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COMISSÃO DE ESTUDOS PARA ANALISAR ALTERNATIVAS PARA A

CONTRATAÇÃO DOS SERVIÇOS DE LIMPEZA E COLETA DE LIXO


NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

RELATÓRIO FINAL

I - Objetivo dos Trabalhos

Trata-se de Comissão de Estudos, requerida pelo


Nobre Vereador Celso Jatene na forma do artigo 99 do Regimento Interno, para
analisar alternativas para a contratação de longa duração, na concessão da
exploração dos serviços de limpeza e coleta de lixo no município de São Paulo.

Diz o requerimento: "Considerando as notícias


veiculadas pela imprensa nos últimos anos apontando irregularidades na
contratação de serviços gerais de lixo e limpeza no município de São Paulo;
considerando a necessidade de apontar alternativas para uma gestão transparente
e de combate à corrupção na gestão do Lixo na cidade de São Paulo; e,
finalmente, considerando as alternativas discutidas hoje por juristas e
especialistas da área em todo o Brasil; requeremos, na forma do art. 99 da
Resolução 02/91 - Regimento Interno, a constituição de Comissão de Estudos
com 5 (cinco) membros para estudar alternativas para a contratação de longa
duração na concessão dos serviços de limpeza e coleta de lixo no município de
São Paulo." (grifo nosso)

Ressalte-se que durante os trabalhos a Comissão


teve a preocupação de não invadir a esfera de competência da Comissão
Parlamentar de Inquérito recentemente instalada nesta casa, deixando para este
relatório apenas questões abordadas sob guarida do requerimento transcrito
acima.

Subscrito pelo número legal de vereadores, o


mesmo foi aprovado pelo plenário em sessão de 10 de abril de 2001.

A Presidência indicou as Comissões de Constituição


e Justiça, de Política Urbana, de Transporte e Atividade Econômica e a de
Finanças como competentes para apreciação da matéria.

Os Srs. Vereadores Presidentes das comissões


indicaram os membros. Coube ao n. Vereador Celso Jatene, como primeiro
signatário, a presidência dos trabalhos. Membros os n. Vereadores Farhat (PSD),
Dalton Silvano (PSDB), Milton Leite (PMDB) e Ítalo Cardoso, sendo que coube
ao último a relatoria e ao primeiro a vice-presidência, conforme deliberação na
reunião de instalação, que se deu aos 23 de maio de 2001.

II - Histórico

Foram realizadas 11 reuniões ordinárias (23/05,


31/05, 06/06, 12/06, 19/06, 22/06, 26/06, 03/08, 06/08, 13/08, 20/08). Variados os
requerimentos apresentados, sendo em sua maioria para oitiva de Secretários
Municipais, representantes de empresas e técnicos ligados à área de limpeza
pública urbana.

Na primeira reunião foram eleitos o vice-presidente


e o relator. Na segunda tratou-se do cronograma dos trabalhos e foram aprovados
os primeiros requerimentos.

Ao longo das demais reuniões, foram


encaminhadas a cada empresa, bem como ao Secretário de Serviços e Obras, 26
(vinte e seis) perguntas formuladas por escrito, respondidas também desta forma.

Foram ouvidos os Secretários Municipais de


Implementação de Subprefeituras, Arlindo Chinaglia, o então Secretário de Infra-
estrutura, Walter Rassmussen Jr., e o atual Secretário de Serviços e Obras, Jorge
Fontes Hereda, além do então diretor-técnico do LIMPURB, Alfredo Luís Buso.

Em ofício respondendo requerimentos da comissão,


a Secretaria de Implementação de Subprefeituras esclareceu que desde o Decreto
40.046 de 14.11.2000 não está mais afeita à matéria, posição esta que foi mantida
no depoimento do Secretário Arlindo Chinaglia.

Foram convidados os representantes das empresas


VEGA Engenharia Ambiental, Sr. Carlos Villa e Luiz Gonzaga Pereira;
ENTERPA Ambiental S/A, Sr. Martin Ricardo Mazola; Construtora QUEIROZ
GALVÃO S/A, Sr. Raul Vasconcelos; CAVO - Companhia Auxiliar de Viação e
Obras Ltda, Sr. Carlos Fernandes; CLIBA - Companhia Latino-americana de
Engenharia Básica Ambiental Ltda, Santiago Crespo; MARCA Engenharia
Ambiental - Sr. José Rui Infante Bonato; AJ Engenharia Comércio e Construções
LTDA - Sr. Eduardo Almeida e João D´Escócia; INTRANSCOL S/A Coleta e
Remoção de Resíduos - Sr. Antônio Almeida Nascimento; CONSTRURBAN
Engenharia e Construções Ltda. - Ubiratan Sebastião de Carvalho;
TRANSPOLIX Transportes Especiais - Sr. Luiz Carlos Russo Pereira;
MARQUISE S/A - José Carlos Pontes; TERCOPAV -Terraplanagem e
Construções e Pavimentações Ltda.

Atenderam ao convite as seguintes empresas e


entidades:

a) VEGA, representada pelo Sr. Luiz Gonzaga Pereira;


b) CLIBA, representada pelo Sr. Santiago Crespo;
c) ENTERPA AMBIENTAL, representada pelo Sr. Luiz Antônio Spinardi;
d) CAVO, representada pelo Sr. Edson José Stek;
e) MARQUISE, representada pelos Srs. Ivan Valente Benevides e Newton de
Albuquerque;
f) INTRANSCOL, representada pelos Srs. Raul Pinheiro da Frota e Airton Porto;
g) TERCOPAV, representada pelo Sr. Marcos Vinicius Borges de Carvalho;
h) IPT - Instituto de Pesquisas tecnológicas, representado pelo Sr.Sérgio Inácio
Ferreira;
i) Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, representado pelos
Srs.Carlos Rebello e Félix Wakrat
Registre-se, preliminarmente, que algumas
empresas, mesmo convidadas, não prestaram informações à comissão, pelos mais
variados motivos. Não atenderam ao convite, apesar de o terem recebido:
a) TRANSPOLIX - confirmou primeiramente os Srs. Luiz Carlos Russo Pereira e
Robinson Janssen Justo; depois cancelou.
b) CONSTRURBAN- enviou fax dizendo não poder comparecer.
c) QUEIROZ GALVÃO -alegou não querer participar do "evento".
d) AJ - Declinou a impossibilidade de participar, em vista de compromissos já
agendados.
e) INSTITUTO PÓLIS, Sra. Elizabeth Grimberg, não compareceu.

Quando da oitiva da empresa CAVO, foram


levantadas pelo nobre Vereador Adriano Diogo questionamentos a respeito do
ETD - sistema de tratamento de resíduos de saúde operados por aquela empresa.
Estes questionamentos foram em seguida encaminhados por escrito e respondidos
pela empresa.

Ressalte-se, por oportuno, que os Vereadores


Adriano Diogo e Roberto Trípoli já haviam participado em Comissão de Estudos
do Lixo que funcionou em 1995 nesta edilidade, juntamente com os Vereadores
Emílio Meneghini e Ítalo Cardoso, sendo ambos convidados a acompanharem os
trabalhos. Inclusive o relatório desta, extremamente abrangente, foi anexado aos
autos.

A empresa TERCOPAV fez juntar ainda nota em


que esclarece o problema havido com seus endereços, acompanhada de seu
contrato social.

O Eng. Carlos Rebelo, representando o Sindicato


dos Engenheiros do Estado de São Paulo, requereu a juntada aos autos de
detalhado estudo intitulado "Projeto Manuelzão", o que foi deferido.

III - Dos depoimentos prestados

Na primeira parte dos trabalhos, foram ouvidos os


representantes do Poder Público Municiapl. O primeiro convidado foi o
Secretário de Implementação de Subprefeituras (SIS, antiga SAR - Secretaria de
Administrações Regionais), Sr. Arlindo Chinaglia Jr. Explicou que desde
dezembro de 2000 a matéria relativa à limpeza urbana não é de competência da
sua pasta, tendo a contratação, execução, pagamento e fiscalização tendo sido
transferidas para o LIMPURB - Departamento de Limpeza Urbana, vinculado à
Secretaria de Serviços e Obras (SSO). Esta transferência foi realizada ainda na
gestão Celso Pitta, quando da formação da transição para o atual governo.

O então Secretário de Infra-Estrutura, Walter


Rasmussen Jr., explicou que acumulara além das funções da antiga Secretaria de
Vias Públicas as funções da SSO. Quando assumiu, encontrou uma situação de
calamidade, pois os contratos emergenciais não abrangiam todos os serviços,
apenas os mais urgentes, como coleta, varrição e uma parte da coleta de entulho
(10%).

Com os recursos disponíveis, não era possível


realizar a coleta total de entulho (os 90% restantes), nem a capinação e a limpeza
de calçadas e prédios públicos. Somado a isto, havia o fato de estar-se em período
de chuvas, agravando-se o risco de enchentes.

Afirmou não entender correto operar-se o Sitema de


Limpeza Pública a partir de contratações emergenciais, mas reafirmou a
necessidade de assim haver procedido, face à ausência de licitação. Criticou a
gestão passada, ao transferir a competência da questão para a SSO sem dotá-la de
recursos suficientes para fiscalização. Contava então esta secretaria com apenas
18 (dezoito) fiscais, pretendendo contratar mais 90 (noventa), o que se realizou
logo depois. Defendeu que a fiscalização dos serviços volte a ser competência das
Administrações Regionais, que por estarem mais próximas da população tem
melhores condições para acompanhar a execução do contrato e receber queixas e
denúncias dos munícipes.

Esclareceu, ainda, que as contratações realizadas


sob sua gestão, apesar de emergenciais, representaram uma economia para a
Prefeitura na ordem de 6% (seis por cento) para os serviços complementares e
20% (vinte por cento) para os contratos globais.

Quanto à questão de falta de licitação, abordou que


no no ano de 2000 a Administração passada tentou realizá-la, dividindo a cidade
em 28 lotes. Todavia, esta concorrência foi questionada perante o Tribunal de
Contas do Município e teve seu edital anulado.

Continuando seu depoimento, estimou em quase


100% a cobertura da coleta de lixo domiciliar, atendendo uma população de 10
milhões e 500 mil habitantes. Cada pessoa produziria em média 1 Kg de lixo
residencial.

Além disso são produzidas 100 toneladas de lixo


hospitalar por dia, que é levado uma metade para o incinerador Vergueiro, que se
pretende desativar, e a outra para um equipamento esterilizante (ETD), operado
pela CAVO. Os dois aterros sanitários, São João e Bandeirantes, recebem
diariamente 15 mil toneladas, e uma pequena parte (em termos relativos) passa
por compostagem. A vida útil destes aterros é estimada em no máximo 4 anos,
não havendo informações a respeito de áreas privadas disponíveis para tanto.

Por fim, esclareceu que o custo da tonelada de lixo coletada


varia entre R$ 29,00 e R$ 38,00, não sabendo precisar se estes valores são justos,
ante a constatada ausência de elementos para um correto levantamento de
composição de preços.

O então diretor-técnico do Limpurb, o Sr. Alfredo


Luís Buso, ao ser questionado a respeito da aplicação de multas às empresas
prestadoras dos serviços de limpeza pública, respondeu terem sido 200 (duzentas)
somente no mês de maio.

O atual secretário de serviços e obras, Jorge Fontes


Hereda, foi ouvido em reunião separada. Abordou os temas da capacidade técnica
e multas, explicando que as atuais deficiências do sistema são conseqüência de
oito anos de ausência de planejamento, principalmente o ano de 2000. Defendeu a
centralização da contratação no LIMPURB, mas com fiscalização descentralizada
a cargos das regionais, que também elaborariam plano de varrição.

Criticou a pulverização dos serviços, em função de


efetiva perda de economia de escala, mas ressaltou a necessidade de evitar
cartelização, sendo necessário adoção de um "meio-termo".

Concorda com o conceito de "área limpa", mas


levantou várias dificuldades que envolvem a adoção deste sistema,
principalmente a composição dos preços, devido à prestação de serviços em
quantidades variáveis, e a fiscalização, pois não se tem uma forma segura, dos
pontos de vista jurídico e técnico, de se atestar a efetiva prestação dos serviços.

Sugere que, pela dificuldade de adoção imediata do


conceito, a próxima licitação vai agrupar serviços, de forma a aumentar a
responsabilidade da empresa junto à comunidade atendida.

O Sr. Secretário ressaltou a necessidade de se


elaborar um plano diretor para a questão dos resíduos, tratando-se a questão da
destinação final como prioritária. Na sua visão, a elaboração deste plano seria o
momento ideal para discussão da questão da concessão, e deve contar com a
participação do Executivo, Legislativo, sociedade civil, entidades e empresas,
envolvendo-se toda a região metropolitana.

Enquanto isso, a nova licitação deve ampliar a


discussão sobre coleta seletiva, varrição mecânica, diminuição do volume de
resíduos, reciclagem de entulho e outras questões emergenciais. Entende ser
difícil prever o tempo necessário entre a publicação do edital e a homologação do
resultado, devido ao grande número de empresas que têm interesse nesse certame
e ainda uma possível e eventual batalha jurídica sobre a matéria.

Na questão dos aterros, apontou a urgência de se


melhorar e ampliar os aterros, face ao crescente esgotamento. Estima a vida útil
do aterro Bandeirantes em 1 ano, enquanto o São João duraria até 2005, no
máximo. Ressalta a dificuldade para conseguir novos aterros, face a óbices
opostos pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, óbices estes que supõe
serem de natureza técnica.

