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Research Sectorial

DIETA MEDITERRÂNICA
Valor Económico e Perspetivas de
Sustentabilidade
Maio 2014

0
Data
Dieta Mediterrânica

“Dietas sustentáveis são dietas com baixo impacto sobre o meio ambiente,
que contribuem para a segurança alimentar e nutricional, bem como para
uma vida saudável das gerações atuais e futuras.
Dietas sustentáveis contribuem para a proteção e respeito da biodiversidade
e dos ecossistemas, são culturalmente aceitáveis, economicamente justas e
acessíveis; adequadas, seguras e saudáveis do ponto de vista nutricional e,
ao mesmo tempo, otimizam os recursos naturais e humanos.”

FAO and Biodiversity International, 2010

1
Dieta Mediterrânica
Índice

1. Sumário executivo 3

2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade 8

i. Caracterização da Dieta Mediterrânica e sociais


ii. Candidatura Portuguesa à UNESCO
iii. Dietas sustentáveis
iv. Saúde, nutrição e a Dieta Mediterrânica

3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal 26


i. Fileiras identificadas e variáveis a considerar
ii. Macro-indicadores da agricultura portuguesa
iii. Valor de cada fileira produtiva
4. iv. Mercados abastecedores, turismo e gastronomia 33
v. Balança Alimentar Portuguesa
41
4. Notas Finais 63

5. Anexos 65

2
1. Sumário Executivo (i)
O padrão alimentar mediterrânico, que se convencionou designar por Dieta Mediterrânica, tem sido objeto
de estudo por diferentes áreas do saber desde meados do século XX. O primeiro destes estudos, designado
por estudo dos Sete Países, é da autoria do americano Ancel Keys e foi realizado em finais dos anos 50 em
Itália, Grécia, ex-Jugoslávia, Holanda, Finlândia, Estados Unidos e Japão. Nele se estabelece a associação
entre, por um lado, uma dieta baixa em produtos animais e gorduras saturadas e, por outro, baixos níveis
séricos de colesterol e uma baixa incidência de mortalidade por cardiopatia isquémica. O mesmo estudo
demonstrou também a forte relação inversa entre a ingestão de ácidos gordos monoinsaturados (a principal
fonte de gordura do azeite) e a mortalidade total e específica por cardiopatia isquémica e cancro. Desde
aquela data, a investigação nutricional tem insistido nos benefícios da dieta mediterrânica em geral e dos
seus ingredientes em particular, existindo variados resultados que apontam para o facto deste padrão diário
de alimentação estar associado a maior longevidade no geral e à proteção face a doenças como o cancro,
diabetes tipo 2, hipertensão arterial, doença cardiovascular, obesidade e doenças neurodegenerativas como
a doença de Parkinson ou de Alzheimer. Não existindo conhecimento total sobre os mecanismos exatos que
conduzem aos fenómenos descritos, sabe-se existirem nos alimentos, e concretamente nos frutos e
hortícolas, dezenas de substâncias químicas com eventual capacidade de proteção das células contra
agressões externas como a oxidativa.
A Fundação Dieta Mediterrânica define esta dieta como sendo “um estilo de vida que a ciência moderna nos
convida a adotar em benefício da nossa saúde, fazendo dela um excelente modelo de vida saudável”. A
Valor Económico e Sustentável

dieta mediterrânica é uma valiosa herança cultural, que a partir da simplicidade e da variedade deu origem
a uma combinação equilibrada e completa dos alimentos, baseada, tanto quanto possível, em produtos
frescos, locais e de época. Tem sido transmitida de geração em geração desde há muitos séculos e está
da Dieta Mediterrânica

intimamente ligada ao estilo de vida dos povos mediterrânicos ao longo da sua história.
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Enquanto padrão alimentar, a dieta mediterrânica é caracterizada pela frugalidade, preponderância de


produtos vegetais sazonais (pão, massa, arroz, verduras, hortaliças, frutas e frutos secos), o uso do azeite
como gordura central, um consumo moderado de peixe, marisco, aves domésticas, produtos lácteos
(iogurte e queijo) e ovos, consumo de pequenas quantidades de carnes vermelhas e a ingestão diária de
vinho, geralmente às refeições.
Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, ES Research - Research Sectorial. 3
1. Sumário Executivo (ii)
Do ponto de vista culinário, a cozinha mediterrânica é uma cozinha simples quanto aos ingredientes mas
complexa quanto aos saberes que lhe dão forma. Só assim é possível explicar a sua variedade, apesar da
escassez frequente de ingredientes. Tem na sua base as sopas, os cozidos, os ensopados, as caldeiradas,
onde se incorporam os produtos hortícolas e as leguminosas, com quantidades modestas de carne e que
usa como condimentos a cebola, o alho e as ervas aromáticas para enriquecer os seus sabores e aromas.
Ao padrão alimentar associa-se uma outra vertente determinante oriunda da necessidade de realizar
exercício físico, descansar adequadamente, privilegiar a biodiversidade e sazonalidade, estruturar as
refeições de forma a promover a convivialidade através da gastronomia e ingerir água ou infusões de ervas
ao longo do dia.
Do ponto de vista ambiental, a promoção da dieta mediterrânica representa também uma interessante
oportunidade para a promoção dos valores da preservação da natureza. A forma de comer mediterrânica,
constituída por alimentos e diversas técnicas culinárias, favorece a utilização frequente e predominante de
produtos vegetais produzidos localmente, estimula a diversificação alimentar e consequentemente utiliza e
enaltece a biodiversidade local e reduz tempo de transporte e a utilização excessiva de embalagens.
Este padrão alimentar, que está ainda na base de grande parte das nossas práticas alimentares atuais,
começou a ser alterado com a crescente abertura, económica, social e política das sociedades meridionais
durante a década de 70 do século passado. As alterações introduzidas com a modificação do tecido
Valor Económico e Sustentável

sociodemográfico, com a urbanização progressiva, com a entrada maciça da mulher no mundo do trabalho
e com a alteração do tecido comercial e da distribuição alimentar permitiram que a oferta alimentar se
modificasse de uma forma relativamente rápida, apesar de se terem mantido determinados traços que
da Dieta Mediterrânica

ainda nos diferenciam (do ponto de da ingestão alimentar) de outros países. Estes traços identificativos
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detetam-se, por exemplo, no consumo elevado de pescado, na preferência pelas gorduras vegetais como o
azeite ou na preferência por determinados tipos de preparados culinários, de que é exemplo a sopa. São
hábitos alimentares que diferenciam estas comunidades mas que também as protegem, permitindo a
ingestão de substâncias protetoras e reguladoras, muitas vezes com reduzido valor energético.

Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, ES Research - Research Sectorial. 4
1. Sumário Executivo (iii)
Portugal apresentou, em Março de 2012, a candidatura da dieta mediterrânica a património imaterial da
Humanidade, apresentando Tavira como comunidade representativa, sendo a candidatura portuguesa
constituída por um grande conjunto de iniciativas e de medidas tendo em vista a valorização e a promoção da
Dieta Mediterrânica à escala nacional. Associados a Portugal estavam também o Chipre e a Croácia, depois de
em 2010 a distinção ter sido atribuída à Grécia, Espanha, Itália e Marrocos. A classificação como Património
Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO)
teve lugar em dezembro de 2013, em Baku, no Azerbaijão, uma decisão tomada durante a 8.ª Sessão do
Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO.
O cálculo do valor económico da dieta mediterrânica em Portugal é feito a partir da identificação das fileiras
produtivas apontadas na pirâmide alimentar, já que existe uma clara predominância dos produtos
mediterrânicos na produção agrícola nacional. Assim, analisamos a produção agrícola nacional e suas
principais fileiras - produção vegetal (frutos, hortícolas, leguminosas, batatas, cereais, azeite, vinho, plantas
aromáticas e medicinais); produção animal (bovinos, suínos, aves de capoeira, ovinos e caprinos, leite, ovos),
a produção da pesca, tanto ao nível de capturas como de aquacultura. Tendo Portugal uma razoável rede de
mercados abastecedores e retalhistas (municipais e locais), mostramos igualmente a importância destas
infraestruturas na manutenção e promoção da compra de proximidade, privilegiando a biodiversidade e
sazonalidade e os produtos locais e tradicionais. A vertente turística também é abordada, sobretudo através
da dinâmica induzida pela gastronomia e pelo vinho, que se constitui atualmente como elemento promotor do
Valor Económico e Sustentável

país.
As fileiras produtivas integrantes da pirâmide da Dieta Mediterrânica, e para as quais Portugal tem ativos
da Dieta Mediterrânica

endógenos de qualidade e com potencial de crescimento, contribuem com 1.9 para o PIB, são responsáveis
por quase 8% das exportações totais e por mais de 12% do emprego. Levando o turismo em consideração
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aqueles valores sobem para 11.1%, 21.4% e 19.1% respetivamente.


Existem em Portugal mais de 46 mil empresas agrícolas com um volume de negócios de EUR 5.3 mil milhões.
Estas empresas têm explorações maiores e mais eficientes do que a média nacional e são quem emprega
mais pessoas a tempo inteiro e remuneradas.

Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, INE, ES Research - Research Sectorial. 5
1. Sumário Executivo (iii)
Portugal tem uma produção agrícola que ascende a EUR 6.7 mil milhões, onde a produção vegetal predomina,
com mais de 60% da produção anual ou EUR 4 mil milhões. As condições edafoclimáticas do país colocam-no
numa posição privilegiada de produção de qualidade (oriunda da combinação sabor, cor, textura), sendo, para
alguns produtos agrícolas, o primeiro produtor do hemisfério Norte. A produção animal representa EUR 2.7
mil milhões, e em Portugal existem muitas explorações extensivas de criação animal que têm um impacte
ambiental ainda assim inferior às explorações com regime intensivo. A pesca, setor em profunda
reestruturação nas últimas décadas, representa um valor de produção que ascende a EUR 345 milhões.
Portugal é um grande consumidor de peixe, o 3º mundial, o que provoca défice na balança externa de peixe,
importamos mais de metade do que consumimos. Os mercados abastecedores representam a melhor forma
de os produtores colocarem as suas produções no retalho alimentar de proximidade. A distinção conseguida
com a candidatura portuguesa abre espaço para a diferenciação do turismo nacional, com ele relacionando a
gastronomia e toda a herança cultural a ela associada.
A balança alimentar portuguesa mostra que os consumidores portugueses se afastaram do padrão alimentar
recomendado pela dieta mediterrânica, à semelhança do que se verificou na Europa, mas ainda assim em
menor escala. A principal questão é o consumo exagerado de carne em detrimento de frutos e hortícolas. A
crise atual motivou um novo aproximar à dieta mediterrânica.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, INE, ES Research - Research Sectorial. 6
Dieta Mediterrânica
Índice

1. Sumário executivo 3

2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade 8

i. Caracterização da Dieta Mediterrânica e sociais


ii. Candidatura Portuguesa à UNESCO
iii. Dietas sustentáveis
iv. Saúde, nutrição e a Dieta Mediterrânica

3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal 26


i. Fileiras identificadas e variáveis a considerar
ii. Macro-indicadores da agricultura portuguesa
iii. Valor de cada fileira produtiva
4. iv. Mercados abastecedores, turismo e gastronomia 33
v. Balança Alimentar Portuguesa
41
4. Notas Finais 63

5. Anexos 65

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2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

O Mediterrâneo é mais que um mar interior que liga três continentes, é berço de civilizações
que influenciaram a história da humanidade nos últimos milénios. O Mediterrâneo é um
modo de ver, pensar e agir, um modelo de vida comunitária.
8
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
i - Caracterização

Dieta tem
origem no
termo grego
“daíata”,
significa estilo
de vida. Não é
apenas um
padrão
alimentar, é
uma forma de
ver, pensar e
agir que
influenciou o
planeta.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fontes: Fundácion Dieta Mediterranica, ES Research - Research Sectorial. 9


2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
ii – Candidatura portuguesa

A candidatura portuguesa da Dieta


Mediterrânica consistiu na 1ª candidatura
A 4 de transnacional apresentada pelo Estado
dezembro de Português à Lista Representativa do
2013 a Dieta Património Imaterial da Humanidade, um
Mediterrânica projeto conjunto que envolve também o
foi inscrita na Chipre e a Croácia, e que se destinou a
lista de reforçar o reconhecimento internacional da
Património Dieta Mediterrânica enquanto expressão
Cultural
cultural alargada, no âmbito da Convenção
Imaterial da
para a Salvaguarda do Património Cultural
Humanidade
da UNESCO. Imaterial, já conferido pela UNESCO, em
2010, à Grécia, a Espanha, a Itália e a
Valor Económico e Sustentável

Marrocos, no âmbito da candidatura inicial.


