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ANALISE AMBIENTAL E SENSORIAMENTO REMOTO: UTILIZAÇÃO DE

SOFTWARE LIVRE PARA PRODUÇÃO, AMOSTRAGEM E AVALIAÇÃO DO


NDVI NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DAS CRUZES, SELVÍRIA/MS.

Environmental analysis and remote sensing: Use of free software for production
sampling and evaluation of NDVI tool in the hidrographic basin of Ribeirão das
Cruzes, Selvíria/MS

Análisis ambiental y teledetección: uso de software libre en al muestro de producción y


evaluación de la herramienta NDVI en la cuenca hidrográfica de Ribeirão das Cruzes, Selvíria
/ MS

Autor 1
Autor 2
RESUMO: O atendimento das demandas relacionadas com a analise ambiental da vegetação e da
dinâmica sistêmica de determinados recursos e recortes da paisagem, pode ser discutido com a
aplicação e utilização de diferentes metodologias e técnicas de monitoramento ambiental remoto. Os
índices de vegetação surgem como importantes ferramentas para avaliação do comportamento dos
recursos vegetais e florestais em áreas de estudo com diferentes escalas e comportamentos. Este
estudo tem como objetivo a aplicação do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) nas
fisionomias vegetais presentes na bacia hidrográfica do Ribeirão das Cruzes (BHRC) localizado no
município de Selvíria, região leste do estado de Mato Grosso do Sul. Os processos de interação da
energia eletromagnética com a superfície terrestre são os pilares conceituais do geoprocessamento e do
sensoriamento remoto, atualmente devido a ampliação destas técnicas tornou-se mais acessível o
conhecimento e analise de espacialização e da dinâmica dos recursos naturais. Os resultados esperados
neste estudo devem colaborar com a aplicação e interpretação dos índices de vegetação em culturas
agrícolas e formações vegetais nativas, e com isso determinar comparações e correlações na
distribuição, no vigor e na qualidade ambiental desta vegetação.
Palavras-chave: Geossistemas. Vegetação. Geoprocessamento. Sentinel-2. QGIS

ABSTRACT: The attendence of demands related to the environmental analysis of vegetation and the
systemic dynamics of certain parts and resources of the landscape, can be discussed with the
application and use of different methodologies and techniques of remote environmental monitoring.
Vegetation indices appear as important tools for assessing the behavior of plant and forest resources in
study areas with different scales and behaviors. This study aims to apply the Normalized Difference
Vegetation Index (NDVI) to the plant physiognomies present in the Ribeirão das Cruzes hydrographic
basin (BHRC) located in the municipality of Selvíria, in the eastern region of the state of Mato Grosso
do Sul. The interaction of electromagnetic energy with the Earth's surface are the conceptual pillars of
geoprocessing and remote sensing. Currently, due to the expansion of these techniques, the knowledge
and analysis of spatialization and dynamics of natural resources has become more accessible. The
results expected in this study should collaborate with the application and interpretation of vegetation
indices in agricultural crops and native plant formations, and thereby determine comparisons and
correlations in the distribution, vigor and environmental quality of this vegetation.
Keywords: Geosystems. Vegetation. Geoprocessing. Sentinel-2. QGIS

RESUMEN: El cumplimiento de las demandas relacionadas con el análisis ambiental de la


vegetación y la dinámica sistémica de ciertas partes y medios del paisaje, se puede discutir con la
aplicación y el uso de diferentes metodologías y técnicas de monitoreo ambiental remoto. Los índices
de vegetación aparecen como herramientas importantes para evaluar el comportamiento de los
recursos vegetales y forestales en áreas de estudio con diferentes escalas y comportamientos. Este
estudio tiene como objetivo aplicar el Índice de Vegetación de Diferencia Normalizada (NDVI) a las
fisonomías vegetales presentes en la cuenca hidrográfica Ribeirão das Cruzes (BHRC) ubicada en el
municipio de Selvíria, en la región oriental del estado de Mato Grosso do Sul. La interacción de la
energía electromagnética con la superficie de la Tierra son los pilares conceptuales del
geoprocesamiento y la teledetección. Actualmente, debido a la expansión de estas técnicas, el
conocimiento y análisis de la espacialización y la dinámica de los recursos naturales se ha vuelto más
accesible. Los resultados esperados en este estudio deberían colaborar con la aplicación e
interpretación de los índices de vegetación en cultivos agrícolas y formaciones de plantas nativas, y así
determinar comparaciones y correlaciones en la distribución, vigor y calidad ambiental de esta
vegetación.
Palabras clave: Geosistemas. Vegetación. Geoprocesamiento. Sentinel-2. QGIS

