Você está na página 1de 16

1

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


GABRIELLY FERRAZ
O CRESCIMENTO DO FEMINICÍDIO NO
BRASIL
e a influência negativa da mídia.

NITERÓI, 2018
2

Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 1
JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................................... 2

OBJETIVOS ...................................................................................................................................................................... 3
Geral ....................................................................................................................................................................... 4
Específicos ..................................................................................................................................................... 5

METODOLOGIA .......................................................................................................................................................... 6

DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................................... 7

O papel da mídia ......................................................................................................................................................... 7.1

A lei na teoria e na prática .......................................................................................................................................... 7.2


Construções sociais .........................................................................................................................................7.3

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................. ....8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. ...........................................9

Introdução

Os casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela


condição de gênero são os denominados feminicídios. Onde está
como fator principal a necessidade em ter o controle do corpo da
mulher, sendo o crime motivado pela perda dessa condição em
que a mulher é vista como propriedade alheia. Muito comuns em
sociedades onde há extrema desigualdade de gêneros, em que na
mulher é imposto um papel inferior ao do homem, que é o caso
brasileiro. Acatando o relatório da Organização Mundial da
Saúde o Brasil ocupa a 5º posição dentre as nações mais violentas
para as mulheres, no ranking com o total de 83 países.
CRESCE o nº de mulheres vítimas de homicídio no Brasil; dados
de feminicídio são subnotificados. G1 07/03/2018 06h05.
Disponível em: <https://g1.globo.com/monitor-da-
violencia/noticia/cresce-n-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-
3

no-brasil-dados-de-feminicidio-sao-subnotificados.ghtml>
Acesso em: 30 de novembro de 2018
As violências nos relacionamentos podem iniciar com uma
simples demonstração de ciúmes excessivo, mas que ao longo do
tempo pode se agravar e acabar virando cárcere privado, por isso,
é indispensável o conhecimento de todo o tipo de violência, para
que as mulheres saibam a hora de dar a devida atenção ao caso.

Segundo o artigo 7º da Lei nº 11.340/2006 são formas de


violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que


ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta


que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a


constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual
não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer
modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto
ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos;
4

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta


que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
destinados a satisfazer suas necessidades;

V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que


configure calúnia, difamação ou injúria.
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER. Planalto, Brasília 07 de agosto de 2006.
Disponível em: <:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2006/Lei/L11340.htm> Acesso em 29 de novembro de 2018

A maioria dos casos de feminicídio se inicia com pequenos


detalhes como estes, (uma vez que 7 de cada 10 casos ocorrem
dentro de casa. Em muitas das vezes a vítima não vê problema
imediato, apenas percebem quando já tomou proporções
absurdas.
2 de cada 3 feminicídios são na casa da vítima. ESTADÃO. 01
de março de 2018. Disponível em:
<https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,2-de-cada-3-
feminicidios-sao-na-casa-da-vitima,70002210276> Acesso em
30 de novembro de 2018

“Essas mortes são evitáveis porque há uma série de violências


que são constituintes e antecedentes a ela. O feminicídio é a ponta
do iceberg, é a consequência. Então, temos que ter um olhar
muito mais cuidadoso para o que veio antes.”
Carmen Hein de Campos, advogada doutora em Ciências
Criminais e consultora da CPMI-VCM.
5

Por que mortes ‘evitáveis’? COMO EVITAR ‘MORTES


ANUNCIADAS’?
Disponível em:
<https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitu
los/como-evitar-mortes-anunciadas/> Acesso em 29 de
novembro de 2018

JUSTIFICATIVA
A principal razão da construção desse projeto de pesquisa é
analisar os fatores que contribuíram com o crescimento do
feminicídio no Brasil nos últimos 3 anos, assim como
compreender a participação da mídia para o crescimento desse
índice.

