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DIETA MEDITERRÂNICA
Valor Económico e Perspetivas de
Sustentabilidade
Maio 2014
0
Data
Dieta Mediterrânica
“Dietas sustentáveis são dietas com baixo impacto sobre o meio ambiente,
que contribuem para a segurança alimentar e nutricional, bem como para
uma vida saudável das gerações atuais e futuras.
Dietas sustentáveis contribuem para a proteção e respeito da biodiversidade
e dos ecossistemas, são culturalmente aceitáveis, economicamente justas e
acessíveis; adequadas, seguras e saudáveis do ponto de vista nutricional e,
ao mesmo tempo, otimizam os recursos naturais e humanos.”
1
Dieta Mediterrânica
Índice
1. Sumário executivo 3
5. Anexos 65
2
1. Sumário Executivo (i)
O padrão alimentar mediterrânico, que se convencionou designar por Dieta Mediterrânica, tem sido objeto
de estudo por diferentes áreas do saber desde meados do século XX. O primeiro destes estudos, designado
por estudo dos Sete Países, é da autoria do americano Ancel Keys e foi realizado em finais dos anos 50 em
Itália, Grécia, ex-Jugoslávia, Holanda, Finlândia, Estados Unidos e Japão. Nele se estabelece a associação
entre, por um lado, uma dieta baixa em produtos animais e gorduras saturadas e, por outro, baixos níveis
séricos de colesterol e uma baixa incidência de mortalidade por cardiopatia isquémica. O mesmo estudo
demonstrou também a forte relação inversa entre a ingestão de ácidos gordos monoinsaturados (a principal
fonte de gordura do azeite) e a mortalidade total e específica por cardiopatia isquémica e cancro. Desde
aquela data, a investigação nutricional tem insistido nos benefícios da dieta mediterrânica em geral e dos
seus ingredientes em particular, existindo variados resultados que apontam para o facto deste padrão diário
de alimentação estar associado a maior longevidade no geral e à proteção face a doenças como o cancro,
diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doença cardiovascular, obesidade e doenças neurodegenerativas como
a doença de Parkinson ou de Alzheimer. Não existindo conhecimento total sobre os mecanismos exatos que
conduzem aos fenómenos descritos, sabe-se existirem nos alimentos, e concretamente nos frutos e
hortícolas, dezenas de substâncias químicas com eventual capacidade de proteção das células contra
agressões externas como a oxidativa.
A Fundação Dieta Mediterrânica define esta dieta como sendo “um estilo de vida que a ciência moderna nos
convida a adotar em benefício da nossa saúde, fazendo dela um excelente modelo de vida saudável”. A
Valor Económico e Sustentável
dieta mediterrânica é uma valiosa herança cultural, que a partir da simplicidade e da variedade deu origem
a uma combinação equilibrada e completa dos alimentos, baseada, tanto quanto possível, em produtos
frescos, locais e de época. Tem sido transmitida de geração em geração desde há muitos séculos e está
da Dieta Mediterrânica
intimamente ligada ao estilo de vida dos povos mediterrânicos ao longo da sua história.
Research Sectorial
sociodemográfico, com a urbanização progressiva, com a entrada maciça da mulher no mundo do trabalho
e com a alteração do tecido comercial e da distribuição alimentar permitiram que a oferta alimentar se
modificasse de uma forma relativamente rápida, apesar de se terem mantido determinados traços que
da Dieta Mediterrânica
ainda nos diferenciam (do ponto de da ingestão alimentar) de outros países. Estes traços identificativos
Research Sectorial
detetam-se, por exemplo, no consumo elevado de pescado, na preferência pelas gorduras vegetais como o
azeite ou na preferência por determinados tipos de preparados culinários, de que é exemplo a sopa. São
hábitos alimentares que diferenciam estas comunidades mas que também as protegem, permitindo a
ingestão de substâncias protetoras e reguladoras, muitas vezes com reduzido valor energético.
Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, ES Research - Research Sectorial. 4
1. Sumário Executivo (iii)
Portugal apresentou, em Março de 2012, a candidatura da dieta mediterrânica a património imaterial da
Humanidade, apresentando Tavira como comunidade representativa, sendo a candidatura portuguesa
constituída por um grande conjunto de iniciativas e de medidas tendo em vista a valorização e a promoção da
Dieta Mediterrânica à escala nacional. Associados a Portugal estavam também o Chipre e a Croácia, depois de
em 2010 a distinção ter sido atribuída à Grécia, Espanha, Itália e Marrocos. A classificação como Património
Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)
teve lugar em dezembro de 2013, em Baku, no Azerbaijão, uma decisão tomada durante a 8.ª Sessão do
Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO.