1. Introdução

A compreensão da dinâmica ambiental de uma bacia hidrográfica perpassa pelo


monitoramento e analise de variados e importantes recursos naturais que estas áreas
apresentam. A vegetação, assim como outros elementos, assume o papel como vital e
importante componente destes recortes, a vegetação em suas variadas formas pode oferecer
parâmetros que destacam seus atributos de desenvolvimento e comportamento, estes podem
ser avaliados e discutidos com enfoque sistêmico e com a aplicação de índices gerados a partir
de produtos e ferramentas de sensoriamento remoto.
Os subsídios que a avaliação ambiental da vegetação pode oferecer, colaboram com o
planejamento ambiental e a tomada de decisões referentes ao manejo e conservação destas
áreas. Nesse sentido, estudos de análise ambiental com a utilização integrada de recursos das
geotecnologias podem ampliar estes subsídios, e também aprofundar as pesquisas feitas sob a
ótica do comportamento ambiental e as formas com que os diversos tipos de vegetação
integram e exercem relevante influencia na conservação de energia e matéria do ambiente.
A teoria geral dos sistemas é empregada neste estudo devido a sua relevante
contribuição para compreensão integrada das partes componentes do meio ambiente. Os
geossistemas também servem como ferramenta para a definição das escalas dos fenômenos
que ocorrem na BHRC. “A questão primordial da Teoria Geral dos Sistemas é que os eventos
ocorridos têm um efeito cascata, do sistema, passando pelo subsistema e chegando à parte
componente.” (MIRANDOLA-GARCIA, P. H. 2016. p. 49)
A análise comportamental do ambiente é a linha metodológica central deste estudo,
que busca apresentar a dinâmica da cobertura vegetal local, sendo ela a base para as
correlações entre práticas de conservação e manejo do ambiente. Este estudo baseia seu
objetivo principal em utilizar o mecanismo de estudo que a análise ambiental fornece para a
gestão e o planejamento dos recursos naturais, além da possível contribuição dos dados sobre
a variabilidade e a produtividade de atividades agrícolas.
Tendo como referência os conceitos da TGS e as caracteristicas básicas dos elementos
ambientais da bacia hidrográfica, este estudo propõem utilizar aplicações em sensoriamento
remoto como principal ferramenta para obtenção dos resultados amostrais qualitativos
referentes a espacialização, forma, vigor e desenvolvimento da vegetação.
Parte importante da metodologia adotada visualiza a utilização integrada de produtos
de sensoriamento orbital, realizado por satélites arquitetados com sensores multiespectrais que
analisam e registram todas as formas de interação da radiação e da energia com os elementos
do terreno. “Dentre as inúmeras possiblidades de aplicação de dados de sensoriamento
remoto, ganham destaque os estudos relacionados à análise, detecção e monitoramento da
cobertura vegetal.” (BRAZ, A. M; ÁGUAS, T. A; MIRANDOLA-GARCIA, P. H. 2015, p.6)
O principal objetivo deste estudo avança no sentido de valorizar e ampliar a aplicação
de índices de vegetação, neste caso especifico o Índice de Vegetação por Diferença
Normalizada (NDVI no inglês), atribuídos de parâmetros qualitativos eficientes no processo
de determinação da biomassa vegetal e da dinâmica da vegetação fotossinteticamente ativa.
A escolha de uma bacia hidrográfica como recorte desta análise ambiental por meio do
sensoriamento remoto, justifica-se na ampla e já consagrada utilização deste tipo de recorte
como uma importante unidade de gestão dos recursos naturais e de planejamento ambiental
dos municípios e estados. Com olhar mais simples, a bacia hidrográfica é definida como um
conjunto de terras drenadas por um rio principal e seus afluentes (GUERRA, 1987, p. 48).
O resultado que esperasse alcançar nesta análise é a contribuição imediata para
melhoria do processo de obtenção de dados ambientais da componente vegetal com a
utilização de SIG, geoprocessamento e sensoriamento remoto, assim, promovendo o incentivo
nas possibilidades de aplicação de índices de vegetação como subsídios para avalição
ambiental dos recursos de sistemas ambientais,

2. Caracterização da área de estudo

A bacia hidrográfica do Ribeirão das Cruzes está situada na região leste do estado de
Mato Grosso do Sul e inserida na porção sul do território do município de Selvíria/MS, o
curso d’agua é afluente da margem esquerda do baixo curso do Rio Sucuriú, o principal
acesso a esta área se dá pela rodovia estadual MS-112.
A BHRC encontra-se entre as coordenadas geográficas 20° 15’ 36” S e 20° 30’ 33” S
e 52° 05’ 05” W e o 51° 45’ 58” W, apresentando altitude mínima de 275 metros e máxima de
456 metros com uma área de aproximadamente 20,863 hectares (ha) ou 212,3 Km² (Figura 1).
Fig
ura 1: Mapa de localização da área de estudo (BHRC). Fonte: Autores. (2020)

Como já destacado, a BHRC está inserida na rede hidrográfica da bacia do Rio


Sucuriú que possui suas nascentes principais localizadas nas divisas dos estados de Goiás,
Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, este curso d’agua estende-se em sentido sul-leste com seu
exutório localizado em uma confluência com a calha principal do Rio Paraná, do qual o
Sucuriú é contribuinte.
Observando este contexto espacial e geográfico, tomamos como referencial teórico
neste estudo, os geossistemas (ou Teoria Geral dos Sistemas) e sua hierarquização, desta
forma compreendemos a estrutura sistêmica do recorte da seguinte forma: Bacia Hidrográfica
do Rio Paraná (Sistema), Bacia Hidrográfica do Rio Sucuriú (Subsistema), Bacia
Hidrográfica do Ribeirão das Cruzes (Parte componente).
A BHRC tornou-se um recorte interessante e válido, pois nela se reproduzem de forma
evidente as transformações socioeconômicas da paisagem e a dinâmica ambiental sistêmica
que ocorre em maiores proporções a nível regional.

3. Referencial Teórico

A base teórica deste estudo já foi apresentada de forma geral nos itens anteriores, a
Teoria Geral dos Sistemas (TGS) desenvolvida e discutida por Bertalanffy (1968) ressalta a
interdependência e interpelação de múltiplos componentes em uma cadeia sistêmica de
processos e variações no meio ambiente que representa este todo organizado.
Deste modo, Mirandola-Garcia (2016) destaca que as partes deste todo possuem suas
características particulares e exercem determinadas formas de influência dentro do sistema.
Vale (2012) destaca os fatores que definem o comportamento e os parâmetros de
funcionamento do sistema.