O presente artigo visa analisar e compreender os motivos que


resultam no crescimento do feminicídio. Através de pesquisas e
entrevistas dadas sobre o assunto, ainda como problematizar o
papel da mídia na naturalização da violência contra a mulher.
Mediante pesquisas realizadas nos anos de 2016,2017,2018.
Anos esses quais houveram crescimentos de casos de feminicídio
desproporcionais ao habitual. As análises e pesquisas serão
realizadas de maneira que seja possível obter um método eficaz,
para intervir essa adversidade. Como abordagem metodológica
trabalhei com a pesquisa bibliográfica, reuni informações e dados
acerca do tema escolhido para aprofundar no assunto. Como
referencial teórico me baseei prioritariamente nas pesquisas e
entrevistas abordadas no site do Instituto Patrícia Galvão.
Disponível em:
<https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/>.
Nomear o problema é uma forma de visibilizar um cenário grave.
“Feminicídio” é uma palavra emergente que foi importada do
inglês, popularizada no contexto da luta feminista contra a
violência sofrida pelas mulheres, em especial a violência
doméstica. A força da luta e da mobilização faz com que cada
6

vez mais mulheres denunciem e se organizem em prol de uma


vida sem violência. Sob o lema “Nenhuma a menos, vivas nos
queremos”. foram realizados manifestações e protestos (que
tiveram início na Argentina e logo se espalharam pelo mundo)
contra o feminicídio.

De acordo com o levantamento feito pelo G1, em relação ao ano


de 2016 o número de feminicídio no Brasil sofre em 2017 um
aumento no percentual de 6,5% com o total de 4.473 casos. Nesse
contexto é possível afirmar que a cada duas horas uma mulher é
assassinada no Brasil. Há ainda fatores como falta de registros
que impedem que os números sejam contabilizados de forma
exata, uma vez que nem todo caso é aferido. Isto é, nesse índice
há ainda possibilidades desses números sofrerem alterações.
CRESCE o nº de mulheres vítimas de homicídio no Brasil;
dados de feminicídio são subnotificados. G1 07/03/2018 06h05.
Disponível em: <https://g1.globo.com/monitor-da-
violencia/noticia/cresce-n-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-
no-brasil-dados-de-feminicidio-sao-subnotificados.ghtml>
Acesso em: 30 de novembro de 2018.
7

3 OBJETIVOS

4 OBJETIVO GERAL
• Analisar o súbito crescimento do feminicídio no Brasil
em base nos anos de 2016,2017 e 2018. E apontar os
erros cometidos pela sociedade e mídia que podem estar
contribuindo com esse crescimento.
5 ESPECÍFICOS
• Relacionar as construções sociais impostas no sexo
feminino com a motivação dos crimes contra as
mulheres no país.
• Encontrar uma forma eficaz da mídia reverter a sua
participação no caso como negativa, para positiva.
• Uma vez encontrada as relações, aplicar possíveis
formas de reverter o quadro através de incentivos à
sociedade no combate ao feminicídio.
8

METODOLOGIA
O projeto usa como metodologia a pesquisa explicativa
qualitativa. Com a finalidade de aprofundar e apresentar
o assunto através de estudos, debates e entrevistas já
realizadas e por fim analisar as opiniões e resultados
divergentes, trazendo a reflexão intensa sobre o assunto.
9

7 DESENVOLVIMENTO

7.1 O papel da mídia:


Do mesmo modo que é possível analisar os progressos do país
em determinadas categorias, podemos também observar o
regresso em correlação a outras. A grande questão presente nesse
artigo é: Por que a vida das mulheres estão cada vez mais
ameaçadas? Por que a cada ano o número de vítimas de
feminicídio aumenta?
Certas desigualdades e discriminações compactuam para que o
Brasil esteja nessa posição no ranking, desde muitos anos, há a
construção social de que a mulher, é involuntariamente inferior.
(Construção essa, que é cada vez mais reforçada pela mídia.)
Mulheres são vítimas de ideias há séculos já formadas, que são
reafirmadas de geração em geração: de que o sexo feminino não
só é um sexo frágil como também é submisso. E há uma longa
caminhada a percorrer para desfazer esse pensamento, visto que
milhares de mulheres continuam morrendo por ano, vítimas de
pensamentos como esses.
As plataformas midiáticas independente, como os canais o
youtuber; começaram a focar e dar a devida importância
recentemente a temáticas como relacionamentos abusivos. Nos
quais mulheres estão situadas em relações que as prejudicam de
diversas formas, são essas as chamadas violência física,
psicológica, sexual, patrimonial e moral. Há uma ideia de que na
mesma intensidade em que o assunto passou a ser abordado
ultimamente, as mulheres estão identificando relações como
essas e se desvinculando. Porém, seguindo o mesmo raciocínio
muitas sofrem violências maiores do que antes, que chegam a ser
fatal.
A divulgação do assunto na mídia além de apenas informar, pode
salvar vida de milhares de mulheres, uma vez que ainda há muitas
que desconhecem o termo e nem reconhecem quando estão sendo
10