Tendo sido apresentada em Março de
2012, a candidatura apresenta Tavira como
da Dieta Mediterrânica

comunidade representativa em Portugal.


Research Sectorial

A decisão favorável aconteceu a 4 de


dezembro de 2013, constituindo um fator
diferenciador da produção agrícola, do
turismo e gastronomias nacionais.

Fontes: Câmara Municipal de Tavira, ES Research - Research Sectorial. 10


2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
ii – Candidatura portuguesa

Os estudos
iniciais na Ilha
10 Principios da Dieta
de Creta,
Mediterrânica
… em Portugal
Grécia, foram
fundamentais  Frugalidade e cozinha simples que tem
para o na sua base preparados que protegem os
seguimento de nutrientes, como as sopas, os cozidos, os  Consumo moderado de laticínios
Ancel Keys ensopados e as caldeiradas
(1904-2004)  Utilização de ervas aromáticas para
que tornaram a  Elevado consumo de produtos vegetais temperar em detrimento do sal
Dieta em detrimento do consumo de alimentos  Consumo frequente de pescado e
Mediterrânica de origem animal, nomeadamente de baixo de carnes vermelhas
produtos hortícolas, fruta, pão de
global.  Consumo baixo a moderado de vinho
qualidade, e cereais pouco refinados,
leguminosas secas e frescas, frutos e apenas nas refeições principais
Valor Económico e Sustentável

secos e oleaginosas  Água como principal bebida ao longo


do dia
 Consumo de produtos vegetais
da Dieta Mediterrânica

produzidos localmente, frescos e da  Convivialidade à volta da mesa


época
Research Sectorial

 Consumo de azeite como principal fonte


de gordura

Fontes: Dieta Mediterrânica, Um património civilizacional partilhado, ES Research - Research Sectorial. 11


2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

Apesar dos grandes progressos alcançados, Representação esquemática das principais


no que se refere às possibilidades da componentes de uma dieta sustentável
agricultura alimentar um cada vez maior
A definição da número de pessoas no planeta, a verdade
FAO de dietas é que, os sistemas alimentares e dietas
sustentáveis mundiais e da região mediterrânica não
reconhece a são hoje propriamente sustentáveis. Bem estar,
interdependência Existem cerca de mil milhões de pessoas saúde
entre produção em todo o mundo que sofrem de fome, a
e consumo mesma quantidade de pessoas que sofrem Respeito pelo Biodiversidade,
alimentares. de obesidade e excesso de peso. meio ambiente,
Trata-se de má nutrição em ambos os ambiente, clima
casos. Os Anexos V e VI mostram os comida local e
mapas do excesso de peso e da fome. sazonal
DIETA
Uma dieta sustentável pode reduzir a SUSTENTÁVEL
utilização de água, minimizar a emissão de
CO2 e promover a biodiversidade alimentar
Valor Económico e Sustentável

Equidade,
e os valores tradicionais e comidas locais, Herança comércio
graças à sua enorme variedade, que são cultural,
igualmente ricas nutricionalmente. Necessidades justo
da Dieta Mediterrânica

capacidades alimentares
O sucesso desta promoção passa pelo e de nutrientes,
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envolvimento da sociedade civil e de todos segurança


os envolvidos nos setores agrícola, alimentar,
nutricional, saúde, ambiente, educação, acessibilidade
cultura, comércio, tanto do lado da procura
como da oferta.
Fontes: FAO (2010) Sustainable Diets and Biodiversity, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security ES Research - Research
12
Sectorial.
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

PIRÂMIDE AMBIENTAL
O impacte ambiental
da agricultura é BAIXO ALTO
assinalável. Produções
vegetais têm um
impacte inferior ao
das produções
animais, devido, p.e.,
à emissão de gases
com efeitos de estufa
(GEE). A Dieta
Mediterrânica é
benéfica para a saúde
e para o ambiente.
Valor Económico e Sustentável

ALTO BAIXO
da Dieta Mediterrânica

Do ponto de vista ambiental, a promoção da dieta mediterrânica representa igualmente uma interessante
Research Sectorial

oportunidade para a promoção dos valores da promoção da natureza. A forma de comer mediterrânica, constituída
por alimentos e diversas técnicas culinárias, favorece a utilização frequente e predominante de produtos
vegetais produzidos localmente, estimula a diversificação alimentar e consequentemente utiliza e
enaltece a biodiversidade local e reduz o tempo de transporte e a utilização excessiva de embalagens.

Fontes: Barilla Center for Food and Nutrition, Euro-Mediterranean Network on Research and Innovation for Food Security, ES Research - Research Sectorial. 13
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
A importância da bacia do mediterrâneo, no que se refere à biodiversidade (diversidade cultural), é bem patente no
facto cerca de 1/3 dos géneros alimentícios utilizados pelo Homem serem oriundos da região climática mediterrânica
(Harlan, 1995). A riqueza da biodiversidade mediterrânica é imensa: desde os cereais, às leguminosas, às árvores de
frutos, aos vegetais, passando pelas ervas aromáticas e ornamentais, ou ainda pelos recursos piscícolas ou espécies
mamíferas. Existem mais espécies vegetais na Europa Mediterrânica do que em todas as restantes regiões
biogeográficas europeias juntas.
Hotspots de Biodiversidade no Mundo
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Uma dieta adequada tem de ser composta por uma variedade de


alimentos, sendo a chave a biodiversidade 14
Fontes: Scientific American, FAO
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

À exceção de um
número diminuto de Índice de Qualidade Alimentar nos Países do Mediterrâneo, 1960 e 2007
países , no período
1960-2007, todos os 16

países viram 14
degradar-se os seus 12
índices de qualidade
alimentar, sinal das 10

profundas alterações 8
vividas nas últimas 6
décadas no
4
Mediterrâneo.
2

0
Valor Económico e Sustentável

Espanha Portugal Grécia Itália Líbano Tunísia Turquia Argélia Marrocos Egito Albania França Malta

1960 2007
da Dieta Mediterrânica

Na maioria dos países do mediterrâneo registou-se um agravamento do consumo de gorduras saturadas


(carne, laticínios e comida industrial), algum crescimento no consumo de açucares - sodas, bolos e
Research Sectorial

sobremesas, ligeira redução no consumo de amidos – pão e batatas, e muitas deficiências em termos de
micro nutrientes. O espelho dos novos hábitos alimentares está a aumentar enormemente: em forma de
excesso de peso e obesidade. As principais causas: lifestyle, tipo e frequência de atividade física, tipo e
qualidade de comida consumida e tempo despendido nas atividades relacionadas com a alimentação
(compras, cozinhar).
Fontes: Scientific American, FAO, ES Research - Research Sectorial. 15
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

Consumo médio atual de sete grandes categorias de alimentos


(g/dia)
O consumo de
produtos 500
450
alimentares é Analisando o consumo e o 400
influenciado comportamento de famílias em 350

por várias diferentes países, conclui-se que as


300
250
variáveis. A leguminosas e o peixe são 200

promoção de categorias de alimentos 150


100
dietas consumidas por uma pequena 50
saudáveis percentagem de pessoas. França é 0
Grãos Leguminosas Vegetais Fruta Carne Peixe Laticínios
exige uma um caso a distinguir – apresenta
ampla elevadas percentagens para todas Recomendado Itália França Alemanha Suécia Estados Unidos

participação. as categorias, o que mostra a


variedade da dieta alimentar Atuais consumidores em sete categorias de alimentos
francesa. Os Estados Unidos (%)
120
lideram o consumo de carne, a
Valor Económico e Sustentável

Suécia o de laticínios. 100

80
da Dieta Mediterrânica

60
Research Sectorial

40

20

0
Grãos Leguminosas Vegetais Fruta Carne Peixe Laticínios

Itália França Alemanha Suécia Estados Unidos

Fontes: EFSA European Food Consumption Database, USDA, ES Research - Research Sectorial. 16
2. A Dieta Mediterrânica e a sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

Persuadir as pessoas a adotar uma dieta sustentável, consistente com a dupla pirâmide é um esforço
Menos tempo enorme e de longa duração. Conciliar aspetos da vida moderna, como a presença maciça das mulheres
à mesa, no mercado de trabalho, com a dinâmica da publicidade e de outras estratégias seguidas pelas
menos tempo empresas, nem sempre é fácil. Entre 2006 e 2011 a compra de refeições prontas a comer aumentou
despendido 27% e são regularmente adquiridas por 31% das famílias.
com os pais e
menos tempo Razões que levam os consumidores a
Investimento em publicidade nalguns componentes
para cozinhar alimentares comprarem comida pronta a comer
são
(EUR Milhões)
tendências Porco 0 Mais saudável
que fazem Leguminosas 0.1
5
perder o Ovos 0.9 Não posso cozinhar 11
conhecimento Arroz 2
nutricional. Batatas 5 Vivo sozinho 13
Vegetais 12
Azeite 12 Não gosto de cozinhar 14
Valor Económico e Sustentável

Bife 14
Mais saborosa 16
Carne de aves domésticas 15
Fruta 17 Não sei cozinhar 21
da Dieta Mediterrânica

Pão 21
Leite 22 Conveniência 31
Research Sectorial

Peixe 26
Massa 35 Não tenho tempo para cozinhar 45
Biscoitos 40
Iogurte 76 Estudo conduzido pela Universidade de
Queijos 88 Liverpool concluiu que crianças que veem
Doces 359 muita TV estão mais expostas ao risco de
desenvolver hábitos alimentares pobres
Fontes: Euromonitor International, 2012; Nielsen, 2011, ES Research - Research Sectorial. 17
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

A variável “perdas Perdas e Desperdícios alimentares em diferentes regiões


e desperdícios” é (Kg/ano)
central na 350
sustentabilidade do 300
sistema alimentar 250
global, sendo um
dos domínios onde 200

mais depressa se 150


podem atingir 100
resultados eficazes 50
e duradouros.
0
Europa América do Ásia África Norte de África, Sudeste e Sul América Latina
Norte e Oceânia Industrializada Subsariana Asia Central e Asiático
Ocidental
Valor Económico e Sustentável