O cálculo do valor económico da dieta mediterrânica em Portugal é feito a partir da identificação das fileiras
produtivas apontadas na pirâmide alimentar, já que existe uma clara predominância dos produtos
mediterrânicos na produção agrícola nacional. Assim, analisamos a produção agrícola nacional e suas
principais fileiras - produção vegetal (frutos, hortícolas, leguminosas, batatas, cereais, azeite, vinho, plantas
aromáticas e medicinais); produção animal (bovinos, suínos, aves de capoeira, ovinos e caprinos, leite, ovos),
a produção da pesca, tanto ao nível de capturas como de aquacultura. Tendo Portugal uma razoável rede de
mercados abastecedores e retalhistas (municipais e locais), mostramos igualmente a importância destas
infraestruturas na manutenção e promoção da compra de proximidade, privilegiando a biodiversidade e
sazonalidade e os produtos locais e tradicionais. A vertente turística também é abordada, sobretudo através
da dinâmica induzida pela gastronomia e pelo vinho, que se constitui atualmente como elemento promotor do
Valor Económico e Sustentável
país.
As fileiras produtivas integrantes da pirâmide da Dieta Mediterrânica, e para as quais Portugal tem ativos
da Dieta Mediterrânica
endógenos de qualidade e com potencial de crescimento, contribuem com 1.9 para o PIB, são responsáveis
por quase 8% das exportações totais e por mais de 12% do emprego. Levando o turismo em consideração
Research Sectorial
Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, INE, ES Research - Research Sectorial. 5
1. Sumário Executivo (iii)
Portugal tem uma produção agrícola que ascende a EUR 6.7 mil milhões, onde a produção vegetal predomina,
com mais de 60% da produção anual ou EUR 4 mil milhões. As condições edafoclimáticas do país colocam-no
numa posição privilegiada de produção de qualidade (oriunda da combinação sabor, cor, textura), sendo, para
alguns produtos agrícolas, o primeiro produtor do hemisfério Norte. A produção animal representa EUR 2.7
mil milhões, e em Portugal existem muitas explorações extensivas de criação animal que têm um impacte
ambiental ainda assim inferior às explorações com regime intensivo. A pesca, setor em profunda
reestruturação nas últimas décadas, representa um valor de produção que ascende a EUR 345 milhões.
Portugal é um grande consumidor de peixe, o 3º mundial, o que provoca défice na balança externa de peixe,
importamos mais de metade do que consumimos. Os mercados abastecedores representam a melhor forma
de os produtores colocarem as suas produções no retalho alimentar de proximidade. A distinção conseguida
com a candidatura portuguesa abre espaço para a diferenciação do turismo nacional, com ele relacionando a
gastronomia e toda a herança cultural a ela associada.
A balança alimentar portuguesa mostra que os consumidores portugueses se afastaram do padrão alimentar
recomendado pela dieta mediterrânica, à semelhança do que se verificou na Europa, mas ainda assim em
menor escala. A principal questão é o consumo exagerado de carne em detrimento de frutos e hortícolas. A
crise atual motivou um novo aproximar à dieta mediterrânica.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, INE, ES Research - Research Sectorial. 6
Dieta Mediterrânica
Índice
1. Sumário executivo 3
5. Anexos 65
7
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
O Mediterrâneo é mais que um mar interior que liga três continentes, é berço de civilizações
que influenciaram a história da humanidade nos últimos milénios. O Mediterrâneo é um
modo de ver, pensar e agir, um modelo de vida comunitária.
8
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
i - Caracterização
Dieta tem
origem no
termo grego
“daíata”,
significa estilo
de vida. Não é
apenas um
padrão
alimentar, é
uma forma de
ver, pensar e
agir que
influenciou o
planeta.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
Os estudos
iniciais na Ilha
10 Principios da Dieta
de Creta,
Mediterrânica
… em Portugal
Grécia, foram
fundamentais Frugalidade e cozinha simples que tem
para o na sua base preparados que protegem os
seguimento de nutrientes, como as sopas, os cozidos, os Consumo moderado de laticínios
Ancel Keys ensopados e as caldeiradas
(1904-2004) Utilização de ervas aromáticas para
que tornaram a Elevado consumo de produtos vegetais temperar em detrimento do sal
Dieta em detrimento do consumo de alimentos Consumo frequente de pescado e
Mediterrânica de origem animal, nomeadamente de baixo de carnes vermelhas
produtos hortícolas, fruta, pão de
global. Consumo baixo a moderado de vinho
qualidade, e cereais pouco refinados,
leguminosas secas e frescas, frutos e apenas nas refeições principais
Valor Económico e Sustentável
Equidade,
e os valores tradicionais e comidas locais, Herança comércio
graças à sua enorme variedade, que são cultural,
igualmente ricas nutricionalmente. Necessidades justo
da Dieta Mediterrânica
capacidades alimentares
O sucesso desta promoção passa pelo e de nutrientes,
Research Sectorial
PIRÂMIDE AMBIENTAL
O impacte ambiental
da agricultura é BAIXO ALTO
assinalável. Produções
vegetais têm um
impacte inferior ao
das produções
animais, devido, p.e.,
à emissão de gases
com efeitos de estufa
(GEE). A Dieta
Mediterrânica é
benéfica para a saúde
e para o ambiente.
Valor Económico e Sustentável
ALTO BAIXO
da Dieta Mediterrânica
Do ponto de vista ambiental, a promoção da dieta mediterrânica representa igualmente uma interessante
Research Sectorial
oportunidade para a promoção dos valores da promoção da natureza. A forma de comer mediterrânica, constituída
por alimentos e diversas técnicas culinárias, favorece a utilização frequente e predominante de produtos
vegetais produzidos localmente, estimula a diversificação alimentar e consequentemente utiliza e
enaltece a biodiversidade local e reduz o tempo de transporte e a utilização excessiva de embalagens.