privadas de seus direitos, seja em qualquer tipo de relação. Sendo


assim, representar e apresentar o caso em programas de tv, canais
do youtube, novelas, séries e filmes da grande mídia tem toda a
sua importância. Para que as pessoas saibam da gravidade, e
tenham ciência que feminicídio não é apenas um termo.
“O desrespeito contra as mulheres é histórico, principalmente na
mídia tradicional, e que há diferenças gritantes na forma como os
gêneros são retratados. Os homens são classificados como
polêmicos, badboys, ciumentos ou atormentados de amor,
mesmo em casos de traição, abuso sexual, agressões e
assassinatos, enquanto as mulheres são vistas como “supostas
vítimas”, desqualificadas por seu comportamento como se
merecessem a violência que sofreram ou objetificadas em
publicações que exploram apenas seus corpos. A imprensa
precisa chamar para si a responsabilidade de mudar essas
representações de gênero, sob pena de perpetuar a violência
contra a mulher no Brasil.
MONTEIRO, Carolina. 27 de junho de 2017. Disponível em:
<http://marcozero.org/qual-e-o-papel-da-midia-na-
naturalizacao-da-violencia-contra-a-mulher/>
“Essas mortes são evitáveis porque há uma série de violências
que são constituintes e antecedentes a ela. O feminicídio é a ponta
do iceberg, é a consequência. Então, temos que ter um olhar
muito mais cuidadoso para o que veio antes.”
Carmen Hein de Campos, advogada doutora em Ciências
Criminais e consultora da CPMI-VCM.
Por que mortes ‘evitáveis’? COMO EVITAR ‘MORTES
ANUNCIADAS’?
Disponível em:
<https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitu
los/como-evitar-mortes-anunciadas/> Acesso em 29 de
novembro de 2018
11

7.2 A lei na teoria e na prática.

Dilma Rousseff, sancionou a Lei 13.104, em 9 de março de


2015, conhecida como a Lei do Feminicídio. Antes dessa lei ser
sancionada o assassino tinha a pena diminuída caso assumisse ter
cometido o crime por ciúmes ou por amor, tratava-se de um crime
passional, tirava as qualificadoras de homicídio e poderia até
mesmo ser absolvido. Hoje em dia ainda com as mesmas
desculpas, a pena é maior, por se tratar do sentimento de posse
sob a mulher, sendo assim, feminicídio. Por motivos como esse
é tão importante que os crimes sejam qualificados da forma
correta, para que o criminoso pegue a sentença devida. Embora a
lei já esteja em vigor há 3 anos os policiais ainda não estão
preparados para identificar o crime, posto que nem toda mulher
assassinada foi vítima de feminicídio. Em função disso é
necessário investir muito mais para distinguir um homicídio de
um feminicídio, é preciso um inquérito mais apurado, descobrir
se o machismo esteve presente, se a feminilidade da mulher foi
afetada, se houve indicativos de menosprezo e discriminação ao
corpo feminino, entre outros detalhes. caso os profissionais não
se empenhem tanto quanto o necessário, só a lei não será o
suficiente.
No Brasil vivemos em uma sociedade pseudo evoluída. Pois
simultaneamente com tantos direitos adquiridos pelas mulheres
através de movimentos e anos de lutas feministas, as mulheres
são minorias no mercado de trabalho, ainda sofrem com menos
direitos e são mortas. Tudo isso por serem mulheres.
12

