Você está na página 1de 14

Debate missão integral

Antônio C. Costa
19 de Setembro de 2016 · 

TENTAÇÕES DA MISSÃO INTEGRAL


1. Ignorar o chamado à evangelização do mundo.
Obsessão com a injustiça social em detrimento da preocupação com a injustiça
pessoal. A primeira, inviabiliza a relação do homem com o seu semelhante. A
segunda, inviabiliza a relação do homem com o seu Criador.
2. Perder de vista o fato de que o pobre é pecador.
A pobreza não é virtude. Não torna o ser humano imune ao pecado.
Responsabilidade diminuída não é o mesmo que responsabilidade eliminada.
3. Relativizar o aspecto privado da ética cristã.
Vivi muito essa tentação. Você chega de uma favela na qual dez foram
executados. Descobre na cidade esquema de corrupção que sangra os cofres
públicos e impede verba pública de chegar às áreas carentes. Percebe o lado
hediondo do sistema econômico. Toma conhecimento das relações de poder. A
vontade é de circunscrever o pecado a apenas esse tipo de maldade
monumental.
4. Tornar-se marxista.
O marxismo é uma religião secular profundamente atraente para o militante da
missão integral. Por falar muito em injustiça social, pode levar o cristão sincero
a não perceber que o que prescreve como solução aos males do capitalismo
não é tão bom quanto à crítica que faz às injustiças do capitalismo. Nunca
devemos nos esquecer do fato que o marxismo vê Cristo, moral cristã, céu,
Bíblia, igreja, culto, como frutos de relações econômicas sem nenhum fundamento
na realidade dos fatos. Jogo de poder puro. Os detentores do poder usando a
religião para justificar a opressão do trabalhador. Marx se enganou. Weber o
corrigiu. A pregação do evangelho acompanhada de ensino sólido, que mostre
as implicações político-sociais do cristianismo, pode liberar energia capaz de levar
cristãos verdadeiros a lutarem tanto contra totalitarismo de direita, quanto contra
totalitarismo de esquerda. E isso a partir da mais alta motivação possível: a
glória de Deus.
5. Pregar de modo soberbo e amargo.
Viver a insultar quem pensa de modo diferente, julgar que quem não vê a
vida em termos de luta de classe trabalha para o sistema de exploração do
pobre, desmerecer o trabalho de crentes fiéis que ainda não entenderam os
pressupostos teológicos da missão integral. Cuspirem no próprio prato, pois
muitos foram levados a Cristo por pregadores que nada sabiam sobre
missão integral.
6. Pastorear igreja que não cresce e não se perturbar com isso.
Chegar à conclusão que a igreja não aumenta em número porque sua
mensagem representa verdadeiro golpe nas ambições da burguesia, quando na
verdade a igreja deixou de batizar pessoas pelo fato de o pregador não
anunciar mais o evangelho, deixando de conclamar a igreja a levar as boas
novas aos que não sabem para aonde vão depois da morte.
7. Usar o púlpito para falar desmedidamente sobre política.
Tornar-se monotemático. Mandar no culto de domingo mensagem para a classe
governante. Falar sobre o que pouco conhece. Deixar de pregar expositivamente.
Permitir que a pregação seja mais pautada pelo jornal do que pela Bíblia.
8. Acreditar que pelo fato de pregar sobre o pobre está servindo ao pobre.
Dar voz a quem não conhece. Falar sobre pobreza sem estar na favela. Pregar
mensagem que nem o pobre entende. Deixar o pobre só, nas ocasiões em que
ficar do lado dele representa risco de vida.
9. Envolver-se com política partidária.
Essa é uma coisa que o membro da igreja pode fazer. Mas, como fica a vida
de um pregador que usa da sua influência para levar pessoas a aderirem ao
seu partido político numa igreja na qual pessoas das mais diferentes linhas
ideológicas congregam? Como evitar que seu compromisso com a justiça não
seja contaminado pela sua preferência partidária?
10. Ser mais versado em ciência política do que em teologia sistemática.
A igreja espera ter como pastor um pregador bom de Bíblia. Capaz de fazer
leitura sobre as demais disciplinas do pensamento a partir do enquadramento
intelectual da boa teologia sistemática, que tem a teologia bíblica como
fundamento. Se a sua paixão é ciência política e não a exposição das
Escrituras, largue o púlpito, pois nem só de pão viverá o homem, mas de toda
palavra que procede da boca de Deus.
Antônio Carlos Costa