Fontes: Barilla Center for Food and Nutrition, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, ES Research - Research Sectorial. 13
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
A importância da bacia do mediterrâneo, no que se refere à biodiversidade (diversidade cultural), é bem patente no
facto cerca de 1/3 dos géneros alimentícios utilizados pelo Homem serem oriundos da região climática mediterrânica
(Harlan, 1995). A riqueza da biodiversidade mediterrânica é imensa: desde os cereais, às leguminosas, às árvores de
frutos, aos vegetais, passando pelas ervas aromáticas e ornamentais, ou ainda pelos recursos piscícolas ou espécies
mamíferas. Existem mais espécies vegetais na Europa Mediterrânica do que em todas as restantes regiões
biogeográficas europeias juntas.
Hotspots de Biodiversidade no Mundo
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
À exceção de um
número diminuto de Índice de Qualidade Alimentar nos Países do Mediterrâneo, 1960 e 2007
países , no período
1960-2007, todos os 16
países viram 14
degradar-se os seus 12
índices de qualidade
alimentar, sinal das 10
profundas alterações 8
vividas nas últimas 6
décadas no
4
Mediterrâneo.
2
0
Valor Económico e Sustentável
Espanha Portugal Grécia Itália Líbano Tunísia Turquia Argélia Marrocos Egito Albania França Malta
1960 2007
da Dieta Mediterrânica
sobremesas, ligeira redução no consumo de amidos – pão e batatas, e muitas deficiências em termos de
micro nutrientes. O espelho dos novos hábitos alimentares está a aumentar enormemente: em forma de
excesso de peso e obesidade. As principais causas: lifestyle, tipo e frequência de atividade física, tipo e
qualidade de comida consumida e tempo despendido nas atividades relacionadas com a alimentação
(compras, cozinhar).
Fontes: Scientific American, FAO, ES Research - Research Sectorial. 15
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
80
da Dieta Mediterrânica
60
Research Sectorial
40
20
0
Grãos Leguminosas Vegetais Fruta Carne Peixe Laticínios
Fontes: EFSA European Food Consumption Database, USDA, ES Research - Research Sectorial. 16
2. A Dieta Mediterrânica e a sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
Persuadir as pessoas a adotar uma dieta sustentável, consistente com a dupla pirâmide é um esforço
Menos tempo enorme e de longa duração. Conciliar aspetos da vida moderna, como a presença maciça das mulheres
à mesa, no mercado de trabalho, com a dinâmica da publicidade e de outras estratégias seguidas pelas
menos tempo empresas, nem sempre é fácil. Entre 2006 e 2011 a compra de refeições prontas a comer aumentou
despendido 27% e são regularmente adquiridas por 31% das famílias.
com os pais e
menos tempo Razões que levam os consumidores a
Investimento em publicidade nalguns componentes
para cozinhar alimentares comprarem comida pronta a comer
são
(EUR Milhões)
tendências Porco 0 Mais saudável
que fazem Leguminosas 0.1
5
perder o Ovos 0.9 Não posso cozinhar 11
conhecimento Arroz 2
nutricional. Batatas 5 Vivo sozinho 13
Vegetais 12
Azeite 12 Não gosto de cozinhar 14
Valor Económico e Sustentável
Bife 14
Mais saborosa 16
Carne de aves domésticas 15
Fruta 17 Não sei cozinhar 21
da Dieta Mediterrânica
Pão 21
Leite 22 Conveniência 31
Research Sectorial
Peixe 26
Massa 35 Não tenho tempo para cozinhar 45
Biscoitos 40
Iogurte 76 Estudo conduzido pela Universidade de
Queijos 88 Liverpool concluiu que crianças que veem
Doces 359 muita TV estão mais expostas ao risco de
desenvolver hábitos alimentares pobres
Fontes: Euromonitor International, 2012; Nielsen, 2011, ES Research - Research Sectorial. 17
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
Calcula-se que 1/3 da produção alimentar para consumo humano seja desperdiçada, representando +/-1.3 mil
milhões de ton/ano: USD 750 biliões de custos e mil milhões de pessoas no mundo com fome. Nos países de
da Dieta Mediterrânica
rendimento médio e elevado, os desperdícios na cadeia alimentar são mais elevados no consumo, significando que é
considerado lixo alimentação em condições para consumo humano. Nos países de rendimento médio e baixo, os
Research Sectorial
desperdícios na cadeia alimentar são os desperdícios nas fases mais iniciais da cadeia alimentar que ganham maior
expressão - 54% dos alimentos dos desperdícios são gerados durante o processo de produção, no manuseio e
armazenagem. Os restantes 46% são desperdiçados nas etapas de distribuição e consumo. Três grandes impactos:
aumentam as emissões de gases estufa; diminuem as reservas de água potável e diminui a
biodiversidade do planeta.