Os valores obtidos através das mensurações das variáveis descrevem o


relacionamento e o comportamento do sistema em foco. A diversidade das variáveis
entre as distintas e múltiplas entidades comprova que os sistemas estão funcionando
sob o controle de fatores externos, constituintes do seu ambiente, que são os
responsáveis pelo fornecimento de matéria e energia ao sistema, estabelecendo os
parâmetros que regulam seu funcionamento. (VALE, 2012, p. 93)

A partir da TGS este estudo procura realizar uma análise ambiental baseando-se na
discussão integrada de múltiplos conceitos que se aplicam largamente em estudos geográficos
e ambientais.
Um dos principais conceitos neste estudo é a concepção de bacia hidrográfica como
unidade de planejamento ambiental, apontando sua utilidade como recorte importante para
proposições de estudo ambientais vinculados ao monitoramento das atividades que ocorrem
nestes locais e no enriquecimento de planos de manejo e conservação dos recursos naturais
remanescentes.
Segundo a definição de Tucci (1997), uma bacia hidrográfica pode ser considerada
de forma técnica como uma área de recepção natural do volume de precipitação e tem
marcadamente aspectos da morfologia do relevo (geologia e geomorfologia) na sua
conformação.
Ampliando este conceito Tucci (1997), também ressalta que para cada secção de um
curso d’agua existe uma bacia hidrográfica, desta forma bacias hidrográficas podem
representar áreas de pequenos córregos e ribeirões até rios de considerável volume de vasão,
assim, existem múltiplas escalas e consequentemente subdivisões entre bacias hidrográficas.
Somando-se a este aspecto, é de extrema importância destacar a dinâmica interna
destas unidades ou recortes, em que ocorrem interações entre os elementos de sua superfície
(rede hídrica, tipos de solos, tipos de usos). Assim, devemos considerar que muitos destes
elementos da paisagem em uma bacia hidrográfica, são inegáveis reguladores de processos
ambientais, e podemos compreender a bacia hidrográfica como um característico receptor de
fluxos e materiais, atribuindo a estas áreas o caráter sistêmico.
Outros dois conceitos centrais desta análise ambiental do comportamento pontual da
vegetação, são o sensoriamento remoto (SR) e o geoprocessamento, ambos os conceitos
integram outro conceito maior que é o de geotecnologias que correspondem a todo o amplo
conjunto de ferramentas e técnicas utilizadas para interpretação e produção de mapas.
O geoprocessamento é entendido neste estudo conforme a definição de Rodrigues
(1990), sendo uma disciplina focada na utilização integrada de ferramentas da tecnologia de
mapeamento terrestre para coleta, tratamento e manipulação de dados espaciais e ambientais.
O sensoriamento remoto tem como principal objetivo a obtenção dos produtos de
teledetecção ou imageamento terrestre com a utilização de sensores orbitais acoplados em
satélites. Para Florenzano (2011), o sensoriamento utiliza-se de técnicas de captação e registro
da energia eletromagnética refletida ou absorvida nos alvos de superfície.
Segundo Florenzano (2011), as possibilidades de detecção e caracterização das
alterações no meio físico oferecidas pelos produtos e técnicas do SR, colaboram diretamente
para observar a dinâmica ambiental e ainda auxilia na organização e tomada de planos e
estudos relacionados com a evolução da cobertura vegetal e de outros recursos.
Como já destacado, o principal eixo norteador na elaboração deste estudo de análise
ambiental é a integração dos geossistemas, das geotecnologias e o estudo da variação
comportamental da vegetação nativa e introduzida.
A resposta para esta analise integrada por ser obtida parcialmente pela percepção
fornecida integrando-se também, o conhecimento real do ambiente estudado, o arcabouço
teórico-metodológico de apoio e a criação dos cenários de avaliação constituídos no
mapeamento temático.
O último pilar conceitual e técnico desta metodologia é a apresentação e construção de
índices de vegetação que representem com maior precisão e fidelidade as interações da
radiação eletromagnética com os elementos da paisagem.
O mais conhecido e utilizado nos estudos de sensoriamento remoto da vegetação é o
Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI). Este índice é obtido através de uma
equação utilizando dados de imagens de satélite. O índice processa a avaliação da diferença
normalizada entre os dados das curvas de reflectância registradas nas bandas do vermelho
visível (RED) e do infravermelho próximo (NIR).
A aplicabilidade do NDVI é justificada por sua relativa facilidade em se obter os
dados, e a qualidade e confiabilidade destes, de modo geral, este índice fornece informações
sobre o vigor biológico, o desenvolvimento e a espacialização dos recursos vegetais em
determinada área.
Segundo os apontamentos de Jensen (2009) este é um dos tipos de índice de vegetação
que se destaca pelas vantagens que oferece no monitoramento agrícola e ambiental,
desenvolvimento vegetal e variações topográficas. A interpretação do NDVI ocorre através da
resposta que é atribuída a vegetação através de seu vigor e densidade.
O NDVI foi proposto por Rouse et al., (1973), o autor destaca como principal utilidade
deste índice, a possibilidade de reduzir influencias de outros elementos da paisagem, como
solo e relevo, além de realçar de modo marcante o comportamento da vegetação.
Contribuindo com a discussão, alguns destaques e aspectos do NDVI são apontados
por outros autores como Tucker (1979) e Debiase (1997), entre estes aspectos podem ser
destacados a facilidade do NDVI em avaliar a capacidade fotossintética de um amplo leque de
formações vegetais em diferentes estágios de desenvolvimento e o monitoramento temático,
cartográfico e digital destes recursos estipulados em variadas escalas espaço-temporais.
Shimabukuro e Ponzoni (2007) reforçam este pilar conceitual dizendo que o índice se
trata de uma ferramenta muito utilizada para monitoramento da vegetação através da
construção de perfis sazonal e temporal de suas atividades.
A criação do NDVI de cada banda utilizada, ocorre basicamente da equação do valor
obtido na subtração das respostas espectrais entre NIR e RED, que é normalizada pela
posterior soma da diferença entre estas bandas utilizadas.
Os resultados apresentados pelo NDVI produzidos pela a normalização das respostas
espectrais da vegetação, oscilam entre o intervalo de -1 que representa áreas sem nenhum tipo
de vegetação e +, que indica áreas com vegetação de diferentes tipos e formas com maiores
ou menores respostas espectrais, devido as suas caraterísticas intrínsecas e seus fatores
biológicos.
A figura 2 corresponde aos gráficos ou assinaturas espectrais das folhas de
determinada vegetação sob duas condições de desenvolvimento, pode-se observar também a
interação radiométrica da energia com o alvo nas diferentes faixas do espectro e o
comportamento espectral da vegetação nas duas situações mencionadas.
Figura 2: Diferenças nas curvas de reflectância de uma folha verde e em senescência.
Fonte: GUYOT. (1990)

