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Fisiopatologia I – Farmácia

Professor – Ednaldo Anthony


 Em 1981 foi reconhecido o primeiro grupo de
casos da AIDS. Quase todos identificados
eram homens jovens homossexuais e
usuários de drogas injetáveis.

 No Brasil, os primeiros casos apareceram em


São Paulo em 1982.

 Em 1986 foi aprovada a primeira droga


antiviral.
 Doença infecciosa caracterizada por uma
disfunção grave do sistema imunológico do
indivíduo infectado pelo HIV.

 A infecção pelo HIV é


caracterizada pela
depleção de linfócitos
TCD4 + e outras células
imunocompetentes.
 HIV é um retrovírus
 Família Retroviridae
 Gênero Lentivirus
 Dois tipos antigênicos

◦ HIV-1: tipo mais virulento, mais disseminado e elevada


taxa de mutação

◦ HIV- 2: menos patogênico, encontrado no oeste da


África
 Parasitas intracelulares
obrigatório;

 Células hospedeiras (linfócitos T


auxiliares, macrófagos e células
dendríticas);

 Ligação da glicoproteína gp120 à


molécula CD4;

 O co-repector muda a gp41 –


fusão das membranas.

- Co-receptores importantes
 (CCR5, CXCR4)
 ADSORÇÃO –gp 120 moléculas CD4
(células T auxiliares e macrófagos)

 FUSÃO – gp 41 CCR5 e CXCR4 co-


receptores celulares.

 DESNUDAMENTO liberação nucleocapsídio


 TRANSCRIPTASE REVERSA RNAt
transcrição DNA viral

 INTEGRAÇÃO enzima integrase, núcleo da


célula.

 EMPACOTAMENTO E BROTAMENTO

 MATURAÇÃO - vírion
 Por contato sexual – secreções

 Por exposição a fluidos corporais infectados –


sangue e derivados ( plasma e plaquetas )

 Transmissão vertical - mãe para filhos:


durante a gravidez, durante o parto e durante
o aleitamento materno.
 Dividida em 4 fases clínicas:

◦ 1- Síndrome retroviral aguda

◦ 2- Fase assintomática – contagem CD4 >500/mm³

◦ 3- Fase sintomática – contagem CD4 200-500/mm³

◦ 4- Fase SIDA/AIDS – contagem CD4 < 200/mm³


 Após o período de incubação, o portador do vírus
apresentará:

◦ alto nível de replicação viral, viremia e proliferação nos


tecidos linfóides;

◦ sintomas não-específicos, alguns semelhantes à gripe,


como dor de garganta, mialgia, febre, exantema, perda
de peso, fadiga, adenopatia cervical, diarreia e vômitos;

◦ Os sintomas cedem gradualmente à medida que a


resposta imune contra o HIV se desenvolve e os níveis
de viremia plasmática diminuem.
 Latência clínica da infecção, em média de 10 anos.
 Há pacientes que apresentam linfadenopatia generalizada
persistente.
 Em termos gerais, o espectro de enfermidades
observadas modifica-se à medida que a contagem de
células T CD4+ declina;

 Os sintomas são: febre de longa duração (> 1 mês),


fadiga, perda de peso e diarréia;

 Grandes infecções oportunistas, neoplasia secundária


ou doenças neurológicas clínicas
(neurotoxoplasmose, neurocisticercose, criptococose,
leishmaniose, etc).
Portaria MS/SVS nº 151, de 14 de
outubro de 2009
 O Ministério da Saúde publicou em 17 de dezembro 2013 a Portaria
nº 29, que aprova o Manual Técnico para o Diagnóstico da
Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças ( acima de 18 meses ).

 A publicação contém fluxogramas recomendados para diferentes


cenários e situações que se adequam à pluralidade de condições
e à diversidade de serviços de saúde públicos e privados.