Fontes: Scientific American, FAO, ES Research - Research Sectorial. 18
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
Composição das perdas alimentares em Portugal, 2012
(%)
Cada português Pescado
desperdiça 97 kg Em Portugal são desperdiçadas cerca de Cereais 3% Leite e
1 milhão de toneladas/ano, 17% produtos
de comida por Carnes
lácteos
aproximadamente 17% do que é 10%
ano. A situação 14%
produzido. Hortícolas, cereais e frutos
Europeia e são as categorias onde se regista a Ovos
nacional em maior quantidade de desperdícios. Em 1%
praticamente termos da fase onde ocorrem a situação
Hortícolas
27% Frutos
nada diferem da é a seguinte: 15%
mundial. Os Produção: 332 mil toneladas Leguminosas
desperdícios (32.2%); Raízes e e óleos
alimentares são Indústria alimentar: 77 mil tubérculos vegetais
11%
alvo de toneladas (7.5%); 2%
Distribuição: 298 mil toneladas Média do desperdício alimentar nas famílias, 2012
preocupação de
várias (28.9%); (%)
Frutos
instituições. Consumidor: 324 mil toneladas Hortícolas
(31.4%). Leguminosas
Valor Económico e Sustentável
Biscoitos
Usar congelador para armazenar Ovos
frescos que não venham a ser
Research Sectorial
Leite
Iogurte
consumidos a curto prazo; Queijo
Pensar no que para comer em vez do Carne
que me apetece comer; Peixe
Cozinhar nas quantidades adequadas. Bebidas alcoólicas
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Fontes: PERCA - Projeto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar, ES Research - Research Sectorial.
19
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
Pescas:
Descarte do pescado no Distribuição de frutos, hortícolas e cereais
mar
Pescado sem valor
comercial que é Consumo de cereais, frutos e laticínios
encaminhado para farinhas
Fontes: PERCA - Projeto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar, ES Research - Research Sectorial. 20
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
Frugalidade e moderação são dois conceitos inerentes ao estilo de vida avançado pelo conceito da
Atentas à situação dieta mediterrânica. De forma a verificar-se a alteração pretendida nas dietas individuais e na
mundial e local, forma de comprar e cozinhar deverá existir uma melhor sinergia entre educação ambiental e de
muitas organizações saúde. Muitos cientistas e investigadores já demonstraram que uma dieta baseada na produção
internacionais, vegetal tem inúmeras vantagens ambientais e de saúde, é necessário, agora, transferir esta
informação para as pessoas em geral, através de campanhas desenhadas para o efeito.
europeias e
nacionais dedicam
trabalho à promoção Europeu
das dietas Nacional Mundial
sustentáveis, da
agricultura enquanto
provedora de
alimentos e aos
desperdícios.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
A atividade física contribui para queimar calorias, libertar tensão e stress, melhora o humor e
o bem estar psicológico. A prática de desportos e atividade física ajudam a manter um corpo
saudável e tem um contributo muito significativo para o equilíbrio dos sistemas esquelético e
cardiovascular, bem como para o metabolismo. Acresce que a prática de atividade física
Atividade física regular ajuda a manter um peso saudável, aumenta a força e encoraja os mais novos a
regular, descanso adotar um estilo de vida que lhes permitirá ter uma melhor saúde na vida adulta.
adequado e
convivência são
parte integrante Pirâmide da atividade física, La Sapienza University, Roma
do modelo de
vida sugerido
pela Dieta 1 a 2 *s por
Mediterrânica. semana
Aeróbica, ténis,
futebol, corrida.
ESTILO DE VIDA
DESPORTIVO
Valor Económico e Sustentável
Todos os dias, pelo menos 6*s por semana: 30 sesta diários para se
minutos a andar. Outras medidas: usar transportes conseguir um melhor
públicos, escadas em vez de elevador, passear o cão,
andar sempre que possível. rendimento no trabalho.
COMBATER O SEDENTARISMO
Fontes: Barilla Center for Food and Nutrition, APAS, ES Research - Research Sectorial. 22
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iv – Saúde e nutrição
O padrão alimentar O que determina a Dieta Mediterrânica como modelo de saúde é o tipo e quantidade de
proposto pela Dieta alimentos habitualmente ingeridos nalguns países mediterrânicos, quando comparados com
Mediterrânica e os países nórdicos e anglo-saxónicos, acrescido da prática regular de exercício físico. Do ponto de
seus componentes vista nutricional, o que sustenta a dieta mediterrânica como modelo de saúde é a incorporação
do azeite como principal fonte de gordura, a abundância de certos alimentos como o peixe, as
têm reflexos
frutas, as verduras, cereais, vinho tinto e, principalmente, a inversão do consumo de carnes e
positivos para a produtos lácteos. Esta conjugação ajuda a explicar a maior esperança de vida e a menor
saúde. Ainda que os incidência e prevalência de doenças crónicas não transmissíveis, tais como a obesidade, doenças
estudos não sejam cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cancros.
exaustivos,
conhecem-se já
algumas Diminuição do risco de
propriedades e desenvolvimento de
Benefícios para a Saúde
mecanismos nessa doenças crónicas
melhoria da saúde.