O comportamento de uma folha verde geralmente é marcado por valores de


reflectância menores que 10% na região do visível que compreende as faixas do azul (440 –
485 nm), verde (500 – 565 nm) e vermelho (625 – 740 nm) e considerável aumento da
resposta na região do infravermelho próximo (760 – 1200 nm) com valores chegando a 50%
de reflectância efetivamente medida pelo sensor.
Enquanto que, o comportamento de uma folha estressada ou em senescência é
caracterizada pelo aumento gradual da reflectância na espectro visível, chegando a quase 30%
na faixa do vermelho, e segue em uma ascendente ao longo infravermelho até a encontrar seu
primeiro pico de resposta no final desta região (entre 1000 nm e 1100 nm) e se mantendo
acima de 30% e 40% em determinados pontos do infravermelho médio.
Quando se trata de analisar a dinâmica de comportamento entre a radiação medida
pelo sensor e os objetos de superfície, devemos considerar o comportamento de interação da
energia a partir das mudanças nas grandezas físicas de absortância, transmitância e
reflectância.
Na vegetação em senescência, que apresenta valores baixos de NDVI a banda que
corresponde ao vermelho visível (RED), passa a apresentar um comportamento mais propenso
a maior reflectância e menor absorção, devido a considerável diminuição da clorofila e de
outros elementos constituintes da folha.
Na banda que corresponde ao infravermelho próximo, a transmitância e reflectância
diminuem exatamente pelo fato de a vegetação analisada não apresentar vigor nas folhas e na
arquitetura do dossel.
Enquanto na vegetação verde e sadia os valores de NDVI aparecem próximos ao valor
+1. Isto ocorre na região do vermelho devido a maior absorção da radiação pelos pigmentos
fotossintetizantes da folha, e na região do infravermelho próximo os valores de reflectância e
transmitância são maiores devido a estrutura interna da folha, onde a energia atravessa a folha
e interage com a estrutura do mesófilo e das paredes celulares da folha.

4. Materiais e Métodos

A metodologia para obtenção dos resultados esperados nesta análise ambiental baseia-
se na coleta, avaliação, validação e apresentação dos dados de sensoriamento remoto.
Inicialmente, foram coletados e organizados os dados de imagens de satélite, mapas de
base, artigos, teses, dissertações e livros. O material bibliográfico deu suporte para
identificação e definição das caracteristicas ambientais gerais da área de estudo, como
geologia, pedologia e clima, alguns recursos destes materiais também colaboram na
fundamentação teórica já apresentada e na construção da metodologia descrita neste tópico.
Em relação aos materiais e produtos utilizados no processamento digital do NDVI foi
necessario a aquisição do recorte ou limite da BHRC, e da configuração da rede de drenagem
da área, esta informação foi obtida em formato vetorial (.shp) no banco de dados ambiental
primário da área de estudo.
Estes dados foram compilados originalmente no modelo digital de elevação (MDE)
disponível no banco de dados morfométricos do Brasil (TOPODATA) e gerenciado pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Outro dado obtido, e possivelmente o mais importante deles, são as imagens de satélite
que registram as caracteristicas de cobertura da terra e o comportamento dos diferentes alvos
de superfície na área de estudo no final do período úmido e início do seco no ano de 2018.
Neste estudo, optou-se pela utilização de imagens da plataforma Sentinel-2B que
oferece imagens de alta resolução (10 metros), exatamente nas duas bandas do sensor que são
utilizadas para processamento do NDVI, as bandas 4 e 8 (ver tabela 1). A escolha especifica
pela plataforma Sentinel-2B não se justifica apenas na boa resolução espacial e espectral, mas
também pela modernização de captação e imageamento do seu sensor multiespectral
denominado de MSI e por ser um dos satélites de dados gratuitos mais recentes a ser lançado.
As imagens utilizadas foram obtidas na plataforma digital Copernicus Hub que trata-se
de uma banco de dados específico de armazenamento, visualização e aquisição das imagens
do programa Sentinel-2. Na tabela 1 estão relacionados o conjunto de bandas obtidas no
levantamento de dados, e materiais utilizados na criação do índice de vegetação.

Tabela 1: Relação de bandas utilizadas na metodologia.


Nome Banda Data nmC* Nível/Orbita Formato
T22KCC + T22 KDC Banda 4 11/04/2018 665 1C/124 JP2
(20180411T201448) (RED)

T22KCC + T22 KDC Banda 8 11/04/2018 883 1C/124 JP2


(20180411T201448) (NIR)

Fonte: Autores.
nmC*= comprimento de banda central

A busca pelas imagens seguiu o critério de sazonalidade climática durante o ano de


2018 delimitou-se o recorte temporal da busca entre o início do mês de abril e final do mês de
maio de 2018. Estes representam os meses, em que sazonalmente termina o regime maior de
chuvas na região, e inicia-se o chamado período seco com o indicativo do período marcado
com menores valores de precipitação diários ou mensais, e que por característica, estende-se
por 5 a 6 meses na região leste do estado do Mato Grosso do Sul.
Devido a posição da área de estudo, e a configuração de imageamento das cenas do
satélite, foi necessária a aquisição de duas cenas vizinhas para comtemplar adequadamente
todo o recorte.
As cenas do início do período seco datam de 11 de Abril de 2018, está delimitação
temporal foi utilizada como apoio na escolha das imagens e foi determinado por meio de
consulta aos gráficos de pluviosidade mensal produzidos para o ano de 2018 pelo Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET), que indicou exatamente nesta época do ano a já
mencionada redução de precipitação para região onde a BHRC está inserida.