7.3 Construções sociais

Como desconstruir pensamentos retrógrados instalados há


séculos na sociedade, como acabar com anos de cultura machista
e ir contra tudo o que foi ensinado para conseguir o mínimo que
deveria ser direito de todos? Respeito.
Assim como a tentativa de culpabilização da vítima, a aceitação
e despretensão de hierarquia de gêneros contribuem para a
sucessão de violências contra a mulher que podem ter a
consequência fatal, ademais os sistemas de segurança pecam
quando o assunto é priorizar e valorizar as denúncias de
mulheres, já que em grande parte dos casos de feminicídio,
houveram denúncias anteriores que não receberam a atenção
devida, nesse sentido é possível afirmar que muitas mortes
poderiam ter sido evitadas caso as mulheres encontrassem o
apoio necessário partindo dos sistemas de segurança e justiça
desde a primeira denúncia. Com toda a displicência que os casos
são tratados o agressor ganha mais tempo, o que pode resultar na
morte da vítima. Logo, é de responsabilidade do Estado se impor
de forma mais eficaz contra esse crime, aumentando o número de
recursos destinados à prevenção da violência contra as mulheres,
tendo em vista que por ação ou omissão do Estado muitas
continuam morrendo.
O machismo está extremamente presente na realidade brasileira
de forma que: para um homem, assumir e se declarar responsável
pela agressão ou até mesmo da morte de uma mulher não é
motivo de constrangimento.
“São comuns os casos em que o autor não faz questão de ocultar
o crime de testemunhas, o que significa que exibir aquilo reforça
sua masculinidade, e que ele se sente autorizado pela sociedade
a ter controle de vida e morte sobre a mulher.”
13

Andrea Brochier Machado, perita criminal do Instituto Geral de


Perícias (IGP) em Porto Alegre/RS.
Porque feminicídio: mortes evitáveis e responsabilidade do
Estado. Disponível em:
<https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitul
os/como-e-por-que-morrem-as-mulheres/> Acesso em 30 de
novembro de 2018.
Alguns criminosos tomam por “direito seu” de forma que passe
como algo comum matar sua companheira em casos de
infidelidade, afinal ela o “desonrou”, então, foi merecido. O
papel da mulher como parte complementar do homem é cada vez
mais reforçado pela sociedade, e dessa forma, suas vidas tem
importado cada vez menos. É preciso de muito esforço para
desnaturalizar esse pensamento, fazer o óbvio se tornar
inequívoco, para que o assassino no mínimo seja capaz de
reconhecer que esse não era o seu direito, não era o certo a se
fazer.
“Há homens que acham que podem matar a mulher que foi infiel
a eles, por exemplo. Mas mesmo que ela o tenha traído de fato
nada justifica o crime contra a vida, e é errado pensar que ela foi
culpada de alguma maneira pela própria morte por ter sido infiel.
E essa forma errada de pensar é responsabilidade de todo mundo,
não só do autor, mas do Estado e de toda a sociedade.”
Ana Rita Souza Prata, Defensora Pública do Estado de São Paulo
e coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção dos
Direitos da Mulher (NUDEM)
Responsabilidade do Estado. Dsponível
em:<https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/ca
pitulos/como-evitar-mortes-anunciadas/>. Acesso em 30 de
novembro de 2018
“Essa naturalização do machismo faz com que muitas mulheres
não conheçam seus direitos e até achem naturais manifestações
como ciúmes, posse e agressões. É preciso aprofundar este
14

debate e dar suporte a essas vítimas para que este ciclo de


violência seja interrompido o mais rápido possível”
AUSTREGÉSILO, Emily. Desrespeito histórico. 25 de junho de
2017. Diponível em: <http://marcozero.org/qual-e-o-papel-da-
midia-na-naturalizacao-da-violencia-contra-a-mulher/>

CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os fatos supramencionados é possível afirmar que
alguns dos motivos do crescimento do feminicídio se evidência
por questões como falhas no Estado e educação, a postura das
pessoas e cultura ao que se refere à mulher e a influência negativa
por parte da mídia. O Estado é responsável pelo homem que
pratica esse tipo crime, pois falhou na educação, assim como é
responsável pela mulher ter permanecido em situações de
violência, pois não há suportes necessários para que a mulher
alcance essa autonomia. De forma que consiga se desprender de
tal relacionamento. As construções culturais e sociais, que pesam
sobre a mulher também têm sua parcela de culpa, uma vez que
todo o preconceito as tem como base. E a mídia por reproduzir
cotidianamente todos esses estigmas sociais, de forma que passa
a ser visto como o habitual.
A partir da imagem que é atribuída a mulher, muitas acabam se
adaptando à ideia de inferioridade, e até mesmo reforçam a
dúvida sobre o seu real papel, que seria o de submissão. De
acordo com as construções culturais, a mulher não pode tomar a
atitude, pois isso é o dever do homem, a mulher não pode ser
independente, pois o homem precisa de alguém que dependa dele
para ter sua masculinidade intacta. No final a conclusão que
chegamos é que a mulher não pertence a si mesma, quando
criança pertence ao pai, é reprimida e protegida por ele, até que
chegue um outro homem para toma-la como esposa e continuar
o papel. E por conta de toda essa repressão a mulher sempre será
15

apontada e questionada caso não aja conforme o prescrito, caso


fuja dos padrões, e consequentemente sofre preconceito por isso.
“Mesmo nos casos de feminicídio, faz parte do discurso da
sociedade questionar o que essa mulher fez para ‘merecer’ aquela
violência, como se houvesse alguma justificativa para um
homicídio. Os dados reforçam a necessidade de uma mudança
cultural. Precisamos orientar a população, inclusive as crianças e
adolescentes nas escolas, que a violência contra as mulheres não
é tolerável e nem banal. E que o fato de uma mulher querer
igualdade e tomar suas próprias decisões não pode nunca
‘justificar’ a violência.”
Mariana Seifert Bazzo, promotora pública e coordenadora do
Núcleo da Promoção da Igualdade de Gênero (Nupige) do
Ministério Público do Paraná.
Disponível em: Como e porque morrem as
mulheres?<https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminici
dio/capitulos/como-e-por-que-morrem-as-mulheres/>
Através dessas analises, se faz notório que a lista de culpados é
grande, porém, a vítima é sempre a mesma. A mulher. Que é
morta por culpa das construções sociais sobre o lugar dela,
morta pela hierarquização do gênero masculino, morta pela
ineficiência do Estado e a péssima colocação da mídia. E ainda
segue sendo morta pelo machismo presente em nossa sociedade,
que na mesma medida em que está sendo contestado, está sendo
alimentado. Para que o problema seja de vez extinto é preciso se
fazer uma grande imobilização, ir contra todos os ideais
machistas que é existente na vida das mulheres há muito tempo,
sendo repetido por outras mulheres, sendo implantado na
cabeça de crianças. Uma vez que, enquanto houver a
reprodução de idealização machista sobre o lugar e o dever da
mulher, tais pensamentos continuarão sendo reproduzidos e
assim perpetuados na nossa realidade. Dessa forma dá-se a
16

entender de onde deve começar a luta contra o crescimento do


feminicídio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/cresce-n-de-
mulheres-vitimas-de-homicidio-no-brasil-dados-de-feminicidio-
sao-subnotificados.ghtml

https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitulo
s/o-que-e-feminicidio/

https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitulo
s/como-evitar-mortes-anunciadas/#responsabilidade-do-estado
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2006/Lei/L11340.htm

https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitulo
s/como-e-por-que-morrem-as-mulheres/#porque-feminicidio-
mortes-evitaveis-e-responsabilidade-do-estado

https://epoca.globo.com/apenas-3-em-cada-10-assassinatos-de-
mulheres-sao-legalmente-enquadrados-como-feminicidio-no-
brasil-22966910

Você também pode gostar