Produção e Distribuição Consumidor

Calcula-se que 1/3 da produção alimentar para consumo humano seja desperdiçada, representando +/-1.3 mil
milhões de ton/ano: USD 750 biliões de custos e mil milhões de pessoas no mundo com fome. Nos países de
da Dieta Mediterrânica

rendimento médio e elevado, os desperdícios na cadeia alimentar são mais elevados no consumo, significando que é
considerado lixo alimentação em condições para consumo humano. Nos países de rendimento médio e baixo, os
Research Sectorial

desperdícios na cadeia alimentar são os desperdícios nas fases mais iniciais da cadeia alimentar que ganham maior
expressão - 54% dos alimentos dos desperdícios são gerados durante o processo de produção, no manuseio e
armazenagem. Os restantes 46% são desperdiçados nas etapas de distribuição e consumo. Três grandes impactos:
aumentam as emissões de gases estufa; diminuem as reservas de água potável e diminui a
biodiversidade do planeta.
Fontes: Scientific American, FAO, ES Research - Research Sectorial. 18
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis
Composição das perdas alimentares em Portugal, 2012
(%)
Cada português Pescado
desperdiça 97 kg Em Portugal são desperdiçadas cerca de Cereais 3% Leite e
1 milhão de toneladas/ano, 17% produtos
de comida por Carnes
lácteos
aproximadamente 17% do que é 10%
ano. A situação 14%
produzido. Hortícolas, cereais e frutos
Europeia e são as categorias onde se regista a Ovos
nacional em maior quantidade de desperdícios. Em 1%
praticamente termos da fase onde ocorrem a situação
Hortícolas
27% Frutos
nada diferem da é a seguinte: 15%
mundial. Os  Produção: 332 mil toneladas Leguminosas
desperdícios (32.2%); Raízes e e óleos
alimentares são  Indústria alimentar: 77 mil tubérculos vegetais
11%
alvo de toneladas (7.5%); 2%

 Distribuição: 298 mil toneladas Média do desperdício alimentar nas famílias, 2012
preocupação de
várias (28.9%); (%)
Frutos
instituições.  Consumidor: 324 mil toneladas Hortícolas
(31.4%). Leguminosas
Valor Económico e Sustentável

A situação é preocupante. Como Batatas


ultrapassa-la? Arroz
Massa
 Planear refeições, fazer lista de Pão
compras e seguir a lista;
da Dieta Mediterrânica

Biscoitos
 Usar congelador para armazenar Ovos
frescos que não venham a ser
Research Sectorial

Leite
Iogurte
consumidos a curto prazo; Queijo
 Pensar no que para comer em vez do Carne
que me apetece comer; Peixe
 Cozinhar nas quantidades adequadas. Bebidas alcoólicas
0 1 2 3 4 5 6 7 8

Fontes: PERCA - Projeto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar, ES Research - Research Sectorial.
19
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

Produção Processamento Distribuição Consumo

No campo e Danos no embalamento  Mau manuseio e Passagem do prazo


armazenamento: armazenamento  Armazenamento
Perdas de processo
 Culturas deixadas no  Falta de refrigeração inadequado
campo  Danos mecânicos durante
o processamento  Gestão de stocks (prazos Perdas no prato
 Danos mecânicos na de validade, produtos
colheita e manuseamento Outras perdas
frescos e do dia)
 Quebras devido a doenças,
ataques de pragas e
 Produtos não vendidos
animais
Pecuária:
Valor Económico e Sustentável

Mortalidade dos animais


Doenças dos animais Metade das perdas alimentares que ocorrem em Portugal
 Transporte para o
da Dieta Mediterrânica

matadouro Produção de frutos, hortícolas e cereais


Research Sectorial

Pescas:
 Descarte do pescado no Distribuição de frutos, hortícolas e cereais
mar
 Pescado sem valor
comercial que é Consumo de cereais, frutos e laticínios
encaminhado para farinhas
Fontes: PERCA - Projeto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar, ES Research - Research Sectorial. 20
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iii – Dietas sustentáveis

Frugalidade e moderação são dois conceitos inerentes ao estilo de vida avançado pelo conceito da
Atentas à situação dieta mediterrânica. De forma a verificar-se a alteração pretendida nas dietas individuais e na
mundial e local, forma de comprar e cozinhar deverá existir uma melhor sinergia entre educação ambiental e de
muitas organizações saúde. Muitos cientistas e investigadores já demonstraram que uma dieta baseada na produção
internacionais, vegetal tem inúmeras vantagens ambientais e de saúde, é necessário, agora, transferir esta
informação para as pessoas em geral, através de campanhas desenhadas para o efeito.
europeias e
nacionais dedicam
trabalho à promoção Europeu
das dietas Nacional Mundial
sustentáveis, da
agricultura enquanto
provedora de
alimentos e aos
desperdícios.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fonte: ES Research - Research Sectorial .


21
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iv – Saúde e nutrição

A atividade física contribui para queimar calorias, libertar tensão e stress, melhora o humor e
o bem estar psicológico. A prática de desportos e atividade física ajudam a manter um corpo
saudável e tem um contributo muito significativo para o equilíbrio dos sistemas esquelético e
cardiovascular, bem como para o metabolismo. Acresce que a prática de atividade física
Atividade física regular ajuda a manter um peso saudável, aumenta a força e encoraja os mais novos a
regular, descanso adotar um estilo de vida que lhes permitirá ter uma melhor saúde na vida adulta.
adequado e
convivência são
parte integrante Pirâmide da atividade física, La Sapienza University, Roma
do modelo de
vida sugerido
pela Dieta 1 a 2 *s por
Mediterrânica. semana
Aeróbica, ténis,
futebol, corrida.
ESTILO DE VIDA
DESPORTIVO
Valor Económico e Sustentável

Ginástica, natação, dança,


voleibol, futebol, corrida: 2 a Associação Portuguesa
4 *s por semana, 1 hora. dos Amigos da Sesta
da Dieta Mediterrânica

ESTILO DE VIDA MAIS (APAS) defende que


ATIVO bastam 20 minutos de
Research Sectorial

Todos os dias, pelo menos 6*s por semana: 30 sesta diários para se
minutos a andar. Outras medidas: usar transportes conseguir um melhor
públicos, escadas em vez de elevador, passear o cão,
andar sempre que possível. rendimento no trabalho.
COMBATER O SEDENTARISMO
Fontes: Barilla Center for Food and Nutrition, APAS, ES Research - Research Sectorial. 22
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iv – Saúde e nutrição

O padrão alimentar O que determina a Dieta Mediterrânica como modelo de saúde é o tipo e quantidade de
proposto pela Dieta alimentos habitualmente ingeridos nalguns países mediterrânicos, quando comparados com
Mediterrânica e os países nórdicos e anglo-saxónicos, acrescido da prática regular de exercício físico. Do ponto de
seus componentes vista nutricional, o que sustenta a dieta mediterrânica como modelo de saúde é a incorporação
do azeite como principal fonte de gordura, a abundância de certos alimentos como o peixe, as
têm reflexos
frutas, as verduras, cereais, vinho tinto e, principalmente, a inversão do consumo de carnes e
positivos para a produtos lácteos. Esta conjugação ajuda a explicar a maior esperança de vida e a menor
saúde. Ainda que os incidência e prevalência de doenças crónicas não transmissíveis, tais como a obesidade, doenças
estudos não sejam cardiovasculares, diabetes mellitus e alguns tipos de cancros.
exaustivos,
conhecem-se já
algumas Diminuição do risco de
propriedades e desenvolvimento de
Benefícios para a Saúde
mecanismos nessa doenças crónicas
melhoria da saúde.
 Baixo teor de ácidos gordos Doenças cardiovasculares
Valor Económico e Sustentável

saturados
 Alto teor de ácidos gordos Cancro
da Dieta Mediterrânica

monoinsaturados
 Alto teor em glícidos Diabetes
Research Sectorial

complexos e fibra alimentar


 Riqueza em antioxidantes Doenças neurodegenerativas
(vitaminas e fitoquímicos)
Obesidade
Fontes: iBET, ES Research - Research Sectorial. 23
2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade
iv – Saúde e nutrição

Lista exemplificativa das propriedades nutritivas e benefícios de alguns alimentos mediterrânicos


Propriedades Nutritivas Benefícios Cuidados
Protege a epiderme, estimula o
Rico em vitaminas lipossolúveis A. D, E. K.
crescimento e favorece a absorção de
Azeite Rico em ácidos gordos monoinsaturados –
cálcio, previne a arteriosclerose, é
Consumir de preferência cru.
ácido oleico (ómega 9).
uma gordura facilmente digerível.
Redução do risco cardiovascular
Ricos em fotoquímicos e antioxidantes.
devido à diminuição dos níveis de Deve ser vigiada a sua ingestão em
Cereais Integrais Elevado teor de vitaminas do complexo B e
colesterol, pressão arterial e casos de obstipação ou diarreias.
E. Boa fonte de minerais e fibra.
coagulação sanguínea.
Ricos em vitaminas A, B9, C e K. Boa fonte
de ácido cítrico, málico, tartárico e em Previne o cancro uma vez que o
Hortaliças e
flavonoides. Excelente fonte de antioxidante licopeno interfere na multiplicação de
Legumes (Tomate) (licopeno). Elevado teor de sinais minerais células cancerígenas.
e oligoelementos.
Ricas em pró-vitamina C, minerais, ácidos Quando consumidas com casca Os citrinos estão desaconselhados
Frutas orgânicos e fibras. Boa fonte de água e aumentam o aporte de fibra, minerais na presença de úlceras gastro-
excelente de antioxidantes e antioxidantes. intestinais, gastrites e colites.
Valor Económico e Sustentável

Frutos Secos e Ricos em proteínas, em ácidos gordos Estimulantes cerebrais,


Leguminosas essenciais que o organismo não consegue cardioprotetor, reduz a pressão Efeitos intestinais podem ocorrer.
(Noz) produzir, boa fonte de minerais. arterial.
da Dieta Mediterrânica

FDA desaconselha a ingestão de


O ómega 3 reduz os níveis
Boa fonte de proteínas de alto valor peixe de grande profundidade
sanguíneos de triglicéridos, a pressão
Peixe
Research Sectorial

biológico e contém alto teor de ácidos durante a gravidez e a crianças, por


arterial e a probabilidade de formação
gordos polinsaturados (ómega 3). conterem uma elevada
de placas de ateroma.
concentração de metais pesados.
Substâncias encontradas na casca e Álcool em excesso aumenta os
Rico em antioxidantes (flavonoides
Vinho Tinto fenólicos)
nas grainhas podem prevenir a triglicéridos e peso corporal.
coagulação sanguínea. Aumenta o risco de cancro.

Fontes: Bayer CropScience, ES Research - Research Sectorial. 24


Dieta Mediterrânica
Índice

1. Sumário executivo 3

2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade 8

i. Caracterização da Dieta Mediterrânica e sociais


ii. Candidatura Portuguesa à UNESCO
iii. Dietas sustentáveis
iv. Saúde, nutrição e a Dieta Mediterrânica

3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal 26


i. Fileiras identificadas e variáveis a considerar
ii. Macro-indicadores da agricultura portuguesa
iii. Valor de cada fileira produtiva
4. iv. Mercados abastecedores, turismo e gastronomia 33
v. Balança Alimentar Portuguesa
41
4. Notas Finais 63

5. Anexos 65

25
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
i - Fileiras identificadas e variáveis a considerar

Hortícolas Frutas
Laticínios

Leguminosas Azeite

Cereais Carne
Peixe
Batatas
Ovos
Vinho
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

26
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
i - Fileiras identificadas e variáveis a considerar

Portugal apresenta uma diversidade Padrões de Orientação Produtiva Agrícola do Território


Portugal agrícola assinalável - diversos
apresenta uma sistemas de produção agrícola os
diversidade quais desempenham múltiplas
cultural agrícola funções: produção de alimentos,
muito elevada. gestão das terras, serviços dos
Dadas as ecossistemas e conservação da
condições biodiversidade, emprego e outros
edafoclimáticas efeitos na economia local. A ocupação
do país, a da superfície agrícola utilizada (SAU),
produção ilustrada no mapa ao lado, mostra Legenda
vegetal é de que culturas temporárias,
elevada permanentes e pastos e pastagens
qualidade. convivem no território nacional, sendo
no Alentejo, que contribui com 53%
para a SAU, que os prados e
Valor Económico e Sustentável

pastagens permanentes ocupam uma


maior área do território. Cerca de
40% da SAU está afeta a culturas
da Dieta Mediterrânica

mediterrânicas.
Research Sectorial

O Anexo I mostra os principais


indicadores da agricultura portuguesa
em detalhe.