 O objetivo do manual é ampliar as possibilidades de diagnóstico,


introduzir novas metodologias além de orientar e subsidiar,
especialmente, os(as) profissionais de saúde na realização do
diagnóstico da infecção do HIV, impactando na transmissão do vírus
e no surgimento de novos casos.
 O diagnóstico da infecção pelo HIV não é apenas a
interpretação de testes laboratoriais, inclui o exame
físico, história da doença e testes laboratoriais em duas
fases:

1. Teste altamente sensível – Triagem Sorológica


2. Testes específico – Confirmação Diagnóstica
 O exame deve ser confidencial, possuir consentimento do
paciente e ter aconselhamento pré e pós-teste.
 É sempre importante relatar no prontuário o
CONSENTIMENTO do paciente.
Ministério da Saúde recomenda que o teste seja
realizado 60 dias após a possível infecção.
 Técnicas: pesquisar anticorpos, antígenos e
material genético.

 Pesquisa de anticorpos anti-HIV (Testes


sorológicos)

 Maiores de 18 meses
 Ensaios de Triagem: Alta sensibilidade.
ELISA 3G (S>98%). Geralmente REAGENTE 6 a
12 semanas após exposição;

 Ensaios Confirmatórios: Alta especificidade.


1) WESTERN BLOT(WB) é o padrão, mais caro e
trabalhoso (E>95%);
2) Imunoflurescência (IFA);
3) Radioimumoensaio (RIA).
 Primeira Geração: pesquisa a presença de anticorpos
específicos é detectada por um conjugado constituído por um
anticorpo anti-IgG humana.

 Segunda Geração: pesquisa a presença de anticorpos IgG


e antígenos HIV em amostras biológicas.

 Terceira Geração: pesquisa a presença de anticorpos IgG e


IgM em amostras biológicas.

 Quarta Geração: pesquisa a presença de anticorpos IgG e


IgM e antígenos p24 HIV em amostras biológicas
 Rede de serviços de saúde sem infraestrutura
laboratorial ou localizada em regiões de difícil
acesso;
 Centro de Testagem e Aconselhamento – CTA;
 Segmentos populacionais móveis (flutuantes);
 Segmentos populacionais mais vulneráveis a
infecção pelo HIV e outras DST, de acordo com a
situação epidemiológica local;
 Parceiros de pessoas vivendo com HIV/AIDS;
 Acidentes biológicos ocupacionais, para teste no
paciente fonte;
 Violência sexual, para teste no agressor;
 Gestantes que não tenham sido testadas durante
o pré-natal ou cuja idade gestacional não
assegure o recebimento do resultado do teste
antes do parto, particularmente no terceiro
trimestre de gestação;
 Parturientes e puérperas que não tenham sido
testadas no pré-natal ou quando não é conhecido
o resultado do teste no momento do parto;
 Pessoas que apresentem diagnóstico estabelecido
de Tuberculose;
 Pessoas que apresentem alguma Doença
Sexualmente Transmissível;
 Pessoas que apresentem diagnóstico de Hepatites
Virais;
 Pessoas com manifestações clínicas
presumivelmente relacionadas à infecção pelo HIV
e suas infecções oportunistas, incluindo aqueles
clinicamente graves.

“URGENCIA/EMERGÊNCIA”
 Teste Rápido
Não
Reagente

Reagente
Diagnóstico da infecção pelo HIV por
Testes Rápidos
 Amostras não reagentes
O resultado já está definido.

 Amostras reagentes
Realizar TR 2.
TR 1 e TR2 reagentes – amostra será definida como reagente.

 Resultados discordantes
Não terá o resultado definido e o laudo não será liberado.
Deve-se colher uma nova amostra e encaminhá-la para o laboratório.

 Resultados inválidos
Repetir o teste, se possível com lote distinto.
Persistindo o resultado inválido deve-se colher uma amostra e
encaminhá-la para o laboratório.

Portaria 151 de 14 de outubro de 2009


 Testes Complementares para confirmação diagnóstica : Alta
especificidade.