EQUÍVOCOS PIEDOSOS. Uma reflexão sobre um texto de Antônio Carlos Costa

NOVOS DIÁLOGOS·TERÇA-FEIRA, 20 DE SETEMBRO DE 2016

Por Alessandro Rocha

O texto "TENTAÇÕES DA MISSÃO INTEGRAL", escrito por Antônio Carlos Costa, é um texto

a ser considerado por quem gosta de teologia, sobretudo para quem se aplica à Teologia

da Missão Integral. A seriedade do texto é emprestada pelo autor que é alguém que vive o

serviço e a piedade.

Como análise teológica é bastante parcial e caricato. Para ser mais preciso, o texto fica

entre o respeito de quem experimenta a dor dos que sofrem e a desconfiança típica do

neoconservadorismo.
Exatamente por isso gostaria de refletir sobre os equívocos piedosos presentes no texto.

Farei isso como quem quer apresentar o contraditório para o enriquecimento do debate

teológico. Percorrerei um por um os dez pontos (tentações) apresentados pelo autor.

1) A primeira tentação, segundo Antônio Carlos, é "Ignorar o chamado à evangelização do

mundo". Por piedade, o autor incorre no equívoco clássico do dualismo antropológico

(que será marca de todo seu texto). Injustiça social e injustiça pessoal estão separadas

como se fosse possível cuidar de uma descuidando da outra. Ao dizer que uma atenta

contra a “relação do homem com seu semelhante” e a outra contra a “relação do

homem com o seu Criador”, o autor ignora o imperativo não dualista de que o amor a

Deus se realiza no amor ao semelhante (quem faz a um dos meus pequeninos, faz a mim).

2) A segunda tentação apontada é "Perder de vista o fato de que o pobre é pecador". Aqui

a piedade extrapola a capacidade mínima de percepção do ethos da Teologia da Missão

Integral. Essa é uma teologia conservadora, conversionista, onde o tema do pecado (e

certa confusão do pecado com incorreção moral) ainda exerce papel decisivo. Penso que o

autor tem no horizonte a Teologia da Libertação (ou a caricatura feita sobre ela) quando

fala de certa santificação ontológica do pobre.

3) A terceira tentação é "Relativizar o aspecto privado da ética cristã". Mais uma vez o

dualismo presente na reflexão do reverendo Antônio Carlos aparece. Não que não seja

importante perceber as dimensões que a ética pode abarcar (coletiva e pessoal, objetiva e

subjetiva). Sim, há dimensões a serem observadas, mas não como rivais entre si mesmas.

Mais uma vez o autor traz o tema do pecado para a conversa dizendo que o risco é não

mais nomear o pecado individual em nome do maior esclarecimento sobre o pecado

estrutural. Numa perspectiva dialógica tais nomeações ocorrem concomitantemente à

medida que cada uma delas é enfrentada em sua urgência.

4) A quarta tentação que a Teologia da Missão Integral está sujeita, segundo o autor, é

"Tornar-se marxista". Aqui a caricatura alcança sua expressão máxima. Piedosamente o

autor observa o risco da idolatria que está na relação com o marxismo. Isso porque ele cai

na velha cantilena anticomunista (embalada pelo fundamentalismo) que compreende

marxismo como religião secular. Quando o autor diz que "Nunca devemos nos esquecer

do fato que o marxismo vê Cristo, moral cristã, céu, Bíblia, igreja, culto, como frutos de

relações econômicas sem nenhum fundamento na realidade dos fatos", ele mostra sua
(verdadeira?) intencionalidade apologética. O equívoco fundamental aqui é a

incapacidade de perceber no marxismo um instrumental de análise da realidade como

qualquer outro. Ao lançar mão de certo instrumental teórico não me torno membro de

certa seita, apenas aplico recursos disciplinares e interdisciplinares à tarefa teológica. Um

teólogo que lança mão de Aristóteles, Adam Smith, Marx ou outro teórico, está

estabelecendo mediações para a reflexão teológica, somente isso.