Fonte: GPP.

27
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura

A produção
agrícola
nacional é
caracterizada Produção agrícola nacional, 1980-2013f
pelo domínio da (EUR Milhões, preços correntes)
produção
TCMA1980-2013
vegetal, com
= 5.3% 6.7
65% da
6.1
produção total. 5.8
Produção com 6.4
fraco
crescimento
desde os anos
90.
Valor Económico e Sustentável

1.2
TCMA1980-1990 TCMA1990-2000 TCMA2000-2013
= 1.4% = 0.8%
da Dieta Mediterrânica

= 15.8%
Research Sectorial

1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

2013f
2011Po
2012Po
Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial.
Po Dados provisórios f Valor previsto 28
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura

A trajetória do
VAB agrícola
tem sido
decrescente nos Evolução do VAB do setor agrícola, agroalimentar, florestal e de pescas , 2008-2012
últimos anos, (EUR Milhões, preços correntes)
mais acentuada
a partir de 10
2007/08. Para
9
este resultado
em muito 8

contam os 7
consumos 6
intermédios e 5
seu preço.
4
Valor Económico e Sustentável

2
2.455 2.425 2.414 2.148 2.123
da Dieta Mediterrânica

1
Research Sectorial

2008 2009 2010 2011 2012

Agricultura Pescas Ind. Alimentares Bebidas e Tabaco


Silvicultura Indústrias Florestais Complexo Agroalimentar
Complexo Florestal Complexo Agroflorestal e Pescas

Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 29


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura

Portugal é O grau de autossuficiência alimentar nacional tem-se situado em torno dos 80%,
autossuficiente em registando-se níveis próximos da autossuficiência para o azeite, os ovos, os hortícolas e
vinho, azeite, os frutos frescos e um grau superior a 100% para o vinho.
hortícolas, arroz,
ovos e leite,
apresenta um bom Variação quantidade e valor dos principais produtos agrícolas, 2006-2010
nível de
abastecimento
próprio em carne
de ave de capoeira,
de ovinos e
caprinos, sendo
muito deficitário
em cereais.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 30


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura Empresas do setor agrícola, 2010-2012
(N.º) % do total
As 46 942 empresas da atividade agrícola
Existem em 46 736 46 942
(divisão 01 da CAE Rev.3) representavam, 43 972
Portugal cerca de em 2012, 3.9% das empresas não 38 024 37 486
35 603
47 mil empresas financeiras, empregavam 2.3% do total
no setor agrícola. das pessoas ao serviço, e contribuíram 79.9
Cerca de 80% são com 1% para o VABpm gerado no setor
empresas empresarial não financeiro. O baixo valor 8 369 8 712 9 456
individuais, apenas acrescentado bruto gerado, o elevado peso 20.1
20% são dos subsídios, a maior dispersão
sociedades. As geográfica e uma taxa de sobrevivência ao 2010 2011 2012
culturas fim de 2 anos superior à registada no total Total Empresas Individuais Sociedades
temporárias e do setor não financeiro, constituem as
permanentes são principais particularidades deste segmento Repartição das empresas por orientação técnico-
as principais empresarial. De acordo com os dados do económica, 2012
categorias. Recenseamento Agrícola 2009 (RA 09), as
(%)
empresas agrícolas geraram, em média, 234
Serviços
Valor Económico e Sustentável

um valor de produção padrão total na 6%


ordem dos EUR 91 mil, seis vezes superior Agricultura e Culturas
ao registado no total das explorações produção temporárias
animal 27%
da Dieta Mediterrânica

agrícolas, explorando uma área média de combinadas


SAU de 63 hectares (12 hectares no total 22%
Research Sectorial

das explorações agrícolas). De referir que


no caso das sociedades, estes indicadores
Culturas
atingem níveis comparáveis com as Produção permanentes
explorações agrícolas dos países com animal 23%
22%
agriculturas mais competitivas.
Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 31
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura
Volume de negócios das empresas do setor
agrícola, 2010-2012
A importância das empresas no setor (EUR Mil Milhões)
agrícola é notável. Embora representem 5.3
apenas 11% do total de explorações
O volume de agrícolas, contribuem com quase 2/3 do 5.1
negócios das VPPT (Valor de Produção Padrão Total),
empresas exploram 56% da SAU e produzem 71% 4.8
agrícolas atingiu, das cabeças normais.
em 2012, EUR
A importância das grandes empresas
5.3 mil milhões. (EUR 100 mil ou mais de VPPT) é muito
Produção animal expressiva na produção agrícola 2010 2011 2012
e culturas nacional, uma vez que, representando
temporárias apenas 2% do total de explorações Repartição do volume de negócios das empresas
dominam. agrícolas, geram quase metade do VPPT do setor agrícola, 2012
e produzem 55% das cabeças normais. (%)
Trata-se de unidades produtivas
Valor Económico e Sustentável

altamente profissionalizadas que Serviços


5%
coexistem com a elevada Culturas
Agricultura e
representatividade da agricultura de produção
temporárias
23%
da Dieta Mediterrânica

cariz mais familiar. animal


combinadas
Research Sectorial

21% Culturas

26.9% das explorações agrícolas das permanentes


12%
empresas sediadas em Lisboa encontram-se Produção
localizadas no Alentejo animal
39%

Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 32


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
ii – Macro-indicadores da agricultura

Ainda que a performance económica das empresas agrícolas seja notável, as necessidades
O n.º de de mão-de-obra das empresas não são proporcionais a esses indicadores, devido à maior
pessoas ao eficiência e produtividade das empresas. A este propósito, salienta-se que a mão-de-obra
serviço nas agrícola baseia-se essencialmente na estrutura familiar, dado que 4/5 do trabalho agrícola
empresas assenta na população agrícola familiar, constituída por cerca de 793 mil indivíduos que
agrícolas têm- trabalham nas explorações.
se situado em
torno das 80 Pessoal ao serviço das empresas agrícolas , 2010-2012
mil pessoas.
Grande parte (Milhares)
da mão-de- 81.7 84.7 83.8
obra agrícola é
familiar e não
assalariada.
Valor Económico e Sustentável

23.9 23.9 22.8


17.2 18.8 16.9 18.2 18.6 17.7 18.2 18.0
14.8
da Dieta Mediterrânica

6.2 6.3 6.5


Research Sectorial

2010 2011 2012

Total Agricultura Culturas temporárias Culturas permanentes Produção animal Agricultura e produção animal combinadas Serviços

Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 33


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva
A produção vegetal tem dominado sempre a produção Repartição da produção vegetal, 2013f
agrícola nacional. Este valor atingiu 54.4% do total, ou EUR (EUR Milhões)
3.6 mil milhões, mas se forem somados os valores integrais % do total
da produção de vinho e de azeite, o valor total da produção 3 659.9
vegetal ultrapassa largamente os EUR 4 mil milhões.

Produção nacional do ramo agrícola1, 2013f 33.6 32.7


(EUR Milhões)
1 229.5 1 196.5
10.2 9.4 5.8 4.7 2.3 1.1 0.2

374.6 344.7 213.1


172.5 82.8 39.2 7.1
6 726 3 659.9 % do total do

forrageiras
ramo agrícola

Batatas

vegetais
Produção

Cereais

industriais
Vegetais e

Azeite
Vinho
Frutos

hortícolas

Outros
vegetal

Plantas
Plantas
54.4

2 752 Repartição da produção animal, 2013f


(EUR Milhões)
2.9 1.8
Valor Económico e Sustentável

40.9 2 752
% do total
192.5 121.6
da Dieta Mediterrânica

Ramo Produção Produção Serviços Atvidades 27.7 24.1 18.7 15.0


agrícola vegetal animal secundárias 763.2 3.9
662.8 4.2 6.3
Research Sectorial

515 413.2
107.7 116.6 173.5
1 Desde 2011, e com a atualização metodológica das contas económicas da
agricultura, o vinho e o azeite produzidos em adegas e lagares cooperativos
Produção

Bovinos

Ovos
Leite

capoeira
Suínos

Ovinos e
caprinos
Aves de

Outros
animal

deixaram de ser contabilizados na produção agrícola, sendo agora contabilizados


nas indústrias das bebidas e alimentares respetivamente. Apenas a produção de
vinho e azeite feitas por produtores individuais é considerada na produção
agrícola.
Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 34
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva - Frutos
A produção de frutos reparte-se pelos frutos frescos, azeitonas, uvas, citrinos e frutos subtropicais,
As condições com predominância dos frutos frescos. Os pomares distribuem-se por 41.5 mil explorações,
edafoclimáticas localizadas um pouco por todo o território nacional. Maçãs e peras são maioritariamente produzidas
existentes em em Trás os Montes e Ribatejo e Oeste, cerejas e pêssegos na Beira Interior, laranjas e tangerinas no
Portugal Algarve e kiwis em Entre o Douro e Minho. Os pequenos frutos, que apresentam valores absolutos
garantem de produção mais baixos, mas uma dinâmica empresarial, tecnológica e exportadora notáveis,
produções com produzem-se um pouco por todo o país, com especial incidência no Algarve, Litoral Alentejano e
qualidade Entre o Douro e Minho.
única,
determinadas
em grande Produção nacional de frutos, 2007-2013 f Repartição da produção de frutos, 2013 f
medida pela (EUR Milhões) (%)
conjugação de
1.229.5
fatores como
1.104.8 1.092.0 1.143.1 1.110.8 1.076.9 Azeitonas
sendo cor, 1.012.7 12%
sabor, cheiro e Pêssego
textura. 6%
Uvas Frutos
Valor Económico e Sustentável

23% frescos
Maçã
53%
Pêra 54%
40%
Frutos
da Dieta Mediterrânica

subtropicais
2% Citrinos
10%
Research Sectorial

2007 2008 2009 2010 2011Po 2012Po 2013f

Grande diversificação cultural e melhoria das técnicas de produção


apostando no mercado externo
Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 35
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva - Hortícolas
Produção nacional de hortícolas, 2007-2013f
(EUR Milhões)
A existência de O elevado grau de profissionalismo e
condições empreendedorismo observado na fileira dos 1.155.1 1.196.5
1.073.4 1.098.2 1.124.9 1.098.0 1.129.8
edafoclimáticas hortícolas é uma realidade que se tem afirmado
boas permite nos últimos anos, patente nas duas principais
regiões produtoras: 33% da área de culturas
entrada nos
hortícolas já é explorada por empresas agrícolas
mercados em (no Ribatejo e Oeste ascende a 35% e no
ciclos de preço Alentejo a 47%). A dimensão média hortícola e
mais elevados e florícola explorada por essas sociedades ronda
produção em os 26.1 ha no Ribatejo e Oeste e os 32 ha no
períodos mais Alentejo (3.3 ha é a dimensão média no país). A 2007 2008 2009 2010 2011Po 2012Po 2013f
longos (mais luz distribuição das áreas de hortícolas segundo o
que no Norte e regime de exploração privilegia a horticultura Repartição da produção de hortícolas, 2013f
menos calor que intensiva (54% da área total) sobre a extensiva (%)
em Espanha). (46% do total). A área de hortícolas cultivadas
em estufa/abrigo alto representa 10% da área 1.196.5
Valor Económico e Sustentável

total e cerca de 18% da produção. Neste modo % do total


de produção destacam-se o tomate em fresco
(70 722 ton produzidas em estufa/abrigo alto,
da Dieta Mediterrânica

que corresponde a 87% da produção total) e a 664.0


alface (32 108 ton, 48% da produção total de 532.5
Research Sectorial

alface).
Fileira altamente segmentada e muito pouco concentrada, 100 55.5
45.5
afetada em cada campanha de produção pelas condições
climatéricas verificadas em cada fase do ciclo produtivo. Total Hortícolas frescos Plantas e flores

Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 36


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Vinho (i)
Produção nacional de vinho, 2006-2013
(Milhões de hectolitros (hl))
O vinho é um dos 7.5 7.1
produtos de Portugal, devido às suas condições 6.1 6.3
5.7 5.9 5.6
excelência da edafoclimáticas, é por excelência um
agricultura produtor de vinhos com características e
portuguesa. Setor qualidades únicas reconhecidas em todo
o mundo. Os vinhos produzidos em
em transformação,
Portugal variam consoante as regiões e
com produção
as castas, existindo uma enorme
relativamente diversidade de castas genuinamente
estável, portuguesas. A produção de vinho em 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13
direcionado para o Portugal tem-se mantido relativamente
mercado externo, estável, atingindo em 2013 os EUR 374.6
com exportações a milhões (valores do vinho produzido por Distribuição regional da produção de vinho, 2013
crescerem todos particulares, não contempla a produção (%)
os anos. de adegas), sofrendo algumas oscilações Douro Valley,
Açores 0.1%
anuais, fruto sobretudo das condições região vinícola
Valor Económico e Sustentável

Algarve 0.2%
climáticas, que têm ditado os resultados Madeira 1%
demarcada
de cada vindima. A vinha é a cultura mais Trás os Montes 2%
mais antiga do
disseminada em Portugal estando mundo
da Dieta Mediterrânica

Península de Setúbal 8%
presente em mais de 50% das Tejo 10%
explorações agrícolas ocupando, em
Research Sectorial

Minho 10%
2009, uma área de total de 178 mil ha, Alentejo 15%
apenas inferior à ocupada pelo olival. Beiras 15%
Lisboa 17%
Douro 21%

Fontes: INE, IVV, ES Research - Research Sectorial. 37


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Vinho (ii)
Exportações portuguesas de vinho, 2009-2013
(EUR Milhões)
A qualidade dos
A produção de vinho com qualidade
vinhos portugueses 704.8 724.7
reconhecida, consequentemente apto à 657.8
é reconhecida pela certificação, tem vindo a ganhar terreno
614.4
544
crítica e principais ao longo dos anos, resultando duma
publicações melhoria importante das condições de
especializadas, e produção e dando resposta à maior
atestada pelos exigência de qualidade dos
prémios que as consumidores.
marcas recebem A produção adequada dos vinhos 2009 2010 2011 2012 2013
em concursos nacionais nos mercados atuais e
internacionais. O potenciais, levada a cabo pela
setor do turismo ViniPortugal, tem permitido o aumento Novos mercados de exportações de vinho
português
também beneficia das exportações, a diversificação de
(TCMA08-13, %)
desta atração. mercados, a entrada em mercados com
grandes crescimentos.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica

O vinho branco Quinta da


Herdade Escolha 2013 foi 48%
considerado o melhor
Research Sectorial

vinho branco do Concurso 10%


Mundial de Bruxelas 2014.

9% 11%

Fontes: INE, IVV, ES Research - Research Sectorial. 38


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Azeite (i)
Produção nacional de azeite, 2007-2014
O azeite é a (Toneladas)
A produção mundial de azeite está
gordura central da limitada a duas zonas do globo: entre os 88.675
dieta Maior
paralelos 30 e 45 dos hemisférios norte produção dos 76.203
mediterrânica. e sul, estando 95% da superfície oleícola últimos 50 62.498 62.914 59.117
Portugal é dos mundial concentrada na Bacia anos
53.808

maiores Mediterrânica. Os países produtores da


32.317
produtores de UE, Espanha, Itália, França, Grécia e
azeite do mundo e Portugal, representam 72% da produção
tem investido em mundial, sendo 60% atribuído à
expansão de área Espanha.
2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
e aumento da Em Portugal o olival ocupa uma vasta
produção. Alqueva área do território nacional,
tem sido a área predominantemente nas zonas Evolução da área de olival, 2007-2014
desfavorecidas, e tem como áreas de (Milhares ha)
preferencial.
mercado mais representativas Trás-os- 362.4
Valor Económico e Sustentável

Montes e Alentejo, que reúnem


338.8 339.0 336.6 335.6 338.0 338.5
condições edafoclimáticas de excelência
para a sua cultura. Trata-se da principal
da Dieta Mediterrânica

cultura permanente instalada no


território, estando presente em 43% das
Research Sectorial

explorações agrícolas, estendendo-se


por 362 mil ha.

2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14

Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. 39


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Azeite (ii)

As plantações intensivas e super-intensivas com densidades médias superiores a 300 árvores


A dinâmica do por ha, ocupam já 9% da superfície de olival para azeite, particularmente concentrada no
setor do azeite Alentejo (79%), região onde esta cultura ocupa estrategicamente um lugar de destaque no
dos últimos anos aproveitamento dos novos empreendimentos hidroagrícolas.
tem dados
resultados muito Balanço da produção de azeite, 2007-2014
positivos – (Toneladas)
aumento da
produção e das
120.000
exportações. País
é autossuficiente 100.000

pela 1ª vez desde


há muitos anos. 80.000

60.000
Valor Económico e Sustentável

40.000

20.000
da Dieta Mediterrânica

0
Research Sectorial

2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14

Exportação (ton) Importação (ton) Produção (ton) Consumo (ton)

Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. 40


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Azeite (iii)

O azeite português é tradicionalmente exportado. Em 2013, as exportações ascenderam a EUR


343 milhões. Entre os mercados de destino, o mercado brasileiro assume uma enorme
A balança importância absorvendo cerca de 50% das exportações nacionais, fazendo com que o azeite seja
o produto português mais exportado para esse mercado, tendo uma taxa de penetração de
comercial do
50%, representando metade do consumo. Espanha, França, Angola, Itália e EUA são os
azeite é
restantes principais mercados.
positiva.
Destinos de exportação 2013
Exportações (%)
crescem Balança comercial do azeite, 2007-2013 Brasil 50.12
todos os (EUR Milhares) Espanha 28.4
anos, sendo França 4.80
que as extra- 400.000 Angola 4.61
62.168 Itália 4.45
UE ganham 350.000
EUA 1.22
cada vez 300.000 65.399
Venezuela 0.84
mais peso. 250.000 45.383
Cabo Verde 0.77
200.000
Moçambique 0.77
Valor Económico e Sustentável

150.000
Bélgica 0.65
100.000
Canadá 0.49
50.000
Suíça
da Dieta Mediterrânica

0.34
0
China 0.31
-50.000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Research Sectorial

Luxemburgo 0.25
-100.000 -66 739 -49 008 -14 504 -713
África do Sul 0.24
Exportação Importação Saldo Outros 1.75

Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. 41


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Azeite (iv)
As populações do mediterrâneo atribuíram valores sagrados e agregadores a determinados
alimentos, como os cereais e o pão (o termo companheiro vem do latim cum panis), o azeite e
o vinho, entre outros. Estes elementos estão presentes nas práticas de ritualização, como o uso
O azeite tem do pão e do vinho na eucaristia, do azeite como fonte de luz e calor e ainda unguento para
uma história cerimoniais de batismo, crisma e extrema-unção. A importância atual da fileira está patente na
muito longa no recente criação do Re.C.O.Med. , onde Portugal se faz representar.
mediterrâneo. A
ele são O cinema e a promoção dos
associadas valores curativos do azeite
Rete Città dell’Olio del Meditereraneo
diversas
Réseau des Cité Oléicoles de la Méditerranée
propriedades e
valores que as Red de Ciudades Oleícolas del Mediterráneo
populações têm
enraizadas. (Re.C.O.Med.)
Valor Económico e Sustentável

 Contribuir para a promoção e crescimento do


património do olival e da produção de azeite;
da Dieta Mediterrânica

 Aumentar o valor da cultura e os aspetos científicos,


Research Sectorial

humanos e de publicidade do azeite, e desenvolver o


turismo para o futuro, em estreita relação com a
cultura mediterrânea da oliveira.

Fontes: GPP, ES Research - Research Sectorial. 42


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva - Cereais
Produção nacional de cereais, 2007-2013f
A produção de cereais em Portugal é (EUR Milhões)
Portugal é 268.3
liderada pelo milho e arroz. Nos últimos 254.7
tradicionalmente anos têm-se verificado um grande interesse 230.9 234.0
213.1
deficitário em pela produção de milho por duas ordens de 194.7
cereais. Milho e razão fundamentalmente: o preço
172.4

arroz são os mais (aumentou em 2007-2008 e não regressou


produzidos. a patamares inferiores) e a existência de
Alqueva surge terra com água (Alqueva). A área semeada
como uma de milho no Alqueva passou dos 2 700
possibilidade para hectares em 2011 para 6 882 hectares em
aumentar a área 2013, o que é bem demonstrativo da 2007 2008 2009 2010 2011Po 2012Po 2013f
instalação de produtores nesta zona do
de produção.
país. O preço da água pode vir a tornar-se a
Mercado mundial maior dificuldade neste processo de
Repartição da produção de cereais, 2013f
de cereais é volátil. crescimento. A larga maioria do milho
EUR Milhões
67.0
produzido em grão é canalizado para a
Valor Económico e Sustentável

produção de alimentação animal (o sorgo é 142.7

todo para alimentação animal).


% do total
O arroz produz-se em menor quantidade
da Dieta Mediterrânica

mas ainda assim Portugal apresenta valores


Research Sectorial

muito próximos da autossuficiência. 16.6

35.3 6.3
3.0 2.9 1.9 2.4
13.5
6.4 6.1 4.1 5.1

Milho Arroz Trigo e Cevada Aveia Centeio Outros


em grão Espelta
Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 43
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva - Leguminosas
Produção nacional de plantas industriais, 2007-2013f
(EUR Milhões)
É na categoria
84.7
das plantas 82.1 79.8 82.8
industriais que PROTEAGINOSAS 71.7 72.3
65.3
se incluem as Grão de bico, fava,
lentilha, ervilha,
proteaginosas e feijão-frade
oleaginosas.
Existe tradição
OLEAGINOSAS
nacional de
Noz, amêndoa,
ingestão destes castanha, caju, avelãs
alimentos com
grandes 2007 2008 2009 2010 2011Po 2012Po 2013f

benefícios para a
saúde. Repartição da produção de plantas industriais, 2013f
Com valores de produção agrícola que (EUR Milhões)
Valor Económico e Sustentável

rondam os EUR 21 milhões (em 2013), as 58.4

proteaginosas e oleaginosas têm tido uma


produção relativamente estável. Existe em
da Dieta Mediterrânica

Portugal uma tradição enraizada de


Research Sectorial

introdução destes alimentos na culinária, 17.1


estando comprovadas as suas virtudes
funcionais. 3.8 3.0 0.5

Outras Proteaginosas Oleaginosas Beterraba Tabaco


plantas sacarina
Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto industriais 44
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva - Batata
Produção nacional de batata, 2007-2013f
Em Portugal, a batata produz-se um pouco por (EUR Milhões)
todo o país, em muitos sítios em regime de
173.3 172.5
autossuficiência. As condições edafoclimáticas
A batata é um determinam a localização da produção com
dos alimentos caráter mais profissional/industrial, colocando a 123.3
107.6
119.0 117.2
base da maioria dessa produção, no caso da batata 96.6

alimentação primor, na zona da Póvoa do Varzim –


portuguesa. Esposende, Aveiro e Montijo; e no caso da
Produção e batata de conservação nas zonas de Entre-o-
Douro e Minho, Bragança, Chaves, Aveiro,
consumo têm
Oeste e Montijo. O grau de auto
tido trajetória aprovisionamento nacional é de pouco mais de
2007 2008 2009 2010 2011Po 2012Po 2013f
descendente. 50%, tem-se agravado muito nos anos mais
Produção, exportação, importação e consumo
recentes, atingindo as importações valores
aparente de batata, 2000-2011
muito próximos da produção, com nível de
consumo a baixar, facto que só agrava a (Milhares de ton)
situação. Muitas são as razões para esta
Valor Económico e Sustentável

