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Organização de
Emmanuel Wallon
(Colaboração de Caroline Hodak-Druel)
PrefáCIO de
Jean-Pierre Angrémy
Posfácio de
Robert Abirached
Tradução DE
Ana Alvarenga, Augustin de Tugny, Cristiane Lage
Copyright: © 2002, Actes Sud
Título original
Le cirque au risque de l’art
“Cet ouvrage, publié dans le cadre de l’Année de la “Este livro, publicado no âmbito do Ano da França no
France au Brésil et du Programme d’Aide à la Publi- Brasil e do programa de participação à publicação
cation Carlos Drummond de Andrade, bénéficie du Carlos Drummond de Andrade, contou com o apoio
soutien du Ministère français des Affaires Etrangères. do Ministério francês das Relações Exteriores.
“França.Br 2009” l’Année de la France au Brésil (21 “França.Br 2009” Ano da França no Brasil (21 de
avril - 15 novembre) est organisée: abril a 15 de novembro) é organizada:
En France: par le Commissariat général français, le No Brasil: pelo Comissariado geral brasileiro, pelo
Ministère des Affaires étrangères et européennes, le Ministério da Cultura e pelo Ministério das Relações
Ministère de la Culture et de la Communication et Exteriores.
Culturesfrance. Na França: pelo Comissariado geral francês, pelo
Au Brésil: par le Commissariat général brésilien, le Ministério das Relações exteriores e européias, pelo
Ministère de la Culture et le Ministère des Relations Ministério da Cultura e da Comunicação e por Cul-
Extérieures.” turesfrance.”
09-05566 CDD-791.3
7 PREFÁCIO
Jean-Pierre Angrémy
9 Introdução dos tradutores
Ana Alvarenga, Augustin de Tugny e Cristiane Lage
13 Miniglossário dos tradutores
Ana Alvarenga, Augustin de Tugny e Cristiane Lage
15 Introdução
Emmanuel Wallon
O ARTISTA EM DESEQUILÍBRIO
25 Estética do risco: do corpo sacrificado ao corpo abandonado
Philippe Goudard
33 O corpo em suspensão
Denys Barrault
39 Atleta, ator, artista?
Corine Pencenat
Empréstimos e misturas
47 O nascimento de um gênero híbrido
Floriane Gaber
53 Sob o risco da mistura
Jean-Marc Lachaud
61 Formas teatrais no circo de hoje
Christine Hamon-Siréjols
71 Certa conivência
Christophe Martin
Do exercício à obra
79 O objeto: o nó górdio
Martine Maleval
87 Jogar não é brincar
Jean-Michel Guy
95 Os acidentes da narrativa:
uma poética do espaço-tempo
Gwénola David
101 A obra circense em vista do direito autoral
Olivia Bozzoni
A consagração pública
143 As novas roupas do circo de tradição
Sylvestre Barré
149 O Cirque du Docteur Paradi entra para o museu
Zeev Gourarier
155 O histrião e a instituição
Emmanuel Wallon
169 Posfácio
Na escola da pista
Robert Abirached
175 As fontes da pesquisa
Caroline Hodak-Druel
181 Bibliografia sumária
185 Os autores
PREFÁCIO
Jean-Pierre Angrémy
Tradução: Cristiane Lage
Jean-Pierre Angrémy
Presidente da Biblioteca Nacional da França desde janeiro de 1997. Foi diretor da Academia da França em
Roma, Villa Médicis, de 1994 a 1997. De 1990 a 1994 foi embaixador indicado permanente da França na
Unesco e membro do conselho executivo dessa organização desde 1992. Foi nomeado, em 1987, diretor
geral das Relações Culturais, Científicas e Técnicas no Ministério das Relações Internacionais francês.
De 1979 a 1981, foi diretor do setor do Teatro e dos Espetáculos no Ministério da Cultura. Ele é também
escritor, com o nome de Jean-Pierre Rémy, e sua última obra publicada foi Désir d’Europe pela Editora
Albin Michel.