Na segunda parte dos trabalhos foram ouvidos


representantes das seguintes empresas que prestam ou prestaram serviços para a
Prefeitura Municipal: ENTERPA, representada pelo Sr. Luiz Antônio Spinardi;
VEGA, representada pelo Sr. Luiz Gonzaga Pereira; CLIBA, representada pelo
Sr. Santiago Crespo; CAVO, representada pelo Sr. Edson José Stek; MARCA,
representada pelo Sr. José Rui Infante Bonato; MARQUISE, representada pelos
Srs. Ivan Valente Benevides e Newton de Albuquerque; INSTRANSCOL,
representada pelos Srs. Raul Pinheiro da Frota e Airton Porto; e TERCOPAV,
representada pelo Sr. Marcos Vinicius Borges de Carvalho.

O Sr. Luiz Antônio Spinardi, representante da


ENTERPA AMBIENTAL, expôs o histórico da empresa, atualmente controlada
pelo grupo argentino MACRI, prestando serviços em 10 cidades no Brasil, com
cerca de 9 mil funcionários. Em São Paulo é a responsável pela execução dos
serviços de coleta de lixo domiciliar, varrição e serviços complementares nas
Administrações Regionais de Santo Amaro, Campo Limpo, Capela do Socorro,
Cidade Ademar, Vila Mariana, Jabaquara, Pinheiros e Butantã, atendendo uma
população estimada em 3.282.865 habitantes. É também responsável pela
execução dos serviços de manutenção do aterro sanitário Sítio São João.

Distinguiu três formas de resíduos urbanos:


domésticos (ou domiciliares), industriais e especiais, estes últimos
compreendidos os de saúde e demais restos perigosos, e explicou a forma como
se dá a coleta, afirmando serem os aterros paulistanos exemplos de tecnologia que
nada devem aos estrangeiros.

Segundo explicou, a prefeitura seria a responsável


pela aprovação do roteiro da coleta, desde os trajetos até o destino final do lixo,
decidindo sobre eventual passagem em estações de transbordo ou
encaminhamento para usinas de reciclagem. Estas últimas tem uma produtividade
muito pequena, pois recebem apenas 10% do lixo produzido, sendo o restante
aterrado sem qualquer separação.

Defendeu uma reestruturação do sistema de limpeza


urbana, com centralização na contratação e descentralização na fiscalização e
execução. Citou como exemplo de falha no modelo atual a disparidade de
serviços realizada pelas prestadoras de serviço de coleta e varrição quando
comparadas com as prestadoras de serviço de limpeza de áreas verdes. Nas
palavras do empresário, de nada adianta a rua ser varrida se a praça não o é, pois
a impressão de sujeira é a mesma. Além disso, a população não sabe exatamente
quem é o responsável por cada serviço, pois não tem acesso a estas informações
técnicas e específicas.

Por fim, sugeriu ações no sentido de reduzir a


quantidade de resíduos, incremento qualitativo e quantitativo da compostagem,
coleta seletiva e reciclagem e a ampliação e reforço da capacidade do aterro
Bandeirantes. Opinou que se a coleta seletiva não for bem realizada - com pelo
menos a separação do lixo seco do orgânico - o trabalho de separação é mais caro
e mais danoso ao meio ambiente. Ressaltou os altos custos do manuseio e
industrialização do lixo.

Quanto à questão específica da forma de


contratação, defendeu a unificação de todos os contratos para uma determinada
região, apontando para a adoção do conceito de "área limpa", sendo mais
importante a prestação do serviço com qualidade do que eventuais multas
aplicadas pelas faltas das empresas. Desta forma as empresas seriam co-
responsáveis pela redução da quantidade de lixo produzida.

Nesta esteira, necessária atuação institucional que


implique maior responsabilização do gerador, além da adoção de parcerias com a
iniciativa privada para gestão do sistema, segundo o convidado.

Quando perguntado sobre eventuais irregularidades


na pesagem, através do artifício de molhar o lixo para que pese mais, o
representante da ENTERPA afirmou não ser possível esta prática, devido ao fato
de não haver vedação na caçamba do caminhão de coleta, o que acarretaria
transbordo de água durante o trajeto. Além disso, a taxa de compactação do lixo é
bastante alta.

Reafirmou que a preocupação não deve ser com o


custo da tonelada colhida, mas sim com o custo para limpeza total da cidade
defendendo criação de um órgão gestor da limpeza urbana, a exemplo dos
Conselhos existentes na área da saúde e da educação.

A CLIBA enviou como representante os Srs.


Santiago Crespo e Nelson Domingues Pinto Júnior, que expuseram o histórico da
companhia, empresa argentina em funcionamento na nossa cidade há três anos.
Prestam serviços nas ARs de São Miguel, Itaquera, São Mateus, Guaianazes e
Ermelino Matarazzo (2.212.594 habitantes, conforme estimativa do último
censo).

Defenderam a centralização dos serviços,


explicando sistema de limpeza de Buenos Ayres, onde se adota o conceito de área
limpa, e sugeriram adoção do mesmo conceito na nossa cidade, concomitante à
adoção de um sistema de concessão.

Entendem que a adoção deste sistema deve ser


imediata, sem período de transição, e que se deva dar atenção maior à periferia da
cidade, que tem uma realidade distinta das demais regiões.

Representando a CAVO recebemos o Sr. Edson


José Stek, que expôs a atual situação da empresa, que prestou serviços de limpeza
urbana para o município durante quinze anos, e hoje é responsável pelo sistema
de desinfecção de resíduos de saúde conhecido como ETD. Atribui o afastamento
dos contratos de limpeza à inadimplência por parte do poder público e a uma
mudança de foco da empresa.

Sugeriu divisão técnica da cidade, quando da


composição dos lotes, em detrimento da divisão política. Ressaltou que,
atualmente, a empresa é responsável por 100% dos serviços de limpeza em
Curitiba, da coleta à destinação final.

Defendeu o sistema de concessão, tomando como


exemplo a cidade de Salvador, mas com um período de transição do atual
sistema, com a contratação por longo prazo dos serviços. Expôs ainda o modelo
da cidade do Rio de Janeiro, parte estatal e parte terceirizada.

Quanto à coleta seletiva, opinou ser é indispensável


a separação do seco e orgânico, mas os maiores custos se dão na separação final.

O representante da empresa MARCA, José Rui


Infante Bonato, também defendeu a adoção do conceito de área limpa, como
forma de aumentar o comprometimento entre a iniciativa privada e a comunidade.
Propôs adoção da concessão, com contratação única e fiscalização
descentralizada.

A seguir o Sr. Luiz Gonzaga Alves Pereira veio


representando a VEGA AMBIENTAL, juntamente com seu assessor o Sr. José
Alexi Carvalho. O primeiro apresentou um histórico resumido da empresa, que
presta serviços de limpeza pública há aproximadamente 30 anos, tendo sido
adquirida recentemente por um grupo francês. Atua em Salvador, Campo Grande
e outras cidades, sendo na nossa capital responsável pelos serviços nas ARs de
Casa Verde, Freguesia do Ó, Perus, Pirituba/Jaraguá, Jaçanã/Tremembé, Santana,
Sé e Lapa, população estimada em 3.813.000 de habitantes.

Defendeu a concessão como forma de baratear os


serviços e aprimorá-los do ponto de vista técnico. Alegou que as maiores cidades
do mundo utilizam-se de poucas empresas para a prestação do serviço, e estimou
em 270 a 300 milhões de reais o necessário para investimento no sistema de
limpeza urbana em São Paulo.

Apresentou o modelo de "containerização" como


forma de baratear e simplificar a coleta domiciliar. Quanto à coleta seletiva,
acredita ser muito difícil atingir um alto índice de aproveitamento, considerando
20% um índice razoável para a cidade. Ressaltou não considerar a separação seco
e úmido suficiente, permanecendo o problema de separação da porção seca.

Representando a INTRANSCOL compareceu o Sr.


Raul da Frota Pinheiro, que após apresentar a empresa, segundo ele a maior
coletora de lixo industrial no Brasil, mas com atuação também no exterior,
defendeu o modelo de concessão, com licitação internacional, tendo as empresas
estrangeiras um parceiro brasileiro. Estimou que se cumprida a lei que
responsabiliza os grandes geradores haveria uma economia de aproximadamente
15% para o município. Defendeu a necessidade de as empresas que coletam
possuírem aterros obrigatoriamente.

Citou o modelo espanhol de coleta seletiva, com


caminhões duplos que coletam separadamente o lixo seco e o úmido. Defendeu,
também, maior valorização das cooperativas.

A empresa MARQUISE, originária do Ceará,


enviou para representá-la os Srs. José Irandi Protázio Nunes e Ivan Valente
Benevides, e defendeu a concessão como modelo aplicável à capital e assinala já
estar buscando áreas para operação de aterros. Presta serviços nas regionais da
Penha, Vila Maria/Vila Guilherme (856.000 pessoas).

Ao contrário do assinalado por outras empresas,


entende que São Paulo deve buscar o maior número possível de empresas para
prestação de serviços; até mesmo considera baixo o número atual, de seis
empresas, sendo o ideal algo em torno de oito.

A empresa TERCOPAV foi representada pelo Sr.


Marcos Vinícius Borges de Carvalho, que limitou-se a apresentar o histórico da
empresa. Informou ter constituído a empresa em dezembro de 2000, e se
cadastrado perante a municipalidade para execução dos serviços complementares
(não-rotineiros) de limpeza pública.

Ouvidas Administração e empresas, a Comissão


atingiu a terceira fase dos trabalhos, em que foram prestados esclarecimentos por
pessoas e entidades interessadas na matéria, todas devidamente convidadas.

O nobre vereador ADRIANO DIOGO defendeu


melhor planejamento das questões de limpeza, e ressaltou o prejuízo anual de 300
milhões de reais, por não se separar adequadamente o lixo. Defendeu ainda co-
responsabilidade das empresas com as políticas públicas, tendo em vista que
podem retirar lucro de determinadas atividades envolvendo o lixo. acompanhada
da adoção de pequenas cooperativas para realização do serviço nos bairros.

O IPT fez-se representar pelo Sr. Sérgio Inácio


Ferreira, que expôs o software Planlix, já licenciado para várias prefeituras,
destinado a calcular o custo dos serviços de limpeza urbana, de forma a evitar
superfaturamento. Apresentou também as linhas gerais do "Manual do Lixo"
elaborado pelo instituto. Ambos os trabalhos levam em consideração grande
quantidade de dados sobre a estrutura física e social da cidade para calcular o
preço final do lixo, conforme uma composição de custos do processo. O resultado
é o custo do serviço, desconsiderado o lucro, cuja margem é fixada pelo mercado.
Colocou o software à disposição da prefeitura, inclusive já tendo sido sondado
pelo presidente do LIMPURB quando da contratação emergencial no início do
ano corrente.

IV - Análise das Informações

Passando à análise das informações colhidas durante


os trabalhos, observamos, desde já, que este relatório não cuidará de assuntos
estranhos à finalidade desta Comissão de Estudos, "analisar alternativas para
contratação dos serviços de limpeza pública a longo prazo no município", até pela
preocupação de não invadir o âmbito da competente Comissão Parlamentar de
Inquérito instalada nesta casa.

No atual quadro jurídico e técnico, afiguram-se


como possíveis três formas de prestação dos serviços de limpeza urbana:
a) Contratação Direta dos Serviços, antecedida de licitação (convite, tomada de
preços ou concorrência pública, esta última sendo a adequada em função do
valor), com duração de até cinco anos. Nesta modalidade a responsabilidade pela
prestação do serviço continua com o Poder Público, inexistindo delegação e
contratando-se particulares para executarem as operações necessárias. O prazo
máximo da contratação é de 5 (cinco) anos, sendo necessários estudos técnicos
para elaboração de plano básico que deve acompanhar o edital. Os participantes
devem demonstrar possuírem capacidade, jurídica, técnica e econômico-
financeira, além da regularidade fiscal. O vencedor é determinado por critérios
objetivos e o valor do contrato só pode sofrer acréscimo de 25% (vinte e cinco
por cento), sendo a contratada remunerada por preço global ou preços unitários.
Rege-se pela Lei Federal 8.666/93 e pela Lei Municipal 10.544/87.

b) Concessão, forma de prestação de serviços públicos em que a responsabilidade


é concedida ao particular, por delegação precedida de autorização legislativa,
durante um período de até vinte anos. Transfere ao particular todos os ônus,
bônus, encargos e lucros advindos da execução dos serviços, com qualidade
exigida em edital. O prazo é determinado segundo a necessidade de amortização
do investimento. Deve, obrigatoriamente, ser precedida de licitação na forma de
concorrência pública. A concessionária é remunerada por tarifa. Possibilidade
levantada durante os trabalhos da comissão, mas ainda sem consenso quanto à
conveniência de sua utilização para os serviços de limpeza urbana.

c) Execução direta pelo Poder Público, modelo vigente no município até o


Governo Mário Covas, quando da privatização. Neste modelo a municipalidade
presta o serviço diretamente, através de seu próprio corpo de servidores,
equipamentos e fundos.

Surge ainda como possível a Contratação


Emergencial, sem realização de licitação prévia, face à possibilidade de dano
emergente, ou atendimento de situação que possa comprometer a segurança de
pessoas, bens, obras, serviços ou bens públicos e particulares. O prazo não pode
ser superior a seis meses. Esta tem sido a regra na contratação dos serviços de
limpeza em São Paulo, sendo inúmeras e repetidas vezes utilizado.

Desde que se abandonou o modelo estatal, a regra


tem sido as contratações sob a forma de emergência. Ainda quando se tentou
fazer a licitação por maior prazo, esta não teve sucesso, por problemas técnicos e
jurídicos, exceção as licitações homologadas em 1989 e 1995.