1200

situação preocupante: os agricultores têm vindo 1000


a abandonar a cultura porque não dominam os
canais de distribuição e o acesso aos mercados
da Dieta Mediterrânica

800

internacionais, os custos de produção 600


Research Sectorial

aumentam e a produtividade não acompanha


400
esse aumento, não dominam a prática cultural
e esgotam os solos (porque não há rotação), 200

não introduzem inovação, não se associam, não


usam as variedades apropriadas, entre outras. 2000 2001 2002
Importação
2003 2004
Exportação
2005 2006 2007
Produção
2008 2009 2010
Consumo Aparente
2011

Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 45
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Plantas e ervas aromáticas e medicinais (PAM)
Ocupação cultural do Alqueva em plantas
aromáticas e medicinais, 2011-2013
Nos últimos anos assistiu-se ao aparecimento
Portugal produz (%)
de novas explorações dedicadas à produção
ervas 7
de plantas aromáticas, medicinais e
aromáticas em condimentares em Portugal. Embora com um
6

todo o país com peso relativamente diminuto comparado com


5

destinos vários. outros setores agrícolas, apresenta uma


Alqueva é um dinâmica de crescimento notável, atraindo
dos locais para esta atividade novos produtores. Trata-se
escolhidos de um setor que duplicou o número de
pelos produtores, aumentou substancialmente as
produtores para áreas em produção, e se o peso económico 2011 2012 2013
poderá parecer pouco significativo
se instalarem.
comparativamente com outros, também se
verifica que atraiu muitos agentes de fora do As explorações de PAM terão
setor, jovens e com elevado grau de formação duplicado nos últimos 3 anos
escolar, cujos efeitos podem ir para além da
Valor Económico e Sustentável

dimensão dos números em si. Inquérito


RA09
GPP
Os consumidores deste produto agrícola são
da Dieta Mediterrânica

muito variados. Na culinária, e tal como Explorações 93 147


preconiza a dieta mediterrânica, são usados
Research Sectorial

como condimento, substituindo o sal, por Área (ha) 80 180


exemplo. Mas as indústrias cosmética,
química, farmacêutica e ervanária também se Estima-se que o volume de negócios
assumem como bons clientes. desta fileira se encontre entre EUR 4 e
EUR 17 milhões
Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. 46
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Produção animal (i)
A produção animal tem representado cerca de 40% da produção agrícola nacional, tendo, em
A produção animal 2013, registado EUR 2.7 mil milhões. O leite, os suínos, as aves de capoeira, os bovinos, os
tem tido a sua ovinos e caprinos e os ovos são as principais fileiras. Têm-se verificado grandes transformações
produção estável ao estruturais em diferentes fileiras, destacando-se a do leite que passou, em 20 anos, de produzir
longo dos anos. 1 milhão de toneladas com 80 mil produtores para produzir 2 milhões de toneladas com 7 800
Setor sofreu produtores.
inúmeras alterações Leite
estruturais (leite) Suínos
de forma a Produção animal nacional, 2007-2013f Aves de capoeira
incorporarem (EUR Milhões)
Bovinos
tecnologia e
melhorarem o seu 2.698.4 2.780.9 2.752.0 Ovinos e caprinos
2.644.3
desempenho
2.559.4 2.567.4 2.589.3
Ovos
ambiental e
económico.
Consumo de carne
Valor Económico e Sustentável

é exagerado em
Portugal
da Dieta Mediterrânica

Setor com maior


Research Sectorial

crescimento é o das
2007 2008 2009 2010 2011Po 2012Po 2013f
aves.

Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. Po Dados provisórios f Valor previsto 47
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Produção animal (ii)
Os consumos intermédios do setor agrícola nacional têm tido um crescimento acentuado, devido à
forte dependência de importação de cereais e de produtos para alimentação animal, agravada pelo
crescimento dos respetivos preços. Este facto é explicativo da baixa eficiência da produção animal,
A produção que tem provocado quebras contínuas no valor do VAB agrícola. Ao nível das emissões de GEE de
animal tem origem agrícola, 85% do valor é referente ao metano. A produção animal (estrumes e fermentação)
é a grande responsável pela emissão de metano.
associada
uma valia
Tipologia dos consumos intermédios na Emissões de GEE de origem agrícola
ambiental agricultura nacional, 2013f em Portugal, 2010
inferior à da (%)
produção
(%) 1%
vegetal. VAB Serviços de
4%
Óxido nitroso
Intermediação Sementes e 3%
agrícola Financeira
Outros Bens e Plantas
8%
Óxido de
Indiretamente Energia e
ressente-se. Medidos Serviços
3%
Lubrificantes Adubos e
nitrogênio

(SIFIM) 14% 10% Corretivos do Monóxido de


1% Solo carbono
Serviços 5%
Agrícolas 85% Non-methane
Valor Económico e Sustentável

4% volatile organic
Produtos
compounds.
Fitossanitários Metano
Manutenção e 3%
Reparação de
da Dieta Mediterrânica

Edifícios Alimentos
Agrícolas e de Despesas com 1% - Queima no local
Outras Obras para Veterinários
9% - de resíduos agrícolas
Research Sectorial

Orizicultura
3% Animais 1%
53%
Manutenção e
25% -
Reparação de
Gestão de
Material e estrumes
Ferramentas
65% -
3%
Fermentação
Fontes: INE, GPP, Agência Europeia do Ambiente, ES Research - Research Sectorial. f Valor previsto entérica 48
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Pesca (i)
Zona Económica Exclusiva e Plataforma Continental
Portuguesa

Portugal tem uma enorme tradição no setor


Portugal,
da pesca e suas atividades subsidiárias,
atendendo à sua
como a transformação e valorização do
dimensão
pescado, que têm um peso social e
marítima, é um
económico assinalável. A relação do país
dos grandes
com o mar tem uma longa história
países do
associada, sendo que nos últimos anos se
mundo. Pesca
intensificou o interesse pelos oceanos
tem muita
enquanto vetores de desenvolvimento.
tradição.
Considerada a dimensão marítima, Portugal
Aquacultura
é um dos grandes países marítimos do
precisa de
mundo, com um acrescido potencial
investimento.
geoestratégico, geopolítico e económico.
Apostar na economia do mar é inovar em
áreas de potencial avançado, como é o
Valor Económico e Sustentável

caso da aquacultura. Um tema que tem


tido muito apoio do Presidente da
República e, também, da ministra
da Dieta Mediterrânica

agricultura, que quer mais gente a apostar


na aquacultura na costa portuguesa. O
Research Sectorial

Anexo II mostra os principais indicadores


da pesca nacional.

Fontes: INE, Portal do Governo, Estratégia nacional para o Mar 2013-2020, ES Research - Research Sectorial. 49
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Pesca (ii)
Evolução da produção nacional de pescado, 2007-2012
(Mil toneladas)
Existem em Portugal 16 559 pescadores e 8 8.2
7.4 9.2
A pesca é das 4 653 embarcações licenciadas, das quais 8
atividades em 1 064 recebem o subsídio de gasóleo. Os
166.3
que Portugal pescadores portugueses capturam cerca 160.8 144.8
170.1 164.2
tem mais de 23kg de peixe por habitante/ano, valor 151.3
tradição. que se enquadra com a média europeia.
Portugal é o 3º Contudo, Portugal consome, em média, o
maior dobro do peixe dos restantes países
2007 2008 2009 2010 2011 2012
consumidor de europeus: 57kg/pessoa/ano, valor que
peixe do coloca os portugueses como 3º maior Capturas Aquicultura

mundo. Setor consumidor de peixe do mundo. Em Evolução do n.º de embarcações e pescadores, 2007-
tem sido Portugal, o polvo, a sardinha, os 2012
reestruturado. cantarilhos, o atum, o peixe espada preto (N.º)
e o bacalhau são os mais consumidos. O 17600 8700
carapau, as gambas, o goraz e o cherne 8 632 17 415
Valor Económico e Sustentável

17400 8 585
são os que se seguem na lista dos 20
8600
17200
peixes preferidos pelos portugueses. No 17000
17 021 8 562 8 492 8500

fim da lista dos "20 mais" surgem o 16800 16 854 16 920 8 380 8400
da Dieta Mediterrânica

linguado, a pescada branca, lulas, 16600


16 559
8300
lagostim, cavala e choco, robalo, faneca, 16400 8 276
Research Sectorial

16 402 8200
raias e congro ou safio. 16200
8100
16000
15800 8000
2.007 2.008 2.009 2.010 2.011 2.012

Pescadores Matriculados Embarcações (N.º)

Fontes: INE, DGRM, ES Research - Research Sectorial. 50


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Pesca (iii)

O setor da pesca conta com cerca de 4 500 empresas que geraram mais de EUR 400
milhões em volume de negócios. Registaram-se decréscimos tanto ao nível do número de
Um universo empresas como do volume de negócios. Aquacultura registou 3 anos consecutivos de
alargado de decréscimo. Dada a situação da balança comercial do pescado (sempre negativa), é
empresas no óbvio o potencial do setor como um todo.
setor da pesca é
um facto,
havendo
potencial de
Volume de negócios das empresas da pesca e Empresas no setor da pesca e aquacultura,
desenvolvimento aquacultura, 2010-2012 2010-2012
futuro.
(EUR Milhões) (N.º)

4754
438.2 4636
359 .7 4502
382.8
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica

34.8 33.9 27.6


Research Sectorial

2010 2011 2012 2010 2011 2012

Pesca Aquacultura

Fontes: INE, GPP, DGRM, ES Research - Research Sectorial. 51


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iii - Valor de cada fileira produtiva – Pesca (iv)
Produção da indústria transformadora, 2007-2012P
(Toneladas)
250000

A indústria conserveira em Portugal


A indústria 200000
produz o suficiente para fornecer o
transformadora
mercado interno e ainda exporta 75% 150000
de peixe tem
da sua produção (cerca de 60 mil
uma relevância 100000
toneladas/ano), é o único subsetor da
assinalável.
pesca com uma balança comercial 50000
Com uma
positiva, dinamizando indiretamente
produção 0
outros setores, tais como o óleo e o
estável, as 2007 2008 2009 2010 2011P
azeite. A sardinha é o principal produto
exportações de
desta indústria, representando quase Conservas Secos e salgados Congelados
conservas têm
metade da produção. A importância da
crescido todos Exportações de conservas de peixe, 2000-2013
indústria das conservas de peixe em
os anos. (EUR Milhões)
Portugal vai muito além do peso que
apresenta na indústria alimentar. A 188
Valor Económico e Sustentável

história, a qualidade das matérias


148.7 155.1
primas e o know-how tornam a indústria
126
conserveira portuguesa num dos 111.7 116.9 123.2
da Dieta Mediterrânica

principais players mundiais. 99.7


87 92
Research Sectorial

2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fontes: INE, DGRM, ANICP, ES Research - Research Sectorial. P Provisórios 52