Pré-processamento das imagens Sentinel-2B

Neste item metodológico será descrito o passo a passo para a preparação das imagens
que serão processadas posteriormente. A etapa de pré-processamento colabora com a
adequação dos dados ambientais adquiridos em diferentes fontes.
Cada dado possui uma estrutura e caracteristicas diversas, seja por sua escala, sistema
de referências ou formato de saída. Neste sentido, o pré-processamento funciona como forma
de padronizar ou dinamizar estas informações possibilitando o seu posterior processamento de
forma pratica e definitiva.
Os procedimentos de pré-processamento foram realizados com a utilização do Sistema
de Informações Geográficas (SIG) QGIS 3.6 Noosa®, este é um SIG de código aberto e
gratuito para usuários de geoprocessamento, o mesmo pode ser obtido na página oficial do
desenvolvedor (https://qgis.org/en/site/forusers/download.html).
O primeiro passo é o carregamento no SIG das imagens com as bandas que serão
utilizadas, as duas cenas vizinhas das bandas 4 e 8 devem ser carregadas no SIG.
Optou-se por realizar primeiro, o mosaico das cenas que comtemplam a BHRC com o
intuito de facilitar as etapas seguintes de pré-processamento. O mosaico de imagens pode ser
construído de forma simples com a utilização da ferramenta de criação no comando ‘Raster >
Miscelânia > Construir raster virtual’.
O mosaico serve como ferramenta para realizar essa junção entre imagens vizinhas,
como é sabido os satélites realizam o imageamento orbital da superfície por meio de cenas
com dimensões determinadas criando assim um complexo grid de imagens para grande parte
da superfície terrestre.
O próximo passo é o registro das imagens já mosaicadas, este processo também é
conhecido como reprojeção de camada raster, e consiste na mudança do sistema de
coordenadas e referências (SCR) das bandas.
Segundo Crósta (2001) as transformações realizadas no registro das imagens são
essenciais para que ocorra maior precisão cartográfica da representação, visando reduzir as
distorções presentes em fenômenos e objetos da superfície.
A reprojeção pode ser realizada utilizando o menu de ferramentas e algoritmos para
processamento de arquivos tipo raster. Basta seguir o comando ‘Raster > Projeções >
Reprojetar coordenadas’.
Originalmente as imagens produzidas pela plataforma Sentinel-2 tem seu tipo de
projeção cartográfica em coordenadas geográficas, o Datum original é o WGS 84.A
reprojeção precisa converter este sistema de projeção para as coordenadas planas com Datum
final de saída como SIRGAS 2000 latitude 22, hemisfério Sul.
O terceiro passo é chamado de correção ou conversão radiométrica, e transforma os
níveis de cinza ou números digitais (DN) da imagem em valores de reflectância, estes valores
são essenciais para o cálculo da diferença normalizada entre as respostas de reflectância
espectral da vegetação no RED e no NIR.
Este processo é realizado com a utilização do complemento Semi-automatic
Classification Plugin (SCP), disponível no QGIS 3.6 Noosa®. Após a instalação do SCP é
preciso acessar as ferramentas de pré-processamento em ‘SCP > Preprocessing> Sentinel’,
preencher os parâmetros e executar a conversão.
Com as imagens registradas, unidas e com DN convertido, o último passo do pré-
processamento é a extração do recorte que corresponde a área da Bacia Hidrográfica do
Ribeirão das Cruzes, desta forma é possível proporcionar a redução de tempo no cálculo do
NDVI.
A delimitação da área de interesse nas bandas que estão sendo utilizadas pode ser
executada na ferramenta ‘Raster> Extrair> Recortar pela camada mascara’. No final do pré-
processamento é preciso ter como resultado as bandas RED e NIR delimitadas e com seus
dados radiométricos em valores de reflectância.

Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI)


O primeiro passo para obtenção do NDVI é possuir as imagens da área de estudo pré-
processadas e delimitadas para realizar-se a equalização e normalização da diferença de
respostas, e obter-se assim, a análise dos comportamentos dos alvos nos dois campos
espectrais que as imagens estão inseridas.
Os parâmetros e a formula de processamento do NDVI podem ser definidos na
calculadora raster do QGIS 3.6®, entre os critérios que devem ser definidos estão os de
resultados do raster, ou seja, a camada de saída e o formato da camada (.geotiff), o mais
importante parâmetro é a equação do NDVI que deve ser inserida no campo de expressões da
calculadora.
Shimabukuro e Ponzoni (2017) explicam que a obtenção do NDVI pode ser aplicada
segundo os critérios estabelecidos na seguinte formula:

NDVI = (Infravermelho Próximo – Vermelho Visível) /


(Infravermelho Próximo + Vermelho Visível)

Em ambiente SIG este processo é executado na calculadora raster como: (banda 8 –


banda 4/banda 8 + banda 4), desta forma os valores de reflectância das bandas do RED e do
NIR serão calculados e o resultado da equação indicada os valores de diferença normalizada
em uma escala (-1 a +1).
A figura 3 apresenta parte dos dados utilizados no processamento e também o
resultado do processo descrito.

Figura 3: Recorte da banda 8 (Esq.), banda 4 (Cen.) e resultado do NDVI geral (Dir.)

Os buffers amostrais foram estabelecidos nesta metodologia como ferramenta de


analise ambiental pontual do comportamento de determinadas formações vegetais e
ocupações da terra. Os buffers serão utilizados como camada mascara no recorte dos pontos
amostrais, e na avaliação e descrição detalhada dos resultados.
Os buffers foram criados a partir da posição das coordenadas de cada ponto e
possuem 1 km de raio e aproximadamente 3 Km² de área total. Nas ferramentas de
geoprocessamento de arquivos vetoriais é possível realizar a criação dos buffers de distância
fixa.
O agrupamento ou reclassificação dos atributos do arquivo raster com o resultado do
NDVI, serve como facilitador na avaliação quantitativa dos resultados obtidos. Esta
classificação foi aplicada seguindo intervalos de -0,5 para resultados abaixo de 0 no índice, e
intervalos de 0,25 em resultados positivos, o detalhamento de classes foi maior nos resultados
positivos, pois o objetivo foi o de melhor detalhar a resposta e o comportamento da
vegetação.
A reclassificação é realizada com a ferramenta ‘recode’, baseando-se em regras de
interpolação e agrupando dos valores em determinados intervalos de classes em números
inteiros.
A figura 4 expressa os resultados do processo de criação dos buffers amostrais e da
reclassificação e agrupamento do NDVI em intervalos determinados.