Anotamos ser consenso dos membros da comissão a


necessidade de se evitar a contratação de emergência sempre que possível. Esta,
por não ser precedida de licitação e atender a interesses discricionários do
administrador, esta forma de contratação não apura capacidade técnica dos
contratados, nem permite adoção de critérios únicos e objetivos para aferição da
melhor proposta. Além disso, apesar de proibidas prorrogações acima dos 180
dias fixados em lei, a prática dos administradores permite prorrogações e
renovações indeterminadas, sem a limitação quantitativa no preço.
Sugeriu-se, em variados momentos, a adoção do
sistema de concessão como o mais adequado à cidade de São Paulo. A tese ainda
não goza de unanimidade, apesar de defendida pela quase totalidade das empresas
ouvidas. Mesmo o Sr. Secretário Jorge Fontes Hereda não descartou a proposta,
considerando ser uma das soluções possíveis para contratação a longo prazo. No
entanto, ainda segundo o Secretário, a proposta merece ainda um debate mais
profundo, sendo sua adoção imediata uma precipitação.

Segundo os defensores do modelo de concessão, a


escassez de recursos públicos, aliada à vigência da Lei Complementar 101/2000
("Lei de Responsabilidade Fiscal"), impede que as prefeituras possam investir na
melhoria dos serviços, notadamente na que se refere |à destinação final do lixo em
suas variadas formas, o que exigiria aquisição de áreas para aterros e importação
de tecnologias para desinfecção e reciclagem.

Neste modelo, ao município seria relegada a função


de fiscalizador do sistema.

Indagadas a respeito de uma eventual concessão, as


empresas mostraram-se dispostas a participar da concorrência e consideram-se
preparadas para tanto. Sugeriram que a concessionária fosse responsável por
todos os serviços desde a origem até o destino final; que na pré-qualificação fosse
avaliado o respeito ao meio-ambiente, reciclagem, diminuição da frota; que a
concorrência fosse internacional, desde que os participantes estrangeiros tivessem
parceiros brasileiros. Em sua maioria, as empresas dizem não possuir terrenos
destinados à aterros, exceção feita à Intranscol e à Vega.

As empresas também descreveram com detalhes a


operação e forma de execução dos serviços, detalhando os recursos humanos e
materiais que utilizam, bem como dificuldades operacionais relacionadas.
Destaque-se a não aplicação da Lei 10.315, que responsabiliza os grandes
geradores de resíduos, conhecida como "Lei dos 100 Kg".

Por esta lei, o grande gerador deveria arcar, ele


próprio, com o custo da coleta e destinação de seus resíduos. Não é, porém, o que
acontece na Cidade de São Paulo, já que os grandes geradores, por falta de
fiscalização, acondicionam seus resíduos em recipientes menores, colocando-os
nas ruas para coleta juntamente com os resíduos domiciliares, fraudando a
aplicação da lei.

Os grandes geradores costumam também utilizar-se


de aterros clandestinos, não licienciados. Cabe à Administração Municipal e à
CETESB a tomada de urgentes providências a respeito desta situação, que agride
o meio-ambiente da nossa capital.

Nesta questão propomos a imediata aplicação da Lei


10.315, como forma de reduzir a produção de lixo na cidade e desonerar o Poder
Público, com o aparelhamento suficiente da administração para exercer a
fiscalização e oficiar-se à CETESB para que fiscalize os aterros clandestinos,
com comunicação à municipalidade dos descarregamentos não autorizados.
Ressalte-se a insistência e unanimidade, entre as
empresas, quanto ao chamado "conceito de área limpa" como forma de
contratação dos serviços. Por este modelo, a empresa contratada ficaria
responsável pela integralidade dos serviços de limpeza urbana em determinada
área. A remuneração se daria por um preço fixo, estimado levando-se em conta as
dificuldades e custos da operação. Não mais se pagaria cada serviço em separado,
abolindo-se qualquer forma de medição (por equipe, por tonelada, etc) que não o
preço global.

Sugere-se, também, a unificação da contratação em


um único departamento, possibilitando uma melhor definição de cada prestador
de serviço em uma área específica. No atual modelo, a limpeza de áreas verdes é
contratada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, e a varrição e coleta
pela Secretaria de Serviços e Obras. Assim, empresas diferentes, em dias
diferentes, limpam áreas do mesmo bairro. Apesar de consenso entre as empresas,
não há definição da Prefeitura quanto ao tema, tendo em vista o ganho de escala
obtido na contratação de um determinado serviço para toda a cidade, como é a
limpeza de praças.

A descentralização territorial como forma de


facilitar a fiscalização é de se adotar, aproximando-se a fiscalização do munícipe.
Esta deveria ser realizada pelas Administrações Regionais ou Subprefeituras, não
ficando a cargo exclusivo do LIMPURB.

Assim, foi sugerido um modelo que, mesmo não


adotada a concessão, difere do atual, baseado em pagamento por medição,
impedimento de realizar serviços não contratados, separação da contratação dos
serviços e fiscalização centralizada. Adotar-se-ia o pagamento por área, a
responsabilidade integral pela limpeza, contratação da totalidade dos serviços e
fiscalização descentralizada.

A quantidade de opiniões a respeito da reciclagem e


a coleta seletiva demonstra que o tema necessita de estudos mais apurados, que
fogem ao âmbito desta comissão. Mas é consenso que deva ser objeto do edital,
sem a contratação ou execução destes serviços em separado.

Quanto ao relatório da anterior Comissão de


Estudos para levantamento de informações e análise do sistema de limpeza
urbana, necessário destacar que suas conclusões continuam atuais, e os problemas
por ela apontados somente se agravaram com o decurso do tempo. Destaque-se a
má qualidade do composto orgânico, o problema dos resíduos hospitalares, o alto
custo da coleta seletiva, a necessidade de responsabilização do gerador, o grande
problema da geração exagerada de entulho (quase 1/3 da geração total de
resíduos) e de embalagens de plástico.

Por fim, a necessidade urgente de elaboração de um


Plano Diretor para a Limpeza Urbana no município. Várias foram as sugestões
apresentadas, destacando-se a questão da destinação final dos resíduos, já que os
aterros sanitários existentes estão com a capacidade quase esgotada e não há
disponibilidade imediata de áreas para criação de novos.

Tendo em vista o objeto da comissão, e o prazo


exíguo para conclusão dos trabalhos, sugerimos a instituição de uma Comissão
específica para elaboração de um projeto de Plano Diretor da Limpeza Urbana em
São Paulo. Esta comissão deve ter participação de membros do Executivo,
Legislativo, empresas prestadoras, munícipes, entidades da sociedade civil e
Organizações Não-governamentais afeitas à questão.

Ressalte-se a fala do Sr. Secretário de Serviços e


Obras, para o qual não é possível discutir-se a limpeza pública apenas no âmbito
da capital, sendo necessário o envolvimento de toda a região metropolitana. Por
isso, propomos que na elaboração do plano diretor tenham direito a voz
representantes dos executivos e legislativos das cidades da Região Metropolitana
de São Paulo.

V - Conclusões

Diante de todo o exposto e do que mais consta dos


autos, propomos, como conclusões, a adoção das seguintes propostas:

1) Constituição de comissão específica, junto à administração municipal, para


elaboração de um projeto de Plano Diretor da Limpeza Urbana em São Paulo.
Esta deve ter participação de membros do Executivo, Legislativo, empresas
prestadoras e interessadas, munícipes, entidades da sociedade civil e
Organizações Não-governamentais afeitas à questão. Também hão de ser
convidadas, com direito a voz, as prefeituras e casas legislativas dos municípios
da região metropolitana, face à grandeza do problema.

2) Discussão, no âmbito da comissão proposta na alínea "a", ou qualquer outra


que venha a elaborar projeto de plano diretor, de um modelo de concessão através
de lei municipal autorizativa, em que todos os investimentos para a melhora do
Sistema de Limpeza Pública e a introdução da melhor tecnologia existente,
inclusive no que se refere à destinação final, sejam suportados exclusivamente
pela iniciativa privada, remunerando-se as empresas através de tarifa, pelo prazo
suficiente e necessário à amortização dos investimentos realizados.

3) Adoção imediata de um modelo de contratação de execução de serviços por


longo prazo, até o limite de cinco anos permitido na legislação, que adote o
conceito de "área limpa". Este consiste na contratação unificada de todos os
serviços de limpeza para uma determinada área, sendo o valor pago por
estimativa, abandonado o atual padrão de medidas. O contratado teria total
responsabilidade pela limpeza da região, desde os serviços rotineiros,
complementares e específicos, além de outros atualmente não incluídos no
contrato, como a limpeza de parques e praças.

4) Descentralização da fiscalização dos serviços, com atribuição da mesma para


as Sub-prefeituras ou Administrações Regionais, com a criação dos necessários
postos de fiscal.
5) Responsabilização dos geradores de grande quantidade de resíduos, com o
cumprimento da Lei 10.315, já regulamentada. Oficie-se a Administração
Municipal para imediata responsabilização dos grandes geradores e à CETESB
para fiscalização dos aterros clandestinos de resíduos na área do Município de
São Paulo, devendo os casos serem comunicados à Prefeitura.

6) Consolidação, por parte da Câmara Municipal, de toda a legislação vigente a


respeito da limpeza urbana em um diploma único e sistematizado.

7) Inclusão da coleta seletiva nos editais de contratação de serviços, com adoção


do conceito de separação entre lixo seco e úmido.

É o relatório e nosso parecer.

Sala da Comissão, 14.9.01.


Celso Jatene (PTB) – Presidente
Ítalo Cardoso (PT) – Relator
Milton Leite (PMDB)
Dalton Silvano (PSDB) – (contrário), voto em separado.

Comissão de Estudos para Análise de Alternativas para a Contratação dos


Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo

VOTO CONTRÁRIO DO VEREADOR DALTON SILVANO

Vereador Dalton Silvano do Amaral, membro da Comissão de Estudos, na


forma do Artigo 77º. Inciso III do Regimento Interno da Câmara Municipal de
São Paulo apresenta este Voto em Separado, denominado Voto Contrário, ao
Relatório do nobre Relator, vereador Ítalo Cardoso.
Em primeiro lugar, procurei sistematizar o roteiro de meu Relatório em
Separado contrário ao do Relator, o qual denominei INTRODUÇÃO
Posteriormente, transcrevi os relatos da reunião da instalação da comissão, plano
estratégico, apresentação de requerimentos e debates, síntese das declarações e
esclarecimentos, considerações e propostas deste vereador.
DALTON SILVANO
Vereador

I – Introdução
Desde o início de janeiro de 2001 surgiram denúncias e indícios de
irregularidades nas contratações emergenciais, efetuadas pelo Executivo
Municipal, ou seja, a contratação sem a devida licitação de empresas para
prestação de serviços de limpeza na cidade de São Paulo.

O PSDB de pronto, tomou a frente da fiscalização junto ao Ministério Público,


convocou o Secretário responsável para prestar esclarecimentos na Câmara
Municipal, isso em fevereiro e finalmente, propôs a formação de uma Comissão
Especial de Estudos, subscrita por este vereador, para analisar os problemas do
lixo em São Paulo, principalmente sobre as contratações de emergência, no que
tange a não apresentação da documentação exigida e as ligações estreitas entre
pessoas ligadas ao partido governante e as empresas contratadas. A base de
sustentação ao atual governo não aceitou que um vereador da oposição presidisse
essa comissão, tampouco aceitou que o objeto dessa comissão passasse por uma
análise dos indícios de irregularidades claramente divulgadas pela grande
imprensa.

Para não se complicar ainda mais junto à opinião pública, os governistas


através de partido aliado, apresentaram uma proposta alternativa de formação de
comissão que foi totalmente antagônica à proposta da oposição, visto que o objeto
pretendia analisar alternativas para a contratação dos serviços de Limpeza e
Coleta de Lixo e com essa proposta, inviabilizou qualquer possibilidade de
análise dos atuais contratos pretendida pela oposição e em particular pelo PSDB.

Em que pese o esforço do presidente da comissão e de alguns vereadores


que compareceram a todas as reuniões, os objetivos propostos não foram
alcançados.Este voto em separado demonstra em detalhes, os motivos pelos quais
seria temerosa essa comissão afiançar qualquer tipo de modificação no atual
sistema, inclusive a introdução do sistema de concessão dos serviços de limpeza
em longo prazo.

A solução para esse problema deve passar por um amplo debate na Câmara
Municipal, por todos os vereadores, nos Fóruns e Comissões Parlamentares
constituídas com ampla participação da sociedade organizada, técnicos e
empresas envolvidas com o objetivo de se definir e estabelecer um PLANO
DIRETOR DO LIXO PARA A CIDADE DE SÃO PAULO

II- Da Instalação Da Comissão


A primeira reunião da comissão ocorreu em 23 de maio de 2001 às
18h na Sala Tiradentes, com a presença dos vereadores Celso Jatene, Ítalo
Cardoso, Dr. Farhah, Milton Leite e Dalton Silvano.

Por ter subscrito o requerimento propondo a formação da comissão


de estudos, o vereador Celso Jatene presidiu a comissão.

Após, houve a votação para a eleição do relator sendo os


concorrentes os vereadores Dalton Silvano, que obteve somente o seu próprio
voto e Ítalo Cardoso, eleito relator.

III - Do Plano Estratégico, Apresentação de Requerimentos e


Debates
A segunda reunião da comissão ocorreu em 31 de maio de 2001 às 11h30 na Sala
Tiradentes, no anexo “G”.
A sessão foi aberta com a presença dos vereadores Celso Jatene, Ítalo Cardoso,
Dalton Silvano e Dr. Farhar. E, por motivo de viagem a Brasília, o vereador
Milton Leite não pode estar presente à sessão.

O relator, vereador Ítalo Cardoso, solicitou aos membros da comissão sugestões


sobre a forma de trabalho que a comissão deveria seguir porém, nada foi definido
uma vez que o relator declarou que a ausência do vereador Milton Leite deixaria
a proposta incompleta, requerendo o encerramento da reunião.