Baixo teor de ácidos gordos Doenças cardiovasculares
Valor Económico e Sustentável
saturados
Alto teor de ácidos gordos Cancro
da Dieta Mediterrânica
monoinsaturados
Alto teor em glícidos Diabetes
Research Sectorial
1. Sumário executivo 3
5. Anexos 65
25
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
i - Fileiras identificadas e variáveis a considerar
Hortícolas Frutas
Laticínios
Leguminosas Azeite
Cereais Carne
Peixe
Batatas
Ovos
Vinho
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
26
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
i - Fileiras identificadas e variáveis a considerar
mediterrânicas.
Research Sectorial
Fonte: GPP.
27
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura
A produção
agrícola
nacional é
caracterizada Produção agrícola nacional, 1980-2013f
pelo domínio da (EUR Milhões, preços correntes)
produção
TCMA1980-2013
vegetal, com
= 5.3% 6.7
65% da
6.1
produção total. 5.8
Produção com 6.4
fraco
crescimento
desde os anos
90.
Valor Económico e Sustentável
1.2
TCMA1980-1990 TCMA1990-2000 TCMA2000-2013
= 1.4% = 0.8%
da Dieta Mediterrânica
= 15.8%
Research Sectorial
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2013f
2011Po
2012Po
Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial.
Po Dados provisórios f Valor previsto 28
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura
A trajetória do
VAB agrícola
tem sido
decrescente nos Evolução do VAB do setor agrícola, agroalimentar, florestal e de pescas , 2008-2012
últimos anos, (EUR Milhões, preços correntes)
mais acentuada
a partir de 10
2007/08. Para
9
este resultado
em muito 8
contam os 7
consumos 6
intermédios e 5
seu preço.
4
Valor Económico e Sustentável
2
2.455 2.425 2.414 2.148 2.123
da Dieta Mediterrânica
1
Research Sectorial
Portugal é O grau de autossuficiência alimentar nacional tem-se situado em torno dos 80%,
autossuficiente em registando-se níveis próximos da autossuficiência para o azeite, os ovos, os hortícolas e
vinho, azeite, os frutos frescos e um grau superior a 100% para o vinho.
hortícolas, arroz,
ovos e leite,
apresenta um bom Variação quantidade e valor dos principais produtos agrícolas, 2006-2010
nível de
abastecimento
próprio em carne
de ave de capoeira,
de ovinos e
caprinos, sendo
muito deficitário
em cereais.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
21% Culturas
Ainda que a performance económica das empresas agrícolas seja notável, as necessidades
O n.º de de mão-de-obra das empresas não são proporcionais a esses indicadores, devido à maior
pessoas ao eficiência e produtividade das empresas. A este propósito, salienta-se que a mão-de-obra
serviço nas agrícola baseia-se essencialmente na estrutura familiar, dado que 4/5 do trabalho agrícola
empresas assenta na população agrícola familiar, constituída por cerca de 793 mil indivíduos que
agrícolas têm- trabalham nas explorações.
se situado em
torno das 80 Pessoal ao serviço das empresas agrícolas , 2010-2012
mil pessoas.
Grande parte (Milhares)
da mão-de- 81.7 84.7 83.8
obra agrícola é
familiar e não
assalariada.
Valor Económico e Sustentável
Total Agricultura Culturas temporárias Culturas permanentes Produção animal Agricultura e produção animal combinadas Serviços
forrageiras
ramo agrícola
Batatas
vegetais
Produção
Cereais
industriais
Vegetais e
Azeite
Vinho
Frutos
hortícolas
Outros
vegetal
Plantas
Plantas
54.4
40.9 2 752
% do total
192.5 121.6
da Dieta Mediterrânica
515 413.2
107.7 116.6 173.5
1 Desde 2011, e com a atualização metodológica das contas económicas da
agricultura, o vinho e o azeite produzidos em adegas e lagares cooperativos
Produção
Bovinos
Ovos
Leite
capoeira
Suínos
Ovinos e
caprinos
Aves de
Outros
animal
23% frescos
Maçã
53%
Pêra 54%
40%
Frutos
da Dieta Mediterrânica
subtropicais
2% Citrinos
10%
Research Sectorial
alface).