Figura 4: Resultado do cálculo do e agrupamento do NDVI na área de estudo.

Foram recortados os dois arquivos com os resultados do índice na bacia hidrográfica, o


arquivo vetorial dividido em classes foi útil na construção dos resultados das tabelas, em que
estão mensurados quantitativamente a ocupação (m2 e %) e a representatividade dos
conjuntos de valores do índice na área de cada ponto amostral apresentado.
O arquivo raster foi utilizado para representar tematicamente a distribuição do índice
nos pontos amostrais sem o agrupamento dos valores, como forma de não generalizar a
representação visual dos resultados.

5. Resultados e Discussão

A análise ambiental baseada nos parâmetros de desenvolvimento da vegetação,


mostrou-se eficaz quando utilizada de forma integrada com ferramentas fornecidas pelo
sensoriamento remoto, e discutidas com apoio de múltiplos conceitos do ciclo e
funcionamento sistêmico do ambiente.
Os resultados gerais apresentam o valor do NDVI na totalidade da BHRC, com
mínima em -0.41 (corpos d’agua) e máxima de 0,92 (áreas de silvicultura e vegetação nativa).
Uma das principais avaliações positivas quem podem ser feitas na utilização desta ferramenta,
é a identificação das variações dentro das classes positivas do índice, estas seguem padrões
sazonais e espaciais, refletindo-se nas variações fenológicas dos diversos tipos de vegetação.
Fatores como presença de água no solo, tipos de solos, densidade e padrão do plantio,
formato do dossel e as formas de desgastes e impactos naturais ou ocasionados são critérios
essenciais para dar lastro a uma análise ambiental da vegetação por meio de índices.
A principal tendência do NDVI na amostragem por pontos é que a estação de
crescimento de usos como, silvicultura e pastagens tiveram proporção direta no aumento do
valor positivo do índice.
Estudos como o de Melo (2008) e Melo et al. (2011) destacam que essa variação está
relacionada ao aumento da atividade fotossintética da vegetação no seu período inicial e
médio de crescimento, assim altos valores de NDVI neste estudo indicam altas densidades de
nova vegetação sadia e alta atividade fotossintética de vegetação em desenvolvimento.
Sem dúvida o comportamento do NDVI em todos os pontos amostrais, apontou a
tendência de assimilar mais próximo a +1 as áreas com resposta espectral maior na banda do
infravermelho próximo, e em alguns dos casos este tipo de vegetação caracterizou-se por
ainda estar em processo de desenvolvimento e não representar necessariamente um tipo de
vegetação bem desenvolvida. Vale ressaltar que o fator de densidade, espécie e presença de
água, contribuem para a variação dos valores do índice também na vegetação verde.
Os resultados indicam forte correlação da qualidade de resposta da vegetação
introduzida (silvicultura e pastagem) com a presença de umidade, com a homogeneidade e
com o estágio de desenvolvimento da ocupação.
No caso da Silvicultura a variação do NDVI ocorreu conforme caracteristicas
relacionadas a densidade do dossel, proximidade com curso d’agua e tipos de espécies e
estagio de crescimento (idade) do plantio dos eucaliptos, em todos os pontos com presença de
Silvicultura este tipo de uso manteve sua resposta superior a 0.5.
Nas áreas com vegetação do tipo pastagem a tendência foi semelhante, porém a
avaliação da resposta dos diferentes tipos de pastos plantados ou naturais se torna mais
complexa, existem muitas condições que precisam ser consideradas na avaliação das
formações de vegetação campestre, naturalmente menos densa e desenvolvida.
Alguns podem ser, por exemplo, se o pasto é natural ou plantado, a época que foi
plantado, os tipos de vegetação plantadas, os tipos de solo da área, a localização destas áreas,
além de outros desgastes que influenciam no desenvolvimento do vegetal, como a própria
atividade de pastoreio do gado.

Ponto Amostral 1

O ponto amostral 1 está localizado nas coordenadas Lat. 51º 56’ 49’’O, e Long. 20º
26’ 33’’S, ele é o primeiro entre seis pontos em que foram inseridos os buffers de distância
fixa, utilizados como recortes amostrais para análise ambiental da vegetação pelo NDVI.
Neste ponto não houve valores negativos no índice, os maiores valores foram registrados em
dosséis de talhões de eucaliptos e em alguns faixas descontinuas de vegetação. (Tabela 2)

Tabela 2: Classes do NDVI obtidas nos usos da terra do ponto amostral 1 (BHRC).
NDVI Área Área Uso
(-1 / +1) (m2) % Predominante
0 – 0.25 5.301 0% Solo Exposto (Estradas)
0.25 – 0.5 126.840 4% Áreas úmidas
0.5 – 0.75 1.713.832 57% Pastagens
0-75 – 0.87 1.174.835 39% Silvicultura
Fonte: Autores. (2020)

A figura 5 representa a carta de distribuição do NDVI no buffer amostral analisado


para o ponto 1, a interpretação do índice aponta valores próximos a 0 em estradas e em meio a
áreas de pastagem, valores superiores a 0,5 indicam pastagens mais desenvolvidas ou com
maior ou menor umidade, e os valores próximos ao máximo de 0,87 ocorrem
majoritariamente em machas de silvicultura e em menor quantidade em vegetação nativa.
Figura 5: Amostragem do NDVI no ponto 1 da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Cruzes.