5) A quinta tentação é "Pregar de modo soberbo e amargo". "...Viver a insultar quem pensa

de modo diferente...": assim Antônio Carlos apresenta a tentação da soberba que se

encontra diante da Missão Integral. Bem, essa não é uma tentação que a Teologia da

Missão Integral estaria sujeita, mas a que todos os seres humanos estão sujeitos. A

soberba de achar que quem não lê o mundo de mesma forma é menor que eu, aparece no

calvinismo, no arminianismo, no liberalismo, no pentecostalismo ... em suma, aparece

onde existam pessoas. Destacar tal tentação como inerente à Teologia da Missão Integral

é, de certa maneira, destacar negativamente a própria Teologia da Missão Integral do

meio das demais agremiações teológicas. Isso não é honesto.

6) A sexta tentação é de ordem pragmática: "Pastorear igreja que não cresce e não se

perturbar com isso". Parece até tema de workshop de encontro sobre Igreja com

Propósito. Vivemos num contexto eclesiástico pragmático, onde ministros precisam ser

aprovados em seus ministérios; e o critério principal para isso é o crescimento numérico de

suas comunidades. Essa tirania da performance, embalada piedosamente em alguns textos

bíblicos, torna-se vocação e santidade dos ministros. É certo que o crescimento é o

resultado de uma comunidade viva; contudo, a falta dele também pode ser uma evidência

de saúde (porque muitas vezes o que chamamos de crescimento não apresenta as

características necessárias para sobreviver às exigências do evangelho).

7) A sétima tentação é "Usar o púlpito para falar desmedidamente sobre política". Aqui

aparece de forma claríssima a paixão de um pregador puritano que ama a pregação e,

sobretudo, a pregação expositiva. Mais uma vez o dualismo turva a análise. Se o problema

é falar "demasiadamente sobre política", falar sobre política não é o problema. Agora

quem é que mede o falar aceitável e o falar demasiado? Qual fala é política e qual não é? O

que é por fim uma fala política? O que é política? Parece que o autor elege certas falas

como sendo políticas e nelas enxerga a demasia. Pregar expositivamente sobre a Escritura
não seria ter de falar da política como elemento presente nas mais diversas dimensões da

vida? Seria possível pregar um só texto dos evangelhos sem falar de alguma maneira em

política?

8) A indicativa da oitava tentação brota de um coração entregue ao serviço pastoral:

"Acreditar que pelo fato de pregar sobre o pobre está servindo ao pobre". Aqui estamos

mais uma vez diante de uma tentação que não é privilégio da Teologia da Missão Integral,

mas de toda teologia, que não podendo se esquivar da amizade de Jesus pelos pobres, se

vê tentada a resolver no discurso aquilo que não está disposta a enfrentar na vida

concreta. Se isso em si já é terrível, poderia ser ainda pior: nem mesmo no nível do

discurso acolher o tema da pobreza. E há muita teologia que procede dessa maneira.

9) A nona tentação parece que tem endereço pré-destinado: "Envolver-se com política

partidária". Essa não é uma prática da Teologia da Missão Integral enquanto movimento,

mas de algumas pessoas em particular (para quem eu desconfio que esse item esteja

endereçado). O reverendo Antônio Carlos diz que "Essa é uma coisa que o membro da

igreja pode fazer. Mas, como fica a vida de um pregador que usa da sua influência para

levar pessoas a aderirem ao seu partido político...?". Vê-se com isso que a tal tentação tem

CEP garantido. Se for assim é preciso fazer notar que o todo não pode ser tomado por

uma de suas partes. Para além da disputa personalíssima que parece figurar aqui, o alerta

do autor se dirigiria com mais propriedade aos conglomerados evangélicos que se

encontram por trás das bancadas de vereadores, deputados estaduais e federais,

senadores e outros de funções executivas.