◦ WESTERN BLOT(WB) é o padrão ouro, mais caro e


trabalhoso (E>95%);

◦ Imunoflurescência Indireta (IFI)

◦ Radioimumoensaio (RIA)
 Contagem de linfócitos – TCD4

◦ Fase assintomática – contagem CD4 >500/mm³

◦ Fase sintomática – contagem CD4 200-500/mm³

◦ Fase SIDA/AIDS – contagem CD4 < 200/mm³

 Carga viral
Diagnóstico : ? ? ?
 Qual a importância clínica de GlasgoW de valor 10?
 Porque o médico suspeitou de choque séptico associado a
contaminação por HIV? Explique.
 Como farmacêutico Clínico. Elenque os principais sinais e
sintomas desse paciente que levaram a essa suspeita de
diagnóstico pelo médico?
 Comente sobre os exames laboratoriais imunológicos
solicitados?
 Qual o mecanismo de ação do Bactrim e Fluconazol?
 Porque foi prescrito ácido folínico?
 Explique a fisiopatologia da Nerotoxoplasmose.
 Explique a fisiopatologia do HIV.
 Explique a possível terapia anti-retroviral instituída para o
caso?
 Os testes de triagem para detecção do HIV foram
projetados para ter o máximo de qualidade possível. Isso
ocorre por que o impacto de um falso-negativo é, sem
dúvidas, maior que um falso-positivo (que é passível de
teste confirmatório).
 Falso-negativo são raros, mas podem ocorrer quando
existe pouca afinidade do anticorpo ou quando existem
poucos anticorpos (infecção recente).
 Falso-positivo também ocorrem nos usuários crônicos de
álcool, doença reumática, sífilis, neurocisticercose,
doenças produtoras de anticorpos policlonais (ex.:
LUPUS), vacinação recente para hepatite B e em
mulheres multíparas.
Nucleosídeos de ocorrência natural e
fármacos análogos

Fonte: HARVEY, R. A.;


CHAMPE, P. C. Farmacologia
Ilustrada. 2.ed. São Paulo:
Artmed, 1998, p.369.
ZIDOVUDINA (AZT)
 Química (análogo timidina)

GILMAN, A.; GOODMAN, et.al. As bases farmacológicas da


terapêutica. 9.ed. Rio de Janeiro: Mc Graw-Hill, 1996 , p.886

 Mecanismo de Ação
• Inibição da transcriptase reversa do HIV;
 Mecanismo de Resistência
• Mutação na transcriptase reversa.

Fonte: HARVEY, R. A.;


 Farmacocinética CHAMPE, P. C.
Farmacologia Ilustrada.
• Atravessa também a placenta. 2.ed. São Paulo: Artmed,
1998, p.370
 Usos Clínicos
• HIV;
• Reduz a transmissão materno-fetal;
• Usado em associação com outras drogas anti-retrovirais.
 Reações Adversas
• Depressão medular (anemia e neutropenia);
• Cefaléia, tonteira, insônia e náuseas;
• Confusão mental, agitação e convulsão.
 Formas de Apresentação e Nome Comercial
Nome comercial Apresentação Laboratório
Retrovir® Cápsula 100mg e GlaxoWellcome
solução oral
Zidix® Cápsula 100mg e Eurofarma
solução oral
Zidovir® Cápsula 100mg, solução Cristália
oral e injetável
Zidovudina® Cápsula 100mg e xarope Sanval

Zidovudina® Cápsula 100mg e 200mg Lafepe


DIDANOSINA (ddI)
 Química (análogo adenosina)

GILMAN, A.; GOODMAN, et.al. As bases farmacológicas da


terapêutica. 9.ed. Rio de Janeiro: Mc Graw-Hill, 1996 , p.888

 Mecanismo de Ação
•Inibição da transcriptase reversa do HIV;

 Mecanismo de Resistência
• Mutação na transcriptase reversa.
 Farmacocinética
• Administrada via oral (comprimidos tamponados);
• Presença de alimentos dificulta a absorção;
• Passa para o líquido céfaloraquidiano e é excretado na urina.
 Usos Clínicos
• Doença avançada pelo HIV I que receberam tratamento prévio com
zidovudina;
• Não se recomenda seu uso para tratamento inicial de aidéticos.
 Reações Adversas
• Pancreatite e neuropatia periférica;
• Diarréia, cefaléia, insônia, etc.
 Formas de Apresentação e Nome Comercial