Por sua vez, o vereador Dalton Silvano apresentou inúmeros requerimentos a


saber:

1. Solicitação junto ao Secretário Chináglia da indicação dos nomes dos


supervisores de serviços, responsáveis pela fiscalização da coleta e
medição de varrição de lixo e respectiva liberação de planilha;

2. Nome das empresas que apresentaram propostas de prestação de serviços e


não foram contempladas, a partir de 93, contendo registro dos motivos
pelos quais as mesmas foram rejeitadas;

3. Todos os contratos normais e emergenciais assinados desde 1988;

4. Editais de licitação desde 1998;

5. Convite aos membros do fórum lixo e cidadania

6. Convite aos senhores Drausio Barreto – CETESB, Márcio


Cammarosano – OAB ; Plínio Assman – IPT e Jorge Fontes
Hereda – SSO;

7. Aprovação das considerações, análises e propostas de


encaminhamento

8. Convite para comparecimento das empresas prestadoras de serviços de


coleta e varrição.

Em contra – proposta aos requerimentos apresentados pelos


vereadores Dr. Farhah e principalmente, Dalton Silvano, o vereador Ítalo
Cardoso, sugere a inversão na ordem dos convites, sugerindo em primeiro o
Governo, na pessoa do Secretario de Serviços e Obras Jorge Fontes Hereda,
segundo a Sociedade Civil e terceiro e em último caso, se realmente constatar-se
extrema importância, as empresas que apresentaram proposta para a execução
dos serviços e as, que assinaram os contratos.

A proposta do vereador Ítalo Cardoso, está fundamentada no


princípio de que, o Governo é que deve esclarecer sobre os serviços contratados,
“não teria valia as informações das empresas que se propuseram a prestar os
serviços pois, a convocação das empresas geraria uma grande confusão onde
todos falariam e ninguém entenderia nada”, finaliza o vereador.
O vereador Dalton Silvano discorda do, Ítalo Cardoso, alegando ser de
extrema importância ouvir as empresas prestadoras de serviços, para que se
conheça a estrutura da empresa e a política de trabalho. Enfatiza a importância de
se conhecer as normas que regem os editais e contratos de prestação de serviços,
esclarecendo que “a busca de informações e investigações é primordial para que
se possa elaborar uma proposta”.

O vereador Ítalo Cardoso insiste em argumentar que “ninguém melhor


do que o governo para saber e explicar o regimento dos contratos
firmados”. “E se alguém mais tivesse de ser ouvido a respeito, seria o governo o
melhor indicado para sugerir os nomes”.

Após as argumentações do vereador Dalton Silvano, o presidente


propõe o envio dos requerimentos dos contratos, editais e licitações de
1988, juntamente com os convites aos secretários: Jorge Fontes Hereda,
Walter Rasmussen Júnior ; Arlindo Chinaglia, senhores: Plínio Assman – IPT;
Drausio Barreto – CETESB e Dr. Márcio Cammarosano – OAB.

A sugestão, do vereador Ítalo Cardoso, para que os secretários:


Jorge Fontes Hereda, Walter Rasmussen Júnior e Arlindo Chináglia sejam
convidados para a próxima reunião é acolhida pelo presidente, que ratifica
o requerimento do vereador Dalton Silvano, posto que, o secretário Arlindo
Chináglia deverá fornecer os nomes dos supervisores de serviços.

O vereador Dalton Silvano sugere a mesa que concorde


com a sugestão do vereador Ítalo Cardoso, para a próxima reunião, porém,
considera indispensável à aprovação dos requerimentos que envolvam as
empresas contempladas e as não contempladas.

O vereador Dalton Silvano solicita que seja colocada em debate a


ordem dos convites, sugerida pelo vereador Ítalo Cardoso, alegando a
impossibilidade de se ter um bom trabalho sem que se ouça as empresas.

O vereador Dr. Farhah acredita que o estudo poderá ser


confundido com uma CPI, no que diz respeito ao convite ao secretário
Chináglia, lembrando que quando convidado para dar explicações, o secretário
esclareceu que não tinha ligação com os contratos vigentes e que permanecera
na sala por apenas dez minutos. Em relação aos convites a Rasmussem e Hereda,
diz estar de acordo.
O vereador Ítalo Cardoso insiste em convidar o secretário
Chináglia, alegando que ele poderá contribuir com informações relativas ao
tempo em que respondia pela pasta.

O vereador Dalton Silvano insiste na aprovação dos seus


oito requerimentos, tendo em vista a não definição das datas para os convites.

A sugestão do presidente, de colocar em votação os 8


(oito) requerimentos do vereador Dalton Silvano, não é aceita pelo vereador
Ítalo Cardoso, que cobra do presidente o acato ou não.
O presidente esclarece os requerimentos do vereador Dalton Silvano,
dizendo que os membros do fórum, que fazem parte de um dos requerimentos,
serão convidados a acompanhar os trabalhos na comissão de estudos.

Ao insistir para que sejam escolhidas algumas instituições, o vereador


Dalton Silvano é informado, pelo presidente, de que “as instituições que
acompanharem os trabalhos da comissão terão direito à palavra, em momento
oportuno”.

O presidente informa à mesa que “o convite para o comparecimento


das empresas será aceito como proposta de cronograma, e que o
convite ao Dr. Drausio e demais, serão encaminhados ao relator”.

O Vereador Ítalo Cardoso, na condição de relator da comissão,


solicita ao presidente, o acolhimento de todos os requerimentos do vereador
Dalton. O presidente , prossegue indeferindo o requerimento das empresas da
forma como foi colocado.

O vereador Dalton Silvano indaga em relação à postura do relator da


comissão, vereador Ítalo Cardoso.

O presidente insiste em encaminhar os requerimentos, como


propostas do relator.

O vereador Ítalo Cardoso insiste para presidente acolher todos os


requerimentos apresentados na data.

O vereador Dalton Silvano pede para que todos os vereadores


subscrevam os requerimentos convidando as empresas.

O vereador Dr. Farhah acha que há aspecto político na discussão e


que o presidente deveria acolher os requerimentos não se comprometendo em
ouvir as empresas, sendo que tal atitude deveria ser tomada com o andamento
da comissão.

O vereador Dalton Silvano, solicita ao presidente um resumo das


decisões da reunião.

A comissão datada em 31 de maio de 2001 deliberou por:

1. Convidar os Secretários Srs. Walter Rasmussen Júnior – Vias Públicas,


Jorge Fontes Hereda – Serviços e Obras e Arlindo Chinágilia -
Administrações Regionais, e a indicação dos nomes dos supervisores de
serviços, responsáveis pela fiscalização da coleta e medição de
varrição de lixo e respectiva liberação de
2. planilha;
3. Solicitar junto à administração, os nomes das empresas que
apresentaram propostas de prestação de serviços e não foram
contempladas, a partir de 93, contendo registro dos motivos pelos quais
as mesmas foram rejeitadas;

4. Solicitar junto à administração, cópias de todos os contratos normais e


emergenciais assinados desde 1988;

5. Solicitar junto à administração, Cópias dos editais de licitação desde


1998;

6. Convidar os membros que compuseram o Fórum do Lixo e


Cidadania, a acompanhar os trabalhos realizados pela comissão;

7. Convidar os Srs. Drausio Barreto – CETESB, Márcio


Cammarosano – OAB, Plínio Assman – IPT, em momento
oportuno, para que contribuam com o objeto de estudo;

8. Acolher para posterior deliberação, as considerações, análises e


propostas de encaminhamento efetuadas pelo vereador Dalton
Silvano;

9. Acolher para posterior deliberação, o convite para


comparecimento das 19 empresas prestadoras de serviços em janeiro
2001;

IV- DA SÍNTESE DAS DECLARAÇÕES


ESCLARECIMENTOS
A Síntese das Declarações procurou transcrever, com a maior
fidelidade possível, os esclarecimentos e informações prestadas pelos convidados.

Dr. Arlindo Chináglia


Dr. Arlindo Chináglia, Secretário da Secretaria de Implementação das
Subprefeituras, declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativa para
a Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 6 dias do mês de junho de 2001, o seu desligamento da pasta , a
partir de 1o. de janeiro último, e quando questionado, pelo vereador Dalton
Silvano, se teria alguma informação útil para contribuir com a comissão, disse
que quando se fizer necessário, falará sobre a limpeza pública no que tangia a
sua competência. Logo após secretário deixa a sala.

Sr. Walter Rasmussen Júnior


Sr. Walter Rasmussen Júnior, Secretário de Vias Públicas, declarou na
Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação dos Serviços
de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 6 dias do mês de
junho de 2001, que há poucos dias não mais respondia pela pasta , informando
que o contrato que existia era o datado em outubro de 2000. Tal contrato
restringia-se a coleta, varrição de guias e sarjetas e que a varrição de calçadas e
corte de mato não eram cobertos pelo contrato.

Confirma que o 2 o. contrato teve um desconto de 20% sobre o anterior e


que acredita que os contratos emergenciais não são a melhor solução. Diz estar
disposto a receber propostas da Câmara para a nova contratação e que a
fiscalização da execução dos serviços, que era de responsabilidade da Secretaria
das Administrações Regionais – SAR, fora transferida para a Secretaria de
Serviços e Obras – SSO, pasta do Secretário Jorge Fontes Hereda.

Declarou a precariedade na fiscalização, devido à falta de agentes


disponíveis para efetuar a fiscalização. Disse ainda, que para toda a prefeitura de
São Paulo há somente 18 fiscais e que nos próximos dias serão contratados mais
90 agentes para compor a equipe de fiscalização.

A proposta de implantação de Subprefeituras está sendo estudada e


poderá haver alocação de agentes vistores. Atualmente a Administração Regional
é quem está acompanhando o problema. Há a probabilidade de a Administração
Regional decidir onde e o que deverá ser recolhido. Informou ainda, a existência
de um canal direto com a população intitulado Disk Limpeza.

Questionado pelo vereador Dalton Silvano sobre o destino das cerca de


15 mil toneladas de lixo, produzidas diariamente, tendo em vista o fim da vida
útil dos dois únicos aterros da cidade de São Paulo em 1 ou 2 anos, disse que a
implantação de um novo aterro traria transtornos e que a prefeitura pretende
prorrogar a vida útil dos aterros atuais.

Admite que é irrisória a quantidade de lixo reciclado na cidade de


São Paulo e em relação ao valor pago pela tonelada de lixo, afirma desconhecer
o preço de mercado. “Hoje os valores pagos pela prefeitura variam de R$
29,00 a
R$ 38,00 a tonelada ”.

Alfredo Luiz Buso


Sr. Alfredo Luiz Buso, Diretor do Limpurb, declarou na Comissão de
Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação dos Serviços de Limpeza e
Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 6 dias do mês de junho de 2001,
que inúmeras multas foram aplicadas e não processadas, que houve o aumento de
fiscalização e conseqüentemente de multas, que mais de 200 multas
relativas a coleta e varrição complementar foram aplicadas no último mês.

Jorge Fontes Hereda


Sr. Jorge Fontes Hereda, Secretário de Serviços e Obras, não pode ser
ouvido na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a contratação dos
Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo realizada aos 6
dias do mês de junho de 2001, devido ao exíguo tempo. Porém, comprometeu-se
a comparecer à próxima reunião.
Hereda declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para
a Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 26 dias do mês de junho de 2001, que devido a compromissos
assumidos anteriormente, não pode comparecer às reuniões agendadas para os
dias 12, 19 e 22/06, ratificando o envio, até sexta-feira 29/06, das questões
formuladas pelo vereador Dalton Silvano.

Não considera correta a existência de contratos emergenciais, sendo a


sua assinatura justificável somente quando não se tiver outra alternativa, que os
problemas atuais são o reflexo da administração anterior e que a prefeitura que
pretende licitar em um prazo maior.

Para se ter o preço dos serviços, foram checados todos os


quantitativos minuciosamente com a finalidade de se ter o preço justo tentando
diminuir o máximo possível o custo da coleta e que a administração não pode
pagar acima do preço de mercado. E que para o cálculo não foi incorporando o
dissídio.

Confirma os problemas apresentados pela empresa Transpolix e que,


embora tenha tido problemas financeiros, todas as exigências foram
cumpridas. Destacou a reunião entre sindicato e a Transpolix, para que os
pagamentos dos funcionários fossem liberados, ratificando a não
responsabilidade da administração em relação à administração de pessoal
porém, confirmando a solidariedade que ela (administração) tem para com os
funcionários das empresas, dizendo ainda que a terceirização foi feita por sete
empresas de lixo.

Disse que todas as vezes que houve problemas, tentou cobrar das
empresas soluções e que o prazo limite para que as empresas se adaptem às
exigências finda este mês, e que após esse período não mais permitirá a existência
de problemas.

Pretende criar um canal de participação bairro a bairro, que haverá uma


reunião, nesta semana, com todas as empresas que prestam serviços para a cidade,
para que sejam esclarecidas as reclamações registradas no Call Center e SAC e
conseqüentemente apresentadas propostas para a melhoria global dos serviços
prestados. e compromete-se em encaminhar à comissão, o resultado do Call
Center e SAC.

Em relação à fiscalização, que era de responsabilidade das regionais,


atualmente estão sendo feitas como nunca. As mudanças operacionais não
ocorrem do dia para a noite. Está em discussão com o Dr. Arlindo Chináglia à
parceria entre Limpurb e Administrações Regionais é que vai apontar os serviços
que deverão ser melhorados. Haverá comando central com integração da
Secretaria do Meio Ambiente supervisionada pelas Administrações Regionais e
Limpurb.

Quanto ao problema de se dividir os serviços uma empresa varre e a


outra faz a coleta diz que pretende concentrar os serviços para que isto não ocorra
para que não se dependa da ação isolada equacionando lotes de serviços para
evitar choques.