10) Na décima tentação aparece com toda força o perfil puritano do autor: "Ser mais

versado em ciência política do que em teologia sistemática". O título é um ato falho. A

fixação com a (velha) teologia sistemática não se expressa na explicação do item. O que o

autor chama a atenção é que "A igreja espera ter como pastor um pregador bom de Bíblia.

Capaz de fazer leitura sobre as demais disciplinas do pensamento a partir do

enquadramento intelectual da boa teologia sistemática". A piedade aqui camufla o que

todo estudante de teologia mediano sabe: as ciências, sobretudo as humanas e sociais,

são constitutivas de nossas hermenêuticas. Então não caberia dizer "Se a sua paixão é

ciência política e não a exposição das Escrituras, largue o púlpito, pois nem só de pão

viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus". A exposição da
Escritura sempre terá como suporte de investigação e comunicação as ciências do político.

O que por vezes ocorre é que o expositor não traz à tona tais mediações, fazendo assim

certa naturalização delas, divinizando-as e conferindo a elas poder superior que a outras

que ele pretende desqualificar.

Alessandro Rodrigues Rocha é pastor batista, doutor em teologia sistemática pela PUC-

Rio e escritor nas áreas de teologia e espiritualidade.

TENTAÇÕES DE UMA MISSÃO QUE É PARCIAL

JORGE HENRIQUE BARRO·TERÇA-FEIRA, 20 DE SETEMBRO DE 2016

Eu fiquei tentado (e fui recomendado) a ficar calado. Mas tem situações que simplesmente

não dá e a gente tem que dar a cara pra bater e como disse o meu bom amigo Tales

Ferreira, “Quem um dia abriu os olhos e o coração para a MI e ganhou nova consciência a

partir disso... vive-a”. Esse é o meu caso também.

Respeitosamente abro diálogo com o artigo - TENTAÇÕES DA MISSÃO INTEGRAL - do

meu amado irmão e colega de ministério Antonio Carlos Costa, postado em seu FB no dia

19SET2016.

Mas aqui não estou defendendo o “movimento da missão integral” (do qual sou

participe e não me esquivo de fazer quando necessário). Defendo sim a INTEGRALIDADE

DO EVANGELHO. Recebi essa transfusão de sangue – de Jesus – e agora já era! Prefiro

seguir os passos do meu Senhor-Mestre que me ensina com sua vida e ministério que

“obras” e “palavras” são inseparáveis. Que o Evangelho (nas suas 4 versões sem

exceção!) é “acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar” (At 1:1, referente

ao “primeiro tratado” de Lucas, ou seja, o Evangelho por ele narrado). E que “Ele era

um profeta, poderoso em “palavras” e em “obras” diante de Deus e de todo o povo”

(Lc 24:19). Mas existe sim uma missão não integral no Brasil. Reconheço o quanto é difícil

para as pessoas abandonar esse “cativeiro ideológico” que nos foi imposto pelas

ideologias norte-atlântica, especialmente com a doutrina do “destino manifesto” com

suas expressões culturais e políticas da América do Norte (e toda minha gratidão aos
missionários/as). Mas não sou acrítico e crítica não é sinônimo de desprezo, mas de

maturidade cristã que me leva a julgar (examinar) todas as coisas para reter apenas o que é

bom (1 Ts 5:21).

E justamente pelo fato da missão integral ser um movimento com maior expressão na

América Latina é muito fácil ouvir John Piper e Tim Keller (apenas como exemplos) quando

eles falam de justiça (generosa) do que Orlando Costas, René Padilla e tantos teólogos

brasileiros porque aqueles tiveram a “sorte” de nascer na América do Norte Capitalista e

estes (e nós) o azar de nascer na América do Sul-Central Socialista/Comunista. Eles não

correm o risco de serem taxados marxistas, nós sim. Quando eles falam de “justiça

generosa” são bíblicos; quando nós falamos somos comunistas, não-bíblicos, e de

ideologia da esquerda progressista. Quando eles falam do pobres são sensíveis, nós... já

sabe! Quando falamos de libertação somos tachados de teólogos da libertação, eles do

Cristo que liberta. Quando falamos de luta contra a injustiça contra os negros somos

anarquistas, eles (Martin Luther King) heróis.