Ponto Amostral 2
O ponto amostral 2 está localizado nas coordenadas Lat. 51º 55’ 67’’O, e Long. 20º
23’ 53’’, neste ponto os valores com menor resposta seguiram a tendência geral do índice e
remeteram para áreas sem vegetação e com presença de processos erosivos. O buffer amostral
registrou grandes plantações de eucaliptos e uma faixa bem desenvolvida de áreas de
preservação permanente (APP’s), os maiores valores foram registrados de forma homogênea
entre faixas de silvicultura e vegetação aluvial mais densa. (Tabela 3)

Tabela 3: Classes do NDVI obtidas nos usos da terra do ponto amostral 2 (BHRC).
NDVI Área Área Uso
(-1 / +1) (m2) % Predominante
0 – 0.25 7.003 0% Solo exposto (Erosões)
0.25 – 0.5 112.986 4% Áreas úmidas
0.5 – 0.75 1.234.953 41% Silvicultura
0-75 – 0.88 1.630.106 55% Silvicultura
Fonte: Autores. (2020)

A figura 6 representa a carta de distribuição do NDVI no buffer amostral para o


ponto 2, a interpretação do índice indica valores próximos a 0 de resposta em áreas com
processo de ravinamentos e erosões de margem do canal, estes processos erosivos ocorrem
pouco na área de estudo, devido a característica predominantemente plana do relevo; os
índices de 0,25 a 0,5 indicam áreas de várzeas desenvolvidas e os valores próximos a 0,75 e
ao máximo registrado de 0,88 ocorrem em grande parte em machas diferentes de silvicultura e
em faixas de vegetação nativa aluvial.
Figura 6: Amostragem do NDVI no ponto 2 da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Cruzes.

Ponto amostral 3

O ponto 3 amostral está localizado nas coordenadas Lat. 51º 54’ 18’’O, e Long. 20º
20’ 55’’ S, este buffer apresentou grande proporção de usos de silvicultura, a área como um
todo possui vegetação adensada e apresentou grande proporção de índices acima de 0,75, o
buffer amostral registrou grandes plantações de eucaliptos e uma faixa desenvolvida de áreas
de preservação permanente (APP’s), os maiores valores foram registrados de forma
homogênea entre faixas de silvicultura e vegetação aluvial densa e os menores valores
ocorreram em talhões recém cortados de eucaliptos e áreas com solo em pousio. (Tabela 4)

Tabela 4: Classes do NDVI obtidas nos usos da terra do ponto amostral 3 (BHRC).
NDVI Área Área Uso
(-1 / +1) (Km2) % Predominante
0-0 – 0.25 4.802 0% Solo em pousio
0.25 – 0.5 185.876 6% Solo em pousio
0.5 – 0.75 618.062 21% Vegetação nativa
0-75 – 0.89 2.198.864 73% Silvicultura
Fontes: Autores. (2020)

A figura 7 representa a distribuição do NDVI no buffer amostral analisado do ponto


3, a interpretação indica valores inferiores a 0,5 em áreas de estradas de serviço, solo em
pousio e de áreas recém cortadas, e os valores superiores a 0,5 no NDVI são referentes a
amplos e diferentes plantios de eucaliptos e muito próximos estão faixas de vegetação nativa.
Figura 7: Amostragem do NDVI no ponto 3 da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Cruzes.

Ponto amostral 4

O ponto 4 amostral está localizado nas coordenadas Lat. 51º 52’ 05’’ O, e Long. 20º
19’ 14’’ S, este buffer apresentou valores negativos relacionados a presença de açudes e
tanques de dessedentação do gado, a tendência de comportamento da água no NDVI sempre
segue valores negativos, além disto este é um ponto amostral sem a presença de eucaliptos no
entorno e com a maior parte da resposta do índice caracterizados por pastagens. (Tabela 5)

Tabela 5: Classes do NDVI obtidas nos usos da terra do ponto amostral 4 (BHRC).
NDVI Área Área Uso
(-1 / +1) (m2) % Predominante
-0.25 – 0 1.793 0% Água
0 – 0.25 1.954 0% Áreas úmidas
0.25 – 0.5 67.997 2% Pastagens
0.5 – 0.75 2.099.907 70% Pastagens
0.75 – 0.87 834.603 28% Vegetação nativa
Fontes: Autores. (2020)

A figura 8 representa a distribuição do NDVI no buffer amostral do ponto 4, os


valores inferiores a 0 estão ligados a presença de agua em um açude; a predominância de
valores superiores a 0,5 são de plantios extensos de pastagens, e os valores máximos de NDVI
correspondem a fragmentos de vegetação nativa e manchas de pastos mais verdejantes.
Figura 8: Amostragem do NDVI no ponto 4 da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Cruzes.

Ponto Amostral 5

O ponto amostral 5 está localizado nas coordenadas Lat. 51º 51’ 02’’O, e Long. 20º
19’ 48’’, praticamente ao lado do buffer amostral anterior, nesta área ocorre um equilíbrio
maior entre a presença de eucaliptos e pastagens que dividiram os maiores valores do índice e
de ocupação da área. (Tabela 6)

Tabela 6: Classes do NDVI obtidas nos usos da terra do ponto amostral 5 (BHRC).
NDVI Área Área Uso
(-1 / +1) (m2) % Predominante
0 – 0.25 4.025 0% Água
0.25 – 0.5 22.977 2% Pastagens
0.5 – 0.75 1.752.635 57% Pastagens
0-75 – 0.91 1.243.398 41% Silvicultura
Fontes: Autores. (2020)

A figura 9 apresenta o penúltimo ponto amostral da BHRC este ponto reforça todas as
análises já discutidas até o momento e serve principalmente como contraponto a amostragem
anterior, por apresentar silvicultura e ter muito menos vegetação nativa do que em relação ao
anterior, demonstrando novamente a qualidade do índice no detalhamento da produção de
biomassa da vegetação e estimativa de área plantada.
Figura 9: Amostragem do NDVI no ponto 5 da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Cruzes.