Não tem idéia formada sobre a coleta e varrição porém, precisa


verificar o que é mais importante em relação à logística da coleta e varrição. Até
o final do mês de agosto pretende ter uma resposta para a questão.

A licitação contendo o preço global é algo que a prefeitura concorda,


porém, não está definida devido ao fato de não se saber ainda o preço justo a ser
pago, a fiscalização, que deverá ser feita com o auxílio da sociedade, mediante
novos critérios. Há também dúvidas jurídicas quanto à contestação jurídica
quando da aplicação de multa contra as empresas.

A prefeitura pedirá o fechamento do Incinerador Vergueiro, devido à


falta de capacidade técnica que até o final do ano passará a ser uma estação de
transbordo com coleta seletiva podendo servir ainda como uma alternativa
quando não tiver como encaminhar para outro local, os resíduos serão queimados
lá mesmo. Hoje somente os remédios vencidos, que não contaminam o ar, são
queimados no Incinerador Vergueiro.

Não acredita que o incinerador seja a solução ideal, não há


pretensão em se continuar operando com incineradores exceto quando os dejetos
não aceitarem nenhuma outra forma de destinação final. Dos resíduos
produzidos pela cidade 96% são aterrados. O problema do aterro tem de ser
discutido, pois o tratamento do lixo é caro e se houver a necessidade de se abrir
novos aterros o custo será ainda mais elevado. O aterro São João recebeu nota 7
da CETESB.

Com a nova licitação, a administração terá um respaldo de 1 ano, para


que se faça levantamentos com a Consultoria Internacional, tendo como objeto
de estudo as cidades de mesmo porte de São Paulo, análises estas que servirão
para uma melhor contratação em longo prazo ou até mesmo a concessão. A
principio a duração do contrato será de 1 ano renovável por mais 5 anos.

Em relação a possível licitação que envolva consórcios formados por


pequenas empresas e acordo com cidades vizinhas, sugeridas pelo vereador
Milton Leite, diz que qualquer estratégia a ser tomada tem que levar em
consideração a região metropolitana como um todo, tais sugestões poderão ser
pautadas nas próximas reuniões.

Vereador Roberto Tripolli


Sr. Roberto Tripolli, vereador do PSDB, declarou na Comissão de
Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação dos Serviços de Limpeza
e Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 12 dias do mês de junho de
2001, que a conclusão a que chegaram na Comissão de Estudos do Lixo, gestão
Erundina, é que a cidade de São Paulo, necessita de um Plano Diretor do
Lixo, pois a cada administração a situação é modificada. Cita os exemplos dos
ex-prefeitos Jânio Quadros que fechou o Incinerador, Mário Covas, abriu o
Incinerador, Luiza Erundina, abriu um Aterro.
Os Incineradores são ineficientes atingem somente 700 o , ineficientes
para eliminar totalmente os resíduos hospitalares, o Aterro Bandeirantes já matou
pessoas e o Parque Ecológico Anhanguera já foi alvo de armazenamento de
resíduos orgânicos e vasilhames plásticos.

Finaliza, comprometendo-se em encaminhar à comissão cópia do


material coletado e relatório final da comissão de estudos.

Elias Bueno – Sindinesfa


Sr. Elias Bueno, representante do Sindicato do Comercio Atacadista de
Sucata Metálica Ferrosa e Não Ferrosa da Cidade de São Paulo e , do Instituto
Nacional das Empresas de Preparação de Sucata Não Ferrosa de Ferro e Aço,
declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação
dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 19 dias
do mês de junho de 2001, que congregam e representam as empresas que
preparam e processam sucatas metálicas, que o setor tem aproximadamente 3 mil
empresas de pequeno e médio porte com 15 mil caminhões e 270 mil postos de
trabalho, recicla 4,5 milhões de toneladas de aço e que em tese a atividade é um
importante trabalho em termos ambientais.

Diz que o Brasil lidera o ranking da reciclagem de alumínio,


apontando para a mobilização da sociedade, onde já existe em condomínios a
iniciativa de se separar o lixo doméstico reciclável.

Propõe a retomada do trabalho executado na gestão Erundina, embora


saiba que os altos custos com área ambiental, frete e pedágios, inviabilizam a
prática. Sugere a criação de incentivos, para que a população diminua a
quantidade de resíduos enviados aos aterros. “O trabalho de conscientização e
preocupação ambiental tem que ser efetuado antes da assinatura do novo
contrato”

Luiz Antonio Spinardi – Enterpa


Sr. Luiz Antonio Spinardi, representante da empresa Enterpa
Abiental S/A, declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a
Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 19 dias do mês de junho de 2001, que a Enterpa Ambiental S/A, cisão
com a Enterpa Eng. que tem mais de 45 anos em obras publicas e privadas, atua
na área de limpeza urbana na cidade de São Paulo desde meados dos anos 70. Em
junho 98 a Enterpa Engenharia surge e em agosto de 98 tem o controle acionário
comercializado para grupo argentino macre, que tem outros interesses no Brasil.
Trabalha em 10 cidades brasileiras, tem 9 mil funcionários, 1.100 equipamentos,
leves e pesados, de coleta e é reponsável por 1/3 dos serviços da cidade de São
Paulo.

Não acredita que os aterros encontram-se no fim de suas vidas úteis e


sim, que estejam em situação de definição de prioridade. “São Paulo se quiser
terá aterro sanitários para os próximos 30 anos se contar com investimentos
razoáveis”
Há a possibilidade de se ampliar o Aterro Bandeirantes de maneira
responsável e a prefeitura precisa defender isto, pois, é um ativo dela e em se
perdendo a questão do destino final , pode-se perder a capacidade de gerir
resíduos da cidade, pois a posse do destino final é importante.

O Aterro São João tem condições de durar ainda independente de quem


for o proprietário. A duração poderá chegar até 30 anos com propriedade privada
porque não vai durar 30 anos sem investimento. Quando se fala em prazo, a
quantidade de investimento que uma cidade como a de São Paulo precisa para
tornar o seu serviço mais adequado de qualidade não permite prazos menores do
que 15 anos.

A ampliação do Aterro São João não vai custar menos do que


R$ 40 mil a R$ 50 mil, então é uma boa oportunidade de haver uma parceria
prefeitura x iniciativa através de um modelo de concessão ou permissionário onde
a iniciativa invista o recurso necessário para exploração por 15, 20 ou 30 anos.

Outra questão que também há de se pensar é a questão dos


geradores de resíduos. Hoje o custo operacional dos grandes geradores como
shoppings, restaurantes são de responsabilidade do poder público, ou seja o
cidadão menos afortunado, acaba pagando pelo serviço.

Uma Usina de Compostagem, para processar 1.000 a 1.500 toneladas


não custaria menos do que US$ 20 milhões, e quem vai custear esta usina? Seria
razoável partirmos para uma concessão. Há formas de fazermos uma concessão
com controle publico, com a obrigatoriedade de se ter investimentos e qualidade
onde haverá realmente a preservação do meio ambiente e recursos. O poder
público não pode continuar investindo esse dinheiro no setor, pois, tem outras
prioridades.

O procedimento para a coleta e destinação dos resíduos, no caso


residencial, caminhões próprios fazem a coleta e levam os resíduos para dos
residenciais, saem da residência em caminhões próprios que levam os resíduos
para a estação de transbordo ou transferência. Alguns passam por usinas de
reciclagem e compostagem tecnicamente viáveis , dependendo da distancia e
preço das áreas, é viável fazer um programa de compostagem e reciclagem de
uma planta industrial. Na sua grande maioria, vai para aterro sanitário.

Embora São Paulo disponha de dois aterros que servem de modelo


mundial, não devendo nada tecnologicamente a nenhum outro país do mundo, o
processo é relativamente simples, o resíduo residencial passa ou não pelo
processo de industrialização e vai para o destino final, normalmente o aterro.
Porém sofremos alguns problemas nessa área, devido à falta de investimentos.

No contrato já vem especificado o destino dos resíduos coletados. A


cidade de São Paulo dispõe de 2 aterros 3 estações de transferencias e 2 usinas de
compostagem e reciclagem. Se o contratante definir um padrão unificado de
coleta, todos os resíduos terão o mesmo destino, “somos somente transportadores
dos resíduos que são de propriedade do contratante, somos proibidos de manusear
ou fazer qualquer tipo de pré-seleção”. As usinas de compostagem e reciclagem
tem capacidade para cerca de 10% da tonelagem produzida hoje em São Paulo e a
diferença vai para aterros e usinas de reciclagem diferentes. Passar ou não por
estação de transferência é uma questão econômica pois, para um caminhão
pequeno ir até o aterro, o custo é muito maior, então, transfere-se para carretas ,
pois uma carreta leva a carga de 5 caminhões pequenos.

Reage ao comentário do vereador, sobre as denúncias de que as


empresas molhavam os resíduos para que tivesse o peso alterado, discorda
dizendo que seria impossível tal artimanha, pois dependeria da cumplicidade dos
2.000 catadores.

Para que a reciclagem cause efeito, se faz necessária a separação na


residência pois, o processo de desengorduração de um PET que se misturou no
lixo é muito mais danoso para a natureza e muito mais caro do que produzir um
novo. O processo só seria viável se contasse com a voluntariedade, como foi feito
na época da gestão Erundina, onde havia uma campanha e um trabalho
voluntário.

O que é caro na coleta seletiva é a coleta porta – a – porta, o


programa de separação seco e úmido é um conceito que precisa ser pensado. Se
conseguirmos fazer com que a porção seca chegue a alguns pontos de separação,
industrialização ou agregação de forma voluntária ou a baixo custo, poderemos
contar com uma economia ou ainda ter uma atividade econômica que gerará
empregos, impostos e preservação de recursos naturais. Há algumas localidades
que conseguem, de maneira econômica, coletar seletivamente próximo a 20% do
seu resíduo total.

Quando da informação do representante do Sindinesfa, Elias Bueno,


de que o Brasil liderara o ranking da reciclagem de alumínio (latinhas), diz
tratar-se de uma situação lamentável pois, essa liderança é produto da pobreza e
não da conscientização. “A reciclagem é necessária porém, precisa ser encarada
não como processo de acomodação ou refúgio para uma fração da sociedade que
não tem mais oportunidade”.

Defende a unificação dos contratos, onde uma única empresa seria


responsável pela feitoria todos os serviços da área contratada, a existência de
contratos de fiscalização, gestão e gerenciamento do lixo. Sugere que seja afixado
na conta de luz a relação dos serviços a serem feitos “Quanto mais suja a cidade
estiver, mais benefícios a empresa terá, pois ela ganha por peso, não é isto o que
as empresas querem a Enterpa não quer isso preferíamos receber um valor global
para deixar o Campo Limpo a Capela do Socorro limpos, aí sim eu vou trabalhar
com tecnologia, engenharia e investimentos, interagindo com a sociedade de
forma que ela suje menos, coisa que hoje as limitações dos contratos não nos
permitem fazer. Um contrato com as dificuldades de São Paulo, deve ser pautado
em qualidade e não em quantidade”.

Santiago Crespo
Sr. Santiago Crespo, representante da empresa Cliba Ltda, declarou na
Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação dos Serviços
de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 22 dias do mês de
junho de 2001, que há mais de 20 anos atua na área de limpeza, e que faz parte
de um grupo argentino atuando também no Uruguai, Bolívia e México.

O sistema utilizado em Buenos Aires, que tem a metade da


população de São Paulo, é o mesmo que em São Paulo que vem a ser tonelagem e
valor por equipe, a única diferença é que a empresa é responsável por todo o
serviço, ao contrário de São Paulo que é descentralizado. Sugere para que seja
feito da mesma forma em São Paulo. Diz que a varrição mecanizada facilitaria o
trânsito pois é feita à noite. Em relação ao valor por pessoa, não há como avaliar,
pois, cada região tem uma geração de quantidade e qualidade de lixo diferente.

Reafirma a idoneidade da empresa, acredita que a concessão


contribuirá para que as empresas façam investimentos em longo prazo e
mantenham a atualização tecnológica permanente.

Quando da implantação do sistema em outras cidades não houve


processo de transição.

Afirma que há aproximadamente 3 anos, formam cortados serviços na


limpeza pública e que para que seja efetuada a varrição das calçadas, a empresa
tem que solicitar a guia para a administração ou a própria regional deverá
verificar a necessidade do serviço e aí sim solicitar a execução do mesmo.

Finaliza a explanação confirmando que responderá as 29 questões


apresentadas pelo vereador Dalton Silvano, e que permanecerá à disposição.

Nelson Domingues Pinto


Nelson Domingues Pinto, representante da empresa Cliba Ltda,
declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação
dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 22 dias
do mês de junho de 2001, que os serviços da Cliba Ltda na cidade de São Paulo,
restringe-se à coleta e varrição complementar. Reafirma a feitoria de todos os
serviços em outras cidades, inclusive a destinação final, reiterando a necessidade
de se implantar o mesmo sistema em São Paulo, beneficiando a população e o
contrato de modo geral.

Em relação à disponibilidade de se ter uma pequena empresa


efetuando o serviço de varrição, acredita não haver problemas pois a varrição não
requer investimento inicial porém há a responsabilidade conjunta. A questão
salarial, a responsabilidade de se estar em dia com os funcionários deveriam ser
cláusulas contratuais pois, a varrição requer pontualidade.

Quando questionado sobre a diferença entre os trabalhadores de São


Paulo e Europa, disse que não existia exceto a falta de varrição mecanizada que
custou a vida de um trabalhador na Avenida Aricanduva, só a partir desse fato
fechou acordo com a prefeitura e reiterou dizendo que: “A única diferença entre
os nossos trabalhadores e os europeus é que eles (europeus) são loucos”.
Em relação à indignação do vereador Adriano Diogo, no que diz
respeito à diferença apontada entre os trabalhadores paulistanos e europeus,
retifica dizendo que o que quis dizer é que a atividade é a mesma a diferença
primordial seria a tecnologia. Disse que na empresa há plano de carreira citando
um trabalhador que trabalhava como gari e hoje trabalha na contabilidade da
empresa.