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
Considerámos as fileiras produtivas que diretamente concorrem para o padrão alimentar
O valor proposto pela Dieta Mediterrânica, privilegiando a aplicação da diversidade de culturas,
económico da sazonalidade, da proximidade e da frescura. O conjunto destes ativos representa cerca
global da dieta de 1.9% do PIB e 12.3% do emprego total. Os ativos endógenos até aqui analisados e
mediterrânica contabilizados são bens internacionalmente transacionáveis, e têm tido uma dinâmica
ascende a 1.9% muito significativa. Considerando as fileiras analisadas, as exportações por elas geradas
do PIB. Os ativos contam aproximadamente 8% das exportações. Associando a estes valores o turismo,
endógenos dada a importância da gastronomia e vinhos nas escolhas dos turistas, os valores
considerados são crescem.
responsáveis por
8% das % do PIB % Exportações % Emprego Total
exportações
nacionais e mais Setor Agrícola 1.46% 6.5% 12%
de 12% do
emprego total. Pesca 0.4% 1.3% 0.3%

+
Valor Económico e Sustentável

Turismo 9.2% 13.6% 7.5%


da Dieta Mediterrânica

DIETA 11.1% 21.4% 19.1%


Research Sectorial

MEDITERRÂNICA

Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 53


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv - Mercados abastecedores

O comércio de A criação de mercados abastecedores foi Rede de mercados abastecedores


produtos agro- conduzida pela SIMAB S.A. a partir do início
alimentares tem dos anos 90. Atualmente existem os mercados
uma expressão abastecedores de Braga, Lisboa, Évora e Faro,
significativa. De
que funcionam como verdadeiras plataformas
forma a potenciar
a sazonalidade, de logística e distribuição oferecendo
proximidade e condições estruturais e funcionais para os
biodiversidade, diversos tipos de agentes económicos. A sua
existe em criação despoletou sinergias e permitiu a
Portugal uma
introdução de um conjunto de benefícios com
rede de
mercados reflexos a montante e jusante da fileira
abastecedores e agroalimentar. Nos mercados abastecedores
municipais. são transacionados na sua maioria produtos
Valor Económico e Sustentável

hortofrutícolas, mas existem muitos outros


produtos presentes: pescado congelado e
fresco, flores, carne, e produtos de mercearia
da Dieta Mediterrânica

secos.
Research Sectorial

Os mercados municipais são estruturas


públicas com um importante papel no
abastecimento à população de produtos
alimentares frescos
Fontes: SIMAB, ES Research - Research Sectorial. 54
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv – Turismo (i)

Nos últimos anos o “turismo gastronómico” cresceu consideravelmente e tornou-se


um dos segmentos mais dinâmicos e criativos do turismo e, por isso, os destinos
O “Turismo turísticos, e os seus atores, estão, hoje, conscientes da importância da gastronomia
Gastronómico” é uma na sua oferta local, regional e nacional.
forma do “Novo
Mesmo quando não é o principal motivo para escolher um destino, a gastronomia
Turismo”.
ocupa um papel de relevo nas motivações dos turistas (e.g. ir a restaurantes é a
Rosário Scarpato segunda atividade favorita dos turistas que visitam os EUA e é a favorita dos turistas
dos EUA quando visitam outros países).
Uma grande parte da
experiência turística é Na Europa, a procura primária para este produto representa cerca de 600 mil viagens
passada a comer ou a ano e a procura secundária é estimada em cerca de 20 milhões. O crescimento
beber, ou ainda, a esperado para este segmento, no futuro próximo, posiciona-se no intervalo entre 7%
decidir o quê e onde e 12% ao ano.
comer.
Em 2013, mais de 12% dos turistas que visitaram a vizinha Espanha (mais de 7
Greg Richards milhões) fizeram-no pela sua gastronomia e vinhos, um crescimento superior a 30%
face ao ano anterior, com um gasto médio por pessoa de EUR 1 170.
Valor Económico e Sustentável

Um inquérito a afiliados da WTO (World Tourism Organization) considera que o peso


da gastronomia nas receitas turísticas dos respetivos destinos é significativo, cerca de
da Dieta Mediterrânica

30%, e que estes têm larga margem para o incrementar.


Research Sectorial

Fontes: UNWTO, IPDT, IET, Turismo de Portugal, Francisco Sampaio, ES Research - Research Sectorial. 55
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv – Turismo (ii)

O lifestyle é usado em turismo para avaliar o envolvimento em experiências. Os


O “turismo
turistas, cada vez mais, buscam experiências baseadas na cultura e identidade
gastronómico”
local e, nos últimos anos, a gastronomia tornou-se um elemento indispensável
inclui no seu
para conhecer a cultura e estilo de vida de um território, incorporando todos os
discurso valores
valores associados às novas tendências no turismo: respeito pela cultura e
éticos e
tradição, estilo de vida saudável, autenticidade, sustentabilidade, troca de
sustentáveis do
experiências e partilha de vida com outros.
território, da
paisagem, do mar, O turismo gastronómico é uma experiência autêntica, de um lifestyle sofisticado,
da cultura local, num ambiente aprazível, associado à “boa vida” e “bem estar económico” do
dos produtos consumo exclusivo de produtos de qualidade produzidos localmente.
locais, da
Por isso, embora praticado ainda por uma minoria, atrai, cada vez mais, um
autenticidade.
selecionado tipo de turistas, com elevado valor de gasto em produtos de elevada
qualidade.
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fontes: UNWTO, ES Research - Research Sectorial. 56


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv – Turismo (iii)
Gastronomy is a Vários estudos apontam no sentido de que os turistas viajam para destinos que
strategic element in ganharam reputação enquanto “lugares de experiência” com produtos locais de
defining the brand and qualidade. Por outro lado, no “mundo turístico” existem destinos influentes cuja
image of a destination. imagem de marca está ligada, com diversos níveis de intensidade, aos valores da sua
UNWTO Affiliate Members gastronomia (e.g. Espanha, França, Itália, Grécia, Brasil, Malásia, Singapura, México,
Portugal). Deste ponto de vista, assume significado relevante a classificação da Dieta
Mediterrânica como Património Imaterial da Humanidade, nomeadamente para
The cuisine of the Portugal, dado que aquela faz parte do “bilhete de identidade” da gastronomia
destination is an aspect portuguesa, bem como toda a filosofia que a ela está ligada, rituais característicos e
of utmost importance in marcantes da forma de ser e partilhar dos portugueses.
the quality of the
holiday experience. O sucesso passará por articular e promover a oferta gastronómica por forma a torná-
Carmina Herrera
la um polo de atração turística (baseada na qualidade, variedade e unicidade dos
produtos locais do território, apresentada com autenticidade e como experiência para
ser vivida, baseada nos valores da sua identidade cultural, sustentabilidade e proteção
The conversion of the dos consumidores), captando e fidelizando turistas, incrementando o valor percebido
territory into a culinary do destino e a satisfação na experiência, aliando qualidade (dos produtos e do
landscape is one of the serviço), tradição e inovação.
Valor Económico e Sustentável

challenges of tourism
destinations.
Iñaki Gaztelumendi
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fontes: UNWTO, Turismo de Portugal, ES Research - Research Sectorial. 57


3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv – Turismo (iv) Estudo de Satisfação dos Turistas, 2012 e 2013
(Palavras que descrevem Portugal após a visita; %)
Clima/bom tempo 32
36
A evolução das procuras ditou
28
There are many que produtos que anteriormente Hospitalidade/colhedor 32
ways of se enquadravam nas chamadas Gastronomia/boa comida 23
12
knowing the necessidades básicas dos
soul of a indivíduos, como a gastronomia, Boas praias 18
21
people. One of se elevassem a níveis superiores, 14
Beleza do país
the most destacando-se como elementos 20

fascinating is, de cultura, de lazer, de prazer País simpático 11


13
without a e/ou lifestyle diferenciadores na
10
doubt, the motivação de escolha, gestão de Cultura/Museus/Monumentos/História
13
gastronomy. expectativas, vivência e
satisfação dos destinos turísticos. Quality of the portuguese tourism products1, 2012 and
Pedro Hoffman 2013
Também em Portugal, a evolução (From 0 very poor to 10 very attractive)
deste produto tem vindo a
Valor Económico e Sustentável

demonstrar importância
crescente na escolha e níveis de
satisfação e apreciação dos
da Dieta Mediterrânica

turistas que nos visitam.


Research Sectorial

Fontes: UNWTO, Turismo de Portugal, IPDT, ES Research - Research Sectorial. 1 The Image of Portuguese Tourism (IPDT, 2014). 58
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
iv - Gastronomia
A diversidade e riqueza da cozinha portuguesa, simbiose das formas de subsistência alimentar
dos camponeses e pescadores, da tradição conventual e aristocrática e da mescla com
A gastronomia elementos de outras origens geográficas, expressa-se à volta da mesa, tendo a família e os
nacional ganha um amigos como elemento de convocação e transmissão São múltiplos os exemplos de
elemento relacionamento e semelhança com outras tradições gastronómicas mediterrânicas, como a
diferenciador com a regular presença das sopas, dos cozidos e guisados, do pão, das saladas, a condimentação com
classificação da ervas aromáticas, os frutos secos e o vinho às refeições. Uma extensa orla marítima pontuada
dieta mediterrânica de cidades portuárias e estuarinas em contacto permanente com o oceano e de comunidades
nacional como piscatórias distribuídas ao longo da costa, trouxe para a mesa dos portugueses uma enorme
Património variedade de peixes, moluscos e bivalves.
Imaterial da
Humanidade.
Governo criou
 Nomeado por Despacho conjunto da Presidência do
Grupo de Trabalho
para promover a Grupo de Conselho de Ministros, Ministério dos Negócios Estrangeiros,
gastronomia. Trabalho para a da Economia e da Agricultura e do Mar
divulgação da  Conceção e operacionalização de uma estratégia consistente
Valor Económico e Sustentável

gastronomia de promoção e divulgação da gastronomia portuguesa


 Promoção nacional e internacional
portuguesa
da Dieta Mediterrânica

 Entronca com a necessidade de elaborar Plano de


Salvaguarda para a Dieta Mediterrânica (Inventário:
Research Sectorial

produtos, técnicas de confeção, produção, e conservação;


Investigação e Divulgação)

Fontes: Dieta Mediterrânica, Um património civilizacional partilhado, Diário da República, ES Research - Research Sectorial. 59
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
v - Balança Alimentar Portuguesa (i)
No período 2008- A Balança Alimentar Portuguesa mostra alguns desvios importantes relativamente ao proposto pela roda
2012, a Balança dos alimentos e pela dieta mediterrânica. Os grupos de produtos alimentares com desvios mais
Alimentar acentuados são carne, pescado e ovos com uma disponibilidade 10.4 p.p. acima do consumo
Portuguesa revelou recomendado e os hortícolas e frutos com disponibilidades deficitárias de 7.9 p.p e 8.0 p.p.
um aporte calórico respetivamente. Os cereais, raízes e tubérculos e os laticínios continuaram a apresentar disponibilidades
diário médio próximas do padrão alimentar recomendado, no entanto manteve-se deficitária a disponibilidade para as
disponível, por leguminosas secas e excedentária os óleos e gorduras (+4.0 p.p.). Entre 2008 e 2012, o único grupo de
habitante de 3 963 produtos alimentares cujas disponibilidades diárias per capita aumentou foi o dos produtos hortícolas
kcal, um aporte (+5.8%), ainda assim não em quantidade suficiente para corrigir o desequilíbrio deste grupo face ao
calórico claramente recomendado pela Roda dos Alimentos.
excessivo quando
comparado com o
Roda dos alimentos Balança alimentar portuguesa, 2012
aporte calórico
diário médio Carne,
Óleos e Carne,
pescado e
aconselhado para ovos
gorduras pescado e
Cereais, 2%
um adulto (2 000 a raízes e
5% ovos
15%
Cereais,
2 500 kcal). tubérculos
raízes e Óleos e
28% Hortícolas tubérculos gorduras
Valor Económico e Sustentável