Ponto Amostral 6

O ponto 6 amostral está localizado nas coordenadas Lat. 51º 51’ 18’’ O, e Long. 20º
18’ 17’’ S, o domínio dos usos como pastagens/pecuária marcam esta última amostragem,
principalmente ao seu valor característico no NDVI que varia entre 0,25 e 0,75, os valores
acima desta média marcam a vegetação nativa desenvolvida e em desenvolvimento. (Tabela
7)

Tabela 7: Classes do NDVI obtidas nos usos da terra do ponto amostral 6 (BHRC).
NDVI Área Área Uso
(-1 / +1) (m2) % Predominante
-0.25 – 0 1.800 0% Água
0 – 0.25 2.000 0% Solo exposto
0.25 – 0.5 47.220 2% Pastagens
0.5 – 0.75 2.516.938 84% Pastagens
0-75 – 0.89 432.565 14% Vegetação nativa
Fontes: Autores. (2020)

A figura 10 apresenta outros elementos importantes e que se repetem no


comportamento do NDVI para bacia hidrográfica do Ribeirão das Cruzes, como a marca
negativa -0,1 indicando a presença de pequenos corpos d’agua, e novamente a forte resposta
da assinatura de determinadas espécies de gramíneas da atividade pecuária, mesmo que pouco
desenvolvidas.
Figura 10: Amostragem do NDVI no ponto 6 da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Cruzes.

Neste estudo, os resultados apontam que a variação do NDVI não é apenas um


excelente critério para avaliação ambiental da qualidade vegetal, mas também pode e deve ser
utilizado como suporte as atividades de processamento digital de imagens, com objetivo de
reconhecimento e de produção de mapas de uso e cobertura da terra.
O NDVI pode contribuir como ferramenta de validação das classes e como indicador da
estratificação e das subdivisões da vegetação em seus diferentes estágios de evolução
biológica.
Segundo Gamarra et al., (2015) reforçando as possibilidades observadas e apontadas
neste estudo, o NDVI também é eficaz na avaliação da variabilidade ecológica e das
produtividades das culturas agrícolas. A relação numérica deste índice de vegetação indica de
forma precisa o processo ecológico de interação da radiação fotossintética, e de forma oposta
também pode revelar impactos ambientais de estresse e desgastes na dinâmica ambiental da
área.
Os valores do índice inferiores a 0, portanto classificados como negativos, tanto na área
total da BHRC quanto em alguns pontos amostrais foi indicado pela presença de corpos
d’agua (açudes, represas, ribeirões e rios)
As áreas classificadas como resposta baixa (0 – 0,25) em uma leitura geral podem
indicar áreas com muito pouco ou nenhum tipo de vegetação, ocupadas geralmente por
processos erosivos, solo exposto, bancos de areia, estradas e outros tipos de infraestruturas
humanas.
A terceira classe obtida foi denominada de média (0,25 – 0,5) são compostas por
pastagens menos desenvolvidas ou mais desgastadas, áreas de solo em pousio ou com culturas
recém-plantadas ou recém-colhidas, e também por faixas com vegetação característica de
transição entre solos mais e menos úmidos, chamadas de áreas úmidas.
A quarta classe da amostragem no NDVI é a média-alta (0.5 – 0,75), analisando os
buffers amostrais deste estudo em comparação ao comportamento geral da área, podemos
indicar com confiança que essa é uma das faixas de valores com mais representatividade,
variabilidade e dinâmica no ambiente em análise.
Ela representa diferentes tipos de vegetação nativa, de diferentes biomas e em variados
estágios de desenvolvimento, representa também faixas com cultivos de eucaliptos com
diferentes estágios e padrões de plantios e de espécies. Além disto, também representa
diferentes padrões de textura e desenvolvimento em pastagens, variando entre áreas mais e
menos fotossinteticamente ativas.
Esta variação na resposta das pastagens ao NDVI também pode ocorrer graças a
vegetação rasteira sofrer influência maior da variação do relevo, dos tipos de solo e da
disponibilidade hídrica.
A quinta classe também teve grande variedade de elementos, porém, mais em suas
formas do que em suas dinâmicas, esta classe foi definida como alta (0,75 – 0,91), analisando
os buffers amostrais percebemos que ocorreu uma leve variação entre os valores de pico do
NDVI em cada uma das áreas amostrais (0,87 a 0,91).
Ressaltamos que esta última classe de agrupamento do índice de vegetação também
apresentou grande ocupação da área. A variedade de elementos, indicou a presença de
fragmentos florestais de áreas de Vegetação Aluvial (APP), de Veredas, Savanas Florestadas
ou de Floresta Estacional Semi Decidual em estágio avançado de desenvolvimento, com alta
fotossíntese e produção de biomassa, estas áreas também representam cultivos de eucaliptos
em estagio médio ou avançado de produção.
Compreende-se, portanto, que as respostas obtidas na avaliação do Índice de Vegetação
por Diferença Normalizada, retratam com grande acurácia as características e o
comportamento da vegetação analisada. Ressalta-se a validade da metodologia utilizada,
baseada em caracterização e amostragem de pontos de interesse e processamento de dados
orbitais em SIG, utilizando-se de técnicas integradas e complementares de geoprocessamento
e sensoriamento remoto da vegetação.
Concluímos este estudo, indicando de forma positiva a contribuição dos procedimentos
teóricos e metodológicos de caracterização e análise ambiental. Os resultados obtidos
representam possíveis indicações de análise do comportamento da vegetação, considerada
pelos autores uma componente chave nos geossistemas e comum e recorrente a grande parte
das paisagens e recortes de estudos ambientais.
Com isso, finalizamos exaltando a importância do monitoramento sazonal-ecológico e
geoambiental da dinâmica e evolução, tanto em relação aos processos que ocorrem nos
componentes naturais do meio (água, solo, vegetação), assim como, parâmetros e indicadores
importantes em atividades econômicas agrícolas e demais atividades antrópicas no sistema
ambiental.

Agradecimentos

Referências bibliográficas

PONZONI, F. J.; SHIMABUKURO, Y. E. Sensoriamento Remoto no Estudo da


Vegetação. Sãfio José dos Campos: Parêntese, 2009.

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