sejamos apaixonados buscadores sedentos, sem
medo daquela pobreza de coração sem a qual não existe
confiança verdadeira, precisamente como Maria o fez.

Afadigamo-nos a esconder as próprias feridas e assim nos


afastamos do essencial. Isto é: que Deus é capaz de nos
curar; está pronto a nos curar das escolhas inconsistentes
que realizamos, dos objetivos que sem sabedoria nos
impomos como meta, das frágeis paixões tristes em que
nos perdemos; inclina-se para nós para nos curar deste
vício de ver só uma parte e não reparar no todo, de olhar a
superfície em vez de arriscar contemplar a existência por
dentro, precisamente como Maria o fez.
P.Tolentino
21.09.20

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