Ouça o que disse Howard Snyder, teólogo Norte-Americano:

"A prosperidade do Ocidente não derivou unicamente da genialidade do capitalismo.

Outros fatores fortuitos ocuparam um lugar importante. Por exemplo: o êxito econômico

dos EE.UU. resultou não só da livre empresa e a democracia, mas também de outras muitas

causas que os estados-unidenses esquecem: recursos naturais quase ilimitados, a

opressão dos povos aborígenes e suas culturas, o trabalho escravo, um fluxo de imigrantes

quase constante, o legado do colonialismo e o imperialismo europeus. Além disso, o

poder militar norte-americano e as operações ilegais encobertas por todo o mundo, os

subsídios e a proteção dos negócios, os tratados comerciais desiguais, e leis que protegem

a prioridade intelectual favorecem o avanço econômico do país. Os cristãos norte-

americanos devem tomar cuidado ao proclamar que Deus tem "abençoado"

excepcionalmente o seus país. É uma história ambígua e moralmente turva" (Howard

Snyder, La salvación de toda la creación, p. 86-87).


E ainda, meu amado brother no sangue e em Cristo, AC Barro disse (em seu FB):

“É muito interessante que alguns não gostem da Missão Integral. Eu não vejo problema

nisso, ou seja: em não gostar. Adote então a Missão Parcial. Esquarteje Jesus Cristo e

escolha a parte que mais agrada para seguir. Esqueça que ele disse para ensinar a observar

TODAS as coisas que ele havia ensinado. Ensina só que interessa. Na sua opinião qual é o

mais complicado? A Integral ou a Parcial?” (a imagem que utilizei acima foi tirada do FB

dele).

Algumas “TENTAÇÕES DE UMA MISSÃO QUE É PARCIAL”:

Não tecerei comentários. Colocarei o Pacto de Lausanne em diálogo com a Palavra de

Deus.

1. IGNORAR QUE EVANGELIZAÇÃO E AÇÃO SOCIAL SÃO INSEPARÁVEIS.

--> Parágrafo 5 do Pacto de Lausanne afirma: “Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz

de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela

conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de
opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de

raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em

razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos

arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a

evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o

homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a

libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-

político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões

de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de

nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma

mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não

devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as

pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só

evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A

salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas

responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta”.

A palavra de Deus afirma: "Ele era um profeta, poderoso em palavras e em obras diante de

Deus e de todo o povo” (lc 24:19). “Que o próprio Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai,

que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança pela graça, dê ânimo aos seus

corações e os fortaleça para fazerem sempre o bem, tanto em atos como em palavras” (2

Ts 2:16-17).

2. PERDER DE VISTA O FATO DE QUE O POBRE É O QUE MAIS SOFRE AS CONSEQUÊNCIAS

DA INJUSTIÇA.

--> Parágrafo 9 do Pacto de Lausanne afirma: “Todos nós estamos chocados com a

pobreza de milhões de pessoas, e conturbados pelas injustiças que a provocam. Aqueles

dentre nós que vivem em meio à opulência aceitam como obrigação sua desenvolver um

estilo de vida simples a fim de contribuir mais generosamente tanto para aliviar os

necessitados como para a evangelização deles”.

A palavra de Deus afirma: “Assim, não deverá haver pobre algum no meio de vocês, pois

na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes está dando como herança para que dela tomem
posse, ele os abençoará ricamente, contanto que obedeçam em tudo ao Senhor, ao seu

Deus, e colocarem em prática toda esta lei que hoje lhes estou dando” (Dt 15:4-5).

“Somente pediram que nos lembrássemos dos pobres, o que me esforcei por fazer” (Gl

2:10).