Fileira altamente segmentada e muito pouco concentrada, 100 55.5
45.5
afetada em cada campanha de produção pelas condições
climatéricas verificadas em cada fase do ciclo produtivo. Total Hortícolas frescos Plantas e flores
Algarve 0.2%
climáticas, que têm ditado os resultados Madeira 1%
demarcada
de cada vindima. A vinha é a cultura mais Trás os Montes 2%
mais antiga do
disseminada em Portugal estando mundo
da Dieta Mediterrânica
Península de Setúbal 8%
presente em mais de 50% das Tejo 10%
explorações agrícolas ocupando, em
Research Sectorial
Minho 10%
2009, uma área de total de 178 mil ha, Alentejo 15%
apenas inferior à ocupada pelo olival. Beiras 15%
Lisboa 17%
Douro 21%
9% 11%
60.000
Valor Económico e Sustentável
40.000
20.000
da Dieta Mediterrânica
0
Research Sectorial
150.000
Bélgica 0.65
100.000
Canadá 0.49
50.000
Suíça
da Dieta Mediterrânica
0.34
0
China 0.31
-50.000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Research Sectorial
Luxemburgo 0.25
-100.000 -66 739 -49 008 -14 504 -713
África do Sul 0.24
Exportação Importação Saldo Outros 1.75
35.3 6.3
3.0 2.9 1.9 2.4
13.5
6.4 6.1 4.1 5.1
benefícios para a
saúde. Repartição da produção de plantas industriais, 2013f
Com valores de produção agrícola que (EUR Milhões)
Valor Económico e Sustentável
1200
800
Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 45
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Plantas e ervas aromáticas e medicinais (PAM)
Ocupação cultural do Alqueva em plantas
aromáticas e medicinais, 2011-2013
Nos últimos anos assistiu-se ao aparecimento
Portugal produz (%)
de novas explorações dedicadas à produção
ervas 7
de plantas aromáticas, medicinais e
aromáticas em condimentares em Portugal. Embora com um
6
é exagerado em
Portugal
da Dieta Mediterrânica
crescimento é o das
2007 2008 2009 2010 2011Po 2012Po 2013f
aves.
Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 47
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Produção animal (ii)
Os consumos intermédios do setor agrícola nacional têm tido um crescimento acentuado, devido à
forte dependência de importação de cereais e de produtos para alimentação animal, agravada pelo
crescimento dos respetivos preços. Este facto é explicativo da baixa eficiência da produção animal,
A produção que tem provocado quebras contínuas no valor do VAB agrícola. Ao nível das emissões de GEE de
animal tem origem agrícola, 85% do valor é referente ao metano. A produção animal (estrumes e fermentação)
é a grande responsável pela emissão de metano.
associada
uma valia
Tipologia dos consumos intermédios na Emissões de GEE de origem agrícola
ambiental agricultura nacional, 2013f em Portugal, 2010
inferior à da (%)
produção
(%) 1%
vegetal. VAB Serviços de
4%
Óxido nitroso
Intermediação Sementes e 3%
agrícola Financeira
Outros Bens e Plantas
8%
Óxido de
Indiretamente Energia e
ressente-se. Medidos Serviços
3%
Lubrificantes Adubos e
nitrogênio
4% volatile organic
Produtos
compounds.
Fitossanitários Metano
Manutenção e 3%
Reparação de
da Dieta Mediterrânica
Edifícios Alimentos
Agrícolas e de Despesas com 1% - Queima no local
Outras Obras para Veterinários
9% - de resíduos agrícolas
Research Sectorial
Orizicultura
3% Animais 1%
53%
Manutenção e
25% -
Reparação de
Gestão de
Material e estrumes
Ferramentas
65% -
3%
Fermentação
Fontes: INE, GPP, Agência Europeia do Ambiente, ES Research - Research Sectorial. f Valor previsto entérica 48
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Pesca (i)
Zona Económica Exclusiva e Plataforma Continental
Portuguesa
Fontes: INE, Portal do Governo, Estratégia nacional para o Mar 2013-2020, ES Research - Research Sectorial. 49
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Pesca (ii)
Evolução da produção nacional de pescado, 2007-2012
(Mil toneladas)
Existem em Portugal 16 559 pescadores e 8 8.2
7.4 9.2
A pesca é das 4 653 embarcações licenciadas, das quais 8
atividades em 1 064 recebem o subsídio de gasóleo. Os
166.3
que Portugal pescadores portugueses capturam cerca 160.8 144.8
170.1 164.2
tem mais de 23kg de peixe por habitante/ano, valor 151.3
tradição. que se enquadra com a média europeia.
Portugal é o 3º Contudo, Portugal consome, em média, o
maior dobro do peixe dos restantes países
2007 2008 2009 2010 2011 2012
consumidor de europeus: 57kg/pessoa/ano, valor que
peixe do coloca os portugueses como 3º maior Capturas Aquicultura
mundo. Setor consumidor de peixe do mundo. Em Evolução do n.º de embarcações e pescadores, 2007-
tem sido Portugal, o polvo, a sardinha, os 2012
reestruturado. cantarilhos, o atum, o peixe espada preto (N.º)
e o bacalhau são os mais consumidos. O 17600 8700
carapau, as gambas, o goraz e o cherne 8 632 17 415
Valor Económico e Sustentável
17400 8 585
são os que se seguem na lista dos 20
8600
17200
peixes preferidos pelos portugueses. No 17000
17 021 8 562 8 492 8500
fim da lista dos "20 mais" surgem o 16800 16 854 16 920 8 380 8400
da Dieta Mediterrânica
16 402 8200
raias e congro ou safio. 16200
8100
16000
15800 8000
2.007 2.008 2.009 2.010 2.011 2.012
O setor da pesca conta com cerca de 4 500 empresas que geraram mais de EUR 400
milhões em volume de negócios. Registaram-se decréscimos tanto ao nível do número de
Um universo empresas como do volume de negócios. Aquacultura registou 3 anos consecutivos de
alargado de decréscimo. Dada a situação da balança comercial do pescado (sempre negativa), é
empresas no óbvio o potencial do setor como um todo.
setor da pesca é
um facto,
havendo
potencial de
Volume de negócios das empresas da pesca e Empresas no setor da pesca e aquacultura,
desenvolvimento aquacultura, 2010-2012 2010-2012
futuro.