Nome comercial Apresentação Laboratório

Videx® Comp. tamponado mastigável de BMS


25, 50, 100 e 150mg e pó não
tamponado para solução oral

Didanosina® Comp. tamponado mastigável de EMS


25, 50 e 100mg
ZALCITABINA (ddC)
 Química (análogo citosina)

GILMAN, A.; GOODMAN, et.al. As bases farmacológicas da


terapêutica. 9.ed. Rio de Janeiro: Mc Graw-Hill, 1996 , p.890

 Mecanismo de Ação
•Inibição da transcriptase reversa do HIV;

 Mecanismo de Resistência
• Mutação na transcriptase reversa.
 Farmacocinética
• Bem absorvido via oral (alimentos não interferem sua absorção);
• Sofre pouca metabolização sendo excretada pela urina 75% como droga
ativa;
 Usos Clínicos
• Doença avançada pelo HIV em associação com a Zidovudina ou como
monoterapia em pacientes intolerantes ao AZT;
• Não se recomenda seu uso para tratamento de gestantes e nutrizes.
 Reações Adversas
• Neurite periférica;
• Aftas, febre e erupções cutâneas.
 Formas de Apresentação e Nome Comercial

Nome comercial Apresentação Laboratório

Hivid® Comp. laqueado de 0,375mg e Roche


0,75mg
NEVIRAPINA (NVP)
 Química (não nucleosídico)
 Mecanismo de Ação
• Inibição não competitiva da transcriptase reversa;
 Mecanismo de Resistência
• Mutações no local de ligação para o fármaco.
 Farmacocinética
• Bem absorvido via oral, podendo ser administrado com ou sem alimentos;
• Amplamente distribuído a todos os tecidos, inclusive atravessa a barreira
hematoencefalica;
• Atravessa a placenta;;
• Sofre metabolização via citocromo p450 e é excretada na urina;
• Provoca indução enzimática do citocromo p450.
 Usos Clínicos
• Tratamento de pacientes com HIV I.
 Reações Adversas
• Erupção cutânea, febre, fadiga, náusea e cefaléia.
 Formas de Apresentação e Nome Comercial
Nome comercial Apresentação Laboratório

Viramune® Comp. 200mg Boehring Ingelheim


 Potente inibidor da transcriptase reversa em cepas
resistentes e mutantes ao HIV-1
 Uso em combinação com indinavir

 Muito utilizado em terapias combinadas


Células CD4
INIBIDORES
DE PROTEASES
 Clivagem de poliproteínas em proteínas estruturais
e funcionais
 Saquinavir, indinavir, ritonavir e nelfinavir
 Administração via oral
 Efeitos adversos: distúrbios gastrintestinais,
náusea, vômito e diarréia
 Inibem as enzimas do citocromo P450
 Distribuição anormal da gordura cutânea
 FAUCI, Anthony S., et al. Harrison – Medicina
Interna. 17 ed. Rio de Janeiro: McGraw, 2008.
 KASPER, Dennis L., et al. Medicina interna. 16.
ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006, v. 2,
1565p.
 TRABULSI, Luiz Rachi, ALTERTHUMAN, Flavio.
Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.
739p.
 Veronesi. Tratado de infectologia; editor
cientifico Roberto Focaccia. São Paulo, 3ª Ed.
Editora Atheneu, 2005.
 Bennet, J. Claude. Plum, Fred. Cecil - Tratado de Medicina Interna. 20º
Ed. V.2. Ed. Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro-RJ. 1997.

 Ministério da Saúde. Aids no Brasil. Disponível


em:<http://www.aids.gov.br/pagina/aids-no-brasil>. Acesso em: 1 de
set. 2010.

 Ministério da Saúde. Biblioteca virtual em Saúde: HIV. Disponível em:


<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Aids_etiologia_clinica_dia
gnostico_tratamento.pdf>. Acesso em: 1 de set. 2010.

 VEJA Saúde. HIV-1 e HIV-2: conheça a diferença entre os vírus que


causam a Aids. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/entenda-a-diferenca-entre-
hiv-1-e-hiv-2-causadores-da-aids>. Acesso em: 1 de set. 2010.

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