3. TORNAR PRIVADO O ASPECTO PÚBLICO DA ÉTICA CRISTÃ.

--> Parágrafo 12 do Pacto de Lausanne afirma: “Sabemos da necessidade de nos

revestirmos da armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da

verdade e da oração. Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas

falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem

as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. Precisamos tanto de vigilância como

de discernimento para salvaguardar o evangelho bíblico. Reconhecemos que nós mesmos

não somos imunes ao perigo de capitularmos ao secularismo”.

A palavra de Deus afirma: “Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de

maneira digna do evangelho de Cristo” (Fp 1:27)

4. TORNAR QUALQUER IDEOLOGIA HUMANA (CAPITALISMO, MARXISMO, OUTRAS)

ACIMA DO EVANGELHO DE CRISTO

--> Parágrafo 3 do Pacto de Lausanne afirma: “Também rejeitamos, como depreciativo


de Cristo e do evangelho, todo e qualquer tipo de sincretismo ou de diálogo cujo
pressuposto seja o de que Cristo fala igualmente através de todas as religiões e
ideologias”.
--> Parágrafo 6 do Pacto de Lausanne afirma: “A igreja é antes a comunidade do povo de
Deus do que uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em
particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas”.

--> Parágrafo 12 do Pacto de Lausanne afirma: “Sabemos da necessidade de nos

revestirmos da armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da

verdade e da oração. Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas

falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem

as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus”.


A palavra de Deus afirma: “Pois não nos pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o

Senhor, e a nós como escravos de vocês, por amor de Jesus” (2 Co 4:5). “As armas com

as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir

fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o

conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a

Cristo” (2 Co 10:4).

5. PREGAR DE MODO QUE CRISTO NÃO APAREÇA E A GLÓRIA DE DEUS SEJA ROUBADA.

--> Parágrafo 1 do Pacto de Lausanne afirma: “Confessamos, envergonhados, que muitas


vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos
conformado ao mundo ou nos termos isolado demasiadamente. Contudo, regozijamo-nos
com o fato de que, mesmo transportado em vasos de barro, o evangelho continua sendo
um tesouro precioso. À tarefa de tornar esse tesouro conhecido, no poder do Espírito
Santo, desejamos dedicar-nos novamente”.

--> Parágrafo 10 do Pacto de Lausanne afirma: “Os evangelistas de Cristo têm de,

humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de

se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e enriquecer a

cultura; tudo para a glória de Deus”.

A palavra de Deus afirma: “Sê exaltado, ó Deus, acima dos céus! Sobre toda a terra esteja

a tua glória!” (Sl 57:5). “É necessário que ele cresça e que eu diminua. Aquele que vem

do alto está acima de todos; aquele que é da terra pertence à terra e fala como quem é da

terra. Aquele que vem do céu está acima de todos” (Jo 3:30-31).

6. PASTOREAR UMA IGREJA QUE NÃO CRESCE E SE SENTIR CULPADO POR ISSO.

--> Parágrafo 11 do Pacto de Lausanne afirma: “Confessamos que às vezes temos nos
empenhado em conseguir o crescimento numérico da igreja em detrimento do espiritual,
divorciando a evangelização da edificação dos crentes”.

--> Parágrafo 12 do Pacto de Lausanne afirma: “... por vezes tem acontecido que, na ânsia

de conseguir resultados para o evangelho, temos comprometido a nossa mensagem,

temos manipulado os nossos ouvintes com técnicas de pressão, e temos estado

excessivamente preocupados com as estatísticas, e até mesmo utilizando-as de forma

desonesta. A igreja tem que estar no mundo; o mundo não tem que estar na igreja”.
A palavra de Deus afirma: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fazia crescer; de

modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que

efetua o crescimento. O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será

recompensado de acordo com o seu próprio trabalho. Pois nós somos cooperadores de

Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus” (1 Co 3:6-9). “Portanto, que todos

nos considerem como servos de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus. O que se

requer destes encarregados é que sejam fiéis” (1 Co 4:1-2).