(EUR Milhões) (N.º)
4754
438.2 4636
359 .7 4502
382.8
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Pesca Aquacultura
2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
+
Valor Económico e Sustentável
MEDITERRÂNICA
secos.
Research Sectorial
Fontes: UNWTO, IPDT, IET, Turismo de Portugal, Francisco Sampaio, ES Research - Research Sectorial. 55
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv – Turismo (ii)
challenges of tourism
destinations.
Iñaki Gaztelumendi
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial
demonstrar importância
crescente na escolha e níveis de
satisfação e apreciação dos
da Dieta Mediterrânica
Fontes: UNWTO, Turismo de Portugal, IPDT, ES Research - Research Sectorial. 1 The Image of Portuguese Tourism (IPDT, 2014). 58
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv - Gastronomia
A diversidade e riqueza da cozinha portuguesa, simbiose das formas de subsistência alimentar
dos camponeses e pescadores, da tradição conventual e aristocrática e da mescla com
A gastronomia elementos de outras origens geográficas, expressa-se à volta da mesa, tendo a família e os
nacional ganha um amigos como elemento de convocação e transmissão São múltiplos os exemplos de
elemento relacionamento e semelhança com outras tradições gastronómicas mediterrânicas, como a
diferenciador com a regular presença das sopas, dos cozidos e guisados, do pão, das saladas, a condimentação com
classificação da ervas aromáticas, os frutos secos e o vinho às refeições. Uma extensa orla marítima pontuada
dieta mediterrânica de cidades portuárias e estuarinas em contacto permanente com o oceano e de comunidades
nacional como piscatórias distribuídas ao longo da costa, trouxe para a mesa dos portugueses uma enorme
Património variedade de peixes, moluscos e bivalves.
Imaterial da
Humanidade.
Governo criou
Nomeado por Despacho conjunto da Presidência do
Grupo de Trabalho
para promover a Grupo de Conselho de Ministros, Ministério dos Negócios Estrangeiros,
gastronomia. Trabalho para a da Economia e da Agricultura e do Mar
divulgação da Conceção e operacionalização de uma estratégia consistente
Valor Económico e Sustentável
Fontes: Dieta Mediterrânica, Um património civilizacional partilhado, Diário da República, ES Research - Research Sectorial. 59
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
v - Balança Alimentar Portuguesa (i)
No período 2008- A Balança Alimentar Portuguesa mostra alguns desvios importantes relativamente ao proposto pela roda
2012, a Balança dos alimentos e pela dieta mediterrânica. Os grupos de produtos alimentares com desvios mais
Alimentar acentuados são carne, pescado e ovos com uma disponibilidade 10.4 p.p. acima do consumo
Portuguesa revelou recomendado e os hortícolas e frutos com disponibilidades deficitárias de 7.9 p.p e 8.0 p.p.
um aporte calórico respetivamente. Os cereais, raízes e tubérculos e os laticínios continuaram a apresentar disponibilidades
diário médio próximas do padrão alimentar recomendado, no entanto manteve-se deficitária a disponibilidade para as
disponível, por leguminosas secas e excedentária os óleos e gorduras (+4.0 p.p.). Entre 2008 e 2012, o único grupo de
habitante de 3 963 produtos alimentares cujas disponibilidades diárias per capita aumentou foi o dos produtos hortícolas
kcal, um aporte (+5.8%), ainda assim não em quantidade suficiente para corrigir o desequilíbrio deste grupo face ao
calórico claramente recomendado pela Roda dos Alimentos.
excessivo quando
comparado com o
Roda dos alimentos Balança alimentar portuguesa, 2012
aporte calórico
diário médio Carne,
Óleos e Carne,
pescado e
aconselhado para ovos
gorduras pescado e
Cereais, 2%
um adulto (2 000 a raízes e
5% ovos
15%
Cereais,
2 500 kcal). tubérculos
raízes e Óleos e
28% Hortícolas tubérculos gorduras
Valor Económico e Sustentável
23% 31% 6%
Hortícolas
15%
da Dieta Mediterrânica
Lacticínios
18%
Research Sectorial
O índice de Adesão Entre 2000 e 2012, as disponibilidades de produtos de origem vegetal perderam
à Dieta importância no total das disponibilidades alimentares, enquanto as disponibilidades dos
Mediterrânica, produtos de origem animal se mantêm sistematicamente acima das observadas na década
proposto pela de 90. Disponibilidades de proteína invertem e agravam o padrão alimentar saudável
Associação recomendado, 60% de proteínas vegetais vs 40% de proteínas animais. De 2008 a
Portuguesa dos 2012, esta relação foi 62.8% e 37.2% respetivamente, o que demonstra um afastamento
Nutricionistas, mede progressivo da combinação ótima para um padrão alimentar saudável. O Anexo III mostra
o grau de adesão ao um maior detalhe para os países da Europa.
padrão alimentar
mediterrânico. Em
Portugal, até 2006,
Índice de adesão à Dieta Mediterrânica em Índice de adesão à Dieta Mediterrânica na
este índice
decresceu sempre, a Portugal, 1990-2012 Europa, 21900-009
partir daqui 1.25 1.6
verificou-se uma
1.2 1.4
inversão.