Para a coleta seletiva, se faz necessária a separação do lixo, pela


população, com o intuito de valorizar o material recolhido. Ao adotar esse
modelo, um caminhão que recolhe 21 toneladas passará a recolher 5, pois, o
material reciclável não pode ser prensado, gerando um custo muito grande.

Cita a questão da falta de limpeza pública na periferia, onde há


somente 4 trabalhadores para efetuar todo o serviço de coleta e varrição na favela
próxima ao Rio Tamanduateí onde mensalmente são recolhidos cerca de 40
animais mortos sem que haja uma unidade de tratamento das carcaças. Acredita
que há vários itens que deveriam ser inclusos ao contrato inclusive a incumbência
à Secretaria do Meio Ambiente da manutenção dos parques.

Finaliza dizendo-se surpreso quando da afirmação do vereador


Milton Leite, de que os bancos têm interesse em financiar o lixo.

Edson José Steck


Sr. Edson José Steck, representante da empresa Cavo Cia Auxiliar de
Viação e Obras, declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para
a Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 22 dias do mês de junho de 2001, que a empresa atua na área de
construção civil a pavimentação há aproximadamente 75 anos, que de 1995 a
2000 trabalhava na limpeza pública da cidade de São Paulo e que devido à
inadimplência e principalmente mudança de foco da empresa, não aceitou convite
para participar da limpeza pública na cidade de São Paulo.

Declarou ainda, que tentou preservar os cerca de 3.000 empregos,


deixando os trabalhadores à disposição das empresas que passaram a atuar na
cidade. Atualmente a empresa atua em Curitiba, Baixada Santista e Rio de
Janeiro, na área de tecnologia de grandes geradores de lixo e resíduos industriais
e hospitalares. Opera 100% em Curitiba com 18 serviços.

Sugere a divisão técnica (por resíduos) e não política (por regional)


das áreas de atuação, ratificando a necessidade de se ter um contrato que
abrangesse todo do serviço inclusive à destinação final, restringindo a medição
ao caráter estatístico e não mais como um meio de obter valores dos contratos,
adotaram um valor global para que se tenha a cidade limpa. Confirma a
informação da saturação dos atuais aterros.

Acredita que o Limpurb deveria mudar a concepção técnica para que


haja melhora nos serviços. A geração de lixo por residência equivalia a 0,5kg,
hoje é de aproximadamente 1kg por pessoa. “O Brasil utiliza um sistema
ultrapassado, que é a medição, a administração deveria ter calculado o valor do
contrato por pessoa, o momento atual é para a coleta seletiva e reciclagem, a
população está consciente disso, a mídia tem contribuído, a cidade mais limpa é a
que não suja, o ponto de partida é a educação e a conscientização se houver a
diminuição do lixo gerado, o valor a ser pago será reduzido”.

Acredita que a reciclagem deve ser feita no destino final, porém, que
deverá haver uma separação prévia nas residências separando o lixo seco e
molhado, citando com exemplo a cidade de Chicago. “Para que se tenha êxito a
população tem que se conscientizar, parte dos benefícios gerados tem de ter
participação social”.

Diz que a cidade está carente de serviços complementares como


pintura de guias, corredores das marginais, que servem de cartão postal para a
cidade e que tais serviços deveriam ser feitos à noite.

Em relação ao ETD diz tratar-se de outro tipo de serviço e que o mesmo


tem duração de 5 anos.

O principal problema que as empresas encontraram ao trabalhar com a


prefeitura é a inadimplência pois havendo inadimplência não há como trabalhar,
diz que o modelo atual necessita de algumas mudanças e acredita que o modelo
de qualidade é que deve imperar.

Na questão em que se destinaria a varrição para empresas menores


não vê problemas, desde que haja compromisso com a destinação do lixo gerado
na varrição. Tecnicamente falando acredita que o serviço deveria ser contratado
por completo. Atesta a gestão Erundina como o último grande passo.

Acredita na concessão dos serviços pois, em curto prazo não dá para


mudar o modelo atual. Sugere a adoção de uma política, para os próximos
contratos, onde a população possa avaliar os serviços prestados, onde a punição
seria o desconto no valor a ser pago pelos serviços.

Finaliza, sugerindo o convite ao Sindicato da categoria e a visitação


às empresas.

Vereador Adriano Diogo


Sr. Adriano Diogo, vereador do Partido dos Trabalhadores, declarou na
Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação dos Serviços
de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 22 dias do mês de
junho de 2001, que na qualidade de presidente da Comissão de Estudos do Lixo,
gestão Erundina, acredita que para se resolver o problema seriam necessários
diagnósticos.

Destaca o fim da vida útil dos aterros ; a má operação dos aterros, pelas
multinacionais; a falta de investimentos nos últimos 8 anos; a não aquisição dos
incineradores; o gasto excessivo, de maneira inadequada de verba pública, cerca
de R$ 300 milhões por ano com a limpeza pública, e o fato de o composto
orgânico brasileiro ser o pior do mundo, sugerindo a descentralização dos
serviços às Administrações Regionais.

Diz que gostaria de participar, como voluntário, na comissão, sugere que


a Cavo Cia Auxiliar de Viação e Obra, seja convidada novamente para que ela
possa dar maiores informações sobre o ETD e que os membros da comissão
conheça o ETD.

Considera ser de extrema importância o compromisso de não se deixar


que o lixo não coletado vá para drenagem, piscinões e represas.

Não é a favor da privatização, considera a política irracional e acredita


que deveria ser vista metropolitanalmente. Atesta para o fato de que, se bem
administrado, o valor que se ganharia com o lixo, poderia financiar os programas
sociais da atual administração.

Condena a formação de cartéis e considera o incremento tecnológico


quase zero, citando o fato de que, com a desativação de 2 incineradores, o ETD
da Cliba Ltda, que já apresentou problemas, passou a ser o único tratamento de
limpeza hospitalar, e que as multinacionais deveriam ter outra postura, trazendo
tecnologia, compostagem compatível, defendendo a execução dos serviços por
empresas nacionais levando-se em consideração que para determinados serviços
não há necessidade de tecnologia.

Diz confiar na competência do secretário Jorge Fontes Hereda,


finaliza parabenizando o vereador Dalton Silvano, em relação às perguntas feitas.

José Rui Donato


Sr. José Rui Donato, presidente da empresa Marca Engenharia
Ambiental, declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a
Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 26 dias do mês de junho de 2001, que em relação a unificação dos
serviços por empresa se diz favorável acredita que a divisão deveria ser feita por
meio de regionais aumentando a responsabilidade da empresa para com a
sociedade, abolindo a atual forma de cálculo, tonelada e equipes, praticando um
valor fixo para se ter a cidade limpa.

Sugere a criação e definição de referência de qualidade a ser


cumprida. E, em casos de não cumprimento , as empresas deverão ser multadas.

Incentivar as empresas a investirem na área, para que elas possam


continuar atuando na região.

Quando da sugestão do vereador Milton Leite de se cancelar o contrato


vigente quando da conclusão do edital considera inadequado devido ao item em
que a empresa tem um plano de investimento o que não aceitaria a interrupção do
contrato.

Luiz Gonzaga Alves Pereira


Sr. Luiz Gonzaga Alves Pereira, representante da Vega Enga.
Ambiental, declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a
Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 06 dias do mês de agosto de 2001, que o grupo Vega era formado
pelas empresas Vega Enga. Ambiental e Vega Sopave, sendo que a última não
mais faz parte do grupo. A Vega Enga. Ambiental faz parte do grupo francês
Suez que atual nas áreas de Energia, Água, Lixo e Comunicação.

Em 1995 Lima, capital do Peru, havia 30 mil ambulantes, com a


vontade política o centro sujo virou padrão de limpeza. No Peru, 70% dos
serviços de limpeza pública incluindo destinação final, são de responsabilidade da
Vega. No Brasil, a Vega atua em aproximadamente 20 cidades.

A forma de trabalho adotada em São Paulo está atrasada. O tempo de


vigoração dos contratos é muito curto, o que encarece o valor dos serviços e
desmotiva o investimento, por parte das empresas, no setor.

Sugere a adoção da política custo x benefício, mediante a adoção de


contratos mais duradouros que resultaria em um maior investimento a um custo
mais baixo. Defende a execução de todas as etapas da limpeza por uma mesma
empresa, através da divisão equilibrada da área. Não tem idéia formada sobre a
manutenção do Limpurb ou criar vários Limpurbs.

Critica a falta de um Plano Diretor onde poderia ser estudada e


implantada a concessão dos serviços. Diz que o problema não é limpar a cidade e
sim sujar menos, para tanto seria necessária à mobilização das empresas
prestadoras de serviços que seriam responsáveis pelos projetos de conscientização
da sociedade.

Quando questionado, pelo vereador Dalton Silvano, sobre os custos para


adequar São Paulo ao modelo ideal diz que: 1 º para a coleta residencial seria
necessária à utilização de containeres, investimentos de R$ 150 milhões, 2 º
Transbordo investimentos entre R$ 7 a 10 milhões, 3 º Readequação das usinas de
compostagem, que estão fora das especificações ambientais, investimento de R$
10 milhões, 4 º Tratamento dos resíduos hospitalares, investimento de R$ 70
milhões, 5 º destinação final do lixo, investimento de R$ 70 milhões, 5 º
incineradores, investimento de R$ 600 a 700 milhões e 6 º inertes R$ 30 milhões.

Quanto à sugestão de soluções para os aterros que possuem vida


útil de aproximadamente 2 anos, diz que a administração está muito atrasada, que
se faz necessária uma corrida contra o tempo, sugerindo a agilização dos
licenciamentos das novas áreas da cidade, caso contrário, terá que pedir ajuda às
cidades vizinhas.

Para se manter um aterro se faz necessário investimentos, verba


que a administração não pode dispor, por ter outros projetos de maior
importância. O processo de desapropriação de área para a ampliação do Aterro
São João está tramitando há aproximadamente 3 anos. Se fosse um processo da
iniciativa privada, o pagamento das desapropriações já teria ocorrido e projeto já
estaria em andamento.
A reciclagem não é tão fácil, pois, a retirada do material ocorre de
casa em casa e o resíduo nem sempre é bem separado. Defende a utilização de
toda a tecnologia disponível e a adequação com as experiências internacionais
considerando razoável a coleta seletiva em torno de 10% a 20%.

São Paulo terá de passar pelo processo de coleta seletiva


separando o lixo seco do molhado, para se fazer à reciclagem necessária. Há a
necessidade de uma usina de triagem para a separação de resíduos não
pertencentes ao grupo. Gostaria de um novo tempo na cidade de São Paulo, diz
que as limitações contratuais impedem o desenrolar dos serviços.
Há projetos pilotos de coleta seletiva em São Bernardo do Campo,
onde são utilizados caminhões adequados e no Rio Grande do Sul, onde são
colocados containeres de quadra em quadra.

Em relação à participação de pequenas empresas na limpeza pública da


cidade, acha pouco provável que as pequenas tenham estrutura para trabalhar na
cidade, uma vez que não dispõe de capital para investir e até mesmo para suportar
um atraso no pagamento dos serviços. O sistema de limpeza deixou uma dívida
de R$ 80 milhões, por mais boa vontade que se tenha o governo tem problemas e
as pequenas empresas não agüentariam.

Raul da Frota Pinheiro


Sr. Raul da Frota Pinheiro, representante da empresa Intranscol S/A
Coleta e Remoção de Resíduos, declarou na Comissão de Estudos para Analisar
Alternativas para a Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no
Município de São Paulo aos 06 dias do mês de agosto de 2001, que 80% da
empresa pertence a um grupo francês, que no Brasil são 1000 funcionários, 2.500
contratos, atua na coleta e destinação final, possui um Aterro Sanitário em
Tremembé e o índice de qualidade dos serviços é de nota 10.

Defende o sistema de concessão dos serviços, aceitando a


concorrência com empresas internacionais desde que tenham parceiros nacionais,
ratificando a posição do Sr. Luiz Gonzaga Alves Pereira, representante da
empresa Vega que “para se manter um aterro se faz necessário investimentos,
verba que a administração não pode dispor, por ter outros projetos de maior
importância”, citando o caso do Aterro Tremembé que em um prazo de 02 (dois)
anos tornou-se o que é hoje.

Atesta para a Lei 10.315, governos Jânio Quadros / Luiza Erundina


onde, geradores acima de 100 litros deveriam ser responsáveis pela coleta e
destinação final dos resíduos o que resultaria em um desconto de 15% para os
cofres públicos.

Diz que em relação aos resíduos industriais, as empresas deveriam se


responsabilizar pela destinação final que deveria ser em aterros distanciados.

Em relação à coleta seletiva diz que não haveria empecilho pois como
em Madri, os caminhões coletores seriam diferenciados e poderia haver
incentivo às cooperativas, comodato para a reciclagem futura.
Quando questionado pelo vereador Dalton Silvano, sobre o custo real
que deveria ser despendido ao modelo ideal, diz não ter o número.

José Irandi P. Nunes


Sr. José Irandi P. Nunes, superintendente da empresa Construtora
Construtora Marquise S/A, declarou na Comissão de Estudos para Analisar
Alternativas para a Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no
Município de São Paulo aos 13 dias do mês de agosto de 2001, que a empresa é
originária de Fortaleza – Ceará, que além de ser construtora trabalha com limpeza
urbana e hotelaria, atuando também em Fortaleza, Natal, Maceió, Porto Velho,
Calcaia (Ceará) E Juazeiro Do Norte.