23% 31% 6%

Hortícolas
15%
da Dieta Mediterrânica

Lacticínios
18%
Research Sectorial

Frutos Lacticínios Frutos


Leguminosas 20% 20% 12%
Leguminosas
secas secas
4% 1%

O que devia ser O que é


Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 60
3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal
v - Balança Alimentar Portuguesa (ii)

O índice de Adesão Entre 2000 e 2012, as disponibilidades de produtos de origem vegetal perderam
à Dieta importância no total das disponibilidades alimentares, enquanto as disponibilidades dos
Mediterrânica, produtos de origem animal se mantêm sistematicamente acima das observadas na década
proposto pela de 90. Disponibilidades de proteína invertem e agravam o padrão alimentar saudável
Associação recomendado, 60% de proteínas vegetais vs 40% de proteínas animais. De 2008 a
Portuguesa dos 2012, esta relação foi 62.8% e 37.2% respetivamente, o que demonstra um afastamento
Nutricionistas, mede progressivo da combinação ótima para um padrão alimentar saudável. O Anexo III mostra
o grau de adesão ao um maior detalhe para os países da Europa.
padrão alimentar
mediterrânico. Em
Portugal, até 2006,
Índice de adesão à Dieta Mediterrânica em Índice de adesão à Dieta Mediterrânica na
este índice
decresceu sempre, a Portugal, 1990-2012 Europa, 21900-009
partir daqui 1.25 1.6
verificou-se uma
1.2 1.4
inversão.
Valor Económico e Sustentável

1.15 1.2

1.1 1
da Dieta Mediterrânica

1.05 0.8
Research Sectorial

1 0.6

0.95 0.4
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012

1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Europa Ocidental Europa do Norte
Fontes: INE, FAO, ES Research - Research Sectorial. Europa do Sul Europa de Leste 61
Dieta Mediterrânica
Índice

1. Sumário executivo 3

2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade 8

i. Caracterização da Dieta Mediterrânica e sociais


ii. Candidatura Portuguesa à UNESCO
iii. Dietas sustentáveis
iv. Saúde, nutrição e a Dieta Mediterrânica

3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal 26


i. Fileiras identificadas e variáveis a considerar
ii. Macro-indicadores da agricultura portuguesa
iii. Valor de cada fileira produtiva
4. iv. Mercados abastecedores, turismo e gastronomia 33
v. Balança Alimentar Portuguesa
41
4. Notas Finais 63

5. Anexos 65

62
4. Notas Finais
Portugal tem evidentes condições de alavancar a distinção conseguida junto da UNESCO e, assim, diferenciar a sua
produção agrícola, a sua pesca, a sua culinária e gastronomia, o turismo e seus segmentos e outras vertentes
associadas a produções agrícolas emblemáticas nacionais, como são os casos do azeite e do vinho. Sendo um
pequeno produtor agrícola, Portugal pode apostar na diversificação cultural e na sua diferenciação oriunda da
qualidade intrínseca dos produtos que as condições edafoclimáticas únicas permitem. Tratam-se de reais ativos
endógenos que urge proteger e desenvolver.
O papel da agricultura no enorme desafio que é alimentar uma sempre crescente população mundial é central e tem
sido alcançado com relativo sucesso. No Mediterrâneo, tal como um pouco por todo o mundo, a questão é
disponibilizar comida suficiente, em qualidade e quantidade, para garantir as necessidades nutricionais de uma
população em crescimento, ao mesmo tempo que se conservam os recursos naturais para as gerações futuras. Esta
noção de sustentabilidade tem associadas um conjunto de vertentes a que urge dar uma atenção redobrada, já que
coexistem no mundo realidades dramáticas como a existência de quase mil milhões de pessoas com fome e
subnutridas e o mesmo número de pessoas com excesso de peso ou obesas. Essas vertentes prendem-se com
alterações nos padrões de consumo, na eficiência da produção agrícola, na redução de perdas e desperdícios e num
aumento da sustentabilidade das dietas. Campanhas direcionadas à população em geral são urgentes.
A dieta mediterrânica é alargadamente reconhecida como sendo um padrão alimentar saudável e níveis elevados de
adesão têm sido associados a melhorias significativas na estado de saúde e nutrição. Tem sido também reconhecida
como uma dieta sustentável, dado o seu menor impacte ambiental. No entanto, a informação disponível mostra um
Valor Económico e Sustentável

declínio na adesão em praticamente todos os países do mediterrâneo, motivada pelo abandono dos hábitos
tradicionais e a emergência de um novo estilo de vida associado a alterações socioeconómicas profundas.
A Bacia do Mediterrâneo é atualmente confrontada com uma situação económica e social muito grave à qual
da Dieta Mediterrânica

podemos associar uma situação ambiental igualmente grave (perda de biodiversidade, subida da temperatura média,
erosão do solo, escassez de água). A junção de uma catástrofe ambiental com outra de caráter social em tão larga
Research Sectorial

escala e em tão pouco tempo é praticamente inédita nesta região. Tornam-se, pois, urgentes medidas de salvaguarda
deste património alimentar. Na área da alimentação, essas medidas vão desde a catalogação do património culinário
milenar à identificação dos grupos populacionais que ainda adotam este modo de comer e, posteriormente, à sua
salvaguarda.

63
Dieta Mediterrânica
Índice

1. Sumário executivo 3

2. A Dieta Mediterrânica e a Sustentabilidade 8

i. Caracterização da Dieta Mediterrânica e sociais


ii. Candidatura Portuguesa à UNESCO
iii. Dietas sustentáveis
iv. Saúde, nutrição e a Dieta Mediterrânica

3. Valor Económico da Dieta Mediterrânica em Portugal 26


i. Fileiras identificadas e variáveis a considerar
ii. Macro-indicadores da agricultura portuguesa
iii. Valor de cada fileira produtiva
4. iv. Mercados abastecedores, turismo e gastronomia 33
v. Balança Alimentar Portuguesa
41
4. Notas Finais 63

5. Anexos 65

64
ANEXO I – Principais indicadores da agricultura portuguesa

INDICADOR PORTUGAL UNIDADE ANO


Número de explorações 304 103 2009
UTA 367 103 2009
UTA agrícola/Emprego total 7.3% % 2009
UTA familiar 294 103 2009
População agrícola familiar 793 103 2009
Superfície total explorações agrícolas 4 709 103ha 2009
Superfície florestal das explorações agrícolas sem culturas sob coberto 842 103ha 2009
Superfície agrícola utilizada (SAU) 3 668 103ha 2009
Culturas temporárias (total) 948 103ha 2009
Culturas permanentes 690 10 ha3
2009
Pastagens permanentes (total) 1 828 10 ha3
2009
FBCF 639 106 euro 2011
VABpb (preços correntes) 2 152 106 euro 2011
Valor Económico e Sustentável

VABpb agricultura em % do PIB 2 103 2011


Subsídios líquidos de impostos 611 6
10 euro 2011
VABcf 2 763 106 euro 2011
da Dieta Mediterrânica

Rendimento dos factores por UTA 5 857 euro 2011


Research Sectorial

Rendimento empresarial líquido por UTA não assalariada 3 598 euro 2011
Comércio internacional produtos agroalimentares (importações) 8 817 106 euro 2011
Comércio internacional produtos agroalimentares (exportações) 4 604 106 euro 2011

Fontes: INE, GPP, ES Research - Research Sectorial. 65


ANEXO II – Utilização das terras das explorações agrícolas

Portugal Continente
Uso ha % ha %
Superfície Agrícola Utilizada 3668145 100 3542305 100
Culturas Temporárias 831592 22.7 817340 23.1
Cereais para grão 345941 9.4 345556 9.8
Hortícolas 48002 1.3 46367 1.3
Horta familiar 19695 0.5 18991 0.5
Flores 1643 0.0004 1525 0.0004
Batata 18745 0.5 17331 0.5
Prados temporários e forragens 494364 13.5 473972 13.4
Pousio 341534 9.3 341465 9.6
Culturas Permanentes 690725 18.8 686221 19.4
Valor Económico e Sustentável

Frutos frescos 16930 0.5 16389 0.5


Citrinos 3048 0.1 1764 0.0
da Dieta Mediterrânica

Frutos Sub-Tropicais 40127 1.1 39746 1.1


Research Sectorial

Frutos secos 115150 3.1 114980 3.2


Vinha 177831 4.8 175773 5
Olival 335841 9.2 335841 9.5
Prados e Pastagens Permanentes 1784598 48.7 1678288 47.4

Fontes: INE RA09, ES Research - Research Sectorial. 66


ANEXO III – Principais indicadores da pesca portuguesa

Indicador Portugal Unidade Ano

Comprimento da linha de costa 2751 Km2 2012


Mar territorial 50960 Km2 2012
Zona económica exclusiva 1656181 Km2 2012
Plataforma continental 2150000 Km2 2012
Pop. ativa no setor da pesca em % da 0 % 2011
Navios 8380 N.º 2011
Arqueação 101574 2011
Pesca 216425 ton 2011
Produção de aquicultura 8014 ton 2010
6
FBCF 87 10 euro 2008
VABpb (preços correntes) 376 106 euro 2009
Valor Económico e Sustentável

VABpb pesca em % do PIB 0.24 % 2008


Subsídios líquidos de impostos 9 106 euro 2009
Rendimento dos fatores 377 106 euro 2008
da Dieta Mediterrânica

Rendimento empresarial líquido (REL) 199 106 euro 2008


Comércio internacional (importações) 1470 106 euro 2011
Research Sectorial

Comércio internacional (exportações) 801 106 euro 2011

Fontes: INE, DGRM, ES Research - Research Sectorial. 67


ANEXO IV – Portos de pesca em Portugal
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fontes: DGRM, ES Research - Research Sectorial. 68


ANEXO V – Índice de adesão à Dieta Mediterrânica na Europa, 2009

Países Baixos
Áustria
Luxemburgo
Bélgica
Suécia
Dinamarca
República Checa
Finlândia
Reino Unido
Alemanha
Hungria
França
Irlanda
Eslováquia
União Europeia
Estónia
Malta
Polónia
Chipre
Valor Económico e Sustentável

Croácia
Letónia
Bulgária
da Dieta Mediterrânica

Portugal
Roménia
Espanha
Research Sectorial

Eslovénia
Itália
Lituânia
Grécia
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6

Fontes: INE, ES Research - Research Sectorial. 69


ANEXO VI – Excesso de peso no mundo
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica
Research Sectorial

Fonte: World Health Organization 70


Research Sectorial
Valor Económico e Sustentável
da Dieta Mediterrânica

Fonte: FAO
ANEXO VII – O mapa da fome 2013

71
Francisco Mendes Palma fmpalma@bes.pt
Chief Sectoral Strategist

Susana Barros msbarros@bes.pt


Luís Ribeiro Rosa luis.c.rosa@bes.pt

Paulo Talhão Paulino pmpaulino@bes.pt


Research Sectorial Conceição Leitão mcleitao@bes.pt

João Pereira Miguel jpmiguel@bes.pt

Patrícia Agostinho patricia.agostinho@bes.pt

José Manuel Botelho jmbotelho@bes.pt

Celina Luís celina.luis@bes.pt

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