7. USAR O PÚLPITO PARA FALAR DESMEDIDAMENTE SOBRE OUTRA COISA (IDEOLOGIA

DA PROSPERIDADE, AUTOAJUDA) QUE NÃO O EVANGELHO DO REINO DE DEUS

--> Parágrafo 15 do Pacto de Lausanne afirma: “Também nos lembramos da sua

advertência de que falsos cristos e falsos profetas apareceriam como precursores do

Anticristo. Portanto, rejeitamos como sendo apenas um sonho da vaidade humana a ideia

de que o homem possa algum dia construir uma utopia na terra. A nossa confiança cristã é

a de que Deus aperfeiçoará o seu reino, e aguardamos ansiosamente esse dia, e o novo

céu e a nova terra em que a justiça habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso,

rededicamo-nos ao serviço de Cristo e dos homens em alegre submissão à sua autoridade

sobre a totalidade de nossas vidas”.

A palavra de Deus afirma: “É necessário que eu pregue as boas novas do Reino de Deus

noutras cidades também, porque para isso fui enviado. E continuava pregando nas

sinagogas da Judéia” (Lc 4:43-44).

8. ACREDITAR QUE PELO FATO DE SUBTRAIR O POBRE DA PREGAÇÃO (E DA IGREJA) AS

PESSOAS TERÃO MENOS BARREIRAS SOCIAIS PARA ACEITAR O EVANGELHO (E ASSIM

TER IGREJAS SEGREGADORAS).

--> Parágrafo 9 do Pacto de Lausanne afirma: “Todos nós estamos chocados com a

pobreza de milhões de pessoas, e conturbados pelas injustiças que a provocam. Aqueles

dentre nós que vivem em meio à opulência aceitam como obrigação sua desenvolver um
estilo de vida simples a fim de contribuir mais generosamente tanto para aliviar os

necessitados como para a evangelização deles”.

A palavra de Deus afirma: “Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o

dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para

aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito

está como mandaste, e ainda há lugar. Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e

atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa” (Lc 14:21-23). “Ao

anjo da igreja em Esmirna escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu:

Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico)” (Ap 3:8-9).

9. PASTORES NÃO PODEM SE ENVOLVER COM “POLÍTICA PARTIDÁRIA”, MAS

“POLÍTICA ECLESIÁSTICA” PODE?

--> Parágrafo 5 do Pacto de Lausanne afirma: “... afirmamos que a evangelização e o


envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são
necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor
por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica
também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de
discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que
existam”.

--> Parágrafo 11 do Pacto de Lausanne afirma: “Reconhecemos que há uma grande

necessidade de desenvolver a educação teológica, especialmente para líderes

eclesiásticos. Em toda nação e em toda cultura deve haver um eficiente programa de

treinamento para pastores e leigos em doutrina, em discipulado, em evangelização, em

edificação e em serviço. Este treinamento não deve depender de uma metodologia

estereotipada, mas deve se desenvolver a partir de iniciativas locais criativas, de acordo

com os padrões bíblicos”.

A palavra de Deus afirma: “Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede

que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino.

Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu estou para

beber? Responderam-lhe: Podemos. Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de

beber; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo;

mas isso é para aqueles para quem está preparado por meu Pai. E ouvindo isso os dez,

indignaram-se contra os dois irmãos. Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse:
Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem

autoridades sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser

tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro,

será vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir,

e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20:21-28).

10. SER MAIS VERSADO EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA DO QUE MISSIOLOGIA.

--> Parágrafo 11 do Pacto de Lausanne afirma: “Na missão de serviço sacrificial da igreja
a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o
evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino
para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. Mas uma
igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz”.

--> Parágrafo 11 do Pacto de Lausanne afirma: “Acreditamos que o período que vai

desde a ascensão de Cristo até o seu retorno será preenchido com a missão do povo de

Deus, que não pode parar esta obra antes do Fim”.

A palavra de Deus afirma: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como

me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo” (Jo 17:18).

nEle, o Senhor que restaura toda a criação! Jorge Henrique Barro

Pastor da igreja presbiteriana e amigo de Antonio Carlos

Você também pode gostar