A empresa Marquise chegou a São Paulo em 07/05/2000, com o intuito de


participar da mega-licitação. Apresentou 22 propostas e foi habilitada
tecnicamente pela da documentação apresentada. Com a saída da empresa
CAVO, foi convidada a participar da concorrência ganhando o lote Aricanduva,
Vila Formosa e Mooca. Trabalhou por um ano na região e quando da renovação
do contrato, ficou com o lote Vila Mariana / Vila Guilherme.

A unidade de São Paulo conta com 539 funcionários, 50 caminhões, todos


com computador de bordo da IBM, possui departamento de gestão de qualidade
total, certificado ISO 9000, foi a primeira a introduzir o sistema 0800, que hoje é
divulgado através de imã de geladeira, e panfletos, criando canal direto empresa x
população.

Em relação aos funcionários a empresa distribuiu entre os funcionários da


limpeza: meias, blusas de frio e moletom e serve gratuitamente café da manhã.
Tem departamento de gestão de qualidade total e programa de conscientização
dos trabalhadores, que vem surtindo efeito, citando o fato de que quando da
veiculação, pela imprensa, de matérias que davam conta de que os garis não
estavam fazendo o serviço bem feito se rebelaram, pois eles têm noção da
importância dos seus serviços e de como devem ser tratados.

Um dos maiores problemas enfrentados é o das feiras livres, onde os


feirantes desobedecem à legislação não contribuindo com a limpeza, jogando na
rua tudo o que sobra da feira, além de permanecerem no local após o horário
acordado. Devido a essas atitudes, o custo dos serviços torna-se maior pois, se
faz necessária a destinação de mais trabalhadores para a execução dos serviços e
o pagamento de hora extra pois, o prazo para a feitoria da limpeza expira às
15h20 porém, os serviços são estendidos até às 17h ou 18h.

A população tem de se conscientizar, acondicionando melhor o lixo e


colocando-o na calçada no horário certo da coleta. A Marquise além de dispor do
0800 também distribui panfletos explicativos, o que acredita surtir melhor efeito
do que através de informes pela TV ou rádio.

Há uma limitação das empresas por parte da Administração, quando da


execução de serviços não rotineiros, que permite somente a 4 ou 5 equipes de
trabalho executarem as tarefas autorizadas. Se a equipe encontrar, ao longo do
trajeto, lixo nas ruas não constantes na relação de locais a serem limpos, não
poderá recolhe-lo e se desobedecer, a empresa poderá ser multada por executar
uma tarefa não autorizada. Sugere a adesão de estratégia de trabalho, onde a
empresa deveria através de setorização, rodar toda a regional para deixa-la limpa,
a princípio poderia ser feito em 30 dias e aos poucos diminuiria para 10 ou 15
dias.

Atesta para o fato de os contratos não cobrirem a limpeza das calçadas,


somente o meio fio, o que gera o acumulo de lixo. E os transtornos causados
pelas grandes distancias dos aterros e transbordos.

Confirma a existência de muitos lixões ao céu aberto e poucos aterros, e


que devido a isso as empresas que trabalham em São Paulo deveria se ater a isso,
pois é o momento exato de se agir, pois há tecnologia e “corpo” .

Quando da crítica do Eng. Carlos Rebello, que atesta para o fato de que
será proibida a abertura de novos aterros, a partir de 2002, devido ao efeito
estufa, reiterando a necessidade de se discutir a abertura de usinas e não de aterro,
diz que já participou, em Brasília, há 9 (nove) anos, de um projeto de usina
entre a iniciativa privada e o poder público e que somente atestou para a abertura
de aterros devido ao fato de que quando da nova licitação a administração vai
exigir que as empresas possuam seus próprios aterros, porém não descarta a
possibilidade de as empresas particulares, mediante tecnologia e pessoal,
investirem em usinas

Finaliza dizendo que trabalha no setor há 20 (vinte anos), e é a primeira


vez que ouve falar tão amplamente sobre o lixo.

Marcos Vinicius Borges de Carvalho


Sr. Marcos Vinicius Borges de Carvalho, diretor da empresa
Tercopav Terraplenagem, Construções e Pavimentações Ltda., declarou na
Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a Contratação dos Serviços
de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São Paulo aos 13 dias do mês de
agosto de 2001, que a empresa foi constituída em Dezembro/2000 sendo o objeto
da constituição a prestação de serviços de Engenharia e Limpeza Urbana e Geral.

Afirma que a idéia de criar a empresa Tercopav nasceu durante o


º
2 turno das eleições municipais visto que, se eleito, o candidato Paulo Maluf
priorizaria a segurança e a candidata Marta Suplicy priorizaria a limpeza pública.
Quando da indagação do vereador Celso Jatene que associa a criação da empresa
a vitória da Sra. Marta Suplicy, volta atrás à sua afirmação e dizendo que a idéia
foi anterior às eleições e que mesmo que o candidato Paulo Maluf tivesse ganho
as eleições, teria criado a Tercopav.

A princípio o objetivo era o de cadastrar junto às prefeituras, a empresa


Joal Prestação de Serviços, fundada em 1992 e adquirida pelo Sr. Marcos em
agosto de 1999, porém, devido ao fato de o objeto da empresa não ser o de
prestação de serviços de limpeza, haveria a necessidade de se fazer uma alteração
contratual. Atesta para o fato de que a administração teria dito a ele que seria
melhor constituir uma nova empresa em vez de fazer a alteração contratual.
Assim que o edital foi lançado, a empresa apresentou proposta e foi
contemplada para a execução de serviços acessórios e complementares , exceto
coleta, para as Administrações Regionais: Jaçanã, Tremembé, Vila Maria e Vila
Guilherme. Diz que para a execução dos serviços não rotineiros, a administração
teria contratado a empresa Marquise.

Diz que a empresa não tinha experiência anterior porém, as exigências do


Termo de Convocação, restringiam-se a apresentação do nome do técnico
responsável, pessoal e equipamentos para a execução do contrato. O técnico foi
contratado e os caminhões locados por 90 (noventa) dias devido ao fato de não
termos certeza da continuidade do contrato, o que inviabilizaria a aquisição de
equipamentos caros. Ratifica o cumprimento total do objeto contratual, afirmando
ter obtido ao final do contrato, junto ao Limpurb, um Atestado de Capacidade
Técnica.

Finaliza dizendo que não apresentou proposta em abril devido ao fato de a


empresa não reunir as condições do Termo de Convocação. E, que encaminhou
ao Limpurb todos os procedimentos quando da mudança de endereço, ocorrida
em 05 (cinco) de junho de 2001.

Carlos Rebello
Sr. Carlos Rebello, representante do Sindicado dos Engenheiros de Minas
Gerais, declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a
Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 13 dias do mês de agosto de 2001, que a primeira atitude a ser tomada
pela administração é a de abandonar a idéia de aterros sanitários e investir em
usinas de tratamento de lixo.

Diz que o plano de limpeza pública praticado em São Paulo é espelhado


nos moldes dos Estados Unidos, que por não ter que tirar nada do solo, aterra
todo o lixo. “O solo brasileiro é pobre de fósforo, deveríamos nos espelhar nos
moldes da China, Índia que têm escassez de terra”.

Denuncia práticas onde resíduos têm o processo de cura ao céu aberto, o


que provoca o efeito estufa. Cita experiências de usinas como a da Vila
Leopoldina onde as fossas são escuras e profundas e a temperatura atinge de 65 º a
70º , resultando na pasteurização dos resíduos em um prazo de 15 a 20 dias, que
podem ser utilizados como adubo em hortas

Atesta para o fato de que se bem adubado e enriquecido com fósforo o


nosso lixo, que hoje é vendido a R$ 0,50 a tonelada, ganharia preço.

“Há equipamentos no mercado onde as garrafas PETS entram sujas e


saem lavadas e picadas”. “O custo real para a implantação de uma usina é de R$
100 Mil ”.

Felix Marcatti
Sr. Felix Marcatti, representante do Sindicado dos Engenheiros de Minas
Gerais, declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas para a
Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de São
Paulo aos 13 dias do mês de agosto de 2001, que os serviços prestados na cidade
não contam com tecnologia e sim com uma estrutura de serviços para que flua
normalmente.

Diz que a abertura de um novo aterro gera um custo muito elevado e


desnecessário pois, a partir de 2002 não mais será permitida a abertura de novos
aterros. Afirma a necessidade de se implantar o processo de coleta industrial do
lixo, que exige pouco espaço e tem retorno financeiro garantido.

Sr. Sérgio Ignácio Ferreira


Sr. Sérgio Ignácio Ferreira, representante do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT , declarou na Comissão de Estudos para Analisar Alternativas
para a Contratação dos Serviços de Limpeza e Coleta de Lixo no Município de
São Paulo aos 13 dias do mês de agosto de 2001, que quando se desenvolve um
trabalho com dados e metodologia científica , pára de se falar em super
faturamento pois, trabalha-se com o custo e se vê o lucro aceitável.

“Se faz necessário ouvir as expectativas do usuário, não se pode


tratar do assunto de forma homogenia, há uma disparidade de preços, cidade e
bairros têm valores diferentes”.

Antes de se colocar o preço dos serviços em um contrato a curto,


médio ou longo prazo, há um processo que envolve qualidade, fiscalização,
inspeção e vistoria. Se forem garantidas estas exigências, somente empresas
adequadas é que irão participar da concorrência. O IPT desenvolveu no, ano
passado, um software de estimativa inicial do custo real do lixo, por setor, para
ser aplicado a pequenas e médias cidades. Porém, há a possibilidade de ser
desenvolvido para uma cidade como a de São Paulo. Esta proposta já foi levada à
administração mas, até o momento, não obtiveram resposta a respeito.

CONCLUSÕES
I- Dos Objetivos não Atingidos Plenamente
A despeito de todos os esforços e trabalho dos membros dessa Comissão
de Estudos, entendo que os objetivos propostos não foram alcançados
plenamente. Destaco a seguir vários fatores que contribuíram para que essa
Comissão não pudesse propor alternativas concretas de contratações em longo
prazo objetivo da comissão de estudos em questão.

? ? Ausência de representantes das empresas prestadoras de serviços do lixo, para


a prefeitura, principalmente aquelas estreantes;

? ? Não envio de cópias de todos os contratos assinados, requeridos por este


vereador, em tempo hábil, deste ano e anos anteriores em especial os contratos de
emergência que especifica os serviços prestados bem como os editais de licitação
bem como, os editais de licitação de gestões anteriores;
? ? O prazo de 60 (sessenta) dias para estudos de tão complexo problema tanto
do ponto de vista estrutural quanto dos problemas operacionais é decisivamente
insuficiente para se obter conclusões a que pretendeu a comissão;

? ? O número de reuniões – uma por semana- foi insuficiente para se obter


qualquer proposta conclusiva, objeto da comissão;

? ? A falta de respostas, pela maioria das empresas, a requerimentos feitos por


este vereador de um elenco de 29 perguntas, foi fundamental para a não formação
de convicção propositiva para qualquer alternativa de novos contratos em longo
prazo;

Poder-se-ia elencar uma série de outros fatores que prejudicaram os


trabalhos dessa Comissão, mas se faz desnecessário dentro dos itens já
assinalados acima. Formalizar-se qualquer proposta no sentido de aperfeiçoar e
afiançar a formalização de contratos futuros em longo prazo seria temerário pelas
razões descritas anteriormente.

Apesar de todas as dificuldades, relacionamos, a título de contribuição


algumas sugestões no sentido de se equacionar e resolver o problema do lixo na
cidade:

II- Das propostas


A. Criação de um Conselho Municipal do Lixo para permitir o
acompanhamento permanente as ações que envolvam todo o processo de
coleta, tratamento e destinação final do lixo da cidade. A questão do lixo
exige um amplo debate e discussão, de imediato, pelo Poder Executivo e
Legislativo, envolvendo todos os agentes responsáveis pelo serviço de
limpeza na cidade de São Paulo. Isso, considerando que a prestação desses
serviços é questionada por toda a sociedade paulistana, munícipe/usuária,
quer seja pela má qualidade, ineficiência do serviço prestado, quer seja
pelo custo desse serviço pago pelos mesmos.

B. Contratação imediata dos serviço de lixo por licitação -


Independente de se definir novas alternativas para as próximas
contratações, o Poder Executivo Municipal, deve em caráter de urgência
abandonar as contratações de emergência, promover uma ampla licitação
na forma da Lei 8.666, transparente, democrática que busca ampliar o
ingresso de novas empresas na execução desses serviços vetando-se as
empresas envolvidas em irregularidades e principalmente exigindo-se que
essas empresas apresentem efetivamente os requisitos exigidos pela
legislação e que realmente reúnam condições técnicas e operacionais para
a execução dos serviços contratados.

C. Criação do Fundo Municipal do Lixo, visando subsídios aos estudos


do Plano Diretor do Lixo e seu gerenciamento após a implementação.

As questões citadas anteriormente são:


1. COLETA DO LIXO - Os serviços são realizados com a mesma técnica
há vários anos, sem que se registrem investimentos significativos em
tecnologia nessa fase de tratamento- fato admitido por todos empresários e
executivos que representaram suas empresas na Comissão.

2. VARRIÇÃO - O grande problema para o cidadão é saber se sua rua está no


programa municipal de varrição ou não. Em caso positivo, ele não tem a
informação sobre quando e quantas vezes sua rua, praça ou avenida deve ser
varrida. Além disso, a execução não tem a fiscalização devida por parte da
Prefeitura. O munícipe também não exerce o mesmo controle, quando tem
conhecimento, como no caso da coleta pela materialidade do serviço.