Valor Económico e Sustentável
1.15 1.2
1.1 1
da Dieta Mediterrânica
1.05 0.8
Research Sectorial
1 0.6
0.95 0.4
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Europa Ocidental Europa do Norte
Fontes: INE, FAO, ES Research - Research Sectorial. Europa do Sul Europa de Leste 61
Dieta Mediterrânica
Índice
1. Sumário executivo 3
5. Anexos 65
62
4. Notas Finais
Portugal tem evidentes condições de alavancar a distinção conseguida junto da UNESCO e, assim, diferenciar a sua
produção agrícola, a sua pesca, a sua culinária e gastronomia, o turismo e seus segmentos e outras vertentes
associadas a produções agrícolas emblemáticas nacionais, como são os casos do azeite e do vinho. Sendo um
pequeno produtor agrícola, Portugal pode apostar na diversificação cultural e na sua diferenciação oriunda da
qualidade intrínseca dos produtos que as condições edafoclimáticas únicas permitem. Tratam-se de reais ativos
endógenos que urge proteger e desenvolver.
O papel da agricultura no enorme desafio que é alimentar uma sempre crescente população mundial é central e tem
sido alcançado com relativo sucesso. No Mediterrâneo, tal como um pouco por todo o mundo, a questão é
disponibilizar comida suficiente, em qualidade e quantidade, para garantir as necessidades nutricionais de uma
população em crescimento, ao mesmo tempo que se conservam os recursos naturais para as gerações futuras. Esta
noção de sustentabilidade tem associadas um conjunto de vertentes a que urge dar uma atenção redobrada, já que
coexistem no mundo realidades dramáticas como a existência de quase mil milhões de pessoas com fome e
subnutridas e o mesmo número de pessoas com excesso de peso ou obesas. Essas vertentes prendem-se com
alterações nos padrões de consumo, na eficiência da produção agrícola, na redução de perdas e desperdícios e num
aumento da sustentabilidade das dietas. Campanhas direcionadas à população em geral são urgentes.
A dieta mediterrânica é alargadamente reconhecida como sendo um padrão alimentar saudável e níveis elevados de
adesão têm sido associados a melhorias significativas na estado de saúde e nutrição. Tem sido também reconhecida
como uma dieta sustentável, dado o seu menor impacte ambiental. No entanto, a informação disponível mostra um
Valor Económico e Sustentável
declínio na adesão em praticamente todos os países do mediterrâneo, motivada pelo abandono dos hábitos
tradicionais e a emergência de um novo estilo de vida associado a alterações socioeconómicas profundas.
A Bacia do Mediterrâneo é atualmente confrontada com uma situação económica e social muito grave à qual
da Dieta Mediterrânica
podemos associar uma situação ambiental igualmente grave (perda de biodiversidade, subida da temperatura média,
erosão do solo, escassez de água). A junção de uma catástrofe ambiental com outra de caráter social em tão larga
Research Sectorial
escala e em tão pouco tempo é praticamente inédita nesta região. Tornam-se, pois, urgentes medidas de salvaguarda
deste património alimentar. Na área da alimentação, essas medidas vão desde a catalogação do património culinário
milenar à identificação dos grupos populacionais que ainda adotam este modo de comer e, posteriormente, à sua
salvaguarda.
63
Dieta Mediterrânica
Índice
1. Sumário executivo 3
5. Anexos 65
64
ANEXO I – Principais indicadores da agricultura portuguesa
Rendimento empresarial líquido por UTA não assalariada 3 598 euro 2011
Comércio internacional produtos agroalimentares (importações) 8 817 106 euro 2011
Comércio internacional produtos agroalimentares (exportações) 4 604 106 euro 2011
Portugal Continente
Uso ha % ha %
Superfície Agrícola Utilizada 3668145 100 3542305 100
Culturas Temporárias 831592 22.7 817340 23.1
Cereais para grão 345941 9.4 345556 9.8
Hortícolas 48002 1.3 46367 1.3
Horta familiar 19695 0.5 18991 0.5
Flores 1643 0.0004 1525 0.0004
Batata 18745 0.5 17331 0.5
Prados temporários e forragens 494364 13.5 473972 13.4
Pousio 341534 9.3 341465 9.6
Culturas Permanentes 690725 18.8 686221 19.4
Valor Económico e Sustentável
Países Baixos
Áustria
Luxemburgo
Bélgica
Suécia
Dinamarca
República Checa
Finlândia
Reino Unido
Alemanha
Hungria
França
Irlanda
Eslováquia
União Europeia
Estónia
Malta
Polónia
Chipre
Valor Económico e Sustentável
Croácia
Letónia
Bulgária
da Dieta Mediterrânica
Portugal
Roménia
Espanha
Research Sectorial
Eslovénia
Itália
Lituânia
Grécia
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6
Fonte: FAO
ANEXO VII – O mapa da fome 2013
71
Francisco Mendes Palma fmpalma@bes.pt
Chief Sectoral Strategist
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