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https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/historiografia/ dia 21/08
às 15:55 h.
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MALERBA P. 15
Portanto, segundo o autor, essa incessante reavaliação é inerente a
realização da História. O exercício da prática historiográfica parte desse diálogo
com seus iguais e do que foi produzido, sendo essa uma das principais
características de um trabalho de História. Ainda de acordo com Malerba, ao
analisar o que foi produzido anteriormente e assumir isso como prática, os
historiadores acabam também por elevar “a crítica historiográfica a fundamento
do conhecimento histórico.”3 Ou seja, reavaliar e compreender a trajetória da
história se torna parte do que é ser historiador, fundamento do exercício.
Portanto, essa característica da Historiografia é importante por alguns motivos,
dentre os quais pode-se destacar:
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Caçar nota do bloch
verdade se torne um dilema epistemológico que parte não apenas do
pesquisador, mas também da sociedade em que vive.
A partir desse diálogo entre os iguais, das comparações de obras, e do
desenvolvimento de teorias e metodologias é possível conter distorções e
interpretações demasiadamente parciais ou que fogem do que habitualmente é
debatido. Isso também não significa que reviravoltas interpretativas não
possam ocorrer, mas que para elas aconteçam devem ser submetidas a um
profundo exame realizado pelo meio historiográfico. Desta maneira, a História
pode ser considerada um campo do conhecimento em constante construção,
onde a crítica e o debate interno, se não capazes de nos trazer a verdade
sobre fatos passados, auxiliam a olhar criticamente para as interpretações que
fazemos do que ocorreu.
A subjetividade do pesquisador torna a História (e também as Ciências
Humanas e Sociais) diferente de outros campos do conhecimento,
principalmente aqueles associados ao modelo científico solidificado nas
sociedades a partir do século XVIII. Por não conseguir isolar e mensurar os
elementos da pesquisa, como faz um físico, biólogo ou engenheiro, por
exemplo, os estudiosos da sociedade precisam encontrar outros meios
epistemológicos para atingir seus objetivos. Em consequência seus resultados
também terão naturezas e conclusões divergentes do modelo científico
utilizado por outros campos do conhecimento.
Mas como chegamos a conclusões sobre um tema, já que é impossível
estabelecer versões definitivas das histórias que contamos? É possível a
História trazer resoluções para a sociedade? Essas duas perguntas apontam
para o último aspecto referente a obras e estudos referendados pela
Historiografia: existe a necessidade de existir um interesse científico e da
sociedade dos temas e abordagens propostos. Assim, o tema deve compor os
debates em voga no campo do conhecimento, e consequentemente, buscar
responder os questionamentos da sociedade sobre o seu passado num
determinado presente.
Por conseguinte, procedimentos epistemológicos específicos para a
História são essenciais para não nos tornar reféns de uma única versão dos
fatos ocorridos. Os exemplos para demonstrar a necessidade de revisão e
crítica e como elas respondem aos dilemas da ciência e da sociedade são
muitos. Um bem claro e que pode ser apontado se refere ao que por muito
tempo foi tratado pela História oficial, e consequentemente reafirmado pela a
sociedade se refere ao tema do “descobrimento” do Brasil. Diversos estudos e
livros tratavam esse assunto como verdade dada, reafirmado pela
Historiografia e reproduzido na sociedade. Com o passar do tempo, novos
estudos, inovações epistemológicas, reinterpretação de fontes e surgimento de
outras passaram a apontar uma outra visão sobre o assunto. O que, por muito
tempo foi tratado como “descobrimento”, um ato heróico do português, passou
a ser reinterpretado como “conquista”.
Se compararmos os livros didáticos de 30 anos atrás com os atuais,
veremos claramente modificações na forma como esse tema é debatido. Não é
mais apresentada aos alunos a visão de que o português chegou num lugar
sem “civilização” ou “cultura”, onde apenas marcaram sua presença e tomaram
posse dessas terras. Por outro lado, são apontados os conflitos e disputas,
além da transformação cultural e do espaço a partir da chegada dos europeus
no território que se tornou o Brasil. Tal mudança de abordagem é resultado de
uma revisão crítica, possibilitada pelo diálogo que a História faz do que produz
e uma clara demonstração que ela não é um campo do conhecimento que cria
axiomas e verdades estabelecidas.
Por fim, reitera-se a importância para quem se forma como historiador,
de ter consciência da diferença de um determinado conhecimento produzido
que é ou não submetido à crítica dos seus pares. Ao mesmo tempo isso não
pode limitar a compreensão do passado apenas a visão que a História oferece.
Outras formas de refletir o passado também podem compor o debate e serem
válidas, através da arte, do jornalismo, da produção de memórias, dos debates
que ocorrem na sociedade. Cabe ao historiador demonstrar suas diferenças, a
importância da crítica e do debate, numa expressão que seja válida a todos.
Desta maneira evita-se também que o debate historiográfico fique preso as
academias e não atinja a sociedade, e ao mesmo tempo, rejeitam-se
revisionismos e reinterpretações da História qu.
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