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Introdução dos tradutores
Traduzir
Minha primeira, e talvez a melhor, surpresa foi meu encontro com o
português. Sim, traduzir este livro foi uma grande oportunidade de volta à
minha própria língua, deixando-me ora mais próxima dela, ora da outra. Era
uma espécie de “entre-dois”, lugar onde eu mesma me via muitas vezes em
pensamento, em sonhos, em tentativas anteriores e atuais de tradução. As-
sim, traduzir este livro foi, consequentemente, ser levada a esse risco que era
só meu, que só eu estava correndo, eu em minha própria solidão.
Em uma tradução, cada palavra, cada pontuação, cada escolha é única,
e, portanto, a cada palavra, uma necessidade de tomada de decisão solitária,
a cada decisão corresponde um risco... o risco da ambiguidade, da dúvida,
do erro, da falta de algo melhor? Talvez, mas, sobretudo, o risco de se colo-
car no mundo enquanto pessoa que deixa em algo sua própria marca, suas
impressões, suas escolhas. E, isso, na vida, já é alguma coisa!
Traduzir pra mim é também correr o risco de acertar ou não, de penetrar
em uma língua com todas as suas particularidades, suas exclusividades, seus
contextos próprios. Traduzir é se abrir para um novo mundo intelectual, uma
nova disciplina (quanto ao conteúdo e quanto a uma maneira de trabalhar) e
novos dicionários, que muitas vezes extrapolam os já existentes. Por exemplo,
segundo o Larousse de Poche, traduzir é “citar, remeter para ser julgado, fazer
passar, transpor de uma língua para outra. Por extensão: interpretar”. Já o
Michaelis define o mesmo termo por: “transladar, verter de uma língua para
outra, explicar, interpretar, explanar, exprimir, representar, simbolizar...”. Se
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para cada dicionário, uma definição, imaginem o que acontece a um texto de
um livro quando ele se depara com um olhar, um sentimento, uma percep-
ção própria do mundo. Traduzir, pra mim, é uma arte, um risco a se correr.
Traduzir no risco da arte.
Ana Alvarenga
Traduzir é de certa forma reescrever. Recriar o texto (re)descobrindo
novas possibilidades semânticas. Uma forma de aproximação quase tátil com
o texto. Um ato de prazer a cada palavra que encontra o seu lugar específico,
a única equivalência.
Uma forma de recriar o texto, um risco que vale a pena.
Cristiane Lage
Escolher
Sobre os termos deliberadamente deixados em francês, sempre em
itálico, essa foi uma escolha feita em comum acordo entre os três tradutores.
O que nos levou a tal decisão foi a constatação de uma perda demasiado
importante de sentido ou de força. Dizer “encenação” ou “direção” ou algo
de natureza aproximada nem sempre traduz com fidelidade a expressão mise
en scène, por exemplo. Então, termos como esse, mise en piste e savoir-faire
foram mantidos em francês, mas acompanhados por seus respectivos sig-
nificados em português, apresentados no que intitulamos “Miniglossário
dos tradutores”.
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Já no caso da palavra “clown”, o que se observa é uma utilização padro-
nizada do termo em inglês e uma não correspondência plenamente exata da
palavra “palhaço”, em português. Em pesquisa registrada no livro O elogio
da bobagem, Alice Viveiros de Castro explica: “Clown é uma palavra inglesa
derivada de colonus e clod, palavras de origem latina que designam os que
cultivam a terra, a mesma origem da portuguesa “colono”. Clown é o cam-
ponês rústico, um roceiro, um simples, um simplório, um estúpido caipira
[...]”. Assim, “clown” foi mantido em inglês e em itálico.
Quanto às notas de tradução, elas representam nossa proposta de so-
lução para situações de possíveis ambiguidades ou mesmo de equívoco.
Nesse caso, mantivemos a palavra em francês e em itálico, acrescentando
uma explicação ou uma definição através de uma nota de tradução no pé
de página.
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