3. FISCALIZAÇÃO – Intensificação da fiscalização, inclusive da lei nº 10.315.


Defendemos a criação de equipes especializadas de fiscais para cuidar apenas
do lixo em São Paulo em todas as suas formas de geração e destinação final.
Parece haver consenso que os critérios atuais de fiscalização devam
ser revistos, inclusive com uma nova estrutura, atuando de forma
centralizada e contemplando todos os serviços que hoje são realizados por
diversos departamentos estanques da Prefeitura. A divisão de
responsabilidade de autuação gera deficiência na fiscalização na medida
em que os contratos do Município diferem a cada serviço,
conseqüentemente são feitos por secretarias ou órgãos diferentes.

4. ATERROS - Os dois aterros em operação estão com sua vida útil em


fase terminal e a exemplo da coleta, o tratamento dado não dispõe de
tecnologia de ponta. As quase 15.000 toneladas de lixo/dia coletadas
em São Paulo são praticamente depositadas nos aterros, o que encurta a vida
útil desses espaços. Foi unânime a convicção dos empresários do setor da
falta de espaços para aterros, quer seja pela ocupação urbana acelerada, quer
seja pela resistência das comunidades envolvidas.

5. RECICLAGEM - Não existe uma política pública definida para a questão


do lixo reciclável. Isso implica no depósito de milhares de
toneladas/mês de material com potencial de reaproveitamento. As
conseqüências ambientais, em decorrência dessa falta de política,
são desastrosas porque os aterros são o destino final de muito
material que poderia ser reciclado. Entretanto, a reciclagem
contribui para minimizar os custos da coleta, mas não é, em hipótese
alguma, solução para o gerenciamento do lixo na cidade.

III- Dos Sistemas de Contratação em Longo Prazo

O conjunto de problemas detectados através de amostragem das empresas


operadoras tem um espectro muito maior que necessitaria, como já frisei, de
muito mais tempo para análise e estudos.

Uma das propostas sugeridas por alguns empresários, de empresas


tradicionais, que já prestavam serviços, para a solução da maior parte desses
problemas está na concessão dos serviços por parte da Prefeitura pelo
período mínimo de 15 anos ou até 20. Entendem os srs. empresários que esse
prazo permitiria investimentos necessários, em longo prazo, em tecnologia e em
material humano a fim de que as empresas concessionárias administrassem todo o
serviço - coleta, varrição, limpeza, lavagem de ruas, até a destinação final em
aterros sanitários próprios, usinas de compostagem e incineradores -.

Nesse caso, se a Prefeitura viesse a adotar essa fórmula, hoje, correria o


risco de criar um monopólio ou oligopólio privatizado, consolidando assim o
sistema de cartel do lixo, extensivamente denunciado. Há que se registrar ainda
que a ausência de várias empresas durante os trabalhos da Comissão de Estudos,
constituiu-se num verdadeiro desrespeito à Câmara Municipal e prejudicou
decisivamente qualquer conclusão favorável a implantação dessa proposta. Por
outro lado há de se deixar registrado os agradecimentos às empresas e convidados
que compareceram à comissão com total desprendimento e prestaram
informações e dados sobre o tema abordado.

Reafirmo assim, mais uma vez, que não existe, neste momento e em
médio prazo, embasamento suficiente para abrigar a proposta de contratação em
longo prazo, 15 anos ou 20 anos tida como modalidade de concessão como forma
de solução ideal ao problema do lixo para São Paulo. Fundamento esta posição no
fato de não termos, historicamente em São Paulo, experiência neste sentido e nem
os argumentos , informações e dados, apresentados nessa comissão que
ensejasse a formação de convicção nessa direção. Os investimentos necessários
anunciados por alguns empresários representantes de empresas interessadas nessa
modalidade de contrato não contêm detalhamento suficiente para uma análise
criteriosa.

Ademais, por todos os estudos que tenho feito a respeito da matéria -


inclusive participado de reuniões técnicas com membros do IPT - Instituto
Paulista de Tecnologia - a questão básica não está no prazo de prestação de
serviços da coleta e tratamento do lixo, mas em metodologias e aplicações e
sistemas operacionais nesse tratamento cuidando de todas as variáveis possíveis -
muitas das quais me permito apresentar na seqüência deste relatório - para o
manuseio, acondicionamento, tratamento e destinação final dos diversos tipos de
lixo produzidos numa cidade tão complexa como São Paulo.

Portanto, em meu entendimento, a solução para o problema do lixo na


cidade não passa, neste momento, pela concessão em longo prazo de exploração
desse serviço. Essa decisão deve ser tomada após o estabelecimento de um plano
diretor do lixo na cidade de São Paulo.

IV- Plano Diretor do Lixo


Mesmo com todos os problemas enfrentados nos trabalhos desta comissão
em especial pela falta de estrutura operacional e pelas ausências de importantes
convidados e agentes ligados diretamente ao serviço de limpeza da cidade de São
Paulo, este vereador e sua equipe, conforme já mencionado em capitulo anterior,
participaram de seminários e palestras no IPT, fizeram pesquisas acadêmicas e
consultas que permitem apresentar a seguir um elenco de propostas baseadas em
ações, providências e iniciativas, que poderão ser contempladas ou aproveitadas
na formulação inadiável do Plano Diretor do Lixo para São Paulo.
V- Critérios para o Plano Diretor do Lixo
A situação do lixo na cidade exige há tempos a formulação de um Plano
Diretor do Lixo Municipal que deve ser um documento que aponte e descreva
todas as ações relativas ao seu manejo, contemplando os aspectos referentes a
geração, segregação, acondicionamento, coleta - convencional ou seletiva -,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como proteção à
saúde pública e ao meio ambiente.

É importante ressaltar que essas ações sejam vistas como metas a serem
alcançadas em curto, médio e longo prazos, já que não será possível alcançá-las a
todas ao mesmo tempo.

O desenvolvimento do Plano Diretor deve obedecer às etapas que incluem


aterro, estações de transbordo, usinas de tratamento, unidades de duração
ambiental, e aspecto técnico-operacional como rotas de coleta e sistema de
triagem. A seleção das melhores alternativas poderá ser feita utilizando-se quatro
critérios;

a) critério econômico-financeiro – para definir, razoavelmente, custos


mínimos, taxa de retorno, custo/benefício, viabilidade financeira e tarifária do
negócio - ou outro objetivo econômico-financeiro - . Isso significa ter o
diagnóstico correto de quanto custará aos cofres municipais todos os serviços
relacionados ao lixo;

b) critério ambiental - para se assegurar que em todas as soluções adotadas os


recursos naturais - água, ar, solo, flora e fauna - do município e da região estejam
sendo preservados e protegidos;

c) critério social – para estabelecer mecanismos de educação e cultura da


população sobre a produção do lixo - seco e úmido -, buscando um novo
comportamento social no trato com o lixo, inclusive com políticas de
reaproveitamento e reciclagem de materiais;

d) critério político-gerencial – para otimizar modelos alternativos de


cooperação, parcerias e acordos compensatórios, necessários à inserção regional
da alternativa proposta, assegurando a receptividade, apoio e boa convivência
com entidades municipal, estadual, federal e privada - e comunidades presentes
na área geográfica influenciada.

VI – O Lixo em São Paulo


A questão do lixo em São Paulo exige o gerenciamento integrado e
articulado por ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento.
Estas funções, obviamente, fazem parte da administração municipal que deve
desenvolver, com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos, a coleta,
segregação, tratamento e disposição do lixo em nossa cidade.

É preciso gerenciar o lixo de forma integrada. O encargo de gerenciar o


lixo tornou-se uma tarefa que demanda ações diferenciadas e articuladas, as
quais devem ser incluídas entre as prioridades da cidade.
O diagnóstico da situação é essencial para a definição de um modelo de
gerenciamento. O diagnóstico de qualquer situação só pode ocorrer após o
levantamento de vários dados, de modo a se conhecer , a dimensão atual do
problema, os proguinósticos para o futuro e os recursos humanos, materiais e
financeiros disponíveis ou necessários.

VII – Origem e Composição do Lixo


Denomina-se lixo os restos das atividades humanas, considerados pelos
geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresenta-se
sob estado sólido, semi-sólido ou semiliquido - com conteúdo líquido insuficiente
para que este possa fluir livremente.

O lixo pode ser classificado sobre as várias as seguintes formas:

? ? Por sua natureza física: seco e molhado;


? ? Por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;
? ? Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos, não-inertes e inertes.

VIII – Estudo do Ciclo da Vida do Lixo


O gerenciamento do lixo deve obedecer às características próprias da
cidade, respeitando inclusive as especificidades de cada região. Os Jardins, por
exemplo, produzem um lixo diferente do que é gerado na Cidade Tiradentes.
Assim, o Estudo do Ciclo de Vida se apresenta como uma técnica de grande
importância. Ela implica o levantamento de informações relativas a produtos ou
serviços e seus respectivos impactos, com base nas variáveis de entrada e saída,
considerando o consumo de matérias-primas, energia e seus efeitos associados
que provocam emissões para o ar, terra e solo.

O Estudo do Ciclo de Vida é um processo que consiste de várias etapas,


que basicamente são:

- definição dos objetivos e metas, que consiste no estabelecimento de uma linha


mestra para o estudo;

- inventário, que considera todo o material e energia que entra e sai durante as
várias fases do ciclo de vida do produto ou serviço;

- avaliação e interpretação dos impactos, que consiste em converter os dados do


inventário em impactos, que podem ser regional ou loca;

- No Estudo do Ciclo de Vida do lixo municipal são avaliadas as atividade de


coleta, transporte, aterro, segregação, triagem, compota e incineração, que têm
impactos ambientais.

A execução das ações planejadas, de forma racional e integrada,


propiciará gerenciamento adequado do lixo, um dos serviços de maior
visibilidade por seus efeitos imediatos, a limpeza da cidade e a proteção do meio
ambiente traduzindo-se em melhoria da qualidade de vida da geração atual e das
futuras.
IX – Conhecimento do Lixo do Município
O gerenciamento integrado do lixo municipal deve começar pelo
conhecimento de todas as características deste, pois vários fatores influenciam
neste aspecto, tais como:

?? Número de habitantes do município;


?? Poder aquisitivo da população;
?? Condições climáticas;
?? Hábitos e costumes da população;
?? Nível educacional.

As etapas dos estudos devem priorizar, em nosso entendimento, o seguinte:

1) Caracterização do lixo;
2) Acondicionamento e coleta;
3) Os tipos de coletas do lixo (domiciliar, material coleta nas ruas, feiras-
livres, resíduos de serviços da saúde, lixo comercial e industrial)

X – Coleta Seletiva
A coleta seletiva tem por objetivo recolher os resíduos segregados na
origem. Essa modalidade de coleta está ligada à Reciclagem.

A coleta particular é obrigatoriamente de responsabilidade do gerador, em


decorrência do tipo de resíduo ou da quantidade ser superior à prevista em
legislação municipal.

Industrias, supermercados, shopping centers, construtoras e empreiteiras,


entre outros, devem providenciar a coleta dos seus resíduos em função do volume
gerado. Hospitais, ambulatórios, centros de saúde e farmácias, entre outros,
devem ter coleta particular em função do tipo de lixo.

O papel de fiscalização por parte da Prefeitura é fundamental.

XI – Dimensão do Lixo na Cidade


Um dos passos importantes no equacionamento do problema do lixo na
cidade é detectar exatamente sua dimensão. Esse levantamento envolve a estima
do volume a ser coletado, inclusive por setor; monitoramento da coleta,
freqüência da coleta; coleta noturna, horários; dimensionamento da frota e
localização de pontos importantes para coleta, entre outros itens.

XII – Custos de Coleta e Transporte


A partir do diagnóstico dessa situação há a questão dos custos da coleta e
transporte, que envolve:

? ? gerenciamento adequado dos recursos humanos e materiais;


? ? planejamento dos serviços;
? ? atualização da taxa de limpeza visando o custeio integral dos serviços de
limpeza pública;
? ? elaboração do orçamento anual municipal;
? ? negociação em condições de igualdade com a prestadora de serviços
contratada (informação é poder);
? ? cálculo de taxa a ser cobrada do munícipe pela execução do serviço;

XIII –Varrição

? ? A coleta de lixo das ruas e logradouros públicos pode ser feita manual ou
mecanicamente.

? ? A varrição, feita pela administração direta ou por empresa contratada, envolve


despesas significativas e deve ser executada por um plano de varrição,
estabelecendo;

? ? Setores da cidade e suas respectivas freqüências de varrição;

? ? Roteiro e número necessário de servidores e equipamentos;Produtividade


esperada.

XIV – Considerações Finais


Relaciono aqui alguns pontos que podem servir de base para orientar os
estudos a respeito da criação do Plano Diretor do Lixo da cidade de São Paulo:

1 – Implementação de programas que estimulem a diminuição de geração de


resíduos.

2 – Realização de pesquisas de tecnologia não-agressivas ao meio


ambiente e compatíveis com a realidade sócio econômica.

3 – Adoção de programas que assegurem a recuperação e a descontaminação de


áreas
degradadas.

4 – Desenvolvimento de programas de educação ambiental, com ênfase ma


questão de produção e tratamento dos resíduos.

5 – Incentivar a pré-seleção de resíduos para reciclagem, diminuindo-se o


volume do lixo cujo destino será o aterro ou uma usina de compostagem.

6 – Assegurar controle adequado no transporte e transbordo de resíduos e


materiais perigosos.

7 - Implantar unidades de destinação final de resíduos, com tecnologias


que minimizem os impactos ambientais

8- Implantar sistema funcional de fiscalização e controle ambiental,


aplicando sanções aos despejos clandestinos e à disposição inadequada de
resíduos.

9 - Reconhecer e disciplinar a catação ambulante de materiais recicláveis.


DALTON SILVANO
Vereador - PSDB

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